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• O núcleo é o compartimento que contém o DNA, na forma de cromatina, e está separado do citoplasma por um envoltório, que define um ambiente nuclear. Apresenta matriz diferenciada, nucleoplasma, que se comunica com o citoplasma através de poros no envoltório. • O envoltório nuclear é sustentado tanto pelo lado citoplasmático quanto pelo lado nuclear, por filamentos do citoesqueleto. No lado nuclear, filamentos intermediários formam a lâmina nuclear, enquanto no lado citoplasmático, outros filamentos além dos microtúbulos estão envolvidos. • No núcleo, o grau de compactação do DNA varia no ciclo celular, atingindo seu máximo na fase M, quando é possível individualizar, contar e classificar os cromossomos. No entanto, se o DNA estiver compactado demais durante a intérfase, atividades como transcrição e replicação certamente ficarão muito dificultadas. Dessa forma, o mecanismo de compactação do DNA tem de ser dinâmico, facilitando o acesso das enzimas quando necessário. • O núcleo contém suborganelas ou domínios, dentre os quais se destacam: o nucleolo, corpúsculo de Cajal e complexo do poro. Essas estruturas se caracterizam pela ausência de membranas, mas que devem ser consideradas compartimentos, uma vez que apresentam proteínas residentes definidas, atividades biológicas específicas e estrutura característica. nucleolo • O nucléolo é considerado fábrica de ribossomos, uma vez que nele estão contidos os genes que codificam para os RNA ribossomais (rRNA) e as proteínas que fazem parte dos ribossomos. • Durante a intérfase, as regiões dos cromossomos que contêm genes que codificam os RNA se aproximam entre si e do nucleolo. Depois de produzidas no citoplasma, as proteínas ribossomais voltam ao núcleo e se juntam ao nucléolo, facilitando o arranjo ao mesmo tempo em que os RNA são processados. • O rRNA precursor 45S é empacotado em uma grande partícula ribonucleoproteica contendo várias proteínas ribossômicas importadas do citoplasma. Enquanto essa partícula permanece no nucléolo, componentes selecionados são adicionados e outros descartados conforme ela é processada em subunidades ribossômicas imaturas maiores e menores. As duas subunidades ribossômicas atingem sua forma funcional final apenas após serem transportadas individualmente através dos poros nucleares para o citoplasma. corpúsculo de Cajal • Sua formação é provavelmente mediada pela associação de domínios proteicos de baixa complexidade e sua aparência é o resultado da estreita associação dos componentes proteicos e RNA envolvidos na síntese, associação e armazenamento das macromoléculas envolvidas na expressão gênica. Proteína calina metilada reveste o corpúsculo de Cajal durante a intérfase. • Os corpos de Cajal são os locais onde spliceossomos são formados e maturados. Assim, os snRNPs e os snoRNPs passam pelas etapas finais de maturação, onde os snRNPs são reciclados e seus RNAs são “reinicializados” após os rearranjos que ocorreram durante o splicing. • Foi sugerido que os grupos de grânulos de intercromatina correspondam a acúmulos de reserva de snRNPs totalmente maduros e de outros componentes do processamento de RNA, que estão prontos para ser utilizados na produção dos mRNAs. Segundo estudos, parece que a principal função destes agregados é aproximar os componentes, de modo a acelerar sua associação. Assim, os corpos de Cajal são absolutamente necessários em situações nas quais as células devem proliferar de forma rápida, a fim de que a síntese de proteínas (que depende do splicing do RNA) não sofra atrasos que podem ser letais. • Dada a importância dos corpos nucleares no processamento do RNA, é de se esperar que o splicing do pré-mRNA aconteça em um local específico no núcleo, uma vez que ele requer numerosos componentes proteicos e de RNA. Entretanto, a associação dos componentes do splicing no pré-mRNA é cotranscricional; como consequência, o splicing deve ocorrer em muitas regiões sobre os cromossomos. Transporte nuclear • O envelope nuclear encerra o DNA e define o compartimento nuclear. Esse envelope consiste em duas membranas concêntricas, penetradas pelos complexos do poro nuclear. • A membrana nuclear interna contém proteínas que atuam como sítios de ligação para cromossomos e para a lâmina nuclear. Ela é circundada pela membrana nuclear externa, a qual é contínua com a membrana do RE. Assim como a membrana do RE, a membrana nuclear externa apresenta ribossomos envolvidos na síntese de proteínas. • O tráfego bidirecional ocorre continuamente entre o citosol e o núcleo. As muitas proteínas com função nuclear são seletivamente importadas do citosol, onde são sintetizadas, para o compartimento nuclear. Ao mesmo tempo, quase todos os RNAs são sintetizados no compartimento nuclear e então exportados para o citosol. complexo do poro • Os complexos do poro nuclear perfuram o envelope nuclear em todas as células eucarióticas. Cada NPC é composto de um conjunto de diferentes proteínas, ou nucleoporinas, que estão está encarregadas do controle do transporte de moléculas entre núcleo e citoplasma. Assim, há uma relação direta entre o número de complexos do poro e a intensidade da síntese de proteínas. Isto é, quanto maior a quantidade de proteínas sintetizadas, maior o número de complexos do poro. • A estrutura de cada poro é formada por três anéis: o anel citoplasmático; o anel nuclear e um anel mediano na região do espaço perinuclear. As partículas do anel mediano são transmembrana e chamadas de estacas radiais; formam a barreira que limita a fluidez de proteínas e lipídeos entre as membranas. Do anel citoplasmático projetam-se fibrilas envolvidas com o reconhecimento das moléculas que poderão atravessar o poro. Já do anel nuclear, projetam-se outros filamentos que se prendem a um anel distal, parecendo uma cesta de basquete. O conjunto desses filamentos mais o anel distal é chamado cesta nuclear. • Cada NPC contém canais aquosos, através dos quais pequenas moléculas solúveis em água podem difundir- se passivamente e tão rapidamente que o envelope nuclear pode ser considerado livremente permeável a elas. Grandes proteínas, entretanto, difundem-se de maneira muito mais lenta, e quanto maior a proteína, mais lentamente ela passa através dos NPCs. • Os complexos do poro mantêm abertas passagens diretas entre os ambientes citoplasmático e nuclear. Devido a isso, existem mecanismos de transporte especializados, tanto para promover a passagem de moléculas maiores do que o poro quanto para evitar a passagem de moléculas menores. • Por meio do estudo da nucleoplasmina, foi possível observar como ocorre esse transporte. A nucleoplasmina é formada por uma cabeça globular e várias caudas lineares, iguais entre si. Quando essa proteína é injetada no citoplasma de uma célula interfásica, em poucos minutos ela entra no núcleo. No entanto, se a nucleoplasmina for submetida a uma digestão com enzimas proteolíticas, de modo a separar a cabeça das caudas, e depois estas forem injetadas separadamente, é observado que apenas as caudas entram no núcleo. Esse experimento mostrou que as caudas da nucleoplasmina possuem algum sinal específico que permite a entrada no núcleo. • Buscando determinar qual a menor sequência de aminoácidos contida nas caudas da nucleoplasmina necessária para a entrada no núcleo, foi descoberta a sequência de localização nuclear (NLS), uma sequência reconhecida no envoltório nuclear para permitir a entrada no núcleo. • NLS são responsáveis pela seletividade desse processo nuclear de importação. Em muitas proteínas nucleares, os sinais consistem em uma ou duas sequências curtas ricas em aminoácidos carregados positivamente, lisina e arginina, com a sequência exata variando para diferentes proteínas. • Os sinais de localização nuclear podem estar situados praticamente em qualquer lugar na sequência de aminoácidose, supostamente, formam alças ou regiões na superfície da proteína. • O transporte macromolecular pelos NPCs é fundamentalmente diferente do transporte de proteínas pelas membranas das outras organelas, pois ocorre por um grande e expansível poro aquoso, em vez de usar uma proteína transportadora abrangendo uma ou mais bicamadas lipídicas. Por essa razão, as proteínas nucleares podem ser transportadas para o núcleo por um NPC quando estão em conformação completamente enovelada. Para iniciar a importação nuclear, a maioria dos sinais de localização nuclear deve ser reconhecida pelos receptores de importação nuclear, as importinas, que são codificados por uma família de genes relacionados. Cada membro da família codifica uma proteína receptora que pode se ligar e transportar subconjuntos de proteínas-carga contendo o sinal de localização nuclear apropriado. • Os receptores de importação nuclear nem sempre se ligam diretamente a proteínas nucleares, em alguns casos, são necessárias proteínas adaptadoras para formar pontes entre os receptores e os sinais de localização nuclear nas proteínas a serem transportadas. • De mesmo modo, a exportação de moléculas do núcleo ocorre por meio de NPCs e também depende de um sistema seletivo de transporte. O sistema de transporte se baseia nos sinais de exportação nuclear nas macromoléculas a serem exportadas, assim como nos receptores de exportação nuclear complementares, as exportinas, que se ligam tanto ao sinal de exportação quanto às proteínas NPC para guiar sua carga através do NPC ao citosol. • A partir de uma experimentação para estudar o transporte de mRNA, foi observado que as moléculas de mRNA saem do núcleo exclusivamente através de complexos do poro. Assim, os complexos são competentes tanto para transportar proteína do citoplasma para o núcleo quanto mRNA do núcleo para o citoplasma, assumindo uma direção exclusiva. • O transporte entre núcleo e citoplasma tem duas etapas: reconhecimento, independente de ATP, e translocação, dependente de ATP. A etapa de reconhecimento das proteínas que serão transportadas para o núcleo certamente envolve receptores que reconhecem as sequências de localização nuclear. Depois do reconhecimento, a acomodação da proteína na abertura do canal inicia a etapa de translocação. Recentemente, novos experimentos mostraram que a entrada de proteínas no núcleo, e também a saída de RNA, dependem da associação dessas moléculas com co-fatores que ligam e hidrolisam GTP. Como a recomposição do estoque citoplasmático de GTP depende da produção de ATP, o bloqueio do transporte na ausência de ATP fica explicado. Ran • A importação de proteínas nucleares através dos NPCs concentra proteínas específicas no núcleo, aumentando, portanto, a ordem na célula. A célula mantém esse processo de ordem pelo aproveitamento da energia armazenada em gradientes de concentração na forma ligada ao GTP da GTPase Ran monomérica, a qual é necessária tanto para a importação quanto para a exportação nuclear. • A forma Ran-GDP é mais abundante no citoplasma e a forma Ran-GTP é mais abundante no núcleo. No citoplasma a atividade enzimática de Ran é estimulada, fazendo com que ela hidrólise o GTP, enquanto no núcleo proteínas associadas à cromatina roubam o GDP de Ran, que logo é substituído por GTP. Supõe-se que Ran-GTP tenha tendência a sair do núcleo, enquanto Ran-GDP tenha tendência a entrar. • A localização de Ran-GDP no citosol e Ran-GTP no núcleo resulta da localização das duas proteínas reguladoras Ran: proteína Ran ativadora de GTPase (Ran-GAP) localizada no citosol e fator Ran de troca de nucleotídeos de guanina (Ran-GEF), que se liga à cromatina e, portanto, está localizado no núcleo. A Ran- GDP é importada para o núcleo por seu próprio receptor de importação, que é específico para a conformação de Ran ligada a GDP. • Depois de descarregar sua carga no núcleo, o receptor de importação vazio com Ran-GTP ligado é transportado de volta ao citosol através do complexo do poro. Lá, Ran-GAP estimula Ran-GTP a hidrolisar seu GTP ligado, convertendo-o, a Ran-GDP, o qual se dissocia do receptor. O receptor está pronto, então, para outro ciclo de importação nuclear. • A exportação nuclear ocorre por um mecanismo similar, exceto pelo fato de que Ran-GTP no núcleo promove a ligação da carga ao receptor de exportação, ao invés de promover a dissociação da carga. Uma vez que o receptor de exportação se movimenta através do poro para o citosol, ele encontra Ran-GAP que induz o receptor a hidrolisar seu GTP a GDP. Como resultado, o receptor de exportação libera sua carga e Ran-GDP no citosol. Os receptores de exportação livres retornam ao núcleo para completar o ciclo. Envoltório nuclear • A lâmina nuclear dá forma e estabilidade ao envelope nuclear, ao qual é ancorada pela ligação, tanto de NPCs quanto de proteínas transmembrana, ao interior da membrana nuclear. Junto com a lâmina, essas proteínas de membrana interna fornecem ligações estruturais entre o DNA e o envelope nuclear. • Quando um núcleo é desmontado durante a mitose, os NPCs e a lâmina nuclear desmontam e o envelope nuclear se fragmenta. Durante esse processo, algumas proteínas NPCs encontram-se ligadas a receptores de importação nuclear, os quais participam da montagem de NPCs no fim da mitose. • O desmonte do envoltório nuclear é disparado pelo complexo MPF, que fosforila proteínas que vão compactar a cromatina, outras que vão despolimerizar microtúbulos, fragmentar o retículo endoplasmático e também as membranas que formam o envoltório nuclear, que vesiculam. As laminas também são substrato para as quinases da fase M e, quando são fosforiladas, despolimerizam. Alguns componentes do complexo do poro também são fosforilados e o conjunto se desassocia. • Em etapas posteriores da mitose, o envelope nuclear se reagrega na superfície dos cromossomos-filhos. Além do seu papel crucial no transporte nuclear, Ran- GTPase também atua como um marcador de posição para a cromatina durante a divisão celular, quando os componentes citosólicos e nucleares se misturam. • Ao final da mitose, são ativadas fosfatases que desfosforilam os substratos que foram alvo do MPF no início do processo. Com a desfosforilação, a cromatina volta a descompactar, tornando a expor os sítios de afinidade por laminas e por proteínas da membrana nuclear interna. Nesse mesmo período, as laminas desfosforiladas voltam a polimerizar a lâmina, não em qualquer lugar, mas exatamente em volta do genoma das células-filhas porque têm afinidade pela cromatina que está descompactando. Ao se incorporar ao polímero, as laminas ajudam a aproximar as vesículas de membrana interna onde estão presas. A incorporação dos componentes do complexo do poro ao envoltório é um fenômeno ainda menos conhecido. • Hoje, já se sabe que os complexos do poro se desorganizam e que alguns de seus componentes têm afinidade pela própria cromatina. Alguns pesquisadores formularam a hipótese de que os componentes do complexo do poro podem mesmo ajudar na reorganização do próprio envoltório
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