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→ Também denominada ectoiese, ocorre quando o ovo se implanta fora do útero = gravidez extrauterina (tubária, ovariana e abdominal) - Gravidez tubária -> 95% das ectópicas → Maior frequência em mulheres que já tenham concebido → Compõe a síndrome hemorrágica do 1º trimestre da gestação, junto com o abortamento e a doença trofoblástica gestacional EXTRAUTERINA -Trompas (istmica, ampular, infundibular ou fimbriária) -Peritônio (abdominal) - Ligamento largo (intraligamentar) - Ovário (ovariana) INTRAUTERINA (Fora do corpo) - Colo (cervical) - Interstício tubário (intersticial ou cornual) → PORÇÕES DA TUBA UTERINA → Lesão das tubas uterinas, doença inflamatória pélvica (DIP), cirurgia tubária prévia ou gravidez ectópica anterior são importantes fatores de risco para a ectopia → Concepção com o dispositivo intrauterino (DIU) ou após a ligadura tubária é rara, mas estima-se que 25 a 50% dessas gestações sejam ectópicas → FATORES DE RISCO PARA GRAVIDEZ ECTÓPICA - Cirurgia tubária prévia - Gravidez tubária anterior - Exposição in útero ao DES (dietilestilbestrol) - História de doença inflamatória (DIP) - História de infertilidade - História de cervicite por clamídia ou gonococo - Anormalidade tubária documentada - Ligadura tubária - Uso atual de DIU - Mulheres subférteis -> alteração na integridade ou na função tubária. - Fertilização in vitro (FIV) também eleva o risco de ectopia mesmo em mulheres sem lesão tubária - Mulheres com uma das tubas uterinas removida apresentam risco aumentado para gravidez ectópica na tuba remanescente PRIMITIVA SECUNDÁRIA Nidificação ocorre e prossegue em zona única do aparelho genital Ocorre quando, após implantar-se em um lugar, o ovo se desprende do aparelho genital e continua o desenvolvimento em outro local GRAVIDEZ TUBÁRIA → Ovo fertilizado pode se alocar em qualquer posição da tuba uterina, dando origem às gestações tubárias ampular, ístmica e intersticial → Lugares de implantação: extremidade fimbrial (gravidez fimbriana), ampola (80% dos casos), ismo (12% dos casos) e gravidez intersticial (cornual) → ABORTAMENTO OU RUPTURA TUBÁRIA - Abortamento tubário depende, em parte, do local de implantação e é comum na gravidez tubária ampular, enquanto a ruptura é usual na gravidez ístmica → POSSIBILIDADES DE GRAVIDEZ ECTÓPICA → GRAVIDEZ INTERLIGAMENTAR -> quando a ruptura ocorre no local da tuba uterina não coberto pelo peritônio, o saco gestacional (SG) pode se desenvolver entre os folhetos do ligamento largo → PRINCIPAIS ACIDENTES DA GRAVIDEZ TUBÁRIA → GRAVIDEZ INTERSTICIAL -> implantação dentro do segmento tubário que penetra a parede uterina resulta em gravidez intersticial ou cornual - A ruptura ocorre com sangramento massivo e muitos casos são fatais → GRAVIDEZ HETEROTÓPICA -> gravidez tubária, quando coexiste com gestação intrauterina GRAVIDEZ ABDOMINAL → Ovo pode implantar-se em qualquer ponto do abdome e nos diferentes órgãos revestidos pelo peritônio visceral → Maioria é secundária à ruptura ou ao abortamento tubário, sendo que poucas sobrevivem na cavidade abdominal e avançam além do 2º trimestre de gestação → Pré-eclâmpsia ocorre em cerca de 1/3 dos casos e a sobrevida perinatal é a exceção → Cisto fetal -> retenção prolongada com a retenção de certa quantidade de líquido amniótico → Feto macera-se pela reabsorção progressiva de líquido amniótico, desseca-se por desidratação (mumificação), e pode sofrer saponificação, isto é, transformação de músculos e partes moles em massa constituída por ácidos graxos, sabões (lipocere ou adipocere). - A reabsorção total das partes moles (esqueletização) e a deposição calcária no feto (litopédio) e nas membranas (litoquélifo) são as etapas finais do processo. GRAVIDEZ OVARIANA → Forma primitiva é muito rara (3% dos casos) → CAUSAS - Ruptura com reabsorção ovular (evolução mais frequente) - Ruptura evoluindo para um tipo secundário (abdominal) GRAVIDEZ CERVICAL → Ultrassonografia revela útero vazio, canal cervical aumentado com imagem de SG exibindo embrião em seu interior, com ou sem batimentos cardíacos GRAVIDEZ EM CICATRIZ DE CESÁREA → Forma mais rara de ectopia →CRITÉRIOS SONOGRÁFICOS TRANSVAGINAIS - Cavidade uterina e canal cervical vazios - Visualização do SG embebido na cicatriz da cesárea - Presença de embrião e/ou vesícula vitelina, com ou sem batimentos → GRAVIDEZ TUBÁRIA ROTA - QUADRO CLÍNICO: choque, incluindo hipotensão, taquicardia e dor à palpação e devem ser tratadas em bases emergenciais. - Antes da ruptura a maioria das pacientes apresenta-se com manifestações inespecíficas que podem mimetizar quadro de abortamento - SINAIS E SINTOMAS: hemorragia de 1º trimestre (de sangue escuro ou claro, que raramente excede o fluxo menstrual normal), dor abdominal ou pélvica que pode ser leve a debilitante → Diagnóstico de pacientes com gravidez ectópica deve ser rapidamente confirmado por ultrassonografia transvaginal e dosagem do hCG → DIGNÓSTICO DIFERENCIAL - Gestação intrauterina viável - Abortamento - Gravidez ectópica SUBAGUDA → Forma clínica mais comum -> ovo localizado na ampola tubária → ABORTAMENTO - Quando o saco ovular distende a porção ampular da tuba uterina, ocorre separação parcial do trofoblasto, e mais tarde da placenta, com perdas sanguíneas intermitentes, que atravessam o óstio e alcançam a cavidade abdominal, fenômeno que se prolonga durante muitos dias (abortamento tubário). - Hematoma formado na ampola tubária pode determinar abortamento completo, com eliminação do ovo - Hemorragia Intraperitoneal Persistente: ocorrência de expulsão incompleta, porque o trofoblasto invade a camada muscular da tuba uterina e fica aderido nela → Sinais de irritação peritoneal: outros sinais de irritação peritoneal: náuseas e vômitos, estado subfebril, distensão do ventre, leucocitose moderada (10 a 12 mil/mm³) e abdome doloroso à palpação → QUADRO CLÍNICO - Discreta hemorragia interna: lipotimia, taquisfigmia moderada (até 90 bpm), mucosas descoradas, pressão arterial ainda normal - Atraso menstrual é encoberto por hemorragia vaginal, concomitante com morte ovular e início de separação da decídua. → EXAME GINECOLÓGICO - Toque combinado revela ocupação (sangue coletado) e dor à pressão do fundo de saco posterior (grito do Douglas), além da moléstia e desconforto decorrentes da manipulação da cérvice → ULTRASSONOGRAFIA - ASPECTOS . Massa complexa . Anel tubário . Anel tubário com embrião, com ou sem BCF - SACO GESTACIONAL . Primeiro sinal ultrassonográfico de gravidez intrauterina e aparece como uma estrutura arredondada, hipoecoica, com um halo ecogênico . Inicialmente o SG não contém nenhum eco no seu interior e, portanto, é difícil diferenciá-lo do pseudossaco, que é uma coleção de líquido - DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ ECTÓPICA À USG ACHADOS À USG PROBABILIDADE DE ECTOPIA SG intrauterino Virtualmente nenhuma (0%) Ausência de SG intrauterino .Exame normal/ cisto simples anexial .Massa complexa anexial/ líquido livre .Anel tubário .Embrião vivo extrauterino (bcf) . Baixa (5%) . Alta (>90%) . Alta (>95%) . Certa (100%) → GRAVIDEZ DE LOCALIZAÇÃO DESCONHECIDA (GLD) - 8 a 30% dos casos suspeitos de gravidez ectópicas o exame sonográfico transvaginal inicial não exibe gravidez nem no útero nem na tuba, configurando uma gravidez de localização desconhecida (GLD) - Gestação intrauterina pode não ser localizada em virtude de o SG ser muito incipiente, ter colapsado, ou a gravidez tubária, muito precoce, sem hemorragia, não ser facilmente visualizada à ultrassonografia - PADRÕES PARA DEFINIÇÃO - Limite discriminatório mais fidedigno para diagnosticar a ectopia em gravidez de localização desconhecida é o valor do hCG > 3.000 mUI/ml - Imprudente a indicação do tratamento médico com MTX seo valor do hCG for de 2.000 a 3.000 mUI/ml → DIAGNÓSTICO CIRÚRGICO - Laparoscopia -> visualização direta das tubas uterinas e da pelve, oferecendo o diagnóstico adequado de suspeita de gravidez ectópica, inconclusiva à ultrassonografia - Laparotomia -> cirurgia abdominal aberta é preferida quando a mulher está hemodinamicamente instável ou a laparoscopia não está prontamente disponível AGUDA → Localização habitual do ovo no istmo da tuba uterina, a ruptura ocorre com intensa hemorragia intraperitoneal -> Ruptura tubária → QUADRO CLÍNICO - Paciente refere dor violenta, em punhalada, na fossa ilíaca ou no hipogástrio. Ao deitar-se, o sangue intra-abdominal pode ascender ao diafragma, irritar o nervo frênico e determinar dor escapular, sinal expressivo e constante, geralmente no lado direito - Paciente apresenta-se em estado de choque: palidez, sudorese, extremidades frias, pulso fino e rápido, hipotensão → EXAME FÍSICO - Palpação do abdome é dolorosa, com Blumberg positivo - Exame Ginecológico: aspectos semelhantes aos do abortamento tubário, embora mais exaltados ABDOMINAL → Como a gravidez tubária pode ser um antecedente comum da gravidez abdominal, deve-se tentar identificar história sugestiva em retrospecto → QUADRO CLÍNICO - Paciente queixa-se de dor abdominal, náuseas e vômitos; a palpação revela apresentação transversa, oligoidrâmnia, colo deslocado → DIAGNÓSTICO-> é difícil e confirmado por exame de imagem - Ultrassonografia revela útero vazio, separado do feto, e placenta ectópica intra-abdominal - Ressonância magnética (RM) é decisiva para confirmar o diagnóstico e identificar a implantação placentária sobre grandes vasos, intestinos ou outras vísceras - Embora a placenta possa inserir-se em qualquer lugar do abdome, ela geralmente está confinada às estruturas pélvicas → PUNÇÃO DO FUNDO DE SACO POSTERIOR GRAVIDEZ TUBÁRIA → TRATAMENTO CIRÚRGICO LAPAROTOMIA - Reservada para os casos agudos, pacientes hemodinamicamente instáveis e com hemoperitônio. - Além do tratamento do choque, a cirurgia tubária radical por meio da salpingectomia (com conservação da porção intersticial da trompa) é indicada - Consiste na enucleação da ectopia com conservação da trompa que é deixada aberta para que a LAPAROSCOPIA Salpingostomia cicatrização ocorra por segunda intenção - INDICAÇÕES . Paciente com trompa contralateral doente . Paciente quiser ter filhos futuramente . Ectopia tubária de pequenas dimensões, em geral localizada na porção ampolar da trompa e que se apresenta íntegra. - Desvantagem: risco de tubária persistente, em face da permanência de tecido trofoblástico após a salpingostomia, recomendando-se o uso profilático de metotrexato (MTX) Salpingectomia - INDICAÇÕES .Sangramento incontrolável .Gravidez ectópica recorrente na mesma tuba .Tuba uterina muito lesada ou SG > 5cm -Determina menos complicações que a salpingostomia e a fertilidade futura é a mesma em ambos os procedimentos cirúrgicos. → TRATAMENTO MÉDICO - Metotrexato (MTX): sistêmico por via intramuscular INDICAÇÕES - Quadro clínico estável - Diagnóstico definitivo - hCG < 5.000 mUI/mℓ - Aumento de HCG < 50% em 48h - Saco gestacional < 3,5cm - Atividade cardíaca fetal ausente - Líquido livre no peritônio ausente/ moderado PROTOCOLO DE TRATAMENTO EM DOSE ÚNICA - Dose única de MTX 50mg/m² IM (dia 1) - Mensuração de β-hCG nos dias 4 e 7 pós-tratamento - Verificação da queda do β- hCG ≥ 15% entre os dias 4 e 7 - Mensuração semanal do β- hCG até atingir o nível não gravídico (< 5 mUI/mℓ) - Se a queda do β-hCG for < 15%, deve-se administrar a 2a dose de MTX (50 mg/m2 IM) e realizar o β-hCG nos dias 4 e 7 após a repetição do MTX. Isso pode ser repetido se necessário - Se durante o seguimento semanal com o β-hCG o nível se elevar ou estacionar, deve-se considerar a repetição do MTX → TRATAMENTO EXPECTANTE - Reservado para um grupo seleto de pacientes (10 a 15%), com quadro clínico estável, ß- hCG declinante e com nível inicial de < 1.000 a 1.500 mUI/ml. GRAVIDEZ CERVICAL GRAVIDEZ EM CICATRIZ DE CESÁREA → Injeção de MTX local guiada pelo ultrassom transvaginal, seguida pela administração de MTX sistêmica. GRAVIDEZ ABDOMINAL → Como a sobrevida fetal é a exceção, muitos desaconselham a conduta expectante hospitalar para aguardar a viabilidade do feto -> risco de hemorragia que ameace a vida da paciente é elevado → Ideal é o diagnóstico antenatal da gravidez abdominal, com localização precisa da placenta pela ressonância magnética (RM), e cuidados pré-operatórios de valia, como inserção de cateteres ureterais, preparação do intestino, reserva de sangue para transfusão e equipe multiprofissional. → Se o diagnóstico tiver sido feito por ocasião da cesárea aconselha-se que o concepto seja extraído, que o abdome com a placenta deixada no lugar, se não houver hemorragia, seja fechado e que a paciente seja transferida para centro terciário. → Placenta retida no abdome é fonte de supuração, especialmente se o MTX tiver sido administrado no pós- operatório, procedimento que contraindicamos, pois predispõe ao acúmulo de material necrosado e à infecção. → Fertilidade subsequente é idêntica se compararmos os tratamentos médico versus cirúrgico conservador, ou cirúrgico conservador versus cirúrgico radical → Não há diferença significativa com a permeabilidade da tuba uterina homolateral em casos de MTX sistêmico ou salpingostomia por laparoscopia → FA, sexo feminino, 33 anos, G1P1A0C1, natural de Manaus, chega ao SPA Alvorada referindo dor pélvica em cólica intensa, iniciada há pelo menos 3 dias, justifica a demora para procurar atendimento pois desde jovem sente fortes cólicas menstruais. Relata amenorreia há 6 semanas e relações sexuais sem proteção esporadicamente. É usuária de DIU de cobre há 15 meses. Nega tabagismo e etilismo. Ao exame físico, encontra- se pálida, PA = 80 x 40 mmHg, pulso de 115 bpm. Abdome rígido, doloroso a descompressão brusca presente em fossa ilíaca direita. Ao exame ginecológico, nota-se a presença de discreto sangramento na vagina, dor à mobilização do colo e abaulamento palpável e doloroso no lado direito. Ao realizar US transvaginal, saco gestacional de 3 cm em anexo à direita, sem visualização de bcf, sem líquido livre na cavidade. Beta-HCG sérico, colhido hoje, é de 4.000 mUI/ml. - Fatores de Risco . Idade entre 25 e 34 anos . Usuária de DIU . Endometriose (fortes cólicas menstruais desde jovem) - Quadro Clínico . Choque -> pálida, PA = 80 x 40 mmHg, pulso de 115 bpm (hipotensão e taquicardia) . Blumberg positivo - Exame Físico . Abdome rígido e doloroso à descompressão brusca da FID . Presença de discreto sangramento vaginal - Diagnóstico . Sindrômico -> Síndrome do Abdome Agudo Hemorrágico . Diferencial -> Gravidez Ectópica Tubária, Abortamento e Doença Trofoblástica Gestacional . Etiológico -> Gravidez Ectópica Tubária (Forma Aguda) * Saco gestacional de 3 cm em anexo à direita * Sem visualização de bcf * Sem líquido livre na cavidade. * Beta-HCG -> 4.000 mUI/ml - Tratamento . Cirúrgico * Indicação de laparotomia -> SG < 5 cm e caso agudo . Medicamentoso * Indicação de Metotrexato sistêmico via intramuscular -> hCG < 5.000 mUI/mℓ, Saco gestacional < 3,5cm, atividade cardíaca fetal ausente, ausência de líquido livre na cavidade * Seguir protocolo de tratamento em dose única - Dose única de MTX 50mg/m² IM (dia 1) - Mensuração de β-hCG nos dias 4 e 7 pós-tratamento - Verificação da queda do β-hCG ≥ 15% entre os dias 4 e 7 - Mensuração semanal do β-hCG até atingir o nível não gravídico (< 5 mUI/mℓ) - Se a queda do β-hCG for < 15%, deve-se administrar a 2a dose de MTX (50 mg/m2 IM) erealizar o β-hCG nos dias 4 e 7 após a repetição do MTX. Isso pode ser repetido se necessário - Se durante o seguimento semanal com o β-hCG o nível se elevar ou estacionar, deve-se considerar a repetição do MTX
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