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Cianotoxinas: riscos e classificação

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Dos cerca de 150 gêneros de cianobactérias já identificados, 
aproximadamente 40 produzem metabólitos secundários tóxicos 
denominados cianotoxinas. A grande preocupação referente às cianotoxinas 
é em relação aos reservatórios destinados ao abastecimento público e às 
estações de tratamento de água. A formação de florações ou “blooms” de 
cianobactérias acarretam um potencial aumento da concentração de toxinas 
na água, representando um sério risco de saúde pública. As cianotoxinas 
são classificadas levando-se em consideração a estrutura química e o 
mecanismo de ação farmacológica. De acordo com a estrutura química as 
cianotoxinas podem ser: peptídeos cíclicos, alcalóides e lipopolissacarídeos 
(LPS). Por suas ações farmacológicas elas podem ser: neurotóxicas, que 
são anatoxina-a, homoanatoxina-a, anatoxina-a (s) e o grupo das 
saxitoxinas; hepatotóxicas, que são as microcistinas e nodularinas; 
citotóxicas, que são as cilindrospermopsinas e dermatotóxicas, que são as 
toxinas lipopolissacarídicas (LPS), irritantes ao contato com a pele e são 
endotoxinas encontradas nas membranas celulares das bactérias Gram 
negativas. As funções das cianotoxinas ainda são objeto de ampla discussão 
entre os cientistas. Muitos autores consideram que esses compostos atuam 
como mecanismo de defesa, protegendo as cianobactérias da herbivoria de 
indivíduos do zooplâncton, outros acreditam que as cianotoxinas são 
moléculas de sinalização que colaboram na comunicação intercelular intra 
ou interespecífica, alguns acham que essas substâncias ajudam na melhor 
captação de luz solar, outra hipótese considera que elas atuariam como 
quelantes de metais pesados. Uma visão mais recente trata as cianotoxinas 
como moléculas mediadoras em interações de cianobactérias com outros 
componentes do habitat, como bactérias heterotróficas, fungos, 
protozoários e algas. Pode acontecer de uma mesma espécie de 
cianobactéria produzir diferentes cianotoxinas, em diferentes locais do 
planeta, é o caso de Cylindrospermopsis raciborskii, que produz 
cilindrospermopsina na Austrália e saxitoxinas no Brasil. Ainda não está 
totalmente elucidado o papel dos fatores ambientais no controle da 
produção de cianotoxinas. É comum acontecer de florações de 
cianobactérias em um mesmo corpo aquoso variar na toxicidade em um 
período de tempo (p. ex.: no decorrer de um ano), ou mesmo deixar de ser 
tóxica. Isso é explicado por uma alternância na composição das florações 
de linhagens tóxicas e não tóxicas. 
Toda pesquisa de cianotoxinas depende primeiro da análise de 
cianobactérias, cujo resultado da análise quantitativa deve dar um valor > 
20.000 células/ml de água para habilitar as análises de cianotoxinas, em 
caso contrário a amostra de água é dispensada da análise desse parâmetro 
microbiológico, conforme preconiza a Portaria MS nº 2.914 de 2011. 
 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
> Capítulo de livro 
- BORTOLI, S. e PINTO, E. Cianotoxinas: Características gerais, histórico, 
legislação e métodos de análises (Cap. 21). In: Pompeo et al. Ecologia de 
reservatórios e interfaces. São Paulo: Instituto de Biociências da 
Universidade de São Paulo, 2015. Pág. 321-339. 
> Artigo 
MOLICA, Renato; AZEVEDO, Sandra Maria. Ecofisiologia de 
cianobactérias 
produtoras de cianotoxinas, Oecologia Australis, v. 13 (2), 2009. Pág. 229-
246.

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