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Profª MARIANA MEDEIROS XIMENES. xm.mariana@gmail.com CARGA MÓVEL ENGENHARIA DE PONTES - São aquelas devidas a veículos que percorrem a estrutura (caso pontes rodoviárias ou ferroviárias, viadutos, pontes rolantes industriais). - As posições que ocupam na estrutura variam à medida que os veículos por elas representados atravessam. - NBR 7188 – Carga móvel rodoviária e de pedestre em pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas. CARGA MÓVEL - Suponhamos que nossa missão seja projetar um viaduto. Que veículos (cargas móveis) colocaremos sobre eles? Em que ordem? - A esta pergunta, diversos pesquisadores, em diversos países, responderam com a criação de veículos ideais, denominados trens-tipo (por influência das pontes ferroviárias), definidos pelas normas de projeto de cada país e que variam dependendo da natureza e da forma de utilização da estrutura. TRENS-TIPO - São constituídos por cargas concentradas e uniformemente distribuídas, de valores conhecidos e guardando uma distância conhecida, constante, entre si. - Desta forma, conhecida a posição de uma das cargas do trem-tipo, conhecemos imediatamente a posição de todas as demais. - Segundo a norma em questão, em pontes rodoviárias, a carga móvel é constituída por um veículo e por cargas q e q' uniformemente distribuídas. - A carga q é aplicada em todas as faixas da pista de rolamento, nos acostamentos e afastamentos, descontando-se apenas a área ocupada pelo veículo. A carga q' é aplicada nos passeios, não majorada de impacto. - Essas cargas são fictícias, e procuram levar em consideração a ação de multidão e de outros veículos mais leves ou mais afastados das zonas onde as cargas produzem maiores esforços solicitantes, com um esquema de carregamento mais cômodo para o cálculo. - Os trens-tipo para pontes rodoviárias são divididos em três classes: a) classe 45 – na qual a base do sistema é um veículo-tipo de 450kN de peso total; b) Classe 30 - na qual a base do sistema é um veículo-tipo de 300kN de peso total; c) Classe 12 - na qual a base do sistema é um veículo-tipo de 120kN de peso total; Fonte: NBR 7188 Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestre, 1982. Com relação aos passeios, a norma NBR 7188, estabelece que os mesmos devem ser carregados com a carga q' sem acréscimo devido ao efeito dinâmico, no entanto, as peças que suportam diretamente os passeios, ou seja, a estrutura de suporte do passeio, devem ser verificadas para a ação de uma sobrecarga de 5 kN/m², sem acréscimo devido ao efeito dinâmico. Os guarda-rodas e as defensas, centrais ou extremos, devem ser verificados para uma força horizontal de 60 kN, sem acréscimo devido ao efeito dinâmico, aplicada na aresta superior, como consequência da finalidade desses elementos. A norma permite, para a avaliação das solicitações na implantação desses elementos, a distribuição a 45° do efeito da citada força horizontal. A simples consideração de cargas estáticas não corresponderia à realidade em virtude: - das oscilações provocadas pelos veículos, especialmente pelos trens, e causadas pela existência de excêntricos nas rodas; - pela ação das molas; - pelas juntas dos trilhos ou por irregularidades da pista; - pela força centrífuga causada pela deformação da ponte sob a ação das cargas. A análise de todos estes efeitos deve ser feita pela teoria da Dinâmica das Estruturas, e resulta bastante trabalhosa; daí, levar-se em conta na prática, o efeito dinâmico das cargas móveis de maneira global, dando a elas um acréscimo e considerando-as como se fossem aplicadas estaticamente. EFEITO DINÂMICO DAS CARGAS MÓVEIS Os resultados de Q e q’ são as cargas concentradas e distribuídas, respectivamente. Esses são os valores de carga móvel iguais aos característicos ponderados pelos coeficientes de impacto vertical (CIV), do número de faixas (CNF) e de impacto adicional (CIA), definidos como: 𝑄 = 𝑃 𝐶𝐼𝑉 𝐶𝑁𝐹 𝐶𝐼𝐴 𝑞′ = 𝑝 𝐶𝐼𝑉 𝐶𝑁𝐹 𝐶𝐼𝐴 COEFICIENTE DE IMPACTO VERTICAL (CIV) Majora os carregamentos concentrados P e distribuídos q no dimensionamento das peças estruturais. O coeficiente aumenta a carga estática a partir do efeito da amplificação dinâmica da carga em movimento e da suspensão de veículos. É definido como: 𝐶𝐼𝑉 = 1 + 1.06 20 𝐿𝑖𝑣 + 50 ≤ 1,35 Sendo 𝐿𝑖𝑣 o comprimento do vão, expresso em metros, limitado a 200m. Eles são obtidos em função do comprimento livre de cada vão, sendo para os vãos em balanço 𝐶𝐼𝑉𝑏 e para o vão central 𝐶𝐼𝑉𝑐 COEFICIENTE DE NÚMERO DE FAIXA (CNF) Ajusta os valores das cargas móveis a partir do número de faixa definido na seção transversal da ponte. O coeficiente leva em consideração a probabilidade de a carga móvel ocorrer em função do número de faixas. 𝐶𝑁𝐹 = 1 − 0.05(𝑛 − 2) > 0.9 Em que 𝑛 é o número inteiro de faixas de tráfego rodoviário a serem carregadas sobre um tabuleiro transversalmente contínuo. COEFICIENTE DE IMPACTO ADICIONAL (CIA) Majora os esforços nas lajes em função de imperfeições ou descontinuidades da superestrutura para seções com afastamento inferior a 5m desses pontos. A NBR 7188 declara que o CIA deve ser tomado igual a 1.15 em obras de aço e 1.25 em obras de concreto ou mistas. CARGA DE FRENAGEM E/OU ACELERAÇÃO Em harmonia com NBR 7188, as forças horizontais devidas a frenagem e/ou aceleração aplicadas no nível do pavimento são um percentual da carga característica dos veículos aplicados sobre o tabuleiro, na posição mais desfavorável. 𝐻𝑓 = 0,25 𝐵 𝐿 𝐶𝑁𝐹 ≥ 135𝑘𝑁 Em que: 𝐻𝑓= é a força de frenagem e/ou aceleração, expressa em kN; 𝐵 = largura efetiva, expressa em metros, da carga distribuída q; 𝐿= comprimento concomitante, expresso em metros, da carga distribuída q. CARGA DE VENTO O vento é uma ação dinâmica que incide sobre a estrutura da ponte preponderantemente no plano transversal à sua seção. Para o caso proposto, foi desprezado o efeito dinâmico devido à turbulência atmosférica, fazendo-se adaptações necessárias do modelo estático para as condições fictícias do problema. Só foi levada em consideração a ação do vento do vento a 90°, visto que no outro sentido será impedida pelos encontros. Força de arrasto A força de arrasto (𝐹𝑎) é a componente da força do vento na direção de incidência, sendo assim uma força horizontal. Esta é determinada pela seguinte relação: 𝐹𝑎 = 𝑞𝐶𝑎𝐴𝑒 Em que: 𝐹𝑎= força de arrasto; 𝑞 = pressão dinâmica; 𝐶𝑎= coeficiente de arrasto; 𝐴𝑒= área de projeção ortogonal da edificação sobre um plano perpendicular à direção do vento. Para determinação do coeficiente de arrasto segundo a NBR 6123, calculam-se previamente as relações: ℎ 𝐿1 e 𝐿1 𝐿2 Os valores obtidos das relações anteriores fornecem o coeficiente de arrasto verificado no ábaco fornecido pela NBR 6123. A área frontal efetiva para o cálculo da força de arrasto é definida a partir da largura perpendicular à ação do vento e da soma da altura de longarinas, lajes e defensas. Assim a área frontal é calculada conforme a seguir: 𝐴𝑒 = 𝐿1𝐻𝑡𝑎𝑏 Em que: 𝐴𝑒= área efetiva; 𝐿1= comprimento da ponte; 𝐻𝑡𝑎𝑏= altura do tabuleiro. Segundo a NB-2 (Laje contínua para pontes) para pontes rodoviárias, as pressões devidas ao vento são consideradas em duas condições: - Pontes descarregadas 𝑞 = 1,5 𝑘𝑁/𝑚² na superfície delimitada pela estrutura. - Pontes carregadas 𝑞 = 1 𝑘𝑁/𝑚² na superfície delimitada pela estrutura sem as barreiras acrescida de uma projeção de veículos com altura 2m. EXEMPLO Calcule as cargas (permanentes e acidentais) que atuam na ponte considerada. Ponte em viga com duas longarinas pré-moldadas que pode servir como base para análise, o dimensionamento e o detalhamento. - Propriedades físicas dos materiais Concreto 𝑓𝑐𝑘(Mpa) 50 Tipos de agregados Granito e gnaisse 𝐸𝑐𝑠(GPa) 36.6 𝜐 – coeficiente de poisson 0,2 𝛾𝑐(kN/m³) – peso específico 25 Armadura passiva– CA-50 𝑓𝑦𝑘 500 𝐸𝑠 (GPa) 210 Além disso, o cobrimento foi adotado como 3,5 cm para lajes e 4 cm para vigas e pilares, considerando classe de agressividade III. - Caracterização geométrica da ponte: - Vão central 20 metros e dois balanças de 5 m. - Sustentada por 4 pilares e pelo sistema estrutural de pontes em viga, assim foram definidas duas longarinas pré-moldadas com seções transversais tipo V, segundo ASCII. - Foram empregadas duas faixas, totalizando um tabuleiro com 780 cm de largura. - As lajes são maciças com espessura constantes de 25 cm. Figura 1 – Vista tridimensional da estrutura da ponte. - Foram empregadas transversinas nas extremidades e nos apoios com o pilares sendo estas retangulares com dimensões de 15cm x 60 cm. - Foram utilizadas defensas de concreto armado tipo New Jersey . - Pavimentação com 8 cm para compor o restante do tabuleiro. - Os pilares são retangulares com dimensões de 80 cm x 80 cm e travados por travessas retangulares com dimensões de 30 cm x 80 cm, criando pórticos; - Por fim a ligação entre pilares e longarinas foi realizada a partir de aparelhos de apoio. Figura 2 – Planta baixa do pavimento do tabuleiro e do topo dos pilares, e dimensões das longarinas pré-moldadas. A Figura 2 ilustra a planta baixa do pavimento do tabuleiro e do topo dos pilares, e as dimensões das longarinas do tipo V de acordo com AISCII. Assim, é possível observar que as longarinas comumente utilizadas em pontes apresentam mesas com dimensões distintas em virtude da necessidade de mesas mais largas para aumentar a resistência ao cisalhamento da laje próximo às longarinas e da exigência de mesas com maiores alturas na base para que possam ser inseridas mais armaduras positivas (não é uma prática comum utilizar armaduras passivas nas almas). A NBR 7187 afirma que as vigas de seção retangular e as nervuras das vigas de seção T, duplo T ou celular concretadas no local, nas estruturas de que trata essa norma , não devem ter largura de alma menor que 20 cm. Em vigas pré-moldadas de seção T, duplo T, fabricadas em usina com a utilização de técnicas adequadas e controle de qualidade rigoroso, a largura da alma pode ser reduzida até o limite mínimo de 12 cm. Figura 3 – Corte AA, BB e CC da ponte. Figura 5 – vinculações entre superestrutura, mesoestrutura e infraestrutura. Figura 4 – Corte DD da ponte. A figura 3 apresenta os cortes AA, BB e CC, enquanto a Figura 4 demonstra o corte DD da estrutura da ponte. Por fim, as condições de vinculação para o modelo tem rotações livres e deslocamentos fixos nos pilares, funcionando como rótulas. A Figura 5 apresenta as vinculações entre pilares e longarinas para a ponte. Os aparelhos de apoio apresentam dimensões quadradas de 60 cm x 60 cm e altura de 10 cm, sendo quatro ao todo. Estes são dimensionados aos esforços horizontais e verticais transferidos das longarinas para os pilares, permitindo rotações e, assim funcionando como rótulas. Portanto, esse aparelho de apoio tem de ser bem dimensionado, uma vez que permite deslocamentos e rotações elásticas que não podem ser exageradas. Para o dimensionamento analítico da ponte, são consideradas algumas simplificações quanto aos deslocamentos entre pilares e longarinas: a) Os deslocamentos verticais e horizontais são nulos; b) As rotações são livres. Dessa forma, é considerado que os pilares recebem todos os carregamentos verticais e horizontais das longarinas, porém os momentos fletores são dissipados pela deformação rotacional dos aparelhos. Avalia-se que essas condições não são reais, em razão de ocorrerem tanto deformações verticais quanto horizontais nas borrachas, todavia são controladas de acordo com o dimensionamento. Essas simplificações facilitam o cálculo estrutural analítico da ponte e, sem elas, o processo se torna mais complexo. Nas ligações entre vigas e lajes são adotados conectores de cisalhamento, sendo estes necessários para que haja transferência integral de tensões de cisalhamento, trabalhando como uma peça monolítica. Dessa forma, as lajes colaboram para a resistência das longarinas. CARGAS PERMANENTES Para o caso em estudo, são consideradas as cargas devidas ao peso próprio: - Pavimentação → 𝛾𝑝𝑎𝑣 = 24𝑘𝑁/𝑚³ - Defensas → 𝛾𝑑𝑒𝑓 = 25𝑘𝑁/𝑚³ 𝑞𝑝𝑎𝑣 = 𝛾𝑝𝑎𝑣. ℎ𝑝𝑎𝑣 + 𝑞𝑟𝑒𝑐 → 𝑞𝑝𝑎𝑣 = 24.0,08 + 2 = 3,9𝑘𝑁/𝑚² CARGAS PERMANENTES A determinação das cargas devida às defensas é feita a partir da área da defensa multiplicada pelo peso específico do concreto armado. 𝑞𝑑𝑒𝑓 = 𝛾𝑐 . 𝐴𝑑𝑒𝑓 → 𝑞𝑑𝑒𝑓 = 25. (0,4.0,85) = 8,5𝑘𝑁/𝑚 CARGAS PERMANENTES As cargas devidas à lajes são obtidas a partir da multiplicação do peso específico do concreto armado pela altura da laje. 𝑞𝑙𝑎𝑗𝑒𝑠 = 𝛾𝑐 . ℎ𝑙𝑎𝑗𝑒𝑠 → 𝑞𝑙𝑎𝑗𝑒𝑠 = 25. (0,25) = 6,25𝑘𝑁/𝑚² Enquanto as devidas às longarinas e às transversinas são calculadas pela multiplicação peso específico do concreto armado pela áreas de seção transversal. 𝑞𝑙𝑜𝑛𝑔 = 𝛾𝑐 . 𝐴𝑙𝑜𝑛𝑔 → 𝑞𝑙𝑜𝑛𝑔 = 16,3𝑘𝑁/𝑚 𝑞𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = 𝛾𝑐 . 𝐴𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 → 𝑞𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = 2,25𝑘𝑁/𝑚 CARGA MÓVEL Para a análise dos carregamentos foi considerada a carga móvel rodoviária padrão TB 450, que é definida pela NBR 7188 como um veículo-tipo de 450 kN. Considerar a carga móvel na posição mais desfavorável, inclusive em acostamentos e faixas de segurança. CARGA MÓVEL Os resultados Q e q são as cargas concentradas e distribuídas, respectivamente. Esses valores são de carga móvel iguais aos característicos ponderados pelos coeficientes de impacto vertical (CIV), número de faixas (CNF) e de impacto adicional (CIA), definidos como: 𝑄 = 𝑃 𝐶𝐼𝑉 𝐶𝑁𝐹 𝐶𝐼𝐴 𝑞 = 𝑝 𝐶𝐼𝑉 𝐶𝑁𝐹 𝐶𝐼𝐴 A distribuição das cargas móveis ao longo do tabuleiro e mostrada na figura abaixo, na qual tem-se um veículo trem-tipo TB-450 dentro de uma área de 6m x 3m, enquanto a sobrecarga é distribuída no restante. Ressalta-se que o trem- tipo deve ser posicionado nos pontos que gerem os maiores esforços para cada componente estrutural a ser verificado. Carga de frenagem e/ou aceleração Carga do vento A carga do vento para o caso da ponte carregada determinada pela norma apresentou o maior valor. Como na aplicação da carga horizontal devida a frenagem e/ou aceleração, foi adotado que a força de arrasto é aplicada nos dois pórticos com mesma intensidade. Logo, a força devida ao vento em cada pórtico é: 𝐻𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝐹𝑎,𝑚𝑎𝑥 𝑛𝑝 = 115,5 2 = 57,8𝑘𝑁 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Todo o texto e todas as figuras contidas nesta apresentação tem como referência: CAVALCANTE, G. H. F. Pontes de Concreto Armado: análise e dimensionamento. São Paulo: Blucher, 2019. FIM!!!
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