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Fotografia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Claudemir Nunes Ferreira Revisão Textual: Prof. Ms. Fátima Furlan Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico • Introdução • Fotografia: Primeiros Passos • Fotografia e Arte · Conhecer os aspectos conceituais, históricos e estéticos da origem da fotografia e de seus desdobramentos; desenvolver e realizar pesquisas para atualização e autoformação. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, vamos conhecer um pouco sobre a origem e o desenvolvi- mento histórico da fotografia destacando seus principais marcos, movimentos e fotógrafos. Leia o conteúdo do material com atenção e não deixe de ampliar seus estudos consultando os materiais complementares e pesquisando mais imagens dos fotógrafos apresentados para enriquecer seu repertório. Registre suas dúvidas, converse com seu professor-tutor, assista à videoaula e não deixe de acessar a pasta de atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma Bom Estudo!!! ORIENTAÇÕES Origem da Fotografi a e a Conquista do Cenário Artístico UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Contextualização A fotografia surgiu um pouco antes da metade do século XIX em um contexto de aceleração da vida cotidiana e cultural sem precedentes na Europa, quando principalmente a Inglaterra e a França encontravam-se em um amplo processo de industrialização, urbanização, generalização da economia de mercado e de profundas mudanças sociais, sendo ao mesmo tempo um produto e um instrumento de consolidação da sociedade moderna nascente. Para esta sociedade, que via na máquina uma promessa de progresso e prosperidade para todos, a nova tecnologia correspondia ao sistema de representação mais condizente ao seu nível de desenvolvimento, grau de tecnicidade, organização socioeconômica, novos valores e, principalmente, a democracia. A fotografia tornou possível a qualquer pessoa a posse de imagens, principalmente de retratos, antes executados por pintores e restritos a uma elite social. A supremacia da fotografia sobre o desenho e a gravura foi prontamente reconhecida em todas as áreas científicas, principalmente medicina, biologia e topografia, já que a exatidão da imagem “mecânica” eliminava qualquer possível grau de subjetividade do ilustrador na representação da realidade. Na imprensa, a fotografia complementou e endossou a informação escrita, mais fácil de ser assimilada pelo público e transpondo as barreiras do idioma e da alfabetização, permitiu uma visão mais ampla de mundo e democratizou o conhecimento. Já no mundo das artes, por estar estritamente ligada às novas práticas da ciência, técnica e indústria, a fotografia chocou-se com os paradigmas da pintura tradição - originalidade, unicidade, produção manual e subjetividade do artista, e tal entusiasmo em sua recepção não foi unanimamente compartilhado. “Nesses dias deploráveis, produziu-se uma nova indústria que muito contribuirá para confirmar a idiotice da fé que nela se tem, e para arruinar o que poderia restar de divino no espírito francês. (…) Um Deus vingador acolheu as súplicas dessa multidão. Daguerre foi seu Messias. (…) A partir desse momento, a sociedade imunda se lança, como um único Narciso, à contemplação de sua imagem trivial sobre o metal. Uma loucura, um fanatismo extraordinário se apodera de todos esses adoradores do sol”. (BAUDELAIRE, 1859 apud ENTLER, 2007, p. 11-12 ) 6 7 Introdução A recepção da fotografia pelo cenário artístico foi marcada por intensas controversas. Teóricos e artistas mais tradicionais consideravam que uma imagem produzida mecanicamente jamais poderia ser considerada uma linguagem artística e equiparada à pintura e, os mais radicais, que a nova tecnologia corromperia a própria arte, mais precisamente a pintura. Outros, mais visionários, viam a nova tecnologia como uma verdadeira aliada da pintura, e capaz de libertar de sua função representacional e a impulsionando-a a novas experimentações, alguns deles, aliás, assimilaram algumas características próprias da fotografia em suas pinturas. Enquanto as acaloradas discussões, sobre se a fotografia era ou não uma arte legítima agitavam o cenário artístico, uma nova geração de fotógrafos procurava transcender a nova linguagem de seu caráter meramente técnico e funcional - o de documento, explorando o seu potencial para a expressão artística sob distintos enfoques, ora aproximando-a dos princípios das belas-artes, ora voltando-se exclusivamente para as características próprias do meio ou, ainda, inserindo-a em uma nova dimensão – a social. Essas produções ocuparam um espaço real na evolução histórica da fotografia. Enquanto, por um lado, desenvolvia-se a prática profissional da fotografia comercial, restrita às leis do mercado e à função documental, de outro, uma nova abordagem essencialmente estética, livre das imposições de sua utilidade e focada em suas especificidades técnicas e/ou qualidades expressivas, inseria gradativamente a fotografia no mundo das artes. Fotografi a: Primeiros Passos A câmera escura A grande descoberta que sinalizou a possibilidade do registro mecânico de uma imagem - a câmera escura, nada mais é do que uma caixa ou um cômodo com um pequeno orifício em uma de suas paredes. A luz refletida pelo ambiente externo que atravessa este orifício reproduz uma imagem com cores e perspectiva idênticas à da cena exterior. A imagem era projetada invertida, na parede interna oposta do orifício. Quanto mais afastada a parede estiver do orifício, maior será a imagem projetada. (Fig.01) 7 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Figura 01 – Ilustração de uma câmera escura Fonte: commons.wikimedia.org Os primeiros comentários esquemáticos a respeito da câmera obscura datam de V a.C, quando gregos e chineses formulavam os princípios básicos da óptica e o filósofo Aristóteles descreveu o fenômeno óptico da imagem projetada de um objeto real. A partir do século XIII, foi correntemente utilizada na observação de eclipses solares e, no Séc. XVI, Leonardo Da Vinci descreveu minuciosamente seu princípio, sem limitar sua utilização à observação do sol. Nesta época, a câmera obscura passou a ser utilizada como um instrumento auxiliar por desenhistas e pintores, que esboçavam suas obras sobre a imagem projetada. Nos séculos seguintes, o dispositivo foi aperfeiçoado, ganha lentes para melhorar a nitidez e espelhos para corrigir a imagem invertida. Embora a propriedade dos sais de prata escurecer em contato com a luz fosse conhecida desde a antiguidade, apenas no século XVIII pesquisas físico-químicas relacionadas a câmera obscura conseguiram fixar o contorno de imagens projetadas sobre papéis impregnados de sais de prata no interior do dispositivo. Porém, como faltava um fixador, essas imagens só permaneciam na escuridão já que, em contato com a luz, todo o papel continuava a ser impressionado. Figura 02 - Ponto de vista da janela de Gras (1826) - de Joseph Nicéphore Niépce Fonte: commons.wikimedia.org 8 9 Em 1826, após anos de experiências, Joseph Nicéphore Niépce encontrou o primeiro processo químico capaz de fixar permanentemente uma imagem, ao aplicar sobre uma placa de estanho o betume da Judéia como material fotossensível, que endurecia e branqueava quando exposto à luz de uma projeção da câmera obscura por cerca de 8 horas. Como revelador, utilizou uma espécie de essência/ óleo de alfazema, que dissolvia o betume irregularmente nos vários pontos da placa, conforme a maior ou menor ação da luz (as áreas mais expostas, agora claras e endurecidas, não eram dissolvidas), na sequência espalhava um ácido que corria as partes desprotegidas e, por fim, removia o restante do betume obtendo uma imagem fotográfica gravada em baixo relevo sobre a placa. Este processo, conhecido como Heliografia, tinha dois inconvenientes: o grande tempo de exposição necessário para a captaçãoe a baixa qualidade de imagem obtida. Heliografi a: Processo químico que registrou a primeira imagem gravada pela luz e fi xada permanentemente sobre uma placa metálica exposta por 08 horas em uma câmera escura. Ponto de vista da janela de Gras, de Joseph Nicéphore Niépce, é considerada a primeira fotografi a da história. Ex pl or Em 1829, com o propósito de aperfeiçoar a heliografia, Niépce firma uma sociedade com Louis Jacques Mandé Daguerre. Após a morte de Niépce, em 1833, Daguerre deu continuidade do seus estudos e aperfeiçoou o processo substituindo o betume por iodeto de prata e descobrindo, acidentalmente, a possibilidade de revelar imagens latentes (ainda invisíveis, após 20 ou 30 minutos de exposição) com a ação do vapor de mercúrio, que agia apenas sobre as áreas expostas pela luz formando as áreas claras da imagem. Mais tarde, quando descobriu como fixar a imagem, utilizando uma solução salina capaz de eliminar os sais de prata residuais. Figura 03 - Paris Boulevard, 1839 – Louis Jacques Mandé Daguerre Fonte: commons.wikimedia.org Daguerreotipia (1839) Processo químico que reduziu o tempo de exposição e aumentou a qualidade das imagens impressas pela ação da luz.Ex pl or 9 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico O novo processo químico, além de reduzir o tempo de exposição de horas para minutos, proporcionou um ganho considerável na qualidade da imagem. Em 1839, Daguerre patenteou seu invento e o vendeu para a monarquia Francesa por uma pensão vitalícia, a partir daí, a fotografia deixa a esfera da classe científica e intelectual para atingir a média e pequena burguesia, classe que buscava no retrato uma forma de visibilidade e ostentação social. Como o invento era de domínio público, inúmeros fabricantes aperfeiçoaram e tornaram o Daguerreótipo cada vez mais acessível, com uma grande aceitação de público, rapidamente o equipamento invadiu todos os centros urbanos da Europa e surgia assim uma geração de fotógrafos retratistas. Ao mesmo tempo em que era acusada por vários pintores de “matar” a pintura, a fotografia impulsionava o surgimento das vanguardas artísticas. Importante! O termo fotografia foi utilizado pela primeira vez da história nos documentos de Hercules Florence, um inventor, desenhista e polígrafo Francês erradicado no Brasil. Longe do circuito Paris-Londes, suas primeiras experiências com a fotografia utilizando a câmera obscura e o nitrato de prata, similares as pesquisas europeias, estão registradas no manuscrito Livre d’Annotations et de Premier Matériaux e datam de 1833. Você Sabia? Em 1840, foi inaugurado o primeiro estú- dio fotográfico em Paris e, no ano seguinte, já eram numerosos os estúdios em todas as grandes cidades do ocidente. Apesar do constante aperfeiçoamento técnico do daguerreótipo, os primeiros retratos em estúdio exigiam longos tempos de exposição sob intensa luz para a captação da imagem (15, 8, 2 minutos e, por fim, 24 segundos). Se a pessoa fotografada se movesse enquanto a foto era realizada, a imagem revelada sairia “tremida” ou “borrada”. Para assegurar que o retrato não fosse arruinado pelo movimento (mínimo que fosse), alguns fotógrafos usavam, além da câmera sobre um tripé, uma pequena estrutura de ferro chamada de headclamps (prendedores de cabeça) para ter certeza de que a pessoa retratada não se moveria. Figura 04 – Ilustração de headclamps Fonte: fotonostra.com O francês Felix Nadar foi o mais importante fotógrafo de retratos do século XIX. Seu estúdio em Paris, era um ponto de encontro dos grandes intelectuais e artistas daquela época. Nadar fotografou muitas celebridades de sua época com maestria. Nadar também foi o primeiro fotógrafo a captar imagens aéreas de Paris, a bordo de um balão, em 1958. Ex pl or 10 11 Enquanto o Daguerreótipo produzia uma imagem única sobre uma placa metálica, em 1841, o inglês William Henry Fox-Talbot patenteou o calótipo, no qual a imagem era captada em negativo sobre um papel sensibilizado com cloreto de prata. O original negativo permitia a reprodução de inúmeras cópias positivas por contato sobre papel, um processo semelhante ao das futuras câmeras fotográficas analógicas. A princípio, o grão do papel tornava a nitidez da imagem muito inferior a do Daguerreótipo e o público continuava a preferir a nitidez de imagem metálica. Ainda assim, o calótipo de Talbot teve adeptos fervorosos e inúmeras pesquisas aprimoraram o processo, o tempo de exposição foi reduzido de 30 minutos para 1 segundo (ao sol), o negativo passou a ser impresso em vidro (o que duraria até a invenção da película), e os papéis para impressão dos positivos foram aperfeiçoados. O baixo custo tornava o calótipo mais acessível e a suavidade dos meio tons da imagem sobre papel o tornaram o processo preferido nas produções fotográficas de cunho mais artístico. Figura 05 - Sarah Bernhardt (1860) - Felix Nadar Fonte: commons.wikimedia.org Figura 06 - William Henry Fox-Talbot (1841) Talbótipo ou Calótipo. O negativo (matriz) – à esquerda – e o positivo, à direita Fonte: commons.wikimedia.org 11 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Talbotipia ou Calotipia (1841): Primeiro processo de captação e reprodução de imagens pela ação da luz a partir de um original negativo que permitia a reprodução de inúmeras cópias positivas por contato sobre papel de um mesmo original. Ex pl or Em 1881, George Eastman, o funda- dor da Kodak, substituiu a chapa de vidro por um rolo de papel e lançou a primei- ra câmera Kodak 100 vistas. Quando os cem fotogramas, circulares com 5 cm de diâmetro, eram impressionados, o fotó- grafo mandava a câmera para a fábrica, lá o rolo era substituído por um novo e revelado, a câmera novamente carrega- da, os negativos revelados e as cópias impressas. You press the botton, we do the rest (você aperta o botão, nós faze- mos o resto) era o slogan e a estratégia comercial da Kodak que colocava a foto- grafia ao alcance de todos. Em 1887, o rolo de papel foi substi- tuído pelo de celuloide, nascia a película fotográfica. Figura 07 – George Eastman tira fotos com sua câmera Kodak Fonte: commons.wikimedia.org A primeira fotografia colorida foi produzida pelo físico James Clerk Maxwell, em 1861, a partir de três imagens monocromáticas captadas através de filtros vermelhos, verdes e azuis que, quando projetadas com lanternas (cada uma com um filtro de cor diferente) e sobrepostas, formavam uma imagem colorida (o principio do padrão RGB utilizado tanto nas câmeras analógicas quanto nas digitais atuais). Em 1869, o francês Louis Ducos Du Haurun, pioneiro nas técnicas de fotografia colorida, escreveu a obra Couleurs en Photographie. Entre seus inventos destaca-se a Tricromia, processo de fotografar a cores a partir das cores primarias aditivas. O processo desenvolvido por Haurun exigia três exposições, ou seja, um original para cada cor primária – vermelho, verde e azul. A fotografia colorida só se tornou comercialmente viável a partir de 1907, quando chegou ao mercado o Autochrome, primeiro filme positivo para revelação em cores, a partir de uma única exposição, patenteado pelos irmãos August e Louis Lumiére, C. Ex pl or 12 13 Figura 08 - James C. Maxwell. Tartan Ribbon (1861) Fonte: commons.wikimedia.org Figura 10 – Lumiere Brothers. Untitled (1907-15) Autochrome Fonte: erenae.tumblr.com Figura 09 - Louis Ducos du Hauron. Natura morta con gallo, 1869-1879 Fonte: commons.wikimedia.org Em 1925, chegou ao mercado a primeira câmera de 35mm portátil, precursora de todas as câmeras profi ssionais, produzida pela empresa alemã Ernst Leitz Optische Werke. Bem diferente da abordagem comercial da Kodak, a aposta da Laica I estava na alta qualidade da imagem e a câmera foi rapidamente adotada por fotógrafos profi ssionais impulsionando a fotografi a documental e o fotojornalismo. Em 1930, foi lançado o primeiro modelo com lentes intercambiáveis. Em 1948,o físico Americano Edward H. Land desenvolve a câmera Polaroid, embora limitada era capaz de apresentar resultados instantâneos. A primeira câmera refl ex, surge em 1957 a Pentax, e 1959 a Nikon produz uma câmera totalmente automática. Em 1973, a Fairchild Imaging lançou a primeira versão comercial do chip CCD, capaz de capturar imagens com resolução de 0,01 megapixels (100 pixels). Baseada no CCD da Fairchild, a primeira câmera totalmente digital surgiu de um experimento desenvolvido pela Universidade de Calgary, no Canadá. A fotografi a digital chegou efetivamente ao mercado em 1981, quando a Sony lançou sua primeira câmera digital - a Mavica, que capturava imagens de 0,3 megapixels (300.000 pixels) e custava algo em torno de 12 mil dólares. Em 1988, a Sony lançou a Mavica C1 por 230 dólares, tornando a tecnologia digital mais acessível ao consumidor. Já na década de 90, inúmeras câmeras digitais foram lançadas por diversos fabricantes e tornaram-se populares e desenvolvendo-se até os dias atuais. Ex pl or 13 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Fotografia e Arte Picturialismo O Picturialismo foi um movimento artístico, essencialmente fotográfico, que desenvolveu-se na França, Inglaterra e EUA, a partir de meados da década de 1880, sua pretensão era conferir à fotografia o mesmo prestígio e respeito das linguagens artísticas convencionais, libertando-a de suas amarras documentais e técnicas exclusivamente mecânicas através da aplicação de alguns princípios das belas-artes à nova linguagem. Henry Peach Robison, o maior expoente do movimento, estabeleceu as bases da representação picturialistas: uma mistura de arte, natureza, autenticidade e beleza com o uso de artifícios de estúdio como lentes defeituosas, manipulação de negativos, uso de papéis rugosos e viragens, entre outros. Figura 11 - Henry Peach Robinson. Bringing home the may (1862) Fonte: nationalmediamuseum.org.uk Com base em uma experiência artística, a corrente picturialista propunha uma junção do real com o fictício em uma imagem híbrida, cuja visibilidades procuravam imitar a aparência de pinturas, desenhos, gravuras ou litografias, acreditando que a intervenção do fotógrafo na manipulação da objetiva, do negativo e da impressão poderia aprimorar a natureza tecnológica do meio e agregar-lhe um status artístico. Por toda a Europa e EUA, artistas e fotógrafos artísticos amadores e abastados criaram grupos independentes ou associações multinacionais ligados ao movimento, lançando periódicos influentes e organizando exposições anuais ou salões. 14 15 Frank Meadow Sutcliffe, um membro fundador do grupo Linked Ring Brotherhood junto com Henry Peach Robinson em Londres, trabalhou a maior parte de sua vida registrando o estilo de vida dos habitantes de Whitby, a maioria de suas obras consiste de impressões em carvão marrons ou cinza. George Davison, também do Linked Ring, aboliu o uso da objetiva, obtendo um foco suave impressionista sem nenhum ponto de nitidez em suas imagens. Fig. 12. Frank Meadow Sutcliff e. Stern Realities, 1890 Fonte: commons.wikimedia.org Fig. 13 -Charles Emile Constant Puyo. Chant sacré, 1915 Fonte: commons.wikimedia.org 15 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Robert Demachy e Emile Joachim Constant Puyo, membros do Photo-Club de Paris, dominavam o processo da goma bicarbonada, manipulando o negativo durante a revelação para acrescentar efeitos pictóricos às suas fotografias. Na virada do século XX, o Picturialismo tornou-se mais sombrio, simbólico e pessoal, reflexo da ascensão da arte modernista e dos estudos sobre a psique de Sigmund Freud e Carl Jung, muitos de seus fotógrafos abandonaram os temas bucólicos e voltaram-se para temas urbanos ou para as profundezas interiores que poderiam ser reveladas pelo retrato. Entre eles, Alfred Stieglitz, o primeiro americano a tornar-se membro Linked Ring; o francês Pierre Dubreuil, Alvin Langdon Coburn e Clarence H.White, Frank Eugene e Edward Steichen. Fig. 14. Robert Demachy. Nude, 1906 Fonte: commons.wikimedia.org Foto-secessão Figura 15 - Alfred Stieglitz. A terceira classe, 1907 Fonte: commons.wikimedia.org Em nova York, Alfred Stieglitz criou um movimento nacional de secessão com o objetivo de reunir integrantes do Picturialismo em solo americano junto de novos fotógrafos e promover o re- conhecimento da fotografia como um meio de expressão artística autônomo. Figura 16: Alfred Stieglitz. The Terminal, New York,1892 Fonte: commons.wikimedia.org 16 17 Alfred Stieglitz foi uma fi gura chave para a divulgação da arte moderna e para o desenvolvimento da fotografi a artística nos EUA. Além de fotógrafo, foi editor das revistas American Amateur Photographer (1893-96) e Camera Notes (1897-1902) e, em 1903, publicou, dirigiu e editou a infl uente e luxuosa revista Camera Work, dedicada à publicação de imagens e monografi as tanto de integrantes da Foto-secessão quanto de Picturialistas europeus, que posicionou a fotografi a como um objeto precioso. Em 1915, fundou com Edward Steichen a 291 Gallery que exibiu em solo americano, além de fotografi as, obras de expoentes artistas modernistas como Rodin, Matisse, Picabia, Picasso, Braque, a fotografi a do lendário ready-made de Marchel Duchamp, A Fonte (1917), além de obras de jovens artistas americanos. Tanto a Camera Work quanto a 291 encerraram suas atividades em 1917, Stieglitz concentrou-se na arte moderna, abraçando-a em sua prolífera produção fotográfi ca, e abriu mais duas galerias mais voltadas para a arte moderna europeia e americana do que para a fotografi a propriamente dita. Ex pl or As obras dos foto-secessionistas distanciaram-se cada vez mais das cenas bu- cólicas e atemporais e da imitação das belas-artes, características do Picturialismo, refletindo a decadência do estilo, e voltaram-se para temas mais urbanos e cotidianos, além de objetos. Nas duas últimas edições da Camera Work, destacaram-se as diretas e reais fotografias de Paul Strand, muito diferentes das imagens picturialistas etéreas e suaves publicadas nas primeiras edições da revista e o embrião de uma nova tendência artística da fotografia americana, a Fotografia Pura. A Fotografi a Pura ou Direta Alfred Stieglitz, Paul Strand, Edward Steichen e os fotógrafos que, posteriormente, viriam formar o grupo F/64 foram os maiores expoentes da fotografia direta nos EUA, uma corrente artística contrária às intervenções ou manipulações de negativos e cópias que valorizava imagens puras, espontâneas e sem truques, obtidas pelo contato direto da câmera com a realidade. Com uma atitude modernista, captaram diretamente a vida e as coisas do dia a dia, destinando-se a inspiração simbolista, em fotografias em preto e branco ricas em detalhes, texturas e gradações de cinzas. Historiadores são unanimes em considerar a fotografia “barreira Branca”, de Paul Strand como imagem que rompe definitivamente com as paisagens picturialistas. Para Strand: “O ato de fotografar requer do individuo um verdadeiro respeito pela coisa a sua frente expressa em termos de claro-escuro (cor e fotografia não tem nada em comum) por uma gama quase infinita de valores tonais que ultrapassam a habilidade da mão humana. A mais plena realização disso é conseguida sem truques de processo ou manipulação, graças ao uso de métodos fotográficos diretos”. Assumindo atitude moderna, Strand defende a pureza do uso dos meios fotográficos e se mostra critico em relação à fotografia híbrida, nas quais “a introdução do trabalho manual e da intervenção é simplesmente a expressão de um desejo impotente de pintar”. (FABRIS, 2010: 56-57) 17 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Figura 17- Paul Strand. A Cerca Branca, 1916 Fonte: commons.wikimedia.org Figura 18 - Paul Strand. Wall Street, 1915 Fonte: commons.wikimedia.org A Fotografia Social Enquanto correntes artísticas reivindicavam a ascensão da fotografiano cenário artístico, outros fotógrafos inseriam-na na dimensão social. O registro dos efeitos das mudanças socioeconômicas da virada do século XIX sobre as classes menos privilegiadas era impulsionado pela ascensão da imprensa ilustrada, porém, enquanto está apelava por uma abordagem mais sensacionalista e sentimentalista, alguns fotógrafos destacaram-se por abordagens mais factuais. Jacob Riis e Lewis Hine são os pioneiros mais expoentes do gênero Fotografia Social, um registro factual e fixo de tempo-espaço da realidade representado pela tríade: verdade, objetividade, credibilidade. Enquanto cobria a informação criminal na imprensa de Nova York, entre 1877 e 1888, o fotógrafo de origem dinamarquesa Jacob Riis registrou as condições de trabalho, os meliantes e os núcleos de imigrantes dos bairros pobres de NY. A série de fotografias foi publicada em 1890 com o título Como vive a outra metade. Lewis Hine, ativista do movimento progressista em NY, não tinha o simples propósito de documentar ou causar comoção, mas de mudar a opinião pública. Fotografias de seus ensaios Trabalho infantil na Carolina e Dias de trabalho antes do tempo (1909) tornaram-se uma bandeira e foram publicadas em cartazes, boletins e revistas que defendiam a reforma das leis do trabalho infantil, seu trabalho contribuiu para a elaboração de uma lei que limitou muitas formas de trabalho infantil nos Estados Unidos. “Talvez vocês estejam cansados de fotos de trabalho infantil. Bem, nós também estamos, mas nós propomos fazer vocês e o resto do país ficar tão enjoados desse trabalho que quando a hora (de lutar) chegar, o trabalho infantil será apenas registros do passado.” (Lewis Hine). 18 19 Fig. 19 – Jacob August Riis, Lodgers in a Crowded Bayard Street Tenement – Five Cents a Spot, 1889 Fonte: sfmoma.org Fig. 20 – Jacob August Riis, Night in Gotham Court, ca. 1894 Fonte: sfmoma.org Fig. 21 Lewis W. Hine, Tenement Child Handicapped in Every Way, 1910 Fonte: geh.org 19 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Fig. 22 Lewis W. Hine, Minas de carvão, 1910 Fonte: loc.gov Em 1935, a FSA (Farm Security Administration), um projeto governamental criado pelo presidente F. Roosevelt com o objetivo de auxiliar a vida nas áreas rurais durante a Grande Depressão (1929-1940) causada pela quebra da bolsa de 1929, empregou 20 profissionais em sua divisão fotográfica, entre eles Walker Evans, Dorothea Lange, Margareth Bourke White e Arthur Rothstein, que produziram um acervo com mais de 70 mil imagens de fotografia social. As imagens dos fotógrafos da FSA criaram a identidade de uma sociedade americana resistente em um momento de crise, utilizando a unidade familiar para promover os valores tradicionais e apresentando o agricultor como a espinha dorsal da sociedade. Fig. 23 - Dorothea Lange, Migrant Mother, 1936 Fonte: commons.wikimedia.org Fig. 24 - Arthur Rothstein. Farmer and Sons Walking in the Face of a Dust Storm, Cimarron County, Oklahoma, April 1936 Fonte: commons.wikimedia.org 20 21 Fig. 25 - Walker Evans, Bud Fields com sua família, Alabama 1936–37 Fonte: global.britannica.com Fig. 26 - Margaret Bourke-White, Fila do pão durante a inundação de Louisville, 1937 Fonte: commons.wikimedia.org A Nova Objetividade No início da década de 1920, influenciada pelo desenvolvimento econômico do pós-guerra e pela crença positivista na tecnologia e na produção industrial, surge na Alemanha uma nova tendência artística figurativa, denominada Nova Objetividade que, contrária à subjetividade e à carga emocional do expressionismo, volta-se para a ordem e para o realismo, propondo uma reaproximação da arte com contexto social da época através de uma representação objetiva da realidade, aproximando- se do grupo americano f/64. O movimento teve uma grande repercussão no campo da fotografia já que muitos fotógrafos adotaram seus principais valores e, com uma postura radicalmente antipicturialista, propunham uma arte especificamente fotográfica, voltada para suas próprias características técnicas e formais, ligadas à máquina e à ciência, e dissociada de qualquer princípio das artes plásticas, como a subjetividade e a intervenção manual do fotógrafo. 21 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Desta maneira, o real valor artístico do meio não estaria na fotografia híbrida dos picturialistas, mas na fotografia pura que, segundo o maior expoente desta corrente, Albert Renger-Patzsch, iria “restituir a magia da realidade”, através da exatidão técnica, da nitidez e dos detalhes do “resultado mecânico das formas”, sem qualquer subjetivação do processo fotográfico. A singularidade e a força destas imagens, segundo alguns críticos, estaria no fato de possuírem um valor descritivo extraordinário e serem capaz de revelar mais intensamente as coisas, além do que são geralmente vistas. A coletânea de Patzsch, O mundo é belo (1928), apresenta 100 imagens de plantas, animais, rostos, objetos, máquinas, fábricas, prédios etc., todas fotografadas com a mesma naturalidade e objetividade. Fig. 27 - Albert Renger Patzsch. Glasses. 1927 Fonte: cs.nga.gov.au Fig. 28 - Albert Renger-Patzch. Beech Forest, 1936 Fonte: facweb.cs.depaul.edu 22 23 Fig. 29 - Albert Renger Patzsch. Botões, 1928 Fonte: mutualart.com Fig. 30 - Albert Renger Patzsch. Isolatorenkette, 1925 Fonte: van-ham.com F/64 Group O F/64 foi um grupo norte americano formado em 1932 pelos fotógrafos Edward Weston, Ansel Adams e Imogen Cunningham, entre outros jovens fotógrafos que buscavam uma fotografia cada vez mais exigente do ponto de vista técnico. O propósito básico do grupo era a execução de imagens de grande nitidez mediante o uso do diafragma mais reduzido, daí o nome do grupo (f/64), empregando com impressões lisas e brilhantes. Após seu encontro com as obras de Stieglitz e Strand, em 1922, Edward Weston renunciou tanto à estética picturialista quanto abandonou a prática da fotografia comercial - retratos infantis, que exercia desde seus 25 anos de idade para dedicar-se a uma busca formal. Com uma nova abordagem do olhar sobre o cotidiano e uma visão objetiva da realidade, a proposta de Weston foi tornar o lugar comum inusitado principalmente em temas como nú, objetos e natureza morta. O ponto de vista peculiar é a característica central de suas imagens. Composições em fundo preto e sem referências de escala proporcionam uma monumentalizarão do tema fotografado e apresentam limites sutis entre a abstração e figuração. Fig. 31 Edward Weston, Nude, 1936 Fonte: edward-weston.com Fig. 32 - Edward Weston, Neil Weston, 1922 Fonte: artnet.com 23 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Fig. 33 - Edward Weston, Pepper, 1930 Fonte: edward-weston.com Fig. 34 - Edward Weston, Cabbage Leaf, 1931 Fonte: edward-weston.com Ansel Adams é reconhecido por suas fotografias de paisagens com composições depuradas de extremo rigor técnico e harmonia. Todo o trabalho de Adams une sensibilidade e criatividade a um controle preciso das variáveis técnicas, como a escolha do equipamento, o tempo de exposição e o uso dos químicos, na busca dos contrastes e tons ideais na cópia. Fig. 35 - Ansel Adams. Nascer da lua, Hernandez, Novo México (1941) Fonte: commons.wikimedia.org Fig. 36 -Anselm Adams Snake River, 1942 Fonte: commons.wikimedia.org 24 25 Fig. 37 - Ansel Adams.Tenaya Creek, Dogwood, Rain,Yosemite Valleyc (1948) Fonte: nationalmediamuseum.org.uk Fig. 38 - Ansel Adams. Aspens, Northern New Mexico, 1958 Fonte: artnet.com A obra mais significativa da fotografa Imogen Cunninghan são os seus primeiros planos de flores, mas representou outras formas com a mesma delicadeza. Figura 39 - Imogen Cunninghan. Magnolia Blossom, 1925 Fonte: imogencunningham.com Figura 40: Imogen Cunninghan. Flowering Cactus, about 1930 Fonte: imogencunningham.com 25 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Figura41 -Imogen Cunninghan. Cemetery in France, 1961 Fonte: imogencunningham.com Figura 42: Imogen Cunninghan. Two Sisters 2, 1928 Fonte: imogencunningham.com Fotografia Subjetiva Numa Alemanha traumatizada pelo nazismo e em reconstrução, Otto Steinert funda o grupo Fotoform e, na sequência, inspirado pela escola da Bauhaus, o movimento da Fotografia Subjetiva que, defendendo a experimentação dos meios propriamente fotográficos e uma visão pessoal de mundo, posicionando a personalidade criativa do fotógrafo como o elemento central do fotografia e uma necessidade da época. Recusava o documento. Para contornar uma realidade muito pesada para ser vista fotograficamente, esta corrente buscava novas visibilidades que excluíssem a realidade material e sociocultural da Alemanha pós-guerra, combinando o visto e não visto, a partir das experimentações técnicas e da visão pessoal de mundo que o fotógrafo colocaria sobre a realidade exterior. A abstração, não era uma característica essencial do movimento, mas tornou-se um de seus resultados, testemunhando a desvinculação entre a fotografia e as coisas do mundo. A Exposição Internacional de Fotografia Moderna, organizada por Steinert em 1951, deu uma grande repercussão ao movimento. Com o objetivo de favorecer o surgimento de uma nova geração de artistas fotógrafos e de reatar os elos rompi- dos pelo nazismo, a exposição reuniu fotógrafos europeus e americano e circulou pela Europa e NY. 26 27 Fig. 43 - Otto Steinert, Boulevard St Michel, Paris, 1952 Fonte: theredlist.com Fig. 44 - Otto Steinert, Lamps of the Place de la Concorde III, 1952. Fonte: tate.org.uk Fig. 45 – Peter Keetman, 1001 Faces, 1957 Fonte: lempertz.com Fig. 46 - Peter Keetman, Spiegelnde Tropfen Fonte: van-ham.com 27 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Nos Estados Unidos, O Chicago Institute of Design teve um papel fundamental para desenvolvimento da fotografia subjetiva no país. Aaron Siskind, professor do departamento de fotografia da instituição, abstraiu a paisagem urbana em suas imagens de acordo suas próprias visões artísticas, mas também fez uma série de experiências fotográficas com o corpo humano. Minor White, editor da revista Aperture e professor na Carolina School of Fine Arts, encorajava seus leitores e alunos a pensar na fotografia como uma unidade de significado independente, capaz de ir além da realidade superficial e intuir o campo metafórico e expressivo. Muitos fotógrafos abraçaram a ideia de que, além de oferecer um registro fiel do mundo, a fotografia poderia comunicar sentidos metafóricos. Fig. 47 - Aaron Siskind, Pleasures and Terrors of Levitation#99, 1961 Fonte: mocp.org Fig. 48 - Aaron Siskind, Pleasures and Terrors of Levitation#492, 1961 Fonte: mocp.org Fig. 49 - Aaron Siskind, Rome 101, 1973 Fonte: mocp.org Fig. 50 - Aaron Siskind, San Luis Potosi 16, 1961 Fonte: http://www.mocp.org/ 28 29 Fig. 51 - Minor White, Ritual Branch Variant, 1950 Fonte: mocp.org Fig. 52 - Minor White, Windowsill Daydreaming, 1958 Fonte: artblart.com Fig. 53 - Minor White. Surf Vertical,1947 Fonte: masters-of-photography.com Fig. 54 - Minor White. Capitol Reef, Utah,1962 Fonte: Minor White. Capitol Reef, Utah 29 UNIDADE Origem da Fotografia e a Conquista do Cenário Artístico Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos História da Fotografia http://goo.gl/ZvDK8y História da fotografia http://goo.gl/3ShDmu Ansel Adams A Documentary Film http://goo.gl/Ra2SuP Edward Weston: A Precursor | Andreas Scholl, Delerium http://goo.gl/OBNwZv Sites Imogen Cunningham http://www.imogencunningham.com/ Aaron Siskind Foundation http://www.aaronsiskind.org/ Edward Weston http://edward-weston.com/ Filmes As vinhas da ira. The Grapes of Wrath (1940) John Ford. 30 31 Referências HACKING, J. Tudo Sobre Fotografia. São Paulo: Sextante, 2013. AMAR, P. História da fotografia. 2. ed. ,v. ,Lisboa: Edições 70, 2011. BAURET, G. A Fotografia: História, Estilos, Tendências, Aplicações. Lisboa: Edições 70, 2006. FELICI, J. M. Como se Lee Una fotografia: Interpretaciones de La Miranda. 2. ed. ,v. ,Madrid: Catedra, 2009. KUBRUSLY, C. A. O Que e Fotografia. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 2003. ROUILLE, A. A Fotografia: Entre Documento e a Arte Contemporânea. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2 31
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