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Fonte: Dra. Ana Leonor, Ministério da Saúde, Medcurso 2019 Introdução A Neonatologia é uma área de atuação da pediatria que visa à assistência ao Recém-Nascido (RN), da sala de parto até o final do período neonatal (1º ao 28º dia de vida). O nascimento seguro, é efetivado a partir de um tripé: cuidados pré natais, nascimento e cuidados pós natais. Cuidados pré natais: → Estabelecer o vínculo entre o pediatra e os pais; → Identificar situações de risco; → Definir abordagem de promoção, prevenção e tratamento, fundamentados na avaliação da história perinatal; → Promoção à amamentação; → Esclarecimento de dúvidas; → Apoio aos sentimentos dos pais em relação à gestação e ao parto. Riscos na sala de parto → Um em cada 10 recém nascidos necessita de ajuda para iniciar a respiração efetiva. → Um em cada 100 precisa de intubação traqueal. → 1-2 em casa 1000 requer intubação acompanhada de massagem cardíaca e/ou medicações, desde que a ventilação seja aplicada adequadamente. → A necessidade de procedimentos de reanimação é maior quanto menos a idade gestacional e/ou peso ao nascer. → O parto cesáreo, entre 37-39 semanas de gestação, mesmo sem fatores de risco antenatais para asfixia, eleva a chance de necessidade de ventilação ao nascer. O preparo para a assistência → É necessário contar com uma equipe de profissionais de saúde treinada em reanimação neonatal antes do nascimento de qualquer RN. Anamnese pré parto → Histórico social e familiar: nome dos pais, um telefone, estado civil, profissão materna, grau de escolaridade da mãe, religião, condições de moradia. Sobre a família, saber a presença de doenças crônicas, doenças hereditárias, se há consaguinidade entre os pais. → Histórico materno: problemas de saúdes antes da gestação, uso de medicamentos, quantos filhos e como foram as gestações. → Histórico perinatal: data da ultima menstruação, quantas consultas de pré natal fez, intercorrências da gravidez, sorologias maternas, medicações ou drogas ilícitas durante a gestação. Há quanto tempo está de trabalho de parto, o tipo de parto, se houve ruptura de membrana ou não. Material → Temperatura ambiente (23-26ºC), fonte de oxigênio, mesa de reanimação, fonte radiante, relógio de parede e aspirador. → Material de intubação: deve ser checado antes do parto. → Material para manutenção de temperatura. → Material para avaliação da criança. → Material para cateterismo umbilical. → Medicamentos: principalmente os utilizados na reanimação neonatal, como adrenalina (1ml adrenalina + 9 ml de soro). → Material para aspiração → Materiais de proteção individual. Nascimento A sociedade brasileira de pediatra recomenda a presença do pediatra em todo nascimento. Quando, na anamnese, identificam-se fatores de risco perinatais, podem ser necessários 2-3 profissionais treinados e capacitados a reanimar o RN de maneira rápida e efetiva. Para a recepção do RN, sempre utilizar as precauções-padrão que são a lavagem de mão e uso de EPI’s, evitando o uso de adornos. Clampeamento do cordão umbilical no RN >=34 semanas Logo após a extração completa do produto conceptual da cavidade uterina, avalia-se o RN >=34 semanas começou a: → Respirar ou chorar; → Tônus muscular está em flexão. *Se a reposta é “sim” a ambas, indicar o clampeamento tardio do cordão, independentemente do aspecto do líquido amniótico. O clampeamento tardio é definido como após 60 segundos – até parar a pulsação do cordão umbilical (até 3 minutos). Qual a importância disso? A circulação neonatal intrafetal é totalmente diferente de quando ele nasce. Quando o bebê nasce, ocorre uma inversão total dessa circulação, e ela precisa se adaptar à essa situação. Não existem evidências da segurança e eficácia da ordenha de cordão em comparação ao clampeamento precoce ou tardio de cordão, no RN a termo. Recomenda-se clampeamento imediato: → Se a circulação placentária não estiver intacta (descolamento prematura de placenta, placenta prévia ou rotura ou prolapso ou nó verdadeiro de cordão); → Se o RN < 34 semanas não inicia a respiração; → Não mostra o tônus muscular em flexão. Avaliando a vitalidade do bebê Boa vitalidade → RN é de termo (idade gestacional 37-41 semanas) → Está chorando/respirando → Tônus muscular em flexão Na presença de boa vitalidade, continuar junto de sua mãe, independentemente do aspecto do líquido amniótico. Assistência no RN com boa vitalidade → Manter a temperatura corporal entre 36,5- 37,5ºC; → Secar com compressas aquecidas; → Contato pele a pele com a mãe, coberto com tecido aquecido; → Manter as vias aéreas pérvias, sem flexão ou hiperextensão do pescoço. Observar presença de secreções na boca e nariz; → Avaliar frequência cardíaca (FC), o tônus muscular e a respiração/choro; → Amamentação na primeira hora do parto. Sem boa vitalidade - apenas uma das perguntas abaixo “não”: → <37 semanas? → Respiração e choro presente? → Tônus muscular em flexão? Assistência ao RN sem boa vitalidade: clampeamento imediato do cordão umbilical e encaminhamento do RN à mesa de reanimação. Cuidados na mesa de reanimação Cuidados iniciais: 30 segundos → Prover calor: campos e berço aquecidos, sob calor radiante. → Posicionar a cabeça em leve extensão e colocar o coxin. → Aspirar boca e narinas se necessário (se ver secreção), por sonda traqueal (8-10) e aspirador a vácuo (P max = 100 mmHg). → Secar o corpo e região da fontanela e desprezar os campos úmidos. Minuto de ouro: os primeiros 30 segundos anteriores + os próximos → Contar a frequência cardíaca: ausculta do precórdio (6 segundo e multiplica por 10) ou palpar a fontanela ou pulsos centrais. → Se FC < 100 bpm, apneia ou respiração irregular: fazer ventilação com pressão positiva (VPP), monitorar a saturação no membro superior direito (por conta da circulação pré ductal). → Se FC e respiração normais, observar desconforto respiratório ou não: ▪ Sim: monitorar saturação e observar necessidade de CPAP. ▪ Não: cuidados de rotina junto com a mãe, prover calor e vias aéreas pérvias e avaliar a vitalidade de maneira contínua. Se com VPP Fc < 100 bpm → Garantir adaptação face/máscara, assegurar ventilação adequada com movimento do tórax e considerar intubação. → Se associar O2 à VPP e a FC continua < 100 bpm: ▪ Intubação orotraqueal ▪ Massagem cardíaca coordenada com ventilação adequada (3:1) ▪ Considerar O2 a 100% ▪ Avalia r FC contínua com monitor ▪ Considerar cateterismo venoso → FC continua < 100 bpm após 30 segundos: adrenalina endovenosa (considerar hipovolemia) Oxigênio suplementar → Quando o RN não melhora e/ou não atinge os valores desejáveis de saturação com a VPP em ar ambiente, recomenda-se sempre verificar e corrigir a técnica da ventilação antes de oferecer oxigênio suplementar. Lembrar também que o RN não possui saturação de 90-100% logo quando nasce. Desta forma, o parâmetro indicado para observar a progressão para intubação e VPP é a frequência cardíaca. Minuto de vida Sat de O2 pré ductal Até 5 70-80% 5-10 80-90% > 10 85-95% Líquido amniótico meconial Não existem evidências para indicar de modo rotineiro a aspiração traqueal sob visualização direta no RN não vigoroso com líquido amniótico meconial. RN com líquido amniótico meconial com apneia, respiração irregular e FC < 100 bpm: → Iniciar VPP com máscara facial e em ar ambiente nos 60 segundos de vida. → Se após 30 segundos de ventilação efetiva, o neonato não melhora e há forte suspeita de obstrução de vias aéreas, pode-se indicar a retirada do mecônio residual da hipofaringe e da traqueia sob visualização direta. Nessa situação, aspirar o excesso de mecônio umaúnica vez. Boletim de APGAR É um escore que avalia a vitalidade neonatal precoce, não determinando o início da reanimação e sim sua resposta. Um dos objetivos do boletim APGAR é identificar o RN deprimido, que possivelmente necessitou de manobras de reanimação. Entretanto, ele NÃO pode ser o fator que determinará o início das manobras de reanimação, até porque sua primeira aferição acontece apenas no primeiro minuto de vida. Perceba que a decisão de começar a reanimação é tomada mediante a avaliação da respiração e da frequência cardíaca ANTES deste primeiro minuto de vida. O APGAR é uma medida de vitalidade, que deve e pode ser calculada depois que as medidas de cuidado inicial forem tomadas. Calculamos no 1º e 5º minuto, e permanecemos calculando se a pontuação for menor ou igual a 7 (o escore deve ser calculado com intervalo de 5 minutos). Sinal Escore 0 1 2 FC Ausente < 100 > 100 Respiração Ausente Lenta e irregular Regular, chorando Tônus muscular Flácido Alguma flexão Movimentos ativos Irritabilidade reflexa Sem resposta Careta Tosse, espirro, choro Cor da pele Cianótica ou pálida Corpo rosado e acrocianose Completamente rosada Classificação do RN Idade gestacional → Pré termo: nascidos com menos de 37 sem de gestação. ▪ Extremo: idade gestacional inferior a 28 semanas. ▪ Tardio: 34 semanas – 36 semanas e 6 dias. → A termo: nascido entre 37 e 41 sem e 6 dias. → Pós termo: nascidos com 42 semanas ou mais. Como saber a idade gestacional? o DUM ou USG do 1º trimestre (mais fidedigna); o Método Capurro: de acordo com o exame físico do RN, contudo é inadequado para prematuros extremos (29 semanas). o New Ballard: é mais adequado para prematuro. Peso → Baixo peso ao nascer: 1500-2499 g → Muito baixo peso ao nascer: 1000 e 1499 g → Extremo baixo peso ao nascer: < 1000 g Peso/idade gestacional → Pequeno para idade gestacional: abaixo do percentil 10; → Adequado para idade gestacional: entre o percentil 10-90; → Grande para idade gestacional: acima do percentil 90. Exame físico inicial (está no resumo de exame físico do RN) Deve ser feito o mais precocemente possível, logo após o nascimento, realizando avaliação objetivando detectar anormalidades que coloquem em risco a vida do RN. Deve-se realizar o EF completo até 12 horas de nascimento. Reflexos Reflexo de Moro (Reflexo do “Abraço”) Descrição: Na posição supina (tronco para cima), eleva-se o bebê pelo tronco acima do plano da mesa e repentinamente o solta, apoiando-o em seguida para que não caia. O objetivo é produzir uma extensão rápida do pescoço e cabeça. Obtemos a abdução seguida da adução e flexão das extremidades superiores, flexão do pescoço e choro. Aparecimento: 28-32 semanas de idade gestacional. Desaparecimento: Aos quatro meses ele desaparece em sua forma “típica” ou completa, conforme descrevemos. Aos seis meses desaparece definitivamente. Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (Magnus de Kleijn) Descrição: O bebê na posição supina sofre uma rotação da cabeça para um lado por 15 segundos. A resposta esperada é a extensão das extremidades do lado do queixo e flexão das extremidades do lado occipital. Aparecimento: 35 semanas de idade gestacional. Desaparecimento: aos 3-4 meses pós-natais. Reflexo de Preensão Palmar Descrição: Na posição supina, o examinador coloca o dedo na face palmar do bebê. A resposta esperada é a flexão dos dedos e o fechamento da mão. Aparecimento: 28-32 semanas de idade gestacional. Desaparecimento: aos 3-4 meses pós-natais. Reflexo de Preensão Plantar Descrição: Na posição supina, o examinador comprime o seu polegar sobre a face plantar, abaixo dos dedos. A resposta é a flexão dos dedos do pé. Desaparecimento: Aos 15 meses. Reflexo de Galant Descrição: Coloca-se o bebê em prona, com o tronco apoiado sobre o braço do examinador. Com o dedo da mão contralateral, estimula-se a pele do dorso, fazendo um movimento linear vertical que parte do ombro até as nádegas a cerca de 2 cm da coluna. A resposta esperada é a flexão do tronco, com a concavidade virada para o lado estimulado. Desaparecimento: Aos quatro meses. Reflexo do Extensor Suprapúbico Descrição: Na posição supina, pressiona-se a pele acima do púbis com os dedos. A resposta esperada é a extensão de ambos os membros inferiores, com rotação interna e adução da articulação coxofemoral. Desaparecimento: Um mês. Reflexo do Extensor Cruzado Descrição: O bebê é colocado em posição supina e uma das extremidades inferiores é submetida à flexão passiva. A resposta esperada é a extensão do membro inferior contralateral com adução e rotação interna da coxa. Desaparecimento: Após seis semanas (um mês e meio). Reflexo de Rossolimo Descrição: Na posição supina, percute-se duas a quatro vezes a superfície plantar. A resposta é a flexão dos dedos. Desaparecimento: Um mês. Reflexo do Calcanhar Descrição: Na posição supina, percute-se o calcanhar do bebê estando ele com o membro examinado em flexão de quadril e joelho, e tornozelo em posição neutra. A resposta é a extensão do membro inferior estudado. Desaparecimento: Em três semanas. Reflexo do Apoio Plantar e Marcha Descrição: Segura-se o recém-nascido de pé pelas axilas e, ao colocar seus pés apoiados sobre uma superfície, imediatamente ele retificará o corpo e iniciará a marcha reflexa. Desaparecimento: Aos dois meses. Reflexo de Landau Descrição: Com uma das mãos suspendemos o lactente pela superfície ventral. Com a outra mão flexionamos a cabeça rapidamente, e todo o corpo entra em flexão. Aparecimento e Desaparecimento: Surge aos três meses e desaparece ao final do segundo ano. Reflexo de Babkin Descrição: Pressionamos a mão do lactente e o que verificamos é a abertura da boca. Reflexo de Sucção Descrição: Ao tocar os lábios de um lactente com o cotonete, verificamos movimentos de sucção. Desaparecimento: Em vigília aos três meses e durante o sono com seis meses. Reflexo de Procura Descrição: Ao tocarmos suavemente a bochecha do lactente, ele roda o pescoço em direção ao lado estimulado e abre a boca. Reflexo de Expulsão Descrição: Ao tocarmos a língua do lactente com uma colher, por exemplo, ele faz movimentos de protrusão da mesma. Desaparecimento: Por volta dos dois meses. Sua permanência por um período maior que este deve levantar a suspeita de paralisia cerebral. Reflexo do Paraquedista Descrição: Segura-se o lactente pela região ventral e o aproxima da mesa de exame bruscamente, para dar-lhe a impressão de que está caindo. A resposta esperada é a de que a criança estenda os braços e abra as mãos na tentativa de proteger-se. Aparecimento: Surge aos 8-9 meses e permanece toda a vida. Alojamento conjunto É o local em que a mulher e o RN sadio permanecem juntos em temo integral até a alta. Recursos mínimos: enfermagem + obstetrícia + pediatra/neonatologista. A quem se destina o alojamento conjunto? → Mulheres clinicamente estáveis e sem contraindicações para a permanência junto. → RN clinicamente estáveis, com boa vitalidade, capacidade de sucção e contorle térmico, peso maior ou igual a 1800g. → RN com acometimento sem gravidade, boa vitalidade, como: icterícia, malformações menores, investigação de infecções congênitas. → RN em complementação de antibióticos para tratamento de sífilis ou sepse neonatal após estabilização clínica na UTI ou UCI neonatal. Orientações no momento da alta Procurar UBS se o RN apresentar problemas com aleitamento materno, icterícia ou qualquer outra alteração. Em caso de intercorrências com as mamas, os bancos de leite humano poderão oferecer assistência. Realizar vacinação conforme calendário vacinal. Higienizar as mãos antes e após o cuidado com o RN. Evitar ambientesaglomerados ou com pessoas apresentando sinais e sintomas de doenças infectocontagiosas. Prevenir a morte súbita: deixar a criança me posição supina, manter a amamentação ao seio e evitar o tabagismo materno ou outra forma de exposição da criança ao fumo. Transportar o RN de forma segura. Triagem neonatal Teste do pezinho → Realização do teste entre o 3º e 5º dia de vida do bebê, nunca superior a 30 dias. → Uma pequena punção do calcanhar do bebê é feita utilizando agulhas e luvas descartáveis, e o sangue é adsorvido em papel-filtro, que deverá permanecer em temperatura ambiente até a completa secagem do sangue (duas horas), e depois deve ser encaminhado ao laboratório. → Doenças: fenicetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme, hiperplasia adrenal congênita, deficiência de biotinidase. Teste do coraçãozinho ou oximetria de pulso → A cardiopatia congênita é a malformação congênita mais comum e ocorre em 1% dos RN vivos. → O teste da oximetria objetiva a detecção precoce das cardiopatias congênitas críticas, isto é, aquelas cujo fluxo pulmonar ou sistêmico é dependente de canal arterial. → Deve ser feito em todo neonato com > 34 semanas de idade gestacional após 24 horas de vida e antes da alta da maternidade (48h). → Como fazer: realizar oximetria no MSD (que representa a saturação pré ductal) e extremidade de um dos membros inferiores (que representam a saturação pós ductal). ▪ Se sat > 95% ou diferença < 3% dos membros, acompanhamento neonatal de rotina normal. ▪ Se sat < 95% ou diferença > 3% dos membros, está indicado fazer uma nova aferição após 1 hora. Se o resultado se mantiver anormal, a criança deverá fazer um eco de urgência em até 24 horas. → Entre as CCC estão: atrésia pulmonar, síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, coarctação de aorta critica e similares, transposição das grandes artérias e similares. Teste da orelhinha → O deficit auditivo apresenta-se como um problema de grande impacto na saúde infantil, principalmente no que concerne à elevada incidência desta afecção (5/1.000 nascidos vivos). → O deficit auditivo, quando não corrigido, acarreta grande prejuízo na aquisição da linguagem, comunicação e desenvolvimento cognitivo das crianças, pois a detecção e início de tratamento para a perda auditiva, quando tardios, ultrapassam o momento ideal para intervenção. → Existem dois métodos de triagem: Emissões Otoacústicas Evocadas (EOA) e Bera – Potencial Auditivo de Tronco Encefálico. Emissões Otoacústicas Evocadas (EOA) É feito com o sono natural do bebê, colocando- -se um fone externo ao seu ouvido; consiste na emissão de um estímulo sonoro e na captação do seu retorno (eco), sendo registrado no computador e confeccionado um gráfico. Avalia apenas o sistema auditivo pré-neural, ou seja, sistema de condução e cóclea. É um teste rápido, fácil e que não necessita de sedação. Resultados falso-positivos podem ser produzidos pela presença de verniz caseoso ou secreções no conduto auditivo. Se o resultado vier alterado, recomenda-se a sua repetição até os três meses de vida. Bera – Potencial Auditivo de Tronco Encefálico É um exame mais complexo, requer pessoal treinado e sedação. Fones de emissão sonora são colocados nos ouvidos do bebê; os eletrodos são posicionados na cabeça e têm por função captar as ondas eletrofisiológicas geradas pelos estímulos sonoros deflagrados pela fonte. Portanto, é um método capaz de detectar alterações na via neural até o tronco encefálico. Pode ocorrer grande número de falso- positivos pela imaturidade do SNC, e por isso recomenda-se repetição do exame nos casos alterados após os quatro meses. → Comparando-se as vantagens e as desvantagens de um e outro teste, chega-se à conclusão de que o melhor método de triagem são as EOA, por ser rápido, barato, fácil e por avaliar as frequências de perda mais comuns. Todo teste alterado deverá ser confirmado antes de três meses. → Ambos os métodos são mais eficazes do que a avaliação auditiva simples comportamental, como respostas ao bater palmas, tocar o sino e à voz humana. Teste do olhinho → É a pesquisa do reflexo vermelho. → É feito com o uso de um oftalmoscópio ou retinoscópio que deve ser segurado pelo examinador a um braço de distância dos olhos do bebê. A resposta normal ao teste é o achado de um reflexo vermelho brilhante quando a luz incide sobre a pupila. → É uma avaliação simples, que pode e deve ser feita pelo pediatra. → O encontro de qualquer anormalidade (ex.: reflexo branco ou leucoria, pontos pretos ou assimetria) indica, por sua vez, a necessidade de dilatação pupilar (colírio de tropicamida 1%, tropicamida + fenilefrina 2,5% ou ciclopentolato 0,25% + fenilefrina 2,5%) e investigação por um oftalmologista. Teste da linguinha → O teste da linguinha consiste na avaliação da anquiloglossia ou língua presa, condição na qual o frênulo lingual é curto ou possui tecido em excesso, limitando a movimentação da língua e, consequentemente, os movimentos que exerce (ex.: sucção, deglutição, mastigação e fala). → Apenas anquiloglossias congênitas graves necessitam de correção cirúrgica. A SBP e o MS ainda não recomendam o teste como triagem obrigatória neonatal.
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