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QUANDO UTILIZAR UMA BOMBA DE DESLOCAMENTO POSITIVO A escolha entre utilizar uma bomba positiva ou uma bomba centrífuga nem sempre é uma tarefa simples. Para uma melhor decisão na escolha entre os dois tipos de bomba é muito importante compreender que ambas se comportam de forma muito diferente, conforme é possível observar‐se nos gráficos a seguir. A curva de desempenho abaixo (Fig. 1) mostra de uma forma clara a diferença de comportamento dos dois tipos de bomba. A BC terá sensível variação do fluxo dependendo da pressão na saída da bomba, ao passo que a bomba de deslocamento positivo mantém basicamente a mesma vazão independente da pressão na linha. Fig. 1 ‐ Curvas características de bombas centrífugas (preto) x bomba positiva (vermelho). Outra grande diferença entre os dois tipos de bomba é o efeito que a viscosidade tem sobre a capacidade da bomba. Você irá notar no gráfico de capacidade (Fig. 2), de que forma a BC perde vazão na medida em que a viscosidade aumenta, ao passo que a BP na verdade aumenta o seu fluxo. Isso se deve ao fato que líquidos com alta viscosidade, preenchem as folgas da bomba causando uma eficiência volumétrica maior. Este gráfico mostra somente o efeito da viscosidade sobre o fluxo da bomba. Lembre se que quando existir uma variação de viscosidade, deverão ocorrer também grandes perdas de carga na tubulação do sistema. Isso significa que você deverá calcular nova vazão da bomba, a partir do primeiro gráfico devido a mudanças na pressão de recalque. Fig. 2 ‐ Comparativo de capacidades de bombas em função da viscosidade 0 500 1000 1500 2000 25 50 75 100 Viscosidade SSU C ap ac id ad e % Centrífuga Positiva Os dois tipos de bomba também se comportam de maneira diferente quando consideramos a eficiência mecânica (rendimento). Verificando o gráfico de eficiência abaixo (Fig. 3), você poderá notar o impacto das mudanças de pressão sobre a eficiência das bombas. Mudanças de pressão têm pouco efeito na eficiência da BDP, mas um efeito considerável sobre a BC. Fig. 3 Rendimento x altura manométrica total. Outra consideração é a respeito do NPSH requerido. Numa BC varia em função da vazão que é determinada pela pressão. Numa bomba de deslocamento positivo o NPSH requerido varia como uma função da vazão que é determinada pela velocidade do eixo da bomba ou rotação da mesma. Quanto mais baixa é a rotação da BP mais baixo é o NSPH requerido. Outra questão importante quando comparamos os dois tipos de bomba é que a BC tem seu melhor rendimento no centro da curva. Quando você se move, tanto para direita quanto a esquerda da curva, considerações adicionais entram em questão. Se você se mover o suficiente para esquerda ou para direita, a vida da bomba é diminuída ou por causa de deflexão do ixo ou por causa da cavitação aumentada. Com uma BP você pode operar a bomba em qualquer ponto da curva. Na verdade a eficiência volumétrica melhora na medida em que se trabalha com maiores rotações numa BP. Isso é devido o fato da eficiência volumétrica ser afetada pelo escorregamento (slip*) que é constante na BP. *slip: quantidade ou volume de produto que fica circulando dentro da bomba sem conseguir sair, devido a pressão elevada na saída da bomba. Quanto maior o volume circulando dentro da bomba, menor será a eficiência da mesma. Em baixas rotações, o percentual de escorregamento é maior, do que em altas rotações. Os dados apresentados nestes gráficos se referem a uma aplicação especifica real. O gráfico da BC foi escolhido no melhor ponto de eficiência (MPE) e a BP (tipo engrenagem interna) foi escolhido para atender a vazão, a viscosidade e a pressão no mesmo exemplo. Aplicações diferentes terão curvas e eficiências diferentes. Estas curvas são apresentadas como exemplo do comportamento dos dois modelos de bomba, centrífuga e positiva, para uma mesma aplicação. 40 15 20 25 30 50 60 70 80 Altura manométrica ‐ mcl R e n d im e n to % Centrífuga Positiva Bombas positivas (BP) x Bombas centrifugas(BC) Bombas de deslocamento positivo deslocam uma quantidade de constante de liquido para cada rotação do eixo da bomba. Em geral, isso é realizado por elementos de bombeamento (engrenagens, lóbulos, palhetas, parafusos) se movimentando de uma forma a expandir volumes e permitir que o líquido entre pela bomba. Esses volumes são contidos pela geometria da bomba até que os elementos de bombeamentos se movam de uma forma a reduzir os volumes e forçar o líquido para fora da bomba. Os fluxos das BDP não são praticamente afetados pelo diferencial de pressão, o fluxo é continuo e sem pulsações. BDP têm folgas internas muito reduzidas, que minimizam a quantidade de liquido que fica circulando dentro da bomba (escorregamento ou slip). Por isso elas são muito eficientes. Bombas positivas funcionam bem com uma grande gama de viscosidades, particularmente altas viscosidades. Bombas centrifugas diferem das bombas rotativas no sentido que elas dependem da energia cinética ao invés de meios mecânicos para movimentar o líquido. O líquido entra na bomba pelo centro de um impelidor girante e ganha energia, na medida em que se move para diâmetro externo do impelidor. As BC podem transferir grandes volumes de liquido, mas, a eficiência e o fluxo caem rapidamente na medida em que a pressão e a viscosidade aumentam. Tabela comparativa Fonte: RZR ‐ Bombas Positivas Ltda. http://www.rzrbombas.com.br/ Comparativo: Bomba Positiva x Bomba Centrifuga Bomba Positiva Bomba Centrifuga Max. Viscosidade (CST / SSU) 1.320.000 / 6.000.000 550 / 2.500 Max. Capacidade m³/ h / GPM 750 / 3.300 27.250 / 120.000 Eficiência E M Custo Energético E M Auto-aspirante SIM NÃO Controle de fluxo E F Custo de ciclo de vida B B Custo inicial M E E = Excelente , B = Bom, M = Médio , F = Fraco Cuidados a serem tomados na seleção e operação de bombas. a) Bombas centrífugas As bombas centrífugas, por trabalharem com a força centrífuga e serem de propulsor aberto, estão muito sujeitas a cavitação e portanto a perda de carga na sucção deve ser a menor possível. Desnecessário dizer o que ocorre com um rotor de uma bomba centrífuga sujeito a cavitação, como mostrado na imagem abaixo. Elas somente podem ter sua vazão ajustada através de válvula de controle instalada no recalque da mesma ou eventualmente através variação de rotação por um inversor de frequência. Na escolha da bomba centrífuga deve‐se observar o seguinte: • A curva da bomba não deverá estar no limite de diâmetro máximo nem de diâmetro mínimo para o rotor. • A pressão de trabalho não deverá estar próxima da pressão de “shut off” ou seja, maior pressão atingida com vazão zero, pois a vazão irá oscilar com pequenas alterações de vazão. • A vazão de trabalho não deverá estar próximo á vazão máxima da bomba, pois a pressão irá oscilar constantemente. • O ponto de trabalho da bomba deve se situar próximo á região de maior rendimento. • As curvas para bombas centrífugas são traçadas sempre se levando em consideração água limpa. Para outros fluidos, a potência consumida deve ser corrigida em função da densidade do líquido e de sua viscosidade. b) Bombas volumétricas As bombas volumétricas somente podem ter sua vazão ajustadapela variação de rotação. Elas têm capacidade de sucção maior que as bombas centrífugas, mas também são sujeitas à cavitação. Devem ser dotadas de válvula de segurança à saída, pois a obstrução da mesma irá causar um aumento indefinido da pressão podendo danificar seriamente a bomba ou a instalação. O cuidado a ser observado na seleção de uma bomba deste tipo é a rotação de trabalho. Quanto maior a rotação, maior será o desgaste, portanto menor será a vida útil da bomba. Outro ponto a ser observado é quanto ao trabalho com líquidos muito viscosos, em que a rotação da bomba não deve ser elevada para permitir que o produto chegue à bomba em vazão compatível. Deve ainda ser tomada por ocasião da seleção, precaução similar á escolha de bombas centrífugas. Renato Dorsa / José C. Caranti ‐ 2018. www.dorsa‐caranti.com.br
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