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Apostila 1º bimestre 2º ANO

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Prévia do material em texto

(
Leitura e Interpretação
)
 
.
O LABIRINTO DOS MANUAIS
         
Há alguns meses troquei meu celular. Um modelo lindo, pequeno, prático. Segundo a vendedora, era capaz de tudo e mais um pouco. Fotografava, fazia vídeos, recebia e-mails e até servia para telefonar. Abri o manual, entusiasmado. “Agora eu aprendo”, decidi, folheando as 49 páginas. Já na primeira, tentei executar as funções. Duas horas depois, eu estava prestes a roer o aparelho. O manual tentava prever todas as possibilidades. Virou um labirinto de instruções! Trabalho sempre com um antigo exemplar da Bíblia na mesa. Examinei. O Gênesis, que descreve toda a criação do mundo, ocupa cinquenta páginas. O manual do celular, 49!
Nas semanas seguintes, tentei abaixar o som da campainha. Só aumentava. Buscava o vibracall, não achava. Era só alguém me chamar e todo mundo em torno saía correndo, pensando que era o alarme de incêndio! Quem me salvou foi um motorista de táxi.
 – Manual só confunde – disse didaticamente. – Dá uma de curioso.
Teclei. Dali a pouco apaguei vários endereços. Insisti. O aparelho entrou em alguma outra função para a qual não estava habilitado. Finalmente, descobri. Está no vibracall há meses! O único problema é que não consigo botar a campainha de volta!
Muita gente pensará: “Que asno!”. Tenho argumentos para me defender. Entre meus amigos, fui o primeiro a comprar computador. Era uma tralha, que exigia códigos para tudo. Para achar o cê-cedilha, os dedos da mão tinham de dançar rock pauleira, tantas eram as teclas para apertar de uma só vez. Tinha de formatar os disquetes de memória! Aprendi tudo por mim mesmo.
Foi a mesma coisa quando adquiri meu videocassete. Instalei e aprendi a gravar. Só sofri na hora de programar pela primeira vez. Agora não consigo mais executar uma simples programação, tantas são as complicações. Pior ainda é o DVD que grava. Com a TV por assinatura, mais os canais abertos, nunca dá certo! Soube de gente que está cobrando para botar músicas em iPod, tal o número de pessoas que naufragam nas instruções. Tenho dois amigos que sonharam com aparelhos de MP3. Cada um conseguiu o seu. Outro dia perguntei a um deles se estava aproveitando.
– Eu ainda não tive tempo de mexer… – confessou Bob, sem jeito.
Estou de computador novo. Já veio com o Vista, a última coqueluche da Microsoft. Fiz o que toda pessoa minuciosa faria. Comprei um livro. Na capa, a promessa: “Rápido e fácil” – um guia prático, simples e colorido! Resolvi: “Vou seguir cada instrução, página por página. Do que adianta ter um supercomputador se não sei usá-lo?”. Quando cheguei à página 20, minha cabeça latejava. O livro tem 342! Cada vez que olho, dá vontade de chorar! Não seria melhor gastar o tempo relendo Guerra e Paz?
Tudo foi criado para simplificar. Mas até o micro-ondas ficou difícil. A não ser que eu queira fazer pipoca, que possui sua própria tecla. Mas não posso me alimentar só de pipoca! Ainda se emagrecesse… E o fax com secretária eletrônica? O anterior era simples. Eu apertava um botão e apagava as mensagens. O atual exige que eu toque em um, depois em outro para confirmar, e de novo no primeiro! Outro dia a luzinha estava piscando. Tentei ouvir a mensagem. A secretária disparou todas, desde o início do ano!Eu sei que para a garotada que está aí tudo isso parece muito simples. Mas o mundo é para todos, não? Talvez alguém dê aulas para entender manuais! Ou o jeito seria aprender só aquilo de que tenho realmente necessidade, e não usar todas as funções. É o que a maioria das pessoas acaba fazendo!
Walcyr Carrasco,Veja SP, 19.09.2007. Adaptado.
 Atividades
1. Pelos comentários feitos pelo narrador, pode-se concluir corretamente que:
a. A leitura de obras-primas da literatura é atividade mais produtiva do que utilizar celulares e computadores.
b. Os manuais cujas diversas instruções os usuários não conseguem compreender e pôr em prática são improdutivos.
c. A vendedora foi convincente, pois o narrador comprou o celular, embora duvidasse das qualidades prometidas pelo aparelho.
d. O manual sobre computadores, ao contrário de outros do gênero, cumpria a promessa assumida nos dizeres impressos na capa.
2. Analise as afirmações sobre trechos do texto e assinale a correta.
a. Em – Há alguns meses, troquei meu celular. –, o verbo haver indica tempo decorrido e pode ser substituído, corretamente, por Fazem.
b. Em – Virou um labirinto de instruções! –, o termo em destaque foi empregado em sentido figurado, indicando confusão, incompreensibilidade.
c. Em – Fotografava, fazia vídeos, recebia e-mails e até servia para telefonar. –, o termo em destaque expressa a ideia de exclusão.
d. Em – Fiz o que toda pessoa minuciosa faria. –, o termo em destaque pode ser substituído, corretamente e sem alteração do sentido do texto, por limitada.
3. No trecho: 
“Do que adianta ter um supercomputador se não sei usá-lo”.
Observe que o cronista empregou um pronome para evitar a repetição de palavras. Tendo por referência a gramática normativa, assinale a alternativa em que os pronomes substituem, corretamente, as expressões em destaque no trecho:
Tentei ouvir as mensagens. A secretária eletrônica disparou todas as mensagens, desde o início do ano!
a. Ouvi-las ... disparou-as.
b. Ouvi-las ... disparou-lhes.
c. Ouvir-las ... disparou-as.
d. Ouvir-lhes ... disparou-as.
4. Entre as características que definem uma crônica, estão presentes no texto de Walcyr Carrasco:
a. A narração em 3ª pessoa e o uso expressivo da pontuação.
b. A criação de imagens hiperbólicas e o predomínio do discurso direto.
c. O emprego de linguagem acessível ao leitor e a abordagem de fatos do cotidiano.
d. A existência de trechos cômicos e a narrativa restrita ao passado do autor.
5. A coesão sequencial é responsável por criar as condições para a progressão textual e ocorre por meio de conjunções e articuladores textuais. Indique a relação semântica estabelecida pelo conectivo em destaque, no trecho: “Tudo foi criado para simplificar. Mas até o micro-ondas ficou difícil”.
a. A expressão “mas” marca uma sequenciação de ideias.
b. O conectivo “mas” inicia oração que exprime ideia de contraste.
c. O termo “mas” introduz uma generalização.
d. O termo “mas” exprime uma justificativa.
6. Considere as alternativas abaixo sobre o gênero crônica:
I. A linguagem da crônica costuma ser sempre muito rebuscada, marcada pela formalidade.
II. As crônicas são escritas para durar pouco, tratam de acontecimentos corriqueiros do cotidiano e, geralmente, estão relacionadas ao contexto em que são produzidas.
III. Entre as características da crônica estão: narrativa curta, linguagem simples e coloquial, poucos personagens, espaço reduzido e acontecimentos urbanos e cotidianos.
IV. Geralmente, as crônicas são produzidas somente para meios de comunicação televisivos.
Qual (is) está(ão) correta(s)?
a. Apenas II e III.
b. Apenas II.
c. Apenas I e II.
d. Apenas III e IV.
7. Sobre as crônicas jornalísticas, está correto afirmar que:
a. É aquela que contém apenas elementos da narração em sua estrutura, ou seja, que apresenta personagens, tempo, espaço e enredo.
b. Em geral, tem um enfoque humorístico acerca das cenas e acontecimentos cotidianos.
c. Mistura fragmentos narrativos, contém fatos do cotidiano e promove-se uma reflexão sobre eles, bem como trechos de reflexão e argumentação sobre o fato narrado.
d. Uma das marcas das crônicas narrativas e jornalísticas é, em geral, ter um enfoque humorístico acerca das cenas e acontecimentos cotidianos.
8. Relate o fato cotidiano que serviu de ponto de partida para a crônica “O labirinto dos manuais”.
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9. Ao ler a crônica e considerar seus conhecimentos sobre as características desse gênerotextual, entre todas as peculiaridades da crônica, assinale a alternativa que confere uma característica à crônica lida. Escolha uma:
a. A utilização de uma linguagem de fácil acesso, além da inserção de fatos do dia-a-dia.
b. O uso de figuras de linguagem e o predomínio do diálogo indireto.
c. O uso de uma linguagem recheada de trechos humorísticos e a consideração de fatos do passado dos leitores idosos.
d. A presença da prosa – poética, que conduz o leitor a reflexões sobre o uso de novos aparelhos celulares.
e. A narração em 2ª pessoa e o uso irregular da pontuação.
10. Assinale a opção que apresenta coerência na transposição da voz ativa para a voz passiva analítica.
a. “Há alguns meses troquei meu celular”. “Trocou-se o celular”.
b. “Abri o manual, entusiasmado”. “Entusiasmado, o manual seria aberto”.
c. “Comprei um livro”. “Um livro foi comprado por mim”.
d. “Duas horas depois, eu estava prestes a roer o aparelho”. “Duas horas depois, o aparelho ia sendo ruído por mim”.
e. “A secretária disparou todas as mensagens, desde o início do ano!”. “Todas as mensagens, desde o início do ano, seriam disparadas pela secretária.”
 (
 Dissertação 
)
 
ESTRUTURA E ELEMENTOS DA DISSERTAÇÃO
Você já sabe, mas não custa lembrar...
O texto dissertativo-argumentativo tem sua estrutura dividida em três –  introdução, argumentação e conclusão  – e cada uma delas tem suas particularidades, conforme explicaremos figura ao lado.
As principais características do texto dissertativo-argumentativo são:
· Presença de uma tese (ponto de vista) – em geral, no primeiro parágrafo do texto;
· Desenvolvimento com argumentos que comprovem a tese;
· Conclusão em forma de síntese ou com propostas de solução para os problemas discutidos no texto;
· Uso da norma-padrão da língua portuguesa.
Para produzir uma boa redação dissertativo-argumentativa, é fundamental, antes de tudo, fazer um bom projeto de texto. Para tanto, basta que o escritor escreva e preencha, em folha à parte, os seguintes tópicos:
· Tema: escreva a frase temática inteira, não a resuma aqui.
· Tese: nesse espaço, escreva qual será o ponto de vista defendido no texto.
· Argumentos: elenque quais serão os fundamentos usados em cada argumento – é importante que a dissertação contenha, ao menos, dois argumentos. Em seguida, explicite como cada fundamento comprova a tese acima citada.
· Propostas de solução: no caso do Enem, é necessário produzir sugestões para diminuir ou acabar com os problemas discutidos no texto. Portanto, nesse espaço, apresente essas soluções, detalhando as ações, os agentes, os meios e as consequências para cada solução.
Para a fixação dos elementos abordados, analise o quadro abaixo:
Agora que relembramos o que é um texto dissertativo e seus elementos, vamos treinar: 
Proposta de Redação
O Avanço do EAD e o Futuro da Educação
Texto I
“Atualmente, podem ser consideradas as seguintes modalidades de Educação: presencial e a distância. A modalidade presencial é a comumente utilizada nos cursos regulares, onde professores e alunos encontram-se sempre em um mesmo local físico, chamado sala de aula, e esses encontros se dão ao mesmo tempo: é o denominado ensino convencional. Na modalidade a distância, professores e alunos estão separados fisicamente no espaço e/ou no tempo.
De acordo com Nunes (1994), a Educação a Distância constitui um recurso de incalculável importância para atender grandes contingentes de alunos, de forma mais efetiva que outras modalidades e sem riscos de reduzir a qualidade dos serviços oferecidos em decorrência da ampliação da clientela atendida. Isso é possibilitado pelas novas tecnologias nas áreas de informação e comunicação que estão abrindo novas possibilidades para os processos de ensino-aprendizagem a distância. Nova abordagens têm surgido em decorrência da utilização crescente de multimídias e ferramentas de interação a distância no processo de produção de cursos, pois, com o avanço das mídias digitais e da expansão da Internet, torna-se possível o acesso a um grande número de informações, permitindo a interação e a colaboração entre pessoas distantes geograficamente ou inseridas em contextos diferenciados.
Somando-se a isso, a metodologia da Educação a Distância possui uma relevância social muito importante, pois permite o acesso ao sistema àqueles que vêm sendo excluídos do processo educacional superior público por morarem longe das universidades ou por indisponibilidade de tempo nos horários tradicionais das aulas, uma vez que a modalidade de Educação a Distância contribui para formação de profissionais sem deslocá-los de seus municípios”.
Fonte: ALVEZ, Lucineia. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. Link de acesso: http://seer.abed.net.br/index.php/RBAAD/article/view/235/113 – Acesso em 22.12.2020
 
Texto II
“Estudantes de Jornalismo da faculdade Estácio, em Salvador, reclamam que a instituição quer encerrar o curso na modalidade presencial. Em uma reunião, a coordenação de ensino disse que eles têm três opções: trocar de universidade, passar para outro curso na mesma instituição ou fazer a distância.
“Com essa opção pela instituição, a modalidade ensino a distância, a gente não vai ter acesso a nenhum dos laboratórios práticos que ela oferece, laboratório de fotografia, estúdio para aula de rádio e TV. Todos os 70 estudantes que foram afetados por essa decisão, optaram, no início do curso, por fazer a modalidade presencial”, disse Osvaldo Barreto, estudante de jornalismo.
A estudante Maria Júlia disse que a faculdade já vinha demitindo professores e, como consequência, diminuindo a qualidade do ensino. Assim como a maioria dos colegas, ela se considera desrespeitada pela instituição.
“A sensação, nesse exato momento, que eu sinto é de descaso […]. Como se eles tivessem oferecendo algum tipo de favor, sendo que, nesse momento, a gente está na pandemia. A educação é o principal recurso que as pessoas têm para poder mudar de vida”, relatou a estudante Maria Júlia Cerqueira. […]
O curso de engenharia de petróleo também está com data marcada para terminar.
“A opção foi essa, migrar para outro curso de engenharia ou então procurar outra instituição, sabendo que as outras duas instituições que existem no estado da Bahia, atualmente, que tinham esse curso, já não têm mais”, comentou Derivaldo Andrade, estudante de engenharia de petróleo”.
Disponível em: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2020/12/21/alunos-reclamam-que-faculdade-em-salvador-quer-encerrar-modalidade-presencial-do-curso-de-jornalismo-irresponsabilidade.ghtml  – Acesso em 22.12.2020.
 
Texto III
“Afinal, a educação a distância e as novas modalidades de ensino e aprendizagem ampliam o acesso à educação de qualidade ou desqualificam o processo educativo? Qual o verdadeiro papel das novas tecnologias de informação e comunicação no cotidiano das escolas e dos cursos de formação profissional?”.
Fonte: MORAN, J. M.  O que é Educação a Distância. Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm – Acesso em 22.12.2020.
 
Texto IV
Fonte:  https://revistapesquisa.fapesp.br/para-alem-da-sala/ – acesso em 18.12.2020.
A partir da leitura dos textos motivadores, redija um texto dissertativo-argumentativo a respeito do tema: O avanço do ensino a distância e o futuro da educação. Selecione e organize fatos e argumentos relacionados a distintas áreas do conhecimento que contribuam para a defesa de um ponto de vista. Apresente proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
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Análise Linguística
) 
LEMBRETE GRAMATICAL
A língua portuguesa é de fato muito rica e por isso traz um grande número de possibilidades para algumas palavras e isso, às vezes, pode causar dúvidas aos falantes de seu idioma.
Observe as palavras Mas, Mais e Más. Esses três vocábulos são muito semelhantes tanto na grafia (escrita) quanto no som (pronúncia), por isso geram muitas dúvidas. Na linguagem informal oral, é muito comum o desvio ao padrão, ou seja, os falantes normalmente deixam de utilizar a regra estipulada pela norma.
Você sabe quando deve usar uma ou outra forma? Leia o texto a seguir e observe o uso dessas palavras no texto abaixo:
Filho de professora de português sofre!
 — Já disse que não! Não é não, fui clara?
— Mais mãe, eu quero ir!
— Primeiro, aprenda a falar, depois eu deixo!
— Mais eu já sei falar desde um ano de idade.
— Não, você consegue se expressar, mas não usa a língua de acordo com a norma.
— Que mal pode ter numa festinha de adolescentes?
— Meu filho, você está se tornando cada vez mais impertinente.
Em um ato de rebeldia, o filho disse:
— As mães são muito más…
— Não, as mães só amam demais os filhos e querem protegê-los, vá estudar que você ganha mais!
Você deve ter observado, no texto, o uso de “mais”, “mas” e “más”. Porém, a mãe corrige o filho, pois ele usa “mais” no lugar de “mas”. Vamos observar a diferença.
Já ao observarmos as palavras Mau e Mal, surgem algumas dúvidas quanto ao seu uso, então lembre-se: Mau é sempre adjetivo, e significa “ruim”, “imperfeito”, que causa prejuízos. É antônimo de bom, faz o plural com maus e o feminino é má. ... Já mal, pode ser classificada como advérbio de modo, quando significa “incorretamente”, “erradamente”. Nesse caso, é invariável e seu antônimo é o advérbio bem.
O uso dos porquês é um assunto muito discutido e traz muitas dúvidas. Melhor do que qualquer macete é entender qual função cada um dos "Porquês" assume na frase: 
Porque: é uma conjunção causal ou explicativa, podendo ser substituída por “pois”, “uma vez que”.
Porquê: é um substantivo, podendo ser acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.
Por Que: é a junção da preposição por + pronome interrogativo e inicia perguntas diretas ou está presente no interior de perguntas indiretas, podendo ser substituído por “por qual razão” ou “por qual motivo
Por Quê: é a junção da preposição por + pronome interrogativo. Aparecerá sempre no final de uma frase, podendo ser substituído por “por qual motivo”, “por qual razão”.
Exercícios
1
Língua Portuguesa – 2º ANO
1. Levando em consideração o uso correto do advérbio mal, julgue as seguintes proposições:
I. Ele reprovou de ano porque foi mal aluno em matemática.
II. Talita mal entrou no shopping e já queria ir embora.
III. Nós percebemos que ele estava mal intencionado, por isso corremos.
IV. O casal viveu um mal momento durante a viagem para a França.
V. O prefeito faz mal uso do dinheiro público.
a. Todas estão corretas.
b. I e V estão corretas.
c. II e III estão corretas.
d. I, IV e V estão corretas.
e. II, III e V estão corretas.
 
2. Preencha as lacunas corretamente:
I. Os chefes estavam de _______ humor naquela segunda-feira.
II. Márcia passou _______ e foi levada para casa.
III. O motor do carro apresentou _______ desempenho durante os testes na fábrica.
IV. ______ chegaram de viagem e já começaram a trabalhar.
V. Nunca pratique o ______; pratique sempre o bem.
a. Mau – mal – mau – mal – mal.
b. Mau – mau – mau – mal – mau.
c. Mal – mau – mal – mal – mal.
d. Mau – mal – mal – mal – mal.
e. Mal – mal – mal – mal – mau.
3. Leia o texto e responda a questão:
O PRIMO
Primeira noite ele conheceu que Santina não era moça. Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva, suicidar-se, e deixar o outro sem castigo? Ela revelou que, havia dois anos, o primo Euzébio lhe fizera mal, por mais que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa Senhora ficar solteira. O próprio Bento não a deixava mentir, testemunha de sua aflição antes do casamento. Santina pediu perdão, ele respondeu que era tarde - noiva de grinalda sem ter direito.
(Cemitério de elefantes. Apud CARNEIRO, Agostinho Dias)
"...o primo Euzébio lhe fizera mal..." Nessa frase, a palavra mal está escrita com "L". Há, porém, situações em que ela também pode ser escrita com "U". Observe as frases abaixo e, em seguida, assinale a alternativa cuja sequência preencha adequadamente os espaços em branco.
- Para Santina, Euzébio foi um homem____.
- Segundo o narrador, Bento fez um _____ casamento.
- Bento recebeu muito____ a revelação de Santina. ____ ouviu a revelação de Santina, Bento decidiu separar-se.
a. mau / mal / mal / Mau
b. mau / mal / mau / Mal
c. mal / mau / mal / Mau
d. mal / mal / mau / Mau
e. mau / mau / mal / Mal
 
4. Sobre o emprego adequado de mau e mal, estão corretas, exceto:
a. Mal pode apresentar três diferentes valores gramaticais: pode ser substantivo, advérbio e também adjunto adnominal de acordo com a análise morfológica da língua.
b. Mal e mau são exemplos de palavras homônimas, ou seja, palavras que apresentam a mesma pronúncia, mas significados divergentes.
c. Mau é classificado como adjetivo, antônimo de bom. Essa palavra é utilizada pelos falantes para fazer referência a algo que não seja de boa qualidade, a alguém que faz maldades e a diversas outras acepções que tenham como intuito qualificar.
d. Mal pode apresentar três valores gramaticais: pode ser advérbio, substantivo ou ainda uma conjunção indicativa de tempo.
 
5. Leia a tirinha a seguir:
a. Qual o problema que se apresenta no 1º quadrinho?
R. ___________________________________
b. Qual foi a causa desse problema?
R. ___________________________________ 
c. Identifique na tirinha duas palavras de sentidos opostos e transcreva-as.
R. ___________________________________ 
d. Partindo da fala do 2º quadrinho, complete as lacunas com BEM e BOM:
MAL é o contrário de ______; MAU é o contrário de _______.
6. Complete as frases a seguir com MAL ou MAU:
a. Ele teve um ____ dia, por isso dormiu ____.
b. Márcia foi ____ na prova.
c. Todos estão passando ____ hoje.
d. O ____ elemento foi levado pela polícia.
e. O chefe está de ____ humor; acho que está de ____ com a vida.
f. Você só quer o nosso _____.
g. Esse menino tem ____ costume.
h. Suas alunas leem muito ____.
i. A batalha entre o bem e o ____ jamais terá fim.
j. Esse menino é um ____ exemplo para a turma.
7. Reescreva as frases substituindo os Asteriscos pelas palavras Mais; Mas ou Más:
a. Pedro estuda, ** não aprende.
b. Vendeu ** livros neste mês que no anterior.
c. Bonitinha, ** ordinária.
d. A população pede ** escolas.
e. Ela não é bonita, ** conquista pela simpatia.
f. Ele foi quem ** tentou; ainda assim, não conseguiu.
g. Dizem as ** línguas que ele vai ser o nosso prefeito.
h. Municípios exigem ** escolas.
i. Amor é igual fumaça: sufoca, ** passa.
j. Este país está cada dia ** violento.
k. Tentei chegar na hora, ** me atrasei.
l. Não ganhei o prêmio, ** dei o melhor de mim.
m. As ** ações empobrecem o espírito.
n. É o Rio de Janeiro a cidade ** violenta do Brasil?
o. Estes alunos estão ** bem preparados que aqueles.
p. É um dos países ** miseráveis do planeta.
q. Elas pareciam invencíveis, ** foram derrotadas.
r. Ele trabalha muito, ** ganha pouco.
s. Todos querem ** amor.
t. Queria viajar, ** não consegui comprar passagem.
u. As pessoas deste lugar são muito **.
v. Ela é ** atenciosa que as outras.
w. Querem ter dinheiro, ** não trabalham.
x. Escreva ** depressa, por favor!
y. A garota trazia ** lembranças daquele tempo.
z. Só pensa em enriquecer **.
8. Complete com Por Que, Por Quê, Porque ou Porquê:
a. Amigos, vocês discutiram _______? 
b. Helinton foi aprovado, entretanto não sabe o _______. 
c. Márcia viajou, _______foi chamada para um trabalho na Inglaterra.
d. Não sabemos o _______da sua reclamação.
e. Andardois quilômetros a pé, _______? 
b. _______ não vai à festa de casamento? 
c. _______ são difíceis essas questões?
d. Não saí do ônibus, _______ estava longe da minha casa.
e. Jean não foi ao baile, _______ estava cansado.
f. Quero saber _______ não comeu o pedaço do bolo. 
g. _______ há tantos políticos corruptos no Brasil?
h. Continuo muito feliz, _______ estou com ótimas notas na escola! 
9. Marque a alternativa que contenha o uso correto da grafia dos porquês: 
I. Não entendemos _______ ela berrou tão alto. 
II. É admirável o ideal _____ você luta.
III. ________ existe o horário de verão?
a. Por que – por que – por que
b. Por que – porque – por que
c. Porque – por que – por que
d. Porque – porque – porque
e. Por quê – por quê – por quê
10. Analise as alternativas:
I. Por quê ainda o filme não começou? 
II. Porque as pessoas precisam se expor nas redes sociais?
III. Fizeram o contrato, porque queriam garantir que o serviço fosse feito. 
De todas as frases acima, podemos concluir que:
a. As três trazem o uso incorreto do uso dos porquês. 
b. Somente a alternativa iii traz o uso correto dos porquês. 
c. As duas primeiras frases trazem o uso correto do uso dos porquês.
d. A frase ii traz o uso correto do uso dos porquês.
e. As frases I e III trazem o uso incorreto dos porquês.
11. Leia a frase a seguir:
“Não se sabe _______ os professores
estão naquela reunião.”
Qual a alternativa que completa de forma correta a frase?: 
a. Pôr que.
b. Porquê.
c. Por que 
d. Por quê.
e. Porquê.
12. Elabore uma frase com o 	porquê solicitado: 
a. POR QUE: __________________________
b. PORQUE:___________________________
c. POR QUÊ:___________________________
 (
Leitura e Interpretação
)
O texto que você vai ler é uma crônica de Carlos Drummond de Andrade, poeta e cronista mineiro, consagrado no Brasil e em todo o mundo. Sua obra está traduzida em várias línguas, entre elas o inglês, alemão e o espanhol. Seus trabalhos se destacam pela ternura, pelo senso de humor e pela qualidade da linguagem.
CASO DE CANÁRIO
Casara-se havia duas semanas. Por isso, em casa dos sogros, a família resolveu que ele é que daria cabo do canário:
– Você compreende. Nenhum de nós teria coragem de sacrificar o pobrezinho, que nos deu tanta alegria.Todos somos muito ligados a ele, seria uma barbaridade. Você é diferente, ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho. Vai ver que nem reparou nele, durante o noivado.
– Mas eu também tenho coração, ora essa.Como é que vou matar um pássaro só porque o conheço há menos tempo do que vocês?
– Porque não tem cura, o médico já disse. Pensa que não tentamos tudo? É para ele não sofrer mais e não aumentar o nosso sofrimento. Seja bom, vá.
O sogro, a sogra apelaram no mesmo tom. Os olhos claros de sua mulher pediram-lhe com doçura:
– Vai, meu bem.
Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar, ele aproximou-se da gaiola. O canário nem sequer abriu o olho. Jazia a um canto, arrepiado, morto-vivo. É, esse está mesmo na última lona e dói ver a lenta agonia de um ser tão precioso, que viveu para cantar.
– Primeiro me tragam um vidro de éter e algodão. Assim ele não sentirá o horror da coisa.
Embebeu de éter a bolinha de algodão, tirou o canário para fora com infinita delicadeza, aconchegou-o na palma da mão esquerda e, olhando para outro lado, aplicou-lhe a bolinha no bico. Sempre sem olhar para a vitima, deu-lhe uma torcida rápida e leve, com dois dedos no pescoço.
E saiu para a rua, pequenino por dentro, angustiado, achando a condição humana uma droga. As pessoas da casa não quiseram aproximar-se do cadáver. Coube à cozinheira recolher a gaiola, para que sua vista não despertasse saudade e remorso em ninguém. Não havendo jardim para sepultar o corpo, depositou-o na lata de lixo.
Chegou a hora de jantar, mas quem é que tinha fome naquela casa enlutada? O sacrificador, esse, ficara rodando por aí, e seu desejo seria não voltar para casa nem para dentro de si mesmo.
No dia seguinte, pela manhã, a cozinheira foi ajeitar a lata de lixo para o caminhão, e recebeu uma bicada voraz no dedo.
– Ui!
Não é que o canário tinha ressuscitado, perdão, reluzia vivinho da silva, com uma fome danada?
– Ele estava precisando mesmo era de éter – concluiu o estrangulador, que se sentiu ressuscitar, por sua vez.
Atividades 
I - Assinale a alternativa correta para cada item.
1. A expressão: “… daria cabo do canário…” significa:
a.(   ) dar o canário a alguém    
b.(   ) soltar o canário da gaiola
c.(   ) matar o canário      
d.(   ) prender o canário na gaiola
2. Na frase: “Você ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.(   ) apegar-se                                  
b.(   ) enfurecer-se
c.(   ) desencantar-se                        
d.(   ) preocupar-se
3. Na frase: “Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar…”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.(   ) escrúpulo       
b.(   ) tédio      
c.(   ) ansiedade     
d.(   ) raiva
4. Na frase: “O canário …. jazia a um canto…” , a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.(   ) cantava                                 
b.(   ) arrepiava-se
c.(   ) estava deitado                      
d.(   ) saltitava
5. Na frase: “Tirou o canário com infinita delicadeza…”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.(   ) arrogante      b.(   ) enorme     c.(   ) desajeitado    d.(  ) espontânea
6. Nas frases abaixo, aparecem em destaque,  expressões da fala coloquial. Relacione as duas colunas, de acordo com o significado dessas expressões:
1. “…esse está mesmo na última lona…”
2. “…achando a condição humana uma droga…”
3. “O canário reluzia vivinho da silva…”
4. “ O canário estava com uma fome danada.” 
a. (   ) uma coisa muito ruim
b. (   ) muito grande, fora do comum
c. (   ) no fim
d. (   ) vivo, sem nenhuma dúvida
II – Responda com base no texto.
7. Por que os sogros e a esposa escolheram o rapaz para sacrificar o canário?
8. O que o genro quis dizer com a frase: “Mas eu também tenho coração.”?
9. Por que a família decidiu matar o canário de estimação?
10. Por que o jovem marido considerou o sacrifício do canário como uma obra de misericórdia?
11. Como procedeu ele para matar o canário?
12. Transcreva do texto a frase que mostra o estado de espírito do personagem depois que executou o passarinho.
13. As expressões sepultar  e enlutada  referem-se normalmente à morte de pessoas. Por que o narrador as empregou referindo-se ao canário?
14. Como você entende a expressão “voltar para dentro de si mesmo”?
15. Na crônica, não aparece o nome do personagem escolhido para matar o canário. Retire do texto as palavras empregadas para se referir a ele.
16. Como se explica o fato de o canário estar vivo?
17. Por que o personagem, no final, também se sentiu ressuscitado?
 (
Variações Linguísticas
)
As variações linguísticas reúnem as variantes da língua que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
Dessas reinvenções surgem as variações que envolvem diversos aspectos históricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros.
No Brasil, é possível encontrar muitas variações linguísticas, por exemplo, na linguagem regional.
Nas falas do Chico bento e de seu primo Zé Lelé notamos o regionalismo 
Tipos e Exemplos de Variações Linguísticas
Há diversos tipos de variações linguísticas segundo o campo de atuação:
1. Variação geográfica ou diatópica
 Está relacionada com o local em que é desenvolvida, tal como as variações entre o português do Brasil e de Portugal, chamadas de regionalismo.
Exemplos de regionalismo:
2. Variação histórica ou diacrônica
Ela ocorre com o desenvolvimento da história, tal como o português medieval e o atual.
Exemplo de português arcaico:
"Elípticos", "pega-la-emos" são formas que caíram em desuso.
3. Variação social ou diastrática
É percebida segundo os grupos (ou classes) sociais envolvidos, tal como uma conversa entre um orador jurídico e um morador de rua. Exemplo dessetipo de variação são os socioletos.
Exemplo de socioleto:
A linguagem 
4. Variação situacional ou diafásica
Ocorre de acordo com o contexto, por exemplo, situações formais e informais. As gírias são expressões populares utilizadas por determinado grupo social.
Exemplo de gíria
PS: A Língua Brasileira de Sinais (Libras) também tem as suas gírias
Linguagem Formal e Informal
Quanto aos níveis da fala, podemos considerar dois padrões de linguagem: a linguagem formal e informal.
Certamente, quando falamos com pessoas próximas utilizamos a linguagem dita coloquial, ou seja, aquela espontânea, dinâmica e despretensiosa.
No entanto, de acordo com o contexto no qual estamos inseridos, devemos seguir as regras e normas impostas pela gramática, seja quando elaboramos um texto (linguagem escrita) ou organizamos nossa fala numa palestra (linguagem oral).
Em ambos os casos, utilizaremos a linguagem formal, que está de acordo com a normas gramaticais.
Observe que as variações linguísticas são expressas geralmente nos discursos orais. Quando produzimos um texto escrito, seja em qual for o lugar do Brasil, seguimos as regras do mesmo idioma: a língua portuguesa.
 Exercícios 
1. Que variedade linguística (padrão ou informal) podemos ou devemos usar nas seguintes situações sociais:
a. Falando sobre política num canal de televisão.
b. Em uma pequena mensagem de celular para um amigo próximo.
c. Em uma pequena mensagem de celular para o seu patrão.
d. Em uma carta de reclamação para uma operadorade celular.
e. Em uma conversa na praça entre amigos.
f. Em um debate numa conferência nacional sobre meio ambiente.
g. Uma mensagem de Whatsapp para irmã explicando que você foi à padaria comprar pão.
h. Um bilhete para a diretora da sua escola explicando o porquê da sua falta de hoje.
i. Um artigo de opinião solicitado pelo professor de português.
j. Na redação do ENEM.
2. Leia o texto retirado do Facebook de uma adolescente e responda as perguntas:
a. A linguagem deste texto é considerada norma padrão ou informal?
b. Porque o autor desta mensagem escreveu para o colega usando essa escrita?
c. Essa escrita pode ser usada nos trabalhos escolares? Por quê?
d. Essa escrita atrapalhou o seu entendimento do texto?
e. Reescreva essa mesma mensagem usando a norma culta ou padrão da língua.
f. Qual a intenção das pessoas ao usarem esse tipo de escrita nas redes sociais?
3. Tendo em vista que “as gírias” compõem o quadro de variantes linguísticas ligadas ao aspecto sociocultural, analise os excertos a seguir, indicando o significado de cada termo destacado de acordo com o contexto:
a. Possivelmente não iremos à festa. Lá, todos os convidados são patricinhas e mauricinhos!
b. Nossa! Como meu pai é careta! Não permitiu que eu assistisse àquele filme.
c. Os namoros resultantes da modernidade baseiam-se somente no ficar.
d. E aí mano? Estás a fim de encontrar com uma mina hoje? A parada vai bombar!
e. Aquela aula de matemática foi péssima, não saquei nada daquilo que o professor falou.   
 (
Crase
)
Crase é o nome que se dá à união da preposição “a” com o artigo definido “a(s)”, ou com o “a” inicial dos pronomes demonstrativos “aquele(s)”, “aquela(s)” e “aquilo”, ou, ainda, com o “a” inicial dos pronomes relativos “a qual” e “as quais”. Ao acento indicador de crase dá-se o nome de acento grave. No entanto, existem algumas regras para usar a crase e alguns macetes para nunca deixar de fazer o seu uso correto. Veja o quadro sinótico ao lado.
 Atividades
1. Leia esta passagem do romance “São Bernardo”, escrito por Graciliano Ramos:
Às vezes, as ideias não vêm, ou vêm muito numerosas ― e a folha permanece meio escrita, como estava na véspera. Releio algumas linhas, que me desagradam. Não vale a pena tentar corrigi-las. Afasto o papel. 
São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1983.
Agora, justifique o acento indicativo de crase em “Às vezes”: 
R. ____________________________________________________________________________
2. Assinale a alternativa correta em relação ao acento grave indicativo de crase estabelecido pela norma culta da língua:
a. O diretor se referiu à problemas internos. 
b. Estávamos frente à frente no momento em que se iniciou a discussão. 
c. Este é o proprietário à cuja fazenda iremos. 
d. A cerimônia será realizada às dezenove horas. 
3. Leia atentamente as sentenças, colocando o sinal de crase, caso necessário:
a. A jovem saiu apressadamente a procura de socorro. 
b. Diante da notícia, ela começou a chorar descontroladamente. 
c. Apesar das orientações, o filho não obedeceu a ela. 
d. Iremos a belíssima Florianópolis no próximo ano. 
4. Identifique a alternativa em que é opcional o emprego do sinal de crase. Em seguida, coloque o acento nos casos obrigatórios: 
a. Chegamos tarde a casa. 
b. Dou muito valor a essa conquista. 
c. Ela referiu-se a minha filha. 
d. O jovem leu o texto as pressas
 (
Romantismo
)
O ROMANTISMO foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que durou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os Estados nacionais na Europa.
1. Autores
O Romantismo é um dos maiores movimentos de arte do século XVIII e XIX. Por isso, centenas de autores fizeram parte da arte romântica. É possível destacar, dentre eles, os escritores:
· Goethe, da Alemanha;
· Lord Byron, da Inglaterra;
· Camilo Castelo Branco e Almeida Garret, de Portugal;
· Victor Hugo, da França;
· Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves e José de Alencar, do Brasil.
2. Características
O Romantismo, em cada país, tem suas particularidades. Entretanto, é possível perceber alguns valores comuns em várias nações que desenvolveram essa estética, a saber:
· Egocentrismo (o indivíduo é encarado como o centro do mundo);
· Sentimentalismo exacerbado;
· Nacionalismo;
· Idealização do amor e da mulher;
· Tom depressivo (típico de diversos autores românticos, sendo facilmente encontrável, entre eles, um discurso que exalta a fuga da realidade, seja pela morte, seja pelo sonho ou ainda pela própria arte).
3. Fases
É possível identificar, observando o conjunto de obras românticas produzidas em diversos países, ao menos três tendências ou fases dessa arte:
· Romantismo ultrassentimental: Obras como Os Sofrimentos do Jovem Werther, do alemão Goethe, ou ainda alguns poemas de Lord Byron, da Inglaterra, apresentam um forte sentimentalismo, em geral depressivo, exaltando a morte ou a loucura como fugas de uma realidade desastrosa. No Brasil, Álvares de Azevedo pode ser lido como um autor que dialoga com essa tendência romântica.
· Romantismo social: Tendo como principal expoente o escritor francês Victor Hugo, autor de clássicos como Os Miseráveis e Notre-Dame de Paris (também conhecido como O Corcunda de Notre-Dame), essa vertente romântica é caracterizada por representar a miséria do povo e denunciar as mazelas sociais que ocorriam com as parcelas marginalizadas da sociedade.
· Romantismo nacionalista: Ainda sob influência de Victor Hugo, assim como dialogando com fatos históricos fundamentais para compreender os séculos XVIII e XIX (tais como a Revolução Francesa ou, no Brasil, a chegada da Família Real em 1808), diversos autores construíram obras com forte tom nacionalista. O movimento indianista brasileiro, produzido por autores como Gonçalves Dias e José de Alencar, dialoga com essa tendência.  
VISÃO INDIGENA no Romantismo Nacionalista
Que visão você tem do indígena? Um ser remoto, do nosso passado? Alguém que teve sua cultura bastante alterada e vem perdendo sua identidade? Um cidadão com outro qualquer?
Entre os temas cantados na literatura brasileira, o indígena ocupa lugar de destaque. Nas próximas aulas, você vai ver a imagem que autores do século XIX construíram do nativo brasileiro. Será que a sua visão se assemelha à de um deles? Vamos descobrir.
→Leia a letra da canção. Durante a leitura, observe que, no título e em algunsversos que se repetem ao longo do texto, está bem explícita a identificação entre o nativo e o Brasil: ele é definido como Brasil e o Brasil é definido como indígena.
	O índio é o Brasil
	É... Brasil é o índio
É… e o índio é o Brasil
É Brasil é o índio
É e o índio é o Brasil
Tupi, Tamoio, Tapuia, Tupinambás
Gente que a gente nem sabe mais
Jês, Kaiapó, Kaingangs, Aimorés
Dos rios e matas, igarapés.
Tudo isso é... Brasil é o índio
É... e o índio é o Brasil
	A terra é Bororó
Cerrado é Caiapó
São donos disso aqui
Não tem mais Guaicurus,Goitacás
Os rios tão sujos demais.
Tupi, Tamoios, Xavantes, Pataxós
Yanomâmis, Caiapós
Jês, Tremembés, Caingangues, Aimorés
Esse é o Brasil que a gente quer.
Tudo isso é… Brasil é o índio
É… e o índio é o Brasil
	VALLE, Marcos; VALLE, Paulo Sérgio; CANTUÁRIA, Vinícius. Escape. São Paulo: Trama, 2002
 Atividades 
→A relação do nativo com a natureza também é evidenciada na canção. 
1. Destaque o(s) verso(s) que expressa(m):
a. Elementos próprios do ambiente em que, tradicionalmente, vivem os indígenas.
R. __________________________________________________________________________________ 
____________________________________________________________________________________
b. Relação entre a destruição da natureza dos nativos.
R. ____________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________
2. Observe a imagem e leia a legenda com atenção. Em seguida, reflita o que a obra revela sobre o contato dos indígenas com a natureza. Após escreva quais foram suas reflexões.
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Ponte de cipó, de Johann Moritz Rugendas, litografia. In: Viagem pitoresca através do Brasil, (c. 1835). Os nativos e a natureza brasileira chamam a atenção do olhar estrangeiro desde os primeiros viajantes que aqui aportaram. No século XIX, Rugendas, integrantes da expedição Langsdorff, viajou pelo país e registrou paisagens e costumes de nossa terra.
O texto que você vai ler agora é o segundo capítulo do romance Iracema, publicado em 1865. Nesse romance, situado nas matas brasileiras do século XVI, narra-se o envolvimento amoroso entre Iracema, uma jovem Tabajara, e Martim, um português. Apesar dos obstáculos que se colocam entre o casal apaixonado, o amor se concretiza e dele nasce Moacir, “filho da dor”. José de Alencar criou, além de uma emocionante e poética história de amor, uma lenda para a formação histórica e ética do cearense e, por extensão, do brasileiro. 
Será que a personagem Iracema está mais próxima de uma narrativa real ou de uma indígena idealizada? Vamos conferir.
IRACEMA
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. As vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru te palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão.
Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se.
Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
 (
GLOSSÁRIO
Aljôfar:
 gotas de água assemelhadas a pérolas muito miúdas.
Ará:
 periquito.
Campear:
 viver em acampamento.
Crautá:
 espécie de bromélia.
Esparzi:
 espalhar.
Gará:
 ave típica de áreas pantanosas.
Ignoto:
 desconhecido.
Ipu:
 região de terra bastante fértil.
Juçara:
 palmeira de grandes espinhos.
Lesto:
 rápido, ágil.
Oiticica:
 árvore frondosa.
Quebrar a flecha:
 maneira simbólica de estabelecer a paz entre indígenas.
Rorejar:
 molhar com pequenas gotas como o orvalho.
Uiraçaba:
 estojo próprio para guardar e transportar flechas.
Uru:
 cesto em que se guardam objetos
)Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada, mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d'alma que da ferida.
O sentimento que ele pos nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.
A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.
O guerreiro falou:
—Quebras comigo a flecha da paz?
—Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro guerreiro como tu?
—Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.
—Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de Iracema.
ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Ática, 1995. p. 16-18.
 (
COMPREENSÃO TEXTUAL
 
)
1. No capítulo lido, a personagem principal é apresentada ao leitor. Escreva algumas características dessa personagem.
a. Características físicas.
R._____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________
b. Habilidades (o que sabe fazer).
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________ 
2. Localize no texto os parágrafos referentes:
a. À situação inicial – Iracema e natureza em perfeita harmonia;
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________
b. À desestabilização da situação inicial;
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________
c. À volta a uma situação estável.
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________ 
3. Ao perceber a presença de um estranho na floreta, Iracema tem uma reação instintiva e atira uma flecha no “guerreiro branco”.
a. De acordo com o texto, por que o “guerreiro branco” não reagiu agressivamente ao “ataque” de Iracema?
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________
b. Por que ele sofreu “mais d’alma da ferida”? Que traços culturais estão implícitos nessa “não reação”?
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________c. Como Iracema se sentiu logo depois de ter ferido o estranho? O que ela fez em seguida?
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________ 
4. O que o primeiro contato entre Iracema e Martin, o “guerreiro branco”, revela sobre:
a. O caráter das personagens; 
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________
b. Um possível envolvimento amoroso entre as personagens; 
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________
c. A visão do autor sobre a relação entre colonizador e nativo.
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________ 
5. Que relação há entre o verso “São donos disso aqui”, da canção “O índio é o Brasil”, e a seguinte fala de Martim: “Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus”?
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________
Embora escrita em prosa, alguns dos recursos empregados em Iracema dão à obra um tom mais poético. Para caracterizar a protagonista, foram empregadas várias comparações. 
6. Releia o trecho a seguir.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
a. Agora, complete o quadro indicado os termos de cada comparação presente no trecho lido.
	Elemento comparado (1)
	Aspecto em comem
	Elemento comparado (2)
	Cabelos
	(Mais) Negros
	Asas da Graúna
	
	
	Talhe de Palmeira
	Sorriso
	Doce
	
	
	Perfumado
	
b. Observe os elementos com os quais Iracema foi comparada. Podemos afirmar que a apresentação da personagem Iracema reforça a relação entre indígena e natureza? Justifique sua resposta.
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________
c. Retome o texto e identifique outras comparações nele presentes.
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________ 
7. De certo modo, os elementos da natureza ganham vida e parecem exercer ações voluntárias em relação a Iracema. Observe.
Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
Como a natureza se “comporta” em relação a Iracema?
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________ 
8. A caracterização da personagem e do espaço a ela integrado traz ao leitor a impressão de que os elementos ligados aos cinco sentidos se misturam, formando uma imagem paradisíaca. Identifique elementos referentes à visão, à audição, ao olfato, ao tato e à gustação que contribuem para a composição desse quadro.
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________ 
9. Com base na leitura do texto e nas atividades realizadas anteriormente, responda: a personagem Iracema está mais próxima de uma nativa real ou idealizada? Por quê?
R. _____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________ 
 (
 HISTÓRIA LITERÁRIA
)
A presença do indígena na literatura se mostra inicialmente nos documentos escritos pelos primeiros viajantes europeus, que tinham como principal finalidade enviar para a Europa informações sobre “a nova terra e a nova gente”. Tempos depois, já no século XVIII, duas obras do gênero épico merecem destaque: O Uruguai, de José Basílio da Gama (1740-1795), e Caramuru, de Santa Rita Durão (1722 – 1784). A primeira conta a história da luta entre os nativos das missões jesuítas e o exército formado por espanhóis e portugueses; a segunda tem como tema a conquista da Bahia pelo náufrago português Diogo Álvares Correia e manifesta traços nitidamente nativistas ao enaltecer a paisagem brasileira e os costumes indígenas.
Entretanto, como vimos, foi no século XIX que o nativo se tornou protagonista das obras literárias. José de Alencar (1829-1877), um dos mais conhecidos romancistas do século XIX, tinha consciência do papel da literatura na formação da cultura nacional e na definição de uma identidade brasileira. Numa sociedade sem rádio, TV, cinema, revistas ou internet, os textos literários, bem como os jornais, cumpriam um importante papel na circulação de valores e na formação da opinião pública de um país que deixará de ser colônia de Portugal havia pouco e precisava “ver-se” como uma nação independente.
Recuperando nosso passado histórico, Alencar dividiu o período de formação do Brasil e de seu povo em três fases e escreveu um romance indianista relacionado a cada uma delas. Ubirajara, situado antes da chegada dos portugueses ao Brasil; Iracema, ambientado no período inicial da colonização; e O guarani, desenvolvido num período mais avançado do processo de colonização.
No século XIX, a tendência nacionalista em voga na Europa motivou escritores europeus a buscar heróis em seu passado histórico, mais precisamente na Idade Média, época dos nobres e honrados cavaleiros. Na literatura brasileira, o papel de herói foi ocupado pelo indígena, identificado, por seus valores positivos, com o cavaleiro medieval. É o caso, por exemplo, de Peri, personagem de O guarani. É bom lembrar que, em todas essas obras, a imagem que se constrói do indígena é idealizada. Na visão romântica de mundo, o indígena se recobre de valores positivos, heroicos, e vive em um ambiente fabuloso, de beleza paradisíaca e de grandiosos perigos. Para compor esse retrato, o autor romântico recorre a forte doses de fantasia e tenta emocionar os leitores exagerando na expressão dos sentimentos.
Além de José de Alencar, Gonçalves Dias (1823-1864) se destacou na produção de obras indianistas. Em seu poema “I-Juca-Pirama”, um guerreiro Tupi se torna prisioneiro dos Timbira, por quem deverá ser morto. Porém, preocupado com o pai cego, doente e sozinho, o tupi pede para não morrer. Tal atitude é vista como covarde pelos inimigos, que soltam o prisioneiro “sem valor”. Também o pai se envergonha e rejeita o filho. Para se redimir, o bravo nativo entrega-se ao inimigo, mostrando-se como Juca Pirama, “aquele que é digno de ser morto”. Por fim, o chefe Timbira concede-lhe a vida por causa de sua coragem.
O trecho que você vai ler faz parte do Canto I, de “I-Juca-Pirama”.
	Canto I
	No meio das tabas de amenos verdores, 
Cercadas de troncos — cobertos de flores, 
Alteiam-se os tetos d’altiva nação; 
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, 
Temíveis na guerra, que em densas coortes 
Assombram das matas a imensa extensão. 
São rudes, severos, sedentos de glória, 
Já prélios incitam, já cantam vitória, 
Já meigos atendem à voz do cantor: 
São todos Timbiras, guerreiros valentes! 
Seu nome lá voa na boca das gentes, 
Condão de prodígios, de glória e terror!
[...]
No centro da taba se estende um terreiro, 
Onde ora se aduna o concílio guerreiro
	Da tribo senhora, das tribos servis: 
Os velhos sentados praticam d’outrora, 
E os moços inquietos, que a festa enamora, 
Derramam-se em torno d’um índio infeliz.
[...]
Por casos de guerra caiu prisioneiro 
Nas mãos dos Timbiras: — no extenso terreiroAssola-se o teto, que o teve em prisão; 
Convidam-se as tribos dos seus arredores, 
Cuidosos se incumbem do vaso das cores, 
Dos vários aprestos da honrosa função
	DIAS, Gonçalves. I-Juca-Pirama. Porto Alegre: L&PM, 1997
1. Os versos que introduzem o Canto I referem-se aos Timbira, que capturaram o Tupi. Que características desses nativos são evidenciadas?
R._____________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________
2. Os Timbira preparam-se para algum tipo de cerimônia, que envolve o “o indígena infeliz”. Pensando-se nas tradições indígenas, qual seria a “honrosa função” que estariam preparando?
R._____________________________________________________________________________ 
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Uma das características marcantes dos poemas indianistas de Gonçalves Dias é o trabalho com o ritmo.
3. Leia em voz alta uma das estrofes do Canto I. Se quiser, bata a mão sobre seu caderno nas sílabas mais fortes, marcando o ritmo do poema. Você percebe alguma semelhança entre o resultado da “batida” e o assunto do poema?
R._____________________________________________________________________________ 
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4. Vamos descobrir o que o poeta fez. Observe a divisão em sílabas poéticas dos dois primeiros versos da quarta estrofe. São versos de onze sílabas poéticas, também conhecidos como hendecassílabos. Observe também a sucessão de sílabas fortes e fracas em intervalos regulares, marcando o ritmo do poema.
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	10
	11
	Por
	ca
	sos
	de
	guer
	ra
	ca
	iu
	pri
	sio
	nei
	Nas
	mãos
	dos
	Tim
	bi
	ras
	no ex
	ten
	so
	ter
	rei
5. Divida o terceiro e o quarto versos dessa estrofe em sílabas poéticas. Lembre-se de que se conta até a última sílaba forte (tônica). Algumas vezes, reunimos na mesma sílaba poética o encontro de dois sons vocálicos numa só emissão de voz – pela igualdade dos sons vocálicos, pela formação de ditongo (semivogal e vogal) e pelo desaparecimento de uma das vogais na pronúncia.
R. _____________________________________________________________________________ 
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6. Após dividir as sílabas poéticas, releia o Canto I em voz alta. Observe que há uma pausa entre a quinta e a sexta sílaba poéticas, algumas vezes marcada pela própria pontuação do poema. Ouviu os tambores? 
R._____________________________________________________________________________ 
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HISTÓRIA E PRODUÇÃO LITERÁRIAS NO BRASIL
Ainda idealizamos o indígena?
No início do século XX, autores modernos, fazendo uma nova reflexão sobre a identidade nacional, dialogaram com os textos românticos, descontruindo algumas das imagens formadas pelos indianistas daquele período. Já na segunda metade do século XX, o romance Quarup, de Antônio Callado, apresenta o nativo em uma perspectiva mais próxima da realidade.
No entanto, assim como uma visão romântica de mundo pode ser observada também nos dias de hoje, a idealização do indígena ainda é notada.
Observe, no trecho a seguir, como a Fundação Nacional do índio (Funai) manifesta-se a esse respeito:
	
As populações indígenas são vistas pela sociedade brasileira ora de forma preconceituosa, ora de forma idealizada. O preconceito parte, muito mais, daqueles que convivem diretamente com os índios: as populações rurais. Dominadas política, ideológica e economicamente por elites municipais com fortes interesses nas terras dos índios e em seus recursos ambientais, tais como madeira e minérios, muitas vezes as populações rurais necessitam disputar as escassas oportunidades de sobrevivência em sua região com membros de sociedades indígenas que aí vivem. Por isso, utilizam estereótipos, chamando-os de “ladrões”, “traiçoeiros”, “preguiçosos”, “beberrões”, enfim, de tudo que possa desqualificá-los. Procuram justificar, dessa forma, todo tipo de ação contra os índios e a invasão de seus territórios.
Já a população urbana, que vive distanciada das áreas indígenas, tende a ter deles uma imagem favorável, embora os veja como algo muito remoto. Os índios são considerados a partir de um conjunto de imagens e crenças amplamente disseminadas pelo senso comum: eles são os donos da terra e seus primeiros habitantes, aqueles que sabem conviver com a natureza sem depredá-la. São também vistos como parte do passado e, portanto, como estando em processo de desaparecimento, muito embora, como provam os dados, nas três últimas décadas, tenha se constatado o crescimento da população indígena.
Só recentemente os diferentes segmentos da sociedade brasileira estão se conscientizando de que os índios são seus contemporâneos. Eles vivem no mesmo país, participam da elaboração de leis, elegem candidatos e compartilham problemas semelhantes, como as consequências da poluição ambiental e das diretrizes e ações do governo nas áreas da Política, Economia, Saúde, Educação e Administração Pública em geral. [...]
Disponível em: <www.funai.gov.br>. Acesso em:10 jan.2012.
 (
COMPREENSÃO TEXTUAL 
)
O texto parte da seguinte declaração:
“As populações indígenas são vistas pela sociedade brasileira ora de forma preconceituosa, ora de forma idealizada.”
1. Localize no texto as informações que se referem à visão preconceituosa e aquelas que se referem à visão idealizada.
R. _____________________________________________________________________________ 
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2. Como a Funai explica a visão preconceituosa?
R. _____________________________________________________________________________ 
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3. Como a Funai explica a visão idealizada?
R. _____________________________________________________________________________ 
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4. De acordo com o texto, está havendo transformações, pelo menos em alguns segmentos da sociedade, no que se refere à forma de ver o indígena. Que transformações são essas?
R. _____________________________________________________________________________ 
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5. A sua visão sobre o nativo aproxima-se mais de qual das apontadas pelo texto? Justifique sua resposta.
R. _____________________________________________________________________________ 
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 Produção Textual
)
Em 2000, o Instituto Socioambiental (ISA) encomendou ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) uma pesquisa de opinião sobre o que os brasileiros pensavam sobre os indígenas. Duas mil pessoas de todo o Brasil (homem e mulheres, eleitores, com mais de 16 anos) responderam a vinte perguntas. A seguir, são apresentados alguns resultados dessa pesquisa. Reúna-se em grupo e leia cada um dos gráficos. Em seguida, responda à seguintequestão: de acordo com esses dados, os brasileiros têm uma visão mais positiva ou negativa dos nativos?
	GRÁFICO 1
	GRÁFICO 2
	
· Os indígenas conservam a natureza e vivem em harmonia com ela?
	
· Os indígenas não são preguiçosos, apenas encaram o trabalho de forma diferente de nós?
	GRÁFICO 3
	GRÁFICO 4
	· Os indígenas são violentos e perigosos?
	· Os indígenas são violentos apenas com os que invadem suas terras?
Fontes dos gráficos: Instituto Socioambiental. Disponível em <www.socioambiental.org>. Acesso em: 10 jan. 2012
 (
Proposta de Redação
)
Você vai elaborar um relatório cujo objetivo é apresentar sua interpretação dos dados revelados nos gráficos, ou seja, se a visão dos brasileiros sobre os indígenas é positiva ou negativa. O seguinte roteiro poderá auxiliar você a planejar e a redigir seu texto.
1. Inicialmente, escreve um parágrafo de introdução, informando ao leitor quem realizou a pesquisa, quantas pessoas foram entrevistadas, quando e onde foi realizada e com que finalidade.
2. A seguir, apresente as informações observadas nos gráficos.
3. Por fim, escreva uma conclusão para seu texto com base na resposta à pergunta da atividade anterior: de acordo com os dados observados, os brasileiros têm uma visão mais positiva ou negativa dos indígenas?
4. Lembre-se de que relatórios que informam resultados de pesquisa são apresentados em situações mais de comunicação. Assim, a linguagem adequada a ser empregada também deve ser mais formal, sem traços de oralidade, como gírias ou abreviações de palavras (tá, pra etc) A norma culta da língua deve ser respeitada.
5. Consulte o quadro seguinte, que apresenta algumas palavras e expressões que podem ser úteis durante a redação do seu texto:
	Palavras e expressões
	Expressam
	E, também, nem, tanto (isso) como (aquilo), não só (isso) mas também (aquilo), além de, além disso etc.
	Adição
	Quanto a, no que diz respeito a, no que se refere a etc.
	Introdução de um novo tópico
	Em primeiro lugar, em segundo lugar, em seguida etc.
	Ordenação
	Em conclusão, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, em resumo, em síntese, em suma, enfim, como se pode notar etc.
	Conclusão, síntese conclusiva
6. Escreva o texto e revise-o. em seguida, troque seu relatório com o de um colega para que um leia o trabalho do outro. Verifique se a interpretação que cada um fez dos dados observados é semelhante ou não. Por fim, troque ideias com seus colegas (se possível), seus pontos em comum e suas diferenças. Se achar necessário, faça sugestões de melhoria para o texto do colega.
7. Os textos poderão ser divulgados, em outro momento, na escola.
8. Redija seu texto final nas linhas abaixo.
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