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ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 1 Metodologia de Implantação de Ferramentas Lean Construction Methodology of Implantation of Tools Lean Construction (1) Verônica Gomes Bittencourt (2) Valquíria Claret dos Santos (1) Graduando Engenharia Civil – Universidade Federal de Itajubá (2) Professora Doutora, Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá Universidade Federal de Itajubá, Instituto de Recursos Naturais – Av. BPS, 1303, Pinheirinho, Itajubá, MG - Brasil Resumo Nos dias atuais, as empresas precisam se atualizar e encontrar formas de aumentar a produtividade, diminuir os desperdícios, sem perda de tempo, dinheiro e qualidade, por isso a metodologia Lean tem se tornado cada vez mais importante neste cenário, pois possui ferramentas que ajudam a alcançar estes objetivos, como por exemplo: SIPOC/VSM, Trabalho Padrão, Gestão Visual e 5 S’s. Este trabalho analisa a forma de gestão de uma obra de construção de um Teatro de Arena, com o objetivo de identificar oportunidades de aplicação das ferramentas do conceito Lean na gestão dos processos construtivos. Para isto, primeiramente fez-se o acompanhamento da obra, registrando os diversos processos aplicados, citando os principais como exemplo: Concretagem, acabamento, etc. em seguida os processos foram analisados segundo os princípios do Lean Construction. Baseado neste trabalho foi possível criar uma sugestão de metodologia de implantação das ferramentas do Lean Construction anteriormente citadas, para a obra estudada, visando o aumento da produtividade, eliminação dos desperdícios, consequentemente uma significativa redução de prazos, custos e aumento da qualidade apresentada. Palavra-Chave: Lean Construction, metodologia, produtividade. Abstract Today, companies need to update themselves and find ways to increase productivity, reduce waste, without wasting time, Money and quality, so the Lean methodology has become increasingly important in this scenario as it has tools that help to achieve these objectives, such as: SIPOC/VSM, Standard Work, Visual Management and 5 S’s. This work analyzes the management of a construction work of an Arena Theater, with the objective of identifying opportunities to apply tools of the Lean concept in the management of the construction processes. For this, the work was first followed up, recording the various processes applied, citing the main ones as an example: Concreting, finishing, etc. then the processes were analyzes according to the principles of Lean Construction. Based on this work, it was possible to create a suggestion of methodology for the implementation of Lean Construction tools previously mentioned, for the work studied, aiming to increase productivity, elimination of waste, consequently a significant reduction of deadlines, cost and increased quality presented. Keywords: Lean Construction, methodology, productivity. ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 2 1 Introdução O mercado está cada vez mais competitivo e as empresas precisam encontrar meios para aumentar a produtividade e diminuir o tempo e o custo em suas linhas de produção. Na manufatura, a solução está na produção enxuta, que visa produzir o necessário, com o mínimo necessário, objetivando a eliminação dos desperdícios. Este tipo de produção é chamado de Lean Production. Em 1992, Lauri Koskela começou estudos sobre a aplicação deste tipo de produção na indústria da construção, o Lean Construction (LC). Koskela (1997) percebeu que era necessário modificar algumas das fundamentações da LC, pois a indústria da construção possui algumas peculiaridades, como: natureza única dos projetos, produção no local e multiorganização de diferentes especialidades de caráter temporário. Como a introdução desta filosofia de produção é muito recente na construção civil, existem ainda obstáculos em sua implantação. Por isto, é muito importante que estudos sejam feitos, para que os benefícios do uso da metodologia possam ser mensurados e que as duvidas e receios do mercado sejam sanados. Este trabalho irá propor algumas ferramentas do conceito Lean que podem ser utilizadas para eliminar os desperdícios encontrados na obra em estudo, espera-se proporcionar maior facilidade na implantação das ferramentas em execuções futuras. O objeto de estudo deste trabalho é a obra de um teatro arena, com capacidade para 500 pessoas, de um Parque da Cidade e tem como objetivo analisar os processos utilizados durante a fase de execução e indicar um método que pudesse ter sido utilizado para aplicação do LC. 2 Revisão Bibliográfica 2.1 Desperdícios Segundo Taiichi Ohno (1988), desenvolvedor do Sistema Toyota de Produção (Lean Manufacturing), que é uma filosofia de gestão que tem por objetivo a eliminação integral do desperdício e o aumento da produtividade. Desperdícios são atividades que não agregam valor ao produto e podem se apresentar de sete maneiras: • Superprodução; • Espera/atraso; • Transporte; • Processamento; • Inventário; • Movimentação; • Defeitos A Tabela 1 mostra a comparação de como estes desperdícios se apresentam, tanto na manufatura quanto na construção civil. ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 3 Tabela 1 – Comparação entre desperdícios ((Adaptado de Al-Aomar, 2012) Desperdício Processo de manufatura Processo de Construção Civil Superprodução Quantidades produzidas acima do necessário ou antecipadamente. Períodos de inatividade e ocupação excessiva de espaço. Espera/Atraso Material parado esperando o processamento dentro da mesma operação ou para a próxima. Atraso de entrega de trabalho, atividades que começam atrasadas, interrupções durante o trabalho e atividades ineficazes. Transporte Transporte de materiais ou produtos, utilização de meio de transporte inadequado e/ou ineficiente. Transporte de materiais e materiais em espera. Processamento Atividades que consomem recursos, mas não agregam valor sob a perspectiva do cliente. Longos processos de aprovação, necessidade de esclarecimentos, excessivos tempos de treinamento, medidas de segurança, supervisão, equipamentos e recursos superqualificados. Inventário Estoque de materiais e produtos, acabados ou não. Materiais danificados e roubados. Movimentação Excesso de movimentação e/ou deslocamento para executar atividade. Incapacidade de utilização apropriada de maquinas, pessoas especificas. Defeitos Produtos fora de especificação, refugados ou retrabalhados. Reparação e retrabalho, quebra de equipamentos, erro de projeto e execução, trabalhos inacabados e defeituosos. ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 4 2.2 Ferramentas O sistema de produção enxuta utiliza de algumas ferramentas para atingir seu objetivo. Neste trabalho serão estudadas as seguintes ferramentas: SIPOC/VSM (Value Stream Map), Trabalho padrão, Gestão Visual e 5 S’s. 2.2.1 SIPOC/VSM (Value Stream Map) SIPOC é a sigla para Suppliers-Inputs-Process-Outputs-Costumers, é um diagrama que mostra todo o processo em alto nível em não mais de 6-8 passos. Identifica as entradas necessárias para que o processo opere, e quem são os fornecedores; e as saídas do processo, e quem são os consumidores dele. O último estágio é importante para identificar quem são os avaliadores das saídas. Mesmo mostrando em alto nível os passos do processo, ele não ajuda a identificar os desperdícios. (ATTARD, 2014). Já o diagrama VSM (Value Stream Map) mostra o fluxo do produto ou serviço durante o processo, e o fluxo de informações que gerencia o processo. Mostra as entradas e saídas de cada passo do processo (ATTARD, 2014). Ainda para Attard (2014), é necessária a utilização dos dois sistemas, pois: • As fronteirasdos processos não são sempre claras. O SIPOC ajuda a especificar em qual ponto um processo termina e o outro começa. • Para fazer o VSM a equipe precisa de um tempo considerável para o nível detalhamento necessário, por isso, se já houver o SIPOC anteriormente a este processo, é possível detalhar apenas os processos mais relevantes para resolver os problemas. Fazendo a equipe considerar os processos inteiros, pelo SIPOC, a equipe dificilmente irá negligenciar os pontos de vista de importantes stakeholder. 2.1.2 Trabalho Padrão Para Mariz e Picchi (2013), o trabalho padrão é: “Uma ferramenta lean básica centrada no movimento do trabalho do operador e aplicada em situações de processos repetitivos visando a eliminação dos desperdícios. Trata-se de estabelecer procedimentos precisos para o trabalho em equipe de cada um dos operadores em um processo de produção.” O trabalho padrão tem como fundamentos (LEAN INSTITUTE BRASIL): Takt time: taxa de produção para atender a demanda; Sequencia: ordem exata das ações que o trabalhador utiliza para realizar sua tarefa dentro do tempo takt; Estoque Padrão: estoque necessário para manter o processo contínuo. Ainda segundo o Lean Institute Brasil, três documentos são básicos para criação do trabalho padrão, que são utilizados pelos engenheiros e supervisores para projetar os processos e pelos operadores para fazerem melhorias, são eles: ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 5 Quadro de capacidade de processo: é um formulário utilizado para calcular a capacidade de processamento de cada maquina, para identificação e eliminação de gargalos. São definidos fatores como o tempo de ciclo, set-up, intervalos de troca de ferramentas e tempos dos trabalhos manuais; Tabela de combinação do trabalho padronizado: este formulário apresenta a combinação do tempo de trabalho manual, tempo de caminhada e tempo de processamento da maquina para cada operador em uma sequencia de produção. Este formulário mostra as interações entre operadores e maquinas, permitindo que seja recalculado o conteúdo do trabalho dos operadores, para que esteja em conformidade com o tempo takt; Diagrama de trabalho padronizado: “este diagrama mostra a movimentação do operador e a localização do material com relação à máquina e ao layout do processo total.” O diagrama deve mostrar os três elementos constituintes do trabalho padrão (takt time, sequência, estoque padrão). Este diagrama normalmente é utilizado como uma ferramenta para a gestão visual, por isto, geralmente, é exposto nas estações de trabalho. O Lean Institute Brasil também faz menção a mais dois documentos, a folha de padrões de trabalho, que “fornece os requisitos operacionais precisos que devem ser seguidos para garantir a qualidade do produto” e a folha de instruções de trabalho, que é utilizada para o treinamento de novos operadores, esta folha lista as etapas do processo e detalha as habilidades especiais necessárias para que o trabalho seja realizado com segurança, qualidade e eficiência. 2.2.3 Gestão Visual “Podemos definir Gestão Visual como um sistema de planejamento, controle e melhoria contínua que integra ferramentas visuais simples que possibilitam que se entenda através de uma rápida ‘olhada’, a situação atual.” (FERRO, 2009) A gestão visual auxilia na transparência da situação, facilitando a rápida identificação de prioridades, dando foco ao processo. Os quadros ajudam na percepção de anormalidades do trabalho padrão, afim de que hajam ações corretivas. A Gestão Visual não é uma forma de a liderança exercer controle sobre os trabalhadores, mas sim uma forma de fornecer ajuda nos pontos onde sejam encontrados problemas, para que estes sejam corrigidos (FERRO, 2009). 2.2.4 Cinco 5 S’s Não se sabe ao certo quem é o criador desta ferramenta, algumas citações dão crédito ao químico japonês Dr. Kaoro Ishikawa, também criador do CCQ (Circulo de Controle da Qualidade). O nome cinco s’s vem da denominação de atividades em japonês, em português são conhecidos como os cinco sensos, citados a seguir: Tabela 1 – 5 Sensos Nome em Japonês Nome em Português Objetivo SEIRI Senso de Utilização Reduzir, manter, reutilizar, disponibilizar e compartilhar recursos úteis; descartar recursos ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 6 inúteis SEITON Senso de Ordenação Planejamento da organização de recursos, otimizar espaço e tempo SEISO Senso de Limpeza Limpar e evitar sujar SEIKETSU Senso de Saúde e Padronização Melhorar a saúde e manter os três primeiros “S” SHITSUKE Senso de Autodisciplina Aprender a conviver, repeitar e aumentar o espírito em equipe A aplicação dos cinco sensos contribui para resolução de alguns problemas comportamentais: Desperdícios, desordem, sujeira, poluição, acidentes, defeitos, indisciplina, desunião, pouco compromentimento, quebra frequente de equipamentos e/ou dificuldade para a implementação de outras melhorias são realidades de várias Organizações e que demoram a ser reconhecidas. São problemas causados, muitas vezes, por deficiência no comportamento das pessoas, de todos os níveis e de todas as áreas. (RIBEIRO, 2006, p. 33) As vantagens de se implementar o 5S são: Sua simplicidade; capacidade de atingir rapidamente todos os níveis da Oganização; produzir resultados de curto, médio e longo prazos; sua eficácia independer do grau de instrução das pessoas e por formar uma base comportamental para implantação de outros programas, de outras ferramentas ou filosofias gerenciais. (RIBEIRO, 2006, p. 51) 3 Metodologia 3.1 A Obra Os processos construtivos do teatro arena foram observados a partir da fundação. Assim, o primeiro processo a ser analisado foi a concretagem do palco, após esta etapa foi a construção dos onze degraus. Todos os degraus foram executados na mesma sequência: 1. Movimentação de terra para nivelar o terreno 2. Coloca-se a forma para concretagem e os níveis 3. Coloca-se pedra sobre o terra 4. Coloca-se a lona sobre a pedra 5. Coloca-se a malha sobre a lona 6. E finalmente concreta-se o piso ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 7 7. Com o concreto molhado põe-se a ferragem necessária para a alvenaria do espelho 8. Monta-se a primeira fiada do espelho com bloco 9. Monta-se a segunda fiada do espelho com canaleta - necessita de corte por causa da ferragem 10. Enche-se as canaletas com concreto Os 7 primeiros passos são realizados no primeiro dia, os outros 3 no segundo dia. Chegamos na média de um degrau para cada dois dias. Figura 1 – Teatro Arena Com o término da obra, foi possível realizar uma análise dos desperdícios encontrados, estes são mostrados na Tabela 3. Tabela 3 – Desperdícios encontrados na obra Dias asas Super produ cão Espera/ Atraso Trans porte Processa mento Demasia do Inventá rio Movimen tação Defeitos Motivos 1 X X Espera e transporte por material no meio do processo 2 X Transporte dos materiais 3 X Formas foram refeitas, concretagem ficou inacabada até o dia seguinte 4 X X X Trabalhadores parados esperando máquina, transporte de água por meio de balde 5 X X X Falta de material, erro na ordem de montagem ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 8 6 X X X Carpinteiro e seus materiais ociosos, além de falta de mais materiais 7 X Obra parada por espera de material 8 X X Chuva estragou a lona e a malha instaladas com muita antecedência 9 10 X As canaletas cortadas na hora do uso, pois o servente tinha medo de utilizar a serra mármore 11 X Esquecimento de uma das etapas do processo 12 X Transporte de pedra 13 X As canaletas cortadas na hora douso, pois o servente tinha medo de utilizar a serra mármore 14 15 16 X As canaletas cortadas na hora do uso, pois o servente tinha medo de utilizar a serra mármore 17 X X Erro na quantidade de material, ocasionando interrupção das atividades 18 X As canaletas cortadas na hora do uso, pois o servente tinha medo de utilizar a serra mármore 19 X X Espera por transporte de material 20 X Blocos posicionados longe do destino final To tal 1 6 10 - - 7 3 Com os dados disponíveis, foi possível escolher as ferramentas para a implantação do Lean. ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 9 4 Resultados Este trabalho propõe uma forma de aplicação de ferramentas lean, visando a eliminação dos desperdícios e aumento da produtividade, por meio de processo de otimização dos recursos necessários e eliminação das esperas e retrabalhos associados as etapas de uma construção. Etapa 1 – Necessidade de uma mudança cultural A filosofia lean necessita de uma mudança de comportamento e da forma de pensar e agir das pessoas envolvidas, pois requer um pensamento constante de melhoria contínua e ações incansáveis na direção de uma melhor organização, limpeza, otimização, padronização e intolerância a esperas e retrabalhos ou qualquer tipo de desperdícios. É importante ter em mente que o Lean não pode ser implantado senão for de cima para baixo, ou seja, para sua implantação, é de extrema importância que a mais alta diretoria esteja de acordo com a filosofia Lean e dê suporte às mudanças necessárias, caso contrário, as ferramentas serão executadas de forma errônea, gerando resultados insatisfatórios e, consequentemente, causando descontentamento e desmotivação dos colaboradores devido à falta de apoio e reconhecimento. Outro ponto de atenção é a necessidade de se aprender a tratar os problemas de forma adequada. O primeiro desafio é aprender a reconhecer os problemas e aceitá-los como oportunidades de melhorias sem procurar culpados e assim focar em resolvê-los. Um fator crucial no sucesso da implantação da filosofia é que ela deve surtir resultados positivos e nunca punitivos, qualquer descuido neste ponto, pode ser fatal para todo o processo de implantação. Etapa 2 – Conquistar o engajamento dos colaboradores para o Lean Os trabalhadores devem ser treinados nas ferramentas Lean e perceberem constantemente o apoio e o reconhecimento da empresa contratante, de forma a aumentar a percepção de parceria entre as partes. E os envolvidos devem reconhecer a sua contribuição para o resultado final. Os trabalhadores do setor da construção não se sentem parte da empresa, por isto é difícil convencê-los a contribuir para o crescimento da organização. Uma possível forma de mudar esta linha de pensamento é apresentar-lhes o projeto, para que eles possam saber que eles estão ajudando a construir algo como um todo. Outra possível forma de conseguir um maior engajamento é com a gratificação por trabalhos bem feitos e resultados conquistados, podem ser com remunerações ou com folgas, por exemplo, mas que valorizem os esforços dos colaboradores. Etapa 3 – Aplicação das ferramentas Como já comentado no trabalho, existem algumas ferramentas que ajudam a alcançar a eliminação dos desperdícios, estas ferramentas são apresentadas novamente na Figura 2. ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 10 Figura 2 – Ferramentas (Acervo pessoal) As ferramentas têm certa ordem de instalação, como mostrada no diagrama. Uma boa estratégia de implantação é realizá-la em pequenos grupos, por exemplo, grupo de arquitetura, grupo de instalações elétricas, grupo de campo, etc., estes grupos podem ser chamados de células, em grandes grupos as ações dos colaboradores podem não ser devidamente reconhecidas ou estes podem não perceber o resultado direto de suas atividades. SIPOC O SIPOC é uma ferramenta que auxilia na delimitação do processo, define suas entradas, saídas e clientes. Um exemplo de SIPOC é mostrado na Tabela 4: As colunas devem ser preenchidas por todas as células, com ajuda de todos os colaboradores que participarem desta célula. Com estes dados bem definidos, é possível saber de quais equipes cobrarem as entradas, entender o que o cliente realmente quer, ou seja, o que agrega valor ao produto, definir qual o real trabalho da equipe envolvida e que indicadores determinam se o trabalho foi bem executado ou não. Os indicadores escolhidos devem ser assertivos, no sentido de que devem monitorar o que é importante, pois o indicador adequado interfere no resultado final. VSM O VSM também é uma ferramenta a ser preenchida por vários colaboradores da equipe, assim ideias de melhoria podem surgir durante o procedimento, porem é importante que tenha um líder e que seja responsável por todo o fluxo. Esta ferramenta ajuda a determinar o fluxo de valor que o produto deve percorrer, assim como a analise da relação do takt time (taxa de produção para atender a demanda), lead time (tempo efetivo que se leva na realização de cada tarefa) e tempos de agregação de valor (tempo gasto em funções que efetivamente agregam valor ao produto). ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 11 Tabela 4 - SIPOC É sempre importante tentar conciliar o lead time com o takt time, pois produzir na quantidade necessária é uma regra base para se conquistar uma produção enxuta. Começa-se o procedimento definindo as premissas do projeto, pré-requisitos para que o trabalho seja executado de forma que agregue valor, ou seja, definir as exigências do consumidor. Definem-se os meios de transporte das informações e de materiais, por telefone, e-mail, manualmente, caminhão, etc.. As etapas do processo devem ser divididas e suas especificações podem ser alocadas no VSM, assim como a quantidade de mão de obra a ser disponibilizada. Um modelo de fluxo de valor é mostrado na Figura 3: Figura 3 – Exemplo de VSM Algumas dicas: ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 12 • Mapeie o estado atual, conheça o fluxo de informações que se tem, para que assim possa-se projetar um fluxo que tenha objetivos definidos. • Começar a analise dos processos finais é melhor, já que eles normalmente definem o ritmo da produção. • O líder responsável pelo preenchimento deve conhecer as informações a serem colocadas no VSM, ele deve ser o mais fiel possível sobre as situações analisadas. • É de extrema importância que se mapeie o fluxo inteiro e não em partes. • Não é necessário desenhar no fluxo de todos os materiais comprados, estes podem ser visualizados melhor de outras maneiras. • Crie ícones para o que achar necessário. Gestão de processo A gestão de processos tem como objetivo operacionalizar as atividades necessárias para suportar o SIPOC e o VSM, definindo ações dos membros, a fim de garantir que as atividades das áreas estejam em sintonia com o que realmente agrega valor ao produto, definindo também, as ações de gestão visual, 5s, trabalho padrão e indicadores do negócio e etc. A gestão de processo pode ser tratada como fluxo de valor ou fluxo por tecnologia (área). Quando se trata por fluxo de valor, todos são responsáveis pelo prazo final, ou seja, se as metas forem atingidas, mérito de todos, porém senão forem atingidas cem por cento, a responsabilidade é distribuída igualmente a todos, neste caso há pontos fortes e fracos: Pontos fortes: • Tem-se maior visão global, com foco no resultado final; • Menor apego ao seu ótimo local. Pontos fracos: • Penalização dos grupos de alto desempenho, quando o resultado final é comprometido; • Risco de desmotivação devido a essas penalizações. Os pontos fortes e fracos do fluxo por tecnologia são mostrados a seguir: Pontos fortes: • Maiorautonomia de indicadores locais, autonomia para prover melhorias internas; • Indicadores de desempenho locais mais adequados às atividades do time. Pontos fracos: • Risco das melhorias locais não contribuírem diretamente para a melhoria global; • Dificuldade de alinhamento dos objetivos entre áreas em direção ao objetivo final. Trabalho Padrão ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 13 O trabalho padrão consiste na padronização das atividades dos colaboradores, quando este é criado, é possível reconhecer as atividades que não agregam valor, pensar em melhorias, definir a qualidade do produto final e o tempo necessário para sua realização. Por isto, na área de construção civil, na qual ocorre grande variabilidade de mão de obra, esta ferramenta torna-se bastante necessária. O trabalho padrão deve ser implantado na melhor pratica já estabelecida, porém não necessita estar perfeito, pois deve-se lembrar sempre que o Lean baseia-se na melhoria contínua, sendo assim, melhorias de realização da tarefa serão conquistadas ao longo do tempo. Como comentado anteriormente, é necessário ter conhecimento do tempo takt, da sequencia do trabalho e do estoque padrão do processo. O tempo takt, na engenharia civil, pode ser calculado pela “razão tempo de produção disponível para o processo (definido no cronogarama) e o numero de unidades repetitivas (pavimento, apartamento)” (FAZINGA, SAFFARO, 2012). Ou seja, encontrando o tempo takt é possível determinar o tempo no qual as atividades devem ser concluídas, assim os trabalhos padrões devem ser planejados para ocorrerem dentro deste prazo especifico Para sequencia do trabalho, é importante identificar cinco pontos-chave do processo: (LIKER e MÉIER apud FAZINGA, SAFFARO, 2012) (a) Segurança (b) Qualidade (c) Produtividade (d) Custo (e) Técnicas especiais O trabalho padrão deve demonstrar a melhor maneira de ser executar uma tarefa, sendo assim, ela deve ser da forma mais segura possível, afim de evitar acidentes, manter uma qualidade especifica, visando o menor índice de defeitos e retrabalhos, deve ser executado no tempo determinado, para que o tempo takt seja cumprido, manter o orçamento estimado e por fim, especificar quais habilidades necessárias para a execução da tarefa. Figura 4 – Exemplo de trabalho padrão ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 14 A Figura 4 é um modelo de como os pontos-chave da tarefa podem ser inicialmente organizados, é importante ter documentos mais detalhados sobre os processos, porem para fins de treinamentos, documentos de fácil entendimento e rápida apresentação são indispensáveis. O estoque padrão é o trabalho em andamento o qual possibilita uma folga na produção, caso algum imprevisto aconteça. Neste caso, a empresa deve analisar o índice de confiança que possui em seus fornecedores, trabalhadores e maquinas. A partir desta analise, pode-se considerar o tamanho do estoque padrão necessário, poderá ser grande, caso o índice de confiabilidade seja pequena, por isto, para a implantação do Lean quanto mais confiável e previsível forem as entradas do processo e sua execução, tanto melhor. Também é possível notar, por causa do trabalho padrão, qualquer variação da produção, pois o estoque padrão existente irá aumentar ou diminuir. É importante que o trabalho padrão seja sempre revisado e analisado, visando a melhoria contínua do processo, como em todas as ferramentas do Lean, há necessidade de se manter todos os controles atualizados e registrar todas as atualizações. Gestão Visual A gestão visual deve ser de fácil analise, como o próprio nome diz, deve ser visual, cores indicativas para erros, acertos e trabalhos que precisam de atenção. É utilizado principalmente para a visualização de indicadores de desempenho. Para sua implantação, é necessário um quadro onde as informações possam ser vistas, de fácil interpretação e analise. Os principais indicadores de desempenho, derivados da gestão de processos devem estar contemplados no quadro. Em um lugar de fácil acesso a todos os colaboradores. É utilizado principalmente para a visualização de indicadores de desempenho, como o do exemplo da Figura 4.5. Figura 5 – Exemplo de indicador de desempenho Painéis de boas práticas Quadro visual disponível para os principais usuários de todas as principais lições aprendidas aplicáveis as suas atividades rotineiras, o que deve ser feito e o que deve ser evitado. Aplicáveis as diversas áreas, como segurança, operação, técnica, etc.. Captura e implantação de boa ideia Complementando a busca e aplicação da melhoria contínua, há ainda a oportunidade da utilização da ferramenta de captura e implantação de boas ideias advindas dos colaboradores em geral. ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 15 Consiste em um processo de disponibilização de um canal de captura de oportunidades identificadas no dia a dia pelos colaboradores, que depois serem registradas, passam por um processo de aprovação que visa avaliar sua viabilidade técnica/financeira, uma vez aprovada, a empresa apoia/financia sua implantação, assim como reconhece/recompensa seus idealizadores sobre as ideias implantadas de fato. 5 S’s No canteiro de obras o 5s não gera grandes desafios para sua aplicação, nem custo significativo, porém “o grade desafio é a manutençao do sistema. Implementar o 5s é fácil; mantê-lo é dfícil.” (GONZALEZ, 2009, P. 50) Esta ferramenta necessita do comprometimento de toda a equipe, além de um encabeçador. É importante que ao ver os primeiros resultados, os colaboradores permaneçam dispostos, pois leva-se tempo para que o programa seja totalmente instalado na empresa. Para sua implantação é necessário realizar um dia para aplicar os três primeiro s’s (utilização, ordenação e limpeza), depois deve-ser definir procedimeno de acompanhamento e indicadores associados, que buscam averiguar se os cinco sensos estão sendo aplicados conforme planejado. Na Figura 4.7 mostra um exemplo de gestão visual para o desempenho dos 5 S. Figura 6 – Exemplo de gestão visual para 5 S ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 16 Referências KOSKELA, Lauri. Lean Production in Construction. In: ALARCÓN, Luis. Lean Construction. Rotterdam: A. A. Balkema, 1997. OHNO, Taiichi. Toyota production system: beyond large-scale production. crc Press, 1988. AL-AOMAR, Raid. A Lean Construction Framework With Six Sigma Rating. International Journal of Lean Six Sigma. V. 3, n. 4. 2012. ATTARD, Jules. Why do I need a SIPOC and a Process Map? Out, 2014. Disponível em: http://www.100pceffective.com/blog/need-sipoc-process-map/. Acesso em: 07 Abril 2017. MARIZ, Renato N., PICCHI, Flávio A.. Método para aplicação do trabalho padronizado. Ambiente Construído. Porto Alegre. V.13, n. 3. Jul/Set 2013. LEAN INSTITUTE BRASIL. O que é trabalho padronizado? Disponível em: http://www.lean.org.br/conceitos/126/o-que-e-trabalho-padronizado.aspx. Acesso em: 06 Abril 2017. FERRO, José R.. Gestão visual para apoiar o trabalho padrão das lideranças. Set, 2009. Lean Institute Brasil. Disponível em: http://www.lean.org.br/colunas/366/gestao- visual-para-apoiar-o-trabalho-padrao-das-liderancas.aspx. Acesso em: 13 Abril 2017. RIBEIRO, Haroldo. A bíblia do 5S, da implantação à excelência. Salvador: Casa da qualidade, 2006. FAZINGA, Wanessa Roberta; SAFFARO, Fernanda Aranha. Identificação dos elementos do trabalho padronizado na construção civil. CEP, v. 86051, p. 990, 2012. GONZALES, Edinaldo Favareto. Aplicando o 5S na construção Civil. 2. ed. Florianópolis: UFSC, 2009.
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