Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Os linfomas fazem parte do grupo das neoplasias hematológicas que se originam de células do tecido linfoide, como os linfócitos T e B e as células NK. Os linfomas são, em grande maioria, tumores originados nos linfonodos. Contudo, ele também pode ser encontrado no baço, no timo e nas amigdalas. Os linfomas são classificados em Hodgkin e não Hodgkin. Entretanto, independente desta classificação, a apresentação clínica mais frequente é adenopatia periférica não dolorosa. Com isso, frequentemente o paciente com linfoma apresenta linfadenomegalia e o diagnóstico deve ser feito por biópsia. Os LNH são bem mais comuns que os linfomas de Hodgkin. Existe um predomínio no sexo masculino e na raça branca e um pico unimodal entre 50-65 anos. Está relacionado com a infecção pelo HIV (linfomas agressivos), EBV (Linfoma de Burkitt e linfoma primário do SNC), HTLV-1, H. pylori (linfoma MALT) e o HHV-8 (linfoma erosivo de cavidades serosas); com transplante de órgãos sólidos; com os portadores de síndrome de Sjogren e AR. Nos LNH, os linfócitos mais frequentemente afetados são os do tipo B (85% dos casos). Embora estejam mais associadas às leucemias, as translocações cromossomiais também têm papel importante na patogênese dos linfomas. O local mais frequentemente envolvido (75% dos casos) nos LNH é o linfonodo. Os sintomas B 9febre > 38ºC, sudorese noturna e perda de peso > 10% em 6 meses) estão presentes em 40-45% dos casos, mais frequentemente nos subtipos agressivos. Outros sintomas sistêmicos: prurido, exantema, sintomas compressivos do mediastino levando à rouquidão, tosse, compressão traqueal e até mesmo síndrome de veia cava superior. O acometimento extranodal é mais comum no LNH e os locais mais afetados são a medula óssea e o TGI. No TGI o estômago é o mais afetado e, neste caso, a infecção por H. pylori, que causa o linfoma MALT, é responsável por 40% dos casos. Manifestações paraneoplásicas: anemia hemolítica autoimune, PTI, neuropatia periférica, pênfigo, vasculites e glomerulonefrite. A biópsia excisional do linfonodo acometido é muito importante para definir o diagnóstico do LNH. Ind ica çõ es p ar a bió ps ia de lin fo no do Tamanho > 2cm ou volume > 1,5 x 1,5 cm Localização supraclavicular ou escalênica Persistência por mais de 4-6 semanas Crescimento progressivo Aderência a planos profundos Possui bom prognóstico se diagnosticado cedo; Sobrevida do paciente medida em anos se não tratado; O tratamento não é muito eficaz; Normalmente o seu diagnóstico é tardio, pela clínica ser arrastada; Linfoma folicular é o 2º mais comum dos LNH (pois proliferação apenas folicular). Possuem prognóstico intermediário; Sobrevida em meses se não tratado; Normalmente o seu diagnóstico é precoce devido a clínica exuberante; Linfoma difuso de grandes células B é o mais comum de todos os LNH (proliferação por toda a arquitetura do linfonodo, por isso mais agressivo. Tratamento é altamente curativo (40- 80%). Pior prognóstico; Sobrevida em semanas se não tratado; Normalmente o seu diagnóstico é precoce devido a clínica exuberante; Linfoma de Burkitt (predominante em crianças). PARADOXO PROGNÓSTICO Os linfomas indolentes possuem bom prognóstico quando diagnosticado precocemente. Contudo, isso não ocorre em muitas das vezes, pois os seus sintomas e sua evolução se dão muito lentamente, fazendo com que o paciente só vá buscar atendimento em fase avançada da doença, em que o tratamento não é muito eficaz. Os linfomas agressivos e altamente agressivos por sua vez, possuem mal prognóstico inicial, mas quando diagnosticado precocemente, como ocorre na maioria das vezes, é eficaz ao tratamento. Seu diagnóstico é precoce, pois sua clínica e evolução são exuberantes, fazendo com que o paciente procure atendimento na fase inicial da doença. Acometimento de uma única cadeia linfonodal ou estrutura linfoide. Acometimento de duas ou mais cadeias linfonodais no mesmo lado do diafragma (abaixo ou acima). Acometimento de cadeias linfonodais ou estruturas linfoides em ambos os lados do diafragma. - III 1: andar superior do abdome; - III 2: andar inferior do abdome. Acometimento extranodal extenso não decorrente de extensão direta de um sítio linfonodal descrito. A: sem sintomas B B: com sintomas B E: comprometimento solitário e localizado de sítio tecido linfático extranodal, excluindo fígado e medula óssea. S: acometimento do baço X: doença volumosa (Bullky) = presença de grande massa mediastinal (>10 cm de diâmetro ou > 13 do diâmetro torácico). Assintomático Sintomático em ambulatório Sintomático até 50% do tempo acamado Sintomático > 50% do tempo acamado Acamado o tempo todo. Imagem: TC de tórax, abdome e pelve com contraste venoso. Biópsia de medula óssea (avaliação do acometimento extranodal). Hemograma, função hepática e renal, LDH, VHS, ácido úrico, cálcio, beta-2-microglobulina, eletroforese de proteínas. Punção lombar nos subtipos mais associados à meningite neoplásica sempre que a biópsia de medula óssea for positiva. Sorologia para HIV. Ecocardiograma sempre que a QT incluir antraciclínicos. Na imunofenotipagem podemos encontrar CD45, marcador de linfócitos) e CD20 (marcador de linfócitos B). É o segundo LNH mais comum, após o difuso de grandes células B. Corresponde a 70% dos casos de linfomas indolentes. A idade média de apresentação é 60 anos, iniciando com uma linfoadenomegalia insidiosa (cervical, supraclavicular, inguinal e axilar). Os sintomas B são relatados em 20%, bem como elevação do DHL sérico. O IPI costuma ser baixo, com 45% apresentando-se com um escore 0. A terapia não influi muito no prognóstico e deve ser reservada para doença localizada. A grande maioria dos casos não tem cura e virtualmente todos morrem do próprio linfoma. Muitos pacientes desenvolvem transformação neoplásica: um linfoma B agressivo, geralmente difuso de grandes células. É a forma linfomatosa da leucemia linfocítica crônica (LLC). Portanto é derivado de um subtipo linfócitos B maduros virgens circulantes sem competência imunogênica. Hipogamaglobulinemia. A diferença entre o linfoma linfocítico pequeno e a LLC é apenas didática, pois se trata de uma mesma doença. Cerca de 80% dos casos se encontram no estágio IV, com 70% da extensão para a medula óssea, com infiltração maciça. Um número significativo de pacientes evolui com transformação maligna para um linfoma difuso de grandes células B, uma grave complicação que recebe o nome de síndrome de Richter. É exatamente a mesma doença da macrogamablobulinemia de Waldenstrom. A única diferença é que alguns casos não apresentam o pico monoclonal de IgM. É derivado dos linfócitos B estimulados a se tornarem plasmócitos. Mais de 70% estão no estágio IV. A histologia revela a presença de folículos linfáticos com uma zona do manto e uma zona marginal proeminentes. Manifesta-se com linfoadenomegalia generalizada e segue um curso bastante indolente (sobrevida de 12 anos). É derivado dos linfócitos B de memória da zona marginal da polpa branca do baço. O paciente possui uma esplenomegalia, na ausência linfoadenomegalia, a não ser nos linfonodos do hilo esplênico e pancitopenia. Cerca de 90% dos casos já estão no estágio IV, devido ao acometimento do fígado e MO. Não tem boa resposta à QT, mas o rituximab tem mostrado boas taxas de respostas em casos refratários. Corresponde a 5% de todos os LNH, sendo o linfoma MALT gástrico o exemplo mais comum. O linfoma MALT geralmente surge como complicações de algumas doenças benignas inflamatórias. Tais patologias estimulam a formação de tecido linfoide na mucosa. Gastrite crônica por H pylori, poli- infestação parasitária, tireoidite de Hashimoto e síndrome de Sjögren. O linfoma MALT gástrico corresponde a 75% dos linfomas do TGI. Ocorre dor no epigástrio, náuseas ou vômitos, plenitude pós-prandial e perda ponderal. O diagnóstico só poderá ser feito pela biopsia da submucosa gástrica, e praticamente todos estão relacionados à gastrite crônica por H. pylori. Corresponde a mais de 90% dos casos de linfomas agressivos e a 30% de todos os LNH. É derivado das células B em transformação blástica dos centros germinativos. A doença se manifesta com uma massa linfonodal de crescimento rápido na região cervical ou abdominal. Em 40% dos casos há apresentação extranodal no TGI. Os sintomas B são relatados na apresentação em 30-40% dos casos e o DHL está elevado em metade dos pacientes. Apesar de uma forte tendência à disseminação, esses tumores encontram- se inicialmente localizados em 55% dos casos e disseminados em 45%. Geralmente a sobrevida em 5 anos significa cura do tumor. Trata-se de uma forma mais agressiva do linfoma difuso de grandes células, responsável por 10% dos casos. É bem mais comum nos pacientes com SIDA/AIDS. Quase sempre relacionado ao Epstein-Barr. É um tipo raro de linfoma B em que as células neoplásicas se alojam no lúmen dos microvasos de vários órgãos, especialmente na MO, SNC, rins e pulmão e pele. É um linfoma derivado dos linfócitos B pequenos ‘virgens’ da zona do manto que se parecem morfologicamente com centrócitos. Apresenta-se com linfoadenomegalia generalizada, esplenomegalia, acometimento do anel de Waldeyer e do TGI. Este linfoma é moderadamente agressivo e a poliquimioterapia não aumenta significativamente a sobrevida média destes pacientes (3-4 anos). O linfoma é o segundo mais comum da infância (30%), perdendo apenas para o linfoma linfoblástico de células pré-T. Embora relativamente comum em crianças, é raro em adultos (exceto HIV), e deriva de linfócitos B do centro germinativo que foram submetidos à ativação antigênica. Existem 3 formas: esporádica; endêmica africana e forma no HIV positivo. A forma esporádica é a mais comum, com dor abdominal, ascite e massa abdominal. Ao contrário da forma endêmica, a associação com o vírus Epstein-Barr é discreta. A forma endêmica africana possui forte associação com o Epstein-Barr (95%). Os sintomas B são incomuns. Todas as formas de linfomas de Burkitt evoluem com massas de crescimento rápido, sintomáticas e com manifestações compressivas e DHL elevado. A resposta a QT é dramática e a chance de cura é de 60%. Trata-se de uma variante histológica, contendo células maiores misturadas às pequenas células não clivadas. A evolução e prognóstico são intermediários entre o linfoma de Burkitt e B difuso de grandes células. A evolução e o prognóstico são intermediários entre as duas formas. É a forma linfomatosa da LLA de células pré- B. é um tipo bastante raro de LNH (o mais comum é o de células pré-T). Linfomas indolentes devem ser abordados de forma mais conservadora, uma vez que a poliquimioterapia raramente atinge a cura e o objetivo principal deve ser paliativo. Infelizmente a maioria dos pacientes com linfoma B indolente possui doença disseminada ao diagnóstico (III e IV) com envolvimento medular frequente. Casos oligossintomáticos a conduta deve ser expectante, sem iniciar a QT, até a evolução para um quadro sintomático. As indicações clínicas são: sintomas B, linfadenomegalia, envolvimento de órgãos vitais, citopenias e agressividade. Terapia com rituximab, radioimunoterapia e transplante de MO. O transplante alogênico pode ser considerado em um grupo selecionado de pacientes (jovens com doença recaída e agressiva). O mandamento número 1 é iniciar o mais precoce possível a QT, pela real chance de cura. O esquema CHOP possui potencial de mielotoxicidade, necessitando de cuidados quanto a febre no neutropênico e de reposição de plaquetas. Nos pacientes de alto risco para neutropenia grave e prolongada, pode se considerar a prescrição de G-CSF ou GM-CSF. Nos paciente com estágio localizado (I e II) a QT alcança taxas de cura muito expressivas (75%). Nos pacientes com estágio avançado (III e IV) a QT consegue taxa de cura menor (35%). O IPI é o principal determinante individual da taxa de cura. No mediastinal a chance de cura é de 70-80%. Não podemos deixar de cuidar da síndrome de lise tumoral (com alto grau de malignidade) com hidratação venosa, alupurinol e alcalinização da urina. O linfoma de células do manto não possui boa resposta ao tratamento, com pequena taxa de cura. Há grande benefício com o uso de transplante autólogo nos pacientes respondedores à QT. Linfoma linfoblástico: o tratamento é quimioterápico (com ou sem transplante de medula) parecido com o esquema da LLA. O esquema preferencial de QT é HyperCVAD, seguido por um esquema quimioterápico de consolidação e profilaxia de recidiva no SNC. → Lembrar de realizar a profilaxia da síndrome tumoral, visto que é um tumor de crescimento rápido. Linfoma de Burkitt: o tratamento é feito com QT (CODOX-M alternado com IVAC) + profilaxia para SNC com citarabina e/ou metotrexato intratecais. O rituximab pode ser utilizado a partir do segundo ciclo de QT para reduzir o risco de síndrome de lise tumoral. Principais representantes das neoplasias de linfonodos. Possui incidência crescente pela relação com: infecção por HIV, transplante de órgãos sólidos e pelo aumento de idosos → Condições imunossupressoras. Pico unimodal: 50-65 anos. Incidência maior no sexo masculino e na raça branca. A maioria dos LNH não possuem etiologia definida. Seu aparecimento se dá pela confluência entre fatores genéticos e fatores ambientais. Fatores de risco: → AIDS + EBV: linfoma B difuso de grandes células, linfoma de Burkitt, linfoma primário do SNC. → Herpes vírus 8: Linfoma de cavidades serosas e linfoma de Burkitt. → Transplante de órgãos sólidos: é uma doença linfoproliferativas pós transplante, devido a imunossupressão necessária. → HBV: invadem os linfócitos B e fazem a proliferação desordenada destes. → HTLV-1: indicam péssimo prognóstico e invadem as células T. → H. pylori: relacionado com o linfoma de MALT (bom prognóstico ao tratar a infecção). → Doença autoimune: síndrome de Sjogren, tireoidite de Hashimoto, LES, AR e DII. → Doença celíaca: predispõe linfoma de células T. → Fatores ambientais: herbicidas, radiação ionizante, resinas de cabelo, tratamento curativo para LH. INDOLENTES AGRESSIVOS ALTAMENTE AGRESSIVOS Sobrevida em anos se não tratado; Linfoma folicular (2º mais comum dos LNH); Tratamento ineficaz se não diagnosticado precocemente. Sobrevida em meses se não tratado; Linfoma difuso de grandes células B (+ comum de todos LNH); Tratamento eficaz. Sobrevida em semanas se não tratado; Linfoma de Burkitt (predominante em crianças); Tratamento eficaz. Linfadenomegalia periférica não dolorosa → Cadeias cervicais, supraclaviculares e inguinais; → Aderido aos planos profundos, indolor, consistência endurecida e crescem; → Anel de Waldeyer, linfonodos epitocleares e abdominais podem estar presentes; → Disseminação hematogênica; → Se for indolente pode crescer e regredir várias vezes e de forma progressiva; → Se for agressivo o crescimento é rápido. Sintomas B: FEBRE > 38ºC + SUDORESE NOTURNA + PERDA PONDERAL > 10% EM 6 MESES. Os pacientes comos sintomas B possuem pior prognóstico. Outros: fadiga, mal-estar, prurido, esplenomegalia. Acometimento extranodal: TGI, MO (citopenias), pele, fígado, nasofaringe, órbitas, SNC, meninges, rins, testículos, gls salivares, tireoide e ossos da mandíbula. Paradoxo prognóstico dos LNH → Indolentes: possuem bom prognóstico quando diagnosticado precocemente. Contudo, isso não ocorre em muitas das vezes, pois os seus sintomas e sua evolução se dão muito lentamente, fazendo com que o paciente só vá buscar atendimento em fase avançada da doença, em que o tratamento não é muito eficaz. → Linfomas agressivos e altamente agressivos: possuem mal prognóstico inicial, mas quando diagnosticado precocemente, como ocorre na maioria das vezes, é eficaz ao tratamento. Seu diagnóstico é precoce, pois sua clínica e evolução são exuberantes, fazendo com que o paciente procure atendimento na fase inicial da doença. Índice de prognóstico internacional → > 60 anos; → LDH elevado; → Status performance ≥ 2 → Estágio Ann Arbor III ou IV; → Acometimento extranodal > 1. I: Acometimento de uma única cadeia linfonodal ou estrutura linfoide. II: Acometimento de duas ou mais cadeias linfonodais no mesmo lado do diafragma (abaixo ou acima). III: Acometimento de cadeias linfonodais ou estruturas linfoides em ambos os lados do diafragma. (III 1: andar superior do abdome E III 2: andar inferior do abdome). IV: Acometimento extranodal extenso não decorrente de extensão direta de um sítio linfonodal descrito. SUFIXOS: A: sem sintomas B B: com sintomas B E: comprometimento solitário e localizado de sítio tecido linfático extranodal, excluindo fígado e medula óssea. S: acometimento do baço X: doença volumosa (Bullky) = presença de grande massa mediastinal (>10 cm de diâmetro ou > 13 do diâmetro torácico). Indolentes: → Fase precoce: radioterapia direcionada. → Fase tardia: sintomático (Rituximab) e oligo/assintomático (conduta expectante). Agressivos e altamente agressivos: depende do tipo histológico.
Compartilhar