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Curso de Graduação a Distância Mercado de Capitais (4 créditos – 80 horas) Autor: Ricardo Alexandre Martins Garcia Universidade Católica Dom Bosco Virtual www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Missão Salesiana de Mato Grosso Universidade Católica Dom Bosco Instituição Salesiana de Educação Superior Chanceler: Pe. Ricardo Carlos Reitor: Pe. José Marinoni Pró-Reitora de Graduação e Extensão: Profa. Rúbia Renata Marques Diretor da UCDB Virtual: Prof. Jeferson Pistori Coordenadora Pedagógica: Profa. Blanca Martín Salvago Direitos desta edição reservados à Editora UCDB Diretoria de Educação a Distância: (67) 3312-3335 www.virtual.ucdb.br UCDB -Universidade Católica Dom Bosco Av. Tamandaré, 6000 Jardim Seminário Fone: (67) 3312-3800 Fax: (67) 3312-3302 CEP 79117-900 Campo Grande – MS GARCIA, Ricardo Alexandre Martins Mercado de Capitais /Ricardo Alexandre Martins Garcia. 2. ed. Campo Grande: UCDB Virtual, 2019. 66 p. Segunda edição revisada em 2020. Palavras-chave: 1 Intermediação financeira. 2 Sistema financeiro nacional. 3 Mercado de capitais. 4 Bolsa de valores. 0720 3 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do seu curso. Elementos que integram o material Critérios de avaliação: são as informações referentes aos critérios adotados para a avaliação (formativa e somativa) e composição da média da disciplina. Quadro de Controle de Atividades: trata-se de um quadro para você organizar a realização e envio das atividades virtuais. Você pode fazer seu ritmo de estudo, sem ul- trapassar o prazo máximo indicado pelo professor. Conteúdo Desenvolvido: é o conteúdo da disciplina, com a explanação do pro- fessor sobre os diferentes temas objeto de estudo. Indicações de Leituras de Aprofundamento: são sugestões para que você possa aprofundar no conteúdo. A maioria das leituras sugeridas são links da Internet para facilitar seu acesso aos materiais. Atividades Virtuais: atividades propostas que marcarão um ritmo no seu estudo. As datas de envio encontram-se no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem. Como tirar o máximo de proveito Este material didático é mais um subsídio para seus estudos. Consulte outros conteúdos e interaja com os outros participantes. Portanto, não se esqueça de: · Interagir com frequência com os colegas e com o professor, usando as ferramentas de comunicação e informação do Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA; · Usar, além do material em mãos, os outros recursos disponíveis no AVA: aulas audiovisuais, vídeo-aulas, fórum de discussão, fórum permanente de cada unidade, etc.; · Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quanto a calendário, atividades, ferramentas do AVA, e outros; · Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas necessidades como estudante, organize o seu tempo; · Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua aprendizagem, contando com a ajuda e colaboração de todos. 4 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Objetivo Geral Proporcionar, ao acadêmico, conhecimentos essenciais para a compreensão do mercado de capitais e suas especificidades. Sumário UNIDADE 1 - INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA ....................................................... 10 1.1 Breves conceitos econômicos ..................................................................................10 1.2 Origem e evolução da moeda ..................................................................................16 1.3 Mercado e intermediação financeira .........................................................................20 UNIDADE 2 - SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL .................................................. 24 2.1 Conceito e estrutura do Sistema Financeiro Nacional .................................................25 2.2 Órgãos normativos .................................................................................................29 2.3 Entidades supervisoras ...........................................................................................31 2.4 Operadores ...........................................................................................................34 UNIDADE 3 - MERCADO DE CAPITAIS .................................................................. 40 3.1 Estrutura do mercado de capitais ............................................................................40 3.2 Investidores individuais e institucionais ....................................................................43 3.3 Mercado primário e secundário ................................................................................44 3.4 Abertura de capital .................................................................................................46 UNIDADE 4 - BOLSA DE VALORES ......................................................................... 50 4.1 Mercados de balcão e de bolsa ................................................................................50 4.2 Bolsas de valores ...................................................................................................52 4.3 Ações ....................................................................................................................55 4.4 Índices da bolsa ................................................................................................... 588 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 60 EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ................................................................................ 61 5 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Avaliação A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa aprofundar, refletir criticamente, relacionar ideias, etc. A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao longo de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o processo será avaliado, pois a aprendizagem é processual. Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática. As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de cada disciplina. Critérios para composição da Média Semestral: Para compor a Média Semestral da disciplina, leva-se em conta o desempenho atingido na avaliação formativa e na avaliação somativa, isto é, as notas alcançadas nas diferentes atividades virtuais e na(s) prova(s), da seguinte forma: Somatória das notas recebidas nas atividades virtuais, somada à nota da prova, dividido por 2. Caso a disciplina possua mais de uma prova, será considerada a média entre as provas. Média Semestral: Somatória (Atividades Virtuais) + Média (Provas) / 2 Assim, se um aluno tirar 7 nas atividades e 5 na prova: MS = 7 + 5 / 2 = 6 Antes do lançamento desta nota final, será divulgada a média de cada aluno, dando a oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a 7,0 possam fazer a Recuperação das Atividades Virtuais. Se a MédiaSemestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda poderá fazer o Exame Final. A média entre a nota do Exame Final e a Média Semestral deverá ser igual ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina. Assim, se um aluno tirar 6 na Média Semestral e tiver 5 no Exame Final: MF = 6 + 5 / 2 = 5,5 (Aprovado). 6 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu cronograma e tenha um controle de suas atividades: AVALIAÇÃO PRAZO * DATA DE ENVIO ** Atividade 1.1 Ferramenta: Tarefa Online Atividade 2.1 Ferramenta: Tarefa Online Atividade 3.1 Ferramenta: Tarefa Online Atividade 4.1 Ferramenta: Tarefa Online * Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem). ** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade. 7 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 BOAS VINDAS Prezado(a) acadêmico(a), Seja bem-vindo à disciplina! Iniciamos aqui uma conversa sobre um tema que é de grande importância para a sua atuação profissional e, também, vida pessoal. Nas páginas que se seguem, o mercado de capitais e seus principais aspectos serão abordados de forma que possa lhe proporcionar informações que contribuam para o desenvolvimento de seu conhecimento sobre o tema e, ainda, para o uso positivo desse conhecimento no exercício de sua profissão e em sua vida pessoal. Falar sobre o mercado de capitais é sem dúvida falar de algo diretamente relacionado ao nosso dia a dia, embora alguns, a princípio, acreditem que esta seja uma conversa distante da sua realidade. As próximas páginas, tenho certeza, irão mostrar isso e acredito que, assim como eu, você irá se apaixonar pelo tema e pela sua proximidade e aplicação no cotidiano. Em um curso superior, independente de qual seja, uma grande responsabilidade é atribuída ao estudante, que é a de construir a sua própria história. As informações que são transmitidas por meio dos professores, dos materiais didáticos e dos diversos outros instrumentos e métodos adotados, são apenas apoio para aquilo que você decidiu construir para si mesmo, seja esta uma construção bonita ou não. Eu acredito na sua capacidade de fazer a diferença e de construir um caminho que leve aos melhores resultados. Quero muito que a sua construção seja diferenciada e tenho certeza que este material contribui significativamente para isso, entretanto, digo-lhe mais, vá sempre além, amplie continuamente seus conhecimentos e seja inovador, pois esta é a diferença e a característica do bom profissional contemporâneo. Tenha um excelente curso, nesta que é uma excelente instituição de ensino. Aproveite, positivamente, todas as possibilidades e oportunidades que lhes são oferecidas. Um grande e forte abraço. Prof. Ricardo A. M. Garcia 8 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Pré-teste A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta disciplina. Não fique preocupado com a nota, pois não será pontuado. 1. Analise os enunciados a seguir: I. A economia de mercado, também denominada economia capitalista, caracteriza-se pelo domínio da propriedade privada. II. A economia de mercado, caracteriza-se pela crença de que o próprio mercado possui as condições necessárias para solucionar os problemas básicos da economia. III. Os problemas básicos da economia, são: o que produzir, como produzir e para quem produzir. IV. A economia centralizada, também denominada socialista, tem o Estado como proprietário dos recursos. a) Apenas os enunciados I e II estão corretos. b) Apenas os enunciados III e IV estão corretos. c) Todos os enunciados estão corretos. d) Nenhum enunciado está correto. 2. Analise os enunciados a seguir: I. SFN, significa Sistema Financeiro Nacional II. CMN, significa Conselho Monetário Nacional III. BACEN, significa Banco Central do Brasil IV. CVM, significa Comissão de Valores Mobiliários a) Apenas os enunciados I e II estão corretos. b) Apenas os enunciados III e IV estão corretos. c) Todos os enunciados estão corretos. d) Nenhum enunciado está correto. 3. Analise os enunciados a seguir: I. Os órgãos normativos são instituições responsáveis pelo direcionamento do sistema financeiro e das instituições que o compõem. II. As entidades supervisoras assumem um papel complementar ao que é desenvolvido pelos órgãos normativos. III. O Conselho Monetário Nacional (CMN) tem por objetivo formular as políticas públicas do Estado. 9 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 IV. O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) tem como responsabilidade a fixação de diretrizes de importação. a) Apenas os enunciados I e II estão corretos. b) Apenas os enunciados III e IV estão corretos. c) Todos os enunciados estão corretos. d) Nenhum enunciado está correto. 4. Analise os enunciados a seguir: I. O Mercado de capitais apresenta uma particularidade na sua forma de intermediação que é o fato de não ter relação de financiamento entre compradores e vendedores. II. A função de uma bolsa de valores não é transferir os recursos da economia e sim criar riqueza. III. O mercado de capitais pode ser dividido em dois segmentos, que são: segmento não institucionalizado e segmento institucionalizado. IV. O mercado de capitais é o conjunto de instituições que negociam com títulos e valores mobiliários, objetivando a canalização dos recursos dos agentes compradores para os agentes vendedores. a) Apenas os enunciados I e II estão corretos. b) Apenas os enunciados III e IV estão corretos. c) Todos os enunciados estão corretos. d) Nenhum enunciado está correto. Submeta o Pré-teste por meio da ferramenta Questionário. 10 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 1 INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA OBJETIVO DA UNIDADE: Compreender o conceito de intermediação financeira e suas características, a partir da reflexão sobre breves conceitos da economia e da origem e evolução da moeda. Todos os dias milhares de pessoas relacionam-se com intermediários financeiros, mesmo que não tenham consciência disso. Alguns se relacionam por meio de contas correntes, contas poupanças e até mesmo investimentos diversos, enquanto outros se relacionam obtendo financiamentos e assim por diante. Os intermediários financeiros e a intermediação financeira em si é de grande importância para a sociedade como um todo e está enraizada em nosso cotidiano, não sendo possível ignorá-los e não compreendê-los. Nesta unidade, a intermediação financeira é o objeto de nossa conversa e para isso, começamos refletindo alguns breves conceitos da economia, essenciais para a nossa caminhada, seguido de reflexão sobre a origem e a evolução da moeda, que representa um marco significativo na evolução da economia e das transações entre os agentes. A intermediação financeira em si, e sua relação com o mercado, é o fechamento desta unidade e o ponto central dessa discussão. 1.1 Breves conceitos econômicos Não é recomendável falar-se de intermediação financeira sem antes haver o conhecimento, pelo menos básico, de alguns conceitos da economia que possibilitam compreender com mais clareza esse processo de intermediação e os diversos fatores a ele relacionados. Nesse sentido, o propósito desta subseção é proporcionar uma breve reflexão sobre tais conceitos econômicos, sem, entretanto, fazer uma discussão mais aprofundada, buscando apenas fornecer elementos que o auxiliem nessa compreensão. Quando se fala de economia e da atividade econômica em si, está se falando sobre uma das mais antigas questõesda história da humanidade, que é, de maneira geral, a forma como as pessoas estabelecem relações de troca entre si e o uso que estas fazem dos recursos escassos da natureza para o atendimento e satisfação de suas necessidades. Ao vermos ou ouvirmos notícias de que faltará água potável e alimentos no mundo, por 11 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 exemplo, estamos nos referindo não apenas a questões ambientais ou sociais, mas também a questões econômicas, pois estamos tratando de recursos que estão cada vez mais escassos, principalmente em consequência do mau uso que deles foram e ainda continuam sendo feitos. Historicamente, muitos debates foram e ainda são realizados em torno das questões econômicas. Compreender e explicar as relações de troca e consumo entre os indivíduos, assim como apresentar contribuições para melhorias nesse processo sempre foi objeto dos economistas, que desenvolveram ampla quantidade de conceitos, muitos em sintonia outros completamente divergentes. O problema fundamental da sociedade econômica, entretanto, é o mesmo e é a base para praticamente todas as discussões conceituais. Assaf Neto (2018), diz que Toda sociedade econômica, qualquer que seja sua forma de trabalho, enfrenta três problemas fundamentais e determinados pela lei da escassez: o que e em que quantidade produzir; como produzir, com que recursos tecnológicos, financeiros, etc.; para quem produzir, ou seja, para quem deverão ser distribuídos os diversos bens produzidos. (ASSAF NETO, 2018, p. 01) Esses três problemas fundamentais acompanham e continuarão acompanhando as sociedades que, enquanto existirem, necessitarão encontrar respostas eficazes para eles. O que produzir e em que quantidade produzir, como fazer essa produção e quais recursos nela empregar, assim como para quem será direcionada essa produção sempre será uma preocupação das sociedades, visto a realidade de cada uma delas e suas características. Cada sociedade – e aqui digo vilarejos, cidades, estados e países – responderão, conforme Assaf Neto (2018), de forma diferenciada a esses problemas, em função das realidades específicas que possuem, seja em termos de desenvolvimento tecnológico, de desenvolvimento cultural ou até mesmo econômico. É válido lembrar que as necessidades das pessoas, assim como a disponibilidade de recursos para satisfazer essas necessidades e as tecnologias utilizadas para transformação desses recursos não são as mesmas em nenhum lugar do mundo, como, por exemplo, é o caso de países subdesenvolvidos na África ou América do Sul e países desenvolvidos da Europa e América do Norte. Assaf Neto (2018), diz que os problemas fundamentais da sociedade econômica deixariam de existir, caso houvesse recursos em abundância na natureza e que pudessem ser transformados e distribuídos de forma ilimitada para atender as necessidades da sociedade humana. Entretanto, como isso não é possível e está cada vez mais distante qualquer possibilidade de que isto ocorra, as relações de uso dos recursos da natureza pelo homem devem ser conscientes e diferenciadas, não mais ignorando os problemas 12 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 fundamentais da sociedade econômica, conforme apontado e que comumente acontece em muitas sociedades. A maneira como a sociedade se organiza e decide sobre o uso dos recursos possibilita a identificação de duas formas básicas de organização econômica, que são a economia de mercado e a economia centralizada. A economia de mercado, também denominada economia capitalista, caracteriza-se pelo domínio da propriedade privada e crença de que o próprio mercado possui as condições necessárias para solucionar os problemas básicos da economia, que são: o que produzir, como produzir e para quem produzir. Esta forma de organização econômica está presente na maior parte das sociedades do planeta, tendo os Estados Unidos como sua principal referência mundial. A economia centralizada, também denominada socialista, tem o Estado como proprietário dos recursos, sendo a livre iniciativa limitada e a capacidade produtiva e decisões de uso dos recursos naturais centralizados no Estado. O grande símbolo da economia socialista no mundo foi a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), dissolvida em dezembro de 1991, após período de intensa crise. Atualmente, Cuba pode ainda ser considerada como um ícone da economia socialista. Uma alternativa aos dois opostos de organização econômica é o que pôde ser denominado como um sistema misto, ou seja, um sistema que uniu características das outras duas formas de organização. Assaf Neto (2018, p. 04) diz que “[...] desde que Keynes defendeu o intervencionismo moderado como um antídoto à crise econômica mundial de 1929/30, ficou proposta uma alternativa conhecida por sistema misto. [...]”. Esse sistema equilibra características da economia de mercado, como a livre iniciativa privada, com a intervenção, em alguns aspectos e intensidades distintas, do Estado. Mas afinal, por que estamos falando de problemas fundamentais da economia e sobre as diferentes formas de organização econômica? Falamos disso porque esses conceitos são fundamentais para compreensão e continuidade da nossa breve conversa sobre alguns dos conceitos da economia, que agora se direciona para a relação entre preço e mercado. Você enquanto consumidor já deve ter observado que em termos de preço a melhor época para se comprar roupas de inverno é o verão e vice-versa, assim como, no supermercado, as verduras e frutas mais baratas são aquelas típicas da estação ou até mesmo produzidas na região. Agora, por que isso acontece? Uma resposta que você pode dar é: olha isso acontece porque no verão praticamente ninguém quer comprar roupa de inverno e porque verduras da estação e da 13 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 região são encontradas com mais facilidade do que aquelas que são consideradas como fora de época, ou trazidas de localidades mais distantes. Isso mesmo, esta é a razão pela qual esses produtos podem tornar-se mais baratos ou mais caros, o que na economia dizemos que está diretamente relacionado com a oferta e a demanda, ou seja, a quantidade oferecida de um bem e a quantidade desejada deste mesmo bem num determinado período de tempo. Explicando melhor. Numa economia de mercado, o preço adequado de um determinado bem é especificado exatamente no ponto em que se encontram as curvas de demanda e de oferta. A curva de demanda, conforme figura abaixo, acompanha a evolução da quantidade demandada, ou desejada, por um determinado produto ou serviço, em função da alteração no valor do preço deste produto ou serviço, ou seja, quanto menor o preço, maior a quantidade demandada e vice-versa. Já a curva de oferta desenvolve um procedimento contrário, ou seja, conforme aumenta o preço deste produto ou serviço, a quantidade ofertada também aumenta e vice-versa. O ponto onde se encontram as duas curvas é o ponto de equilíbrio do mercado, ou seja, é aquele considerado como de preço ideal, onde se equilibram a quantidade que os consumidores estão dispostos a consumir com a quantidade que os produtores ou prestadores de serviços estão dispostos a ofertar. Gráfico 1 – Formação de preços Fonte: Assaf Neto (2018, p. 04) Constantemente, na economia de mercado, estão acontecendo oscilações entre demanda e oferta, proporcionando alterações nas suas curvas e consequentes ajustes nos seus pontos de equilíbrio e definição de preços ideais. A economia centralizada, por sua vez, considera outros critérios para tal, em decorrência da centralização e forte presença do Estado. 14 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Os preços, portanto, influenciam e são influenciados pela quantidade demandada e ofertada de determinados bens e produtos, fazendo tal conceito parte do nosso cotidiano, tendo emvista que estamos constantemente comprando produtos ou serviços e buscando, quase sempre os melhores preços por eles, muitas vezes, inclusive, esperando o momento ideal para fazer a compra, ou seja, de redução no valor do seu preço. Milhares de pessoas estão inseridas ativamente na economia, ora exercendo o papel de consumo, ora exercendo o papel de produtor ou prestador de serviços, ou seja, ora elas estão comprando algo, ora estão vendendo. As pessoas que de alguma forma participam do processo produtivo, exercendo o papel de produtor ou prestador de serviços, recebem uma remuneração por isso, ou seja, elas possuem uma renda em função da contribuição que apresentam para o processo. As rendas representam a remuneração dos agentes que participam, de alguma forma, do processo produtivo de uma economia. São, essencialmente, receitas em dinheiro compensatórias de serviços prestados, como salários recebidos, juros sobre capital emprestado, lucros sobre capital investido, e assim por diante. (ASSAF NETO, 2018, p. 05) As rendas são fundamentais para o trabalhador e para a própria sociedade econômica, que dela necessitam para dinamizar o seu processo, ou seja, alimentar e movimentar um ciclo já conhecido por você, seja por conceitos teóricos ou observação do cotidiano, em que uma pessoa com renda consome um produto, que para ser produzido necessita de outra pessoa, que para isso também recebe uma renda, que será convertida em consumo de novos produtos, gerando outras oportunidades de trabalho e renda para outras pessoas e assim por diante. Assim como as pessoas, os países também possuem rendas, que são caracterizadas pela somatória das rendas de seus agentes econômicos, ou seja, de todos os seus indivíduos, sejam pessoas ou empresas, que participam ativamente da economia. A renda interna de um país, conforme Assaf Neto (2018), é representada pelo conjunto de todas as rendas que são geradas no seu interior, em um determinado período de tempo, normalmente anual. As rendas obtidas pelos moradores de um país, incluídas as que ele obteve com atividades fora do seu território, são denominadas de renda nacional, ou seja, uma renda que inclui toda a gerada no interior do país, como a renda interna, somada à renda obtida pelos seus agentes com atividades no exterior. Basicamente todo país recebe e envia valores para o exterior, como consequência das atividades de seus agentes. Hoje é muito comum você ver pessoas que foram para o exterior trabalhar e que enviam dinheiro para sua família aqui no Brasil, fazendo uma 15 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 reserva financeira para quando retornarem. Outros, por sua vez, fazem o processo inverso e aqui trabalham, enviando suas receitas para o exterior. E, assim como as pessoas, as empresas também fazem isso, enviando receitas para suas matrizes e investidores e assim por diante. Mas por que estamos falando sobre isso também? Estamos falando para contextualizar outro conceito de renda que é de grande relevância para um país, que é o de renda líquida do exterior, o que, segundo Assaf Neto (2018), é a diferença existente entre o valor enviado ao exterior e o valor recebido por um país. Quando negativa, a renda indica que foi mais enviado do que recebido e quando positiva, reflete o contrário, ou seja, o país mais recebeu receitas do exterior do que enviou. Assaf Neto (2018), destaca que em países em desenvolvimento essa renda líquida costuma ser negativa, pois estes costumam depender de capital estrangeiro e tecnologias para fomentar seu desenvolvimento, o que costumeiramente leva ao envio de rendas do exterior. Já as pessoas possuem uma renda pessoal que, segundo Assaf Neto (2018, p. 05), “[...] é a renda efetivamente transferida às pessoas, e é calculada deduzindo-se da renda nacional os lucros retidos pelas empresas, contribuições e benefícios previdenciários, imposto de renda sobre as pessoas jurídicas, etc.”, ou seja, somente a renda, de fato, que fica às pessoas físicas, decorrentes do processo produtivo. O conceito de renda e de suas diferentes tipologias é de grande importância para a compreensão da relevância de outros dois conceitos fundamentais à nossa conversa, que são os conceitos de investimento e poupança. Investimento, segundo Assaf Neto (2018, p. 05), “[...] representa a ampliação de capital em alternativas que promovem o aumento efetivo da capacidade produtiva de um país, determinando maior capacidade futura de gerar riqueza (rendas). [...]”. Para o autor, investimento está relacionado à criação de riqueza e não apenas à transferência de valores, ou seja, somente há investimento quando ocorre criação de riqueza, caso contrário tem-se apenas criação de valores. Os investimentos são importantes para o crescimento e desenvolvimento dos países, sendo fundamental que aconteçam continuamente. Posteriormente, ao falarmos de intermediação financeira, a relevância de investimentos ficará mais evidente ainda. A poupança, por sua vez, é definida por Oliveira e Pacheco (2005), como o ato de deixar de consumir no presente para poder consumir mais numa ocasião futura, o que, segundo eles, exige um incentivo para que o poupador não gaste no presente e mantenha seu recurso investido na poupança. Esse incentivo é a taxa de juros, que, grosso modo, é uma espécie de remuneração pelo dinheiro investido. Assaf Neto (2018, p. 06), diz que “A 16 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 poupança é a parcela da renda economizada pelos agentes econômicos, que não foi consumida na aquisição de bens e serviços. [...]”. A poupança, que pode ser considerada como a forma de investimento mais popular entre os brasileiros, é importante alimento do processo produtivo, pois ela é um dos principais recursos para a realização de intermediação financeira e garantia de contínuos processos de investimentos. Tamanha é a relevância da poupança que um país com baixa capacidade de poupar pode ter seu crescimento limitado, em função da falta de recursos para investir. Segundo Assaf Neto (2018, p. 06), “A poupança deve originar-se de estímulos à redução do consumo e encaminhada, por meio de intermediários financeiros, para lastrear os investimentos da economia. [...]”. 1.2 Origem e evolução da moeda Outro aspecto importante para se pensar a intermediação financeira, a história da moeda permite-nos ter uma visão ampla da evolução dos meios de pagamento nas relações de troca, iniciadas com o escambo e hoje assumindo formas cada vez menos palpáveis. Essa evolução, inclusive, nos permite compreender o contexto de atuação do intermediário financeiro, que é o objeto principal desta unidade. Nesta seção, portanto, conversaremos um pouco sobre a origem da moeda e como ela foi evoluindo no tempo, refletindo sobre seus benefícios e características que proporcionaram sua difusão, assim como as ferramentas para assegurar o controle desse meio, que passou a ser predominante nos pagamentos decorrentes das relações de troca. Para Pinheiro (2001), conforme figura abaixo, a evolução da moeda acontece em cinco eras, que são: troca de mercadorias, mercadoria moeda, moeda metálica, moeda papel e moeda escritural. Figura 1 - Fases da evolução da moeda. Fonte: Pinheiro (2001, p. 23). 17 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A primeira dessas eras, a da troca de mercadorias, representa o embrião do surgimento da moeda nos moldes que hoje conhecemos. Nessa época, as pessoas eram predominantemente nômades, ou seja, mudavam-se de um local para outro sempre que os recursos começavam a ficar escassos nos locais em que estavam, e as relações de troca entre os indivíduos era o escambo, ou seja, uma determinada mercadoria era trocada por outra, conforme a necessidade dos envolvidos nas transações. Com o decorrer do tempo e a gradativa substituição do nomadismo pelo sedentarismo, ou seja, com aspessoas deixando de mudar de um local para outro com tanta frequência, as relações econômicas entre os agentes também foram se modificando e nisso uma nova forma de pagamento foi se constituindo. A aceitação comum de determinadas mercadorias passou a estabelecer um novo padrão de pagamento, originando aí uma primeira concepção de moeda, a mercadoria moeda. A evolução da mercadoria moeda para a moeda metálica passou a acontecer com o processo de cunhagem dessas moedas em metal e com formatos circulares, já próximo dos apresentados pelas que hoje conhecemos. Segundo Pinheiro (2001), em função das vantagens oferecidas para o comércio, as moedas metálicas acabaram por difundir-se em todo o mundo. Os metais, segundo o autor, foram escolhidos por apresentarem características como valor intrínseco, dureza, raridade relativa, facilidade de reconhecimento e propriedades industriais, entre outros. Trabalhar com o metal no comércio, entretanto, gerava certas dificuldades aos comerciantes, que muitas vezes precisavam pesar o material e verificar o teor do metal em que eram utilizados. Em função disso, buscando facilitar o processo, os ourives passaram a depositar uma quantia em bancos, recebendo certificados de depósitos que asseguravam a devolução do valor ao portador desses certificados. Dessa maneira, conforme Pinheiro (2001), surge a moeda de papel, com mesmo peso comercial que as moedas metálicas, constituindo, portanto, a era da moeda papel. Em consequência do processo evolutivo, a era da moeda papel é substituída pela era da moeda escritural, que passa a acrescentar no mercado a moeda escritural, que segundo Pinheiro (2001), constitui-se em depósitos à vista em instituições financeiras. Esses depósitos possuem liquidez próxima ao da moeda papel e da moeda metálica, estando, entretanto, este nas instituições financeiras, enquanto os demais com as pessoas em geral. Para Pinheiro (2001, p. 24), “A tendência global para a moeda é que se torne um produto virtual e eletrônico, substituindo a atual moeda física. Outra tendência é a unificação da moeda com a criação de blocos econômicos [...]”. Tais tendências, apontadas 18 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 pelo autor, já estão, na verdade, em pleno processo de consolidação, pois hoje se vê uso intensivo de cartões de crédito ou débito e, também, a unificação de algumas unidades monetárias, como é o caso do Euro, na Europa. Mas afinal, se estamos falando de moeda e sobre sua origem e evolução, como ela pode ser definida? O que ela representa para a sociedade? Quais são os benefícios que de fato traz? Bom, conforme você já deve ter percebido no breve contexto histórico da origem e evolução da moeda, a sua definição não está vinculada ao sentido estrito da palavra ou objeto que a representa, ou seja, a moeda metálica e circular que estamos acostumados, e que muitas vezes nem damos muito valor e atenção. A moeda, na verdade, tem sua definição relacionada a meio de pagamento por algum produto ou serviço que é adquirido. Assaf Neto (2018, p.10), por exemplo, diz que a moeda é “[...] meio de pagamento legalmente utilizado para realizar transações com bens e serviços. É um instrumento previsto em lei e, por isso, apresenta curso legal forçado [...] e poder liberatório [...]”. Ou seja, é reconhecida legalmente perante as sociedades, deve obrigatoriamente ser aceita como meio de pagamento e liberta do compromisso com o credor aquele que dela faz uso para realizar um pagamento, ou seja, o libera da dívida. Outra definição de moeda é apresentada por Pinheiro (2001, p. 17), que diz: A moeda pode ser conceituada como um conjunto de ativos financeiros de uma economia que os agentes utilizam em suas transações. Ela é um bem com características específicas e diferenciadas em relação aos demais bens da economia, visto que ela não produz nada, não é um bem de investimento e nem de consumo. (PINHEIRO, 2001, p.17) Ou seja, a definição de Pinheiro (2001), além de reforçar a representatividade da moeda nas transações econômicas entre agentes, acrescenta-lhe uma característica particular, até então não comentada, ou seja, a de que não produz algo e de que não é um bem de investimento ou de consumo, o que a torna diferenciada em relação a demais bens da economia. Tais definições estão claras para você? Pergunto isto porque agora vamos acrescentar mais algumas informações ao conceito de moeda, buscando agora apontar elementos que a compõem. Vamos lá! Pinheiro (2001) e Assaf Neto (2018), apresentam cinco níveis de abrangência para o conceito de moeda como meio de pagamento. Definindo tais conceitos por M1, M2, M3, M4 e M5, os autores partem do nível M1, que engloba a moeda em poder do público mais a moeda escritural, que são depósitos à vista nos bancos comerciais, até o nível M5, mais 19 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 abrangente, que envolve todos os conceitos anteriores, mais a capacidade aquisitiva dos cartões de crédito. A figura a seguir ilustra esses níveis: M1 = moeda manual + moeda escritural M2 = M1 + títulos públicos M3 = M2 + depósitos de poupança M4 = M3 + Depósitos a prazo + letras de câmbio + letras M5 = M4 + capacidade aquisitiva dos cartões de crédito Figura 2 - Conceitos de moeda e níveis de abrangência Adaptado de: Pinheiro (2001). Outro aspecto de relevância quanto à moeda são os papéis por ela exercidos na sociedade econômica. Pinheiro (2001), destaca que a moeda exerce papéis de meio de pagamento, estoque de valor, unidade-padrão de conta e intermediária de trocas entre os agentes. Nesta mesma linha, Assaf Neto (2018), diz que a moeda representa meio de troca, medida de valor e reserva de valor. A partir dos aspectos apresentados pelos dois autores e considerações que eles fazem a respeito desses papéis, é possível fazer uma junção entre eles e apresentar um panorama mais abrangente. Enquanto meio de pagamento ou meio de troca, ou ainda, intermediária de troca entre os agentes, ela é considerada como um ativo financeiro de liquidez imediata, que possibilita a troca de serviços e de bens por outros e, ainda, que apresenta a capacidade de diminuir dívidas. Enquanto estoque de valor ou reserva de valor, ela permite que os agentes econômicos possam guardá-las, de forma a acumular para posterior utilização. E, por fim, enquanto unidade-padrão de conta ou medida de valor, ela serve para apuração de preços, possibilitando divulgação, possíveis comparações e, até mesmo, registros de débitos. Utilizada para realização das transações, a moeda assegura liquidez aos agentes e ainda possibilita especulações face o contexto de mercado, como alterações em taxas de juros e demais fatores que possam gerar instabilidade na economia. Sua emissão não pode acontecer aleatoriamente, conforme a vontade ou necessidade, sendo necessário das autoridades econômicas centrais um lastro para tal, que funciona como uma reserva, uma garantia dessa moeda emitida. Pinheiro (2001, p. 25), diz que “[...] o lastro da moeda é resultante de um conjunto de marco variáveis como, por exemplo, as reservas cambiais que determinam o real poder aquisitivo de uma moeda”. 20 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Embora seja fundamental para a economia e seu crescimento e desenvolvimento, a moeda é mais ou menos procurada conforme mudanças vão acontecendo no cenário econômico. Se a capacidade produtiva está em alta, por exemplo, gerando mais renda, agregando riqueza, a demanda pela moeda se eleva, mas se taxas de juros crescem, dentre outros fatores negativos, essa demanda recua, reduzindo-se. Quando ocorre maior volume de demanda por moeda no mercado, os bancos financeiros, na condição de intermediários, possuem condições de atender a essa demanda, em função da capacidade que apresentam de geração de moeda, a partir dos depósitos de seus próprios correntistas.Mais detalhes sobre esse procedimento serão trabalhados na subseção seguinte, que trata do mercado e intermediação financeira. Enquanto isso, aqui é importante ter essa consciência da potencialidade das instituições financeiras e do que isso pode representar no cenário econômico. 1.3 Mercado e intermediação financeira Imagine comigo a seguinte situação. Logo pela manhã você foi até à geladeira, com o propósito de pegar leite, mamão, queijo, suco de laranja e margarina para preparar o café da manhã. Em função de uma semana corrida, não percebeu que havia acabado o leite, o queijo e o mamão, ficando, portanto, o planejamento do seu café comprometido. Diante disso, qual atitude você toma? Provavelmente fará um café com o que tem e assim que possível, irá a um supermercado, hipermercado, quitanda ou padaria para comprar os itens que estão faltando e não mais ter comprometido o seu café da manhã, já que esta é a principal refeição do dia. Ou seja, podemos dizer que você, literalmente, vai ao mercado buscar aquilo que você precisa para dar continuidade à sua atividade, neste caso, preparar o café da manhã. Bem, quando falamos de mercado financeiro, essa mesma lógica também prevalece, ou seja, quando algum agente econômico necessita de uma quantia de dinheiro além daquela que ele possui no momento, ele recorre ao mercado financeiro para comprar o dinheiro que está precisando. Vamos entender isso melhor. Toda sociedade econômica necessita continuamente de crescimento e desenvolvimento, pois é dessa forma que ela pode assegurar aos seus membros melhor qualidade de vida, ou pelo menos, apresentar condições adequadas para que isso aconteça. Entretanto, para que o crescimento e o desenvolvimento ocorram, essa sociedade necessita de investimentos contínuos na sua capacidade de produção, ou seja, precisa investir em qualificação de pessoas, em desenvolvimento de novos processos 21 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 produtivos e na implementação de novas tecnologias, entre outros, o que, na verdade, nem sempre é um processo tranquilo e que acontece com facilidade, pois, conforme Oliveira e Pacheco (2005, p. 7), “[...] As empresas, de maneira geral, não possuem recursos próprios suficientes para financiar todo o investimento necessário à sua atividade produtiva. [...]”. Isso quer dizer que, se as empresas não possuem recursos financeiros próprios e nem podem ficar esperando para juntar esse valor com calma, por meio de uma poupança gradativa, elas precisarão buscar esses recursos de outra forma, caso queiram continuar com seu processo de crescimento e desenvolvimento. E, uma alternativa para essa questão é a busca de dinheiro no mercado financeiro, ou seja, a compra ou empréstimo do dinheiro de alguém que tenha recursos excedentes e que esteja disposto a vendê-lo ou emprestá-lo. Assim, diante desse contexto, temos a definição de três elementos essenciais, quando se fala em mercado financeiro, que são: agente deficitário, agente superavitário e intermediário financeiro. O agente deficitário é aquele que necessita buscar em terceiros um complemento aos seus recursos próprios, ou seja, é aquele que precisa buscar no mercado mais recursos financeiros para as suas atividades, visto que seus recursos próprios não são suficientes. Segundo Oliveira e Pacheco (2005, p. 8) “[...] Essa característica qualifica as empresas como os agentes deficitários da economia ou tomadores de recursos”. O agente superavitário, por sua vez, é aquele que possui recursos disponíveis em quantidade superior ao que precisa para satisfazer suas necessidades e, cujo excesso pode ser utilizado para atender a demanda de recursos do agente deficitário. Neste contexto, segundo Oliveira e Pacheco (2005), enquadram-se as famílias que, muitas vezes, possuem excesso de recursos e que podem, além de agentes superavitários, serem também denominadas como poupadores. E o intermediário financeiro é o sujeito que vai proporcionar a relação entre os outros dois agentes, ou seja, a intermediação entre eles, mesmo que estes sequer se conheçam. O que estou querendo dizer com isso? Veja bem, dificilmente as relações entre agentes superavitários e deficitários acontecem de forma direta. Você já viu alguma vez uma empresa bater à porta de uma família para pedir dinheiro emprestado? Provavelmente não. Normalmente como isso acontece? As empresas e qualquer outro agente que se encontram na posição de deficitário irão procurar uma instituição financeira em busca de um financiamento ou qualquer outra coisa parecida que proporcione captação de recursos. 22 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 E no caso inverso? Você já viu alguma família ou outro tipo de agente superavitário indo de empresa em empresa oferecendo seus recursos? Provavelmente também não, pois o procedimento comum é o de que aqueles que possuem recursos financeiros excedentes e que não os estão investindo em bens e serviços, procurem uma instituição financeira e lá invistam o seu capital, em busca de uma determinada remuneração por isso. As instituições financeiras, neste caso, assumem o papel de intermediação entre agentes superavitários e deficitários. Segundo Pinheiro (2001, p. 33), intermediários financeiros “[...] têm como função a aproximação de agentes superavitários, que têm excesso de recursos, mas não têm oportunidade de investi-los em atividades produtivas, e os agentes deficitários, que estão em situação inversa [...]”. A intermediação financeira, para Pinheiro (2001), é [...] atividade que tem a finalidade de viabilizar o atendimento das necessidades financeiras de curto, médio e longo prazos, manifestadas pelos agentes econômicos carentes de recursos, aplicando ao mesmo tempo o excedente monetário de agentes superavitários, com mínimo de riscos. (PINHEIRO, 2001, p. 25) Tamanha é a importância da intermediação financeira para o desenvolvimento de um país e de sua economia que Pinheiro (2001, p. 32), diz que “[...] existe um relacionamento íntimo entre desenvolvimento econômico do país e desenvolvimento de mecanismos da intermediação financeira. [...]”. Para ele, à medida que o país vai se desenvolvendo e enriquecendo, a estrutura de sua intermediação financeira também tenderá a se ampliar e aperfeiçoar, buscando atender as novas exigências desse desenvolvimento. Segundo Pinheiro (2001, p. 33), “[...] uma economia é desenvolvida quando possui mercado de capitais eficiente e em desenvolvimento quando não o possui. [...]”. Oliveira e Pacheco (2005), refletindo a questão da intermediação financeira diz que existem dois tipos dela, a direta e a indireta. A direta é aquela em que a instituição financeira, na condição de intermediária, estabelece relação direta com o agente superavitário e com o deficitário, assumindo os riscos de inadimplência relacionados à transação, ou seja, responsabilizando-se por ela. A indireta, por sua vez, se caracteriza por aquela intermediação em que a instituição financeira não assume o risco de inadimplência, sendo apenas uma prestadora de serviço ao agente deficitário, estruturando para ele operações de captação de recursos, normalmente mediante emissão de títulos, e a localização de agentes superavitários que estejam dispostos a adquirir tais títulos que foram 23 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 emitidos. Segundo Oliveira e Pacheco (2005), esta transação acontece no mercado de capitais. Pinheiro (2001), também refletindo sobre formas como a intermediação financeira pode acontecer, classificou-as em intermediação por repasse e intermediação simples, estando tal classificação vinculada ao intermediário assumir ou não o risco pelas transações, assim como Oliveira e Pacheco (2005). Na intermediação por repasse, a instituição financeira assume a responsabilidade pelos riscos, enquanto na intermediação simples isso não ocorre.Para que a intermediação financeira possa acontecer, segundo Pinheiro (2001), é necessário que as sociedades econômicas tenham superado a fase do escambo e que possuam moeda, excedente financeiro, bases institucionais para o mercado de intermediação e agentes dispostos a trocar ativos monetários por ativos financeiros. Caso faltem garantias, volume satisfatório de necessidades de capital e prazo adequado para tal, o mercado de intermediação financeira fica inviabilizado. O mercado financeiro, conforme Oliveira e Pacheco (2005), é que exerce o papel de intermediário na relação entre os agentes, sendo fundamental a sua eficiência para o crescimento da economia. “Quando o mercado financeiro não opera de forma eficiente, dificulta-se o investimento, o principal ‘combustível’ do crescimento econômico [...]”. (OLIVEIRA e PACHECO, 2005, p. 10). Composto por instituições especializadas em equilibrar os interesses dos agentes superavitários e dos agentes deficitários, o mercado financeiro é apontado por Pinheiro (2001), como o meio mais eficiente para associar poupança ao investimento, que é fundamental para o desenvolvimento econômico. As principais funções do mercado financeiro, segundo Oliveira e Pacheco (2005), são: intermediação financeira, redução do risco de não pagamento, redução do risco por meio da especialização e definição mais clara do preço do dinheiro. Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 1 e a atividade 1.1. 24 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 2 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL OBJETIVO DA UNIDADE: Refletir sobre o sistema financeiro nacional e sua estrutura, relacionando-a com a realidade vivenciada pelo acadêmico. Na unidade anterior refletimos sobre alguns conceitos de economia, assim como sobre a origem e a evolução da moeda e, também, sobre mercado e intermediação financeira. Tal reflexão nos proporcionou conhecimentos que permitem perceber e compreender a existência de um ambiente em que há agentes econômicos que precisam de mais recursos financeiros do que a renda que possui, assim como há agentes que apresentam excesso de renda em relação ao seu consumo e que estão dispostos a investirem essa renda em troca de benefícios posteriores. E, também em relação a esse mesmo ambiente, vimos a existência de instituições que se posicionam entre os dois tipos de agentes econômicos citados e que se constituem como intermediárias financeiras, proporcionando relações entre eles e conciliando os interesses individuais que cada um apresenta. Esse ambiente de intermediação, e cada um dos elementos que o compõem, constitui-se no sistema financeiro, no caso do Brasil, no Sistema Financeiro Nacional (SFN), que é o objeto de estudo desta unidade, que agora iniciamos. Com característica predominante de apresentação, o objetivo aqui é refletir sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e os elementos que compõem a sua estrutura, buscando, de certa forma, proporcionar informações que possibilitem sua compreensão e relação com o cotidiano, assim como condições para que estudos mais aprofundados possam acontecer posteriormente. Nesse sentido, esta unidade é dividida em quatro subseções, que são: estrutura do sistema financeiro nacional; órgãos normativos; entidades supervisoras; e operadores. 25 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2.1 Conceito e estrutura do Sistema Financeiro Nacional Todos os dias milhares de transações financeiras acontecem no Brasil e no mundo, envolvendo pessoas e empresas nas mais diversas relações. Praticamente todo indivíduo ou empresa possui uma conta bancária, senão mais de uma, através da qual recebe ou realiza pagamentos, assim como, investimentos e até mesmo empréstimos. Não dá para ignorar. Seja como agente superavitário, seja como agente deficitário, estamos inseridos no contexto de uma estrutura chamada sistema financeiro, cujo conhecimento é fundamental, pois somente dessa forma é possível estabelecer uma relação mais racional com ela e obter melhores condições de uso e aproveitamento dos recursos financeiros, afinal, quando se trata de dinheiro e sua utilização, quanto mais conhecimento e racionalidade, melhor, pois quase sempre, ao agir por impulso e sem muitas informações é comum se pagar mais caro por bens e serviços, quando não, deixar de receber mais por investimentos que são ou podem ser realizados. Muitas são as instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional (SFN), que a partir de agora chamaremos apenas de SFN, assim como são muitas e diversas as operações por elas realizadas, o que acaba exigindo atenção e controle daquelas que exercem a função de reguladoras, caso contrário, sem um critério de controle, o sistema pode tornar-se instável e gerar incertezas que pouco contribui para o desenvolvimento e crescimento econômico de toda uma sociedade. Como forma de evitar ou amenizar isso, o SFN brasileiro apresenta estrutura e funcionamento regulamentados pelas leis federais de n.ºs 4.595, chamada de Lei da Reforma Bancária, e 4.728, denominada Lei do Mercado de Capitais, conforme destaca Toledo Filho (2006). A Lei 4.595 é do dia 31 de dezembro de 1964 e dispõe sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e creditícias, além de criar o Conselho Monetário Nacional e estabelecer outras providências e a Lei n. 4.728, de 14 de julho de 1965, disciplina o mercado de capitais e estabelece medidas para o seu desenvolvimento. Assaf Neto (2018), ao refletir sobre o SFN, acrescenta ao portfólio de legislação que o regulamenta a Resolução 1.524 do Conselho Monetário Nacional, de 21 de setembro de 1988, que estabelece a criação dos Bancos Múltiplos. Bem, já que estamos falando sobre o SFN, o que ele realmente é? Qual é a sua estrutura? E qual é o propósito dessa estrutura? Você em algum momento já parou para pensar sobre isso? Já tentou entender em qual contexto está inserido o banco em que você possui a sua conta e aplica os seus recursos financeiros? Vamos caminhar e refletir um pouco mais sobre o assunto. 26 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Oliveira e Pacheco (2005, p. 14), dizem que o SFN é o “[...] conjunto de instituições que atuam no processo de conciliar interesses de agentes deficitários e superavitários e de converter poupança em investimento [...]”, ou seja, ele envolve todas as instituições que, de alguma maneira, atuam como intermediários financeiros entre aqueles que necessitam de recursos financeiros adicionais e os que possuem para oferecer e, ainda, que buscam assegurar a conversão da poupança em investimentos. Assaf Neto (2018, p. 40), proporciona compreensão da amplitude do SFN ao dizer que ele é “[...] constituído por todas as instituições financeiras, públicas e privadas, existentes no país”, ou seja, numa linguagem bastante simples e objetiva, compreende o todo em relação aos aspectos financeiros de uma sociedade. As instituições financeiras, segundo Assaf Neto (2018), podem ser classificadas em bancárias ou monetárias e não bancárias ou não monetárias. As instituições bancárias ou monetárias são aquelas que possuem capacidade, e legalidade, para a criação de moeda por meio dos depósitos à vista que recebem em seus caixas, como é o caso dos bancos comerciais e múltiplos. As não bancárias ou não monetárias, por sua vez, são as instituições que, impedidas legalmente de receber depósitos à vista, não possuem faculdade de criação de moeda e trabalham com ativos não monetários, como ações, letras de câmbio e debêntures, entre outros. As não bancárias são representadas por praticamente todas as organizações que atuam no mercado financeiro, com exceção dos bancos comerciais e múltiplos, que são instituições bancárias ou monetárias. Ao se falar no SFN, ou seja, no conjunto de instituições que o compõem, existeuma série de expectativas da própria sociedade em relação a esse sistema e ao seu desempenho na economia. Pinheiro (2001), por exemplo, diz que o sistema financeiro tem por função [...] promover a poupança; arrecadar e concentrar a poupança em grandes volumes; transformar a poupança em créditos especiais; encaminhar os créditos às atividades produtivas; e gerenciar as aplicações realizadas e manter um mercado para elas. (PINHEIRO, 2001, p. 54) Assaf Neto (2018, p. 39), por sua vez, comenta que as “[...] instituições devem permitir, dentro das melhores condições possíveis, a realização dos fluxos de fundos entre tomadores e poupadores de recursos na economia”, ou seja, elas devem proporcionar, da melhor forma possível, a intermediação entre eles. A essas expectativas Rudge (1993), acrescenta a necessidade do SFN não se concentrar apenas no mercado interno e no atendimento das necessidades desse mercado, mas também em atentar-se ao que acontece internacionalmente para que possa acompanhar e estar em sintonia com o processo evolutivo do mercado financeiro 27 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 internacional. Segundo Rudge (1993, p. 58), as instituições que compõem o SFN devem “[...] Além de atender às necessidades de financiamentos internos, engendradas pelo crescimento econômico, [...] estar em consonância com o estágio mais avançado do desenvolvimento financeiro no plano internacional”. Para Pinheiro (2001, p. 53), se o SFN não acompanhar modificações exigidas pela economia ou até mesmo trabalhar de forma contrária a ela, “[...] tenderá a constituir-se em grave obstáculo às atividades produtivas, desestimulando o esforço da coletividade, que verá frustrados seus justos anseios de progresso”. Como se vê, as expectativas em relação ao SFN são muitas e estão associadas a diversos aspectos econômicos e sociais, cujos impactos são significativos para o crescimento e desenvolvimento de uma sociedade. O atendimento de tais expectativas, entretanto, é um processo complexo e exige do SFN uma estrutura que assegure a realização de atividades operacionais e, ao mesmo tempo, de normatização e fiscalização. “Institucionalmente o sistema financeiro nacional é constituído por um subsistema normativo e por outro operativo” diz Rudge (1993, p. 59), destacando, portanto, a existência de dois grandes grupos institucionais que proporcionam a estrutura e as condições necessárias para o desenvolvimento das atividades operacionais, normativas e fiscalizadoras do SFN. O Banco Central do Brasil (BACEN), por sua vez, apresenta uma composição para o SFN em que ele se subdivide em três grandes grupos, denominados: órgãos normativos, entidades supervisoras e operadores, ampliando, portanto, a divisão apresentada por Rudge (1993), que se constituía apenas em dois grupos. Didaticamente falando, a definição apresentada pelo BACEN proporciona uma visão mais clara das instituições que compõem o SFN e suas respectivas funções dentro desse sistema, sendo, portanto, adotada aqui como referência. O quadro abaixo apresenta o SFN e sua composição, conforme o BACEN. 28 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Quadro 1 – Composição do Sistema Financeiro Nacional Fonte: BACEN (2020) As instituições que compõem o SFN são apresentadas abaixo, entretanto sem discussão aprofundada sobre cada uma delas e suas características, tendo em vista que este não é propósito aqui estabelecido. Quando necessário, informações mais detalhadas serão apresentadas, quando não, serão oferecidas opções que possam proporcionar outras informações aos interessados em conhecer mais sobre cada uma das instituições. 29 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2.2 Órgãos normativos Os órgãos normativos são instituições responsáveis pelo direcionamento do sistema financeiro e das instituições que o compõem. Conforme o próprio nome diz, são eles que estabelecem as normas legais para o funcionamento do mercado financeiro e o seu controle. Tal característica é destacada por autores como Assaf Neto (2018) e Pinheiro (2001), que tratam tanto da definição conceitual dos órgãos normativos quanto da explicitação da forma como eles exercem suas funções. Assaf Neto (2018, p. 42), diz que os órgãos normativos são “[...] instituições que estabelecem, de alguma forma, diretrizes de atuação das instituições financeiras operativas e controle de mercado. [...]” e Pinheiro (2001, p. 58), destaca que tal regulação e controle “[...] são exercidos por meio de normas legais, expedidas pela autoridade monetária, ou pela oferta seletiva de crédito levada a efeito pelos agentes financeiros do governo. [...]”. Os órgãos normativos são Conselho Monetário Nacional (CMN), Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). 2.2.1 Conselho Monetário Nacional Criado em 1964, pela lei n.º 4.595, o Conselho Monetário Nacional (CMN) tem por objetivo formular as políticas da moeda e crédito brasileiro, ou seja, as diretrizes do SFN, buscando assegurar e estimular o progresso do país, tanto o econômico quanto o social. Segundo Assaf Neto (2018, p. 42), ele “[...] é um órgão eminentemente normativo, não desempenhando nenhuma atividade executiva. [...]”. Presidido pelo Ministro da Economia, o CMN tem por funções: [...] adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia; regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa. (BACEN) Informações mais detalhadas sobre o CMN e suas atividades podem ser obtidas no site https://www.bcb.gov.br/pre/composicao/composicao.asp?frame=1. 30 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2.2.2 Conselho Nacional de Seguros Privados O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) foi criado em 1966, pelo Decreto- Lei nº 73, que também institucionalizou o Sistema Nacional de Seguros, do qual o Conselho é um órgão de cúpula, com caráter de colegiado. Tendo como responsabilidade a fixação de diretrizes e normas da política de seguros privados no país, o CNSP é composto pelo Ministro da Fazenda, que é o seu presidente, e por representantes do Ministério da Justiça, do Ministério da Previdência Social, do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários, além, é claro, do Superintendente da Superintendência de Seguros Privados. São funções do CNSP: regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos que exercem atividades subordinadas ao SNSP, bem como a aplicação das penalidades previstas; fixar as características gerais dos contratos de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro; estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro; prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, com fixação dos limites legais e técnicos das respectivas operações e disciplinar a corretagem de seguros e a profissão de corretor. (BACEN) Para saber mais sobre o CNSP e suas atividades, você pode também acessar informações disponíveis no site: http://www.fazenda.gov.br/assuntos/politica-microeconomica/atuacao-spe/conselho- nacional-seguros-privados/conselho-nacional-seguros-privados. 2.2.3 Conselho Nacional de Previdência Complementar O Conselho Nacional de Previdência Complementar (CGPC) tem por competência, conforme BACEN, “[...] regular o regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)”. É válidodestacar que os fundos de pensão são associações, sob forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos e acessíveis apenas a empregados de empresa ou grupos de empresa, servidores da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios e, ainda, aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial. Informações mais detalhadas sobre o CNPC e as atividades que ele desempenha 31 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 podem ser obtidas no site da previdência social disponível no endereço: http://www.previdencia.gov.br/a-previdencia/politicas-de-previdencia-social/transparencia- nova-previdencia/ 2.3 Entidades supervisoras As entidades supervisoras assumem um papel complementar ao que é desenvolvido pelos órgãos normativos do SFN, cabendo a elas a supervisão das demais instituições que integram o sistema, ou seja, aquelas que se constituem como operadores. As supervisoras se posicionam entre os órgãos normativos, que estabelecem as diretrizes do SFN, e os operadores, que atuam como intermediários financeiros entre os agentes deficitários e superavitários. Constituem-se em entidades supervisoras o Banco Central do Brasil (BACEN), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e a Secretaria de Previdência Complementar (SPC). 2.3.1 Banco Central do Brasil Criado em 1964, através da Lei nº 4.595, e vinculado ao Ministério da Economia, o Banco Central do Brasil (BACEN) é considerado como o principal executor das políticas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Em concordância com essa concepção, Pinheiro (2001, p. 62), diz que o BACEN “Pode ser considerado um órgão intermediário entre o CMN e as demais instituições financeiras do País, cuja finalidade é executar e fiscalizar o cumprimento de todas as normas criadas pelo Conselho Monetário Nacional”. Assaf Neto (2018, p. 43), também compartilhando essa visão, fala que a instituição é “[...] o principal poder executivo das políticas traçadas pelo Conselho Monetário e órgão fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional”. Toledo Filho (2006, p. 4), por sua vez, reforça a característica de execução e fiscalização deste destacando que ele “[...] tem por finalidade cumprir e fazer cumprir as disposições que lhe são atribuídas pelo Conselho Monetário Nacional. [...]”. Já, quanto aos seus objetivos, o BACEN, conforme Pinheiro (2001, p. 62), busca “[...] zelar pela adequada liquidez da economia; manter as reservas internacionais do país em nível satisfatório, assegurar a formação de poupança em níveis apropriados e garantir a estabilidade e o aperfeiçoamento do Sistema Financeiro Nacional”. As suas atribuições são: 32 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 [...] emitir papel-moeda e moeda metálica; executar os serviços do meio circulante; receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias; realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras; regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais; exercer o controle de crédito; exercer a fiscalização das instituições financeiras; autorizar o funcionamento das instituições financeiras; estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras; vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. [...] (BACEN, 2012) O quadro abaixo, apresentado por Pinheiro (2001), sintetiza as atribuições e características do BACEN. Quadro 2 – Atribuições e características do BACEN Atribuições Instrumentos/características Banco dos bancos Depósitos compulsórios; e Redesconto de liquidez Gestor do Sistema Financeiro Nacional Normas/autorizações; e Fiscalizações/intervenções Executor da política monetária Controle dos meios de pagamento; Orçamento monetário; e Instrumentos de política monetária. Banco emissor Emissão do meio circulante; e Saneamento do meio circulante. Banqueiro do governo Financiamento ao Tesouro Nacional; Administração da dívida pública interna e externa; Gestor e fiel depositário das reservas internacionais do país; e Representante em instituições financeiras internacionais. Fonte: Pinheiro (2001, p. 62). Informações mais detalhadas sobre o BACEN, sua estrutura e atividades podem ser obtidas no site http://www.bcb.gov.br/. 2.3.2 Comissão de Valores Mobiliários A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), assim como o Banco Central do Brasil, é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda e foi instituída pela Lei 6.385, de 1976, assumindo suas funções, de fato, somente em 1978. Responsável pela regulamentação, desenvolvimento, controle e fiscalização dos valores mobiliários do país, a CVM “[...] tem por finalidade contribuir para a criação de 33 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 estrutura jurídica favorável à capitalização das empresas por meio do mercado de capitais de risco, fortalecimento da empresa privada nacional e defesa do acionista e investidor” (PINHEIRO, 2001, p. 60). Toledo Filho (2006), diz que: A finalidade da CVM, de acordo com a Lei nº 6.385, é proteger o mercado de valores mobiliários, oferecendo segurança aos investidores e, ao mesmo tempo, incentivando a capitalização das empresas com a participação do público, por meio do lançamento de ações. [...] (TOLEDO FILHO, 2006, p. 103) Mas afinal, o que é o mercado de valores mobiliários que se está falando e é objeto de atenção da CVM? Esse mercado, conforme Assaf Neto (2018), é representado por ações, debêntures, commercial papers e demais títulos emitidos pelas sociedades anônimas e autorizados pelo CMN. As funções da CVM, segundo BACEN, são: [...] assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão; proteger os titulares de valores mobiliários; evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação no mercado; assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e sobre as companhias que os tenham emitido; assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários; estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social das companhias abertas. [...] (BACEN, 2012) Em função de sua natureza, conforme Pinheiro (2001, p. 60), a CVM “[...] recebe, processa e coloca à disposição do mercado uma enorme massa de informações que exige constante atualização para permitir rapidez de acesso [...]”. Mais informações sobre a CVM podem ser encontradas no site www.cvm.gov.br. 2.3.3 Superintendência de Seguros Privados Criada pelo Decreto-Lei n.º 73/66, a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) também é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda e tem por objetivo “[...] controlar e fiscalizar os mercados de seguro, previdência complementar aberta, capitalização e resseguro” (OLIVEIRA E PACHECO, 2005, p. 22). Suas atribuições são: [...] fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada 34 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP; atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua através das operações de seguro, previdência privada aberta, de capitalização e resseguro; zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados; promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentosoperacionais a eles vinculados; promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição; zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado; disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas; cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as atividades que por este forem delegadas; prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP. (BACEN) Informações mais detalhadas sobre a SUSEP e suas atividades podem ser encontradas no site www.susep.gov.br. 2.3.4 Superintendência Nacional de Previdência Complementar Autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social, a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) tem por objetivo fiscalizar as atividades das entidades fechadas de previdência Complementar, que são os fundos de pensão. [...] A Previc atua como entidade de fiscalização e de supervisão das atividades das entidades fechadas de previdência complementar e de execução das políticas para o regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar, observando, inclusive, as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar. (BACEN, 2012) Informações mais detalhadas sobre a PREVIC podem ser obtidas no site www.previdenciasocial.gov.br. 2.4 Operadores O grupo constituído pelas instituições operadoras do SFN é também denominado como subsistema operativo ou subsistema de intermediação. Rudge (1993, p. 59), o define como um subsistema operativo, composto por “[...] instituições financeiras públicas ou privadas, que atuam no mercado financeiro [...]”. Assaf Neto (2018, p. 48), por sua vez, o define como subsistema operativo ou de intermediação, “[...] composto das instituições (bancárias ou não bancárias) que atuam em operações de intermediação financeira. [...]”. 35 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Tais instituições, segundo o BACEN são: Instituições financeiras captadoras de depósitos à vista, Bolsas de mercadorias e futuros, Resseguradores, demais instituições financeiras, Bancos de câmbio, Bolsas de valores, Sociedades seguradoras, outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros, sociedades de capitalização, entidades abertas de previdência complementar e entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). As instituições deste subsistema serão abordadas sem uma discussão mais aprofundada, em função de suas complexidades, embora sejam muito significativas para o sistema financeiro nacional e seu funcionamento. Informações mais detalhadas sobre cada uma delas poderão ser obtidas posteriormente, conforme for necessário. 2.4.1 Instituições financeiras captadoras de depósitos à vista São consideradas como instituições financeiras captadoras de depósitos à vista os Bancos Comerciais, os Bancos Múltiplos com carteira comercial, a Caixa Econômica Federal e as Cooperativas de Crédito. Os bancos comerciais são instituições financeiras, públicas ou privadas, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que apresentam como objetivo principal proporcionar condições e recursos que possam financiar as pessoas jurídicas e físicas, em atendimento às suas necessidades. As atividades básicas dos bancos comerciais, conforme Pinheiro (2001), são classificadas em prestação de serviços bancários e de concessão de crédito. Captar depósitos à vista, conforme Resolução 2.099 do CMN, é uma atividade típica do banco comercial, que pode, também, fazer captação de depósitos a prazo. Os bancos múltiplos, por sua vez, são instituições financeiras privadas ou públicas que trabalham com uma diversidade de carteiras de produtos e serviços, ampliando o leque oferecido pelos bancos comerciais. Conforme Resolução 2.099 do CMN, essas carteiras são: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. Para Pinheiro (2001, p. 67) esses bancos “[...] surgiram com a finalidade de racionalizar a administração das instituições financeiras, permitindo que a mesma tenha personalidade própria [...]” (PINHEIRO, 2001, p. 67). Segundo Assaf Neto (2018, p. 49), “[...] Para que uma instituição seja configurada como um banco múltiplo, ela deve operar pelo menos duas das carteiras apresentadas, uma delas necessariamente de banco comercial ou de banco de investimento”. 36 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A Caixa Econômica Federal (CEF), assim como as demais caixas econômicas, são instituições financeiras públicas que “[...] atuam de forma autônoma e apresentam um objetivo claramente social [...]” (ASSAF NETO, 2018, p. 46), priorizando empréstimos e financiamentos que tenham tais características. Consideradas como auxiliares do governo federal em sua política de crédito, apresentam como principal função “[...] estimular a poupança popular, aplicando os depósitos à vista do público, os depósitos em caderneta de poupança e demais recursos, em operações de crédito que visem à promoção social e o bem-estar da população” (PINHEIRO, 2001, p. 66). A CEF tem monopólio de empréstimo sob penhor de bens pessoais e consignação e da venda de bilhetes da loteria federal, além de centralizar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e integrar o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Sob legislação e normas do sistema financeiro nacional e da política nacional de cooperativismo, as cooperativas de crédito são instituições financeiras que possuem forma e natureza jurídica própria, não sujeitas à falência e que buscam atendimento exclusivo aos seus associados, conforme aponta Pinheiro (2001). Assaf Neto (2018, p. 50), diz que elas “[...] são instituições voltadas a viabilizar créditos a seus associados, além de prestar determinados serviços”. 2.4.2 Bolsas de Mercadorias e Futuros As Bolsas de Mercadorias e Futuros (BMFs), grosso modo, representam o espaço em que agentes econômicos interessados em produtos agrícolas ou manufaturados reúnem-se para a realização de operações de compra e venda desses produtos. Segundo o BACEN, elas “[...] são associações privadas civis, com objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira, das operações realizadas em pregão ou em sistema eletrônico [...]”. Para Pinheiro (2001, p. 74), entre os principais objetivos das BMFs estão os de “[...] propiciar ao mercado condições adequadas para a realização de compra à vista, a termo, a futuro, etc. de cereais ou de outros grãos, bem como de outras mercadorias suscetíveis de ser negociadas nos pregões”. Uma expectativa em relação a elas é de que consigam desenvolver um mercado de derivativos transparente, que proporcione condições para os agentes econômicos operarem com segurança face a possíveis incertezas em relação a preços futuros de commodities, taxas de juros e outros. No Brasil, a BM&FBOVESPA S.A., criada em 2008, com a união da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), constitui-se 37 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 numa das maiores bolsas do mundo em valor de mercado e, também, na segunda das Américas e líder no continente latino-americano. Em 2017 a BM&F BOVESPA realizou fusão com a CETIP, formando a B3, que já nasce sendo a quinta maior bolsa do mundo, em termos de valores de mercado. Informações mais detalhadas sobre a BM&FBOVESPA podem ser obtidas no site http://www.b3.com.br/pt_br/. 2.4.3 Resseguradores Resseguradores são instituições que realizam o seguro das seguradoras, ou seja, eles realizam o seguro do seguro, fazendo, portanto, um resseguro. Prática comum no mundo, o resseguro é uma “[...] forma de mitigar
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