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Análise experimental do comportamento

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DESCRIÇÃO
Os paradigmas teórico-práticos que definem a Análise Experimental do Comportamento como ciência de
base.
PROPÓSITO
Compreender os conceitos teóricos do behaviorismo e da aplicação desse conhecimento em termos
práticos facilitará o entendimento do papel do psicólogo na intervenção terapêutica de comportamentos
desadaptativos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever os conceitos gerais da Análise do Comportamento
MÓDULO 2
Reconhecer a aplicabilidade dos conceitos gerais da Análise do Comportamento na prática psicológica
MÓDULO 3
Identificar o papel do analista do comportamento na avaliação de comportamentos disfuncionais junto às
propostas de medidas de intervenção
MÓDULO 4
Definir a importância e as aplicações das diversas subáreas da Análise do Comportamento
INTRODUÇÃO
A Análise do Comportamento é, muitas vezes, confundida com suas subáreas. Ela é a grande área a
qual são relacionados os estudos práticos do comportamento e está dividida em três ramos (CARVALHO
NETO, 2002):
Behaviorismo radical – filosofia da ciência do comportamento e aporte teórico para os estudos
comportamentais.
Análise Experimental do Comportamento – vertente considerada ciência de base.
Análise Aplicada do Comportamento – área destinada à aplicação dos conhecimentos sobre o
comportamento.
Neste tema, você será apresentado, mais especificamente, à Análise Experimental do
Comportamento, compreendendo os conceitos básicos da Análise do Comportamento, quais
variáveis devem ser observadas nos estudos experimentais e como tais conceitos podem ser úteis para
entender o comportamento das pessoas nos mais diversos ambientes e formas de interação.
MÓDULO 1
 Descrever os conceitos gerais da análise do comportamento
CONDICIONAMENTO CLÁSSICO: AQUISIÇÃO,
EXTINÇÃO E RECUPERAÇÃO
O behaviorismo ou comportamentalismo considera o comportamento como objeto de estudo e
emprega princípios e métodos de outras Ciências Naturais para desenvolver suas teorias (SKINNER,
1969; MOORE, 2011).
Em um período em que o estruturalismo era considerado a grande escola experimental que possibilitou à
Psicologia um lugar no hall das ciências, alguns pensadores funcionalistas estadunidenses não
cessavam suas críticas ao método introspectivo de estudo da vida mental e dos processos conscientes.
Mas, enquanto os estudos experimentais de Wundt (1832-1920), na universidade alemã de Leipzig,
concentravam-se na busca pelo conhecimento da vida mental, na Rússia, um importante fisiologista
desenvolvia estudos que iriam impactar, diretamente, a Psicologia.
Para a maioria dos estudantes de Psicologia e até mesmo psicólogas(os) profissionais, o nome Pavlov
provavelmente remete a cachorros e sininhos, embora seu trabalho tenha sido bem mais amplo que
isso. Suas contribuições à Psicologia estão mais para um “incidente de percurso” do que um interesse
subjacente em estudar o comportamento humano.
 
Autor: Mikhail Nesterov/ wikimedia Commons/Domínio Público
 Ivan Pavlov
Inicialmente, Ivan Pavlov (1849 - 1936) preocupava-se em estudar o papel das enzimas digestivas no
processo de digestão de cachorros, trazendo grandes contribuições para a área. Com base nesses
estudos, Pavlov elaborou o conceito de reflexo, o qual se refere a uma reação instintiva do organismo a
um dado estímulo do ambiente. Tal conceito seria essencial para a Psicologia, anos mais tarde, e será
mais explorado a partir de agora.
Pavlov inseria tubos esterilizados nas glândulas salivares de cães, e, ao apresentar comida para os
animais, eles liberavam quantidades maiores de saliva, fornecendo o material de estudo que tanto
queria. No entanto, Pavlov percebeu que, após algum tempo trabalhando com um mesmo cachorro,
essas pequenas ampolas coletoras de saliva começavam a se encher a partir de estímulos que
antecediam a apresentação do alimento: quando os animais ouviam seus passos, quando iluminava o
laboratório ou mesmo quando se aproximava das gaiolas.
Como o conteúdo da saliva em nada se diferenciava do conteúdo enzimático produzido com a
apresentação do alimento, Pavlov percebeu que novos atos reflexos talvez pudessem ser aprendidos
caso fossem associados a reflexos naturais. Isso motivou o autor a elaborar e analisar seus primeiros
experimentos com a associação de estímulos e respostas reflexas.
Ao perceber a salivação anterior à exposição de comida, Pavlov adotou o procedimento de,
imediatamente antes de mostrar a comida, apresentar um estímulo sonoro neutro, isto é, um som que
não eliciaria nenhuma resposta natural relacionada à digestão do animal – no caso, uma campainha.
Após algumas repetições desse processo, pôde-se observar que, apenas apresentando a campainha, o
cachorro já eliciaria a salivação. Tendo em vista a importância de tal descoberta, esse experimento
permitiu que Pavlov fosse premiado com um prêmio Nobel de Medicina em 1904 (BERGER; REJMAN,
2019).
 
Fonte: Gilmanshin/Shutterstock.com.
 Demonstração do experimento de Pavlov
Alguns termos são muito fundamentais para o estudo da Análise do Comportamento. Dentre eles, o
termo eliciar que significa “fazer sair; expulsar”. Esse termo é usado para caracterizar uma resposta
reflexa, por conta de sua natureza automática e intrincada ao estímulo. Ou seja, a grosso modo um
estímulo “extrai” do organismo uma resposta.
Esse processo de aprendizagem de um novo comportamento reflexo é chamado de condicionamento
respondente ou condicionamento clássico (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Para compreender melhor
o que são os reflexos e o que significa desenvolver novos comportamentos do tipo reflexo, explicaremos
alguns conceitos básicos a seguir.
COMPORTAMENTOS REFLEXOS
Todos os animais, incluindo os seres humanos, nascem com um repertório de comportamentos básicos
derivados da história evolutiva de cada espécie. Tais comportamentos são muito importantes para ajudar
o organismo a se adaptar e a sobreviver ao ambiente em que o animal vive desde os primeiros
momentos de vida. Esses comportamentos sofrem modificações provocadas por alterações no ambiente
(MOREIRA; MEDEIROS, 2007).
As reações comportamentais automáticas, herdadas pela espécie e que favorecem a adaptação ao
meio, são os reflexos inatos. Veja alguns exemplos:
 
Fonte: Shutterstock.com.
Se um cisco cair no olho de uma pessoa, ela automaticamente aumentará a frequência de piscadas dos
olhos e liberará mais lágrima para lubrificar e expulsar o corpo estranho.
 
Fonte: Shutterstock.com.
Um bebê, da espécie humana ou de qualquer outra espécie de mamífero, eliciará o comportamento de
sugar, pois é assim que se consegue obter alimentos ao nascer.
 
Fonte: Shutterstock.com.
Diante de uma martelada no joelho, a perna se estica.
 
Fonte: Shutterstock.com.
Uma sensação de frio gera arrepio nos poros da pele.
Esses e inúmeros outros exemplos demonstram a quantidade enorme de reflexos que um ser humano
pode ter diante de condições específicas do ambiente. A essas “condições ambientais” damos o nome
de estímulo. O reflexo é a relação entre um estímulo ambiental e a resposta eliciada por ele no
organismo (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).
 COMENTÁRIO
Os reflexos estudados por Pavlov radicalizaram o estudo da Psicologia por se tratarem de objetos
observáveis, constantes e quantificáveis, encerrando, por certo tempo, às críticas ao método
estruturalista e atraindo a atenção dos funcionalistas estadunidenses para o estudo do comportamento.
Se os comportamentos reflexos são considerados objetos de estudo científico, é necessário
compreender as propriedades desses eventos. Entre as diversas características e propriedades, é
especialmente relevante ressaltar a lei da intensidade-magnitude e os efeitos de eliciações
sucessivas de respostas, uma vez que são importantes para processos terapêuticos de modificação de
comportamentos disfuncionais. A tabela a seguir apresenta tais características e propriedades:
Fenômeno Definição Exemplo
Lei da
intensidade-
magnitude
Quanto maior a intensidade de um
estímulo,maior será a magnitude da
resposta por ele eliciada.
Se uma pessoa pisar sobre um
objeto pontudo, bem pequeno e
não muito rígido, é provável que
elicie uma resposta de dor leve.
Mas se pisar sobre um objeto
pontiagudo, afiado e rígido,
provavelmente, sua resposta de dor
será muito mais intensa.
Eliciações
sucessivas
de resposta
Este fenômeno ocorre quando um
dado estímulo é apresentado várias
vezes em um curto espaço de tempo.
Tendo o estímulo apresentado
intensidade constante, a resposta
poderá reduzir sua magnitude ou, em
alguns casos, ter sua magnitude
aumentada.
Imagine que uma pessoa viva
próxima a uma estação de
tratamento de esgoto. O cheiro
proveniente da estação não é
agradável, mas, depois de algum
tempo, as pessoas que vivem no
entorno não percebem o cheiro de
maneira tão aversiva. 
Agora, imagine uma pessoa que
repita um vício de linguagem ao
final de cada frase, como, por
exemplo, “sacou”. Inicialmente,
pode parecer algo inusitado, mas,
para algumas pessoas, isso se
tornará bastante incômodo depois
de algum tempo.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
 Tabela 1: Características e propriedades dos comportamentos reflexos.
CONDICIONAMENTO RESPONDENTE
Como vimos, os comportamentos reflexos são aqueles primordiais para a adaptação e sobrevivência dos
animais no ambiente. No entanto, estes não passam o resto da vida com o mesmo repertório
comportamental que possuíam ao nascer. Logo, novos comportamentos são desenvolvidos a partir dos
reflexos inatos. Esses novos comportamentos, ou melhor, reflexos aprendidos, são integrados ao
repertório do organismo por meio de condicionamento respondente.
Ao lembrar do experimento clássico de Pavlov com seus cachorros, é possível discernir os eventos
inseridos para compreender a lógica do processo. Observe o esquema que apresenta todo esse
processo:

 
Fonte: Shutterstock.com.
ANTES DO CONDICIONAMENTO:
O pesquisador apresentou um estímulo neuro (campainha) para o cachorro, que não manifestou reações
observáveis.
DURANTE O CONDICIONAMENTO:
Em seguida, foi apresentado novamente o mesmo estímulo neutro, mas, agora, concomitantemente a
um estímulo incondicionado (comida), e observou-se a eliciação de resposta incondicionada (saliva) pelo
cachorro. Esse evento foi repetido algumas vezes.
 
Fonte: Shutterstock.com.


 
Fonte: Shutterstock.com.
APÓS O CONDICIONAMENTO:
A partir de determinado momento, a campainha, agora não mais estímulo neutro, mas sim estímulo
condicionado, passa a eliciar uma resposta condicionada, que é a salivação, independentemente da
presença da comida. Esse, portanto, é um condicionamento de 1ª ordem.
Os termos representados no condicionamento respondente são relativos à situação analisada. O
estímulo neutro não é capaz de eliciar uma resposta a qual se está observando. Portanto, neste
exemplo, a campainha é um estímulo neutro, porque, naturalmente, não é capaz de eliciar a salivação
no cachorro. Da mesma forma, a comida é um estímulo incondicionado, porque elicia a salivação, mas
seria considerada um estímulo neutro caso a resposta esperada fosse arrepio, por exemplo (MOREIRA;
MEDEIROS, 2007).
Os estudos sobre o condicionamento respondente foram muito importantes para compreender respostas
emocionais, como as fobias.
Vamos pensar em um exemplo plausível de ser observado no cotidiano: um motorista que não consegue
mais trabalhar em seu veículo desde que sofreu um sequestro. É possível compreender o que aconteceu
se a situação for fracionada: dirigir poderia ser considerado o estímulo neutro, uma vez que não
eliciava nenhuma resposta emocional negativa.
Imagine que essa pessoa soube de vários casos de violência contra motoristas na região onde costuma
trabalhar. Logo, dirigir passa a ser associado a um evento perigoso. Até que um dia, o motorista é
rendido por um homem armado, o que o faz eliciar uma resposta de medo muito intensa, com sinais
fisiológicos, cognitivos e comportamentais, como tremores, taquicardia, fraqueza nas pernas,
pensamento de que pode morrer a qualquer momento e choro.
 
Fonte: Shutterstock.com.
O assalto armado poderia ser considerado o estímulo incondicionado e a resposta de medo, a
resposta incondicionada. No dia seguinte, o motorista acorda e só de pensar que precisa sair para
trabalhar, começa a ter sensações quase tão desagradáveis quanto as que experienciou no dia anterior.
O ato de dirigir, portanto, passa a ser o estímulo condicionado e o medo de dirigir, a resposta
condicionada.
Pavlov também percebeu que seria possível fazer com que a resposta condicionada deixasse de ser
eliciada. Isso seria possível apresentando repetidamente o estímulo condicionado sem a presença do
estímulo incondicionado. Voltando ao experimento com o cachorro, seria apresentar a campainha e não
apresentar mais a comida. Assim, ao fenômeno de eliminação, parcial ou total, de uma resposta
condicionada damos o nome de extinção respondente.
Trazendo para situações cotidianas, podemos utilizar alguns exemplos:
NO AMBIENTE DE TRABALHO
Em um escritório, as pessoas que vivenciaram medo na presença de determinado chefe abusivo e
agressivo com as palavras começassem a sentir uma melhora gradual no bem-estar e consequente
diminuição das sensações negativas, ao adquirirem confiança em um possível novo chefe mais
educado, comedido e justo.
Imagine que este novo chefe, que todos respeitam e admiram, que, por um motivo qualquer, perde o
controle de suas emoções e acaba sendo mais agressivo que o normal. É possível que as pessoas no
ambiente se lembrem do passado recente com o antigo chefe e eliciem novamente uma resposta de
medo ou fiquem mais sobressaltadas que o normal.
NAS RELAÇÕES AFETIVAS
Uma pessoa que, após terminar um namoro de forma traumática, passou a não tolerar sentir o aroma do
perfume que a fazia lembrar de seu/sua parceiro(a). Sempre que sentia o cheiro do perfume, lembrava-
se do(a) ex-namorado(a), o que trazia bastante sofrimento. No entanto, conhece um(a) colega de classe
que usa o mesmo perfume e, depois de algum tempo, a sensação de tristeza havia se esvaído. Anos
mais tarde, a pessoa encontra-se com aquele(a) amigo(a) e sente novamente o aroma do perfume e
experimenta um certo desconforto emocional, como um “aperto no peito inexplicável”, um “mal
presságio” ou “uma sensação esquisita”.
Estes exemplos mostram que, mesmo extinguindo uma resposta condicionada, é possível que ela seja
recuperada espontaneamente.
O QUE É O COMPORTAMENTO RESPONDENTE?
Assista ao vídeo, que explica e apresenta exemplos de comportamentos reflexos aprendidos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. APREENDEMOS QUE O REFLEXO É A RELAÇÃO ENTRE UM ESTÍMULO
AMBIENTAL E A RESPOSTA ELICIADA POR ELE NO ORGANISMO. DENTRO
DESSE CONTEXTO, QUAL É A IMPORTÂNCIA DOS COMPORTAMENTOS
REFLEXOS?
A) Reprodução da espécie.
B) Desenvolvimento do organismo.
C) Desenvolvimento cerebral.
D) Desenvolvimento de novos reforçadores.
E) Sobrevivência e adaptação do organismo ao meio
2. JOÃO SOFREU UM ACIDENTE DE MOTO EM QUE PRECISOU TER UMA DE
SUAS PERNAS AMPUTADAS. SÓ DE LEMBRAR DO EVENTO, ELE SE EMOCIONA
MUITO. DESDE ENTÃO, NUNCA MAIS CONSEGUIU SUBIR EM UMA MOTO POR
CONTA DO MEDO INTENSO QUE SENTE. 
 
COM BASE NO TEXTO ACIMA E NOS CONCEITOS ESTUDADOS, ASSINALE A
ALTERNATIVA:
A) O medo de andar de moto é o estímulo incondicionado.
B) A moto é o estímulo incondicionado.
C) A moto, antes do acidente, é o estímulo neutro.
D) O acidente de moto é a resposta incondicionada
E) Os ferimentos são a resposta condicionada
GABARITO
1. Apreendemos que o reflexo é a relação entre um estímulo ambiental e a resposta eliciada por
ele no organismo. Dentro desse contexto, qual é a importância dos comportamentos reflexos?
A alternativa "E " está correta.
 
Todo animal nasce com uma série de comportamentos básicos herdados pela história da própria espécie
e que atuaram, e atuam, na capacidade de o organismo sobrevivere se adaptar em seu meio.
2. João sofreu um acidente de moto em que precisou ter uma de suas pernas amputadas. Só de
lembrar do evento, ele se emociona muito. Desde então, nunca mais conseguiu subir em uma
moto por conta do medo intenso que sente. 
 
Com base no texto acima e nos conceitos estudados, assinale a alternativa:
A alternativa "C " está correta.
 
Antes de sofrer o acidente, a moto não eliciava nenhuma resposta de medo em João. Por isso, até esse
momento, ela pode ser considerada um estímulo neutro. Apenas depois do acidente (evento traumático),
ela pode ser considerada estímulo condicionado.
MÓDULO 2
 Reconhecer a aplicabilidade dos conceitos gerais da Análise do Comportamento na prática
psicológica
TEORIA DO CONDICIONAMENTO OPERANTE
O comportamento respondente nos permite estudar, até certo ponto, a relação entre o organismo e o
meio. A compreensão de tal conceito permite entender, avaliar e, em alguns casos, até modificar certos
comportamentos, principalmente aqueles relacionados a reações emocionais. No entanto, o conceito de
respondente não é capaz de explicar comportamentos mais complexos e que compreendem grande
parte do repertório comportamental, principalmente de seres humanos.
 
Autor: Silly rabbit/wikimedia Commons/CC BY 3.0
 Burrhus Frederick Skinner
Se uma pessoa encosta o braço em uma superfície muito quente, espera-se que ela responda quase
que automaticamente, retirando o braço de perto daquela superfície. Mas como explicar
comportamentos como tocar um instrumento musical, aprender a falar uma língua ou a jogar futebol? A
teoria de condicionamento operante, criada e amplamente estudada pelo escritor e psicólogo
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), busca entender esse amplo e complexo repertório
comportamental.
CONTROLE DE ESTÍMULOS
Diferentemente do comportamento respondente, em que um estímulo (S) elicia uma resposta (R), no
paradigma operante, diz-se que um comportamento emitido espontaneamente (resposta) gera uma
consequência (estímulo) que influenciará no aumento ou na diminuição das chances de o
comportamento ocorrer novamente.
Por exemplo, um aluno levanta a mão para tirar uma dúvida, mas o professor não para a aula e não
permite que o aluno fale. Qual é a chance de esse aluno voltar a levantar a mão para tirar dúvidas?
Nesse caso, o comportamento de levantar a mão gerou uma consequência no ambiente, representada
pela desconsideração do professor. Assim, a consequência será reforçadora, caso aumente a
probabilidade de o comportamento ser emitido outras vezes, ou punitiva, se diminuir a probabilidade de
esse comportamento se repetir.
 
Fonte: Shutterstock.com.
Portanto, há dois tipos de comportamentos:
Comportamento respondente
Um estímulo do ambiente elicia uma resposta do organismo.
S → R

Comportamento operante
Um comportamento aleatório do organismo gera consequências no ambiente.
R → C
Não é difícil imaginar quantos comportamentos podem ser influenciados pelas consequências do
ambiente. São exemplos comuns do cotidiano casos como:
 
Fonte: Shutterstock.com.
A criança aponta para um brinquedo, e o adulto lhe entrega.
 
Fonte: Shutterstock.com.
O motorista avança um sinal e recebe uma multa de trânsito.
 
Fonte: Shutterstock.com.
O(a) jovem se comporta mal, e os pais o(a) deixam de castigo.
 
Fonte: Shutterstock.com.
O funcionário que bateu todas as metas do mês ganha prêmios.
Um dos pontos mais importantes da teoria de Skinner foi a observação da capacidade de modificar
comportamentos a partir de suas consequências (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).
Os comportamentos operantes são modelados (aprendidos) a partir do repertório de comportamentos
respondentes. As respostas emitidas que geram reforço tendem a ser emitidas com mais frequência e a
fazer parte do repertório, isto é, em situações semelhantes, serão novamente emitidas.
REFORÇO
Reforço é toda consequência que aumenta a probabilidade de um dado comportamento ocorrer. Os
reforços operantes podem ser de dois tipos: positivo e negativo.
Reforço positivo
Ocorre quando há adição de um estímulo, resultando no aumento da frequência do comportamento.

Reforço negativo
É caracterizado pela retirada de um estímulo aversivo, resultando no aumento da frequência do
comportamento.
Reforço não é o mesmo que recompensa, porque engloba todo e qualquer estímulo que aumente a
frequência de um comportamento. Exemplos: um abraço, palavras de motivação, afeto ou assistir a um
programa de televisão após terminar de estudar.
 
Fonte: Shutterstock.com.
REFORÇADORES PRIMÁRIOS
São reforços com valor intrínseco. Exemplos: água, comida e sexo.
 
Fonte: Shutterstock.com.
REFORÇADORES SECUNDÁRIOS
São reforços aprendidos, que adquiriram importância ao longo da vida, e não têm valor intrínseco.
Exemplos: dinheiro, ouro, notas escolares, carro e roupas caras.
MODELAGEM: ESQUEMAS DE REFORÇO E
PUNIÇÃO
O conceito de reforço proporcionou um grande impulso no desenvolvimento da teoria comportamental,
permitindo explicar como comportamentos já existentes podem ser selecionados a partir de suas
consequências. Mas foi a partir do conceito de modelagem que Skinner (1974) explicou como um novo
comportamento seria integrado ao histórico comportamental do organismo.
A modelagem é um processo de reforçamento diferencial de aproximações sucessivas com objetivo de
aprender um comportamento-fim. Um belíssimo exemplo desse processo de aprendizagem é o
aprendizado da língua ou da própria escrita.
 EXEMPLO
Um bebê que está aprendendo a falar balbucia sons que não têm um sentido claro logo de início. Porém,
à medida em que os adultos ao redor reforçam pequenos acertos da criança, as informações corretas
são aprendidas e, quando emitidas, são ainda mais reforçadas. Prova disso é a importância emocional
que é comumente dada ao primeiro “mama” e “papa”.
Andar de bicicleta, jogar jogos de carta, aprender a fazer novos amigos e qualquer tipo de
comportamento, segundo os behavioristas, pode ser aprendido dessa maneira. Outro aspecto importante
sobre a modelagem é a necessidade de aplicar o reforço imediatamente após os comportamentos
desejados e nunca reforçar comportamentos indesejados.
Aplicando o estímulo reforçador com frequência e em um curto período após a apresentação do
comportamento, a probabilidade de ele ser emitido aumenta consideravelmente.
 
Fonte: Shutterstock.com.
 Aplicação do estímulo reforçador
Uma vez modelado, o comportamento nunca mais deixará o repertório do organismo?
 RESPOSTA
Isso não é uma verdade. Basta pensar na quantidade de aprendizagens que perdemos ao longo da vida.
Se um jovem aprende a tocar violão, mas passa anos sem praticar, é bem provável que não consiga ter
a mesma capacidade que demonstrava. Também pode ser que ele se esqueça de praticamente todas as
canções que havia praticado.
Quando se tira o reforço de um comportamento, a tendência é que ele reduza sua frequência de
repetição e, se isso se mantiver, deixe de ser emitido. A esse processo damos o nome de extinção
operante.
É bastante comum que pais de “primeira viagem” reforcem comportamentos inadequados do(a) filho(a)
com receio de estarem fazendo a criança sofrer ou porque não sabem como proceder em determinada
situação e, em seguida, precisem de ajuda para extinguir tais comportamentos, conforme o exemplo
abaixo:

 
Fonte: Shutterstock.com.
Quando a criança, em meio a outros adultos, sente-se entediada por não ter o que fazer em uma festa,
ela emite alguns comportamentos para tentar eliminar aquela sensação indesejada, como fazer manha,
pedir para ir embora, jogar algumas coisas no chão e, talvez, como última tentativa, chorar e gritar.
Sentindo-se muito incomodados e envergonhados, os pais dão um dispositivo eletrônico para que a
criança se distraia com algum jogo interativo e pare de chorar.
Dias depois, experienciando alguma emoção negativa, a criança chora e grita ainda mais forte que na
festa, o que incomoda maisainda os pais, que, por sua vez, dão novamente o dispositivo eletrônico a
ela, fazendo com que pare com os gritos.
 
Fonte: Shutterstock.com.


 
Fonte: Shutterstock.com.
Observamos, então, que os pais estão reforçando um comportamento inadequado da criança e,
seguindo esse processo com alguma frequência, poderão ensiná-la o comportamento de chorar e gritar
sempre que quiser algum eletrônico ou outra coisa que a traga prazer.
Nesse caso, se o reforço é conferido à entrega do dispositivo eletrônico para extinguir o comportamento
reforçado de “birra”, será necessário não entregar o que a criança quer. Não importa a intensidade do
escândalo, mas, para que esse comportamento cesse, isto é, seja extinto, é necessário parar de reforçá-
lo dando à criança jogos eletrônicos.
A modelagem ocorre mais rapidamente quando os reforçadores são aplicados constante e
imediatamente. No entanto, esquemas de reforço contínuos são difíceis de serem observados na
realidade.
Então, se reforçar continuamente é muito difícil, e quando paramos de apresentar o reforço, o
comportamento se extingue, como a modelagem, ou seja, a aprendizagem ocorre?
Existem meios mais eficientes de reforçar um organismo pelo chamado reforço parcial (NEVIN, 1992).
Esse reforço não ocorre continuamente, mas de forma intermitente e, embora o comportamento seja
aprendido mais lentamente, torna-se mais difícil de ser extinto.
As quatro possibilidades de esquemas de reforço parcial são:
ESQUEMA DE RAZÃO FIXA
ESQUEMA DE RAZÃO VARIÁVEL
ESQUEMAS DE INTERVALO FIXO
ESQUEMAS DE INTERVALO VARIÁVEL
ESQUEMA DE RAZÃO FIXA
Reforça o comportamento depois de certo número de respostas. Como exemplo, há os motoristas de
aplicativo que ganham bônus após um número preestabelecido de viagens.
ESQUEMA DE RAZÃO VARIÁVEL
O reforço é apresentado após um número imprevisível de respostas, tendendo a aumentar a quantidade
e a constância das respostas. É o caso de jogadores compulsivos, que não sabem quando ganharão
uma partida.
ESQUEMAS DE INTERVALO FIXO
Quando a primeira resposta é reforçada após um período determinado. Por exemplo, olhar o celular
diversas vezes, esperando pela mensagem de uma pessoa específica.
ESQUEMAS DE INTERVALO VARIÁVEL
Ocorre quando a resposta é recompensada depois de uma quantidade indeterminada de tempo. É o
caso de um chefe que não avisa quando avaliará o serviço de seus funcionários.
PUNIÇÃO
Se a aplicação de um reforço é a maneira pela qual se torna possível aumentar a probabilidade de um
comportamento repetido em situações semelhantes, a punição é exatamente o contrário: é o estímulo
que reduz a probabilidade de um comportamento ser emitido novamente. Ela pode ser positiva ou
negativa.
 
Fonte: Shutterstock.com.
A punição positiva ocorre quando um estímulo aversivo é adicionado, reduzindo a probabilidade de o
comportamento se repetir. Broncas e violência física são exemplos comuns de punição negativa que
alguns pais aplicam em seus filhos quando querem que determinados comportamentos não se repitam.
 
Fonte: Shutterstock.com.
A punição negativa é quando se retira um estímulo reforçador do ambiente para que determinado
comportamento reduza sua frequência. Nesse caso, pode ser representado quando os pais de um
adolescente retiram sua mesada por ter se envolvido em brigas na escola.
 ATENÇÃO
A punição pode ser uma ferramenta para a eliminação de algum comportamento, mas pode gerar efeitos
colaterais indesejados. Punições, principalmente as positivas, podem gerar reações emocionais
negativas que, quando muito empregadas, geram ansiedade, tensão emocional, estresse e humor
deprimido. O organismo punido não extinguirá o comportamento, mas o suprimirá, lembrando que, para
que a extinção ocorra, deve haver a retirada do estímulo reforçador daquele comportamento. Se o
comportamento está suprimido, não há garantias de que não será emitido novamente. Pelo contrário,
longe da fonte punidora, o organismo pode sentir maior segurança em emitir o comportamento
novamente.
O PAPEL DAS CONTINGÊNCIAS, DO REFORÇO
E DO CONTROLE AVERSIVO
O vídeo explica como as consequências do comportamento do indivíduo, assim com as características
situacionais influenciam em seu próprio comportamento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UM MOTORISTA ESTÁ DIRIGINDO A 120 KM/H EM UMA ESTRADA EM QUE A
VELOCIDADE MÁXIMA PERMITIDA É DE 90 KM/H. ASSIM, O MOTORISTA
RECEBEU UMA MULTA DE R$250,00. QUAL DOS FENÔMENOS APONTADOS
REPRESENTA O QUE ACONTECEU NO EVENTO RELATADO?
A) Reforço positivo
B) Reforço negativo
C) Punição negativa
D) Extinção
E) Punição positiva
2. EM UMA EMPRESA FICTÍCIA DE PROPAGANDA DE TELEVISÃO, O GERENTE
DE DETERMINADO PROJETO NUNCA ELOGIAVA SEUS FUNCIONÁRIOS. CERTA
VEZ, UM FUNCIONÁRIO, QUE NORMALMENTE APRESENTAVA BAIXO
DESEMPENHO EM RELAÇÃO A SEUS COLEGAS, MAS NUNCA FOI
REPREENDIDO POR ISSO, APRESENTOU UMA IDEIA QUE ERA VISIVELMENTE
UMA CÓPIA DE OUTROS COMERCIAIS. O CHEFE, ENTÃO, FICOU MUITO
INTERESSADO E O PARABENIZOU PELA IDEIA BRILHANTE E POR TER
CONTRIBUÍDO COM A EMPRESA. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE MELHOR
EXPLICA O QUE ESTÁ DESCRITO NESTE CASO:
A) O gerente constantemente reforçava seus funcionários.
B) O funcionário apresentava baixo rendimento porque era punido negativamente.
C) É garantido afirmar que os funcionários deste projeto trabalhavam satisfeitos.
D) O gerente reforçou positivamente um comportamento inadequado.
E) O gerente puniu todos os funcionários, incluindo o que apresentou a última ideia para o projeto.
GABARITO
1. Um motorista está dirigindo a 120 km/h em uma estrada em que a velocidade máxima permitida
é de 90 km/h. Assim, o motorista recebeu uma multa de R$250,00. Qual dos fenômenos
apontados representa o que aconteceu no evento relatado?
A alternativa "E " está correta.
 
A multa aplicada ao motorista é a aplicação de um estímulo aversivo com o intuito de reduzir o
comportamento inadequado (dirigir acima da velocidade permitida).
2. Em uma empresa fictícia de propaganda de televisão, o gerente de determinado projeto nunca
elogiava seus funcionários. Certa vez, um funcionário, que normalmente apresentava baixo
desempenho em relação a seus colegas, mas nunca foi repreendido por isso, apresentou uma
ideia que era visivelmente uma cópia de outros comerciais. O chefe, então, ficou muito
interessado e o parabenizou pela ideia brilhante e por ter contribuído com a empresa. Assinale a
alternativa que melhor explica o que está descrito neste caso:
A alternativa "D " está correta.
 
O gerente reforçou positivamente um comportamento inadequado quando elogiou uma conduta bastante
reprovável de plagiar outras ideias.
MÓDULO 3
 Identificar o papel do analista de comportamento na avaliação de comportamentos
disfuncionais junto às propostas de medidas de intervenção
ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO
Já entendemos os princípios básicos sobre a Análise do Comportamento e como se explica o
desenvolvimento do repertório comportamental – a nível reflexo, pelo condicionamento respondente,
e a nível complexo, pelo condicionamento operante. Assim, é possível compreendermos como os
comportamentos são criados ou deixam de ser emitidos por um organismo.
A partir desse momento, o intuito é discutir sobre a Análise Funcional do Comportamento, a qual se
refere ao modelo de aplicação prática da Análise do Comportamento.
A Análise Funcional é entendida como a maneira pela qual a Análise do Comportamento explica os
fenômenos comportamentais, utilizando métodos e estratégias de intervenção terapêuticas (NENO,
2003). Para Skinner (2003), a Análise Funcional se encarrega da identificação das variáveis externas
capazes de explicar os comportamentos que se quer analisar, prever ou modificar.
 
Fonte: Shutterstock.com.
A Análise Funcional do Comportamento se propõe a realizar uma visão prática das contingências do
indivíduo, ou seja, tem o papel de entender o(s) comportamento(s) inadequado(s) e prejudiciais à vida do
indivíduo, bem como intervir de maneiraestruturada, a fim de modificá-los. Portanto, é o emprego dos
conceitos behavioristas na prática de uma terapia comportamental, unindo os conhecimentos teóricos do
behaviorismo radical e as avaliações empíricas da Análise Experimental do Comportamento (FONSECA;
PACHECO, 2010).
Antes de iniciar a descrição da Análise Funcional, vale lembrar que a teoria behaviorista é baseada no
modelo de causalidade evolucionista, a qual defende a ideia de que a interação entre organismo e
ambiente seleciona características comportamentais, assim como características morfológicas (DE-
FARIAS; FONSECA; NERY, 2017).
Segundo Skinner (2003), existem três níveis de seleção do comportamento por suas consequências:
filogenético, ontogenético e cultural.
NÍVEL FILOGENÉTICO
Diz respeito aos comportamentos selecionados ao longo da história da própria espécie e são muito
associados a reflexos inatos. O andar bípede dos homo sapiens é resultado de seleções morfológicas
que ocorreram ao longo de milhares de anos.
 
Fonte: Shutterstock.com.
Isso aconteceu, entre outros motivos, pelo estreitamento da pélvis – característica que impedia que as
mulheres levassem a gestação pelo tempo necessário para o adequado amadurecimento cerebral do
feto (algo em torno de 21 meses). Como os bebês prematuros, nascidos em 9 meses, eram muito frágeis
e incapazes de sobreviver no ambiente, os comportamentos relacionados aos cuidados materno e
paterno se tornaram evolutivamente mais vantajosos (TONI et al ., 2004).
NÍVEL ONTOGENÉTICO
Este nível se refere aos comportamentos armazenados ao longo da vida do indivíduo. Nesse nível, tanto
podem ser comportamentos oriundos da via respondente quanto operante. Nesse último caso, as
alterações provocadas por tal comportamento no ambiente aumentam ou diminuem as chances de esse
comportamento se repetir em situações semelhantes. Como já mencionado anteriormente, os sons
emitidos pelo bebê ao balbuciar seus primeiros fonemas, quando reforçados pelos adultos, deverão
formar seu repertório de comportamento verbal.
NÍVEL CULTURAL
Por fim, o nível cultural trata da seleção de práticas culturais ao longo da história da cultura de uma
sociedade. Os comportamentos reforçados são aqueles considerados benéficos para a cultura daquela
sociedade (DE-FARIAS; FONSECA; NERY, 2017). Nesse quesito, existem os mais variáveis exemplos,
tanto positivos quanto negativos. Há culturas cujo comportamento pró-social é muito reforçado, e, por
isso, o conceito de respeito ao grupo é muito importante. Em contrapartida, há o racismo,
comportamento destrutivo, mas reforçado por muitos grupos de pessoas dentro de uma sociedade.
Assim, a teoria behaviorista leva a crer que um único comportamento pode ser influenciado por diversas
variáveis: genéticas, sócio-históricas e culturais.
Para que a intervenção seja devidamente eficaz, é necessário descobrir a função do comportamento
para o organismo analisado. Nesse momento, o conceito de contingência é fundamental para a Análise
Funcional.
ANÁLISE DE CONTINGÊNCIAS
Segundo o Vocabulário da Análise do Comportamento , organizado por Teixeira Júnior e Souza (2006),
contingência é definida como: “os componentes das relações comportamentais que apresentam relação
de dependência entre si”. Em resumo, é a relação entre variáveis que mostram como um comportamento
foi desenvolvido e se perpetua no repertório do organismo. Portanto, embora o termo mais conhecido e
utilizado nos meios profissionais da Análise Funcional, não é um equívoco chamarmos este estudo de
análise de contingências.
Um comportamento por si só não tem relevância para o analista do comportamento. Por isso, é
importante analisar as contingências. Um mesmo comportamento emitido por uma pessoa em
contingências distintas pode representar significados completamente diferentes. Isso é melhor ilustrado
no caso relatado a seguir:
Imagine uma personagem que será identificada pela letra S e que apresenta o comportamento de “fazer
tudo muito bem feito”. Quando pequena, sua mãe lhe batia e brigava muito sempre que S deixava algo
desarrumado pela casa ou em seu quarto. Cansada dos eventos aversivos proporcionados pela mãe, S
sempre se adiantava e arrumava tudo antes de a mãe chegar do trabalho. Quanto mais bem arrumada,
limpa e cheirosa estava a casa, quanto mais bem feitos estavam seus deveres de casa, menor era a
chance de a mãe se irritar. Às vezes, ela até se mostrava carinhosa.
Portanto, S teve o comportamento de “fazer tudo muito bem feito” reforçado negativamente, pois tirava
um estímulo aversivo do ambiente, e positivamente em razão variável, pois a mãe a elogiava com
alguma frequência, mesmo que incerta.
 
Fonte: Shutterstock.com.
Anos mais tarde, sua mãe se conscientizou de que seu comportamento com S era inadequado e passou
a ser muito grata pela ajuda que a jovem prestava em casa, sempre agradecendo à filha. S acabou por
se esforçar e se dedicar ainda mais com a limpeza da casa porque o reforço dado pela mãe foi muito
valorizado por ela.
Isso mostra que um mesmo comportamento pode apresentar funções distintas para o organismo,
dependendo das contingências.
Para conceber a relação entre as variáveis e como elas mantêm o comportamento, é adotada uma
ferramenta chamada de tríplice contingência. Essa relação pode ser expressa pela seguinte fórmula
(MOREIRA; MEDEIROS, 2007):
SD: R – SC
Onde:
SD = estímulo ou situação antecedente.
R = Resposta emitida na presença de SD.
SC = consequência no ambiente que ocorrerá se o comportamento for emitido na presença de SD.
Em termos de trabalho clínico, existem dois modelos de análises funcionais: análises funcionais
moleculares e análises funcionais molares (DE-FARIAS; FONSECA; NERY, 2017).
ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES
Este tipo de análise tem por objetivo analisar contingências pontuais, importantes para entender
comportamentos específicos em situações determinadas. É um ponto de partida para fazer análises
mais amplas em seguida. É nesse momento que se emprega a ferramenta da tríplice contingência
(antecedente, resposta e consequências).
Segundo De-Farias, Fonseca e Nery (2017), são cinco os passos para a elaboração de uma análise
molecular:
PASSO 1 – IDENTIFICAR A RESPOSTA
O terapeuta deve identificar respostas de natureza observável e eventos privados, como pensamentos e
emoções. Segundo as autoras, há pontos importantes e que devem ser levados em consideração pelo
profissional. São eles:
É importante ficar atento às respostas que são, de fato, relevantes para a observação terapêutica,
uma vez que o paciente tem a tendência a expandir seu discurso e trazer inúmeros relatos de
situações que não teriam valor para a avaliação terapêutica e, consequentemente, para a
intervenção.
Deve-se evitar colher respostas negativas, escolhendo aquelas que o cliente, de fato, faz, e não as
que ele deixa de fazer. É mais útil de intervir em “a criança se levantou e saiu de perto do pai” do
que “a criança não obedece”.
É necessário deixar claro quando a resposta for de via respondente, ou seja, quando estiver
atrelada a um estímulo específico, porque respostas operantes estão relacionadas às
consequências.
PASSO 2 – IDENTIFICAR ANTECEDENTES
Trata-se da situação em que o comportamento ocorreu.
PASSO 3 – IDENTIFICAR CONSEQUÊNCIAS
Trata-se de estímulos ambientais produzidos por uma resposta, e a probabilidade de essa resposta
ocorrer varia.
PASSO 4 – IDENTIFICAR PROCESSOS
Deve-se especificar qual é a contingência envolvida no processo operante: reforço positivo ou negativo,
punição positiva e negativa.
PASSO 5 – IDENTIFICAR POSSÍVEIS EFEITOS
São aqueles que possivelmente definirão se os comportamentos são adaptativos ou desadaptativos. São
avaliados por emoções e frequência (quantas vezes aquele evento se repete).
Veja, a seguir, um breve estudo de caso que ilustra os conceitos abordados. Este é um exemplo prático
para demonstrar brevemente como pode ser feita uma formulação de evento específico (molecular).O
objetivo é realizar quantas análises moleculares forem necessárias para compreender o quadro.
UM ESTUDO DE CASO
Um indivíduo identificado pela letra J chegou à terapia por se sentir muito triste, solitário e com medo do
futuro. Disse que morava em uma cidade pequena e veio morar no Rio de Janeiro para poder trabalhar e
estudar. Na faculdade, não consegue fazer amigos com facilidade, mas percebe que as pessoas o
procuram para fazer trabalhos em grupo, já que é um aluno muito dedicado e perfeccionista. E ele
aceitava, na esperança de conseguir fazer algum contato com seus colegas de turma.
Sempre que tomava coragem para chamar uma menina para sair, J recebia um não ou era
ridicularizado. Em relação aos homens, tentou participar de alguns eventos esportivos, mas foi ignorado.
 
Fonte: Shutterstock.com.
Neste caso, cabe a seguinte análise:
Antecedentes Respostas Consequências Processos Efeitos
Dificuldade para
interagir
socialmente e
conflitos
interpessoais.
Tentar
estabelecer
vínculos
sociais.
Ser
ridicularizado.
Punição + Tristeza.
Receber
resposta “não”.
Extinção Insegurança.
Ser ignorado. Extinção Raiva.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
 Quadro 1: Análise funcional molecular
ANÁLISES FUNCIONAIS MOLARES
A análise funcional molar toma como base as análises moleculares previamente descritas pelo
profissional, buscando uma avaliação mais ampla a partir de informações coletadas ao longo das
sessões. O objetivo é compreender melhor a formação dos padrões comportamentais, unindo o
repertório atual com as variáveis mantenedoras daqueles comportamentos.
A formulação da análise molar segue quatro passos:
1
IDENTIFICAR PADRÕES COMPORTAMENTAIS.
2
IDENTIFICAR O HISTÓRICO DE AQUISIÇÃO
Investigação do passado que possa justificar os comportamentos atuais.
3
IDENTIFICAR OS CONTEXTOS MANTENEDORES
Aqueles em que a pessoa está inserida e que favorecem a manutenção do padrão.
4
IDENTIFICAR AS CONSEQUÊNCIAS QUE FORTALECEM /
ENFRAQUECEM O PADRÃO.
Um exemplo desse tipo de análise está descrito a seguir:
PADRÃO DE COMPORTAMENTO: PERFECCIONISMO
Comportamentos
característicos
Histórico de
aquisição
Contextos
atuais
mantenedores
Consequências
que fortalecem
o padrão
Consequências
que
enfraquecem o
padrão
Faz e refaz
trabalhos
Pais
exigentes
Ambiente
acadêmico
competitivo
Bom
desempenho e
boas notas
Sobrecarga e
somatizações
Nunca acha que
estão bons o
suficiente
Só tinha
atenção dos
pais quando
havia bom
desempenho
Ambiente de
trabalho muito
competitivo
Reconhecimento
social e
profissional
Pouco tempo
para lazer
Assume diversos
compromissos ao
mesmo tempo
Comparações
constantes
com outras
pessoas
Altas
expectativas
familiares sobre
seu
desempenho
Oportunidade de
crescimento no
trabalho
Poucas relações
de intimidade
Dificuldade em
pedir ajuda
Dificuldade
financeira na
família
Círculo social de
pessoas
intelectualizadas
Evita críticas e
julgamentos
Desgaste nos
relacionamentos
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
 Quadro 2: Exemplo de análise molar
COMO FAZER UMA AVALIAÇÃO FUNCIONAL DO
COMPORTAMENTO?
Este vídeo demonstra os processos de análises funcionais molares e moleculares.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SEGUNDO SKINNER (2003), OS ORGANISMOS SÃO INFLUENCIADOS POR
TRÊS NÍVEIS DE SELEÇÃO DE COMPORTAMENTOS: ONTOGENÉTICO,
FILOGENÉTICO E CULTURAL. COM BASE NESSA AFIRMAÇÃO, ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA:
A) Os comportamentos de origem ontológica são essenciais para adaptação ao meio.
B) Os comportamentos filogenéticos são sempre os mesmos em cada espécie animal.
C) O repertório filogenético é necessariamente criado por via respondente.
D) Os comportamentos culturais são desenvolvidos com base nas influências sociais, desde que não
recebam influência dos comportamentos filogenéticos.
E) Comportamentos filogenéticos e ontogenéticos são essenciais para a análise das contingências. Os
fatores culturais não influenciam.
2. PARA O PROFISSIONAL QUE TRABALHA COM A ANÁLISE FUNCIONAL, O
MAIS IMPORTANTE É:
A) Conhecer os reforçadores dos comportamentos.
B) Saber as contingências que explicam os comportamentos.
C) Não há utilidade prática nesta análise, uma vez que é empregada para estudos experimentais.
D) As análises do contexto.
E) Os esquemas de reforço intermitente.
GABARITO
1. Segundo Skinner (2003), os organismos são influenciados por três níveis de seleção de
comportamentos: ontogenético, filogenético e cultural. Com base nessa afirmação, assinale a
alternativa correta:
A alternativa "A " está correta.
 
A herança ontogenética permite que os animais nasçam com comportamentos básicos e necessários
para o organismo sobreviver ao meio.
2. Para o profissional que trabalha com a Análise Funcional, o mais importante é:
A alternativa "B " está correta.
 
É preciso conhecer as relações entre situação, resposta e consequência para melhor analisar o padrão
comportamental.
MÓDULO 4
 Definir a importância e aplicações das diversas subáreas da Análise do Comportamento
SUBDIVISÕES NO ESTUDO DO
COMPORTAMENTO
O estudo do comportamento segue uma série de subdivisões com especialidades próprias, tais como:
Behaviorismo radical – que serve de base teórica para os estudos sobre o comportamento.
Análise experimental – ciência de base.
Análise Aplicada do Comportamento – vertente prática, pautada na intervenção terapêutica.
É muito difícil pensar nessas áreas completamente independentes, uma vez que se complementam. Não
seria possível, sem as bases teóricas do behaviorismo radical, promover pesquisas sobre o
comportamento ou mesmo validar processos aplicados para intervenção. Na visão de Tourinho (1999),
todas essas subáreas fazem parte de um grande conjunto organizado, que é a Análise do
Comportamento.
Assim, dificilmente, poderemos falar em contribuições e atualização de uma das áreas sem mencionar
as outras, ao menos nas áreas experimental e aplicada. Como exemplos, as pesquisas em Análise
Experimental do Comportamento possibilitaram o desenvolvimento de técnicas de intervenção
terapêuticas com grande aceitação pelos profissionais e com ótimos resultados.
 
Fonte: Shutterstock.com.
De forma resumida, a Análise do Comportamento aplicada à prática psicoterápica pode ser encontrada
com os seguintes nomes, só para citar alguns:
Análise do Comportamento Aplicada (ABA) – para crianças autistas e com problemas
comportamentais.
Terapia Comportamental Dialética (DBT).
Psicoterapia Analítico-Funcional (FAP).
Ativação Comportamental (AC).
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA
(ABA)
A lista de aplicações e desenvolvimentos da Análise do Comportamento é grande. Como exemplo, há,
segundo Passos (2016), a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), que não foi desenvolvida
apenas para as crianças autistas e pode ser adaptada para praticamente qualquer situação.
Estudos mostram que a intervenção precoce em crianças no espectro autista traz benefícios
consideráveis a partir dos treinos em ABA (DAWSON; BURNER, 2011; FOXX, 2008). Resumidamente, o
tratamento deve focar na modelagem de comportamentos que estão prejudicados na criança, assim
como na extinção de comportamentos inadequados presentes em excesso, como, por exemplo, a
agressividade.
 
Fonte: Shutterstock.com.
 O ABA pode auxiliar na redução da agressividade
 
Fonte: Shutterstock.com.
 O ABA utiliza esquemas de reforço
Os esquemas de reforço são quaisquer fatores que tragam alguma satisfação, alegria ou algum
reconhecimento e devem ser aplicados imediatamente após o comportamento ser emitido. Quando os
reforços são aplicados sucessivamente após algumas repetições, o comportamento é condicionado.
TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA (DBT)
Inicialmente desenvolvida para trabalhar com pacientes suicidas e parassuicidas, hoje, a Terapia
Comportamental Dialética (DBT) é considerada um tratamento de primeira linha para o transtornode
personalidade borderline . Trata-se de uma terapia de terceira onda e, portanto, direciona-se mais para
a compreensão do contexto e da função dos fenômenos psicológicos, não apenas para sua forma
(sintomas).
 
Fonte: Shutterstock.com.
 O DBT trabalha a aceitação através de metas comportamentais
Linehan (2014) percebeu que a proposta de trabalho terapêutico das terapias cognitivas era muito
pautada no manejo dos sintomas de transtornos, ou seja, demandava um compromisso por mudança.
Esse trabalho focado em mudança era interpretado por pacientes com traços mais rígidos de
personalidade como uma invalidação de suas questões emocionais.
Assim, a Terapia Comportamental Dialética é uma abordagem que tem por objetivo trabalhar não
somente a mudança, mas também a aceitação de algumas características intrínsecas do paciente,
estabelecendo metas comportamentais específicas (ABREU, P. R.; ABREU, J. H. S. S., 2016). São elas:
ESTÁGIO 1 – ALCANÇANDO AS HABILIDADES BÁSICAS
São estabelecidas metas terapêuticas para reduzir comportamentos suicidas ou parassuicidas, ou seja,
aqueles que prejudiquem:
A segurança do paciente – quando ele coloca a própria vida em risco.
A qualidade de vida do paciente – é importante orientar o paciente sobre o abuso de drogas,
álcool, sexo desprotegido etc.
O próprio plano terapêutico – baseado no aprendizado de mindfulness , controle do estresse,
habilidade de regulação das emoções, eficácia interpessoal e autocontrole.
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MINDFULNESS
Prática baseada na atenção plena, na concentração, quando do momento presente, e na
aceitação. O objetivo é ajudar o praticante a se envolver nas situações e aceitar as emoções, os
pensamentos e as características ambientais atuais, deixando de lado lembranças e preocupações
com o futuro.
ESTÁGIO 2 – REDUÇÃO DO ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
Esta fase foca em abordar e lidar com eventos traumáticos. Normalmente, pacientes borderline
apresentam eventos traumáticos em suas vidas ou a percepção intensificada para eventos de
separação. Neste estágio, a cliente é levada a lembrar e a aceitar cada um dos possíveis eventos
traumáticos e sintetizar as interpretações sobre abuso físico ou psicológico.
ESTÁGIO 3 – RESOLVENDO PROBLEMAS DE VIDA E
AUMENTANDO O RESPEITO PRÓPRIO
Nesta fase, é fundamental que haja a validação emocional do paciente. É importante que o próprio
terapeuta o ajude a validar as próprias emoções também. Além disso, é nesse momento que trabalhos
de orientação podem ser estabelecidos sobre como arrumar a casa, estudar, trabalhar, como manter um
relacionamento saudável etc.
PSICOTERAPIA ANALÍTICO-FUNCIONAL (FAP)
Esta é uma abordagem focada na Análise do Comportamento. No entanto, todo o processo
psicoterápico é pautado na relação terapêutica como forma de ajudar o paciente a se engajar na
mudança. A ideia envolvida nesse modelo psicoterápico é a de que comportamentos do paciente e do
terapeuta são modelados em contingências específicas de suas histórias pregressas, podendo emitir
comportamentos semelhantes diante de situações ou estímulos atuais (KOHLENBERG; TSAI, 1994).
Para entendermos melhor esta abordagem, usaremos o exemplo de um paciente com o nome hipotético
de Luís, que chega ao consultório com o intuito de trabalhar sintomas de ansiedade que o incomodam
muito.
Luís diz que, desde pequeno, seus pais inibiam suas manifestações emocionais com muita frequência,
repreendiam seu jeito extrovertido de se comunicar com as pessoas e evitavam deixá-lo brincar com
colegas durante a semana. No presente, esse paciente sofre com a dificuldade para interagir com outras
pessoas e experimenta medo em desagradá-las.
 
Fonte: Shutterstock.com.
 O FAP baseia-se na relação terapêutica
O terapeuta precisa ficar atento e observar comportamentos modelados nesse passado trazido pelo
paciente e que podem se manifestar na relação terapêutica, questionando se:
O paciente se sente incomodado em falar sobre seus próprios sentimentos em sessão.
Dificilmente, é assertivo comigo (terapeuta).
Não consegue se “entregar” à terapia.
Assim, quando os comportamentos-problema que costumam ocorrer no dia a dia do paciente são
observados na consulta – os chamados Comportamentos Clinicamente Relevantes (CCR) – o
terapeuta deve intervir diretamente neles.
ATIVAÇÃO COMPORTAMENTAL (AC)
Este não é um modelo terapêutico, mas uma intervenção terapêutica que tem demonstrado muita
eficácia. Consiste em auxiliar o paciente a ativar comportamentos e aumentar as chances de ser
reforçado positivamente, o que vem demonstrando ser mais uma excelente proposta de tratamento para
a depressão.
Embora, no quadro depressivo, a pessoa possa querer mudar as emoções e os pensamentos negativos
que experiencia, normalmente, não há disposição para ações que possibilitem essa mudança.
 
Fonte: Shutterstock.com.
 A AC auxilia o paciente na luta contra quadros depressivos
Assim, a Ativação Comportamental tem a proposta de auxiliar o paciente a agir perante a vida, reduzindo
as esquivas e aumentando a possibilidade de consequências reforçadoras para essas ações. O
resultado é uma melhora na disposição, no humor e na capacidade de resolução de problemas
cotidianos.
 
Fonte: Shutterstock.com.
 A AC auxilia o paciente na luta contra quadros depressivos
A maneira como a Ativação Comportamental é empregada precisa de uma boa relação terapêutica e
conhecimento sobre o paciente. Isso permite que o terapeuta possa propor ao paciente a adoção de
atividades que levariam à resolução dos problemas e, com isso, à promoção do aumento das
possibilidades do contato com contingências de reforçamento positivo (SAFFI; ABREU; LOTUFO NETO,
2011). Cabe ao terapeuta analisar quais contingências de vida do paciente favorecem a manutenção de
comportamentos desadaptativos.
Uma tarefa muito utilizada nesta abordagem é a do “curtograma”, a qual consiste em pedir ao paciente
que descreva quais atividades ele:
Gosta de fazer, mas não faz.
Gosta de fazer e faz.
Não gosta de fazer e não faz.
Não gosta de fazer, mas faz.
 
Fonte: Shutterstock.com.
Isso dará ao terapeuta uma noção ampla do que está inadequadamente em excesso e o que de
prazeroso e reforçador está faltando. Por exemplo, uma pessoa ama futebol, mas, há meses, não vai a
uma partida ou sequer assiste aos jogos pela televisão, pois passa horas do dia resolvendo questões do
trabalho, mesmo já estando em casa. O terapeuta pode propor ao paciente, respeitando suas
necessidades e limitações, pelo menos uma vez por semana, encontrar-se com outras pessoas para
assistir aos jogos ou jogar futebol.
 COMENTÁRIO
Há alguns anos, a produção científica em Análise Experimental do Comportamento vem sofrendo
relativo déficit. A crítica direcionada à grande parte dos pesquisadores é a falta de investigações
científicas que apontem para a aplicação direta dos resultados obtidos, já que, por ser uma ciência de
base, não necessariamente, as pesquisas trazem resultados práticos e com impacto social
(CRITCHFIELD, 2011).
De fato, o objetivo de qualquer ciência básica não é necessariamente trazer resultados práticos, mas
explorar e ampliar o conhecimento sobre o tema. Talvez, seja válido abordar mais problemas práticos
sem perder a essência do que é fazer pesquisa básica.
QUAL A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO HOJE?
Neste vídeo, falamos um pouco mais sobre a prática da Análise do Comportamento e sua aplicabilidade.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO É VISTA POR ALGUMAS
PESSOAS COMO UM ESTUDO PARA DESCOBRIR MANEIRAS DE CONTROLAR
NÃO SÓ O COMPORTAMENTO, MAS TAMBÉM A VIDA DO INDIVÍDUO. COM BASE
NESSA AFIRMAÇÃO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) A Análise Experimental do Comportamento é uma ciência de base, cujo intuito não é produzir nenhum
conhecimento prático.
B) A Análise Experimental do Comportamento testa hipóteses, e não comportamentos.
C) Tal como uma ciência de base, a Análise Experimental do Comportamento preocupa-seem explorar e
avançar o conhecimento e, quando possível, propor uma atividade prática que possa ser construtiva.
D) A pesquisa na Análise Experimental do Comportamento só teve aplicabilidade prática nas décadas de
1950 e 1960.
E) A Análise Experimental do Comportamento visa pesquisar quais são as contingências do paciente.
2. A PSICOTERAPIA ANALÍTICO-FUNCIONAL:
A) Analisa os pensamentos automáticos e as possíveis crenças disfuncionais do paciente.
B) Parte do modelo cognitivo para propor um tratamento.
C) Entende que o indivíduo é constituído apenas por comportamento.
D) Avalia as contingências que influenciam o padrão de comportamento atual e quais fatores na história
de vida possivelmente mantêm os comportamentos disfuncionais.
E) Trabalha com o discurso livre, deixando o paciente falar o que lhe vem à consciência.
GABARITO
1. A Análise Experimental do Comportamento é vista por algumas pessoas como um estudo para
descobrir maneiras de controlar não só o comportamento, mas também a vida do indivíduo. Com
base nessa afirmação, assinale a alternativa correta:
A alternativa "C " está correta.
 
Uma ciência de base está voltada a expandir o conhecimento, e não necessariamente a construir uma
prática aplicável na realidade.
2. A Psicoterapia Analítico-Funcional:
A alternativa "B " está correta.
 
É preciso conhecer as relações entre situação, resposta e consequência para melhor analisar o padrão
comportamental.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, abordamos as definições e características da Análise do Comportamento em sua forma
mais ampla, passando por todas as subáreas: Análise Experimental do Comportamento, Behaviorismo
Radical e Análise Aplicada do Comportamento, na vertente da Análise Funcional.
Foi possível compreender o papel dos comportamentos reflexos para a sobrevivência e a adaptação ao
meio, e o quanto esses comportamentos podem influenciar na criação de respostas emocionais.
Também foram expostos os principais conceitos de comportamentos operantes e como eles são
incorporados no repertório do indivíduo. Por serem comportamentos mais complexos, são aqueles
normalmente mais importantes de analisar.
Expomos, também, como é feita a análise de contingências para que seja possível compreender os
comportamentos que se formam e afetam o indivíduo no presente. Além disso, foi possível entender
como e quais comportamentos fazem parte da história de vida da pessoa. Por fim, pudemos identificar a
importância da análise do comportamento tanto para as pesquisas científicas quanto para as
intervenções clínicas.
REFERÊNCIAS
ABREU, P. R.; ABREU, J. H. S. S. Terapia comportamental dialética: um protocolo comportamental
ou cognitivo? In : Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 18, n. 1, p. 45-58, 2016.
Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
BERGER, S.; REJMAN, K. Food digestion in Ivan Petrovich Pavlov studies on 115 anniversary of
his Nobel Prize and present avenues. Roczniki Państwowego Zakładu Higieny, v. 70, n. 1, p. 97-102,
2019. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
CARVALHO NETO, M. B. Análise do comportamento: behaviorismo radical, análise experimental do
comportamento e análise aplicada do comportamento. In : Interação em Psicologia, v. 6, n. 1, p. 13-18,
2002. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
CRITCHFIELD, T. S. Translational contributions of the experimental analysis of behavior. In : The
Behavior Analyst, v. 34, n. 1, p. 3-17, 2011. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
DAWSON, G.; BURNER, K. Behavioral interventions in children and adolescents with autism
spectrum disorder: a review of recent findings. In : Current Opinion in Pediatrics, v. 23, n. 6, p. 616-
620, 2011. Consultado em meio eletrônico em: 5 jan. 2020.
DE-FARIAS, A. K. C. R.; FONSECA, F. N.; NERY, L. B. Teoria e formulação de casos em análise
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Para compreender conceitos essenciais para a Análise Experimental do Comportamento e para a
Análise Funcional, sugerimos que pesquise e leia o material disponível no site da Khan Academy:
Revisão sobre variáveis dependentes e independentes .
CONTEUDISTA
Vitor Hugo Loureiro Bruno Costa
 CURRÍCULO LATTES
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