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PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 1 Este CADERNO DE QUESTÕES contém 90 questões numeradas de 01 a 90 e a Proposta de Redação, dispostas da seguinte maneira: a. as questões de número 01 a 45 são relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; b. Proposta de Redação; c. as questões de número 46 a 90 são relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. 2 Confira se o seu CADERNO DE QUESTÕES contém a quantidade de questões e se essas questões estão na ordem mencionada na instrução anterior. Caso o caderno esteja incompleto, tenha qualquer defeito ou apresente divergência, comunique ao aplicador da sala para que ele tome as providências cabíveis. 3 Escreva e assine seu nome nos espaços próprios do CARTÃO-RESPOSTA com caneta esferográfica de tinta preta. 4 Não dobre, não amasse nem rasure o CARTÃO-RESPOSTA, pois ele não poderá ser substituído. 5 Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções identificadas com as letras , , , e . Apenas uma responde corretamente à questão. 6 Marque no CARTÃO-RESPOSTA a opção de língua estrangeira. 7 Use o código presente nesta capa para preencher o campo correspondente no CARTÃO-RESPOSTA. 8 Com seu RA (Registro Acadêmico), preencha o campo correspondente ao código do aluno. Se o seu RA não apresentar 7 dígitos, preencha os primeiros espaços e deixe os demais em branco. 9 No CARTÃO-RESPOSTA, preencha todo o espaço destinado à opção escolhida para a resposta. A marcação em mais de uma opção anula a questão, mesmo que uma das respostas esteja correta. 10 O tempo disponível para estas provas é de cinco horas e trinta minutos. 11 Reserve os 30 minutos finais para marcar seu CARTÃO-RESPOSTA. Os rascunhos e as marcações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação. 12 Somente serão corrigidas as redações transcritas na FOLHA DE REDAÇÃO. 13 Quando terminar as provas, acene para chamar o aplicador e entregue este CADERNO DE QUESTÕES e o CARTÃO-RESPOSTA / FOLHA DE REDAÇÃO. 14 Você poderá deixar o local de prova somente após decorridas duas horas do início da aplicação e poderá levar seu CADERNO DE QUESTÕES ao deixar em definitivo a sala de provas nos últimos 30 minutos que antecedem o término das provas. 15 Você será excluído do Exame, a qualquer tempo, no caso de: a. prestar, em qualquer documento, declaração falsa ou inexata; b. agir com incorreção ou descortesia para com qualquer participante ou pessoa envolvida no processo de aplicação das provas; c. perturbar, de qualquer modo, a ordem no local de aplicação das provas, incorrendo em comportamento indevido durante a realização do Exame; d. se comunicar, durante as provas, com outro participante verbalmente, por escrito ou por qualquer outra forma; e. portar qualquer tipo de equipamento eletrônico e de comunicação durante a realização do Exame; f. utilizar ou tentar utilizar meio fraudulento, em benefício próprio ou de terceiros, em qualquer etapa do Exame; g. utilizar livros, notas ou impressos durante a realização do Exame; h. se ausentar da sala de provas levando consigo o CADERNO DE QUESTÕES antes do prazo estabelecido e / ou o CARTÃO-RESPOSTA a qualquer tempo. leia atentamente as instruções seguintes EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO *de acordo com o horário de Brasília 2020 Simulado 3 – Prova I LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 We were anxious to begin our life as people who had no people. And it was easy to find an apartment because we had no standards; we were just amazed that it was our door, our rotting carpet, our cockroach infestation. We decorated with paper streamers and Chinese lanterns and we shared the ancient bed that came with the studio. We were excited about getting jobs; we hardly went anywhere without filling out an application. But once we were hired – as furniture sanders – we could not believe this was really what people did all day. Everything we had thought of as The World was actually the result of someone’s job. Each line on the sidewalk, each saltine. Everyone had rotting carpet and a door to pay for. Aghast, we quit. There had to be a more dignified way to live. We needed time to consider ourselves, to come up with a theory about who we were and set it to music. JULY, M. No one belongs here more than you. Nova Iorque: Scribner, 2008. [Fragmento] A autora estadunidense Miranda July descreve, nesse trecho, a transição da juventude para a vida adulta. Ao longo desse processo, as personagens do texto demonstram A. decepção com a dura realidade do mundo do trabalho. B. dificuldade para alugar um apartamento em boas condições. C. desejo de recuperar os confortos que tinham no passado. D. entusiasmo por terem conquistado a independência financeira. E. ansiedade para encontrar um emprego bem remunerado. QUESTÃO 02 China issues warning over Hong Kong after election blow China’s government has responded to a stunning landslide victory for pro-democracy candidates in the Hong Kong elections by emphasising that the city will always be ruled from Beijing, and warning against further protest violence. The foreign minister, Wang Yi, warned against “attempts to disrupt Hong Kong”, as a few hundred people took to the streets again in support of protesters holed up in a university that has been under siege by police for over a week. “No matter how the situation in Hong Kong changes, it is very clear that Hong Kong is a part of Chinese territory,” he told reporters on the sidelines of the G20 meeting in Tokyo. “Any attempts to disrupt Hong Kong or undermine its stability and prosperity will not succeed.” The election results pose a dilemma for Beijing, and Hong Kong’s chief executive, Carrie Lam. Hand-picked to rule by party leaders, Lam always insists she rules independently, but is widely accepted to have coordinated her hardline response to protesters with China’s top leadership. Disponível em: <https://www.theguardian.com>. Acesso em: 27 dez. 2019. Hong Kong é um território pertencente à China, mas que possui alto grau de autonomia política. A vitória dos candidatos pró-democracia nas últimas eleições na região provocou A. discussões acaloradas sobre a legitimidade das votações. B. protestos violentos dos cidadãos locais exigindo a independência da ilha. C. demissões no alto escalão do governo local, incluindo da chefe do Executivo. D. reações fortes do governo chinês em represália a tentativas de independência. E. manifestações contra tentativas de minar a estabilidade no território chinês. QUESTÃO 03 Can palm oil demand be met without ruining rainforests? The use of palm oil in food products has doubled worldwide in the past 15 years. About half of all items in a supermarket are now likely to contain it, and global consumption could climb to more than 100 million tons per year by 2025, 50% more than in 2016, according to researcher Gro Intelligence. To meet the demand, critics say, some growers in Indonesia and Malaysia, which together account for 85% of global production, use “slash-and-burn” land clearance techniques that routinely blanket parts of Southeast Asia with stinging smoke. In 2015, forest fires in Indonesia alone pumped out more greenhouse gases per day than all sources in the US. The fires not only spew carbon dioxide into the atmosphere but also destroy significant carbon-absorbing forests and ground cover. RAGHU, A. Disponível em: <https://www.washingtonpost.com>. Acesso em: 14 dez. 2019. [Fragmento] O texto aborda a produção do óleo de palma no Sudeste Asiático. O uso da expressão “meet the demand” refere-se A. à urgência em conscientizar a indústria sobre os riscos ao meio ambiente. B. ao aumento da emissão de gases do efeito estufa na produção do óleo. C. à expansão da área de cultivo da palmapara outras regiões da Ásia. D. à tentativa dos produtores de atender à procura pelo produto. E. às técnicas danosas usadas pelos agricultores nas plantações. ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 04 Disponível em: <http://bizarro.com/wp-content/uploads/2017/01/Bizarro-01-22-17-WEBa.jpg>. Acesso em: 21 fev. 2017. Os cartuns, não raramente, recorrem à hipérbole para alcançar o efeito de humor. No cartum anterior, essa estratégia pode ser notada no(a) A. feição perplexa da babá diante das orientações da mãe. B. contraste entre a prolixidade da mãe e o silêncio do pai. C. tranquilidade das crianças, apesar do que diz a mãe. D. quantidade de instruções dadas pela mãe à babá. E. tipo de orientações que a mulher dá à babá. QUESTÃO 05 5 ways to prevent hearing loss while using headphones You know that listening to loud music can damage your ears, but just how loud can you crank up the volume on your AirPods before increasing your risk of hearing loss? Noise-induced hearing loss has always been a risk of certain professions, such as construction and military. Now, more and more young people are showing signs of noise-induced hearing loss, and nearly one in four US adults is affected. Many people experience hearing loss caused by repeated exposure to loud noises. And now, aside from noisy occupations, concerts and sporting events, public health officials are concerned about one other big culprit: headphones. You can still listen to music through your beloved headphones but take some precautions to preserve your hearing. I. Turn down the volume; II. Use noise-canceling headphones; III. Wear actual headphones, not earbuds; IV. Take listening breaks; V. Set a volume limit. Still uncertain? According to the National Institutes of Health (NIH), the best rule of thumb is to “avoid noises that are too loud, too close, or last too long.” Disponível em: <https://www.cnet.com>. Acesso em: 08 jan. 2020. [Fragmento] Além de indicar formas de prevenir a perda auditiva, o texto informa o leitor sobre o fato de que a perda induzida por ruído A. resulta da exposição prolongada a sons muito altos e muito próximos. B. afeta cerca de um quinto da população adulta dos Estados Unidos. C. atinge cada vez mais profissionais que atuam em ambientes barulhentos. D. pode ser evitada com o uso de fones introduzidos diretamente nos ouvidos. E. decorre do tipo de fone usado independentemente do tempo de exposição ao ruído. LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 EL ROTO. Disponível em: <http://elpais.com>. Acesso em: 03 fev. 2017. Para construir o cartum, publicado no jornal espanhol El País, El Roto utilizou-se da primeira pessoa do plural na fala do personagem. Esse recurso linguístico foi empregado para A. ironizar o discurso da classe política. B. denunciar a corrupção em seu país. C. criticar o despreparo dos políticos. D. demonstrar rechaço pela classe política. E. sugerir a desonestidade dos poderosos. QUESTÃO 02 WhatsApp estrena videollamadas grupales WhatsApp anunció hace unos meses que quería lanzar videollamadas en grupo, y ayer confirmó que esta posibilidad ya está lista para los usuarios de la app en iPhone y Android. Los usuarios pueden ya realizar una llamada o videollamada grupal con hasta cuatro personas en total, “en cualquier momento y lugar”, señala la compañía en un comunicado. Simplemente, deben empezar una llamada o videollamada con uno de sus contactos, y después presionar el botón para “añadir participantes” en la esquina superior derecha y así añadir más contactos a la llamada. “Las llamadas grupales están siempre cifradas de extremo a extremo, y han sido diseñadas para funcionar adecuadamente alrededor del mundo bajo distintas condiciones de conexión a Internet”, señala la compañía. Disponível em: <https://elpais.com>. Acesso em: 03 out. 2018. [Fragmento] Segundo a notícia, para realizar uma videochamada grupal por WhatsApp, o usuário deve A. criptografar a mensagem de ponta a ponta. B. formar um grupo composto por quatro pessoas. C. assinalar os contatos que não irão fazer parte do grupo. D. ligar para um contato e adicionar os demais participantes. E. confirmar os contatos previamente no canto direito da tela. QUESTÃO 03 La familia burguesa Época: Vida cotidiana Inicio: Año 1870 Fin: Año 1914 En la familia decimonónica persisten los valores patrimoniales, siendo el padre el eje sobre el que pivota el sistema patrilineal de la transmisión de bienes. La herencia se considera como un derecho consuetudinario y tradicional, sancionado por la ley y los códigos civiles. Como marido, el padre es también el administrador único de los bienes familiares. La familia es, para la sociedad burguesa, la célula básica sobre la que se sustenta no sólo el sistema social sino también el económico y el político. Si durante el Antiguo Régimen muchas personas podían estar adscritas a señoríos nobiliarios o eclesiásticos, o veían en el rey a una figura a la que guardar fidelidad por encima de todas las cosas, ahora, con el encumbramiento de conceptos como nacionalidad o ciudadanía, los individuos han de aprender nuevos códigos de comportamiento, nuevas formas de pensar, nuevos valores y estructuras. Para este menester, la familia, así como la escuela, se manifiestan como el caldo de cultivo ideal. Disponível em: <http://www.artehistoria.com>. Acesso em: 07 mar. 2017. [Fragmento] Tanto a concepção quanto a organização da família vêm, ao longo da história, sofrendo modificações. De acordo com o texto, a família classificada como burguesa A. proibia os valores patrimoniais, sendo as mães as responsáveis por garantir que filhos e filhas tivessem igual acesso à herança. B. era considerada a célula básica do sistema social, pois sua estrutura se assemelhava a uma organização eclesiástica. C. lutava pela garantia e implementação do direito consuetudinário, pleiteando a sua entrada em vigor nos códigos civis. D. tinha como uma das suas funções cultivar os códigos de conduta, valores e tradições vigentes após o Antigo Regime. E. propagava valores tradicionais como nacionalidade e cidadania, perpetuando a organização social do Antigo Regime. ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 04 El lago Titicaca Hace mucho tiempo, el lago Titicaca era un valle fértil poblado de hombres que vivían felices y tranquilos. Nada les faltaba; la tierra era rica y les procuraba todo lo que necesitaban. Sobre esta tierra no se conocía ni la muerte, ni el odio, ni la ambición. Los Apus, los dioses de las montañas, protegían a los seres humanos. No les prohibieron más que una sola cosa: nadie debía subir a la cima de las montañas donde ardía el Fuego Sagrado. Durante largo tiempo, los hombres no pensaron en infringir esta orden de los dioses. Pero el diablo, espíritu maligno condenado a vivir en la oscuridad, no soportaba ver a los hombres vivir tan tranquilamente en el valle. Él se ingenió para dividir a los hombres sembrando la discordia. Les pidió probar su coraje yendo a buscar el Fuego Sagrado a la cima de las montañas. Entonces un buen día, al alba, los hombres comenzaron a escalar la cima de las montañas, pero a medio camino fueron sorprendidos por los Apus. Éstos comprendieron que los hombres habían desobedecido y decidieron exterminarlos. Miles de pumas salieron de las cavernas y se devoraron a los hombres que suplicaban al diablo por ayuda. Pero éste permanecía insensible a sus súplicas. Viendo eso, Inti, el dios del Sol, se puso a llorar. Sus lágrimas eran tan abundantes que en cuarenta días inundaron el valle. Un hombre y una mujer solamente llegaron a salvarse sobre una barca de junco. Cuando el Sol brillóde nuevo, el hombre y la mujer no creían a sus ojos: bajo el cielo azul y puro, estaban en medio de un lago inmenso. En medio de esas aguas flotaban los pumas que estaban ahogados y transformados en estatuas de piedra. Llamaron entonces al lago Titicaca, el lago de los pumas de piedra. Disponível em: <http://www.americas-fr.com>. Acesso em: 19 fev. 2019. A narrativa anterior, acerca do lago Titicaca, caracteriza-se como um(a) A. fábula infantil com intenção moralizante. B. documento religioso que explica a origem da vida. C. manuscrito histórico sobre a exploração do lago peruano. D. conto poético que ilustra a procedência dos povos indígenas. E. relato mítico a respeito da criação de um elemento natural. QUESTÃO 05 Chicos en las redes o cómo huir de los adultos Perfiles paralelos, lenguaje en código, identidades falsas: en Internet los adolescentes construyen un mundo propio y alejado de la mirada adulta. Daniela Lepiscope no entendía por qué cuando entraba al perfil que Valentina tiene en Instagram le aparecían en la pantalla comentarios y fotos que ella no reconocía como de su hija. “Es que le presté mi usuario a Paz y ella me prestó el suyo. Lo hicimos porque yo bardeo mejor”, fue la respuesta casi crítica de la adolescente de 12 años. “¿Bardeo mejor? Te dije que por las redes no quiero que insultes porque queda horrible”, le recordó Daniela. “Ay, má, bardear no es insultar. Es responder de forma sagaz”, retrucó. Además de prestarles su usuario a las amigas, donde adoptan la identidad – al menos virtual – de la otra, Valentina también le contó a su mamá que inventa perfiles de gente que no existe para llamar la atención de unos chicos que juegan al rugby y que cambia la contraseña de acceso a su perfil de Instagram y Snapchat casi a diario. Daniela la escucha con atención y trata de comprender un poco más acerca de ese universo que habita su hija en Internet y del que ella está prácticamente excluida. Disponível em: <http://www.elpais.com.uy>. Acesso em: 02 mar. 2017. [Fragmento] O texto evidencia o quão particular se tornou o universo dos jovens e adolescentes após o advento da Internet. Ao usar a estrutura “Ay, má, bardear no es insultar. Es responder de forma sagaz”, a filha mostra-se A. impaciente com a falta de conhecimento da mãe. B. irônica perante o desejo da mãe de criar um perfil. C. compreensiva com o interesse exposto pela mãe. D. surpresa com as limitações apresentadas pela mãe. E. orgulhosa por saber mais sobre a Internet que sua mãe. LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 Disponível em: <http://ninumikingdom.blogspot.com/>. Acesso em: 25 jan. 2012. Nessa charge, retoma-se o esquema da evolução de Darwin com o intuito de criticar certos padrões de comportamento contemporâneos. Considerando a última etapa de evolução apresentada na imagem, a característica principal da humanidade seria o(a) A. fortalecimento da individualidade, já que um indivíduo vê os outros como códigos de barras. B. desenvolvimento tecnológico favorável à evolução humana, garantindo um convívio social mais abrangente. C. retrocesso do desenvolvimento devido à homogeneização dos indivíduos. D. modificação da atitude humana em face do desenvolvimento industrial e tecnológico. E. enfraquecimento da noção de individualidade em virtude da imposição de comportamentos homogêneos. QUESTÃO 07 IAT, a sigla inglesa para Teste de Associação Implícita, é o nome da técnica que revolucionou os estudos sobre o preconceito. Ao avaliar a facilidade com que associamos categorias como negros, gays, gordos, velhos etc. a conceitos positivos e negativos, ela permite não apenas acessar o inconsciente como também medir nosso grau de preconceito implícito, isto é, aquele que não admitimos nem para nós mesmos. E o que o IAT revela sobre o preconceito contra idosos? Há na discriminação etária um par de paradoxos bem intrigantes. Para começar, há a constatação de que, apesar de não se ter notícia de discursos de ódio ou mesmo de hostilidades sistemáticas contra idosos, o preconceito em relação a esse grupo é forte e disseminado. Quando medido pelo IAT, apenas 6% dos norte-americanos associam a velhice a algo positivo, contra 80% que relacionam juventude ao bem. Esse mesmo fenômeno aparece também em sociedades asiáticas, onde o respeito pelos mais idosos é tido como traço cultural marcante. Mais interessante ainda, os próprios idosos exibem, pelo IAT, níveis de preconceito contra os mais velhos semelhantes aos demonstrados por jovens, diferentemente do que ocorre com outras discriminações. A dissonância cognitiva se resolve quando usamos o IAT para avaliar como os idosos veem a si mesmos. O resultado, surpreendente, é que tanto jovens quanto idosos associam automaticamente seu eu com juventude, e não com velhice. Para os nossos cérebros, velho é só o outro. Seria o segredo da juventude eterna, se o corpo acompanhasse os desejos do cérebro e não fosse parando de funcionar direito. SCHWARTSMAN, H. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 05 dez. 2017. [Fragmento adaptado] Textos opinativos valem-se de estratégias dissertativas diversas visando ao convencimento. No artigo, a apresentação de dados científicos corrobora a ideia de que a(o) A. discriminação contra idosos funciona de forma similar a qualquer outro tipo de preconceito. B. segredo da juventude eterna pode ser descoberto com a ajuda da pesquisa divulgada. C. Teste de Associação Implícita permite quantificar o grau de preconceito inconsciente. D. população estadunidense entende o envelhecimento de forma diferente da asiática. E. preconceito etário se manifesta de forma contraditória nos resultados encontrados. QUESTÃO 08 Em São Paulo. Escritório de usura de Abelardo & Abelardo. Um retrato da Gioconda. Caixas amontoadas. Um divã futurista. Uma secretária Luís XV. Um castiçal de latão. Um telefone. Sinal de alarma. Um mostruário de velas de todos os tamanhos e de todas as cores. Porta enorme de ferro à direita correndo sobre rodas horizontalmente e deixando ver no interior as grades de uma jaula. O Prontuário, peça de gavetas, com os seguintes rótulos: MALANDROS – IMPONTUAIS – PRONTOS – PROTESTADOS. – Na outra divisão: PENHORAS – LIQUIDAÇÕES – SUICÍDIOS – TANGAS. Pela ampla janela entra o barulho da manhã na cidade e sai o das máquinas de escrever da antessala. ANDRADE, O. O rei da vela. In: ______. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973. [Fragmento] O fragmento corresponde à rubrica inicial da famosa peça de Oswald de Andrade “O rei da vela”, escrita em 1933 e encenada apenas três décadas depois. Os elementos que compõem a figuração do cenário teatral destacam um(a) A. paisagem urbana em que os aparatos tecnológicos são irrelevantes. B. ambiente sombrio que sugere o trânsito de personagens fantasmagóricas. C. panorama político responsável pela violência e pelas desigualdades sociais. D. tempo em que as obras de arte cumprem uma função meramente acessória. E. momento histórico de intensa modernização nas cidades do Sudeste do país. 219SE0A2POR2019XVII ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 09 MONTANARO, J. Disponível em: <https://noticias.bol.uol.com.br/>. Acesso em: 12 dez. 2019. A charge apresenta uma crítica ao uso da Internet. O argumento do autor é o de que o acesso à rede A. desestimula a assiduidade dos jovens na escola. B. impede a circulação de informações científicas. C. omite dos jovens informações sobre a natureza. D. infantiliza os usuários de suportes de tecnologia. E. aliena a juventude dos contextos social e natural. QUESTÃO 10 E vós, ó bem nascida segurança Da Lusitana antiga liberdade, E não menos certíssima esperança De aumento da pequena Cristandade; Vós, ó novo temor da Maura lança, Maravilha fatal danossa idade, Dada ao mundo por Deus, que todo o mande, Pera do mundo a Deus dar parte grande; [...] Vereis amor da pátria, não movido De prêmio vil, mas alto e quase eterno; Que não é prêmio vil ser conhecido Por um pregão do ninho meu paterno. Ouvi: vereis o nome engrandecido Daqueles de quem sois senhor superno, E julgareis qual é mais excelente, Se ser do mundo Rei, se de tal gente. Ouvi: que não vereis com vãs façanhas, Fantásticas, fingidas, mentirosas, Louvar os vossos, como nas estranhas Musas, de engrandecer-se desejosas: As verdadeiras vossas são tamanhas, Que excedem as sonhadas, fabulosas, Que excedem Rodamonte e o vão Rugeiro, E Orlando, inda que fora verdadeiro. CAMÕES. L. V. Os Lusíadas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 26 dez. 2017. [Fragmento] As estrofes anteriores do poema épico Os Lusíadas consistem na parte em que o poeta o dedica a D. Sebastião, rei de incontestável importância para a nação portuguesa e para o cristianismo. Identificam-se aspectos da dedicatória na A. esperança de liberdade expressa pelo povo português, representado no texto pela voz poética. B. ameaça feita diretamente aos povos mouros – “a Maura lança” – em nome do deus dos católicos. C. atitude de louvor e de humildade do eu lírico e na evidência de que o texto trata de fatos históricos. D. interlocução da voz poética com as Musas, a quem pede bênçãos para as futuras façanhas do Rei. E. lealdade à pátria manifestada pelo eu lírico, o qual a demonstra sem esperar qualquer tipo de prêmio. QUESTÃO 11 Salve minha linda palmeira brasileira Que vive prisioneira Por entre os quatro cantos dos prédios da cidade Nasceu como pequena semente No ponto mais quente Do nosso país continental tropical Veio morar por aqui No subúrbio desta Capital E apesar de toda poluição infernal Vive como antigamente A irradiar ondas redondas serenamente Como se fosse tudo natural É com grande amizade Que nos comunicamos e amamos de verdade Eu do reino animal, Ela do reino vegetal Nós dois, pois, do superimpério democrático social MAUTNER, J. Poesias de amor e de morte. São Paulo: Global, 1983. No processo de elaboração do poema de Jorge Mautner, há uma crítica irônica à sociedade brasileira no contexto de sua escrita, o Golpe Militar de 1964. Isso se dá pelo uso da linguagem conotativa, que constrói a imagem do(a) A. amor ao país pela exaltação da natureza tida como riqueza nacional. B. identificação entre o eu poético e a palmeira brasileira por sua simbologia. C. humanização da palmeira pela relação estabelecida com o eu poético. D. estranhamento pelo encontro com as palmeiras nos subúrbios urbanos. E. nostalgia nacionalista pelas memórias vivificadas por símbolos nacionais. LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 12 Os nativos da Geração Z constituem o primeiro agrupamento de indivíduos que nasceu digital, conectado, móvel e que nunca viu o mundo sem Internet. Falamos então de uma geração hipercognitiva, capaz de viver múltiplas realidades, presenciais e digitais, ao mesmo tempo. A tecnologia propicia que esses jovens vivam diferentes realidades e absorvam grande complexidade, com muita informação visual e muitos recursos para controlar cada passo da vida. Os membros da Geração Z poderão ter muito mais capacidade de eliminar variadas formas de imprevistos. A partir da tecnologia e do uso intensivo de aplicativos que contornam problemas cotidianos, os jovens habilitam-se a eliminar toda sorte de eventos imprevisíveis. Prever, antecipar e simplificar são seus imperativos. O fato de viverem completamente imersos em tecnologias e redes dá a eles muita margem de manobra, mobilizando comunicação e ações corretivas em um nível ainda não praticado ou experimentado por gerações anteriores. MEIR, J. Disponível em: <https://www.consumidormoderno.com.br>. Acesso em: 23 jan. 2020. De acordo com o texto, a Geração Z cresceu com uma relação intrínseca com as tecnologias da informação e da comunicação, o que gera em seus representantes a A. banalização das relações presenciais, consideradas ultrapassadas diante das possibilidades da comunicação digital. B. habilidade de mobilizar diferentes mecanismos de comunicação e informação para solucionar problemas e imprevistos. C. capacidade extrema de lidar com problemas e situações conflituosas a partir do uso de redes sociais e de aplicativos. D. carência afetiva em razão do uso exagerado das redes sociais e a consequente priorização das relações virtuais. E. hipercognitividade, caracterizada pela capacidade de conviver com pessoas de diferentes realidades. QUESTÃO 13 A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), criada em 1995, é uma das 20 comissões permanentes da Câmara dos Deputados. Suas atribuições constitucionais e regimentais são receber, avaliar e investigar denúncias de violações de direitos humanos; discutir e votar propostas legislativas relativas à sua área temática; fiscalizar e acompanhar a execução de programas governamentais do setor; colaborar com entidades não governamentais; realizar pesquisas e estudos relativos à situação dos direitos humanos no Brasil e no mundo; além de cuidar dos assuntos referentes às minorias étnicas e sociais. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/>. Acesso em: 12 dez. 2019. [Fragmento] O texto define a Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Quanto a seu aspecto sintático, a sequência “receber, avaliar e investigar” A. forma locução verbal e enfoca as ações do sujeito. B. demanda objeto direto e subordina os termos da frase. C. assume função predicativa e liga-se ao sujeito da oração. D. apresenta verbos infinitivos e expressa o sujeito do excerto. E. constitui orações coordenadas e segmenta o sentido do trecho. QUESTÃO 14 Conversa de senhoras Não precisa nem casar Tiro dele tudo o que preciso Não saio mais daqui Duvido muito Esse assunto de mulher já terminou O gato comeu e regalou-se Ele dança que nem um realejo Escritor não existe mais Mas também não precisava virar deus Tem alguém na casa Você acha que ele aguenta? Sr. ternura está batendo Eu não estava nem aí Conchavando: eu faço a tréplica Armadilha: louca pra saber Ela é esquisita Também você mente demais Ele está me patrulhando Para quem você vendeu seu tempo? Não sei dizer: fiquei com o gauche Não tem a menor lógica Mas e o trampo? Ele está bonzinho Acho que é mentira Não começa CESAR, A. C. A teus pés. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. [Fragmento] O título do poema de Ana Cristina Cesar antecipa a forma como o texto se constrói, o que se concretiza na estrutura sustentada pela A. expressão da crise existencial do eu lírico. B. fuga da ordem lógica da narrativa ficcional. C. ausência da possibilidade do tom confessional. D. criação de um diálogo dinâmico entre as personagens. E. acusação da diferença de gênero no caráter das falas. ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 15 Disponível em: <http://www.saude.gov.br/>. Na campanha anterior, foi empregada uma estratégia para levar o leitor a uma reflexão sobre o racismo no sistema de saúde, o que é marcado pela A. ambiguidade provocada pelo termo “saúde”. B. crítica ao silêncio mantido pela sociedade. C. utilização dos verbos no modo imperativo. D. obrigação de denunciar crimes raciais. E. postura séria e silenciosa do médico. QUESTÃO 16 BECK, A. Disponível em: <https://tirasarmandinho.tumblr.com/>. Acesso em: 06 out. 2019. Na tirinha, ao associar o discurso da garota à ação que ela executa, o autor revela sua intenção de A. abordar a temática referente à desvalorização feminina com humor. B. justificar os elogios recebidos pelas mulheres em relação à beleza. C. comprovar que a capacidade feminina independe da aparência. D. mostrar como o discurso femininoé distante da realidade. E. promover a dinamicidade de movimento da cena ilustrada. LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 17 Em tempos de politicamente correto, em que o etarismo desponta como a próxima bola da vez, é arriscado sugerir que a velhice seja algo deplorável. David Sinclair, porém, não apenas não enaltece a “melhor idade” como ainda a classifica como uma moléstia que precisa ser extirpada. O que separa Sinclair de um genocida ordinário é que ele não pretende eliminar os velhos, mas sim os processos biológicos que dão causa à senescência. Sinclair, como o leitor já deve ter intuído, é um cientista. Na verdade, é um dos mais reputados especialistas em envelhecimento, comandando laboratórios de genética em Harvard e na Austrália. Seu mais recente livro, Lifespan, é uma daquelas obras em que o otimismo é tão denso que dá para tocá-lo. Para o autor, estamos muito perto de fabricar uma pílula que nos permitirá viver bem além dos cem anos e com muita saúde, isto é, sem as moléstias que hoje vêm com a idade, como cânceres e demências. Quem não quiser esperar já pode recorrer a mudanças de hábitos, que incluem passar fome e frio, e ao uso “off-label” de alguns medicamentos que já estão no mercado. SCHWARTSMAN, H. O fim da velhice. Disponível em: <https:// www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 25 fev. 2020. [Fragmento adaptado] A partir dos parágrafos introdutórios expostos anteriormente, constata-se que o objetivo comunicativo do texto é A. resenhar uma obra científica que aborda uma perspectiva polêmica. B. corroborar as sugestões terapêuticas do médico em questão. C. criticar os posicionamentos polêmicos do cientista nomeado. D. refutar a ideia citada de que o envelhecimento é reversível. E. resumir as pesquisas de Sinclair de forma técnica e isenta. QUESTÃO 18 Aproximei-me da janela. O sopro do vento era ardente como se a casa estivesse no meio de um braseiro. Respirei de boca aberta agora que ele não me via, agora que eu podia amarfanhar a cara como ele amarfanhara o papel. Esfreguei nela o lenço, até quando, até quando?!… E me trazia a infância, será que ele não vê que para mim foi só sofrimento? Por que não me deixa em paz, por quê? Por que tem que vir aqui e ficar me espetando, não quero lembrar nada, não quero saber de nada! Fecho os olhos. Está amanhecendo e o sol está longe, tem brisa na campina, cascata, orvalho gelado deslizando na corola, chuva fina no meu cabelo, a montanha e o vento, todos os ventos soprando. Os ventos! Vazio. Imobilidade e vazio. Se eu ficar assim imóvel, respirando leve, sem ódio, sem amor, se eu ficar assim um instante, sem pensamento, sem corpo… TELLES, L. F. Verde lagarto amarelo. In: ______. Antes do baile verde. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. [Fragmento] No fragmento do conto de Lygia Fagundes Telles, o trecho que realça a prosa poética é: A. “Esfreguei nela o lenço, até quando, até quando?!...” B. “Por que não me deixa em paz, por quê?” C. “Fecho os olhos. Está amanhecendo e o sol está longe […].” D. “Os ventos! Vazio. Imobilidade e vazio.” E. “[...] se eu ficar assim um instante, sem pensamento, sem corpo…” QUESTÃO 19 No imenso metro entre nós Talvez você não seja mais que isto: alguém, de costas, tenta acender um cigarro ao vento. Um oceano abstrato vem bater em nosso quarto. É preciso cuidado, não são poucas e são altas suas ondas; escuto, mas quem compreenderia a valsa dos afogados, feita de uma boca intraduzível? O vento dispersa o que eu diria, não chego a você, a seus ouvidos; assim também minha mão que desmorona antes de alcançar seu rosto onde do que entre nós alguma vez foi nítido embaraçam-se os fios; o vento derrama seus olhos para longe, dessalga e seca nos meus a hipótese da queixa; Vento da noite, que espalha suas pedras negras no imenso metro entre nós. Talvez o mundo mais perfeito seja apenas isto: Você, enfim, acende seu cigarro. FERRAZ, E. Escuta. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. Em geral, o texto poético vale-se de uma linguagem predominantemente subjetiva, que pode se manifestar pela presença de figuras de linguagem. No poema de Eucanaã Ferraz, a personificação é uma dessas figuras de linguagem, identificada em: A. “alguém, / de costas, tenta acender um cigarro ao vento.” B. “Um oceano abstrato vem bater em nosso quarto.” C. “mas quem compreenderia a valsa / dos afogados, feita de uma boca intraduzível?” D. “do que entre nós alguma vez foi nítido embaraçam-se / os fios” E. “Talvez o mundo mais perfeito seja apenas isto” ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 20 O padre limpando a igreja. Entra João Grilo e Chicó. Padre: Eu benzer a cachorra? Deixem de besteira! Não benzo de jeito nenhum! João Grilo: Sempre disse a Chicó que o Senhor não benzia... benze, não benze? Padre: Não benzo! João Grilo: É, motor do major Antônio Morais o senhor benze… Padre: Motor todo mundo benze, agora cachorra… Nunca ouvi dizer que alguém já benzeu cachorra… Não benzo! João Grilo e Chicó vão saindo da igreja. João Grilo: É, Chicó… motor de Antônio Moraes se benze… cachorra de Antônio Moraes não se benze. Padre: Como é que é? João Grilo: É que a cachorra também é de Antônio Moraes…. Eu bem que disse a Chicó que o padre ia ficar bravo! Padre: Bravo nada, João! João Grilo: Então o Senhor benze, não é? Padre: Diga a Antônio Mores que traga a cachorra! Chicó e João Grilo saem da igreja. SUASSUNA, A. Auto da Compadecida. 26. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1993. [Fragmento] As questões sociais são tratadas com humor crítico por Ariano Suassuna em Auto da Compadecida. O gênero dramático auto permite ao autor colocar o protagonista como herói vicentino medieval de caráter popular, papel que lhe garante A. explicitar a compaixão do padre, que, apiedado, dá a benção à cachorra. B. obedecer ao representante divino, o que aprendeu na didática religiosa. C. propagar a tradição romântica, que coloca a posição do padre como alguém sempre amoroso. D. questionar a moral das instituições, que aceitam a benção do animal pelo prestígio de seu dono. E. expor a impaciência do padre para solicitações incomuns, que são feitas pelas pessoas cotidianamente. QUESTÃO 21 Velha a Chen Te – É uma mocinha da roça, nossa parenta. Esperamos não estar sendo demais para você. Quando você morava em nossa casa, nós não éramos tantos, não se lembra? Depois é que nós fomos aumentando. Quanto pior corriam as coisas, mais a família aumentava; e quanto mais a família aumentava, as coisas pioravam. Agora acho melhor trancar a porta, senão a gente não vai ter descanso. Ela tranca a porta e sentam-se todos. A coisa mais importante é não atrapalharmos você nos seus negócios; do contrário, como é que a chaminé vai fumegar? [...] Cantam a “Canção da Fumaça”: Avô – Outrora, antes de ter brancos os meus cabelos, Eu, com a inteligência, pensava me dar bem; Hoje sei que não há inteligência que chegue Para manter cheia a barriga de ninguém. Por isso, eu digo: Deixa! Como a parda fumaça Que vai sumindo cada vez mais fria, É assim que a vida passa! [...] BRECHT, B. A alma boa de Setsuan. Tradução de Geir Campos e Antônio Bulhões. São Paulo: Paz e Terra, 1992. [Fragmento] O teatro de Bertold Brecht pode ser visto como uma experiência sociológica, buscando evidenciar aspectos controversos da sociedade que representa, de modo a despertar a reflexão em seus espectadores. O fragmento de A alma boa de Setsuan evidencia essa proposta pela crítica ao(à) A. aumento da taxa de mortalidade como consequência da miséria. B. crescimento desordenado das cidades advindo da alta natalidade. C. valorização das relações clientelistas devido à cobrança de favores. D. êxodo rural advindo da falta de oportunidades de trabalho no campo. E. exploração da mão de obra resultante doprocesso de industrialização. QUESTÃO 22 O diálogo interdiscursivo e cultural convida os representantes contemporâneos da crítica a romper os limites disciplinares e a se lançarem no espaço heterogêneo das produções artísticas e midiáticas. Há muito essas barreiras já começaram a se diluir, comprometendo a defesa da homogeneidade dos discursos e se opondo à crítica voltada apenas para a elucidação dos procedimentos literários, esquecendo-se de compreendê-la como integrante de uma visão cultural capaz de atingir outros aparatos e desdobramentos. SOUZA, E. M. Crítica literária e formas massivas de acessar literatura. Disponível em: <https://www.suplementopernambuco.com.br>. Acesso em: 12 dez. 2019 (Adaptação). O verbo “haver”, no segundo período do fragmento, desempenha a função de A. destacar a noção de existência e conectar o verbo ao objeto direto. B. ressignificar o ato de “fazer” e tornar-se o sujeito da oração destacada. C. registrar a norma-padrão e construir a noção de passado indefinido. D. universalizar a comunicação e aproximar o leitor pela linguagem formal. E. apontar para a temporalidade da ação e especificar a ocorrência dos eventos. LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 23 TExTO I Disponível em: <https://sjcdh.rs.gov.br>. Acesso em: 11 dez. 2019. TExTO II “Frequentemente a pessoa idosa se cala sobre os abusos físicos que sofre e se isola para que outros não tomem conhecimento desse tipo de violência, prejudicando assim sua saúde mental e sua qualidade de vida”, explica Maria Cristina Hoffmann, coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa, do Ministério da Saúde. Ela conta que as estatísticas mostram que, por ano, cerca de 10% dos idosos brasileiros morrem por homicídio. Disponível em: <http://www.blog.saude.gov.br>. Acesso em: 11 dez. 2019. [Fragmento] A comparação entre ambos os textos permite a inferência de que a informação presente no texto II está implícita na imagem do texto I, uma vez que A. a bengala permite o andar firme. B. a bengala obstrui a boca do idoso. C. a fisionomia remete à idade do sujeito. D. os óculos denotam a fragilidade do idoso. E. os olhos expressam o sofrimento da pessoa. QUESTÃO 24 QUINO, J. L. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003. No último quadrinho da tirinha, existem duas ocorrências do pronome “se”. Com relação à sua classificação sintática, eles A. complementam o sentido dos verbos. B. retomam o emissor da mensagem. C. integram uma locução verbal. D. indicam voz passiva sintética. E. realçam as ações verbais. ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 25 EDUARDO – Tenho pressa, não posso esperar. Queres ir hoje ao Teatro Lírico? CARLOTINHA – Não, não estou disposta. EDUARDO – Pois representa-se uma ópera bonita (Enche a carteira de charutos). Canta a Charton. Há muito tempo que não vamos ao teatro. CARLOTINHA – É verdade; mas quem nos acompanha é você, e seus trabalhos, sua vida ocupada... Depois, mano, noto que anda triste. EDUARDO – Triste? Não, é meu gênio; sou naturalmente seco; gosto pouco de divertimentos. CARLOTINHA – Mas houve um tempo em que não era assim; brincávamos, passávamos as noites a tocar piano e a conversar; você, Henriqueta e eu. Lembra-se? EDUARDO – Se me lembro!... Estava formando há pouco, não tinha clínica. Hoje falta-me o tempo para as distrações. ALENCAR, J. O demônio familiar. In: ______.Obra Completa. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1960. [Fragmento] Nessa peça de José de Alencar, além do enredo, está presente, também como elemento da tipologia narrativa, o(a) A. diálogo, construído com o clímax e o desfecho implícitos. B. linguagem coloquial, marcada por vocativos e verbos imperativos. C. incorporação de personagens alegóricas, explícitas em tipos sociais. D. delimitação espacial, evidente na menção a locais situados numa cidade. E. caracterização das personagens, destacada em suas condutas e seus interesses. QUESTÃO 26 Primeiro emprego: justiça e autonomia A busca pelo primeiro emprego é uma experiência que marca a história de muitas pessoas. A vontade de ganhar o próprio dinheiro vem acompanhada da grande expectativa pela independência e, em muitos casos, considerando as dificuldades nos lares brasileiros, representa a chance de poder colaborar com o orçamento da família. Cada situação envolve uma particularidade, mas em todas elas nem sempre a expectativa corresponde à realidade. E o principal motivo é que o jovem que busca sua primeira oportunidade no mercado formal de emprego não tem a experiência exigida por esse mesmo mercado. O que mostra que há uma lacuna a ser preenchida na legislação para dar a essa parcela da população oportunidades iguais, fazendo justiça e abrindo espaço para profissionais que, em médio prazo, contribuirão com sua força de trabalho para o desenvolvimento do país. PAMPLONA, T. Primeiro emprego: justiça e autonomia. Disponível em: <https://odia.ig.com.br>. Acesso em: 13 dez. 2019. [Fragmento] Com o intuito de introduzir a tese defendida, esse primeiro parágrafo, retirado de um artigo de opinião, recorre à estratégia de A. descrição subjetiva do assunto. B. exposição de dados do mercado. C. apresentação panorâmica do tema. D. caracterização genérica dos jovens. E. relato pessoal sobre o desemprego. QUESTÃO 27 Eu sei, mas não devia Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. [Fragmento] Textos transmitem ideias e provocam reflexões, cada qual contendo configurações específicas. O que se critica na crônica é a A. falta de autoaceitação do pobre e a grande autoestima do rico. B. ausência de recursos espirituais e financeiros para aceitar a vida. C. aceitação de diferentes e recorrentes situações inquietantes na vida. D. preferência pelo ritmo pacato das cidades e por relações mais distantes. E. afeição das pessoas por relacionamentos e moradia nas grandes cidades. LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 28 Virgínia parecia-me um nome vagamente anacrônico, quase ridículo – até que a conheci. Foi no dia em que fiz cinquenta anos. Naquela época eu já perdera o brilhante futuro que, num passado recente, alguns críticos me haviam prometido. Esses mesmos críticos não gostaram do meu último romance. Troçaram dele, destroçaram-no. Depois disso nunca mais consegui concluir nem sequer um conto. Escrevia meia dúzia de páginas e parava por falta de ideias e de convicção. A convicção, a propósito, é muito mais importantedo que uma boa ideia. Apagava tudo. Recomeçava, lembrava-me das críticas e voltava a apagar. Aquilo fazia-me muito mal. Voltei a beber. À noite estendia-me na cama mas não adormecia. Levantava-me e bebia. Manuela, a minha primeira mulher, pediu o divórcio. Disse-me: “Odeio falhados. Odeio sobretudo os falhados que bebem demais.” AGUALUSA, J. E. É doce morrer no mar. In: Aquela canção: 12 contos para 12 músicas. (Vários autores) São Paulo: Publifolha, 2005. p. 87. A composição literária se alicerça em um uso sofisticado das palavras, tornando seus sentidos mais plurais. No trecho, a expressão metafórica “já perdera o brilhante futuro” sugere que o narrador-personagem A. desconfia das boas intenções daqueles que lhe prometeram o amor e a glória. B. suspeita que ainda recuperará o reconhecimento dos críticos literários hostis. C. reafirma-se como um artista vaidoso sempre em busca de sucesso e dinheiro. D. desacredita da possibilidade de recuperar a excelência na escrita dos romances. E. desencanta-se de forma irremediável com os projetos anteriormente idealizados. QUESTÃO 29 A vaca pode ir para o brejo Preço da carne dependerá da ação dos pecuaristas. A peste suína africana na China atingiu cerca de 40% do plantel de 440 milhões de cabeças. Os chineses são os maiores consumidores de carne de porco do mundo – e este fato redesenhou a cadeia global de oferta de alimentos e resultou no aumento de preços da carne bovina no Brasil. Quem manda no mercado de boi é a vaca – ou seja, o que o pecuarista faz com a sua matriz é que determina qual vai ser o comportamento dos preços. Houve períodos em que o preço da carne bovina ficou tão baixo que fêmeas foram abatidas para reduzir a oferta de bezerros e, assim, recompor o caixa do pecuarista. Espero que isso não aconteça de novo para a vaca não ir para o brejo. VOLK, S. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 07 abr. 2020. O título proposto para o texto revela a intenção do autor de A. sinalizar a invalidade da expressão popular no cenário de consumo atual. B. denunciar a ação dos pecuaristas, que determinam os preços das carnes. C. despertar o interesse do leitor por meio do uso de uma expressão popular. D. indicar objetivamente o eixo temático de que tratará o texto argumentativo. E. criticar a alta do preço da carne bovina, que impacta os gastos da população. QUESTÃO 30 Viagem na noite longa Na noite longa minha alma chora sua fome de séculos Meus olhos crescem e choram famintos de eternidade até serem duas estrelas brilhantes no céu imenso E o infinito se detém em mim Na noite longa uma remotíssima nostalgia afunda minha alma e eu choro marítimas lágrimas enquanto meu desejo heroico de engolir os céus se alarga e é já céu Tenho então a sensação esparsamente longa de vagar no absoluto FONSECA, M. Poesia africana de Língua Portuguesa: antologia. Rio de janeiro: Lacerda Editores, 2003. p.163-164. Em meados do século XX, a literatura de Cabo Verde conquistou um espaço definitivo no cenário lusófono, divulgando um fazer poético rico em metáforas que evocam as mazelas de um povo achacado pela sociedade colonial. No poema do escritor Mário Fonseca, a imagem da noite longa aparece metaforicamente associada à A. conduta insensível do sujeito perante a natureza. B. pobreza de um povo maltratado pela fome e pela miséria. C. impotência humana diante dos desígnios divinos. D. repulsa do indivíduo moderno às tradições do seu povo. E. sensação de imobilidade perante a vastidão do universo. ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 31 CAPÍTULO L Não, senhora minha, ainda não acabou este dia tão comprido; não sabemos o que se passou entre Sofia e o Palha, depois que todos se foram embora. Pode ser até que acheis aqui melhor sabor que no caso do enforcado. Tende paciência; é vir agora outra vez a Santa Teresa. A sala está ainda alumiada, mas por um bico de gás; apagaram-se os outros, e ia apagar-se o último, quando o Palha mandou que o criado esperasse um pouco lá dentro. A mulher ia a sair, o marido deteve-a, ela estremeceu. – A nossa festa esteve bem bonita, disse ele. – Esteve. ASSIS, M. Quincas Borba. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. [Fragmento] No fragmento de Quincas Borba, romance de Machado de Assis, a perspectiva da narrativa estabelece A. aproximação entre o narrador e as personagens. B. fusão entre as diferentes vozes dentro da narrativa. C. relação recíproca entre leitor e narrador no ato criativo. D. distância entre o tempo da narrativa e os acontecimentos. E. autonomia na instauração da linha de tempo para a história. QUESTÃO 32 Disponível em: <http://www.secom.gov.br>. Acesso em: 12 dez. 2019. A comparação entre “carona” e “ambulância” viabiliza a inferência de que o objetivo da campanha é A. inibir os eventos automobilísticos com comércio de álcool. B. convencer o leitor a não dirigir após o consumo de álcool. C. promover os aplicativos de carona como alternativa prática. D. sugerir ao público-alvo os benefícios de um transporte seguro. E. exaltar a preferência por carros comuns a transportes emergenciais. QUESTÃO 33 Óbito do autor Expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova: – “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade.” ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. [Fragmento] Memórias póstumas de Brás Cubas, célebre romance de Machado de Assis, é narrado em primeira pessoa por um defunto autor. No trecho, o ponto de vista do protagonista em relação aos acontecimentos ocorre de maneira A. duvidosa, pois parte da perspectiva do narrador-personagem. B. incondizente com os fatos, pois é infiel à realidade nas descrições. C. afetada, pois idealiza o caráter das demais personagens. D. caótica, pois reflete a imprevisibilidade dos eventos cotidianos. E. inverossímil, pois carrega a intenção de ludibriar o leitor. LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 34 DAHMER, A. Malvados. Disponível em: <http://www.malvados.com.br>. Acesso em: 19 out. 2019. No texto, o verbo “derrubar” é empregado como recurso linguístico para expressar semanticamente que as novas práticas coletivas emergidas das redes sociais A. comprovam o protagonismo da juventude na divulgação de movimentos políticos que defendem a democracia. B. confirmam a deficiência das mídias tradicionais que proporcionam mudanças governamentais efetivas. C. consideram a eficácia dos protestos organizados pelos sujeitos que utilizam a rede há mais tempo. D. promovem manifestações que culminam em alterações pouco significativas no espectro político. E. conferem legitimidade às demandas dos jovens que cresceram com acesso pleno à Internet. QUESTÃO 35 O Jardim Botânico, tranquilo e alto, lhe revelava. Com horror descobria que pertencia à parte forte do mundo – e que nome se deveria dar a sua misericórdia violenta? Seria obrigada a beijar um leproso, pois nunca seria apenas sua irmã. Um cego me levou ao pior de mim mesma, pensou espantada. Sentia-se banida porque nenhum pobre beberia água nas suas mãos ardentes. Ah! era mais fácil ser um santo que uma pessoa! Por Deus, pois não fora verdadeira a piedade que sondara no seu coração aságuas mais profundas? Mas era uma piedade de leão. LISPECTOR, C. Amor. In: ______. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. [Fragmento] No trecho do conto de Clarice Lispector, há a vivência de uma profunda experiência pela protagonista. Essa experiência é o(a) A. epifania advinda de uma experiência cotidiana. B. catarse causada por um evento traumático. C. empatia pela condição doentia do próximo. D. amor fraternal pelo indivíduo desconhecido. E. fluxo de consciência no relato dos eventos. QUESTÃO 36 DAVIS, J. Garfield. São Paulo: L&PM Pocket, 2009. A estratégia discursiva responsável pela construção do humor na tirinha do Garfield é a mesma que se percebe em A. reportagens que apresentam um assunto de maneira impessoal e aprofundada. B. romances que têm sua narrativa construída sobre o processo de escrita de um livro. C. anúncios publicitários que utilizam recursos de persuasão para atingir o público-alvo. D. poemas visuais que empregam recursos gráficos e não verbais para transmitir a mensagem. E. manuais de instrução que vêm junto a aparelhos eletrônicos de uso ou instalação mais complexa. ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 37 O preconceito e o homem que dança: uma reflexão nas aulas de Educação Física A Educação Física escolar tem papel fundamental de organizar e sistematizar conhecimento sobre as práticas corporais, possibilitando a comunicação entre as diferentes culturas que formam nosso país. Nesse sentido, é importante que a dança faça parte das aulas, tanto quanto os esportes, pois esse conteúdo leva o aluno a reflexões do ser no contexto em que está inserido. As aulas de EF são um espaço para o conhecimento da cultura corporal do movimento através da dança. Em um país como o Brasil, onde a dança está presente em diversas manifestações culturais, ela pode ter inúmeros significados. A dança está presente no cotidiano das pessoas, porém há a dificuldade em entendê-la e interpretá-la como cultura existente em nossa sociedade. Além disso, a dança na escola oferece oportunidades para que a sexualidade e a relação de gênero não sejam vistas de forma estereotipada ou preconceituosa, tanto ao interpretar os códigos das danças e suas origens, como ao criar suas coreografias. PEREIRA, N. S.; VOLSKI, V. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br>. Acesso em: 06 out. 2019. [Fragmento] O título proposto para o texto antecipa seu tema central. Pressupõe-se, pela leitura de seu fragmento, que o artigo terá como foco o debate sobre A. o protagonismo da disciplina de EF na organização do conhecimento corporal. B. os aspectos identitário e cultural do cidadão relacionados à prática de esportes. C. a busca de reflexão dos alunos sobre o contexto social e cultural em que se inserem. D. a importância da desconstrução de preconceitos relacionados à prática de dança na EF. E. a manifestação da dança como objeto de construção da identidade cultural do sujeito. QUESTÃO 38 Amar você é coisa de minutos A morte é menos que teu beijo Tão bom ser teu que sou Eu a teus pés derramado Pouco resta do que fui De ti depende ser bom ou ruim Serei o que achares conveniente Serei para ti mais que um cão Uma sombra que te aquece Um deus que não esquece Um servo que não diz não Morto teu pai serei teu irmão Direi os versos que quiseres Esquecerei todas as mulheres Serei tanto e tudo e todos Vais ter nojo de eu ser isso LEMINSKI, P. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. [Fragmento] 219SE02POR2020VII Embora seja mais conhecido por sua poética sucinta e irônica, em “Amar você é coisa de minutos”, Paulo Leminski dá voz a um eu lírico A. resignado com seu destino. B. submisso aos desejos do ser amado. C. inquieto por ter sua paixão insatisfeita. D. saudosista diante da fugacidade do tempo. E. convicto de suas certezas sobre a existência. QUESTÃO 39 Disponível em: <http://organikalive.com/>. Acesso em: 01 nov. 2011. OaKoAk é um artista contemporâneo francês que mistura elementos urbanos com arte de improviso. As imagens anteriores demonstram que um princípio estético do artista é A. reler o mundo contemporâneo buscando referências da arte clássica. B. buscar a poetização do asfalto por meio de referências do cinema. C. intervir no espaço urbano recuperando referências de outras artes. D. reiterar a arte que se encontra nos espaços urbanos. E. criticar, com referências da arte universal, a degradação dos espaços urbanos. LCT – PROVA I – PÁGINA 18 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 40 Disponível em: <https://www.bb.com.br>. Acesso em: 19 nov. 2019. Tendo em vista o gênero textual a que pertence, bem como os recursos verbais e não verbais empregados, o texto busca A. anunciar empresas apoiadas em discursos inovadores para gerar lucros. B. propagar ao leitor fatos relevantes acerca da diversidade racial no Brasil. C. associar uma instituição a ideais valorizadores do respeito à diversidade. D. incentivar a população negra a mobilizações contra o racismo na sociedade. E. denunciar a existência de desigualdade racial na sociedade contemporânea. QUESTÃO 41 Feliz aniversário A família foi pouco a pouco chegando. Os que vieram de Olaria estavam muito bem-vestidos porque a visita significava ao mesmo tempo um passeio a Copacabana. A nora de Olaria apareceu de azul-marinho, com enfeite de paetês e um drapeado disfarçando a barriga sem cinta. O marido não veio por razões óbvias: não queria ver os irmãos. Mas mandara sua mulher para que nem todos os laços fossem cortados – e esta vinha com o seu melhor vestido para mostrar que não precisava de nenhum deles, acompanhada dos três filhos: duas meninas já de peito nascendo, infantilizadas em babados cor-de-rosa e anáguas engomadas, e o menino acovardado pelo terno novo e pela gravata. Tendo Zilda – a filha com quem a aniversariante morava – disposto cadeiras unidas ao longo das paredes, como numa festa em que se vai dançar, a nora de Olaria, depois de cumprimentar com cara fechada aos de casa, aboletou-se numa das cadeiras e emudeceu, a boca em bico, mantendo sua posição de ultrajada. “Vim para não deixar de vir”, dissera ela a Zilda, e em seguida sentara-se ofendida. As duas mocinhas de cor-de-rosa e o menino, amarelos e de cabelo penteado, não sabiam bem que atitude tomar e ficaram de pé ao lado da mãe, impressionados com seu vestido azul-marinho e com os paetês. LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. p. 54-55. [Fragmento] Como característica do gênero literário conto, “Feliz aniversário” apresenta A. o relato objetivo e imparcial de um narrador que se limita a descrever a festa. B. a descrição superficial das personagens, definidas pelo grau de parentesco. C. a verossimilhança no relato, que busca disfarçar a alegria da comemoração. D. a estrutura narrativa dividida em enredo primário (a festa) e secundário (Olaria). E. o emprego de termos adjetivos para imprimir a visão da autora sobre aniversários. QUESTÃO 42 20 de junho... Dei leite para a Vera. O que eu sei é que o leite está sendo despesas extras e está prejudicando a minha minguada bolsa. Deitei a Vera e saí. Eu estava tão nervosa! Acho que se eu tivesse num campo de batalha, não ia sobrar ninguém com vida. Eu pensava nas roupas por lavar. Na Vera. E se a doença fosse piorar? Eu não posso contar com o pai dela. Ele não conhece a Vera. E nem a Vera conhece ele. Tudo na minha vida é fantástico. Pai não conhece filho, filho não conhece pai. ... Não tinha papeis nas ruas. E eu queria comprar um par de sapatos para a Vera. [...] Segui catando papel. Ganhei 41 cruzeiros. Fiquei pensando na Vera, que ia bradar e chorar, porque ela quando não tem o que calçar fica lamentando que não gosta de ser pobre. Penso: se a miséria revolta até as crianças... JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada.São Paulo: Ática, 2014. p. 66. As narrativas, ao longo de sua disseminação nas comunidades ocidentais, exerceram variadas funções. No caso dessa obra de Maria Carolina de Jesus, em que ela relata o seu dia a dia numa comunidade pobre da cidade de São Paulo, o texto carrega consigo a função de A. denunciar a situação de privação material enfrentada pela população periférica. B. reiterar a ausência do poder público em locais distantes dos centros urbanos. C. romantizar o estado de vulnerabilidade social vivenciado pelas famílias pobres. D. disseminar um estereótipo pejorativo de quem habita zonas marginais no Brasil. E. atualizar o contexto de violência doméstica praticada nas áreas nobres do país. ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 43 MAY, E. Péssimas influências. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 25 fev. 2020. O texto de Estela May representa um recorte do cotidiano de forma provocativa, recorrendo à confluência de tipos textuais. Uma tipologia textual identificada nesse cartum é a A. narrativa, pois as falas das personagens indicam ações e eventos passados, presentes e futuros. B. argumentativa, porque reflete sobre as “personas” construídas nos ambientes virtuais. C. expositiva, visto que critica a cultura do “cancelamento”, comum nas redes sociais. D. injuntiva, uma vez que orienta o que o leitor deve ou não fazer no âmbito virtual. E. descritiva, já que a caracterização visual e verbal das personagens é destacada. QUESTÃO 44 Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. LISPECTOR, C. Felicidade clandestina. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. [Fragmento] A progressão temática de um texto é garantida por meio de recursos linguísticos diversos. No conto de Clarice Lispector, a expressão “como casualmente” demonstra que a antagonista deseja A. construir uma amizade com a narradora, compartilhando com ela seus bens. B. ceder à narradora o livro pelo qual ela ansiava, sem nada pedir em troca. C. manipular a narradora, mencionando o livro que sabia que ela desejava. D. provocar a narradora ao lhe fazer uma promessa que não cumpriria. E. negociar o empréstimo do livro que a narradora tanto queria ler. QUESTÃO 45 Homem faz cirurgia para retirar refrão de “Shallow” da cabeça O carioca Fernando Andrade, de 35 anos, foi submetido hoje pela manhã a uma cirurgia para a retirada do refrão da música “Shallow” da cabeça. Esse é o primeiro caso clínico de remoção de música chiclete. Se der certo, a cirurgia ampliará os campos da medicina e livrará o ser humano de um de seus piores males. Fernando disse que ficava cantarolando o refrão “shalalalala lou” o dia inteiro, e acabou sendo demitido. Segundo o médico, os primeiros resultados só aparecerão após três dias. O problema é que o próprio médico, ao descrever a operação, acabou também pegando o refrão. Disponível em: <https://www.sensacionalista.com.br>. Acesso em: 07 jan. 2020. Sensacionalista é um site de entretenimento jornalístico considerado uma paródia da imprensa tradicional brasileira. Para gerar o humor de seus textos, o site subverteu o gênero notícia ao A. desconsiderar a importância da veracidade factual. B. fazer uso recorrente de figuras de linguagem. C. apresentar opinião explícita sobre um tema. D. empregar linguagem informal. E. utilizar um tom emotivo. LCT – PROVA I – PÁGINA 20 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO TExTO I A aids é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês). Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças. Já o HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae e é uma Infecção Sexualmente Transmissível. Esses vírus compartilham algumas propriedades comuns, como: período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença; infecção das células do sangue e do sistema nervoso; supressão do sistema imune. A transmissão do HIV e, por consequência, da aids acontece das seguintes formas: • Sexo vaginal, anal e oral sem camisinha; • Uso de seringa por mais de uma pessoa; • Transfusão de sangue contaminado; • Da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação; • Instrumentos que furam ou cortam não esterilizados. Disponível em: <https://www.saude.gov.br>. Acesso em: 07 fev. 2020. TExTO II No Brasil, estima-se que 866 mil pessoas vivem com o HIV, conforme o Ministério da Saúde. Desde os primeiros casos descobertos, nos anos 1980, o vírus costuma ser associado a homens gays. Para especialistas, relacionar o HIV unicamente a homens que fazem sexo com outros homens é erro e preconceito – o número de mulheres infectadas tem crescido anualmente, por exemplo. Hoje é possível que uma pessoa com o HIV tenha qualidade de vida por meio de tratamentos com antirretrovirais que fazem com que o vírus se torne indetectável – quando a presença dele no sangue é extremamente baixa e a chance de transmissão se torna quase nula. Os medicamentos são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: <https://www.bbc.com>. Acesso em: 22 jan. 2020. [Fragmento] TExTO III Hoje, além do tratamento precoce dos infectados, o SUS oferece medicamentos para prevenir a transmissão (PrEP) e para a profilaxia pós-exposição (PEP). Paradoxalmente, entretanto, relaxamos na educação. As campanhas públicas pelos meios de comunicação de massa desapareceram, a educação sexual nas escolas enfrenta barreiras impostas por religiosos, pelos moralistas das horas vagas e por grupos de conservadores medievais. O Brasil que inovou ao implementar medidas ousadas de combate à aids, que serviram de exemplo aos países da África, Ásia e Américas, agora cruza os braços diante da nova onda de infecções que atinge os mais jovens. São números assustadores que exigem medidas drásticas para evitar que se forme uma legião de infectados capaz de reviver os piores anos da epidemia. VARELLA, D. Disponível em: <https://drauziovarella.uol.com.br>. Acesso em: 22 jan. 2020. [Fragmento] TExTO IV A aids cresce em jovens de até 29 anos e cai na população de 30 a 59 anos Em dez anos (2006-2016), os casos de aids aumentaram: A aids cresce entre as jovens de 15 a 19 anos e entre mulheres com mais 60 anos 175% entre homens de 15 a 19 anos 111% entre homens de 25 a 29 anos 17,5% entre homens de 20 a 24 anos 14,5% entre mulheres com mais de 60 anos 13,9% entre mulheres de 15 a 19 anos Entre homens Entre mulheres Disponível em: <http://www.aids.gov.br>. Acesso em: 22 jan. 2020 (Adaptação). INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO 1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”. 4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo. 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto. 4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaçodestinado ao texto. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “Caminhos para a redução da transmissão de HIV / aids no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TExTOS MOTIVADORES ENEM – VOL. 3 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 21BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO CIêNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br>. Acesso em: 02 jan. 2020. A imagem retrata uma manifestação cultural brasileira cuja origem histórica está associada à A. concessão de liberdade religiosa aos negros no contexto escravocrata. B. organização política dos negros cativos contra o regime escravagista. C. integração plena dos escravizados à sociedade colonial portuguesa. D. adoção de diferentes formas de resistência ao sistema escravista. E. sobreposição dos valores de origem africana à cultura europeia. QUESTÃO 47 A cidade medieval teve um caráter semirrural, a começar pelo fato de que foi povoada em grande parte por camponeses. No caso daqueles núcleos urbanos que estavam localizados em regiões pertencentes aos senhores feudais, havia a cobrança de taxas variadas em cima do comércio. Também a produção agrária excedente dos senhorios alimentava a cidade. CALAINHO. D. B. História Medieval do Ocidente. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes. 2019. [Fragmento adaptado] De acordo com o texto, o processo de revitalização urbana na Europa, durante a Baixa Idade Média, foi marcado pela A. supressão das obrigações servis. B. estabilização das relações sociais. C. criação de uma nova classe social. D. alteração da ordem política vigente. E. integração das cidades com o campo. QUESTÃO 48 Portanto, relativamente à alma, reflete assim: quando ela se fixa num objeto iluminado pela verdade e pelo Ser, compreende-o, conhece-o e parece ser inteligente; porém, quando se fixa num objeto ao qual se misturam as trevas, o que nasce e morre, só sabe ter opiniões, vê mal, alternando o seu parecer de alto a baixo, e parece já não ter inteligência. PLATÃO. A República. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. 9. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1949. A reflexão de Platão sobre o papel da alma na obtenção do conhecimento se fundamenta em elementos A. religiosos, como as religiões falsas e verdadeiras. B. metafísicos, como as formas eternas e imutáveis. C. teológicos, como a dialética entre o bem e o mal. D. matemáticos, como a imprecisão da geometria. E. dialéticos, como a relevância das opiniões. QUESTÃO 49 Estreia: O impossível reconstitui a tragédia do tsunami de 2004 Embora a roupagem aponte para mais um filme- -catástrofe, O impossível é uma obra contundente do diretor catalão Juan Antonio Bayona [...] com base no tsunami que devastou a costa asiática em 2004, deixando mais de 230 mil mortos. Inspirado no drama de uma família espanhola – no filme, britânica – que passava férias na Tailândia, Bayona vai além do registro e traz à tela uma história humanista de sobrevivência sem perder a tensão. Disponível em: <http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2012/12/ estreia-o-impossivel-reconstitui-tragedia-do-tsunami-de-2004-1.html>. Acesso em: 12 dez. 2017. A sinopse anterior dá uma visão geral de um filme sobre os efeitos de um desastre natural na Tailândia. As ondas que caracterizam o fenômeno mencionado têm como característica A. gerarem eletricidade por meio da energia maremotriz, servindo de alternativa à matriz nuclear. B. apresentarem uma pequena altura na origem e crescerem à medida que avançam até a costa. C. terem grande poder destrutivo em terra firme, independentemente da localização do epicentro. D. serem provocadas por tufões no Pacífico que causam ondas e marés, podendo ter proporções catastróficas. E. recuarem momentos antes de alcançarem o litoral, o que é provocado por alteração nas correntes marítimas. CH – PROVA I – PÁGINA 22 ENEM – VOL. 3 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 50 Walter Raleigh poderá apropriar-se de todo o solo dessas terras, territórios e regiões por descobrir e possuir, como antes se disse, assim como todas as cidades, castelos, vilas e vilarejos e demais lugares dos mesmos, com os direitos, regalias, franquias e jurisdições, tanto marítimas como outras, nas ditas terras ou regiões ou mares adjuntos, para utilizá-los com plenos poderes, para dispor deles, em todo ou em parte, livremente ou de outro modo, de acordo com os ordenamentos das leis da Inglaterra [...] reservando sempre para nós, nossos herdeiros e sucessores, para atender qualquer serviço, tarefa ou necessidade, a quinta parte de todo o mineral, ouro ou prata que venha a se obter lá. CARTA DE DOAÇÃO A WALTER RALEIGH (1585). In: FEITOSA, L. D. Guerra de sentidos: uma leitura dos pronunciamentos do presidente George W. Bush sobre a guerra com o Iraque. Campinas, SP: [s.n.], 2008. Os aspectos presentes no texto que aproximam a colonização inglesa da colonização ibérica da América são A. o recurso à iniciativa privada e o ideal metalista. B. o patrocínio estatal e a doação de títulos nobiliários. C. a vigilância metropolitana e a concessão de mordomias. D. a restrição da ocupação ao litoral e a autonomia jurídica. E. o desprezo pela população nativa e a permissão ao saque. QUESTÃO 51 – Ora, a verdade é que, entre muitas razões que tenho para pensar que estivemos a fundar uma cidade mais perfeita do que tudo, não é das menores a nossa doutrina sobre a poesia. – Que doutrina, Sócrates? – A de não aceitar da poesia de caráter imitativo. A necessidade de a recursar em absoluto é agora, segundo me parece, ainda mais claramente evidente, desde que definimos em separado cada uma das partes da alma. – Que queres dizer? – Aqui entre nós, todas as obras dessa espécie me parecem ser a destruição da inteligência dos ouvintes, de quantos não tiverem como antídoto o conhecimento da sua verdadeira natureza. PLATÃO. A República. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. 9. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1949. (Adaptação) A afirmação expressa no trecho revela uma preocupação platônica a respeito do(a) A. valorização da atividade dialética na pólis. B. afastamento da verdade pela arte imitativa. C. dificuldade de realização da pólis idealizada. D. empobrecimento da população com a poesia. E. dedicação à literatura em detrimento da Filosofia. QUESTÃO 52 A Sociologia, portanto, não deve renunciar a nenhuma de suas ambições; por outro lado, se deseja responder às esperanças que se colocaram nela, deve aspirar a se tornar algo mais do que uma forma original da literatura filosófica. Que o sociólogo, em vez de se comprazer em meditações metafísicas a propósito das coisas sociais, tome como objetos de suas pesquisas grupos de fatos nitidamente circunscritos, que possam, de certo modo, ser apontados com o dedo, dos quais se possa dizer onde começam e onde terminam, e atenha-se firmemente a eles! Pois concepções que têm alguma base objetiva não dependem estritamente da personalidade de seu autor. Elas têm algo de impessoal que faz com que outros possam retomá-las e continuá-las; elas são suscetíveis de transmissão. DURKHEIM, É. O Suicídio: estudo de Sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000 (Adaptação). Responsável pela instituição acadêmica de sua disciplina, Émile Durkheim, no texto, expõe sua preocupação em A. definir a subjetividade do sociólogo como metodologia. B. estipular um método filosófico para a modernidade. C. impor as meditações metafísicas na ciência. D. identificar a situação anômica
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