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Ciência dos Materiais Prof. Felipe Tsuruta Cristalinidade e Imperfeições Cristalinas Introdução Essencialmente, todos os materiais que possuem uma estrutura atômica organizada devem ter uma atenção especial quanto ao estudo da sua estrutura cristalina. Nessa unidade, vamos abordar como a estrutura cristalina se organiza no nível atômico e qual é o reflexo dessas caracteriísticas nas propriedades dos materiais de engenharia. E como nem tudo é perfeito, os materiais cristalinos também não são. Por isso, vamos investigar quais são os tipos de defeitos cristalinos e quais são os reflexos nos materiais usados pelos engenheiros. Objetivo Você será capaz de analisar os tipos de imperfeições que existem e os papéis que elas representam ao afetar o comportamento dos materiais. Conceitos Fundamentais Os materiais sólidos podem ser classificados de acordo com a regularidade pela qual seus átomos ou íons estão arranjados em relação aos outros. Um material cristalino é um material no qual os átomos estão posicionados segundo um arranjo periódico ou repetitivo ao longo de grandes distâncias atômicas, ou seja, existe uma ordem a longo alcance, tal que, quando ocorre o fenômeno da solidificação, os átomos se posicionam num padrão tridimensional repetitivo, no qual cada átomo está ligado aos seus átomos vizinhos mais próximos (CALLISTER; RETHWISCH, 2012). Por que devemos saber? Algumas das propriedades dos sólidos cristalinos dependem da estrutura cristalina do material, ou seja, como os átomos, íons ou moléculas estão arranjados será decisivo para a caracterização dessas propriedades. Célula Unitária ü Padrões repetidos muitas e muitas vezes por toda a estrutura do material; ü Desenvolvidos também quando apenas um tipo do átomo está presente; ü Como esse é repetido indefinidamente, torna-se conveniente dividir o que chamamos de rede cristalina em células unitárias - pequenos volumes, cada um tendo todas as características encontradas no cristal inteiro; ü São pequenas entidades que se repetem ao longo da estrutura cristalina. Geometria Sistemas Cristalinos ü Representam grupos distintos de acordo com os arranjos atômicos; ü Podemos considerar que há somente sete geometrias de células unitárias que podem ser empilhadas para preencher o espaço tridimensional. Sistemas Cristalinos E como é geometria de cada sistema cristalino????? Polimorfismo e Alotropia Polimorfismo e Alotropia Alguns materiais, sejam eles metais, não metais, sejam metaloides, podem ter mais de uma estrutura cristalina. Esse fenômeno é tecnicamente nominado como polimorfismo. Se considerarmos esses sólidos na forma elementar, podemos nomear esse fenômeno de alotropia. Um exemplo clássico é encontrado com o carbono, que possui o grafite, que é polimorfo nas condições ambientais, diferente do diamante, que é produzido em condições de pressão altíssimas. Polimorfismo e Alotropia [...] um metal comum que apresenta uma mudança alotrópica é o estanho. O estanho branco (ou β), que possui estrutura cristalina tetragonal de corpo centrado à temperatura ambiente, transforma-se a 13,2 C no estanho cinza (ou α), que possui cristalina semelhante á do diamante (estrutura cubica do diamante). A taxa na qual essa mudança ocorre e ́ bem lenta, porém, quanto menor a temperatura, mais rápida e ́ a taxa de transformação. Acompanhando essa transformação do estanho branco para o cinza, ocorre um aumento no volume (27%); de maneira correspondente, ocorre uma diminuição na massa específica 7,30 g/cm3 para 5,77 g/cm3. Consequentemente, essa diminuição no volume resulta na desintegração do estanho branco metálico em pó́ grosseiro alotrópico cinza. Essa transição de estranho branco em estanho cinza produziu alguns resultados dramáticos na Rússia em 1850. Fonte: Callister e Rethwisch (2016) Polimorfismo e Alotropia O inverno daquele ano foi particularmente frio, com a ocorrência de temperaturas mínimas recordes durante longos períodos de tempo. Os uniformes de alguns soldados russos tinham botões de estanho, muitos dos quais se desfizeram em razão dessas condições extremamente frias, assim como também ocorreu com muitos tubos de estanho usados em instalações hidráulicas. Esse problema veio a ser conhecido como a “doença do estanho” Polimorfismo e Alotropia Polimorfismo e Alotropia Polimorfismo e Alotropia Fonte: https://www.crq4.org.br/qv_variedades_alotropicas_carbono Imperfeições Cristalinas ü Defeitos pontuais ü Defeitos lineares ü Defeitos superficiais ü Defeitos volumétricos Imperfeições Cristalinas Imperfeições Cristalinas Classificação dos Defeitos de acordo com as dimensões Imperfeições Cristalinas Defeitos Pontuais São descontinuidades localizadas nos arranjos atômicos ou iônicos, teoricamente perfeitos, de uma estrutura cristalina. Os defeitos pontuais envolvem uma única posição específica na rede. O defeito pontual mais simples e ́ a lacuna. A necessidade da existência de lacunas é explicada considerando os princípios da termodinâmica, ou seja, se há lacunas há aumento da entropia. Imperfeições Cristalinas Defeitos Pontuais Impureza intersticial e substitucional Ex: austenita, que é um tipo de aço de estrutura CFC (Cúbica de Faces Centradas) que contém até 2,0% de carbono intersticial. Esse aço tem vasta aplicação, conforme podemos ver o trecho extraído do site da Tuper.com. Fonte: https://www.tuper.com.br/tuper- explica-as-diferencas-entre-os-principais- tipos-de-aco-inox/ https://www.tuper.com.br/tuper-explica-as-diferencas-entre-os-principais-tipos-de-aco-inox/ Imperfeições Cristalinas Defeitos Pontuais Impureza intersticial e substitucional Um exemplo de material bastante comum para a sociedade e que a engenharia tem participação fundamental no seu processo produtivo é o latão. ü material metálico formado por aproximadamente 60% de cobre e 30% de zinco substitucional. Imperfeições Cristalinas Defeitos Lineares Um defeito linear acontece normalmente alguns átomos estão desalinhados. Esse desalinhamento nós chamaremos de discordância. As discordâncias são geradas durante o processo de cristalização do material ou quando o material sofre algum processo de deformação por esforço físico. Mesmo que as discordâncias estejam presentes em todos os materiais, essas são particularmente aplicáveis no processo de compreensão da deformação e no aumento da resistência mecânica dos metais. Imperfeições Cristalinas Defeitos Lineares Em regra, onde há maior densidade de átomos, há maior deslizamento, pois há menor energia necessária para esse processo acontecer. Característica importante dos metais CFC (Cúbica de Faces Centradas) e que possuem alta ductilidade, pois há uma densidade maior de átomos, ao passo que estruturas como HC (Hexagonal compacta) não têm uma densidade de átomos tão grande. Imperfeições Cristalinas Defeitos Superficiais Os defeitos superficiais ou interfaciais, segundo Callister e Rethwisch (2012), são contornos que possuem duas dimensões e que normalmente separam regiões dos materiais que possuem estruturas cristalinas e/ou orientações cristalográficas diferentes. Vamos citar como exemplo de imperfeições o contorno de grão.. Exemplo prático: para ajustar as propriedades de uma liga metálica, há possibilidade de controlar e saber o tamanho do grão por meio de métodos analíticos, para determinar o tamanho médio de grãos. Com isso, é possível, por exemplo, controlarmos a quantidade de áreas de contorno de grãos em aços austeníticos e, com isso, elevar a resistência mecânica desse material. Imperfeições Cristalinas Defeitos Volumétricos São agregados tridimensionais dos átomos ou poros. É comum dividi-los em três categorias. 1) “Porosidades”: causadas principalmente por gases que participam do processo de solidificação. O efeito desejado e ́ produzir uma diminuição na resistência mecânica, porém, também pode provocar fraturas devido a pequenas tensões. 2) Os “precipitados” são aglomerados de partículas cuja composição difere da composiçãooriginal. São pequenas partículas que são introduzidas na matriz por reações normalmente no estado sólido. Como aplicação, pode aumentar a resistência de ligas estruturais, funcionando como um obstáculo para o movimento das discordâncias. Imperfeições Cristalinas Defeitos Volumétricos 3) “Inclusões” são partículas indesejáveis ou grandes partículas de precipitados. São geralmente defeitos indesejáveis na microestrutura, uma vez que sua presença provoca efeitos prejudiciais nas propriedades mecânicas, elétricas e óticas.
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