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APS- Bens Públicos e Contratos Administrativos

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APS- Bens Públicos e Contratos Administrativos 
Resenha Critica – Regime Diferenciado de Contratações Públicas 
(RDC) aprovadas pela Lei 12.462/2011 
Apresentação de uma resenha crítica contendo os aspectos mais 
relevantes do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aprovado 
pela Lei 12.462 de 2011, bem como os aspectos controvertidos e os 
considerados inconstitucionais. 
O RDC- Regime Diferenciado de Contratações Públicas foi inserido em 
nosso ordenamento jurídico por meio da Lei n. 12462 de 2011, que consiste em um 
novo regime de contratos e licitações para a Administração Pública. 
Inicialmente por meio do RDC, criou-se um novo regime contratual e 
licitatório para eventos esportivos de grande magnitude realizados no Brasil (isto 
levando em conta eventos que estão sendo ou que serão realizados) como á 
exemplo: a Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Ocorre que a Lei 
sofreu alterações de modo com que outras ações pudessem ser comtempladas com 
este novo regime á exemplo de obras e serviços de engenharia. 
Por tanto, este novo regime poderá ser aplicado às licitações não 
somente de eventos esportivos, mas também de ações integrantes ao PAC e no que 
diz respeito às obras e serviços de engenharia ao sistema público de ensino, SUS e 
do sistema prisional. 
Os pontos a ser debatido no que se diz respeito à Lei n. 12462/2011 
refere-se a sua possível inconstitucionalidade formal, publicidade do orçamento, 
contratação integrada e quanto a questão do meio ambiente. 
I. Inconstitucionalidade da Lei n. 12462 de 2011 
O ingresso da referida Lei trouxe consigo uma polêmica no que fiz 
respeito a sua possível inconstitucionalidade em decorrência do vicio formal de 
iniciativa. 
A Lei n. 12462/2011 adveio por meio da conversão da medida provisória 
n. 527/2011, sendo editada pelo então Presidente da Republica com fulcro quanto 
ao uso de suas atribuições privativas inclusive previstas no Art. 62 da Constituição 
Federal. 
Tal medida não tratava sobre o RDC, porem quando ocorreu a sua 
conversão em lei, o Relator por entendimento de grandes juristas acrescentou 
“indevidamente” dispositivos com o objetivo de regular o Regime Diferenciado de 
Contratações Públicas. 
A polêmica que gera em torno do assunto é pelo fato de que a Medida 
Provisória possui iniciativa privativa apenas do Presidente da Republica, por tanto, 
não poderia o parlamentar inovar nos temas. 
Possui entendimento norteador de que conforme prevê o Artigo 62, §12 
da Constituição Federal não é permitida a inclusão de novos temas quanto à 
apreciação de Medida Provisória (o texto constitucional permite que haja a alteração 
do texto dentro dos limites temáticos, mas isto não quer dizer a inclusão de novos 
temas). 
O relator ao inserir um novo objeto diverso daquele tratado pela Medida 
Provisória trouxe consigo uma “afronta” ao processo legislativo conforme previsão 
legal nos Artigos 59 á 62 da Constituição Federal, uma vez que o parlamentar tomou 
para si uma competência designada apenas ao Presidente da Republica, qual seja 
decidir quais temas devem ser tratados por meio da Medida Provisória. A 
transferência de tal competência fere não apenas a Constituição Federal, mas 
também a Lei Complementar Federal n. 95 e a própria Resolução n. 1 do Congresso 
Nacional que trata sobre apreciação das Medidas Provisórias. 
Por tanto, denota-se que o relator ao usurpar a prerrogativa do Presidente 
da Republica acarretou-se em um vicio formal gerando a discutida 
inconstitucionalidade da Lei n. 12462 de 2011. 
II. Contratação Integrada 
A contratação Integrada prevista no Art. 8º da Lei 12462/2011 determina 
que o licitante crie o projeto básico e o projeto executivo, além da execução de obras 
e serviços de engenharia, montagem e realização de testes, a pré-operação e todas 
as demais intervenções necessárias e suficientes para entregar a obra. Sendo 
assim, tal regime ocasionou a permissão para que o projeto básico fosse realizado 
pela própria empresa participante o que antes era vedado de acordo com o Art. 9º 
da Lei 8666/93. 
Deste modo, pode-se dizer que o regime de Contratação Integrada 
implica na realização de uma única licitação para o objeto básico, projeto executivo e 
execução de obras e serviços. 
A crítica que se perfaz é o fato de que sem que haja a existência de um 
projeto básico anterior o objeto da licitação não estaria definido de forma clara, 
impedindo assim, a realização das premissas básicas do procedimento licitatório que 
nada mais é do que a oportunidade de se fazer a comparação objetiva das 
propostas oferecidas. 
Denota-se que o fato de haver definição prévia e detalhada do objeto que 
está sendo licitado se configura ao principio da Isonomia dos participantes, sendo 
feita uma analise justa quanto das propostas apresentadas. Não havendo a 
apresentação do projeto básico a Administração Pública deixa de estabelecer um 
conjunto de elementos suficientes para determinar o que pretende contratar, levando 
assim, ao entendimento de que não ocorrerá disputa possível já que as propostas 
serão a respeito de algo que não se sabe ao certo o que é. 
Por fim, entende-se que é justamente a descrição adequada do projeto 
que permite aos licitantes que tenham conhecimento da obra ou serviço para poder 
oferecer a proposta pertinente/ adequada. Havendo a inexistência do projeto básico 
anterior certamente ocasionará o oferecimento de propostas com valores baixos se 
comparado aos praticados no mercado ou propostas com valores altos também 
tendo comparativo o mercado exatamente por não se saber aquilo que a 
Administração Pública busca, já que não há delineamento adequado do objeto. A 
observância que se faz diante desta possibilidade é o fato de que não havendo o 
projeto básico prévio a administração pública certamente será prejudicada 
causando-lhe transtornos durante a execução destes contratos. 
O questionamento que se faz é como será a qualidade dos projetos 
básicos que serão realizados apenas após a assinatura do contrato e principalmente 
sem que as empresas que estão participando deste processo licitatório tenham 
conhecimento bem como o devido detalhamento daquilo que a administração 
pública precisa. 
Sob o amparo da Lei 12497/2011, verifica-se que a definição exata das 
características daquilo que a administração pública necessita e o valor da obra 
contratada só será deferível, após a assinatura do contrato bem como a realização 
do projeto básico pelo vencedor, pode-se afirmar que as condições efetivas da 
contratação só será definida durante a execução do contrato. 
Por tanto, pode-se concluir que a contratação integrada, por mais que 
tenha como objetivo dar maior celeridade no que diz respeito à realização das obras, 
está cercado de incertezas e riscos que poderão ocasionar á administração pública. 
III. Publicidade do Orçamento Estimado 
Sua previsão legal encontra-se no Art. 6º da Lei 12462/2011. 
Através do referido artigo se verifica que a legislação tratou da não 
divulgação no que se refere ao orçamento estimado pela Administração Pública 
diante de uma obra ou serviço ao qual será licitado, tendo a divulgação do referido 
orçamento apenas após a adjudicação do objeto licitado, ou seja, assim que for 
encerrada a licitação, exceto para órgãos de controle interno e externo, os 
interessados que estão participando do certame só terá acesso ao orçamento 
estimado quando findada a licitação. 
O grande impacto que se verifica na questão da publicidade do orçamento 
estimado, ocorre quando se comparada a Lei 8666/93 que abordava de forma 
exaustiva por meio de dispositivos a diretriz de ampla publicidade e divulgação do 
orçamento estimado englobando á todas as modalidades licitatórias, não levando 
em conta a forma de contratação. 
Desta forma, se verifica que a Lei 12462/2011 trouxe a existência de uma 
regra distinta se comparada as existentes no ordenamentojurídico, levantando ao 
questionamento quanto à validade e constitucionalidade do referido Art. 6º. 
O instituto da licitação está previsto no Art. 37, XXI, da Constituição 
Federal, onde se verifica que não há a existência de regra que determine á 
Administração Pública a obrigatoriedade quanto a divulgação prévia do orçamento 
estimado conjuntamente com o edital da licitação. Ocorre que em contra partida, o 
principio da publicidade existente no Art. 37 da Constituição Federal, nos remete á 
duvida quanto a esta obrigatoriedade quando se tratar da publicidade do orçamento 
estimado duvida está que de desfaz em decorrência de tal principio se configurar 
como uma diretriz geral no que diz respeito aos atos estatais. 
Verifica-se que o objetivo maior da publicidade com relação ao orçamento 
é a proteção do erário público, uma vez que as propostas dos licitantes terão uma 
maior diferença entre elas, e não ficarão próximas se comprado ao orçamento 
estimado pela administração pública. 
Por tanto, o único risco seria com relação à falta de projeto básico 
somado á falta de publicidade previa do orçamento estimado, acarretando assim em 
uma licitação sem o objeto e preço detalhado, razão esta que se verifica a 
necessidade do projeto básico e não um mero anteprojeto de engenharia, com 
possibilidade de ocorrer a publicidade diferida do orçamento estimado, podendo este 
ser divulgado posteriormente, quando ocorrer a adjudicação do objeto, sendo assim, 
não há o que se falar em inconstitucionalidade ou até mesmo ilegalidade, pois a 
norma do referido artigo 6é mesmo ilegalidade pois a norma do referido artigo 6º se 
adequa ao nosso ordenamento jurídico pátrio.

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