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Coleções Biológicas 
 
Coleções biológicas são definidas como um conjunto de organismos fósseis ou atuais, podendo 
ser exemplares completos ou somente parte deles, devidamente preservados e catalogados com a 
finalidade de estudos didático-científico. 
Funcionam como um ponto de partida para ecólogos, zoólogos, botânicos e outros especialistas 
estudarem a diversidade de uma região, a partir da informação e da identificação de seus objetos de 
estudo. 
As coleções são um panorama geográfico e temporal abrangente, que representam a herança 
cultural e a riqueza histórica de um determinado território. 
Para isso, os registros das coleções biológicas são codificados e organizados com conjuntos de 
dados associados, de modo a fornecer informações como procedência, coleta e identificação. 
São uma das mais importantes ferramentas para obtenção de informações sobre a composição, 
distribuição e conteúdo da biodiversidade em um determinado ambiente. 
Além da pesquisa científica, as informações contidas nas coleções podem ter outros usos, como 
subsidiar a tomada de decisão por parte do poder público em questões de conservação da 
biodiversidade, uso dos recursos naturais do país e ordenamento territorial. 
De acordo com Schatz (2002), o principal conhecimento da diversidade biológica emana do 
estudo das coleções de história natural efetuado pelos taxonomistas. 
Como depositárias de parte dos testemunhos dessa riqueza, as coleções desempenham um papel 
único e crítico para os esforços globais de mitigar a perda da biodiversidade. 
 
Documentar, compreender e educar o mundo sobre a vida no nosso planeta no passado e 
no presente e projetar o futuro. 
 
História das Coleções Biológicas 
Século XVII, a coleta de exemplares da fauna e da flora eram realizadas por naturalistas, 
admiradores da natureza, curiosos, amantes da beleza do exemplar, comerciantes ou aventureiros 
Todo o material coletado era encaminhado para os gabinetes de curiosidades da nobreza 
europeia. 
Esses gabinetes eram formados por armários e salas, que continham objetos científicos de 
acordo com o interesse do proprietário. 
Ao longo do tempo, a posse desses objetos conferia status social a seu detentor, surgindo a 
cultura de colecionismo, no período Pré-Linneano (1600-1750 d.c). 
Os gabinetes de curiosidades foram os precursores do que hoje são as grandes coleções 
zoológicas europeias e os museus modernos de todo o mundo. 
Os tipos de coleções mais comuns nessa época (por serem relativamente mais fáceis de 
preservar), eram as coleções de esqueleto, em partes ósseas separadas ou esqueletos montados, 
coleções de conchas e coleções de exemplares animais empalhados (taxidermizados), que eram 
processados com técnicas de secagem ou salgando as peles. 
Em meados do século XVIII por sugestão de Robert Boyle, os colecionadores passaram a usar o 
“espírito de vinho” que nada mais era que álcool etílico, para a preservação em meio úmido das partes 
moles dos animais. 
No Brasil as coleções zoológicas existem desde 1818 por iniciativa de Dom João VI. 
Fundou a Casa dos Pássaros, um Gabinete de Estudos de História Natural, localizado no Rio de 
janeiro. 
Neste local os espécimes brasileiros eram empalhados e colecionados, futuramente dando 
origem ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa -Vista São Cristóvão (que sofreu um 
grave incêndio em setembro de 2018 e perdeu grande parte do seu acervo). 
Foi também Dom João VI o criador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, hoje uma das mais 
renomadas instituições de pesquisa em flora do Brasil, que surgiu em 1808 como jardim para 
aclimatação de espécies vegetais originárias de outras partes do mundo. 
Em 1866 e 1886, foram criadas as coleções científicas do Museu Paraense Emílio Goeldi e do 
Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, respectivamente. 
A partir daí, começaram a surgir coleções biológicas em diversas outras instituições, como 
universidades e institutos de pesquisa. Somam-se a essas, atualmente, também as coleções particulares. 
O número exato de coleções biológicas existente no Brasil ainda não foi determinado com 
exatidão. 
Os resultados da pesquisa realizada em 2013 pelo SiBBr, respondida por 109 instituições, 
indicaram a existência de 586 coleções. 
Considerando que o índice de resposta da pesquisa foi de 50%, esses dados sugerem que o 
número exato de coleções biológicas no País pode ser bem superior ao indicado. 
Tendo em conta os dados disponibilizados no SiBBr, cerca de 400 coleções já publicaram seus 
dados no Sistema. 
É difícil prever o número total de espécimes, de espécies e de registros associados que estão 
depositados nas coleções brasileiras. 
As primeiras avaliações sugerem que haja cerca de 26 milhões de espécimes, o que faria das 
coleções brasileiras o maior acervo do mundo sobre a região neotropical. 
Com o desenvolvimento e sistematização da ciência, houve um aumento da necessidade do 
acúmulo de espécimes em coleções para servir de base para descrições de espécies novas, delimitações 
de suas distribuições geográficas e até mesmo da conservação da biodiversidade. 
Só se pode conservar o que se conhece e, por isso, o primeiro estágio para conservar a 
biodiversidade é descrevê-la, mapeá-la e medi-la (MARGULES & PRESSERY, 2000). 
Inicialmente, o material colecionado trazia consigo, em livros de registros ou nas anotações de 
seus coletores, vagas informações sobre o local de coleta e, muitas vezes, somente o continente era 
mencionado 
Com o passar do tempo, percebeu-se a importância de se primar pela qualidade do seu preparo 
a fim de aumentar sua durabilidade, além de se manter a precisão no registro de informações sobre 
procedência e condições de coleta, incluindo até dados comportamentais. 
Com isso, a utilização de coleções científicas tornaram-se importante material e fonte de 
informações favorecendo o conhecimento da biodiversidade, e ajudando a traçar estratégias de 
conservação de áreas e espécies em risco ou ameaçadas de extinção. 
 
Tipos de Coleções Biológicas 
 
Coleção Didática 
O material não necessariamente precisa ter os dados de coleta (data, origem, localização 
geográfica, coletores, técnica de amostragem etc.), porém, deve estar íntegro o suficiente para uso 
didático (apoio pedagógico). 
Este material é usado no ensino sobre os diferentes grupos biológicos. 
O mais comum é encontrarmos exemplares de espécies de fácil aquisição (coleta), mas que 
representem a generalidade do grupo taxonômico a ser estudado. 
É comum a perda de material em coleções didáticas. 
Um exemplo de coleção didática seria uma coleção de insetos, reunindo exemplares de todas as 
ordens, com a finalidade de ensino, e que possibilite aprender a identificar os diferentes grupos. 
O registro no banco de dados de uma coleção como esta deve constar uma nota informando que 
o material foi perdido – é incorreto apagar o registro do banco de dados – e sim somente não utilizá-lo 
mais. 
Para aprimorar as coleções didáticas, o PPBio estimula um sistema de permuta entre as 
universidades, de forma que cada coleção possua representações de todos os grupos taxonômicos dos 
diversos tipos de ambientes (mesmo aqueles que não ocorrem nas proximidades), por exemplo, do 
ecossistema marinho. 
 
Coleção de Referência 
Voltada ao acervo de determinado táxon ou táxons, com material que sirva de base para estudos 
de um grupo taxonômico ou como base de comparação em identificações. 
É necessário tomar o cuidado para não ser confundida com Coleção Regional. 
Vamos supor que tenhamos uma coleção de referência de lagartos: nesta coleção teremos 
exemplares de lagartos (com dados de amostragem básicos corretos) que servirão de guia (referência) 
para outros estudos, por exemplo, na identificação de um material proveniente de uma expedição, 
quando se tenha dúvida, usando somente a bibliografia. 
Esta coleção seria formada então por poucos exemplares de cada espécie (de 1 indivíduo até 3 
casais, por exemplo). 
AColeção de Referência é utilizada na pesquisa de um determinado grupo, podendo ter 
exemplares do mundo todo, de uma região ou bioma específico, para fins de comparação e estudos 
futuros sobre este grupo. 
Podemos ter, assim, Coleções de Referência somente de grupos mais restritos (Odonata, Apidae, 
Drosophila, Sarcopterygii, Anura, etc...). 
Recomenda-se que o tratamento dos dados de amostragem seja como na Coleção Científica. 
 
Coleção Regional 
Como o próprio nome diz, trata-se de um acervo (com todos os dados de coleta corretos) que 
possui exemplares de toda ou parte da biota de uma região. 
O termo "região" não precisa ter necessariamente uma escala definida, podendo ser no nível de 
país, estado, município, bioma, unidade de conservação, regiões específicas, desde que seja bem 
definida. 
Esta seria a que mais se aproximaria de uma Coleção Científica. 
É claro que também serve de referência, apenas com a ressalva que unicatas coletadas na região 
devem ser depositadas em Coleções Científicas. 
Assim, uma Coleção Regional é composta por diversos taxa daquela região, por exemplo, uma 
Coleção Regional de Invertebrados do oeste Paraense. 
Exemplares de outras regiões podem ser incorporados, até mesmo para servirem de referência 
no futuro, neste tipo de coleção. 
 
Coleção Científica 
Tem o compromisso de preservar o acervo indefinidamente. 
Deve ser o registro permanente da herança natural do planeta e o investimento da sociedade 
neste tipo de coleção deve ser contínuo. 
É indicado que uma Coleção Científica deve ter o compromisso da instituição em que se encontra 
para a sua manutenção permanente. 
Vale lembrar que é comum a existência de ótimas coleções de determinado grupo de seres vivos 
onde há um pesquisador especialista neste grupo, em determinada instituição, mas que ao ocorrer o 
encerramento das atividades deste especialista na instituição, sem reposição ou interesse de outros 
pesquisadores, a coleção acaba se deteriorando. 
Assim, os museus são os locais mais adequados para a manutenção de coleções científicas 
biológicas. 
Exemplares de valor da amostra da biodiversidade devem estar alocados nessas coleções, como, 
por exemplo: exemplares tipos de descrição de espécies novas, “vouchers” de pesquisas científicas, 
exemplares representativos de regiões (espaço) e também de períodos distintos (tempo). 
O tratamento dos dados dessas coleções deve ser rigoroso e o mais acurado possível. Mesmo os 
exemplares raros, porém, sem dados mínimos de coleta, usualmente não são integrados a esses acervos. 
 
Organização de uma coleção 
As coleções, sejam de qualquer tipo, devem seguir uma série de normas e procedimentos éticos 
organizacionais para fins de responsabilidade (PAPAVERO,1994). 
Há três níveis de hierarquia, que muitas vezes se sobrepõem, sendo confundidas ou mesmo 
acumuladas como apenas uma função, resultado decorrente da falta recursos financeiros para 
contratação de mais profissionais. 
Curador, pessoa legalmente responsável pela coleção, desenvolve os protocolos e organiza a 
conservação; 
Auxiliar Técnico, que trabalha diretamente com a coleção de forma prática; 
Gerente de Coleção, que coloca em prática os protocolos desenvolvidos pelo curador, organiza 
as coleções e disponibiliza informações sobre a mesma. 
 
Etapas e processos para depósitos de exemplares 
 
Invoice 
Todo exemplar que é retirado da coleção seja ele, emprestado, permutado ou transportado, 
precisa ser documentado para fins legais e de controle (SIMMONS & MUÑOZ-SABA, 2005). 
O invoice é um documento que vai junto com todo exemplar que é retirado da coleção, seja ele 
enviado pelos correios ou transportado em mãos. 
Nesse documento contém os dados do exemplar, seu número de tombo, e se o exemplar foi 
emprestado, permutado, doado, transportado, ou se é uma devolução, caso seja emprestado, também 
vai marcado o período de tempo do empréstimo. 
Também é importante ressaltar que os exemplares da coleção são emprestados apenas para 
pesquisadores associados a instituições científicas, geralmente outros museus e coleções científicas, e 
nunca para pessoas físicas 
 
Tombamento e livro tombo 
Todo exemplar que chega a coleção precisa ser identificado e posteriormente registrado. 
O registro é realizado em um livro denominado tombo, levando ao tombamento do exemplar. 
No livro tombo é onde fica registrado todas as informações dos exemplares da coleção, bem 
como, número de tombo, nome da espécie, procedência do exemplar, data da coleta, nome dos coletores, 
nome do determinador e observações, todas essas informações devem ser escritas com uma caneta 
nanquim pois é resistente ao álcool e água. 
Após ser tombado o exemplar recebe uma etiqueta com o seu número de tombo junto com todas 
as informações sobre o animal e então ele será incorporado na coleção, podendo ser na de via úmida ou 
via seca. 
 
Catalogação 
Cada espécime recebe uma etiqueta de identificação com as informações de local, data, hora e o 
nome do coletor, nome científico do espécime, sexo, sigla da instituição, número do exemplar na coleção 
e material que está sendo preservado. 
Para exemplares preservados em via seca, as etiquetas são amarradas no membro posterior 
direito, para via úmida, as etiquetas devem de papel vegetal, pois é resistente a imersão ao álcool e 
formaldeído, para escrever nas etiquetas o ideal é grafite ou tintas a base de nanquim. 
Varia conforme a instituição 
 
Coleção de tipos 
A coleção dos exemplares tipo é a parte mais importante de toda a coleção científica, pois, é onde 
fica armazenado todos os holótipos, síntipos, parátipos, neótipos e demais exemplares referentes aos 
táxons já descritos e depositados em uma determinada coleção. 
Um holótipo é o exemplar escolhido para representar um determinado táxon, em outras palavras 
é ele que “carrega” o nome da espécie. 
O holótipo é escolhido pelo autor da descrição de um novo táxon e os parátipos fazem parte da 
série tipo que foi coletada juntamente com o holótipo e também fazem parte da descrição de um táxon. 
Na perda do holótipo um novo exemplar da série tipo é designado como o neótipo. 
 
Referências 
Margules, C.R. & Pressery, R.L. 2000. Systematic conservation planning. Nature 405: 243–253. 
Papavero, N. (Org.). 1994. Fundamentos práticos da taxonomia zoológica. Universidade Estadual Paulista, São Paulo. 
Schatz, G.E. 2002. Taxonomy and herbaria in service of plant conservation: lessons from Madagascar’s endemic families. 
Annals of the Missouri Botanical Garden 89: 145-152. 
Simons, J.E. & Muñoz-Saba, Y. (Eds.). 2005. Cuidado, manejo y conservación de las colecciones biológicas. Universidad Nacional 
de Colombia, Bogotá.

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