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Adolescência Nutrição e Dieté5ca Roberta Caetano Doutora em Nutrição Conceito A adolescência compreende um complexo processo de maturação que transforma a criança em adulto. Puberdade: ü Modificações ligadas ao amadurecimento sexual ü Passagem da infância à adolescência ü Início: ü9 a 13 anos meninas ü10 a 14 anos meninos Adolescência® 10 a 19 anos (OMS) 2º período de vida extra-uterina VELOCIDADE MÁXIMA DE CRESCIMENTO Desenvolvimento Psicossocial NEINSTEIN, JULIANI e SHAPIRO, 1996; FRANÇOSO, GEJER e REATO, 2001. Puberdade A puberdade reúne os fenômenos biológicos da adolescência, possibilitando o completo crescimento somático e a maturação hormonal que asseguram a capacidade de reprodução e de preservação da espécie. COUTINHO, 2001; EISENTEIN e COELHO, 2008.; GRUMBACH e STYNE, 1998. Puberdade A puberdade tem início e evolução influenciados por fatores genéticos e ambientais caracterizando-se pela ocorrência de: üAdrenarca: resultante do aumento da secreção dos andrógenos suprarrenais (DHEA, androstenediona, os estrógenos e a progesterona), entre 6 e 8 anos de idade óssea; üAtivação de neurônios hipotalâmicos secretores de GnRH, estimuladores da produção de LH e FSH pela glândula hipófise. üGonadarca (aumento dos esteroides sexuais produzidos pelos testículos e ovários) EISENTEIN e COELHO, 2008.; GRUMBACH e STYNE, 1998. Síntese de hormônios esteróides Endógeno Exógeno ü Dieta com fontes de colesterol Maturação Sexual (Método de auto-avaliação) üClinicamente, é avaliada em cinco estágios, levando- se em conta, desenvolvimento mamário e pelos pubianos no sexo feminino (MP), aspecto dos órgãos genitais e pelos pubianos no masculino (GP) üA sequência de eventos puberais é ordenada, sendo controlada por fatores neuroendócrinos, responsáveis por seu início e progressão üO adolescente identifica seu estágio de maturação com base em fotografias adaptadas de Tanner üTécnica já validada em estudos no Brasil EISENTEIN & COELHO, 2008. Maturação Sexual k Estágio de desenvolvimento de mamas e pelos pubianos femininos segundo Marshall e Tanner Adaptado de Monte et al., 2002 MARSHALL, W.A.; TANNER, J.M. Variations in the pattern of pubertal changes in girls and boys. Arch Dis Child 1969;44:291-303. Maturação Sexual k Estágio de desenvolvimento de genital e pelos pubianos masculinos segundo Marshall e Tanner Adaptado de Monte et al., 2002 MARSHALL, W.A.; TANNER, J.M. Variations in the pattern of pubertal changes in girls and boys. Arch Dis Child 1969;44:291-303. Estágios de Maturação Sexual Estágio 1 – P1M1 / P1G1 • Características infantis • Meninas < 9 a 10 anos e Meninos < 11-12 anos • Começam as mudanças nos caracteres sexuais secundários •Antes da puberdade® Aumento da adiposidade como forma de reservar energia para o estirão • Nessa fase – criança mais gordinha • Sem que haja risco para obesidade ® Desde que não ultrapasse 20% do peso para altura Estágio 2 – P2M2 / P2G2 • Meninas® início do estirão 2anos +®Menarca • Meninos® início da puberdade e não o estirão Estágio 3 – P3M3 / P3G3 ♀Meninas® fim do estirão • Início® aspecto longilíneo e emagrecido • pode ser classificada como BP •Menarca® entre os estágios 3 e 4 ♂Meninos® período do estirão Estágios de Maturação Sexual Estágio 4 – P4M4 / P4G4 ♀Meninas: • Estabilização hormonal®maior eficiência na conversão de energia em gordura • Cuidado® Prevenção da obesidade ♂Meninos: • Fim do estirão® aspecto emagrecido • Final do estágio® ganho de tecido adiposo e muscular Estágio 5 – P5M5 / P5G5 • Indica a finalização do processo de maturação sexual Estágios de Maturação Sexual Eventos Puberais que influenciam no crescimento e desenvolvimento üA grande variabilidade quanto ao início, duração e progressão das mudanças puberais tem, como consequência, a questão de a idade biológica nem sempre estar de acordo com a idade cronológica. üAssim, é preciso que se leve em conta a fase puberal do desenvolvimento quando se analisa o crescimento de um adolescente. EISENTEIN & COELHO, 2008. Eventos Puberais que influenciam no crescimento e desenvolvimento • Influência de fatores genéticos; • Interações com os fatores ambientais; • A nutrição, incluindo a ingestão de nutrientes específicos, é um dos mais significativos determinantes do crescimento. • Aspectos psicossociais como maus- tratos podem prejudicar o crescimento, a despeito da nutrição adequada e de não haver doença orgânica Cálculo do alvo genético avalia a herança (estatura dos pais) na determinação da faixa de estatura final. Assim, para calcular o alvo genético, é utilizada a seguinte fórmula: • O Ministério da Saúde preconiza que quando na presença de distúrbios nutricionais como baixa estatura (EI com percentil <3) ou baixo peso (IMC com percentil <3) ou excesso de peso (IMC percentil >85) üIntervenção mais especializada deverá ser preconizada üBem como a promoção de hábitos de vida saudáveis. Brasil. Ministério da Saúde, 2006 e 2007. Estado Nutricional Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 üPrevalência de Déficit de peso = 3,4% dos adolescentes brasileiros üPrevalência de Excesso de peso = 21,7% (3,7% em 1974-75) sexo masculino e 19,4% sexo feminino (7,6% em 1974-75) Brasil, 2010. Avaliação Nutricional Clínica / social Antropometria Sinais e Sintomas Bioquímica Dietética Estirão de Crescimento • A avaliação do crescimento é feita por meio de comparação com uma curva de referência: uma das mais recomendadas é a da Organização Mundial de Saúde CLASSIFICAÇÃO Brasil. Ministério da Saúde. Antropometria na Atenção à Saúde do Adolescente, 2009. Estatura/Idade Z-escore (OMS) MENINOS Estatura/Idade Z-escore (OMS) MENINAS Velocidade de crescimento • Até os 4 anos, as meninas têm velocidade de crescimento discretamente mais elevada que os meninos; • A partir daí, ambos crescem a uma velocidade de 5 a 6 cm/ano até o início da puberdade; • Início da Puberdade: ü10 a 12 cm/ano no sexo masculino ü8 a 10 cm/ano nas meninas5 P.S.: Essa aceleração da velocidade de crescimento é imediatamente precedida por uma pequena redução da mesma. Ainda se configura como melhor parâmetro clínico de avaliação nutricional de uma população Acompanhamento do Peso OMS recomenda a utilização do gráfico de IMC Brasil, 2009; Coutinho e Freitas, 2010. Acompanhamento do Peso IMC - Meninos Acompanhamento do Peso Classificação do IMC para a IDADE: Brasil, 2009; Coutinho e Freitas, 2010. Peso: ® P/I Perde seu valor após a puberdade Mais útil em estudos longitudinais ® P/A Não distingue massa magra de massa gorda Pode-se utilizar a adequação P/A: P/A = peso observado x 100 peso no P50 p/idade da altura observada ≥ 110% e < 120% - Sobrepeso ≥ 120% - Obesidade Composição corporal üHomens adquirem massa magra a uma velocidade maior e por mais tempo do que a mulher; ü No menino, a massa muscular pode chegar a 80 a 85% do peso corpóreo. Setian, 2002; Monte, Longui e Calliari, 1998. üNa menina, a massa muscular relativa diminui do início ao final da puberdade (80% para 75% do peso corpóreo); üEmbora haja aumento absoluto da massa muscular, seu percentual sofre queda porque o tecido adiposo aumenta mais rapidamente. ü Obesidade aos 6 anos – 50% chance ® adulto obeso ü Adolescente obeso – 70 a 80% de chance ® adulto obeso Avaliação Antropométrica Crianças obesas Mais altas, idade óssea mais avançada e maturação sexual mais precoce ü Falsa idéia® criança vai ser alta que amédia geral ü Excesso de peso® aceleração do processo de puberdade ® crescimento cessa antes do que o damédia da população ü Déficit de nutrientes ® inibir os hormônios gonadais ® retardando a puberdade® compromete o ganho estatural Diagnóstico Nutricional: üCuidados na interpretação: Considerar critérios de maturação sexual üAvaliação da maturidade sexual: Critérios de Tanner üGrandes mudanças físicas ® dificuldade em adotar um método de classificação nutricionalüO IMC é recomendado para o diagnóstico individual e coletivo do adolescente ü Padrão de referência ® NHANES II (National Health and Nutrition Examination Survey) üAusência de padrão nacional ® Problema ® Diversidade início da puberdade Circunferências Abdominal üNão há pontos de corte definidos üUsa-se Freedman, 1999. üAcredita-se que crianças com percentual de gordura superior a 33% e CA superior a 71 cm são mais predispostas a risco cardiovascular. üCom menos de 20% de gordura e menos de 61 cm de CA, o risco é mínimo. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA, 2009) Identificam aqueles com maior risco de desnutrição ou obesidade. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009) Circunferência Abdominal Circunferências Circunferência do braço CMB Avalia a massa muscular Representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, muscular e gorduroso, desse membro. Circunferência da Braço Circunferência Muscular do Braço Circunferência Área Muscular do Braço PCT e PCSE Interpretação Avaliação Bioquímica Avaliação Bioquímica Avaliação Bioquímica Avaliação Bioquímica OLIVEIRA, 2003; CUPPARI, 2005 Avaliação Bioquímica Avaliação Bioquímica Avaliação Sinais e Sintomas Avaliação Sinais e Sintomas VANNUCCHI; DE UNAMUNO; MARCHICNI, 1996 ü Perda de gordura subcutânea: Bíceps, Tríceps, Região abaixo dos olhos, Tórax ü Perda de massa muscular: Têmporas, Ombros, Clavícula, Escápula, Costelas, Músculo interósseo do dorso da mão, Joelho, Panturrilha, Quadríceps ü Presença de edema e ascite: Resultante de desnutrição Depleção moderada de tecido muscular na região supraclavicular e infraclavicular Acne – Associação com deficiência de micronutrientes como zinco Depleção grave generalizada de tecido muscular e gorduroso – geralmente associada a transtornos alimentares Avaliação dietética Avaliação da Alimentação • Abordagem geral para conhecimento dos hábitos alimentares do adolescente e familiares • Inquéritos Alimentares (R24h, Dia Usual, QFCA) • Ferramentas visuais (Tabelas de porções, medidas caseiras, álbum seriado, etc...) • Sirva de subsídio para traçar estratégias de intervenção nutricional – Educação Nutricional Comportamentos dietéticos inadequados üGrande proporção de refeições e lanches consumidos longe da família Story et al., 2002. üAlimentos denso-energéticos üValores insignificantes de nutrientes (especialmente micronutrientes) üElevados teores de gorduras, açúcares e sódio Seliske et al., 2013; Azeredo et al., 2014; Philippi & Barco, 2015 Comportamentos dietéticos inadequados Ausência de: üPães e cereais integrais üFrutas üHortaliças üLeguminosas üSubstituição de refeições por lanches üOmissão de refeições (café da manhã) Phillips et al., 2004; Poti et al., 2014; Teixeira et al., 2012 Educação Nutricional üVariedade üQualidade üQuantidade Conduta Nutricional na Adolescência Necessidades Energé.cas üPara os adolescentes, o cálculo das necessidades energéticas é um processo complexo üUma vez que o pico máximo de ingestão energética coincide com o pico da velocidade máxima de crescimento, sendo observado um real aumento do apetite. (VITOLO, 2008) üAlém disso, as necessidades nutricionais são influenciadas pelos eventos normais da puberdade e pelo estágio de maturação sexual. Cálculo das necessidades nutricionais (OMS) Necessidade de energia para o sexo masculino (Custo energético para o crescimento – 2 kcal/g de ganho de peso) Necessidade de energia para o sexo feminino (Custo energético para o crescimento – 2 kcal/g de ganho de peso) Cálculo das necessidades nutricionais (OMS) Cálculo das necessidades nutricionais ü O nível de AF varia em decorrência das: diferenças no estilo de vida, dos hábitos geográficos e de condições sócio econômicos. Classificação da AF para crianças e adolescentes – OMS e FAO (2001). 1. Leve – 15% < moderada – Gastam várias horas na escola ou em ocupações sedentárias, não praticam atividade física regular, usam automóvel como transporte, e gastam mais tempo em atividades de lazer que requerem pouco esforço físico. 2. Moderada – Atividades mais extenuantes que os exemplos dados para estilo de vida leve (sedentário), todavia ainda não se equiparam aos exemplos do estilo de vida intenso. 3. Intensa – 15% > moderada – Caminham longas distâncias ou usam bicicleta como transporte, realizam ocupações que demandam energia, ou executam tarefas de elevado desempenho que demandam energia por várias horas por dia, e/ou praticam esportes ou exercícios que requerem elevado nível de esforço físico por várias horas, vários dias ou semanas. Cálculo necessidades energéticas Sexo Masculino EER= 88,5 – (61,9 x I) + AF x (26,7 x P + 903 x A) + 25 (DE) Sexo Feminino EER=135,3 – (30,8 x I) + AF x (10,0 x P + 934 x A) + 25 (DE) I: Idade em anos A: Altura em metros Adolescentes de 9 a 18 anos de idade CAF – Ins)tute of Medicine Adolescentes com Sobrepeso e Obesidade Gasto Energético Basal Sexo Masculino: BEE (kcal/dia) = 420 – 33,5 x I + 418 x A + 16,7 x Peso (kg) Sexo Feminino: BEE (kcal/dia) = 516 – 26,8 x I + 347 x A + 12,4 x Peso (kg) Gasto Energético Total Sexo Masculino: EER = 114 – (50,9 x I) + AF x (19,5 x Peso (kg) + 1161,4 x A) Sexo Feminino: EER = 389 – (41,2 x I) + AF x (15,0 x Peso (kg) + 701,6 x A) I: Idade em anos A: Altura em metros Manutenção de peso CAF – Ins)tute of Medicine Cálculo das necessidades nutricionais Cálculo das necessidades nutricionais (OMS-FAO 1985) Distribuição de Macronutrientes Distribuição de Macronutrientes 1 Aproximadamente 10% do total pode ser de ácidos graxos de cadeia longa, ω-3 ou ω-6. 2 Uma ingestão máxima de 25% de energia de açúcar adicionado é sugerida. Este nível de ingestão máxima foi calculado para garantir a ingestão suficiente de micronutrientes essenciais que não estão presentes nesses alimentos e bebidas que contêm açúcar adicionado. Educação Nutricional üA alimentação fornece os substratos para o crescimento e a manutenção das funções fisiológicas, contribuindo para a coordenação e o desenvolvimento motor, cognitivo e social üEstá diretamente relacionada com a inserção social do indivíduo üOs hábitos alimentares que adquirimos na infância tendem a se solidificar na vida adulta üAssociação com a prática de atividade física, regular e orientada, jovem ativo tem maior chance de ser um adulto ativo üQualidade de vida (ANCONA LOPEZ; BRASIL, 2004; ANCONA LOPEZ; BRASIL, 2004; SOUZA JUNIOR; BIER, 2008) Educação Nutricional üAlimentação é uma prática social que sofre a influência de diversas formas de saber, como o conhecimento científico, o senso comum e as religiões, ultrapassando o mero ato biológico üAbordadagem interdisciplinar. FOCO EDUCAÇÃO / ESCOLA üIncorporação de noções básicas de nutrição no currículo escolar üArticulação entre professores, comunidade escolar e familiares üIntrodução, manutenção e reconhecimento de práticas alimentares saudáveis e a prevenção de doenças üA importância dos meios de comunicação na promoção de práticas alimentares saudáveis (TRICHES; GIUGLIANI, 2005; BERTIN; MALKOWSKI; ZUTTER, 2010) Educação Nutricional A metodologia pedagógica, na inserção da educação nutricional para crianças e adolescentes, deve apresentar as seguintes características: 1. Ser dialogal, priorizando um domínio consensual de comportamentos que se orientem mutuamente em uma coordenação de ações, e não apenas uma transmissão de conhecimentos; 2. Ter significado para o paciente, o que pode ser alcançado através do trabalho com exemplos da realidade de cada localidade; 3. Ser problematizadora, levando à reflexão de causas, mecanismos e soluções das questões nutricionais, gerando uma visão crítica capaz de transformar o contexto vivenciado; 4. Ser lúdica, sempre que for oportuno, visando motivar e mediar a compreensão do real; 5. Proporcionarao sujeito possibilidades de construir o seu conhecimento (método construtivista); 6. Contribuir para a construção da cidadania, para a valorização do senso crítico e do espírito empreendedor. (BIZZO; LEDER, 2005)
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