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Obrigação e Integração das normas

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Obrigatoriedade da Lei – Art. 3 LINDB
O art. 3o da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro consagra o princípio da obrigatoriedade (ignorantia legis neminem excusat), prescrevendo: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”.
Como consequência, não se faz necessário provar em juízo a existência da norma jurídica invocada, pois se parte do pressuposto de que o juiz conhece o direito (iura novit curia). Esse princípio não se aplica ao direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário (CPC, art. 337). Embora o juiz tenha o dever de conhecer o direito vigente em todo o país, não está obrigado a saber quais princípios são adotados no direito alienígena, nem as regras especiais a determinado município ou a um Estado federativo, nem ainda como é o costume.
Três teorias procuram justificar o preceito: presunção legal, ficção legal e necessidade social.
A inaceitabilidade da alegação de ignorância da lei não afasta, todavia, a relevância do erro de direito, que é o conhecimento falso da lei, como causa de anulação de negócios jurídicos.
Erro De Direito
é aquele que diz respeito à norma jurídica disciplinadora do negócio. Não se confunde, contudo, com a ignorantia legis, uma vez que esta é o desconhecimento completo da existência da lei, sendo o erro de direito seu conhecimento equivocado, apesar do Código Civil equiparar essas duas noções.
Integridade das normas Jurídicas Art. 4 LINDB
 “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.
Dispõe, com efeito, o art. 126 do Código de Processo Civil: “O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito”.
Ademais, os textos legislativos devem ser concisos e seus conceitos enunciados em termos gerais.
Tal estado de coisas provoca a existência de situações não previstas de modo específico pelo legislador e que reclamam solução por parte do juiz. Como este não pode eximir-se de proferir decisão sob o pretexto de que a lei é omissa, deve valer-se dos mecanismos destinados a suprir as lacunas da lei, que são: a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Efetivamente, sob o ponto de vista dinâmico, o da aplicação da lei, pode ela ser lacunosa, mas o sistema não. Isso porque o juiz, utilizando-se dos aludidos mecanismos, promove a integração das normas jurídicas, não deixando nenhum caso sem solução (plenitude lógica do sistema). O direito estaticamente considerado pode conter lacunas. Sob o aspecto dinâmico, entretanto, não, pois ele próprio prevê os meios para suprir-se os espaços vazios e promover a integração do sistema.
1. A analogia
Há uma hierarquia na utilização desses mecanismos, figurando a analogia em primeiro lugar. Somente podem ser utilizados os demais se a analogia não puder ser aplicada. Isso porque o direito brasileiro consagra a supremacia da lei escrita. Quando o juiz se utiliza da analogia para solucionar determinado caso concreto, não está apartando-se da lei, mas aplicando à hipótese não prevista em lei um dispositivo legal relativo a caso semelhante.
O seu fundamento encontra-se no adágio romano ubi eadem ratio, ibi idem jus (ou legis dispositio), que expressa o princípio de igualdade de tratamento. Com esse enunciado lógico pretende-se dizer que a situações semelhantes deve-se aplicar a mesma regra de direito (“quando se verifica a mesma razão da lei, deve haver a mesma solução ‘ou mesma disposição legal’”). Se um dos fatos já tem no sistema jurídico a sua regra, é essa que se aplica.
O magistrado pega uma lei de um caso semelhante e aplica nesse caso não regulamentado.
Requisitos da analogia: 
1) Ausência da norma jurídica.
2) Norma prevista para caso semelhante. 
3) Aplicação da norma prevista para a hipótese análoga ao caso previsto.
Exemplo:
I) É lícita a compra e venda entre cônjuges de bens excluídos da comunhão (CC, art. 499) – É licita também entre companheiros em união estável (analogia).
2. Costume
O costume é, também, fonte supletiva em nosso sistema jurídico, porém está colocado em plano secundário, em relação à lei. O juiz só pode recorrer a ele depois de esgotadas as possibilidades de suprir a lacuna pelo emprego da analogia. Daí dizer-se que o costume se caracteriza como fonte subsidiária ou fonte supletiva.
É a pratica reiterada e ininterrupta de determinados atos, considerados por um grupo de pessoas como moralmente aceitos, necessários e obrigatórios.
Requisito dos costumes:
1) O uso ou pratica reiterada de um comportamento. (elemento externo)
2) Convicção Jurídica de que o comportamento é obrigatório. (elemento psicológico)
Três tipos de costumes:
1) Costume contra legem – não podem ser aplicados os costumes que contrariam o que dispõe a lei. (o costume não pode prevalecer a lei, não pode revogar a lei)
2) Costume secundum legem – cujo a aplicação é determinada pela própria lei. Não há integração, mas subsunção. (na própria lei pro magistrado que em determinado caso pode aplicar os costumes)
3) Costume praeter legem – Não é recomendado pela própria lei, mas não a ofende. Pode ser usado como meio integrativo. 
3. Princípios Gerais de direito
São elementos genéricos, uma ideia fundamental que orienta a criação, a interpretação e aplicação da própria lei. 
IPC - (os princípios gerais do direito não podem ser confundidos com os princípios constitucionais, com os princípios expressos nitidamente em leis. Os princípios gerais são diretrizes que orientam o direito desde seu nascedouro).
Exemplo: 
1) Não se pode lesar ninguém (neminem laedere);
2) Viver honestamente (eticidade);
3) Dar a cada um o que lhe é devido;	
4. Equidade
A equidade esta relacionada a ideia de equilíbrio, adequação e justiça. Quando a lei autoriza o juiz a utilizar os critérios de equidade, ele fara o julgamento conforme seus ditames, a decisão estará fundamentada de acordo com os parâmetros e critérios pessoais de justiça. 
CPC, art.140. Parágrafo único. O juiz do decidira por EQUIDADE nos casos previstos em lei.

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