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1 0 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS (ART 5°)

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1.0. Direitos e garantias fundamentais (art. 5° a 17 cf/88)
	Art. 5°, CF/88. 
	Direitos e Garantias Individuais/Coletivos
	Art. 6° a 11, CF/88. 
	Direitos Sociais
	Art. 12 a 13, CF/88. 
	Direitos de Nacionalidade 
	Art. 14 a 16, CF/88. 
	Direitos Políticos 
	Art. 17, CF/88. 
	Direito dos Partidos Políticos 
1.1. CARACTERISTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Algumas características:
· Historicidade: Os DF foram desenvolvidos com o evoluir da sociedade, existindo grandes marcos de contribuição, mesmo assim, são direitos que surgiram aos poucos na história. Por exemplo: Carta Magna; Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão; Constituição de 1824.
· Universalidade: Pertence a qualquer pessoa pelo simples fato do caráter humano.
· Imprescritibilidade: Nunca prescreve.
· Irrenunciabilidade: os Direitos Fundamentais não podem ser renunciados de maneira alguma.
· Inalienabilidade: Por não possuírem conteúdo econômico-patrimonial, são intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, limitando o princípio da autonomia privada. Tal inalienabilidade resulta da dignidade da pessoa humana, sendo que o homem jamais poderá deixar de ser homem, tendo sempre os direitos fundamentais como alicerce para garantia de tal condição.
· Indisponibilidade
· Limitabilidade ou relatividade: Nenhum direito fundamental poderá ser considerado absoluto, sendo que tais direitos deverão ser interpretados e aplicados levando-se em consideração os limites fáticos e jurídicos existentes, sendo que referidos limites são impostos pelos outros direitos fundamentais.
1.2. Direitos e Garantias individuais/coletivos
	Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
O art. 5°, CF/88, inicia com uma lista exemplificativa de cinco direitos, sem prejuízo de outros direitos: 
· Vida; liberdade; 
· igualdade; 
· segurança; 
· propriedade. 
Uma leitura fria poderia aparentar que são direitos exclusivos para brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil, mas não é verdade; os não residentes também são titulares de direitos. 
A PJ pode ser titular de direitos compatíveis com sua natureza, por exemplo: direito a imagem, direito a informação, direitos autorais, etc.
O art. 5°, CF/88, apresenta 78 incisos, 4 parágrafos que, se relacionam ao caput: 
I. Direito da igualdade. Não proíbe qualquer tipo de desigualdade, mas a desigualdade discriminatória, desigualdade indevida. As indevidas são aquelas que ferem os Direitos Fundamentais. Direito da igualdade é tratar de maneira igual os iguais e de forma desigual os desiguais na mesma proporção. 
Sempre nos termos da CF, pois a CF reconhece que há alguma desigualdade que justifique o tratamento diferenciado, p.ex. TAF em concurso. Desigualar os desiguais é a chamada “igualdade material”, que surge em relação aos desiguais para compensar e conquistar a igualdade. 
II. Princípio da legalidade. Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei. 
III. É vedado a tortura (em toda modalidade), o tratamento desumano ou degradante. É uma “proibição expressa”, mas existe a “proibição implícita” a partir do princípio da dignidade da pessoa humana do art. 1°, caput, CF/88.
IV. Livre manifestação de pensamento, desde que de forma lícita. O anonimato é vedado em razão de evitar o excesso dessa liberdade.
V. Intimamente ligado ao inciso anterior. Se há liberdade para manifestar o pensamento, há o direito de resposta ao agravado na mesma proporção. O custo da resposta quem arca é quem agrediu, de forma voluntária ou não, além de ação indenizatória que poderá ocorrer, segundo o inciso.
VI. Três liberdades: 
a) Consciência. 
b) Crença; 
c) Culto; 
A consciência é a escolha e ideias pessoais; crença é o aspecto religioso da consciência de ter ou não crença religiosa. E o culto é a liberdade de difundir e festejar.
VII. Prestação de assistência religiosa (facultativa) em entidade de internação coletiva civil e militar, p.ex. presidio, quartel, etc. 
VIII. “Escusa de Consciência”, “Imperativo de Consciência” ou “Objeção de Consciência”. Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política. Ser privado, significas perder o direito, porém, há exceção: se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. p.ex: Igreja proibir seus fieis de votar ( Direito de Crença vs Obrigação Legal) e de pagar ou justificar a ausência (prestação alternativa).
IX. É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Censura e licença são instrumentos de repressão política, através do controle de exibição (censura) e necessidade de autorização para exibir (licença). 
Veda-se por ser incompatível com a democracia; não á hipóteses de censura ou licença permitidas, o que não deve ser confundido com critérios de exibição estabelecidos pelo Governo, p.ex: faixa etária, classificação, etc.
X. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. Essas são espécies do gênero “privacidade”. A CF/88 assegura o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
· Intimidade/vida privada: são situações pessoais da vida, absolutamente particulares (rotinas, escolhas pessoais, correspondência, etc);
· Honra: Poder objetiva (ideia de um terceiro sobre nós) ou subjetiva (nossa ideia – autoestima). O inciso X, CF/88, não diz qual está resguardando, entendendo-se por ambos;
· Imagem: pode ser imagem voz, retrato ou atributo (atributo – associação, normalmente PJ). Qualquer violação a essa espécie, enseja ação judicial.
XI. Casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicia.
Campeão dos concursos. Protege-se a privacidade de cada um sob a ótica do asilo inviolável, impenetrável sem autorização, exceto em quatro exceções:
· Prisão em flagrante; 
· Prestar socorro; 
· Contexto de desastre; 
· Durante o dia por ordem judicial 
Flagrante, socorro e desastre, podem adentrar a qualquer horário. Por ordem judicial, apenas durante o dia; mesmo se tiver ordem judicial, durante à noite é vedado.
No entendimento do STF, entende-se “durante o dia”, como aquele dos primeiros raios solares, independente da hora.
Além disso, o inciso diz “casa”, mas o conceito é ampliado: pousada, hotel, local profissional privado, local não aberto ao público, etc. 
	Obs. O STF levou em consideração uma ordem cumprida à noite, de escuta instalada no período noturno em um escritório de advocacia. Se a prova mencionar escuta ambiental + escritório jurídico, levar em consideração essa aplicação, pois já foi julgado.
XII. No texto da CF/88, é considerado inviolável o sigilo da correspondência, comunicações telegráficas, dos dados e das comunicações telefônicas. Comunicação telefônica é exceção, podendo por ordem judicial, nos casos de investigação criminal ou instrução processual penal. 
Correspondência em conceito amplo, virtual ou físico. Comunicação telegráfica segue a mesma proteção, mesmo sendo menos utilizada. Dados são dois: bancário e fiscal.
Telefônicas pode ocorrer quebra de sigilo por orem judicial, nos casos de processo em curso em investigação criminal ou instrução processual penal. Não sendo possível aplicar em processo administrativo. 
Obs. Pela leitura só telefônica pode ser quebrada, mas o STF entende que todos, por ser direito relativo e não absoluto e para proteger outros interesses da CF/88, p.ex. carta de presídio ordenando ação criminosa. Além disso, CPI não pode se ordenar interceptação telefônica, mas poode quebra do sigilo bancário e fiscal. 
XIII. Liberdade profissional. É livre o exercício de qualquertrabalho, ofício ou profissão, as vezes, a lei impõe requisito/qualificação para exercer. P.ex. ser bacharel em Direito para ser membro da OAB. Se não houver exigência, qualquer um pode exercer qualquer profissão.
XIV. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. Para resguardar a identidade da fonte e do informante.
XV. É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. Direito de ir, vir e permanecer; o HC é o instrumento utilizado para proteger esse direito da livre locomoção.
XVI. Direito de reunião. Dentro do direito de reunião está o direito de passeata (reunião em movimento). Direito de reunião significa qualquer grupo de pessoas se reunir, desde que pacifica e sem armas (condições). Isso tudo independentemente de autorização. É exigido o prévio aviso, mas só para não frustra uma outra reunião marcada no mesmo local e horário. Avisar é comunicar e não pedir autorização. Pegadinha - A prova gosta de dizer que está condicionado a anuência do Poder Público, mas é uma pegadinha. 
XVII. Plena liberdade de associação. Associação pode ser criada para qualquer atividade lícita, desde que não tenha caráter paramilitar. Atua de forma paramilitar quando deixa de atuar de forma pacífica. 
XVIII. Autonomia de criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. 
XIX. As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial. São diferentes: dissolver é encerrar (definitivo); suspender é paralisar (temporário). Ambas se for compulsória, só por decisão judicial, exigindo apenas para dissolver, o trânsito em julgado.
XX. Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado
XXI. As entidades associativas expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial, administrativamente e extrajudicialmente, desde que expressamente autorizado.
XXII - Direito de propriedade. É garantido o direito de propriedade. Não é um direito como absoluto. Existem certos contextos que esse direito pode ser relativizado.
XXIII - Função social da propriedade. A propriedade atenderá a função social. O proprietário pode usufruir como quiser, desde que de forma socialmente útil, com repercussão social positiva. Caso não atenda, há sanção. 
XXIV - A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade, utilidade pública e por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta CF. Não é confisco, pois há indenização de forma justa (em dinheiro), ressalvado os casos de pagamento em “títulos da dívida agraria” (casos de desapropriação para fazer reforma agraria).
XXV - Em caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurando indenização em caso de dano. A requisição é uma ordem e não uma solicitação que se pode negar. Se dificultar, será requisitado a força. Se for provado que houve dano, o Poder Público será obrigado a indenizar na exata medida (sem teto). 
XXVI - Proteção da propriedade rural. A pequena propriedade rural definida em lei, desde que trabalhada familiar, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva. Teoricamente outros débitos sim, mas da própria atividade não. A lei determinará sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento. O conceito de pequena propriedade rural não está na CF, mas no “Estatuto da Terra”, determinando as dimensões para ser considerada pequena. 
XXVII - Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. Direito autoral, normalmente encarregado por uma editora. É um direito transmissível aos herdeiros. 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas (vários autores) e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores (desdobramento econômico), aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX - A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. 
XXX – É garantido o direito de herança;
XXXI – A sucessão de bens de estrangeiros situados no país, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus". A sucessão dos bens dos estrangeiros em favor dos brasileiros, será regida pela lei brasileira de bens situados no Brasil, salvo se lei estrangeira for mais benéfica. 
XXXII - O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. Essa lei já existe: CDC (8.078/1992).
XXXIII –Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas as de sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Direito de informação pessoal (órgão público) e coletivo informacional. Salvo raras exceções, o Poder Público é obrigado a entregar informações.
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) Direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. O Órgão Público é obrigado a dar o encaminhamento e fornecer resposta. 
b) A obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal. A repartição é obrigada a conceder.
XXXV - Princípio do acesso ao judiciário. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito. O Poder Judiciário é obrigado a receber, examinar e fornecer resposta (por mais absurda) – não excluí as consequências de litigância de má-fé. A exceção: matéria desportiva que, antes do judiciário, deve ir para uma instancia administrativa.
XXXVI - Princípio da irretroatividade das leis. A lei não prejudicará o direito adquirido (ato jurídico perfeito e a coisa julgada). Em regra, a lei não pode retroagir, pois pode afetar o direito ou ato jurídico perfeito ou a coisa julgada. Exceção, se ela retroagir sem causar prejuízo a qualquer das três situações. 
· Direito adquirido: direito que já se incorporou ao patrimônio jurídico de seu titular de forma definitiva, por já ter cumprido todos os requisitos, podendo dispor a qualquer momento oportuno. Patrimônio jurídico é conjunto de direitos e deveres. 
· Ato jurídico perfeito: Todo ato (ocasionado pela vontade humana) é um fato (acontecimento), mas nem todo fato é um ato. Os atos jurídicos são capazes, às vezes, de repercutir no direito ou não. O inciso protege o ato jurídico perfeito, aquele encerrado com todos os requisitos exigidos no momento. 
· Coisa julgada: decisão judicial que já não pode ser modificada por recurso, é, em princípio, definitiva. Em geral, decisões judiais são passiveis de recursos, mas em certos momentos se tornam definitiva, salvo raras exceções.
XXXVII - Princípio do juiz natural. Não haverá juízo ou tribunal de exceção (órgão criado casuisticamente para julgar um caso específico). Inciso é complementado pelo LIII: ninguém será sentenciado senão por uma autoridade competente segundo a lei. ambos formam o princípio.
XXXVIII - É reconhecida a instituição do júri. Júri é composto por sete jurados, pessoas comuns que atuam em crimes dolosos contra a vida. A decisão dos jurados (veredito) é soberana. Ao tribunal é assegurado: plenitudede defesa, sigilo das votações, soberania dos vereditos e a competência para o julgamento dos crimes dolosos.
XXXIX - Princípio da anterioridade penal ou reserva de lei penal. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Só a lei proíbe alguma coisa, na ausência da lei, o agente escolhe o que faz ou não. E nem pena sem previsão legal. 
XL - Princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa. A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
XLI - A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. Discriminação que uma vez feita, atinge direitos fundamentais. 
XLII - A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei
XLIII – A tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os crimes definidos como hediondos, a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia. Por eles respondem os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
XLIV - Conceito constitucional de golpe de Estado: Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados (civis ou militares), contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. 
Quadro comparativo XLII, XLIII, XLIII:
	Art.5°, CF.
	Inafiançável
	Imprescritível
	Graça e Anistia
	XLII - RACISMO
	X
	X
	NÃO
	XLIII – Os 3T’s + Hediondos
	X
	NÃO
	X
	XLIV – Grupos Armados
	X
	X
	NÃO
XLV - Princípio da personalização da pena. Nenhuma pena passará da pessoa do condenado. Não se estende a terceiros o crime, mas se estende aos sucessores o aspecto econômico (reparar o dano ou perdimento de bens) que as vezes acompanha a pena, no limite do que foi herdado, nunca com seu patrimônio pessoal (pois não pode transferir a pena). 
XLVI - A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos. Modalidade de penas permitidas. É o princípio da individualização da pena - Essa lei é a LEP e outras leis extravagantes.
XLVII - Não haverá pena: 
a) De morte, salvo em caso de guerra declarada (art. 84, XIX – traição); 
b) De caráter perpétuo; 
c) De trabalhos forçados; 
d) De banimento; 
e) Cruéis (modalidades de penas proibidas). 
A única que comporta exceção é a pena de morte, podendo ser instituída e aplicada nos termos do art. 84, XVIII, CF/88.
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado. Não é por outra razão a existência de estabelecimentos penais separados por gênero, faixa etária e crime. 
XLIX - É assegurado ao preso, o respeito à integridade física e moral. Na custodia do Estado, o Estado tem o dever de ser protegido pelo mesmo. 
L – Para à presidiária será assegurado condição para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação. Protege o interesse da criança que não pode ter prejudicada sua formação em virtude dos crimes da mãe.
LI e LII tratam do mesmo tema
LI - Nenhum brasileiro será extraditado. Poderá ser extraditado o naturalizado por crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
LII – Quanto ao estrangeiro no Brasil, não será concedida extradição se for considerado crime político ou de opinião. Extradição é a entrega de um indivíduo para outro país, mediante solicitação (sempre), para viabilizar aplicação de uma pena de um crime praticado. 
LIII - Ninguém será processado nem sentenciado senão por autoridade competente.
LIV - Princípio do devido processo legal. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. O princípio do devido processo legal trata do respeito as formalidades trazido pela lei em cada situação (devido processo legal formal). Outro devido processo legal é o material ou substancial, que envolve o conteúdo. 
LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral (fora do meio jurídico, em qualquer contexto social) são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Direitos que surgem do devido processo legal, contraditório (contraditar – contra argumentar) e a ampla defesa (se valer dos meios de prova). 
LVI - São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. Não diz qual processo, entende-se: judicial e administrativo. Essas são às provas de acesso desrespeitando a lei ou direito alheio. Para o STF, em casos excepcionais, ponderando os interesses jurídicos em jogo, é preciso admitir a utilização de provas ilícitas para prestigiar a dignidade da pessoa humana, p.ex: prova por meio ilícita que inocenta o acusado.
LVII - Princípio da presunção de inocência ou presunção de não culpabilidade. Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. É por essa razão, há fundamento contrário ao cumprimento antes da sentença confirmatória no 2° grau. Exceção ao princípio: Prisões cautelares.
LVIII - O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. O civilmente identificado é aquele que está portando um dos documentos de identificação civil admitidos em lei. Se está identificado, a regra é não ser submetido a identificação criminal. Fundamento: potencialmente constrangedor, salvo nas hipóteses previstas em lei, p.ex: condenado em definitivo e com mandado de prisão. 
LIX - Será admitida ação privada (iniciativa particular) nos crimes de ação pública, se não intentada no prazo legal. Para evitar a impunidade, o particular poderá promover a ação no lugar do MP, para que não haja consequências negativas.
LX - Regra da publicidade dos atos processuais. A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais, nos casos em que a defesa da intimidade ou o interesse social exigirem. Os processos são públicos, mas excepcionalmente a lei pode restringir.
LXI – As duas únicas formas de prisão no Brasil: em flagrante delito; ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente. Os militares podem ser presos fora desses parâmetros, nos casos de crime militar ou transgressão militar. 
LXII - A prisão e o local onde se encontre qualquer pessoa, serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
LXIII - O preso será informado de seus direitos, entre eles: permanecer calado, assistência da família e de advogado. 
LXIV - O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou interrogatório policial. É a regra da transparência, pois em regra, quem prende é a polícia e a polícia é personificação do Estado, quem age dentro da lei deve ser identificado, pois presume-se estar de acordo com a lei. 
LXV – A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. 
LXVI - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. Inciso que fundamenta a prisão como medida excepcional.
LXVII - Não haverá prisão civil por dívida, salvo inadimplemento voluntário e injustificável de obrigação alimentícia. O inciso apresenta também como prisão civil excepcional, o depositário infiel (contratual/judicial). Porém, o STF não admite em virtude do Pacto de São José da Costa Rica (previsto, mas não aplicado– súmula vinculante 25). Se na prova vier nos termos da constituição, apontar como cabível os dois, mas se for segundo o entendimento do STF, apenas devedor de alimentos. 
Remédios constitucionais
LXVIII - Habeas Corpus. Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Trata-se de ação judicial que tem como finalidade a proteção da liberdade de locomoção (art.5°, XV de particular ou pública) e apenas isso. O habeas corpus pode serutilizado por terceiro, qualquer pessoas, independente da capacidade civil, jurídica ou postulatória, é universal; em favor daquele que teve sua liberdade de locomoção cerceada. 
Não exige formalidades processuais, pode ser impetrada de qualquer forma, inclusive verbal. Entretanto, dois detalhes não podem ser suprimidos: 
· ser em língua portuguesa; 
· não ser utilizado de forma anônima. 
A ameaçada não precisa ocorrer para impetrar o HC. Diante de uma mera ameaça, já é possível prevenir através do HC preventivo. O HC convencional , aquele após o ato repressivo, é o “HC repressivo ou liberatório” (normalmente feito por terceiro). 
Há discussão se a PJ pode impetrar HC. Alguns dizem que não, pois se é para garantir a liberdade de locomoção, é um direito incompatível com sua natureza da PJ, por não ser possível se locomover. 
Quem defende que sim, diz que pode impetrar em nome de uma pessoa física (e esse é o entendimento atual). Ou seja, pessoa jurídica pode ser impetrante, mas ela não pode ser paciente do HC que será sempre pessoa física/natural. 
Existem situações em que a liberdade de locomoção pode ser diminuída de forma legal, nesse caso, não há ilegalidade ou abuso de poder, sendo lícito esse cerceamento de locomoção, p.ex, o condenado. 
LXIX – Mandado de Segurança. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
O HC protege o direito de locomoção, o MS protege qualquer direito líquido e certo que esteja sendo desrespeitado ou ameaçado, por uma autoridade pública ou particular que esteja temporariamente exercendo atribuições do poder público (p.ex. concessionária de serviço público). 
“Direito líquido e certo” é redundante. Qualquer direito se existir será líquido e certo, pois é o direito evidente, incontroverso. Esse direito poderá ser protegido pelo MS, salvo duas exceções, em razão de existir instrumento específico: 
· Locomoção (HC); 
· Informação pessoal (HD). 
LXX – O Mandado de Segurança Coletivo funciona do mesmo jeito, salvo que apenas pode impetrar: 
a) Partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) Organização sindical; Entidade de Classe (p.ex. OAB); ou Associação legalmente constituída (com pelo menos 1 ano de constituição)
Representação no CN significa, pelo menos, 1 senador ou 1 deputado federal. 
LXXI - Conceder-se-á Mandado de Injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
A partir de 2007, um eventual pedido de direito contido na CF e carecia de lei, o judiciário adotou o procedimento como:
· Analisar se o agente tem o direito mesmo; 
· Se existe realmente esse direito na CF; 
· Se esse direito necessita mesmo de lei ser utilizado;
· E por último, se não existia lei regulamentadora. 
Na hipótese de necessitar, o juiz concederá o mandado de injunção. Antes de 2007, o juiz não poderia suprir a lacuna da lei para ajudar o impetrante, se limitando a avisar o legislativo desse julgamento e da falta de lei regulamentadora – posição não concretista sobre o mandado de injunção (não tornava o direito de impetrante utilizável). A partir de 2007, o STF passou a dizer que a decisão reconhecendo a falta de lei, poderá suprir a lacuna no caso concreto – posição concretista.
Na ausência da Lei que trata do MI (13.300/2016 - concretizar a posição concretista), era utilizado a lei do MS. Dentro da posição concretista, existe a divisão em: 
· Geral;
· Individual. 
Na posição individual somente o impetrante será beneficiado, terceiros deverão impetrar seu próprio MI. Na posição geral, além do impetrante, terceiros da mesma situação serão beneficiados. A lei 13.300 consagrou as duas possibilidades. Em princípio, só o impetrante se beneficia, mas a critério do relator, poderá ser estendido a terceiros em situação similar. 
LXXII - Habeas Data protege o direito de informação pessoal: 
a) Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; 
b) Para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. 
O primeiro direito, é de ter acesso à informação a respeito de si em registros ou bancos de dados de entidades governamentais de qualquer esfera, ou de bancos de dados privados com caráter privado (p.ex. SPC). O segundo, é a possibilidade de ter acesso à informação, mas informação que está equivocada; é a tentativa de corrigir e não consegue. 
Na primeira finalidade, a informação requerida será sofre si e não terceiro, é um instrumento personalíssimo. Há uma única exceção considerada pela jurisprudência, é no caso da morte da pessoa que detém a informação; o parente sobrevivente poderá impetrar HD para ter informação da pessoa morta. 
A Lei do HD também fornece uma terceira hipótese de utilização fora da CF, que é justificar a informação contida no banco de dados. 
Quando impetrado o HD, deve demonstrar a tentativa anterior de acesso à informação ou retificar sem sucesso. O HD não dispensa a comprovação da negativa.
LXXIII - Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular, que um instrumento de fiscalização dos atos do Poder Público, impugnando atos que sejam lesivos a um dos quatro temas: 
· Meio ambiente; 
· Moralidade administrativa; 
· Patrimônio público ou patrimônio histórico e cultural.
Visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. A ação popular é frequentemente utilizada de má-fé, visando prejuízo a reputação política de determinada autoridade. É por isso que a CF tem o cuidado ao mencionar má-fé. Comprovada, tem que pagar custas judiciais e arcar com o ônus da sucumbência, coisa que não teria que fazer se tivesse feito de boa-fé. 
Qualquer cidadão é parte legitima. Ser cidadão pressupõe estar em gozo de direitos políticos. O MP não pode propor ação popular, pois não é cidadão, mas pode assumir por desistência do autor. 
LXXIV - O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. É dever do Estado fornecer um advogado gratuitamente para aqueles que precisam, na forma de Defensores Públicos 
LXXV - O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o quem ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LXXVI - São gratuitos para os reconhecidamente pobres, nos termos da lei 7.844/89: 
a) o registro civil de nascimento; 
b) a certidão de óbito. 
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
Exemplo de atos de cidadania: tirar o título de eleitor. Alias, se começa a ter direitos políticos ao tirar o título. 
LXXVIII - A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Sem procrastinação injustificadas.
Art. 5°, §1º, CF/88 - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Aplicação imediata significa que, a princípio, são normas autoaplicáveis. Essas normas são as definidoras e garantias de direitos fundamentais, ou seja, do art. 5° ao 17 da CF/88; além de outras esparsas. Em rega geral não precisa de LC.
Art. 5°, §2º, CF/88 - Os direitos e garantias expressos na CF/88 não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Art. 5°, §3º, CF/88 - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dosvotos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Os tratados terão que ser compatíveis com a CF para ingressar no ordenamento jurídico e ser valido. 
O tratado ingressará com o status hierárquico a depender do tratado que, em regra, se incorporam como Lei ordinária (hierarquia infraconstitucional). A exceção será como EC, que deve cumprir cumulativamente: Ser de Direitos Humanos; ser aprovado por 3/5 da Câmeras dos Deputados e do Senado Federal em dois turnos de votação em cada casas. 
Essas regra foi introduzida pela EC/45. Os tratados sobre DH aprovados antes de 2004, a hierarquia serão intermediarias (status de supralegal): superior as leis comuns; inferiores a CF/88 e as EC.
Art. 5°, §4º, CF/88 - O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.

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