Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Capítulo 40 – Guyton: Introdução: A próxima função do pulmão depois da ventilação é a difusão dos gases. A troca de o2 dos alvéolos pro sangue e de co2 do sangue pros alvéolos. Em cada respiração (ventilação pulmonar) ocorre o intercâmbio de gases. Difusão efetiva de gás em uma direção – efeito do gradiente de concentração: Imagine-se um cilindro que foi vedado e fechado: 1. Na região A de um cilindro (extremidade esquerda) eu inseri um determinado gás (o2). 2. O que deve ocorrer é o o2 ir da região mais concentrada (A) pra região menos concentrada (B). 3. Mas nessa passagem de A para B as moléculas de o2 se chocam. 4. Ao chegar na extremidade B, uma certa quantidade dessas moléculas se choca contra a parede dessa extremidade que antes estava menos “povoada’’. 5. Com o choque, há um retorno (pequeno) de moléculas pra extremidade A. 6. Vai retornar muito pouco porque o gradiente de concentração é respeitado. Agora falando dos alvéolos e dos capilares: 1. A extremidade A é o alvéolo, a extremidade B é o capilar e o gás é o o2. 2. O gás, a partir da ventilação pulmonar, entra no alvéolo e vai se direcionar a extremidade B que é o capilar. 3. Ele vai sair da extremidade A (alvéolo) e ir pra extremidade B (capilar) justamente por causa das diferentes concentrações de o2 em ambas estruturas. 4. Respeitando o gradiente de concentração, o o2 vai sair do alvéolo que tem maior concentração dele para os capilares onde há menor concentração dele. Pressões gasosas: A pressão gasosa é a força que o gás exerce sobre alguma superfície (superfície alveolar ou superfície sanguínea). Se há uma grande concentração de o2 dentro do alvéolo eu digo que a pressão parcial de o2 alveolar é alta. (Po2 > alta) Eu digo que a pressão é parcial quando eu analiso apenas a pressão que determinado gás está fazendo ali. A pressão parcial de um gás é diretamente proporcional a concentração desse gás. A intensidade de difusão de um gás é diretamente proporcional a pressão parcial desse mesmo gás. Fatores que determinam a pressão parcial de um gás dissolvido em líquido: a) Concentração de um gás: b) Solubilidade do gás: Lei de henry Pressão parcial = Concentração de um gás/Solubilidade do gás. Imagine que está em análise dois recipientes (A e B): a) Coloquei água nos dois recipientes. b) Coloquei o2 no recipiente A e co2 no recipiente B. c) O co2 em água é mais solúvel do que o o2 (maior polarizabilidade da nuvem eletrônica e da sua capacidade de combinar-se com a água para formar hco3- e h+) d) Isso faz com que o co2 seja removido do sangue. e) Cada vez que ocorre um choque de moléculas de co2 na superfície da água, essas moléculas dissolvem mais do que as moléculas de o2. f) Vai ter menor concentração de gás no recipiente que contém co2 (B) porque foram mais dissolvidas. g) Se tem menos gás, significa que sua pressão parcial é menor e, portanto, a pressão parcial de um gás é inversamente proporcional a sua solubilidade. Observação: Em qual direção ocorrerá a difusão efetiva de um gás: No sentido de maior concentração desse gás para a menor, ou no sentido de maior pressão parcial de um gás para a menor. Fatores que afetam a intensidade de difusão gasosa em líquido: D ∝ ΔP x A x S/d x √PM a) D: É a intensidade de difusão b) ΔP: É a diferença de pressão: Quanto maior a diferença de pressão maior a intensidade de difusão: Digamos que a Po2 alveolar tem valor de 10mmHg e o Po2 sanguíneo tem valor de 1mmHg, logo a diferença de pressão entre as estruturas é 9mmHg, se fosse maior essa diferença, maior seria a intensidade de difusão. c) A: É a área de corte transversal de um líquido: Quanto maior a área de corte transversal maior será a difusão desse gás: Exemplo: Quanto maior a área do alvéolo mais fácil ocorrerá o intercambio de co2 e o2 pois terá mais espaço pra ocorrer esse intercambio. d) S: É a solubilidade do gás no líquido: Quanto mais solúvel o gás é, maior a intensidade de difusão. Na nossa membrana respiratória temos capas de líquidos (Intersticial, água, surfactante). Se a solubilidade for alta os gases vão passar mais facilmente por essas capas de líquidos, se for baixa vai passar com mais dificuldade, o que reduziria o D (intensidade de difusão). e) d: É a distância pela qual o gás precisa se difundir: Quanto mais distante for pro gás difundir menor será a intensidade dessa difusão. f) PM: É o peso molecular de um gás: Lembrar que tem várias capas de líquido na membrana respiratória (intersticial, água, surfactante), então quanto maior for a molécula mais difícil será a passagem por essa membrana respiratória, dificultando a intensidade de difusão. Observação: Talvez a temperatura do líquido afete na intensidade de difusão de um gás. Composição dos ares alveolares e atmosférico: 1. O ar da atmosfera é diferente do ar do alvéolo. 2. O Ph20 aumenta porque começamos a umidificar o ar na via respiratória para não lesionar o epitélio respiratório. 3. No alvéolo, o co2 aumenta por causa da hematose. 4. O Po2 no ar atmosférico é 159, diferente do 104 no ar alveolar. 5. O Po2 do ar expirado é maior que o do ar alveolar porque temos na nossa via respiratória estruturas conhecidas como espaço morto que não realizam trocas gasosas. Logo, na hora de expirar sai o2 do alvéolo e além disso da traqueia, por exemplo. 6. A Pco2 é maior no ar alveolar do que no ar expirado justamente por causa do volume residual. Se ainda tem ar no meu pulmão mesmo depois de expirar forçadamente é porque ainda tem co2 no pulmão. Intensidade com que o ar alveolar é renovado pelo ar atmosférico: O ar que entra na minha via respiratória não é totalmente trocado a cada ventilação (inspiração + expiração). Digamos que os pontos vermelhos sejam co2. Quando eu expiro e completo a primeira respiração ainda tem co2 Mesma coisa na quarta vez Mesma coisa na decima segunda vez Até a decima sexta ventilação ainda há ocorrência de moléculas de co2 da primeira inspiração. O gás é limpo gradualmente o que é importante para evitar repentina mudança da concentração de gases no sangue. Com isso a oxigenação tecidual, por exemplo, se mantém estável (sem acréscimos e sem decréscimos). Observação: Isso foi comprovado com gás hélio: Mesmo depois de varias expirações a voz continua fina, sinal que ainda há gás hélio no corpo. A concentração de oxigênio nos alvéolos e também sua pressão parcial são controlados: A) Quanto mais sangue passar pelo meu alvéolo, mais intensamente a difusão vai ocorrer pra que haja um controle de oxigênio nos alvéolos e também na sua pressão parcial. B) Aumento da ventilação também controla a pressão parcial e consequentemente a concentração de oxigênio no sangue. Quanto mais eu perfundo e menos ventilo meu alvéolo mais oxigênio eu retiro dele e assim controlo sua concentração e sua pressão parcial. E é logico, se eu faço exercício físico, mais necessito de oxigênio nos meus tecidos, então meu coração bombeia mais também pra que o ventrículo direito mande mais sangue venoso pros meus alvéolos pra que possa ocorrer mais hematose. Unidade respiratória: É quem realiza a função do nosso sistema, ou seja, trocas gasosas: Alvéolos, sacos alveolares, ductos respiratórios, brônquios respiratórios. (Átrios do pulmão = fibras que estão presentes nos alvéolos). A membrana de todas essas estruturas tem que ser fina para permitir a passagem de gases. Diferente do epitélio da via respiratória superior que é cúbico, o epitélio alveolar, por exemplo, é achatado para permitir as trocas gasosas. Membrana respiratória: Essa membrana que permite a troca gasosa é composta por 6 capas. Do alvéolo até o capilar temos: a) Líquido surfactante. b) Epitélio alveolar (pneumócito tipo 1 e tipo 2)c) Membrana basal (em baixo de todo epitélio tem): suporte do epitélio d) Líquido intersticial e) Membrana basal dos capilares sanguíneos f) Endotélio capilar Fatores que afetam a intensidade de difusão gasosa através da membrana respiratória: a) Espessura da membrana: Quanto maior a membrana menor será a intensidade de difusão. Paciente teve um edema pulmonar (inchaço no líquido intersticial, isso afeta a difusão do gás). b) Área superficial da membrana de um alvéolo: Comparando um alvéolo saudável e com enfisema. No enfisema teve destruição das paredes alveolares e agora por isso não chegam mais capilares ali e por conseguinte a destruição das paredes alveolares diminui a superfície da membrana (menos espaço pra ocorrer a hematose). c) Coeficiente de difusão do gás na substância da membrana (depende do peso molecular e da solubilidade do gás): Esse coeficiente de difusão do gás na substância da membrana é uma constante em cada gás. Se tiver peso molecular alto é mais difícil difundir, se for mais solúvel mais fácil difundir. d) Diferença de pressão parcial do gás entre os dois lados da membrana (alvéolo e capilar): Quanto maior a diferença de pressão, maior será a intensidade de difusão do gás. Capacidade aumentada da difusão dos gases: 1) Quando a pessoa está realizando atividade a intensidade de difusão vai ser diferente de quando ela está em repouso. 2) Isso se deve porque há um aumento da ventilação e há um aumento da perfusão. 3) Quando a pessoa faz exercício físico, por exemplo, há maior produção de co2, o que torna necessário uma maior ventilação pra que ocorra a expulsão desse gás pra que o PH seja mantido. Proporção ventilação – perfusão (VA/Q: 1. Dois fatores determinam a Pressão parcial de co2 (Pco2) e a pressão parcial de o2 (Po2) nos alvéolos: a) A intensidade da ventilação alveolar. b) A intensidade da transferência de o2 e co2 através da membrana respiratória. 2. Isso mostra que: Todos os alvéolos são ventilados igualmente e que o fluxo de sangue através dos capilares é o mesmo em cada alvéolo. 3. Em muitas doenças, algumas áreas dos pulmões são bem ventiladas e não possuem aporte sanguíneo, já em outras ocorre o contrário, algumas áreas são mal ventiladas e possuem aporte sanguíneo. 4. Então criou-se um conceito quantitativo para se entender a troca respiratória quando existe um desequilíbrio entre a ventilação e a perfusão. 5. O conceito é denominado razão ventilação-perfusão: VA/Q (ventilação alveolar sobre fluxo sanguíneo) a) Quando a ventilação alveolar e o fluxo sanguíneo de um mesmo alvéolo estão normais diz-se que a razão ventilação-perfusão também está normal. Neste caso, a troca de gases nos alvéolos com o sangue é quase ideal. b) Quando VA é zero, mas ainda há perfusão naquele alvéolo dizemos que a razão ventilação perfusão é igual 0. Neste caso, não há gradiente de concentração entre alvéolos e o sangue. Este sangue é o venoso que vem da circulação sistêmica. c) Quando há ventilação no alvéolo, mas não há aporte sanguíneo nesse mesmo alvéolo, ou seja, a perfusão com valor 0, diz-se que a razão ventilação perfusão é infinita. Neste caso, o ar alveolar torna-se quase igual ao ar umidificado da área morta. 6. Nesse sentido temos o shunt fisiológico, sempre que a razão ventilação- perfusão está abaixo do normal é porque não está tendo ventilação adequada pra promover a oxigenação total do sangue dos capilares alveolares. Logo, uma fração do sangue venoso que está atravessando os capilares alveolares não vai ser oxigenado, esse sangue vai ser denominado sangue desviado, e esse total de sangue desviado por minuto é chamado shunt fisiológico (quantidade de sangue que não foi oxigenado por conta de uma ventilação inadequada a cada minuto). 7. Conceito de espaço morto fisiológico: imagine que a ventilação no alvéolo está adequada, porém não há aporte sanguíneo adequado nesse alvéolo: Então vai ter muito mais 02 nos alvéolos do que pode ser difundido pra circulação naquele momento. Então diz-se que a ventilação desse alvéolo está sendo ‘’desperdiçada’’ tal qual a ventilação do espaço morto. A soma das duas ventilações desperdiçadas é denominada espaço morto fisiológico. Capítulo 40 – Guyton:
Compartilhar