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DEFINIÇÃO A física ondulatória e suas aplicações. Pontos em comum entre todos os tipos de onda. Estudo aprofundado das ondas eletromagnéticas que compõem a luz. PROPÓSITO Identificar as informações sobre fenômenos distantes, detectando as ondas que viajam desses fenômenos até nós. Analisar, desde a ultrassonografia, a morfologia de um feto, passando pelas micro- ondas que permitem o uso de telefones celulares, até a luz de estrelas e ondas gravitacionais de buracos negros e estrelas de nêutrons. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos uma calculadora científica ou use seu smartphone ou computador. OBJETIVOS MÓDULO 1 Relacionar os princípios básicos dos fenômenos ondulatórios com o funcionamento de tecnologias MÓDULO 2 Relacionar os princípios básicos da óptica ao funcionamento de tecnologias de microscopia e utilização de lasers INTRODUÇÃO A física de ondas e oscilações tem um papel fundamental em todas as engenharias e ciências básicas. Isso porque é pela propagação de ondas que estudamos tudo aquilo que não podemos medir diretamente. Isso pode incluir as propriedades estruturais no concreto armado, a estratificação do subsolo em um campo de petróleo, um órgão no corpo de um paciente, uma estrela distante etc. Alguns conceitos fundamentais permeiam todas as formas de ondas, como comprimento de onda, frequência, velocidade de propagação, reflexão e refração (fenômenos ópticos). Outras propriedades são específicas de cada tipo de onda, como a polarização de ondas eletromagnéticas ou a fase em um laser coerente. Estudaremos, primeiramente, as propriedades gerais das ondas e, em seguida, os fenômenos físicos que dão origem às diversas formas de ondas e suas características especiais. MÓDULO 1 Relacionar os princípios básicos dos fenômenos ondulatórios com o funcionamento de tecnologias ONDAS Ondas podem ser interpretadas como uma distorção qualquer de um meio ou propriedade física que se propaga no espaço com certa velocidade, carregando consigo energia, mas não o material em si. Matematicamente, uma onda é descrita como uma deformação y que é função da posição x e do instante de tempo t, como , em que v é a velocidade da onda. Essa definição é mais facilmente compreendida na forma de exemplos e contraexemplos. As ondas do mar são um exemplo óbvio de onda. O meio é a água; a distorção é a elevação no nível da água y; e essa elevação se propaga com uma certa velocidade v, carregando consigo energia. Entretanto, a água em si não está fluindo necessariamente. Em média, ela está parada (exceto por pequenos movimentos indo e vindo, que se anulam). Fonte:Free-Photos/pixabay Um exemplo menos óbvio é o das ondas eletromagnéticas. Elas consistem em um campo elétrico variável no tempo, que gera um campo magnético. Por sua vez, a variação de campo magnético gera campo elétrico. Assim, sucessivamente, a oscilação do campo eletromagnético se sustenta e viaja para frente com velocidade v = c, que é a velocidade da luz. y(x, t) = y(x − vt) Fonte: pixelparticle/shutterstock Nesse caso, a distorção y não é apenas um número, mas o vetor inteiro (que pode ser o campo elétrico ou magnético). Nesse caso, o meio é uma questão complexa: por séculos, acreditava-se existir um meio que sustenta tais campos. Hoje em dia, sabe-se que esses campos existem independentemente de um material. De certa forma, o meio é o campo eletromagnético do vácuo. Existem exemplos contrários. Fote: geralt/pixabay CALOR O calor não se propaga como uma onda. Ao contrário, ele se difunde com velocidade que diminui conforme a diferença de temperatura se reduz. Fonte: Foundry/pixabay SOM O som é uma onda, pois ela carrega energia sem que haja deslocamento de massa em média (exceto por pequenas variações de contração e dilatação do ar, que se anulam). Fonte: blickpixel/pixabay VENTO O vento, por outro lado, requer deslocamento de massa, logo não é considerado uma onda. Costumamos associar imediatamente o termo onda ao movimento oscilatório se propagando como uma função senoidal. Mas ondas, de modo geral, possuem uma forma qualquer, que pode não ser periódica. EXEMPLO Um exemplo é o caso em que seguramos uma corda longa sacudindo-a uma vez. Tal deformação se propaga para frente de forma que obedece a todas as definições de uma onda, ou seja é uma deformação y (altura da corda) que se propaga com velocidade v, tal que y(x,t) = y(x-vt). Entretanto, ela não possui uma periodicidade bem definida (ou, equivalentemente, uma frequência). Veremos adiante que é vantajoso estudarmos as ondas periódicas devido a suas propriedades físicas relativamente simples. Ondas de forma mais complexa são descritas matematicamente utilizando uma propriedade das funções seno e cosseno – quaisquer ondas (mesmo as não-periódicas) podem ser descritas como um somatório de muitas ondas senoidais (chamado de princípio da superposição). Essa análise da decomposição de ondas em senos e cossenos, chamada de transformação de Fourier, tem poderosa aplicação em todas as ciências. Não entraremos em maiores detalhes matemáticos sobre essa transformação, mas compreender a existência dessa conexão justifica o nosso estudo devotado a ondas periódicas. ONDAS ELETROMAGNÉTICAS E ONDAS MECÂNICAS A principal razão para nos interessarmos em estudar ondas periódicas é o fato de que elas surgem naturalmente como soluções das equações de movimento que dão origem ao comportamento ondulatório. Funções seno e cosseno são soluções naturais de equações que descrevem forças restaurativas. FORÇAS RESTAURATIVAS Força restaurativa é qualquer exemplo de força que tende a fazer o sistema retornar ao equilíbrio com intensidade tão maior quanto maior for o desvio do equilíbrio. EXEMPLO O exemplo clássico de uma força restaurativa é a força mola F = -kΔx, que cresce conforme aumentamos a deformação da mola Δx, sempre tendendo a retornar para o caso Δx = 0. Outro exemplo são as forças de pressão: ao emitirmos um som, criamos deformações na densidade do ar que levam a diferenças de pressão restaurativas – onde o ar possui maior densidade, a pressão aumenta e o ar tende a se expandir, e vice-versa. Não resolveremos aqui a equação diferencial multivariada que leva às ondas, mas afirmaremos que tais soluções possuem a forma geral: Y(X,T) = A COS (KX - ΩT + Φ) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal javascript:void(0) Nessa equação, temos a definição de alguns parâmetros importantes em toda onda, que estão mostrados na figura a seguir. Fonte: Adaptado do Autor O primeiro parâmetro A é a amplitude da onda. Ela está associada ao máximo valor do deslocamento ou distorção y, quando comparada ao caso relaxado y = 0. O ponto máximo da onda é chamado de crista, e o mínimo, de vale. O ponto em que a onda passa pelo valor de y = 0 é chamado de nó. Em seguida, temos no argumento da função cosseno o termo kx - ωt + ϕ, chamado de fase, que vai determinar em que ponto da oscilação a onda está. Nesse caso, a direção de propagação é x positivo. COMENTÁRIO Notamos isso, pois, ao passar um pequeno tempo Δt, a onda se torna uma função idêntica à anterior, mas deslocada para a direita por uma quantidade determinada por ωΔt. Equivalentemente, uma propagação na direção x no sentido negativo de x seria descrita como uma função , em que a única mudança é o sinal relativo entre o termo kx e ωt. Note que, para um instante qualquer t, a função cosseno possui uma periodicidade espacial tal que, a cada ciclo de 2π que a fase completa, a onda retorna ao mesmo estágio. EXEMPLO y(x, t) = A cos(kx + ωt + ϕ) Ao medirmos a distância Δx entre duas cristas consecutivas, obtemos kΔx = 2π. Essa distância é o que chamamos de comprimento de onda Δx = λ = 2π/k. A quantidade k é chamada de número de onda, medida em rad (rad é o radiano, medida de ângulo que varia de 0 a 2π) /s. Para uma propagação mais complexa, em três dimensões, é comumtermos no lugar de kx a generalização . Nesse caso, chamamos de vetor de onda. Alternativamente, podemos nos manter em um ponto fixo de observação x e analisar a passagem da onda. A cada intervalo Δt, a onda retorna ao mesmo estado (mesma fase). EXEMPLO Se uma crista passa por um ponto de observação x0, outra crista passará após um intervalo determinado por ωΔt = 2π. Tal intervalo é chamado de período . Chamamos ω de frequência angular, medida em rad/s. É comum também definirmos a frequência linear, ou simplesmente frequência, dada por , medida em Hz (hertz), ou ciclos/s ou s-1, sendo que todas essas medidas são idênticas. Por último, temos o desvio de fase ϕ. Essa quantidade se relaciona com a escolha de origem do eixo x com relação à onda, assim como à escolha do instante inicial. Por exemplo no caso da figura acima, caso essa imagem da onda se referisse ao tempo t = 0, teríamos um nó da onda em x = 0. Uma função cosseno teria uma crista se seu argumento fosse zero. Isso indica que essa onda está desviada horizontalmente (desvio de fase) por . Essa onda é dita monocromática por ser composta apenas de uma função senoidal com frequência ω. Esse termo se refere, como veremos a seguir, ao fato de que, no exemplo de ondas eletromagnéticas, a cor é associada à frequência da onda ω. Ondas mais complicadas podem ser construídas como uma soma de muitas ondas com valores diferentes de ω. Essa onda se propaga para frente como , em que v é a velocidade de propagação. É fácil extrair, então, o valor da velocidade em termos da frequência e número de onda, pois, para que a condição anterior seja válida, é necessário. Logo, , ou alternativamente . Essa velocidade é, em geral, determinada pelas propriedades dinâmicas do meio. Um exemplo é o de ondas em cordas vibrantes. A derivação da equação de onda nesse meio é um exercício de aplicação das Leis de Newton, além de conceitos de cálculo diferencial. Nós partiremos diretamente para a equação dinâmica resultante: → k ⋅ → r → k T = 2π ω f = ω 2π ϕ = π 2 y(x, t) = y(x − vt) kx − ωt = k(x − vt) ω = vk v = λf T 2u x t x2 ρ 2u x t t2 O estudante com experiência em cálculo diferencial pode imediatamente verificar que a expressão é uma solução dessa equação, contanto que tenhamos . Mesmo sem noções de cálculo diferencial, é possível reconhecer essa forma de equação e a relacionar com a forma universal da dinâmica de ondas, chamada de equação de onda: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Qualquer meio cujas deformações sejam descritas por essa equação sustentará a propagação de ondas com velocidade v. Um exemplo de onda que pode ser concluída a partir da obtenção de uma equação de onda derivada de suas leis fundamentais é a onda eletromagnética. As equações que regem campos elétricos e magnéticos, chamadas de equações de Maxwell, possuem uma componente dinâmica determinada pela lei de indução de Faraday e de Maxwell. Podemos, então, concluir (não demonstraremos aqui), particularizando para campos variáveis em uma direção específica, que: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Ou seja, o campo elétrico apontando na direção z se propaga como uma onda ao longo do eixo x com velocidade . Chamamos esse tipo de onda transversal. Nesse caso, a onda é determinada por um vetor. Chamamos a direção desse vetor (z no exemplo dado aqui) de polarização da onda. Note u(x, t) = A cos(kx + ωt + ϕ) v = √ T ρ − = 0 ∂2y ( x,t ) ∂x2 1 v2 ∂2y ( x,t ) ∂t2 − ϵ0 μ0 = 0 ∂2Ez ( x,t ) ∂x2 ∂2Ez ( x,t ) ∂t2 c = 1 √ε0 μ0 que, ao mesmo tempo que o campo elétrico se propaga apontando na direção z, o campo magnético gerado pela variação de campo elétrico é um vetor que também se propaga como uma onda ao longo de x, mas aponta na direção y. No caso de ondas eletromagnéticas, a direção de propagação (determinada pelo vetor de onda ), o campo elétrico e o campo magnético são sempre perpendiculares entre si (exceto no interior de alguns materiais exóticos). Nesse caso, chamamos de polarização por convenção a direção do campo elétrico. VOCÊ SABIA As ondas eletromagnéticas têm papel central na sociedade moderna. Note que ϵ0 e μ0 são constantes universais que determinam campos elétricos e magnéticos e, portanto, c é uma constante universal. Assim, as diversas ondas eletromagnéticas são reflexos das diferentes frequências de oscilação do campo elétrico ou, equivalentemente, dos comprimentos de onda. Isso inclui ondas de rádio, micro-ondas, infravermelho, visível, ultravioleta, raios X e gama. Fonte: VectorMine/shutterstock ONDAS SONORAS Qualquer meio que sustente uma força restaurativa proporcional à deformação tem o potencial de sustentar ondas. → k EXEMPLO Um exemplo é um meio contínuo elástico qualquer. Variações de sua densidade encontram uma força devido à diferença de pressão entre as regiões de alta e baixa densidade, que fazem o corpo tender a se expandir/contrair de volta. Isso acelera o meio ao redor da região originalmente comprimida, criando uma nova compressão na vizinhança de uma forma sustentada. Esse tipo de onda de compressão é o princípio básico do som. A velocidade do som é, portanto, dependente das propriedades elásticas do corpo, ou seja, como que esse corpo se deforma frente a pressões, além da densidade do meio. Fonte: Adaptado do Autor meios de alta densidade Meios de alta densidade fazem o som viajar mais lentamente. meios mais “duros” Meios mais “duros”, que se deformam pouco frente a forças externas, levam a uma velocidade do som maior. A frequência do som determina o tom (nota musical). O ULTRASSOM Esse efeito da variabilidade da velocidade do som com as propriedades do meio é importante na propagação do som entre meios distintos. Ao passar de um meio para outro, qualquer onda se desdobra em duas, uma parte transmitida e uma parte refletida. Quanto maior a diferença de velocidade de propagação da onda nos dois meios, mais o efeito da passagem de um meio para outro pode ser notado. No caso extremo de velocidades muito diferentes, a onda pode se refletir completamente. É o caso do som ao atingir uma parede e ser refletido. Tal efeito é mais facilmente percebido em grandes salões, cavernas ou cânions, onde o efeito de eco se torna detectável. Essa reflexão possui importantes aplicações tecnológicas, permitindo estudar a morfologia de materiais dissimilares de forma não invasiva. Com isso, pode-se detectar a forma do fundo do oceano com um sonar, por exemplo. Mas, sua aplicação mais célebre se dá na medicina com o ultrassom. Fonte: Adaptado do autor A ideia é que as ondas sonoras, ao passarem entre tecidos dos órgãos, encontrem variações de densidade, gerando reflexões detectáveis. Para tanto, é importante que as ondas sonoras possuam um comprimento de onda relativamente pequeno, de modo que a resolução da imagem não seja prejudicada. Nos tecidos vivos, a velocidade do som é tipicamente da ordem de 1500m/s. Assim, o som audível pelo ser humano (que chega no máximo até 20 mil Hz) teria um comprimento de onda de ou 7,5cm. Esse tamanho é grande demais para detectar detalhes comoλ = = = 0, 075mv f 1500 20000 o coração de um feto ou um pequeno cisto. Por essa razão, utilizam-se ondas sonoras acima de MHz, o que as tornam inaudíveis – daí o termo ultrassom. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA E FORMAÇÃO DE IMAGEM Uma das mais importantes consequências de fenômenos oscilatórios é a ressonância. EXEMPLO Uma criança, ao brincar em um balanço no parque, consegue aumentar a amplitude de seu movimento se ela lançar suas pernas para frente e para trás nos momentos certos do movimento, com uma frequência que concorda com a frequência natural de oscilação do balanço. De forma científica, a ressonância ocorre quando uma força externa oscilante de frequência ωf é aplicada a um sistema que em si oscila com uma frequência natural ω0. Quando a condiçãoωf = ω0 é atingida, o movimento se amplifica muito. SAIBA MAIS Esse efeito é muito importante na química e biomedicina. Na química, ele é utilizado na identificação de compostos desconhecidos, enquanto na biomedicina sua principal aplicação é no imageamento de tecidos em pacientes. Os núcleos de átomos de hidrogênio, abundantes no corpo humano, pois é presente na água, possuem uma propriedade magnética chamada de spin. Esse nome vem do termo giro em inglês, pois essa propriedade se assemelha a uma rotação do núcleo em torno do próprio eixo. O spin faz com que o núcleo reaja quando sujeito a campos magnéticos. Um campo magnético forte e constante, por exemplo, faz o eixo do spin precessar, num movimento similar ao de um pião. A frequência de precessão (dita frequência Larmor) é determinada pela intensidade do campo magnético. Fonte: Adaptado do autor Numa máquina de ressonância magnética, um campo inomogêneo é criado passando correntes elétricas por gigantescas bobinas. Isso faz com que distintas partes do corpo do paciente estejam sujeitas a campos magnéticos ligeiramente diferentes e, portanto, com frequências de precessão distintas. Então, um campo magnético transversal e oscilante é aplicado. Se a frequência de oscilação do campo for distinta da frequência de precessão do spin, nada acontece, pois esse campo é muito mais fraco. Mas, para uma frequência precisamente idêntica, os núcleos passam a ter seus movimentos ampliados pelo processo de ressonância, girando para cima e para baixo. Detectando esse movimento pela radiação que os próprios núcleos emitem ao girar, pode-se determinar os diferentes tecidos, e sua origem espacial fica determinada pela diferença entre as frequências de ressonância em cada parte do corpo. Como veremos adiante, a frequência da onda eletromagnética não se altera ao penetrar em um meio material (apenas a sua velocidade e comprimento de onda). Veja melhor como funciona a ressonância magnética no vídeo abaixo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. AO APERTAR AS CARRAPETAS EM UM VIOLÃO, UM ESTUDANTE DE MÚSICA NOTOU QUE A NOTA EMITIDA PELO VIOLÃO TORNOU-SE MAIS AGUDA. QUAL PROPRIEDADE DA CORDA ALTEROU-SE PARA QUE ESSE EFEITO OCORRA? A) O comprimento da corda B) A densidade linear da corda C) A tensão da corda D) O índice de refração da corda 2. AO PASSAR EM ALTA VELOCIDADE, UMA AMBULÂNCIA FAZ COM SUA SIRENE UM SOM QUE PASSA DE MAIS AGUDO (QUANDO ESTÁ SE APROXIMANDO DE NÓS) PARA MAIS GRAVE (QUANDO A AMBULÂNCIA ESTÁ SE AFASTANDO). QUAL PROPRIEDADE DO SOM EMITIDO ESTÁ SE ALTERANDO, CAUSANDO ESSE EFEITO? A) Frequência B) Amplitude C) Fase D) Pressão média GABARITO 1. Ao apertar as carrapetas em um violão, um estudante de música notou que a nota emitida pelo violão tornou-se mais aguda. Qual propriedade da corda alterou-se para que esse efeito ocorra? A alternativa "C " está correta. A tensão da corda determina a velocidade da propagação de ondas na corda. Como o comprimento de onda é fixado pelo comprimento do braço do violão, a frequência aumenta em proporção com tal velocidade. 2. Ao passar em alta velocidade, uma ambulância faz com sua sirene um som que passa de mais agudo (quando está se aproximando de nós) para mais grave (quando a ambulância está se afastando). Qual propriedade do som emitido está se alterando, causando esse efeito? A alternativa "A " está correta. O tom de uma onda sonora é determinado pela frequência da onda. A ambulância, ao se mover, gera ondas alteradas pela sua velocidade relativa ao ar, o que é conhecido como efeito Doppler. MÓDULO 2 Relacionar os princípios básicos da óptica ao funcionamento de tecnologias de microscopia e utilização de lasers ÓPTICA RELEMBRANDO Como discutido anteriormente, a luz é uma onda eletromagnética. Entretanto, o estudo da luz inclui mais do que apenas o estudo de propagação de ondas. Conceitos como raios de luz, polarização e a interação da luz com a matéria são muito importantes na óptica, e não invocam necessariamente conceitos de física ondulatória. VOCÊ SABIA Em particular, o conceito de raio de luz tem uma origem histórica cercada de polêmicas. Durante muito tempo, a natureza da luz foi debatida entre cientistas – alguns apoiando a ideia de que a luz era feita de pequenos corpúsculos viajando em linha reta, o que definia os raios de luz. Outros já acreditavam na natureza ondulatória da luz e classificavam os raios de luz como a reta que define a propagação dessa onda, sendo perpendicular à frente de onda. FRENTE DE ONDA frente de onda é a generalização da crista de onda para o caso de duas ou três dimensões. Curiosamente, com o advento da mecânica quântica, hoje sabemos que a luz de fato apresenta características de onda e de partícula simultaneamente. Esse fenômeno é chamado de dualidade partícula-onda. javascript:void(0) ÓPTICA GEOMÉTRICA ATENÇÃO O estudo das leis de formação dos raios de luz é chamado de óptica geométrica. Para muitas aplicações, o comprimento de onda da luz é muito pequeno, de modo que seu caráter ondulatório não impacta a propagação da luz de modo significativo. Nessas situações, a descrição da propagação da luz se simplifica bastante com algumas regras simples, que são capazes de explicar o funcionamento de aparelhos ópticos como espelhos planos e esféricos e lentes, além de conjuntos de espelhos e lentes como no caso do microscópio e do telescópio. Os princípios enunciados a seguir são válidos especificamente para meios opticamente homogêneos. A propagação da luz quando há uma mudança de materiais ou inomogeneidades em um material deve ser adaptada, conforme estudaremos mais tarde. Os princípios são, então, enunciados da seguinte forma: Fonte: jplenio/pixabay Princípio da propagação retilínea da luz: os raios de luz propagam-se em linha reta; Fonte: Dominic Hampton/unsplash Princípio da ação independente dos raios: ao cruzarem-se, os raios de luz atravessam um ao outro sem alterar suas trajetórias. Em outras palavras, não há colisão entre raios de luz; Fonte: Ladislav Bona/unsplash Princípio da reversibilidade temporal dos raios: um raio que se propaga no sentido contrário a outro seguirá a mesma trajetória, mas em sentido reverso. Todos esses princípios podem ser concluídos facilmente a partir das equações de Maxwell no caso do vácuo. Nos meios materiais, é necessário compreender a resposta das moléculas do material frente aos campos eletromagnéticos. Os meios ópticos podem ser classificados como transparentes, translúcidos ou opacos. MEIOS TRANSPARENTES Meios transparentes sustentam a propagação da luz sem perda de intensidade. Essa propriedade está geralmente associada ao fato de que o material não possui elétrons livres para reagir fortemente à penetração de campos elétricos, sendo, portanto, materiais isolantes como o vácuo, ar, vidro etc. Note que nem todo material isolante é transparente, mas, em geral, os materiais transparentes são isolantes. Fonte: O Autor MEIOS TRANSLÚCIDOS Meios translúcidos estão associados a uma propagação da luz com perda de intensidade. Esses materiais costumam conter micropartículas que espalham a luz, como névoa, água turva, vidro fosco, etc. Fonte: O Autor MEIOS OPACOS Meios opacos não permitem propagação alguma de luz no seu interior. Um meio pode ser opaco por duas razões: o meio reflete a luz ou a absorve. É comum que meios opacos tenham os dois comportamentos, absorvendo parte das frequências da luz e refletindo outra parte. Essa característica é o que dá origem à cor dos objetos. Já objetos metálicos têm a tendência a refletir todas as cores. Fonte: O Autor Já mencionamos alguns fenômenos que podem ocorrer com a luz em geral. A seguir, apresentamos um apanhado de fenômenos associados à propagação da luz e uma breve descrição de sua origem física. Fonte: PublicDomainPictures/pixabay A reflexão ocorre quando o raio de luz incide sobre uma superfície que possui elétrons livres para se movereme reagirem ao campo elétrico da luz. Esse movimento rearranja as cargas de forma a cancelar o campo da luz no interior do material, mas, como consequência, gera novos campos elétricos que se propagam para fora do corpo, os raios refletidos. Isso ocorre em condutores sempre (pois sempre há cargas livres) e, para algumas frequências, ocorre também em isolantes (caso a frequência seja uma das frequências de ressonância para o movimento dos elétrons no interior das moléculas). Fonte: Buddy_Nath/pixabay A absorção ocorre de forma semelhante à reflexão, mas, nesse caso, as cargas elétricas, ao se agitarem, são freadas por algum mecanismo interno e dissipam sua energia internamente na forma de calor ao invés de remitir a energia na forma de luz refletida. Fonte: Clint McKoy/unsplash Na refração, a luz incidente não é capaz de mover elétrons. Como consequência, o campo elétrico penetra no meio óptico. Veremos adiante que, nesse caso, as moléculas apenas se alinham com o campo elétrico, enfraquecendo esses campos de uma forma que gera redução na velocidade de propagação da luz. Tal redução, no entanto, ocorre no momento da transferência entre meios e se mantém constante, sem dissipar nenhuma energia a mais ao longo da propagação da luz. Fonte: Robert Boutin/unsplash Espalhamento é o nome que se dá à interação da luz com pequenos corpos, menores ou comparáveis ao seu comprimento de onda. Nesse caso, a luz altera sua trajetória, tornando-se difusa. Esse efeito é na verdade um reflexo do caráter ondulatório da luz, sendo mais intenso para luzes de comprimento de onda menor. Surge daí a coloração azulada do céu. REFRAÇÃO O fenômeno da refração descreve a passagem da luz por meios ópticos inomogêneos, como a passagem de um material para outro ou a passagem por partes do mesmo material com alteração de densidade ou composição. Focaremos no exemplo mais simples da passagem entre meios, o que define a propriedade de refringência e as leis da refração. A extensão para meios inomogêneos pode ser feita utilizando princípios de cálculo diferencial. Modernamente, entendemos a refração como um efeito de polarização do meio. Ao penetrar um meio material, o campo elétrico da luz causa deformações nas moléculas, que se rearranjam gerando um campo elétrico contrário. Um material que apresenta esse efeito é chamado de dielétrico. Isso resulta num meio cujas leis de Maxwell são válidas de forma análoga às Leis de Maxwell no vácuo, mas a constante ϵ0, que determina a permissividade elétrica, fica modificada para um valor ϵ dependente do material, que varia entre 1 e 20 vezes maior que ϵ0 para materiais do nosso cotidiano, mas pode chegar a mais de 1000ϵ0 para materiais especiais. O resultado dessa constante dielétrica ϵ > ϵ0 é que a velocidade da luz em um meio material é menor que a velocidade da luz no vácuo . Isso gera uma série de efeitos que impactam o ângulo de propagação na passagem entre o vácuo e esse meio, o comprimento de onda da luz e, em algumas situações, mudanças de polarização e a divisão do raio em uma parte refletida e outra refratada. Quantificamos efeito em materiais pelo índice de refração , que é uma quantidade adimensional maior que 1. ATENÇÃO Dizemos que um material é mais refringente se ele tem um índice de refração maior. Seguem alguns exemplos de índices de refração: Material n Vácuo 1 Gases a 0°C e 1 atm v = 1 √ϵμ0 c = 1 √ϵ0μ0 n = c v Ar 1.000293 Hélio 1.000036 Hidrogênio 1.000132 Dióxido de carbono 1.00045 Líquidos a 20°C Água 1.333 Etanol 1.36 Azeite 1.47 Sólidos Gelo 1.31 Vidro 1.52 Diamante 2.42 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal O primeiro efeito imediato dessa mudança de velocidade pode ser compreendido pela relação de dispersão v = λf. Essa equação continua válida no meio material, mas, como a velocidade é agora menor, devemos nos perguntar qual outra propriedade da luz se altera, o comprimento de onda λ ou a frequência f, de forma a continuar satisfazendo essa equação? Não é difícil de se convencer de que a frequência não pode se alterar entre materiais, pois, ao observarmos a interface entre os materiais, caso as frequências fossem diferentes, a onda de um lado ou de outro da interface não se encontraria, hora casando crista com crista, hora casando crista com vale. É, portanto, o comprimento de onda que se altera ao mudarmos de um meio com índice de refração n1 para um meio com índice n2 como: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Assim, o comprimento de onda é inversamente proporcional ao índice de refração λ ∝ . Outro efeito importante é a alteração da trajetória do raio de luz na passagem entre materiais de índices de refração diferentes ni e nr (para o meio de incidência e de refração, respectivamente). Medimos o ângulo de incidência do raio de luz como o ângulo formado entre o raio e a reta normal à superfície do material. A reta normal é facilmente obtida no caso de uma superfície plana, sendo simplesmente a reta que faz 90° com tal superfície. Outro caso particular fácil de estudar é o de uma superfície esférica, pois a reta normal a essa superfície em qualquer ponto passa pelo centro da esfera. No caso mais geral, determinar a reta normal pode ser um problema de geometria descritiva mais complexo. Assim, chamando de θi o ângulo de incidência do raio, podemos determinar o ângulo de refração θr, ou seja, o ângulo que o raio refratado faz com a mesma reta normal. Essa relação é chamada de Lei de Snell, e é dada por: NI SEN(ΘI ) = NR SEN(ΘR) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Logo, ao passar de um meio menos refringente para um meio mais refringente. ni < nr, o raio é refratado com um ângulo menor do que o ângulo de incidência (o raio se aproxima da normal). Note que isso sempre é verdade, pois ambos os ângulos 0° < θi, θr < 90°. = = = =n1 n2 c v1 c v2 v2 v1 λ2f λ1f λ2 λ1 1 n Fonte: Adaptado do Autor EXEMPLO: UM RAIO DE LUZ INCIDE A PARTIR DO VIDRO, COM ÍNDICE DE REFRAÇÃO 1,52, EM UMA INTERFACE QUE SEPARA O VIDRO DA ÁGUA, CUJO ÍNDICE DE REFRAÇÃO VALE 1,32. QUAL É O ÂNGULO DE REFRAÇÃO SE O ÂNGULO DE INCIDÊNCIA VALE 25°? RESPOSTA Use a lei de Snell para escrever 1,52 sen(25°) = 1,32 sen(θr): javascript:void(0) θr = arcsen((1,52/1,32) sen 25°) ≈ 29.1° Outro efeito importante na refração é a dispersão. Ocorre que os materiais possuem em geral diferentes respostas dielétricas a diferentes frequências, de modo que é comum que o índice de refração possua uma pequena dependência na frequência, isto é, n = n(ω). Assim, a luz branca que incide sobre um meio qualquer com índice de refração dependente da frequência se decompõe em suas diversas cores. Esse efeito é o responsável pelo arco-íris – a luz do sol ao passar pelas gotícula de água suspensas no ar em um dia úmido se refratam com ângulos distintos dependendo de sua cor, chegando até nós com ângulos ligeiramente separados, o que causa o efeito de arcos concêntricos cujas cores variam na ordem de suas frequências do vermelho até o violeta. Fonte: brigachtal/pixabay LENTES DELGADAS Uma das mais importantes aplicações do fenômeno da refração é nas lentes delgadas. Delgada, nesse caso, é usado como sinônimo de fina, ou seja, a alteração nos raios de luz causada pela lente não se deve à propagação do raio no interior da lente pois tal propagação é muito curta. O efeito sobre os raios é causado principalmente pela diferença entre as curvaturas das duas superfícies que formam a lente. Na figura vemos um exemplo de lente divergente e um exemplo de lente convergente. Fonte: Adaptado do Autor No exemplo, a lente divergente (aquela na qual raios que incidem paralelos saem divergindo) escolhida foi a bicôncava (ambas as superfícies são côncavas), enquanto a lente convergente mostrada é biconvexa. De forma geral, existem várias combinações de superfícies côncavas, planas ou convexasque podem gerar lentes divergentes ou convergentes. De uma forma geral, o foco f de uma lente pode ser determinado com a equação que é chamada de equação de fabricantes de lentes. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Nessa equação, n é o índice de refração do material da lente. Assume-se que o meio no entorno possui índice de refração n = 1 (aproximadamente correto para o ar atmosférico), e os raios R1 e R2se referem às curvaturas da primeira e segunda lente. Para chegar a tal equação, foi utilizada a aproximação de que os raios das superfícies são muito maiores que a espessura da lente. Considera-se que uma lente convergente possui foco positivo quando ela é côncava. Uma lente divergente, portanto, possui f < 0. Da mesma forma, se a primeira superfície da lente é convexa, consideramos R1 > 0. A regra se inverte para a segunda lente, com R2 > 0 para a lente côncava. Temos ainda R → ∞ para uma superfície plana. Projetando lentes de acordo com essa equação, podemos, por exemplo, corrigir a miopia ou hipermetropia. Ambas condições se referem a alterações na forma do olho, que alteram o foco dos raios =(n − 1)( − )1 f 1 R1 1 R2 convergentes que entram no globo ocular e devem convergir para a ponta do nervo ótico. Pode-se ainda corrigir o astigmatismo, que ocorre quando o olho não é bem esférico, possuindo um raio de curvatura maior em uma direção de que a outra (sendo necessárias, então, lentes com deformação cilíndrica ao longo de um eixo aferido pelo oftalmologista/oculista. Fonte: Tefi/shutterstock Um efeito importante das lentes é a magnificação. Esse efeito se refere à alteração do tamanho da imagem com relação ao tamanho do objeto original de onde a luz foi emitida ou refletida. No geral, tal efeito depende da distância entre o objeto e a lente, o que causa uma aberração na imagem de corpos extensos, ampliando de forma diferente as partes do objeto mais próximas ou mais distantes do foco da lente. MICROSCÓPIO ÓPTICO O microscópio óptico é um exemplo do uso de combinações de lentes para promover uma magnificação. O princípio de funcionamento é a combinação de duas lentes: a objetiva (que fica mais próxima do objeto ) e a ocular (que fica próxima ao olho ) . A ideia do microscópio é detectar pequenos objetos próximos ao foco da objetiva, projetando-os em uma imagem aumentada a uma distância maior, situação na qual o olho humano é mais capaz de focalizar objetos. Fonte: BC Open Textbooks. Adaptado do Autor. Note que, no exemplo da figura acima, a imagem se forma invertida em relação ao objeto. Esse efeito é comum, podendo ser corrigido com o uso de espelhos e prismas ao longo do eixo ótico. EIXO ÓTICO caminho percorrido pelos raios que contém os focos das lentes). TELESCÓPIOS O princípio do telescópio (assim como as lunetas e binóculos) é similar ao do microscópio, sendo também uma combinação de lentes. Entretanto, a função do telescópio é totalmente diferente, pois, nesse uso, os objetos de interesse são distantes, e a intenção não é alterar a posição da imagem com relação ao objeto – essa é apenas uma consequência. A intenção é magnificar a imagem, além de capturar a maior quantidade de luz possível. Os telescópios podem ainda se basear em arranjos de espelhos. Nesse caso, os telescópios são comumente chamados de Newtonianos, enquanto telescópios baseados em lentes são ditos Galileanos ou Keplerianos, dependendo de se a lente ocular é divergente ou convergente, respectivamente. javascript:void(0) Fonte: Adaptado do Autor OPTOELETRÔNICA A interação das ondas eletromagnéticas com a matéria se altera dependendo da frequência da onda. Na faixa do micro-ondas, por exemplo, as moléculas da água se agitam umas contra as outras, esticando e comprimindo as chamadas pontes de hidrogênio – ligações entre dipolos elétricos da molécula de H2O. VOCÊ SABIA Isso é responsável pelo aquecimento em um forno micro-ondas (por esse motivo, o aquecimento ocorre de forma mais eficiente para alimentos ricos em água). Outro exemplo são os raios X, que possuem energia grande demais comparada à energia de ligação dos elétrons e, por isso, passa sem interagir pelos tecidos humanos, sendo refletido apenas pelo cálcio metálico nos ossos. A absorção da luz visível, de uma forma geral, está associada ao aumento do agito dos elétrons, tipicamente resultando no aquecimento do material. Alguns materiais, entretanto, possuem elétrons com uma energia de ligação fraca, de modo que, sem a presença de luz, esses materiais são isolantes, mas, ao incidir a luz, os elétrons se soltam dos átomos e passam a conduzir eletricidade. Esses materiais incluem os cristais semicondutores e algumas moléculas orgânicas (que possuem uma estrutura eletrônica similar e costumam ser chamadas de moléculas semicondutoras). Nos semicondutores, os elétrons estão todos participando das ligações químicas, sem nenhum elétron livre para conduzir energia – tecnicamente todo semicondutor é um isolante. A faixa de energia nas quais se encontram os elétrons que participam dessa ligação é chamada de banda de valência. A faixa de energia dos elétrons livres para conduzir é chamada de banda de condução. Existe em todos os isolantes e semicondutores uma faixa de energias entre a banda de valência e a banda de condução, que não possui nenhum estado possível para os elétrons, um efeito cuja origem está na mecânica quântica. Tal faixa é chamada em português de banda proibida, mas é mais comumente referida pelo anglicismo gap de energia. Assim, a diferença técnica entre isolantes e semicondutores é: VALÊNCIA valência é a propriedade dos elétrons de participar de ligações químicas isolantes têm gaps maiores que ≈ 2eV. semicondutores possuem gaps menores (o eV ou elétron-volt é a medida mais comum de energia em ciência de materiais, valendo 1 eV ≈ 1,6022 × 10-19J ). javascript:void(0) Fonte: Adaptado do Autor A energia da luz visível é tipicamente na faixa entre 1.5 e 3.0 eV. Isso faz com que, em semicondutores, a luz tenha energia suficiente para promover elétrons da banda de valência para a banda de condução, permitindo a passagem de corrente nos semicondutores. Da mesma forma, o relaxamento de um elétron da banda de condução para a banda de valência é associado à emissão de luz com energia próxima à do gap de energia. Esse efeito é a base de todos os aparelhos optoeletrônicos. A primeira aplicação está na detecção da luz em si. Fotodiodos possuem uma microestrutura que gera uma corrente elétrica amplificada na presença de luz cuja energia supere o gap do semicondutor utilizado. Escolhendo o semicondutor de forma adequada (ou utilizando nanotecnologia para criar semicondutores especiais), é possível, então, criar detectores para particulares frequências de luz, o que pode ser útil para detectar a presença de gases nocivos, luz em geral (como em um detector de presença), determinar a temperatura a partir da radiação infravermelha de um corpo (termômetro ótico) etc. Fonte: rumruay/shutterstock VOCÊ SABIA Ampliando a eficiência desse processo, é possível aproveitar a energia luminosa do Sol para gerar energia elétrica, como é feito no caso especial de fotodiodos usados em células fotovoltaicas (painéis solares). Para tanto, é necessário utilizar um semicondutor de custo moderado para que possa ser produzido em massa, cuja eficiência da absorção de luz seja suficiente para gerar energia em larga escala e que aproveite ao máximo o espectro de luz do Sol. Essa é uma ativa área de pesquisa, com células solares modernas sendo competitivas com combustíveis fósseis para a geração de eletricidade em regiões próximas ao Equador (região de alta insolação). O efeito oposto também tem importantes aplicações tecnológicas. Ligando o semicondutor a uma fonte de energia, é possível gerar campos elétricos suficientes para remover elétrons da banda de valência e promovê-los à banda de condução. O relaxamento subsequentedesses elétrons gera luz. Esses dispositivos são chamados de diodos emissores de luz, ou LEDs. Cada LED possui, portanto, uma cor específica (monocromático) que é um reflexo do tipo de material utilizado como meio semicondutor ativo. VOCÊ SABIA As lâmpadas brancas de LED utilizadas atualmente consistem em uma mistura de LEDs monocromáticos que juntos criam a percepção de uma luz branca. Luzes de LED de baixa qualidade, no entanto, podem criar alterações nas cores dos objetos por possuírem variações grandes nas intensidades das diversas cores. Finalmente, a detecção da luz pode ser combinada à resolução espacial fazendo uso da nanotecnologia para criar uma densa distribuição de dispositivos e detectar a luz que incide sobre esses dispositivos de forma independente. Esse é o princípio das câmeras CCD, responsáveis pela eficiente gravação de imagens digitais em celulares e câmeras fotográficas modernas. O FUNCIONAMENTO DO LASER Como discutido no exemplo do LED, a recombinação de elétrons da banda de condução para a de valência gera luz, cuja frequência é determinada pelo gap. Esse princípio básico serve de ponto de partida também para o laser. No caso do LED, a recombinação dos elétrons com os buracos ocorre de forma espontânea. VOCÊ SABIA Buraco é como se chama a lacuna de elétrons deixada para trás ao se remover um elétron da banda de valência, que se comporta como uma partícula com carga positiva – em analogia a uma bolha na água sendo uma região de ausência de água. Para gerar o laser, é utilizado o princípio da emissão estimulada. A ideia básica é que a passagem dos elétrons da banda de condução para a banda de valência ocorra de maneira mais rápida e eficaz na presença de luz, cuja frequência está casada com a frequência natural da onda eletromagnética emitida. Esse processo gera uma forma de ressonância que leva à passagem da alta energia de volta para a baixa energia, emitindo mais luz nessa mesma frequência, com a mesma fase que a luz que estimulou a emissão. Para conseguir gerar esse efeito, o semicondutor é colocado numa região entre dois espelhos, um com reflexão muito próxima a 100% e o outro com reflexão de cerca de 95%, sendo os 5% restantes transmitidos (espelho semitransparente). A luz ricocheteia entre os dois espelhos muitas vezes antes de ser emitida. Dessa forma, gera-se uma aceleração na reabsorção de elétrons e aumento na produção de luz. Fonte: Designua/Shutterstock Para saber mais sobre o funcionamento do laser, assista ao vídeo a seguir. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O EFEITO DE MIRAGEM OCORRE QUANDO OS RAIOS DE LUZ INCIDEM NO AR MAIS RAREFEITO PRÓXIMO DA AREIA QUENTE NO CHÃO DO DESERTO, SENDO DEFLETIDOS E CRIANDO A IMPRESSÃO DE QUE ESTÃO SENDO REFLETIDOS POR UM ESPELHO D’ÁGUA. ESSE FENÔMENO DE ALTERAÇÃO DA TRAJETÓRIA DA LUZ NA PASSAGEM POR INOMOGENEIDADES DO MATERIAL É CHAMADO DE: A) Dispersão B) Polarização C) Interferência D) Refração 2. TRÊS LÂMPADAS DE LED SÃO UTILIZADAS PARA SINALIZAR A INTENSIDADE DO SINAL EM UM ROTEADOR, UMA VERMELHA, UMA VERDE E UMA AZUL. QUAL É A DIFERENÇA ENTRE OS TRÊS LEDS QUE LEVA A CORES DISTINTAS? A) A quantidade de corrente utilizada B) O gap do semicondutor de cada LED C) A constante dielétrica ϵ de cada material dos LEDs D) A frequência da corrente alternada utilizada GABARITO 1. O efeito de miragem ocorre quando os raios de luz incidem no ar mais rarefeito próximo da areia quente no chão do deserto, sendo defletidos e criando a impressão de que estão sendo refletidos por um espelho d’água. Esse fenômeno de alteração da trajetória da luz na passagem por inomogeneidades do material é chamado de: A alternativa "D " está correta. O ar rarefeito possui um índice de refração menor, defletindo os raios de luz. 2. Três lâmpadas de LED são utilizadas para sinalizar a intensidade do sinal em um roteador, uma vermelha, uma verde e uma azul. Qual é a diferença entre os três LEDs que leva a cores distintas? A alternativa "B " está correta. A frequência da luz emitida corresponde à energia emitida pelo elétron ao ser absorvido da banda de condução para a banda de valência, cuja diferença de energia é o gap do semicondutor. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, aprendemos conceitos básicos sobre ondas, sua origem física e como explorá-las em algumas aplicações tecnológicas, como a ressonância magnética e o ultrassom. Aprofundamo-nos no caso específico de ondas eletromagnéticas, aprendendo conceitos de óptica geométrica e física que podem ser utilizados nos aparelhos ópticos (microscópios e telescópios), tecnologia optoeletrônicas como células fotovoltaicas e no laser. REFERÊNCIAS HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física. V.1. Rio de Janeiro: LTC. HEWITT, Paul G. Física Conceitual. Porto Alegre: Bookman. OKUNO, Emiko; CALDAS, Imberê L.; CHOW, Cecil. Física para Ciências Biológicas e Biomédicas. São Paulo: Haper&How do Brasil. SERWAY, Raymond A.; JEWETT, John W. Física para cientistas e engenheiros, V.4: Luz, óptica e física moderna. São Paulo: Pioneira. SERWAY, Raymond A.; JEWETT, John W. Princípios de física. V.2. São Paulo: Pioneira. TELLES, Dirceu D'Alkmin. Física com Aplicação Tecnológica: Mecânica. São Paulo: Blucher. TIPLER, Paul A. Física para Engenheiros. V.2. Rio de Janeiro: LTC. YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física I: Mecânica. São Paulo: Pearson Education do Brasil. EXPLORE+ Para conhecer uma pouco mais sobre telescópios, assista ao vídeo Como funcionam os telescópios? produzido pela TV UNESP. CONTEUDISTA Andre Luiz Saraiva de Oliveira CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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