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Implementando o Programa de Saúde na Escola – PSE Unidade 3 Autores Aspectos do planejamento intersetorial: processos preparatórios da adesão e monitoramento do Programa Saúde na Escola Danielle Keylla Alencar Cruz Denise Ribeiro Bueno Marcílio Marquesine Ferrari Maria Waughan 2 ASPECTOS DO PLANEJAMENTO INTERSETORIAL: PROCESSOS PREPARATÓRIOS DA ADESÃO E MONITORAMENTO DO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA Caro cursista, Chegamos à última unidade do curso. Neste momento, gostaríamos de parabenizá-lo pelo interesse e compromisso com o PSE, o SUS e a edu- cação dos brasileiros. Nesta última unidade, abordaremos aspectos da preparação para ade- são ao PSE, o monitoramento como parte do planejamento do programa e a importância do GTI para o fortalecimento dos espaços de governança e sucesso do PSE. Vamos lá? UNIDADE 3 3 AULA 1 - O que é planejamento Imagine que seu município recém aderiu ao PSE. Cumpriu todas as exi- gências de credenciamento e está apto para implementar o programa. E agora? O que fazer? Por onde começar? Essas perguntas são comuns a praticamente todos os gestores e imple- mentadores de políticas públicas. Em qualquer política pública ou pro- grama social é importante que a equipe responsável se organize para que seus resultados sejam obtidos de forma satisfatória, melhorando as condições de vida da população. É, nesse momento, que entra em cena o planejamento. Mas, o que é o planejamento? Você já deve ter ouvido falar em algum momento o que vem a ser o planejamento ou até mesmo já planejou e talvez não tenha se dado conta disso. Segundo o dicionário on-line Michaelis (2018), planejamento significa “Organização de uma tarefa com a utilização de métodos apropriados; Determinação de ações para atingir as metas estipuladas por uma empresa, órgão do governo etc.; planificação: “[…] a maioria das ativi- dades propostas tem como resultado algum tipo de envolvimento de outras disciplinas, […] daí a importância de, no momento do planejamen- to da execução dessas propostas, os professores indicarem os critérios para a avaliação em conjunto”. Planejar é um ato político, pois envolve a decisão da gestão, o interesse dos atores e agenda política para determinado problema ou questão de alcance social. Pressupõe uma ação sistemática, com começo, meio e fim, tempos que se relacionam por meio de construção de indicadores e avaliações de processo e resultados, por exemplo. Todo o planejamento no PSE deve ser intersetorial, pois esta é uma característica central do programa. Planejando a adesão ao PSE Ao contrário do que muitos pensam, o planejamento do PSE não começa após a adesão. Seu início deve datar de muito antes para garantir uma adesão segura, inclusiva e participativa. Deve-se evitar pactuar escolas no “gabinete”. Recomenda-se uma consulta prévia aos atores que irão desenvolver o PSE, até para sensibilizá-los e conhecer seus interesses, potencialidades e limites. Nesse sentido, apresentamos algumas etapas interligadas que podem ajudar a pensar este processo participativo de planejamento. 4 Etapa 1 – Uma vez decidido a aderir, o gestor deve identificar/desig- nar/nomear representantes da saúde e da educação para assumi- rem o PSE. Para municípios que nunca aderiram, isto se constitui o embrião do Grupo de Trabalho Intersetorial – GTI-Municipal. Etapa 2 – Aos representantes do GTI, dois passos iniciais são recomendados: a. Apresentar, entre si, as políticas de educação e da saúde (quan- tidade, tipos de estabelecimentos, cobertura, gestão, etc.). Produtos: mapeamento das duas políticas no município; conhecimento das dimensões de cobertura e acesso de cada política e conhecimento mútuo da organização e sua gestão. b. Organizar um calendário de reuniões com representantes das escolas e das equipes de APS, de preferência todos juntos para apresentar o PSE e verificar o interesse na adesão. Produto: divulgação do PSE; levantamento das escolas e equi- pes de saúde interessadas em participar do PSE (mapa da adesão e organização prévia do que será pactuado na adesão. Para otimizar o momento, é possível também definir as ações que serão desenvolvidas com os educandos de cada escola, conforme indicam os exemplos na Quadro 1. Para tanto, é preciso lançar mão da Análise de Situação de Saúde1 (ASIS), análise dos indicadores de educação e violência e mapea- mento de cada território com os equipamentos sociais, além dos da saúde, educação e de lazer, como CRAS, delegacias, igrejas, centros religiosos, terreiros, espaços comunitários, praças, quadras, parques etc., para definir as ações a partir da realidade concreta de demandas para educação e saúde. Etapa 3 – Validar com os gestores da Educação e da Saúde o mapa da adesão construído a partir das reuniões. Produto: tem-se o termo de compromisso com o PSE, conhecido pelos principais responsáveis antes mesmo da adesão. 1 ASIS é um processo analítico-sintético que permite caracterizar, medir e explicar o perfil de saúde-doença de uma população, incluindo os danos ou problemas de saú- de, assim como seus determinantes, que facilitam a identificação de necessidades e prioridades em saúde, a identificação de intervenções e de programas apropriados e a avaliação de seu impacto. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/pri1055_26_04_2017.html 5 Etapa 4 – Realizar a adesão no Portal do Gestor e comunicar o ato às redes de educação e de saúde. Produto: o município aderiu ao programa e esta nova situação foi divulgada para os atores interessados. Acreditamos que as etapas citadas evitam que escolas e equipes da APS sejam pactuadas sem conhecimento prévio. Isto vale também para escolas estaduais e federais que existam no território. Todos devem ser consultados. Cada escola terá o conjunto de ações definido a partir do seu perfil e do contexto do território de saúde onde está inserida. Mas não esqueça! Ao definir o conjunto das ações para cada escola, é necessário garantir que as 12 ações previstas na Portaria Interministerial nº 1.055/2017 sejam contempladas no total de escolas pactuadas na adesão, ou seja, se o município pactuou 10 escolas, as 12 ações deverão ser realizadas de for- ma distribuída nestas escolas. Isto é condição para receber o incentivo de custeio repassado pelo Ministério da Saúde. A figura a seguir ilustra a definição das ações na escola, que pode ser realizada antes ou depois da adesão. É importante lembrar que, quando o município adere ao PSE, todas as ações são pactuadas automatica- mente. A escolha exemplificada no Quadro 1 é a possibilidade de pla- nejamento local para otimizar os benefícios do programa na saúde e no rendimento escolar do educando. 6 Quadro 1 - Planejamento das ações do PSE para as escolas e equipes de saúde. Exemplo 1: Escola de Ensino Fundamental – 1º ao 5º ano e 6º ao 9º ano Escolha das ações e desenvolvimento por níveis de ensino Exemplo 2: Escola de Ensino Médio Escolha do conjunto de ações para toda escola Passo 1: Identificar as características da escola, tais como quantidade de educandos, turmas, ho- rário de funcionamento, Projeto Pedagógico, estrutura física, indicadores educacionais. Construir o perfil dos educandos: renda, faixa etária, cor, sexo, beneficiário de programas sociais etc. Construir o perfil do território com indicado- res de saúde, assistência social, segurança pública e outros de interesse local. Passo2: Definir as ações do PSE que serão realizadas conforme as características levantadas. É importante ter como guia a questão: quais ações são recomendáveis e efetivas para a saúde dos escolares de determinada faixa etária? Passo 1: Identificar as características da escola, tais como quantidade de educandos, turmas, ho- rário de funcionamento, Projeto Pedagógico, estrutura física, indicadores educacionais. Construir o perfil dos educandos: renda, faixa etária, cor, sexo, beneficiário de programas sociais etc. Construir o perfil do território com indicado- res desaúde, assistência social, segurança pública e outros de interesse local. Passo 2: Definir as ações do PSE que serão realizadas conforme as características levantadas. É importante ter como guia a questão: quais ações são recomendáveis e efetivas para a saúde dos escolares de determinada faixa etária? Ensino Fundamental I Ações escolhidas: • Verificação e atualização da situação vacinal. • Promoção e avaliação de saúde bucal e aplicação tópica de flúor. • Promoção da alimentação saudável e prevenção da obesidade infantil. • Promoção da saúde ocular e identificação de educandos com possíveis sinais de alteração. • Promoção da saúde auditiva e identifica- ção de educandos com possíveis sinais de alteração. Ações escolhidas: • Promoção das práticas corporais, da ativi- dade física e do lazer. • Prevenção ao uso de álcool, tabaco, crack e outras drogas. • Prevenção das violências e dos acidentes. • Direito sexual e reprodutivo e prevenção de DST/Aids. • Promoção da cultura de paz, cidadania e direitos humanos. Ensino fundamental II • Ações escolhidas: • Identificação de educandos com possíveis si- nais de agravos de doenças em eliminação. • Promoção das práticas corporais, da ativi- dade física e do lazer. • Ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti. Fonte: Elaboração própria. 7 Que tal comparar as etapas apresentadas com as que você descreveu no exercício final da Unidade 2? Faltou algo? Uma vez aderido ao PSE, o município precisa oficializar o GTI-Municipal. Este momento é oportuno para expandir as parcerias e incluir outras políticas na composição do GTI – Grupo de Trabalho Intersetorial. Agora, sim! O município está aderido ao ciclo de dois anos e já organizou o principal mecanismo de governança do PSE: o GTI. Uma nova etapa deve ser vencida. Ela envolve o monitoramento e o apoio às escolas e aos profissionais de saúde para a realização do PSE. Nesta nova etapa, o GTI deve se reunir sistematicamente e contribuir com a boa implementação do Programa. Dicas para a definição das linhas de trabalho do GTI. DICA POR QUE? Planejar conjuntamente. O PSE é essencialmente intersetorial. Se cada setor planejar separado, provavelmente haverá intencio- nalidades diferentes disputando ou a sobreposição do interesse de um setor sobre o outro. As metas devem ser para o Programa. DICA POR QUE? Incluir a melhoria do registro da informação como meta. Todos os procedimentos devem ser digitados no Sistema de Informação da Atenção Primária (SISAB), acessado apenas pelo profissional da saúde. Todas as ações desenvolvidas na escola devem conter o INEP (código da escola) para serem analisadas, no SISAB, como ação do PSE. Sem o INEP na ficha de Atividade Coletiva, a ação não é considerada do PSE e pode prejudicar o município no recebimento dos recursos financeiros do segundo ano do ciclo. 8 DICA POR QUE? Produzir informação para apresentação, defesa e convencimento da agenda junto ao gestor municipal. Argumentar favoravelmente sobre um programa ou projeto ganha mais força quando existem dados para confirmar os argumentos. Quantos educandos, quantas ações desenvolvidas, quantos atendimentos podem ser indicadores de cobertura importantes para fortalecer o PSE na pauta da gestão municipal. DICA POR QUE? Acompanhar o repasse do recurso financeiro percebido pelo município aderido. A leitura da Portaria nº 1.055/2017 é fundamental para entender o valor a ser percebido pelo município. Este valor é repassado fundo a fundo para o município no bloco de custeio da Atenção Básica. É importante que seja utilizado para fortalecer o Programa localmente. Considerando o que foi abordado sobre a implementação do PSE, no geral, quais as principais barreiras para a construção de uma gestão compartilhada? Identifique quais das barreiras mencionadas por você estão presentes no município ou estado e construa soluções para cada uma delas. A seguir, vamos discutir sobre como o monitoramento contribui para a gestão do programa e fortalecimento da apresentação, defesa e conven- cimento da agenda (advocacy) e construção de parcerias. 9 AULA 2 - Monitoramento das ações do PSE Nesta aula, no contexto das políticas públicas, você conhecerá os princi- pais elementos que compõem o monitoramento do Programa Saúde na Escola, desde as regras à inserção dos procedimentos/ações no Sistema de Informação da Atenção Primária (SISAB). Monitoramento de políticas públicas O PSE compõe as políticas de saúde e educação. Como tal, está sujeito às ações desenvolvidas em qualquer uma dessas políticas, seja de reformu- lação, expansão, seja de monitoramento, que é nossa questão central. Inicialmente, é preciso entender o que é monitoramento, uma vez que na gestão pública é utilizado para avaliar de forma permanente as polí- ticas e os programas. Entre as muitas definições de monitoramento, escolhemos esta por ser mais próxima da realidade da gestão pública: […] é uma atividade regular de acompanhamento de processos- -chave previstos na lógica de intervenção de um programa e que permite rápida avaliação situacional e identificação de anormalida- des na execução deste, com o objetivo de subsidiar a intervenção oportuna e a correção tempestiva para garantir a obtenção dos resultados e impactos que ele deve provocar (JANUZZI, 2016, p. 18). Conforme Rua (2009, p. 23), […] o monitoramento diferencia-se da avaliação sob vários aspec- tos. Primeiro, enquanto a avaliação é o exame discreto de proces- sos, produtos, qualidade, efeitos, impactos, das ações realizadas, o monitoramento é o exame contínuo de processos, produtos, resul- tados e impactos das ações realizadas. Assim, a avaliação é complementar ao monitoramento, uma vez que possui prazos delimitados e entra mais a fundo em questões predefini- das, que no monitoramento são tratadas de forma mais ampla. Além disso, para realizar o monitoramento de uma política pública é pre- ciso ter indicadores de acompanhamento capazes qualificar ou quantifi- car em que medida os objetivos de uma intervenção, seja um plano, pro- jeto, programa ou política foram alcançados, dentro de um determinado período de tempo, em um dado território e com público definido. 10 Saiba mais! Ficou com dúvidas sobre o que é monitoramento? Então, assista ao vídeo “O que é Monitoramento?” O vídeo trata com sim- plicidade do significado desta prática tão importante para a gestão pública. Assista e confira! https://youtu.be/Gr_FJNpuUPs Quando se trata de políticas públicas, deve-se ter como foco a identifica- ção das demandas sociais, as quais devem orientar os indicadores. Essas demandas podem ser indicadas por uma gestão acima (federal, estadu- al) e também levantadas pelas gestões locais, uma vez que o monitora- mento é contínuo e deve buscar o aperfeiçoamento das ações e tomada de decisões que impactem positivamente para a população. Então, para monitorar é preciso elaborar indicadores. Dessa forma, você conseguirá acompanhar o avanço e os efeitos das ações realizadas. O que são indicadores? Conforme Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009, p. 24), O indicador é uma medida, de ordem quantitativa ou qualitativa, dotada de significado particular e utilizada para organizar e captar as informações relevantes dos elementos que compõem o objeto da observação. É um recurso metodológico que informa empirica- mente sobre a evolução do aspecto observado. Depois dessa explicação, certamente você lembrou de quantas vezes elaborou um indicador: número de cursos realizados; número de pes- soas formadas; número de famílias atendidas/mês etc. Isso mesmo! O indicador faz parte de nossa vida. Tanto no trabalho quanto no cotidiano privado, formulamos indicadores para acompanhar nossas ações e pla- nejarmos melhor. Agora, vamos conversar sobre indicador e monitoramento, ambos no contexto do PSE. https://youtu.be/Gr_FJNpuUPs 11 PSE: conhecer para monitorar Para o PSE, a escola e a rede de Atenção Primáriadevem ser vistas como integrais e integradas, com território e comunidade envolvidas nos seus processos. Por isso, dizemos que o município que decide pactuar o PSE decide por envolver toda a Atenção Primária, pois o cuidado não começa exclusivamente e nem se encerra no espaço escolar. Em consideração ao princípio mencionado e tendo em vista a necessi- dade de flexibilizar o PSE para permitir adequação às várias realidades brasileiras, o programa foi reestruturado e apresenta as diretrizes des- critas a seguir. • Desburocratização dos repasses financeiros – Recebimento do incen- tivo financeiro em parcela única e cada ano do ciclo. • Simplificação dos registros das ações/procedimentos (gestão da infor- mação) – O registro no Sistema de Informação do Ministério da Edu- cação (SIMEC) deixou de existir. Agora, todo o registro é feito no Siste- ma de Informação da Atenção Primária (SISAB). • Adesão por escola contemplando a totalidade de educandos. • Valorização do planejamento e gestão local – O município passa a ter a possibilidade de acrescentar outras ações durante a pactuação, ou para monitoramento próprio ou monitoramento compartilhado com o Ministério da Saúde. Além disso, planeja as ações em conformidade com as demandas e potencialidades locais. Para fins de monitoramento, as ações do Programa Saúde na Escola estão concentradas no registro de atividades de Atendimento em Gru- po e Avaliação/procedimento coletivo, para as quais é necessário informar o Cartão Nacional de Saúde dos educandos. Por que é importante informar o Cartão SUS dos estudantes? O Cartão Nacional de Saúde (CNS), conhecido como Cartão SUS, é um instrumento que possibilita a vinculação dos procedimentos executados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) ao usuário e ao profissional que os realizou. Com o CNS é possível acompanhar o usuário no sistema de saúde e verificar se ele acessou os serviços que compõem o projeto terapêutico construído para sua saúde. Esse registro é essencial para o monitoramento do público do Programa. Além disso, o Cartão Nacional de Saúde é um direito, mas não é obriga- tório para garantir o atendimento no SUS. Porém, a vantagem de conse- guir acompanhar o itinerário terapêutico do usuário na Rede de Saúde, 12 a partir do encaminhamento da Atenção Básica, tornam o Cartão SUS peça importante para o Programa Saúde na Escola. Nesse sentido, reco- menda-se que todos os estudantes e profissionais da saúde e da educa- ção possuam esse cartão. Combine com a equipe de saúde de referência a geração de número do Cartão SUS para todos os educandos. Para as atividades de Educação em Saúde e Mobilização Social, o CNS não é obrigatório, mas é recomendado. Registram-se nestas duas ativida- des, de acordo com a natureza da ação, iniciativas como palestras, deba- tes, filmes comentados, rodas de conversa, festivais de dança, de jogos ou outros, peças teatrais, exposições, feiras temáticas, comemorações de dias temáticos, campanhas e orientações gerais sobre determinada temática, com a informação consolidada do número de participantes. Qualquer atividade que fuja do conjunto de exemplos mencionados deverá ser registrada como Atendimento em grupo ou Avaliação/proce- dimento coletivo com a devida informação do CNS. Vamos aos exemplos: 1. grupo terapêutico, oficinas, grupos formados por ciclo da vida ou condição de saúde são atividades relativas ao Atendimento em Grupo; 2. grupo de estudantes submetidos à avaliação antropométrica ou aplicação tópica de flúor deve ser registrada como Avaliação/ Procedimento Coletivo. A partir desse entendimento, a orientação é que sejam preenchidos os Cartões Nacionais de Saúde (CNS) de todos os estudantes que partici- param das ações de ATENDIMENTO EM GRUPO e AVALIAÇÃO/PROCEDI- MENTO COLETIVO. Você Sabia? O Cartão SUS é gratuito e todas as pessoas têm direito. O cadastro para emissão do cartão SUS é on-line. O profissional de saúde que realizará o cadastro precisa ter um login, cuja base é o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES). Caso não tenha este login ou o mesmo esteja bloqueado, ligue para 136, opção 8 e, em seguida, opção 2. Qualquer Unidade Básica de Saúde pode providenciar o Cartão SUS mediante o acesso aos dados de identificação. 13 Agora você já pode se considerar um conhecedor do PSE e capaz de imple- mentá-lo no município ou estado. Com as informações fornecidas até aqui, é possível organizar o planejamento e o monitoramento do programa. Indicadores para monitoramento do PSE No âmbito nacional, para alinhar a produção das ações do PSE registra- das no SISAB ao monitoramento e aos repasses de incentivo financeiros, foram criados indicadores que são observados a cada ano do ciclo para identificar o município que fará jus ao incentivo no segundo ano do ciclo ao qual está aderido. O monitoramento dos dados será utilizado sob aplicação das seguintes regras: 1. O município que não registrar nenhuma ação do PSE, permanecerá aderido ao ciclo, mas, não fará jus ao incentivo financeiro; e 2. O município que não registrar ações consideradas prioritárias, mesmo que contemplada as demais, permanecerá aderido ao ciclo, mas, não fará jus ao incentivo financeiro. A seguir, são apresentadas sugestões de indicadores que podem ser uti- lizadas pelos municípios e estados no monitoramento do PSE. INDICADOR 1: Cobertura do PSE Nome do indicador: Cobertura do PSE nas escolas pactuadas na adesão. Unidade de medida: Percentual. Objetivo: Mesurar a cobertura do PSE no total de escolas pac- tuadas na adesão. Cálculo: nº escolas com registro de ao menos 01 ação do PSE no município nº de escolas pactuadas no município × 100 Percentual igual a zero, aplica-se a regra 1. 14 INDICADOR 2: Cobertura das ações prioritárias Nome do indicador: Cobertura das ações prioritárias nas esco- las pactuadas. Unidade de medida: percentual. Objetivo: Mesurar a cobertura das ações prioritárias nas esco- las dos municípios aderidos ao PSE. Cálculo: nº escolas com registro de ações prioritárias nº de escolas pactuadas do município × 100 Percentual igual a zero, aplica-se a regra 2. INDICADOR 3: Ações prioritárias realizadas no município Nome do indicador: Número de ações prioritárias realizadas no município aderido ao PSE. Unidade de medida: número inteiro. Objetivo: Verificar a realização das ações prioritárias nas esco- las do município aderido ao PSE. Cálculo: Contagem do número de ações prioritárias realizadas no município. Resultado igual a zero, aplica-se a regra 2. O município pode utilizar os indicadores mencionados para acompanhar a implementação do programa. Também pode elaborar outros indicado- res mais ousados relacionados aos resultados do PSE. Para elaboração dos indicadores, é importante conhecer as principais regras de cobertura das ações que são empregadas para definir o rece- bimento dos incentivos financeiros no segundo ano do ciclo: • exigência na implementação do PSE: 100% das escolas pactuadas deverão ser cobertas com as ações do PSE; • a ação de combate ao mosquito Aedes Aegypti é obrigatória para todas as escolas pactuadas; 15 • uma vez pactuada, todos os níveis de ensino da escola deverão ser bene- ficiados com as ações do PSE. A pactuação sempre é de toda a escola. Esperamos que o conteúdo apresentado até o momento tenha possibili- tado sua habilitação para a gestão do PSE. Para finalizarmos nossa jorna- da, vamos conhecer o Grupo de Trabalho Intersetorial na próxima aula. Sugestão de leitura BRASIL. Programa Saúde na Escola. Documento Orientador: Indicadores e Padrões de Avaliação – PSE Ciclo 2017/2018. Brasília, 2017. 16 AULA 3 - Grupo de Trabalho Intersetorial do PSE: controle social e espaço de governança para ações intersetoriais Chegamos a nossa última aula. Nela, vamos aprofundar o conhecimento sobre o controle social nas políticas públicas, seus objetivos e enfoques, bem como as funções dos conselhos de saúde e de educação e de como articular comestas instâncias para fortalecermos o PSE local, além de discutir o papel dos Grupos de Trabalho Intersetoriais (GTI) do PSE. Boa leitura! O que é controle social de políticas públicas? Controle social de políticas públicas é a participação da sociedade civil organizada no acompanhamento sistemático das ações do Estado. De forma mais completa, é a “participação do cidadão na gestão pública, na fiscalização, no monitoramento e no controle das ações da Adminis- tração Pública. Trata-se de importante mecanismo de prevenção da cor- rupção e de fortalecimento da cidadania” (CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO, 2010, p. 16). Por meio do controle social, a sociedade civil saberá onde, como, quando e por quanto os governantes utilizarão os recursos públicos e se foram utilizados conforme as necessidades da população. Mas para que o con- trole social exista é necessária participação da sociedade. O controle social pode se expressar de diversas maneiras: atuação dos conselhos setoriais/gestores de políticas públicas, participação em con- ferências setoriais de políticas públicas, encaminhamento formal de representação ao Ministério Público. Segundo o Manual do Gestor Municipal do SUS (2016), o controle social tem como objetivo Garantir a participação da sociedade nas decisões tomadas pelo Estado, ou seja, na gestão pública, e que dizem respeito ao interes- se e bem comuns. Busca, por meio da escuta ampliada e qualificada dos cidadãos, contemplar as necessidades da população acertando os rumos da saúde de acordo com as demandas sociais, compreen- de a democratização da gestão como condição para sua qualifica- ção (CONASEMS/RJ, 2016, p. 65). Até aqui, percebemos que o controle social está conectado à participa- ção. Mas o que é participação? 17 Segundo o Dicionário on-line de Português, ‘participação’ significa: “ter ou tomar parte; ato de informar ou receber uma informação”. Demo (1989) a define enquanto um processo de conquista e construção orga- nizada da emancipação social, assim definidos: [...] processo enquanto fenômeno historicamente dinâmico e mar- cado pela profundidade qualitativa no espaço e no tempo; conquis- ta e construção, significando que não pode ser obra de terceiros, mas dos reais interessados; o de organização, indicando que um dos signos principais de sua competência está na cidadania coletiva bem armada; e, finalmente, o de emancipação social, estabelecen- do a centralidade do sujeito social, no espaço histórico-estrutural das desigualdades sociais (DEMO, 1989, p. 133-134). Gadotti (2014) distingue ao menos duas categorias a partir do concei- to participação: participação social e participação popular. Por partici- pação social compreende-se os processos mais organizados que aliam representação formal com divisão de poder, tais como participação em conferências, conselhos gestores, ouvidorias etc. Já participação popular relaciona-se às formas de participação independentes e autônomas de organização e de atuação política dos grupos das classes populares e trabalhadoras e que se constituem em movimentos sociais, associações de moradores, lutas sindicais etc. (GADOTTI, 2014, p. 3). Mas onde a participação está prevista? A Constituição de 1988 consagrou diversos instrumentos que aproxi- mam os cidadãos das ações dos governos. Vamos conhecer alguns? Nossa Constituição afirma, em seu primeiro artigo, a possibilidade do exercício direto do poder por parte da população (Art. 1º., § 1º.). Além disso, é possível aos cidadãos fiscalizar as contas municipais (Art. 31º, § 3º), participar de processos decisórios de políticas setoriais de saúde, educação e assistência social (Art. 198º – III, Art. 204º – II, Art. 206º – VI). Outras legislações também possibilitam a realização do controle social por parte da população tanto na Saúde quanto na Educação. Vamos conhecê-las? • Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, conhecida como Lei Orgâni- ca da Saúde, trata da organização do Sistema Único de Saúde con- templando a participação da sociedade e o efetivo controle social por meio da atuação nos Conselhos de Saúde nas três esferas de Governo e o Distrito Federal. • Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990, refere-se aos meios pelos quais a população poderá participar efetivamente do Sistema Único 18 de Saúde, com destaque à institucionalização dos Conselhos Gestores de Saúde e das Conferências de Saúde. • A Lei Complementar 141, de 13 de janeiro de 2012, que trata dos valo- res mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Dis- trito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde. • O Decreto 7.508, de 28 de junho de 2011, que dispõe sobre a organi- zação do Sistema Único de Saúde. • Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1.996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação prevê que a gestão da política pública de Educação deverá ser feita de forma democrática em todo o território nacional, além da cons- tituição de conselhos de educação em todas as esferas da federação. Para refletir! A partir do que leu até o momento, como você avaliaria os espaços de controle ou participação social existentes em seu município? Há alguma instância de controle social que se arti- cula com o PSE? Apenas garantir em lei é suficiente? Não! É preciso que a sociedade civil se organize, reivindique, participe ativamente e de forma qualificada para incidir no controle social de polí- ticas públicas. Também é importante destacar que o controle social não substitui o papel dos governos: ele aprimora, favorece a implementação das políticas públicas e a transparência das ações dos governantes. Por isso, é fundamental que o Programa Saúde na Escola (PSE) se aproxi- me das instâncias de controle social de seu município para tornar públi- co o que já é da comunidade! O mecanismo ideal para esta aproximação é o Grupo de Trabalho Inter- setorial do Município (GTI-M). Os GTI foram mencionados a primeira vez na Portaria Interministerial nº 1.413, de 10 de julho de 2013. Os GTI são formas dos atores envolvidos com o PSE se organizarem para desenvolver a gestão compartilhada do PSE. Este formato ocorre nos âmbitos Federal (GTI-F), Estadual (GTI-E) e Municipal (GTI-M). 19 O município que realizar adesão ao PSE terá que providenciar a organi- zação do seu GTI-M, institucionalizado por Portaria, Decreto Municipal ou outro documento que o formalize na gestão do programa. O objetivo dos GTI é a gestão compartilhada e a articulação intersetorial das Secretarias de Saúde e Educação para o desenvolvimento e susten- tabilidade das ações do PSE de acordo com a demanda do local. Presentes em todas as instâncias federativas, os GTI têm a seguinte com- posição de acordo com as previsões normativas do PSE. GTI-F GTI-E GTI-M Ministério da Saúde Secretaria Estadual de Saúde Secretaria Municipal de Saúde Ministério da Educação Secretaria Estadual de Educação Secretaria Municipal de Educação Figura 3 - Composição dos GTI. Fonte: Brasil (2017). 20 A seguir, o quadro com as principais atribuições dos Conselhos de Saúde e Educação. Quadro 2 - Principais atribuições dos Conselhos Municipais de Saúde e Educação. Conselho Atribuições CMS Deliberar sobre as diretrizes para o estabelecimento de prio- ridades para as ações e os serviços públicos de saúde pelo respectivo gestor federal, estadual, distrital ou municipal. Deliberar sobre os programas de saúde e aprovar projetos a serem encaminhados ao Poder Legislativo. Definir diretrizes para elaboração dos planos de saúde e deliberar sobre eles. Fiscalizar e controlar gastos e deliberar sobre critérios de movimentação de recursos da Saúde, incluindo o Fundo de Saúde, bem como os recursos transferidos dos municí- pios, estados, Distrito Federal e União. v CME Deliberar sobre normatização de políticas educacionais complementares. Fiscalizar as condições de oferta das escolas conforme as diretrizes do Sistema de Ensino. Propor diretrizes para os planos municipais de Educação. Acompanhare avaliar a execução do plano municipal de educação. Acompanhar e controlar a aplicação dos recursos públicos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino. Fonte: MEC (2007) e MS (2012). Como o PSE pode se articular com os conselhos ou vice-versa? Essa articulação é possível desde o momento do planejamento inter- setorial até a avaliação das ações implementadas. É importante que o GTI-M encare a articulação com os conselhos como uma ação que for- taleça a implementação do PSE, na medida em que aproxima a gestão do programa dos representantes da população que participam nestas instâncias. “Compartilhar” o PSE. A seguir, podem ser observadas algumas situações propostas em que é possível articular as atividades dos conselhos no atual Ciclo do PSE. 21 Esta articulação deve ser perene, buscando sempre a divulgação do PSE de forma dirigida, ou seja, capaz de construir respaldo político, empatia da população e dos gestores e presença nos instrumentos de gestão da educação e da saúde como os Planos Municipais, a Lei Orgânica Anual e a Lei de Diretrizes Orçamentária do Município. O PSE do seu município ou estado já foi apresentado aos res- pectivos Conselhos de Saúde e de Educação? Quadro 3 - Propostas de momentos para articulação e fortalecimento do PSE nas instâncias de controle social. Ação Ator GTI-M CONSELHOS (SAÚDE E EDUCAÇÃO) 1. Apresentação do Programa Apresenta o programa: obje- tivos, diretrizes, ações a se- rem implementadas. Discute e acerta quais repre- sentantes acompanharão o programa. 2. Inclusão do Progra- ma nos respectivos Planos Municipais Subsidiar os conselhos com dados e informações a res- peito do programa. Pauta em seus cronogramas, a inclusão do PSE nos Planos Municipais de Saúde e Edu- cação. 3. Planejamento interse- torial participativo Convida formalmente os conselhos para participação na construção do Planeja- mento do PSE. Definem sua participação. 4. Pactuação de metas Apresentação de Metas a se- rem executadas no âmbito do PSE Analisam, aprimoraram a proposta conforme a reali- dade do controle social 5. Mobilização para implementação Apresentação do cronogra- ma de execução do PSE e pactuação de ações para mobilização do conselho. Articula no município ações de mobilização em parceria com o GTIM. 6. Análise final dos re- sultados Apresentação dos resultados obtidos após a implemen- tação: desafios e propostas para aprimoramento no pró- ximo ano. Analisam e problematizam os resultados obtidos, assim como as propostas de apri- moramento. Fonte: Elaboração própria. 22 Esta aula encerra o curso sobre o Programa Saúde na Escola. Todos os elementos essenciais ao entendimento e operacionalização do PSE no município foram abordados. Como atividade final, revise suas respostas aos exercícios propostos ao logo do módulo. Construa alternativas para superar as limitações e barreiras identificadas e outras para potencializar as fortalezas do PSE no seu município ou estado. Caso haja alguma dúvida relacionada à gestão do PSE, entre em contato com a equipe técnica do programa pelo e-mail pse@saude.gov.br mailto:pse%40saude.gov.br?subject=
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