Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 1 – ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL DIREITO E LEGISLAÇÃO INTRODUÇÃO A vida do cidadão é regida pela Constituição Brasileira e por leis que dela decorrem. A Consti- tuição encontra-se no ápice do ordenamento jurí- dico, é a LEI MAIOR. Todas as normas devem se adequar a ela, sob pena de serem inconstitucio- nais e, conseqüentemente, ficarem “fora” do mun- do jurídico. Cada Lei decorrente da Constituição trata, em regra, da conceituação básica de uma área de interesse e/ou das diretrizes específicas que se objetiva regular. Essas normas estabelecem os direitos e os deveres do cidadão em todos os campos de ativi- dade - profissionais, socioculturais, políticos e econômicos; além de fundamentar e delimitar a Atividade Estatal. Legislação é um conjunto de leis que regulam um assunto em particular. Algumas atividades profissionais possuem um conjunto de leis que a regulam, ou seja, possuem legislação própria. A atividade profissional na área de Transação Imobiliária, do Corretor de imóveis tem a sua le- gislação própria. Os profissionais dessa área pos- suem prerrogativas legais que precisam ser co- nhecidas e vivenciadas. Para eles, são estabele- cidos deveres e direitos. Código Civil é o conjunto de disposições e de regulamentos legais, referentes ao direito civil, à vida do cidadão, sendo o grande tratado de Direito Privado. O Código Civil é o próprio cotidiano do indiví- duo. Ele trata das situações que são mais afetas ao dia-a-dia do cidadão. O que está disposto no Código Civil diz respeito à vida da pessoa, de seus bens e de sua família, bem como regula as relações dos indivíduos em sociedade: obrigações contratuais, responsabilidades, entre outros. O atual Código Civil Brasileiro foi aprovado pela Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 que pas- sou a vigorar 1 ano depois. Esse novo Código revogou o anterior que era de 1916 e, revogou, também, a primeira parte do Código Comercial que tratava, basicamente, das sociedades comer- ciais. Além dessas revogações, o novo Código Civil revogou toda ou partes de outras leis quando dis- pôs do assunto tratado nessas. Este tipo de revo- gação, denomina-se “Revogação Tácita”, pois a lei posterior não dispôs de forma expressa que a anterior seria retirada do mundo jurídico, mas por tratarem do mesmo tema, a mais nova prevalece. Revogar uma lei, portanto, é abolir toda ou parte dela que contenha disposições contrárias ao que foi disposto pela nova. Quando a lei é revo- gada no seu todo ocorre a “AB-ROGAÇÃO”; ape- nas em parte ocorre a “DERROGAÇÃO”. LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL Em 1942, foi promulgado o Decreto-Lei Nº 4.657, conhecido como Lei de Introdução ao Có- digo Civil Brasileiro. Essa Lei estabelece dispositi- vos importantes que não foram derrogados pelo novo Código Civil. O tema central da Lei de Introdução do Código Civil é a própria lei, na medida em que versa a respeito: - da sua vigência; - da sua revogação; - da impossibilidade de alegar-se o seu desconhe- cimento; - da aplicação da mesma; - de suas lacunas; - da sua interpretação; e - sua eficácia no tempo e no espaço. Toda Lei, depois de aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e sancionada pelo Presidente da República, é apresentada ao povo, para que este conheça o seu conteúdo. Es- sa apresentação é feita no Diário Oficial da Uni- ão. A publicação no Diário Oficial é o ato de tornar a lei pública e, portanto, de conhecimento geral. A lei, para ser imperativa, ou seja, para ser obrigatória a todos, deve estar em vigor. A maioria delas costuma indicar a data a partir da qual en- trará em vigor. Todavia, se uma lei nada dispuser a respeito, ela entrará em vigor 45 dias após a publicação oficial, no território nacional, e em 3 meses nos países estrangeiros onde se admite a legislação pátria. O intervalo de tempo que vai da data da publicação da lei até a data de sua entra- da em vigor denomina-se vacatio legis. Durante esse período ela não produz efeito, valendo a lei anterior. Tal medida objetiva a concessão de pra- zo para que todos se adaptem à nova lei. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 2 – O novo Código Civil, por exemplo, passou a vigorar após um período de vacatio legis. Esse período foi de 1(um) ano. Via de regra, a lei vigora por tempo indeterminado, até que uma outra lei posterior a modifique ou revogue.Mas, a lei nova deve ter hierarquia (grau de poder) igual ou supe- rior à da lei modificada ou revogada. Há casos em que a lei é de vigência temporá- ria, principalmente para atender situações extre- mas, mas passageira. Se a lei estiver em vigor, ninguém pode escusar-se de cumpri-la, alegando que não a conhece. A lei não é capaz de prever todas as situações jurídicas e, sendo omissa, de- ve, então, o juiz decidir o caso de acordo com a analogia (semelhança entre coisas ou fatos), com os costumes e com os princípios gerais de direito. A aplicação da lei ao caso concreto deve sem- pre atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.Uma vez em vigor, a lei tem efeito imediato e geral, mas deve respei- tar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Ato jurídico perfeito é o já consumado segun- do a lei vigente, ao tempo em que se efetuou. Di- reito adquirido é aquele que o seu titular pode exercer, pessoalmente ou por terceiros, ou aquele cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. Chama-se coisa julgada a decisão judi- cial que não cabe mais recurso. Essas informações são de ordem geral para todas as leis brasileiras. A partir de agora, você vai conhecer alguns dispositivos do Código Civil, aqueles que guardam estreita relação com o Téc- nico em Transação Imobiliária. 1. DAS PESSOAS Pela legislação brasileira todo indivíduo é ca- paz de direitos e obrigações na ordem civil. O re- conhecimento da pessoa como tal é dada por sua personalidade jurídica. A personalidade civil co- meça com o nascimento, mas a lei protege, tam- bém, o nascituro desde a sua concepção. 1.1 – DAS PESSOAS NATURAIS Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na vida civil, ou seja, tem personalidade que a autori- za a ser titular de deveres e direitos nas relações jurídicas entre os homens.A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida e termina com a morte. A respiração é considerada como sendo a prova mais eficaz do nascimento com vida. Todavia, desde a concepção, a lei põe a salvo os direitos do nascituro; ser já concebi- do, mas que está por nascer. Nesse sentido, o nascituro pode herdar, rece- ber doações e legados, ser adotado, figurar como sujeito ativo e passivo de diretos e obrigações, desde que venha a nascer. A CAPACIDADE CIVIL é a aptidão da pessoa para ser titular, ou seja, exercer direitos e assumir obrigações na ordem civil. Apesar de toda pessoa ser titular de diretos e deveres, necessariamente, não significa que ela possa exercê-los plenamen- te. Há casos em que a lei protege determinados grupos de pessoas,considerando a idade, saúde e o desenvolvimento mental, impedindo-os de exer- cer pessoalmente seus direitos. A esse grupo de pessoas dá-se a denominação de incapazes. Assim, a INCAPACIDADE pode ser entendida como a vedação imposta pela lei para a prática pessoal de direitos e obrigações, não obstante a pessoa seja titular desses direitos e deveres. A incapacidade pode ser absoluta ou relativa. São ABSOLUTAMENTE INCAPAZES, para exercer, pessoalmente, os atos da sua vida civil, os menores de dezesseis anos, os que, por en- fermidade ou deficiência mental,não demonstram o necessário discernimento para a prática desses atos,e os que,mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.A determinação da capacidade da pessoa é de suma importância para a validade de um negócio jurídico,pois ele é NULO quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz. E sendo nulo não gera nenhum efeito. No exercício de diretos e deveres, os absolu- tamente incapazes são REPRESENTADOS pelo pai, tutor ou curador, que pratica ato jurídico em nome ou pela pessoa, absolutamente incapaz. São RELATIVAMENTE INCAPAZES a certos atos ou à maneira de os exercer, os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; os ébrios habituais; os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental tenham o discernimento reduzi- do;os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; os pródigos, ou seja, o dissipador de seus bens. O negócio jurídico celebrado por pessoa relati- vamente incapaz é ANULÁVEL. A lei permite aos relativamente incapazes a prática de atos jurídi- cos, mas condiciona essa prática à ASSISTÊNCIA do pai, tutor ou curador, ou seja, de uma pessoa plenamente capaz, que se posta ao lado do relati- vamente incapaz, auxiliando-o na prática do ato jurídico e integrando-lhe a capacidade. A menoridade cessa aos dezoito anos comple- tos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 3 – Todavia, a incapacidade pode ser cessada, para os menores, pela EMANCIPAÇÃO concedida pelos pais, pelo casamento, pelo exercício de em- prego público efetivo,pela colação de grau em curso de ensino superior, pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego no qual, o menor, com dezesseis anos completos tenha economia própria. Uma vez ocorrida a emancipação ela se torna irrevogável e definitiva. Quem se emancipou pelo exercício do comércio e depois faliu, quem se ca- sou e depois ficou viúvo ou se divorciou não retor- na à condição de incapaz. A existência da pessoa natural termina com a morte. Pode-se, também presumir a morte e as- sim declará-la, sem decretação de ausência, de- pois de esgotadas as buscas e averiguações, nos casos em que é extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida, se o desapa- recido em campanha ou feito prisioneiro não for encontrado até dois anos após o término da guer- ra. A morte presumida tem como conseqüência a abertura da sucessão definitiva quanto aos bens e a dissolução da sociedade conjugal. A observação de informações como essas são muito importantes no estabelecimento de uma transação imobiliária, principalmente no que tange a cobrança de impostos, sucessões de bens e realização de negócios, lembrando sempre, neste último caso, de se averiguar a idade e o desenvol- vimento mental da pessoa com a qual será reali- zado qualquer contrato. A pessoa natural é, também, conhecida como pessoa física. 1.1.1. Dos Direitos da Personalidade Toda pessoa tem direitos relativos à sua per- sonalidade. Os direitos da personalidade são a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, o nome e o pseudônimo. Eles são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Isto signi- fica que o titular de direitos de personalidade não pode, exceto em casos específicos previstos em lei, transmitir esses diretos a outrem, não pode renunciar ou deles dispor voluntariamente. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a le- são, e reclamar perdas e danos,sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou repre- sentações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória, nem se pode usar o nome alheio em propaganda co- mercial. 1.1.2. Da Ausência A ausência ocorre quando uma pessoa desa- parece do seu domicílio e dela não se tem mais notícia ou não tenha deixado representante ou procurador. Ao ausente será nomeado curador, que procederá a arrecadação dos bens. Tal fato pode gerar providências a serem ob- servadas pelo corretor durante uma transação imobiliária. Os interessados poderão requerer a declaração de ausência e a abertura da sucessão provisória depois de decorrido um ano da arreca- dação dos bens do ausente, ou três anos se ele deixou representante ou procurador. São considerados interessados na declaração de ausência: o cônjuge não separado judicialmen- te, os herdeiros presumidos, legítimos ou testa- mentários, os que tiverem sobre os bens do au- sente direito dependente de sua morte e os credo- res de obrigações vencidas e não pagas. Dez anos depois da abertura da sucessão pro- visória poderão os interessados requerer a suces- são definitiva. Pode-se requerer a sucessão defini- tiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade e que as últimas notícias dele remontam a cinco anos. 1.2 – DAS PESSOAS JURÍDICAS Pessoa jurídica é a entidade constituída de indivíduos ou de bens com vida, direitos, obriga- ções e patrimônio próprios. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. São pessoas jurídicas de direito público inter- no:a União;os Estados; o Distrito federal e os Ter- ritórios; os Municípios, as autarquias e as demais entidades de caráter público criadas por Lei. São pessoas jurídicas de direito público exter- no: os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional públi- co. São pessoas jurídicas de direito privado: as associações, as sociedades, e as fundações. A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. 1.2.1. Das associações e das sociedades As associações são constituídas pela união de pessoas que se organizem para fins não econô- micos, exercendo via de regra, atividades cultu- rais,religiosas ou beneficentes. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 4 – As sociedades são constituídas pela união de pessoas que se organizam visando fins econômi- cos, ou seja, visando o lucro. São exemplos a sociedade civil, a sociedade limitada, a sociedade anônima de economia mista. 1.2.2. Das Fundações Fundação é a pessoa jurídica composta pela organização de um patrimônio, destacado pelo seu instituidor para fins religiosos, morais, cultu- rais ou de assistência. A fundação possui apenas patrimônio gerido por curadores e não tem propri- etário, nem titular, nem sócios. As fundações são veladas pelo Ministério Pú- blico da unidade da federação onde estão situa- das. 1.3 – O DOMICÍLIO Na área jurídica, domicílio é o local onde se considera que uma pessoa reside ou esteja esta- belecida, para os efeitos legais; é onde ela se en- contra para cumprir determinados atos. O domicílio pode ser classificado como voluntá- rio, legal e de eleição. Voluntário é o domicílio estabelecido por critério exclusivo do indivíduo, sem qualquer interferência exceto sua manifesta- ção de vontade. Legal ou necessário é o domicí- lio fixado por lei para determinadas pessoas (e- xemplo: filhos menores – domicílio dos pais; fun- cionário público – local da lotação,). Domicílio de eleição é o especificado, de co- mum acordo, pelas partes contratantes. 1.3.1. Domicílio da pessoa natural O domicílio da pessoa natural ou pessoa física é o lugar onde ela estabelece a sua resi- dência com ânimo definitivo.Todavia,se a pessoa tiver diversas residências, vivendo nelas alterna- damente, qualquer delas poderá ser considerada seu domicílio. O domicílio também pode ser o local de traba- lho ou o lugar onde a pessoa mantém o centro de suas ocupações, ou, ainda, o lugar onde for en- contrada, se não tiver residência fixa ou centro de ocupaçõeshabituais. 1.3.2. Domicílio da pessoa jurídica O domicílio das pessoas jurídicas é o lugar onde funcionam as respectivas diretorias e admi- nistrações ou onde elegem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domi- cílio para os atos nele praticados. RESUMINDO: Aprendemos que a Legislação é um conjunto de leis que regulam um assunto em particular. Algumas atividades possuem legislação própria e na área de Transação Imobiliária, do Corretor de Imóveis, é um exemplo disso. Código Civil é o conjunto de disposições e regulamentos legais, referentes ao direito civil. É o próprio cotidiano do indivíduo. O atual código Civil Brasileiro foi aprovado pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Toda lei, depois de aprovada, é necessária a sua apresentação feita no Diário Oficial da União, tornando a lei pública, de conhecimento geral. Seguem alguns dispositivos do Código Civil, em relação ao Técnico de Transação Imobiliária: Das pessoas naturais: A capacidade civil é a aptidão da pessoa para ser capaz de direitos e deveres na vida civil, que começa no nascimento e termina com a morte. Há casos em que a lei protege determinados grupos de pessoas, consi- derando a idade, saúde e o desenvolvimento men- tal, impedindo-os de exercer pessoalmente seus direitos. A esse grupo dá-se a denominação de incapazes que são divididos em absolutamente incapazes e relativamente incapazes. A pessoa natural é também conhecida como pessoa física. Todas pessoas naturais tem direitos relativos à sua personalidade (vida privada , íntima). Se ocor- re ausência, ou seja, a pessoa desaparece de seu domicilio, sem deixar representante ou procura- dor, será nomeado um curador para arrecadação dos bens. Das pessoas jurídicas: Entidade constituída de indivíduos ou de bens com vida, direitos, obriga- ções e patrimônios próprios. São de direito público interno ou de direito público externo e de direito privado. Pode haver associações ou sociedades e também fundações. O domicilio: De pessoa natural ou pessoa física é o lugar onde ela estabelece sua residência, ou o local de trabalho onde mantém o centro de suas ocupações, ou ainda, onde for encontrada, se não tiver nenhuma das opções acima. De pessoa jurí- dica é o lugar onde funcionam as diretorias e ad- ministrações ou domicílio especial eleito no seu estatuto ou atos constitutivos. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 5 – EXERCÍCIOS 1- Fale sobre as pessoas absolutamente incapa- zes e as relativamente incapazes. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 2 - Cite os 3 tipos de pessoas jurídicas: ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 3 - Toda lei, após aprovada, é necessária a sua apresentação: a- No Código Civil Brasileiro b- Na Constituição Federal c- No Diário Oficial da União d- No Ministério Público Marque com X as alternativas corretas: ( ) Caso uma pessoa tenha várias residências, podemos considerar qualquer uma delas seu do- micilio. ( ) Quando uma pessoa desaparece de seu domi- cílio, ninguém poderá proceder a arrecadação de bens. ( ) As sociedades não visam fins econômicos. 2. DOS BENS Bens são as coisas de quantidades limitadas e com utilidade, econômica ou jurídica, para a pes- soa e que nela provoca o desejo de possuí-las. Estão, portanto, fora da categoria de bens: terre- nos em marte, o ar atmosférico, a água do mar, entre outros. Conforme as suas características,os bens têm diversas classificações, a saber: 2.1 – DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MES- MOS 2.1.1. Dos Bens Imóveis São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Também são considerados imóveis, para efeitos legais, os direi- tos reais sobre imóveis e as ações que os assegu- ram e o direito à sucessão aberta. Não perdem o caráter de imóveis as edifica- ções que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local, e os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 2.1.2. Dos Bens Móveis São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio,ou de remoção por força alheia, sem alte- ração da substância ou da destinação econômico- social. Também são considerados móveis, para efei- tos legais, as energias que tenham valor econômi- co, os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes, e os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Os materiais destinados a alguma constru- ção,enquanto não forem empregados,conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa quali- dade os provenientes da demolição de algum pré- dio. 2.1.3. Dos Bens Fungíveis e Consumíveis São fungíveis os móveis que podem substituir- se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Infungíveis são os que não podem ser substituídos,valendo pela sua individualidade. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.Inconsumíveis,são os bens móveis de natureza durável. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 6 – 2.1.4. Dos Bens Divisíveis Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição con- siderável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. É exemplo a gleba de lote rural, a barra de ouro. Indivisíveis são os bens que não admi- tem divisão. 2.1.5. Dos Bens Singulares e Coletivos São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. São coletivos os bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação comunitária. 2.2 – DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSI- DERADOS Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente. Acessório é o bem cuja exis- tência supõe a do principal. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo dura- douro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. Apesar de ainda não separados do bem principal, os fru- tos e produtos podem ser objeto de negócio jurídi- co. 2.3 – DOS BENS PÚBLICOS São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito públi- co interno. Todos os outros bens são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. São benspúblicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, ma- res, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou ter- renos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou mu- nicipal, inclusive os de suas autarquias; III - e os dominais ou dominicais,que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito públi- co, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto con- servarem a sua qualificação. Os bens públicos dominicais podem ser aliena- dos desde que observadas as exigências da lei. Em qualquer hipótese os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 2.4 – DAS BENFEITORIAS Na área jurídica, benfeitoria significa obra, mo- dificação ou conserto útil, realizado em proprieda- de alheia – móvel ou imóvel – e que reverterá em benefício do proprietário. As benfeitorias podem ser voluntárias,úteis ou necessárias. São voluptuárias as benfeitorias dispensá- veis,que se prestam ao mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. São úteis as benfeitorias que aumentam ou facilitam o uso do bem. São necessárias as benfeitorias indispensá- veis, que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Não se consideram benfeitorias os melhora- mentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. No processo de transação imobiliária, esses conceitos são muito importantes e muito utiliza- dos. RESUMINDO: Bens:São as coisas de quantidade limitadas e com utilidade, econômica ou jurídica, para a pes- soa e que nela provoca o desejo de possuí-la. Dos Bens considerados em si mesmos: Imó- veis, Móveis, Fungíveis e Consumíveis, Divisíveis, Singulares e Coletivos. Dos Bens reciprocamente considerados: Prin- cipal e Acessórios. Dos Bens públicos: de uso comum, especial, dominais ou dominicais. Das benfeitorias: voluntárias, úteis ou necessá- rias. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 7 – EXERCICIOS 1- Fale sobre a diferença entre os bens fungíveis e infungíveis: ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 2- Na área jurídica, o que significa benfeitoria? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 3 - Faça a correspondência correta: (a) Benfeitorias úteis (b) Benfeitorias necessárias (c) Benfeitorias voluntárias ( ) têm por fim conservar o bem. ( ) aumentam o uso do bem. ( ) não aumentam o uso habitual do bem. 3. FATOS JURÍDICOS 3.1 – FATOS, ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS Fato jurídico é o acontecimento que produz conseqüências jurídicas. O fato jurídico pode de- correr da natureza, como os efeitos de uma ven- tania, ou de uma ação humana, crian- do,transferindo,modificando, ou extinguindo direi- tos e obrigações. É importante diferenciar ato jurí- dico de negócio jurídico. O ato jurídico é o acontecimento que tem seus limites estabelecidos pela lei, tanto na forma, nos termos quanto nos efeitos. O negócio jurídico é o ato lícito que faculta às partes de estabelecerem a fixação dos termos e dos efeitos, de acordo com seus interesses parti- culares. A validade do negócio jurídico requer agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou de- terminável,e forma prescrita ou não defesa (proi- bida) em lei. A realização de negócio jurídico tem como pressuposto uma declaração de vontade. Aquele que a emite deve ter capacidade, ou seja, estar consciente da declaração de vontade e das suas conseqüências. Quando existe incapacidade ab- soluta ou relativa, o agente deve ser representan- do ou suprido. A qualidade e o requisito do que é lícito, ou seja, a liceidade do objeto visa garantir a obediên- cia dos negócios ao ordenamento jurídico na me- dida em que não permite negócios jurídicos que vão de encontro à lei, a moral ou aos bons costu- mes.Ressalte-se que a impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relati- va, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. Por fim, na realização do negócio jurídico é imprescindível a obediência à forma, ou seja, o meio pelo qual ele se exterioriza. A regra geral é de que a validade da declaração de vontade de- penderá de forma especial somente quando a lei expressamente a exigir, sendo livre a forma nos demais casos. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, a sua ausência o invalida. A manifestação de vontade, mesmo que o au- tor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, tem validade, exceto se o destinatário da manifestação tinha conhecimento do desejo do declarante. O silêncio importa anuência, quando as cir- cunstâncias ou os usos o autorizarem e quando não for necessária a declaração de vontade ex- pressa. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 8 – Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sen- tido literal da linguagem. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. 3.2 – DA REPRESENTAÇÃO Os poderes de representação são conferidos pela lei ou pelo interessado. A manifestação de vontade do representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao represen- tado. O representante é obrigado a provar às pesso- as, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, respon- der pelos atos que a estes excederem. É anulável o negócio concluído pelo represen- tante em conflito de interesses com o representa- do, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. Realizado o negócio, o prazo de decadência para pleitear sua anulação é de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da ces- sação da incapacidade. 3.3 – DA CONDIÇÃO, DO TERMO E DO EN- CARGO 3.3.1. Da condição Considera-se condição a cláusula que subor- dina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Deriva exclusivamente da vontade das partes. São lícitas todas as condições não contráriasà lei,à ordem pública ou aos bons costumes. São proibidas as condições que privarem o negócio jurídico de todo efeito e o sujeitar ao puro arbítrio de uma das partes. Invalidam os negócios jurídicos,que lhes são subordinados, as condições impossíveis (quando suspensivas);as ilícitas,as de fazer coisa ilícita e as condições incompreensíveis ou contraditórias. A condição impossível é aquela em que o acontecimento necessário para a eficácia do ato jurídico é inatingível, inalcançável ou legalmente proibida. Condições suspensivas são aquelas em que a aquisição do direito fica na dependência de um evento futuro e incerto. Enquanto este não ocor- rer, não se terá adquirido o direito. 3.3.2. Do Termo Termo é a definição do momento, do dia em que começam ou terminam os efeitos do negócio jurídico. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. Para estabelecimento do termo, salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. Meado é considerado, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. Os pra- zos fixados por hora contar-se-ão minuto a minu- to. Estabelecido um negócio jurídico entre vivos, sem fixação de prazo, ele é exeqüível desde logo, exceto se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. 3.3.3. Do Encargo O encargo é cláusula acessória que impõe uma obrigação ao beneficiário do ato jurídico. Não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspen- siva. O encargo ilícito ou impossível será conside- rado não escrito, liberando o ato negocial de qual- quer restrição. Todavia, se constituir o motivo de- terminante da liberalidade será invalidado o negó- cio jurídico. 3.4 – DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO O negócio jurídico tem como fundamento a livre e consciente manifestação de vontade com vistas a atingir os fins pretendidos. Se ela não é consciente ou o querer não se manifestou livre- mente o negócio jurídico pode ser anulado porque defeituoso. O negócio jurídico é passível de anulação nos casos de erro ou ignorância, dolo, coação, estado de perigo e lesão. Há, também, manifestação de vontade que o agente quis e estava consciente, mas a expressou em desacordo com as disposi- ções legais ou da boa-fé, como no caso da fraude contra credores. 3.4.1.Do Erro ou Ignorância Erro é a falsa noção sobre alguma coisa, en- quanto a ignorância é o desconhecimento acerca de algo. Ambos viciam o consentimento do decla- rante, que teria se manifestado de outra maneira se conhecesse a realidade. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 9 – ATENÇÃO: São anuláveis os negócios jurídi- cos,quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circuns- tâncias do negócio. Erro substancial ou essencial é aquele que recai sobre a natureza do negócio, sobre o objeto principal da declaração ou sobre alguma das qua- lidades a ele essenciais. Da mesma forma, erro substancial é aquele que recai sobre a identidade ou sobre a qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que te- nha influído nesta, de modo relevante. Ainda, erro substancial é aquele que ocorre quando for o mo- tivo único ou principal do negócio jurídico, sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei. O ato jurídico somente é anulado por erro subs- tancial ou essencial. Não acarreta nulidade o erro acidental ou secundário. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, denominado erro acidental, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas cir- cunstâncias, se puder identificar a coisa ou pes- soa cogitada. 3.4.2. Do Dolo Dolo é o artifício ou expediente usado para enganar alguém. Os negócios jurídicos são anulá- veis quando o dolo for a sua causa. Diferencia o dolo do erro porque a vontade neste é enganada espontaneamente, enquanto que naquele ela é provocada. O dolo é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. Ele só obriga à satisfação das perdas e danos. Nos negócios jurídicos bilaterais,o silêncio in- tencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, consti- tui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio ou reclamar indenização. 3.4.3. Da Coação Coação é a violência física ou moral que impe- de alguém de dispor livremente de sua vontade. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direi- to,nem o simples temor reverencial. 3.4.4. Do Estado de Perigo Ocorre o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pes- soa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. 3.4.5. Da Lesão Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob pre- mente necessidade ou por inexperiência, se obri- ga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 3.4.6. Da Fraude Contra Credores Pratica fraude contra credores o devedor insol- vente ou na iminência de o ser, que onera ou alie- na seus bens, desfalcando seu patrimônio em detrimento dos credores. Nesse caso, os credores poderão anular os negócios de transmissão gratui- ta de bens ou remissão de dívida. Serão igual- mente anuláveis os contratos onerosos do deve- dor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. 3.5 – DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO A desobediência quanto a forma prescrita em lei acarreta uma sanção que impede o negócio jurídico de produzir efeitos. Essa sanção é deno- minada nulidade, que pode ser absoluta ou relati- va. A nulidade absoluta caracteriza-se pela falta de algum elemento substancial do negócio jurídi- co, como, por exemplo, quando for celebrado por pessoa absolutamente incapaz, quando for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto, quando o motivo determinante das partes for ilícito. Da mesma forma, nulo é o negócio jurídico quando não se reveste da forma prescrita em lei, tiver por objetivo fraudar lei imperativa, e quando a lei taxativamente o declarar nulo ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Também é nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. A simulação ocorre nos casos de declaração, confissão, condição ou cláu- sula não verdadeira, ao se antedatar ou pós-datar escritos particulares, ou, ainda, quando aparenta- rem conferir ou transmitir direitos a pessoas diver- sas daquelas às quais realmente se conferem ou transmitem. A nulidade relativa caracteriza-se pela in- capacidade relativa do agente ou por vício resul- tante de manifestação de vontade. A nulidade relativa só pode ser levantada pelo interessado direto. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 10 – Pode ser convalidada com a ocorrência da prescrição, pela correção do vício, pela revogação da exigência legal ou pela ratificação. A nulidade absoluta, por ser matéria de ordem pública, pode ser levantada a qualquer tempo, por qualquer pessoa. Não admite convalidação ou ratificação e não se sujeitaa prescrição. O prazo decadencial para anulação do negócio jurídico decorrente e vício de vontade é de quatro anos, contados conforme o vício. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam e, não sendo possível restituí-las, serão indeniza- das com o equivalente. A invalidade do instrumento não induz a invali- dade do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável. A invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a des- tas não induz a da obrigação principal. 3.6 – DOS ATOS ILÍCITOS Denomina-se ilícito o ato condenado pela lei e/ou pela moral. É um ato, uma causa ou um pro- cedimento proibido, ilegal. Em Direito, existe ato ilícito e negócio ilícito. A distinção entre ato ilícito e negócio ilícito obser- va-se, sobretudo, quanto aos seus efeitos. O pri- meiro é punido com a ineficácia, enquanto o se- gundo gera a obrigação de reparar o dano. A pessoa que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Também comete ato ilícito, o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Não são considerados atos ilícitos aqueles praticados em legítima defesa ou no exercício regular de direito ou a promoção da deterioração ou a destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remo- ver perigo iminente, observados as circunstâncias e o limites. 3.7 – DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA Em Português, a palavra prescrição tem senti- do diferentes. Ela é entendida como receita médi- ca ou como ato de dar ordem antecipada para que se faça algo.Mas,juridicamente, ela tem outro sen- tido bem diferente. Na área jurídica, Prescrição significa esgota- mento de prazo concedido por lei; perda de ação atribuída a um direito que fica desprotegido, em função do não uso dela durante aquele prazo. O titular de direitos deve,portanto, exercê-los no tempo e na forma estabelecida pela lei ou es- tabelecida particularmente, sob pena de caduci- dade, de decadência e, por conseqüência, o pere- cimento do direito ou da possibilidade de cobrá-lo. 3.7.1. Da Prescrição A prescrição é a extinção de uma ação ajuizá- vel em decorrência da inércia do seu titular, duran- te certo lapso de tempo. A prescrição extingue a pretensão e por conseqüência a possibilidade de se exigir um direito. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Especificamente, afeta o direito imobiliário. Prescrevem em três anos: - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urba- nos ou rústicos; - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias; - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa, a pretensão de reparação civil; - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. Prescrevem em cinco anos: - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; - a pretensão dos profissionais liberais, contado o prazo da conclusão dos serviços,da cessação dos respectivos contratos ou mandato; - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. 3.7.2 – Da Decadência Decadência é a extinção do direito em decor- rência da inércia do seu titular, que deixa escoar o prazo legal ou convencionado, para o seu exercí- cio. Enquanto a prescrição extingue a pretensão, na decadência, o titular perde o próprio direito e extingue-se não só a pretensão,mas o próprio direito pelo não exercício do mesmo. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 11 – RESUMINDO Fato jurídico: produz consequências jurídicas, podem decorrer da natureza ou ação humana. Ato jurídico: tem seus limites estabelecidos pela lei. Negócio jurídico: ato licito que faculta as partes fixarem termos e efeitos, de acordo com interes- ses particulares. Representação: conferidos pela lei ou pelo inte- ressado. Das condições: lícitas,proibidas;impossível ou suspensivas. Do termo: Definição do momento de inicio e ter- mino dos efeitos do negocio jurídico. Encargo: impõe uma obrigação ao beneficiário do ato jurídico. Dos efeitos do negócio jurídico: Do Erro ou Ignorância, Substancial ou Essencial. Do Dolo. Da Coação. Do Estado de Perigo. Da Lesão. Da Fraude Contra Credores. Da invalidade do negócio jurídico: Nulidade absoluta ou relativa. Dos Atos Ilícitos: ato ilícito ou negócio ilícito. Da prescrição e da decadência. EXERCICIOS 1- Qual a diferença entre ato ilícito e negócio ilíci- to? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 2- Na área jurídica , o que significa prescrição? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 3 - Coloque V para Verdadeiro e F para Falso: ( ) Quando realizado o negócio, o prazo de deca- dência para pleitear sua anulação é de 120 dias. ( ) Meado é considerado, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. ( ) A nulidade é uma sanção que impede o nego- cio jurídico de produzir efeitos. ( ) Os negócios jurídicos são anuláveis quando o dolo for a sua causa. 4. DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES As pessoas, quase sempre, devem dar, fazer ou não devem fazer alguma coisa de ordem moral ou econômica em benefício de outrem. Esse dar, fazer ou não fazer determinada coi- sa, torna-se obrigação. Mas, algumas obrigações possuem vínculo de direito. Assim, muitas dessas obrigações são expressas em um escrito, pelo qual a pessoa se obriga a satisfazer uma dívida, a cumprir um contrato. Na área de Direito, “Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negati- va, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo- lhe o adimplemento através do seu patrimônio” (Washington de Barros Monteiro). A prestação ou contraprestação pessoal deve ser possível, licita, determinada ou determinável, e traduzível em dinheiro. 4.1 – DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES As obrigações dividem-se em obrigações de dar ou restituir, obrigações de fazer, ou de não fazer. 4.1.1. Das Obrigações de Dar Essas obrigações relacionam-se a obrigatorie- dade de entregar alguma coisa, que poderá ser certa, determinada e específica ou incerta, inde- terminada ou genérica. Via de regra as obrigações incertas tratam so- bre coisas fungíveis,e as obrigações certas so- bre coisas infungíveis. 4.1.1.1.Das Obrigações de Dar Coisa Certa A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela, mesmo que não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das cir- cunstâncias do caso. O credor de coisacerta não está obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa. As obrigações de dar e de restituir se resolvem conforme averiguação da existência de culpa do devedor. Nas obrigações de dar coisa certa, se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. Se dete- riorada, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar indenização das perdas e da- nos. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 12 – Nas obrigações de dar coisa certa, se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradi- ção, ou pendente a condição suspensiva, fica re- solvida a obrigação para ambas as partes. Se deteriorada a coisa, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu pre- ço o valor que perdeu. Apenas para ilustrar: tradição é a entrega da coisa feita pelo devedor ao credor, e obrigação resolvida é a obrigação finda, extinta. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá, este, pelo equivalente, mais perdas e danos. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá, este, pelo equiva- lente e mais perdas e danos. Na área de transição imobiliária esta obrigação é muito comum, sobretudo na definição das carac- terísticas do imóvel alugado. 4.1.1.2. Das Obrigações de Dar Coisa Incerta A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. Nas coisas determina- das pelo gênero e pela quantidade, a escolha per- tence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. 4.1.2. Das Obrigações de Fazer A obrigação de fazer relaciona-se com o en- cargo de prestar um serviço, um ato positivo, ma- terial ou imaterial, em benefício do credor ou ter- ceiro. Bem exemplifica a obrigação de fazer o en- cargo aceito pelo pedreiro para construir um muro. O devedor que recusar a prestação a ele só im- posta, ou só por ele exeqüível incorrerá na obriga- ção de indenizar perdas e danos. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar as custas do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Em caso de ur- gência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. 4.1.3.Das Obrigações de Não Fazer A obrigação de não fazer relaciona-se com o encargo de abster-se obrigatoriamente de um fato que poderia praticar, de tolerar, consentir ou não impedir. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. Se aquele que se obrigou a abster-se de prati- car o ato o fizer, o credor pode exigir seu desfazi- mento, sob pena de o próprio credor o desfazer à custa do devedor, que responderá também por perdas e danos.Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, sem prejuízo do ressarcimento devido. 4.1.4.Das Obrigações Alternativas Obrigação alternativa é aquela que tem por objeto duas ou várias prestações que são devidas de tal maneira que o devedor se libere inteiramen- te executando uma “só dentre elas” (Planiol). Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou, mas ele não pode obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. Quando a obrigação for de prestações periódi- cas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao cre- dor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do de- vedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e da- nos; se, por culpa do devedor, ambas as presta- ções se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. 4.1.5. Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis Obrigação divisível é aquela cuja prestação o devedor pode cumprir a obrigação por partes. Ha- vendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 13 – A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetí- veis de divisão. Se, havendo dois ou mais devedo- res, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em rela- ção aos outros coobrigados. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. 4.1.6. Das Obrigações Solidárias Há solidariedade quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um de- vedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. A solidariedade não se presume, resulta da lei ou da vontade das partes. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e con- dicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferen- te, para o outro. 4.1.6.1. Da Solidariedade Ativa Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. Convertendo-se a prestação em perdas e da- nos, subsiste, para todos os efeitos, a solidarieda- de. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. 4.1.6.2. Da Solidariedade Passiva O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,parcialmente ou to- talmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continu- am obrigados solidariamente pelo resto. O pagamento parcial feito por um dos devedo- res e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. A cláusula, condição ou obrigação adicional, qualquer que seja ela, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agra- var a posição dos outros sem consentimento des- tes. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários,subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta so- mente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Se o credor exonerarda solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. 4.2 – DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 4.2.1. Da Cessão de Crédito Na cessão de crédito, o credor (cedente) pode transferir a terceiro (cessionário) o direi- to que possui em relação ao devedor (cedido), se a isso não se opuser à natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor. A cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obri- gação. A cessão do crédito não tem eficácia em rela- ção ao devedor, senão quando a este notificada. Salvo estipulação em contrário,o cedente não res- ponde pela solvência do devedor. O cedente, res- ponsável ao cessionário pela solvência do deve- dor, não responde por mais do que daquele rece- beu, com os respectivos juros; mas tem de res- sarcir-lhe as despesas da cessão e as que o ces- sionário houver feito com a cobrança. O crédito,uma vez penhorado,não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não ten- do notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro. 4.2.2. Da Assunção de Dívida É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do cre- dor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção,era insolvente e o credor o ignorava.Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na as- sunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa. Salvo assentimento expresso do devedor primi- tivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originari- amente dadas ao credor. Se a substituição do devedor vier a ser anula- da, restaura-se o débito,com todas as suas garan- tias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava (corrompia, infamava) a obrigação. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 14 – 4.3 – DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES O ato de cumprir a obrigação é denominado adimplemento. A obrigação pode ser extinta com o pagamento, com a dação em pagamento, com a novação, a compensação, a transação, confusão e a remissão de dívidas. 4.3.1. Do Pagamento O pagamento é o cumprimento dado a uma obrigação, em dinheiro ou coisa. 4.3.1.1. De quem deve Pagar Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposi- ção deste. Só terá eficácia o pagamento que im- portar transmissão da propriedade, quando esse for feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. Se se der em pagamento coisa fun- gível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. 4.3.1.2. Daqueles a quem se deve Pagar O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só va- ler depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo (suposto como legítimo) é válido, ainda provado depois que não era cre- dor. Não tem validade o pagamento, ciente mente, feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu. 4.3.1.3. Do Objeto do Pagamento e Sua Prova O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valio- sa. Ainda que a obrigação tenha por objeto pres- tação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor no- minal. É lícito convencionar o aumento progressi- vo de prestações sucessivas. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da presta- ção devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de mo- do que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial. O devedor que paga tem direito à quitação re- gular e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. A quitação designará o valor e a espé- cie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do paga- mento,com a assinatura do credor, ou do seu re- presentante. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. Se o pagamento se houver de fazer por medida,ou peso,entender-se-á,no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução. 4.3.1.4. Do Lugar do Pagamento Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do de- vedor, salvo se as partes convencionarem diver- samente, ou se o contrário resultar da lei, da natu- reza da obrigação ou das circunstâncias. Desig- nados dois ou mais lugares,cabe ao credor esco- lher entre eles. Dívida querable - que deve ser reclamada, paga no domicílio do devedor. Dívida portable ou portável, que deve paga no domicílio do credor. Sendo o contrato omisso prevalecerá o domicílio do devedor como lugar do pagamento. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far- se-á no lugar onde situado o bem. Ocorrendo motivo grave para que se não efe- tue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.O pagamento reiteradamente feito em ou- tro local faz presumir renúncia do credor, relativa- mente ao previsto no contrato. 4.3.1.5.Do Tempo do Pagamento Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. As obrigações con- dicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que o devedor teve ciência deste. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou definido no Código Civil, nos seguintes casos: - desde que no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 15 – - se os bens hipotecados ou empenhados forem penhorados em execução por outro credor; - se cessarem ou se tornarem insuficientes as garantias do débito e o devedor se negar a refor- çá-las. 4.3.2. Pagamento em Consignação A palavra consignar tem diversos sentidos. Dentre esses, consignar significa registro por es- crito; assinalar, fazer notar; benzer-se com o sinal da cruz; confiar algo aos cuidados de outrem; en- tregar mercadoria em depósito; entregar algo ao controle de outrem. Consignação é o ato ou efeito de consignar em qualquer um dos sentidos. Na área jurídica, Consignação significa a en- trega ou depósito judicial em mãos de um terceiro ou num estabelecimento ou caixa pública, que o devedor faz da quantia em dinheiro ou da coisa que constitui o objeto da obrigação, seja porque o credor se recusa a receber, seja por outros moti- vos determinados em lei. Pode o devedor efetuar o depósito judicial ou em estabelecimento bancá- rio da coisa devida, sendo o ato considerado pa- gamento, extinguindo-se a obrigação. O pagamento pode ser feito em consignação nos seguintes casos: - se o credor não puder ou recusar, sem justa causa, receber o pagamento dar quitação na de- vida forma; - se o credor não for ou não mandar receber a coisa no lugar, no tempo e condição devidos; - se o credor for incapaz de receber; for desco- nhecido,declaradoausente,ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamen- te receber o objeto do pagamento; - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. Para que a consignação tenha força de paga- mento é imprescindível a observância dos requisi- tos do pagamento, ou seja, feita observando a identidade do credor, a prestação deve ser inte- gral e efetuada na época acordada, ou se feita com atraso, acompanhada dos encargos da mora. Por fim, deve ocorrer no lugar estipulado para o pagamento. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas,e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito. 4.3.3. Do Pagamento com Sub-Rogação Sub-rogar tem o significado de trocar, substitu- ir, colocar uma coisa ou pessoa no lugar de outra. A sub-rogação deve ser declarada expressamente no contrato,não se presumindo. Ocorre quando o credor recebe o pagamento de terceiro e lhe transfere todos os seus direitos. Ela transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em re- lação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. Ela pode ser pessoal ou real. Na sub-rogação pessoal a dívida é paga por um co-devedor ou terceiro interessado. Na sub- rogação real substitui-se a coisa devida. A sub-rogação também pode ser legal ou con- vencional. A sub-rogação legal resulta de uma definição jurídica e se manifesta nos casos em que o credor paga a dívida do devedor comum; em que terceiro efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel, em que terceiro interessado paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. A sub-rogação convencional decorre de esti- pulação de vontades entre o credor e terceiro ou entre o devedor e terceiro. 4.3.4 – Da imputação do Pagamento Imputar o pagamento significa indicar o que se está pagando. Ocorre quando a pessoa obri- gada por dois ou mais débitos da mesma nature- za, a um só credor, indica a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. São requisitos a dualidade ou pluralidade de dívidas, a identidade do credor e devedor, débitos de natureza igual e suficiência de pagamento para qualquer das dívidas. 4.3.5. Da dação em Pagamento Dação em pagamento é o ato de pagar com algum bem uma dívida em dinheiro. É a entrega pelo mutuário de imóvel hipotecado ao agente financeiro, ou de devedor a credor, corresponden- te ao que deveria ser pago em moeda. O credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa. Mas,o credor pode consentir em receber presta- ção diversa da que lhe é devida. A coisa dada em pagamento,mesmo que diver- sa do estipulado, pode extinguir a obrigação des- de que o credor concorde com a substituição. De- terminado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 16 – Se for título de crédito, a coisa dada em paga- mento, a transferência importará em cessão. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direi- tos de terceiros. Credor evicto é aquele que perdeu um bem, em conseqüência de reivindicação feita pelo ver- dadeiro dono. 4.3.6. Da Novação Novação é a renovação de contrato ou obriga- ção judicial. É a substituição de uma obrigação por outra. É a extinção de uma dívida anterior por uma nova que é criada. A novação ocorre pela substituição do sujeito ativo ou do sujeito passivo ou do objeto da obriga- ção, surgindo uma nova relação jurídica, que ex- tingue e substitui a anterior. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimen- to deste. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor direito de ação regressiva contra o primeiro,salvo se este obteve por má-fé a substitu- ição. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário.Não aproveitará,contudo,ao credor res- salvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na novação. Anticrese é um tipo de contrato em que o de- vedor entrega um imóvel, transferindo-lhe o direito de auferir os frutos e rendimentos para compensar uma dívida. É uma consignação de rendimento. A novação feita sem o consentimento do fiador o exonera com o devedor principal. Não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extin- tas, exceto as obrigações simplesmente anulá- veis. 4.3.7. Da Compensação Compensar significa estabelecer ou restabele- cer o equilíbrio; conter algo opondo-lhe efeitos contrários; contrabalançar um mal, um prejuízo. Compensação é o ato de compensar. Juridica- mente, a compensação é uma modalidade de ex- tinção de obrigação recíproca. Se duas pessoas forem, ao mesmo tempo, credores e devedores uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem. A compensação efetua-se entre dívidas líqui- das, vencidas e de coisas fungíveis. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto se provier de esbulho, furto ou roubo, se uma se originar de comodato, depó- sito ou alimentos, ou se uma for de coisa não sus- cetível de penhora. As partes podem, de comum acordo, estipular a exclusão da compensação, ou, ainda, no caso de renúncia prévia de uma delas. 4.3.8. Da Confusão Em determinados negócios pode ocorrer o fato de uma mesma pessoa ser identificada como cre- dor e como devedor. A esse fato, dá-se o nome de confusão.Ex.Quando o proprietário de um bem dominante passa a deter a propriedade de um bem financiado pelo primeiro. Se na mesma pessoa se confundir as qualida- des de credor e devedor a obrigação será extinta. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela. Cessando a confusão logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior. 4.3.9. Da Remissão das Dívidas Remissão é o ato de remir, de perdoar, de relaxar, de pôr a caminho de novo. Juridicamente, remissão é o ato pelo qual o credor dispensa graciosamente o devedor de pa- gar a dívida. É um ato de liberalidade do credor, e bilateral, pois depende da concordância do deve- dor. A remissão pode ser total ou parcial, e pode produzir os mesmos efeitos que a transação. A remissão da dívida extingue a obrigação, mas não pode prejudicar terceiro. 4.4 – DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGA- ÇÕES Inadimplir significa descumprir uma obrigação assumida. Essa inexecução gera uma série de conseqüências jurídicas, conforme a obrigação. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. O inadimplemento pode ser relativo ou absolu- to. Relativo, também denominado mora, ocorre quando a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e formas estipuladas, mas sua execução ainda pode ser aproveitada pelo credor. A inadimplência é considerada absoluta quan- do a obrigação não foi cumprida e sua execução fora do tempo, lugar e formas estipuladas não mais se aproveita ao credor. Nesse casso ocorre o inadimplemento. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 17 – Nas obrigações negativas, de não fazer, o de- vedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça.Nos con- tratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. O devedor não responde pelos prejuízos resul- tantes de caso fortuito ou força maior, se expres- samente não se houver por eles responsabilizado. O caso fortuito ou de força maior se caracteriza pela inevitabilidade do acontecimento,do fato,e pela ausência de culpa na produção do evento. 4.4.1. Da Mora Mora é uma delonga, uma demora do tem- po.Em Economia,mora significa a quantia que se paga a mais em uma dívida pelo não cumpri- mento do prazo estipulado. No campo jurídico,mora é retardamento do devedor ou do credor no cumprimento de uma ação judicial. A mora consiste na inexecução total ou parcial de uma obrigação, mas sua execução, ainda que tardia ou deficiente pode ser aproveitada pelo cre- dor. Considera-se em mora o devedor que não efe- tuar o pagamento e o credor que não quiser rece- bê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a con- venção estabelecer. O devedor responde pelos prejuízos a que sua mora der causa,mais juros,atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos,e honorários de advogado. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao cre- dor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora. No prazo estipulado, o inadimplemento da obri- gação positiva e líquida, constitui de pleno direito em mora o devedor. Não havendo prazo estipula- do, a mora se constitui mediante interpelação judi- cial ou extrajudicial. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, con- sidera-se o devedor em mora, desde que o prati- cou.Nas obrigações negativas,considera-se o de- vedor em mora a partir do dia em que se executou o ato, se dele havia a obrigação de se abster. Nos contratos que versam sobre imóveis a in- terpelação cartorária ou judicial, constitui o deve- dor em mora. O devedor em mora responde pela impossibili- dade da prestação, mesmo sendo essa impossibi- lidade resultante de caso fortuito ou de força mai- or, se estes ocorrerem durante o atraso,salvo se provar isenção de culpa,ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. A mora do credor faz cessar para o devedor a responsabilidade de conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la,e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação. Purga-se a mora, por parte do devedor, ofere- cendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta, e por parte do credor, oferecendo-se este a receber o paga- mento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data. Esses conceitos são muito utilizados em transação imobiliária. 4.4.2. Das Perdas e Danos Aquele que causar prejuízo a alguém, pelo descumprimento culposo de um contrato ou pela prática de ato ilícito deve reparar as perdas e da- nos. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor a- brangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. 4.4.3. Dos Juros Legais Juro é a quantia que remunera um credor pelo uso de seu dinheiro durante determinado tempo; uma porcentagem sobre o qual foi emprestado. É a soma cobrada por quem empresta o seu dinheiro a outrem. Juro significa, também, a renda ou rendimento de um capital, de uma importância investida. No dizer de Sílvio Rodrigues, “juro é o preço do uso do capital”, ou seja, juro significa rendimento de capital. Distinguem-se os juros em compensatório e moratório. Juro compensatório é a remuneração do ca- pital empregado. Juro moratório é a indenização pelo prejuízo resultante da mora culposa na execução de uma obrigação. Quando os juros moratórios não forem conven- cionados ou o forem sem taxa estipulada ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fa- zenda Nacional. Técnico em Transações Imobiliárias – Organização Empresarial – módulo I – 18 – Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramen- to, ou acordo entre as partes. 4.4.4. Da Cláusula Penal A cláusula penal, ou multa convencional, é uma convenção estipulada pelas partes na qual estas se obrigam a pagar uma determinada multa no caso de violação de algum dispositivo contra- tual. Trata-se de uma obrigação acessória, que tem por objetivo garantir o cumprimento da obri- gação principal e também fixar previamente o va- lor das perdas e danos em caso de descumpri- mento do pactuado.Por ser obrigação acessória, sendo nula ou anulada a obrigação principal, tam- bém o são as disposições contidas na cláusula penal. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora. A cláusula penal pode ser estipulada conjunta- mente com a obrigação,ou em ato posterior. Tam- bém pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou sim- plesmente à mora. O valor da cominação imposta na cláusula pe- nal não pode exceder o da obrigação principal, sendo a penalidade reduzida eqüitativamente se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifesta- mente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. Para exigir a pena convencional, não é neces- sário que o credor alegue prejuízo. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indeniza- ção,competindo ao credor provar o prejuízo exce- dente. 4.4.5. Das Arras ou Sinal (arts. 417 a 420 do novo CC) Arras são os recursos pagos por um dos con- tratantes para garantir o cumpri- mento de um contrato, comumente, conhecido por sinal. É um termo muito comum na área de transação imobili- ária. Por sua importância, o Código Civil trata do assunto no Capítulo VI. Um contrato preliminar pode ser garantido pe- las arras ou sinal, que torna presumido o acordo final e obrigatório o contrato. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na pres- tação devida, se do mesmo gênero da principal. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, reten- do-as. Se inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. A parte inocente pode pedir indenização su- plementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização. Se no contrato for estipulado o direito de arre- pendimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em bene- fício da outra parte; e quem as recebeu terá que devolvê-las em dobro. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar. 4.5 – DOS CONTRATOS EM GERAL Contrato é a uma convenção estabelecida en- tre duas ou mais pessoas, com o objetivo de ad- quirir, resguardar, modificar ou extinguir entre elas uma relação jurídica patrimonial.
Compartilhar