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TCC em pdf Artigo Zé Carlos - original

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA 
CURSO SUPERIOR TECNOLÓGICO EM SEGURANÇA PÚBLICA - CSTSP 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA GOMES 
 
 
 
 
 
O TRABALHO DO AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA: Uma 
Perspectiva da garantia de execução de Políticas de Segurança Pública. 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO PESSOA – PB 
2020 
 
 
 
JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA GOMES 
 
 
 
 
 
O TRABALHO DO AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA: Uma 
Perspectiva da garantia de execução de Políticas de Segurança Pública. 
 
 
Artigo a ser apresentado à Banca do Exame do Curso Superior de Tecnólogo em 
Segurança Pública da Universidade Estácio de Sá – CSTSP/UNESA como requisito para 
aprovação na disciplina de TCC em Segurança Pública. 
 
 
ORENTADOR(A): PAULO JORGE DOS SANTOS FLEURY 
 
 
 
 
 
JOÃO PESSOA 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço a todos que, de forma direta ou indireta contribuíram com este projeto e 
acreditaram que ele fosse possível, torceram por mim e me incentivaram a concluí-lo. 
A Deus, sempre Deus, com sua infinita bondade proporcionando condições de 
aprendizagem e disseminação do conhecimento. 
À minha família, pelo apoio constante e incondicional; 
À JOANA MENDES BATISTA DE OLIVEIRA, companheira dedicada, paciente, 
incentivadora e esposa amorosa; 
Aos Mestres da faculdade, que não pouparam esforços no compartilhamento de 
ensinamentos; 
Aos demais funcionários da faculdade, sempre solícitos e zelosos; 
À meu orientador, professor PAULO JORGE DOS SANTOS FLEURY, pela 
sensibilidade e paciência durante a construção e conclusão deste trabalho; 
Aos colegas do curso; 
À direção e agentes da Penitenciária Des. Flóscolo da Nóbrega (Presídio do Róger), pela 
contribuição com informações e dados importantes para a construção do presente 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
“A maior condenação a que estamos sujeitos no futuro será por omissão, por que 
meios para se fazer muitas coisas lindas e impossíveis existem” (Amyr Klink) 
 
 
 
 
 
 
 
 
O TRABALHO DO AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA : Uma 
Perspectiva da garantia de execução de Políticas de Segurança Pública. 
RESUMO 
O presente artigo consiste em um estudo sobre o trabalho do Agente de Segurança 
Penitenciária no Sistema Prisional brasileiro, em especial, aos que exercem suas 
atividades diárias na Penitenciária Des. Dr. Flóscolo da Nóbrega, popularmente 
conhecido simplesmente por Presídio do Róger, por situar-se no Bairro de mesmo nome 
na Capital paraibana. Abordaremos, sobre a evolução histórica do trabalho do Agente de 
Segurança Penitenciária partindo de uma análise sob a perspectiva de deveres e direitos 
na Lei das Execuções Penais 7.210/1984, na Emenda Constitucional Federal nº 104/2019; 
Problematiza a Política Nacional de Segurança Pública no cenário brasileiro. Tem como 
foco principal a situação atual do sistema penitenciário no Estado da Paraíba, em especial, 
no Presídio do Róger como unidade garantidora da eficácia no cumprimento de Políticas 
de segurança Pública através da Execução Penal. A metodologia proposta parte da 
pesquisa qualitativa, no qual utilizamos a pesquisa bibliográfica e documental para 
subsidiar toda discussão e análise. Também recorremos à observação participante, uma 
vez que foi oportunizada ao pesquisador a entrada no campo pela vivência profissional 
no sistema penitenciário. O objeto deste artigo científico é o trabalho do Agente de 
Segurança Penitenciária. São objetivos: a) Averiguar, com base na legislação, a 
contribuição do trabalho do agente no processo de efetivação de Políticas de Segurança 
Pública; b): constatar o nível de conhecimento e consciência da importância do Agente 
enquanto operador do Sistema de Segurança Pública e c): das condições ofertadas pelo 
Estado para o bom desempenho do agente em suas atribuições. A metodologia proposta 
parte da pesquisa qualitativa, no qual utilizamos a pesquisa bibliográfica e documental 
para subsidiar toda a discussão e análise. Também recorremos à observação participante, 
uma vez que foi oportunizada ao pesquisador a entrada no campo pela vivência 
profissional no Sistema Penitenciário da Paraíba. 
Palavras-chave: Políticas de Segurança Pública, Prisões. Trabalho. 
 
 
 
SUMMARY 
 
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This article consists of a study on the work of the Penitentiary Security Agent in the 
Brazilian Prison System, in particular, those who exercise their daily activities in the 
Penitentiary Des. Dr. Flóscolo da Nóbrega, popularly known simply as Presídio do Róger, 
because it is located in the neighborhood of the same name in the capital of Paraíba. We 
will approach, about the historical evolution of the work of the Penitentiary Security 
Agent starting from an analysis under the perspective of duties and rights in the Law of 
Penal Executions 7.210 / 1984, in the Federal Constitutional Amendment nº 104/2019; It 
questions the National Public Security Policy in the Brazilian scenario. Its main focus is 
the current situation of the penitentiary system in the State of Paraíba, in particular, in the 
Róger Prison as a unit that guarantees the effectiveness in the fulfillment of Public 
security Policies through Penal Execution. The proposed methodology is based on 
qualitative research, in which we use bibliographic and documentary research to support 
all discussion and analysis. We also resort to participant observation, since the researcher 
was given the opportunity to enter the field through professional experience in the prison 
system. The object of this scientific article is the work of the Penitentiary Security Agent. 
The objectives are: a) To verify, based on legislation, the contribution of the agent's work 
in the process of implementing Public Security Policies; b): verify the level of knowledge 
and awareness of the importance of the Agent as an operator of the Public Security System 
and c): of the conditions offered by the State for the good performance of the agent in his 
duties. The proposed methodology is based on qualitative research, in which we use 
bibliographic and documentary research to support the entire discussion and analysis. We 
also resort to participant observation, since the researcher was given the opportunity to 
enter the field through professional experience in the Paraíba Penitentiary System. 
Keywords: Public Security Policies, Prisons. Job. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
O estudo exposto é reflexo da vivência profissional enquanto agente de segurança 
penitenciária na cidade de João Pessoa, Pb., cujo tema nos remete a uma reflexão acerca 
do funcionamento do sistema Prisional brasileiro e da realidade prisional, em especial da 
aplicabilidade do ordenamento jurídico e da oferta de Políticas de Segurança Pública e a 
uma análise crítica sobre a efetividade da atividade desenvolvida pelo Agente de 
Segurança Penitenciária enquanto operador de Políticas de Segurança pública no 
intramuros do Presídio do Róger, na cidade de João Pessoa, Estado da Paraíba. 
Evidente que as questões relativas à Segurança Pública não estão restritas à atuação da 
Polícia, Judiciário ou Sistema Prisional, mas a um campo muito mais amplo de atuação 
de outros setores da sociedade organizada. Políticas Públicas inclusivas, como saúde, 
educação, moradia e geração de renda devem acompanhar o desenvolvimento e aplicação 
conjunta com as Políticas de Segurança Pública. 
Levando-se em consideração que o aumento da criminalidade tem contribuído para o 
ingresso de jovens cada vez mais cedo no mundo do crime, principalmente, nos crimes 
relacionados às drogas e que nesse contexto, crescem e se fortalecem, à margem da lei e 
do poder estatal, as organizações criminosas, popularmente conhecidas por facções, com 
grande poder de persuasão e de arregimentação de jovens dentro e fora dos presídios para 
a prática de ações criminosas. 
E consequentementea resposta do Estado brasileiro, através da justiça criminal e penal é 
a mais rápida e viável, que é o encarceramento em massa de parte da população que vive 
em condições de extrema pobreza e em processo de criminalização provocado pela 
ausência de políticas públicas de inclusão ditada por um modelo econômico que privilegia 
o capital em detrimento do social, transformando o ser humano em “coisa” ou 
“mercadoria” comprometendo o padrão mínimo de condições de vida dessa população, 
terreno fértil para a instalação, manutenção e fortalecimento das facções criminosas. 
E é nesse contexto que labora o Agente de Segurança Penitenciária, desempenhando a 
função principal de guarda dos presos, mas também responsável pelo equilíbrio interno, 
observando, às vezes aconselhando, cuidando na alimentação, saúde, acompanhamento 
para as audiências, viabilizando as visitas íntimas ou de parentes em dias 
predeterminados ou aplicando sanções na busca incessante da estabilidade das relações 
sociais intramuros que garantem a ordem e a paz quase sempre despercebida pela 
sociedade extramuros. 
A presente pesquisa tem como objeto abordar o trabalho do Agente como garantidores 
da Política de Segurança pública através da Execução Penal, com objetivos específicos 
 
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a) Averiguar, com base na legislação, a contribuição do trabalho do agente no processo 
de efetivação de Políticas de Segurança Pública; 
b): constatar o nível de conhecimento e consciência da importância do Agente enquanto 
operador do Sistema de Segurança Pública; 
c): das condições ofertadas pelo Estado para o bom desempenho do agente em suas 
atribuições; 
 
É importante salientar que não cabe aqui à intenção de questionar o Sistema 
Penitenciário, a gestão da direção das unidades ou a atuação profissional das equipes de 
segurança penitenciária, de atendimento médico-social, mas de oferecer respostas aos 
questionamentos propostos no objetivo cuja finalidade é de se chegar a um resultado 
satisfatório, para isso, foi utilizado aporte bibliográfico como livros, revistas, trabalhos 
acadêmicos e a observação participante na unidade prisional em estudo. 
 
O trabalho está estruturado em três capítulos, cujo primeiro aborda a evolução histórica 
da pena de prisão no Brasil; o segundo aponta A Política Nacional de Segurança 
Pública: limites e retrocessos no cenário contemporâneo; o terceiro, contextualiza a 
Penitenciária – Rotinas e Gestão e por fim, apresentaremos às conclusões. 
 
1. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA DE PRISÃO NO BRASIL 
 
No Brasil, a pena de prisão é introduzida com o advento do Código Criminal do Império, 
em 1830, com a previsão de duas formas de prisão: a prisão simples e a prisão com 
trabalhos, que nesse tipo de pena poderia ser perpétua, mas que ainda mantinha as penas 
de morte, e de trabalhos forçados herdadas das Ordenações Filipinas, que entraram em 
vigor no País em meados de 1603 e que disciplinaram as penas no Brasil Colônia até 
1824. 
Em janeiro de 1834 teve início à construção das Casas de Correção no Brasil, sendo a 
primeira no Rio de Janeiro com a utilização de mão de obra cativa e de africanos livres 
transferida das da prisão do Aljube e quartéis militares para o canteiro de obras, segundo 
(Araújo, 2009), “Os trabalhos realizados ao ar livre eram acompanhados por feitores que 
dispunham das correntes atadas aos tornozelos dos sentenciados, do chicote para manter 
a disciplina e de um pequeno destacamento militar para cuidar da segurança”. 
E descreve a rotina de trabalho e a preocupação com a segurança; 
Todos os dias os presos saíam do alojamento improvisado na 
casa que pertenceu ao antigo dono da chácara pela manhã bem 
cedo. A rotina das obras era pesada. Divididos em grupos, os 
trabalhadores cuidavam dos alicerces do primeiro raio e do 
muro enquanto outros cuidavam do arrasamento da pedreira 
no fundo do terreno e dos trabalhos de marcenaria. (Araújo, 
2009). 
Com o fim do império a República edita o decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890 
alterando o projeto do “Código Penal dos Estados Unidos do Brasil” e reformando a 
legislação criminal que vigorava há quase sessenta anos e que não acompanhava mais a 
realidade brasileira em função de o País se encontrar em outra forma de governo e pela 
necessidade de contemplar novas formas de penalização de outros delitos não 
contemplados no Código do Império. 
Em 1940, entra em vigor o novo Código Penal, durante o período denominado de Estado 
Novo, que foi criado pelo decreto-lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940, que de acordo 
com a art. 361 só entrou em vigor em 1º de janeiro de 1942 e em 
 21 de outubro de 1969, a junta Militar que governava o País promulga o Código Penal 
de 1969, mas que só entraria definitivamente em vigor a 27 de junho de 1974 
simultaneamente com o novo Código de Processo Penal, mantinha as bases da legislação 
de 1940, mas que expressava a necessidade de tornar a lei mais severa com penas mais 
duras. 
2.0 - Política Nacional de Segurança Pública: limites e retrocessos no cenário 
contemporâneo 
2.1 A Segurança Pública no cenário brasileiro: história e perspectivas 
A Segurança Pública no Brasil tem sua primeira regulamentação na Constituição Federal 
de 1988, artigo 144 do Capítulo III, que regulamenta o dever do Estado na segurança da 
população. Dessa forma, 
A Segurança Pública é um dever do Estado, que deve ser entendido na sua abrangência 
política, ou seja, a União, Estados Federados, e os Municípios é direito e responsabilidade 
de todos, sendo exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio (BRASIL,1988). 
 
É importante salientar que não há uma definição precisa a respeito da expressão 
Segurança Pública, entretanto, há o entendimento na interpretação do texto constitucional 
de que é um dever de Estado, com a incumbência para programar ações de prevenção e 
 
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controle de atos criminosos1 e de violência praticados contra a sociedade com a finalidade 
de garantia do pleno exercício da cidadania. 
Para Bengochea (2004), 
A segurança pública é um processo sistêmico e otimizado que envolve um conjunto de 
ações públicas e comunitárias, visando assegurar a proteção do indivíduo e da 
coletividade e a ampliação da justiça da punição, recuperação e tratamento dos que violam 
a lei, garantindo direitos e cidadania a todos. Um processo sistêmico porque envolve, num 
mesmo cenário, um conjunto de conhecimentos e ferramentas de competência dos 
poderes constituídos e ao alcance da comunidade organizada, interagindo e 
compartilhando visão, compromissos e objetivos comuns; e otimizado porque depende 
de decisões rápidas e de resultados imediatos (BENGOCHEA et al., 2004, p. 120). 
 
O Art. 144 prevê que a segurança pública é exercida para a preservação da ordem pública 
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
II - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. 
A composição prevista no art. 144 da constituição Federal disciplina as atribuições e 
objetivos das polícias, em que a esfera federal e estadual em conformidade com o 
ordenamento jurídico tem a finalidade de garantir a segurança e a ordem Pública, a 
incolumidade das pessoas e a preservação do patrimônio público e privado. 
Compete à União o combate aos crimes federalizados através da Policia Federal e 
Rodoviária Federal, ainda, as rodovias federais; aos Estados, combater os crimes comuns 
 
1A definição de crime, segundo o art. 1° da antiga Lei de introdução ao Código Penal ( Decreto-lei 3.914,de 
14 de dezembro de 1941): Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou 
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção,a 
infração penal a que a lei comina, isoladamente pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, 
alternativamente ou cumulativamente (CÓDIGO PENAL, 2010, p. 583). 
 
 
através da Polícia Militar, que tem um caráter ostensivo, ou seja, de patrulhamento em 
geral e da Polícia Civil, considerada polícia judiciária em função de sua natureza 
investigativa; aos Corpos de Bombeiros militares é confiada às missões de prevenção e 
combate a sinistros e às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema 
penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos 
penais. 
 
2.2- Plano Nacional de Segurança Pública e o Plano Nacional de Política Criminal e 
Penitenciária – CNPC/2015: desafios contemporâneos. 
 
O Plano Nacional de Segurança Pública 2017, lançado pelo Governo Federal tem por 
finalidade a redução de homicídios dolosos e de feminicídios, que conforme o plano, 
viabilizará a prevenção por meio da capacitação dos agentes envolvidos e a instalação de 
grupos da Patrulha Maria da Penha, que deverão fazer visitas periódicas a mulheres em 
situação de violência doméstica. 
Foram traçados três eixos no plano: atuação conjunta com países vizinhos (fronteiras, 
inteligência e informação e operações); fiscalização, proteção e operações nas fronteiras; 
e atuação conjunta com as policiais estaduais; e ao crime organizado dentro e fora dos 
presídios e a racionalização e modernização do sistema Penitenciário com previsão de 
separação dos presos condenados por crimes graves e do crime organizado em diferentes 
alas. 
Para atingir o objetivo o plano prevê ações como a implantação de centros de inteligência 
integrados das polícias nas capitais, a criação de forças-tarefa no Ministério Público para 
investigações de homicídios e o fortalecimento do combate ao tráfico de armas e drogas 
nas fronteiras, ampliação de gradativa do efetivo da força Nacional de Segurança, que 
atuará em conjunto com as polícias Federal, Rodoviária Federal e as polícias estaduais. 
O Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária tem a finalidade de fixar diretrizes 
de direitos e deveres na execução penal. É elaborado pelo Conselho Nacional de Política 
Criminal e Penitenciária – CNPC, que é um órgão colegiado com sede em Brasília, 
composto por 13 membros designados pelo Ministro da Justiça, indicados entre 
professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, penitenciário e 
ciências correlatas, bem como por representantes da comunidade e dos Ministérios da 
área social. 
 
. 
De acordo com o artigo 64 da LEP, são atribuições do CNPCP, em âmbito Federal ou 
Estadual: 
I - propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do delito; 
II - administração da justiça criminal e execução das penas e das medidas de segurança; 
III - contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo as metas 
e prioridades da política criminal e penitenciária; 
IV - promover a avaliação periódica do sistema criminal para a sua adequação às 
necessidades do País; 
V- Estimular e promover a pesquisa criminológica, assim como: elaborar programa 
nacional penitenciário de formação e aperfeiçoamento do servidor; VI - estabelecer regras 
sobre a arquitetura e construção de estabelecimentos penais e casas de albergados; 
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da estatística criminal; 
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, bem assim informar-se, 
mediante relatórios do Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios, 
acerca do desenvolvimento da execução penal nos Estados, Territórios e Distrito Federal, 
propondo às autoridades dela incumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento; 
IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de 
sindicância ou procedimento administrativo, em caso de violação das normas referentes 
à execução penal; 
X - representar à autoridade competente para a interdição, no todo ou em parte, de 
estabelecimento penal (BRASIL, 1984). 
 
O Plano Nacional de Políticas Criminais e Penitenciárias de outubro de 2015 divide-se 
em duas partes. A primeira parte apresenta as medidas relacionadas à porta de entrada do 
sistema penal, com “o objetivo de revelar o que tem levado ao quadro atual da política 
criminal, em que ocorre crescimento contínuo da população carcerária, sem impacto na 
melhoria dos indicadores de segurança pública” (BRASIL, 2015c, p.5). 
A segunda parte do plano volta-se para fixar diretrizes para o funcionamento do sistema 
prisional, do cumprimento de medida de segurança, do monitoramento eletrônico e das 
alternativas penais” (BRASIL, 2015c, p.6). 
2.3 A instrumentalidade do atendimento aos privados de liberdade – Constituição 
Federal de 1988 e Lei da Execução Penal 
 
As prisões brasileiras são insalubres, superlotadas e esquecidas pelo poder público, a 
maioria dos apenados que cumprem pena de restrição de liberdade estão em unidades 
prisionais que apresentam precariedade em suas instalações físicas, atendimentos 
essenciais deficitários que dificultam ou impedem o caráter ressocializador da medida 
legal aplicada ao infrator, que sendo uma pessoa, ser humano e que ao ser penalizado em 
face da infração cometida, perdeu temporariamente o direito à liberdade, mas manteve 
intacta a garantia da dignidade da pessoa humana sem prejuízo dos demais direitos. 
Encontrando-se em condições de vulnerabilidade social e “excluída” da sociedade, a 
população encarcerada é amparada pelo Estado brasileiro nos dispositivos legais da 
Constituição Federal de 1988, e na Lei da Execução Penal (LEP) editada em 11 de julho 
de 1984 com a finalidade de proporcionar ao indivíduo que delinquiu sua reintegração à 
sociedade livre, sendo considerada uma das melhores ferramentas legais e instrumentais 
em relação à garantia dos direitos individuais do apenado. 
O escopo principal da Lei de Execução Penal (LEP) é efetivar o comando da sentença ou 
decisão criminal, pois a pena é castigo, segundo (CAPEZ, 2007), 
Pena é uma sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo 
Estado, em execução de uma sentença, ao culpado pela prática 
de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de 
um bem jurídico, cujas finalidades são aplicar a retribuição 
punitiva ao delinquente, promover a sua readaptação social e 
prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à 
coletividade (CAPEZ, 2007, p.17). 
A pena tem uma natureza retributiva, que a sociedade por meio do Estado impõe ao 
indivíduo que violou a lei penal. Porém, além do caráter retributivo a pena tem por fim 
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado, 
pois ela também possui natureza ressocializante e reeducativa, sendo esta a sua principal 
finalidade e isto está muito bem delimitado no artigo 1º da Lei de Execução Penal (LEP), 
que de forma clara aduz o seguinte: “A execução penal tem por objetivo efetivar as 
disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica 
integração social do condenado e do internado.” 
A Lei de Execução Penal em seu artigo 10º prevê que a assistência ao preso e ao internado 
é dever do Estado, com o objetivo de prevenir o crime e orientar o retorno do apenado a 
convivência social. O artigo 11 do mesmo instituto salienta que é devida pelo Estado ao 
sentenciado a assistência material por meio da alimentação, vestuário e instalações 
higiênicas condizentes com a pessoa humana; além da jurídica, educacional, social, 
 
. 
religiosa e a saúde. Sendo assim para atingir estes objetivos, o Estado deve atuar por meio 
de uma eficiente e necessária política geral de governo, que passa também pela 
intervenção efetiva de toda a sociedade, com o fim de proporcionar uma vida digna aos 
segregados do seio social com o fim de torná-los aptos para o retorno ao convívio emsociedade. 
Segundo o entendimento do STF, 
 
 "A Lei de Execução Penal – LEP é de ser interpretada com os 
olhos postos em seu art. 1º. Artigo que institui a lógica da 
prevalência de mecanismos de reinclusão social (e não de 
exclusão do sujeito apenado) no exame dos direitos e deveres 
dos sentenciados. Isso para favorecer, sempre que possível, a 
redução de distância entre a população intramuros penitenciários 
e a comunidade extramuros. Essa particular forma de 
paramentar a interpretação da lei (no caso, a LEP) é a que mais 
se aproxima da CF, que faz da cidadania e da dignidade da 
pessoa humana dois de seus fundamentos (incisos II e III do art. 
1º). A reintegração social dos apenados é, justamente, pontual 
densificação de ambos os fundamentos constitucionais." (HC 
99.652, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-11-2009, 
Primeira Turma, DJE de 4-12-2009). 
Embora a LEP (Lei de Execuções Penais) represente um avanço em termos de legislação, 
legitima o tratamento penal, os direitos humanos e sociais dos apenados, passando por 
modificações desde a sua edição em 1984 que ao longo desse tempo foram catorze 
alterações realizadas e mais um Projeto de Lei em curso no Congresso Nacional com a 
finalidade de atualizá-la à realidade prisional nacional. 
3.0 – CONTEXTUALIZANDO A PENITENCIÁRIA: ROTINAS E GESTÃO 
 
3.1. APRESENTAÇÃO DO PRESÍDIO DO RÓGER 
 
A Penitenciária Modelo Des. Flóscolo da Nóbrega, mais conhecida como presídio do 
Róger, localiza-se à rua Conceição Cabral, s/n, no bairro do mesmo nome na Capital 
paraibana e trata-se de uma construção antiga, erguida em uma área de aproximada de 
15 mil metros quadrados, guarnecida por muros altos e 07 guaritas ocupadas 24 horas por 
sentinelas armadas da Polícia Militar, datada dos anos 1940 e entregue à população pelo 
governador José Américo de Almeida no ano de 1951. Adelson (2010), explica sobre a 
construção e segurança prisional: 
O presídio é construído para segurar, alojar e manter o preso no 
regime para o qual foi condenado. Pronto para garantir o 
cumprimento da sentença judicial. A construção deve ser dentro 
da técnica e padrões de engenharia e arquitetura prisional, com 
compartimentos, pavilhões e celas que permitam salubridade, 
ventilação, claridade e condicionamento térmico adequado ao 
ser humano. .(ADELSON, 2010, P,26) 
Sendo uma construção antiga, a sua estrutura não segue o padrão de engenharia 
penitenciária adotado atualmente e é composta por um edifício central em dois 
pavimentos, sendo o térreo composto pela entrada principal, recepção, coordenação de 
plantão, parlatórios e enfermaria e o segundo é destinado á administração, composto pelas 
salas de direção, arquivo, Infopen, defensoria pública a atendimento odontológico. 
Através da entrada principal, um portão menor dá passagem para um pequeno pátio que 
à esquerda localiza-se o alojamento e refeitório dos agentes e á direita, um portão de grade 
de um espaço conhecido como “gaiola” por possuir mais dois portões semelhantes e tem 
a finalidade de separar e controlar o deslocamento da área administrativa para a área de 
convívio dos apenados. 
 Adentrando à penitenciária, encontra-se o centro da unidade uma edificação dividida em 
três espaços destinados à triagem, isolamento e celas de castigo. Do lado esquerdo, um 
pavilhão em construção e do lado direito, os pavilhões, sendo o 1º pavilhão, subdivido 
em alas distintas destinadas aos presos trabalhadores da unidade, aos com problemas de 
saúde e outra aos acusados de crimes sexuais e violência doméstica e por trás um espaço 
transformado em cela e denominado de PB04 e há um espaço em forma de galpão 
destinado aos presos LGBT. Defronte a essa área, encontra-se uma edificação destinada 
à cozinha da unidade. A partir do 1° pavilhão existem mais três de dimensões 
semelhantes, (50 metros de comprimento por 10 metros de largura) os 2, 3 e 4, cada qual 
com dez celas para o convívio dos detentos e construído em linha perpendicular ao fundo 
da penitenciária, uma edificação nas mesmas dimensões que os demais, mas dividido ao 
meio para abrigar os pavilhões 5 e 6 e o PB03 é um anexo ao lado do pavilhão 6. 
 Defronte aos pavilhões 1,2,3 e 4 ao lado do 5, 6 e PB03 e ainda por trás da edificação 
destinada à triagem (reconhecimento) e ao isolamento, encontra-se uma edificação 
coberta e aberta nas laterais, chamada de “igreja” e comumente utilizada para a realização 
de cultos ecumênicos, mas que pode ser utilizada em outras finalidades como o 
 
. 
deslocamento e manutenção dos detentos durante as operações de inspeção em celas ou 
pavilhões, mantendo-os em local coberto e protegido dos efeitos do sol ou chuva e ao 
lado do reconhecimento encontra-se um pavilhão em construção. Toda a estrutura foi 
idealizada pra atender uma demanda de 300 vagas e posteriormente com as reformas e 
ampliação de espaços físicos a sua capacidade foi aumentada para 540 vagas, que é a sua 
capacidade atual e com a conclusão do novo pavilhão espera-se que a capacidade seja de 
700 vagas. 
Dispõe de um efetivo de 85 agentes penitenciários, sendo uma média de 16 agentes por 
plantão. A Unidade é destinada a presos provisórios, mas conta com a presença de 
apenados condenados aguardando resposta à recursos de revisão de pena. As visitas dos 
familiares ocorrem duas vezes por semana. Só os internos casados ou que mantêm união 
estável têm direito à visita íntima, inclusive os do pavilhão LGBT. Todos os internos têm 
direito à uma hora de “banho de sol” duas vezes por semana. 
É importante enaltecer a dedicação e comprometimento do Agente Penitenciário nesse 
ambiente perigoso e insalubre, realizando a tarefa de promover a execução penal, pois é 
esse profissional que mantém a rotina no interior da unidade participando de todas as 
atividades, desde a vigilância, fiscalização do cumprimento de normas internas, 
acompanhamento para o atendimento social e a custódia do detento em ambientes 
externos autorizados pela legislação vigente, sobre o tema expõe Adelson (2010): 
O novo agente preocupa-se, também com o respeito aos direitos humanos e com a 
ressocialização do apenado. Cada um é um professor, um orientador, com vistas a 
recuperar seres desviados dos bons costumes, da ética, do respeito aos direitos alheios, da 
ordem e da lei, orientando-os para que levem uma vida responsável, isenta de quaisquer 
infrações, dentro e fora da prisão, quando forem liberados. O homem e a mulher, mesmo 
presos, não perdem a cidadania. Gozam de todos os direitos a eles inerentes, salvo os 
restritos na sentença. (ADELSON, 2010, p. 205-206). 
Celas superlotadas, escuras e úmidas, degradadas pelo tempo e pela manutenção precária, 
retém pessoas que não tem relacionamento entre si, só a certeza de que passarão muitos 
dias naquele lugar e a falta de investimentos em melhoria nas condições de vida dos 
encarcerados propicia a falência e o descontrole estatal em gerir as demandas, limitando-
se a encarcerar e “esquecer” o detento dentro dos limites da unidade, negando-lhe muitas 
vezes à sua condição de ser humano fortalecendo a ideia de composição de facções 
criminosas para a atuação dentro e fora dos presídios. 
Essa precariedade influi negativamente e diretamente no conjunto de servidores da 
unidade, seja de agentes ou de outros trabalhadores, pois associado à degradação física 
das instalações, à superlotação de apenados e o número reduzido de funcionários para 
atender uma massa carcerária na proporção de aproximadamente 800 detentos para uma 
equipe de 16 agentes provocando uma sobrecarga de trabalho. 
A penitenciária do Róger acolhe membros de duas facções inimigas e apenados que 
optaram não compor com facções e por isso foi feita uma divisão. No primeiro pavilhão, 
encontram-se os internos acusados de não pagar pensão alimentícia, os enquadrados na 
Lei Maria da Penha, os que respondempor crimes sexuais e os responsáveis pelo trabalho 
na cozinha e faxina, no segundo, terceiro e quarto pavilhões encontram-se os internos que 
pertencem à “Al Qaeda” e o quinto e sexto pavilhões acolhem os membros dos “Estados 
Unidos” e essa divisão não ocorre apenas na “moradia”, mas a toda a rotina de atividades 
da unidade, nunca misturando os membros das facções rivais em um só espaço, seja no 
atendimento social, seja durante o banho de sol ou dias de visitas. 
Embora a Lei de execução Penal e outros instrumentos normativos discorrerem sobre 
direitos e deveres, estatais e do apenado em respeito ao princípio da dignidade humana e 
assegurando ao apenado o direito à saúde, educação, assistência, entre outros, o direito ao 
trabalho será focalizado em virtude da perspectiva emancipadora da reprodução objetiva 
do apenado e sua assistência material, libertária em relação às facções criminosas e de 
remição de pena 
 
3. 2- O AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA/ POLICIAL PENAL 
 
Agente de Segurança Penitenciária é o profissional (homens e mulheres) de carreira típica 
de Estado contratado para dar efetividade ao preconizado na parte final do artigo 1º da 
Lei de Execução Penal: “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de 
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social 
do condenado e do internado. 
Sendo uma das atividades mais antigas da humanidade, que junto com a origem da pena 
de prisão, torna-se necessário a contratação de profissional para dar efetividade ao 
cumprimento da sentença custodiando o sentenciado e atendendo-lhe nas necessidades 
básicas no interior do cárcere, atividades essas que perduram até os dias atuais. 
Cada Estado da Federação disciplina os direitos e deveres desses profissionais, bem como 
a nomenclatura da profissão: guarda prisional, agente de escolta, agente de segurança 
 
. 
penitenciária, agente prisional, bem como as atribuições da profissão, que segundo Rocha 
(2003, p. 15) define essa variedade de atribuições que o profissional tem como as 
seguintes: “De segurança ou guardador de preso, por meios preventivos ou coercitivos, 
até ser considerado como principal responsável para a reinserção ou reintegração social 
do preso à sociedade...”. 
Segundo o manual do agente penitenciário do Departamento Penitenciário Nacional – 
Depen: 
são atribuições dos Agentes de Segurança Penitenciária: Descrição básica da atribuição 
(Conforme Resolução 3027/04-SEAP): “Efetuar a segurança da Unidade Penal em que 
atua, mantendo a disciplina. Vigiar, fiscalizar, inspecionar, revistar e acompanhar os 
presos ou internados, zelando pela ordem e segurança deles, bem como da Unidade 
Penal.” 1. Participar das propostas para definir a individualização da pena e tratamento 
objetivando a adaptação do preso e a reinserção social; 2. Atuar como agente garantidor 
dos direitos individuais do preso em suas ações; 3. Receber e orientar presos quanto às 
normas disciplinares, divulgando os direitos, deveres e obrigações conforme normativas 
legais; 4. Revistar presos e instalações; 5. Prestar assistência aos presos e internados 
encaminhando-os para atendimento nos diversos setores sempre que se fizer necessário; 
6. Verificar as condições de segurança comportamental e estrutural, comunicando as 
alterações à chefia imediata; 7. Acompanhar e fiscalizar a movimentação de presos ou 
internados no interior da Unidade; 8. Acompanhar presos em deslocamentos diversos em 
acordo com as determinações legais; 9. Efetuar a conferência periódica dos presos ou 
internados de acordo com as normas de cada Unidade; 10 .Observar o comportamento 
dos presos ou internados em suas atividades individuais e coletivas; 11. Não permitir o 
contato de presos ou internos com pessoas não autorizadas; 12. Revistar toda pessoa 
previamente autorizada que pretenda adentrar ao estabelecimento penal; 13. Verificar e 
conferir os materiais e as instalações do posto, zelando pelos mesmos; 14. Controlar a 
entrada e saída de pessoas, veículos e volumes, conforme normas específicas da Unidade; 
15. Conferir documentos, quando da entrada e saídas de presos da unidade; 16. Operar o 
sistema de alarme, monitoramento audiovisual e demais sistemas de comunicação interno 
e externo; 17. Executar outras atividades correlatas. (Depen, 2018, pg. 04 e 05), 
 
. 
 
Com a promulgação da Emenda Constitucional 104/2019, de 04 de dezembro de 2019 
pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República que criou as polícias 
penais federal, estadual e distrital, através da transformação dos atuais agentes 
penitenciários e as nomenclaturas dos cargos isolados e cargos equivalentes ( Inspetores 
de Segurança e Administração Penitenciaria (ISAP), Agente de Escolta e Vigilância 
Penitenciaria (AEVP) , Agentes de Execução Penal, e no Sistema Penitenciário Federal 
Agentes Federais de Execução Penal) são unificadas para Policial Penal, contemplando 
uma padronização de nomenclatura de profissão, de vínculo de trabalho e de 
procedimento 
 Que entre suas atribuições estão: manter a ordem, a disciplina, a custodia e a vigilância 
a detentos nas unidades prisionais, assim como externo as unidades em escolta armada 
para audiências judiciais, atendimento medico, velório, IML, além de serviços de 
natureza policial como apreensões de ilícitos, revistas pessoais em detentos e visitantes, 
revista em veículos que adentram as unidades prisionais, controle de rebeliões, 
focalização em materiais e celas, assim como em movimentações diversas para canteiros 
de trabalho, escola, setores de enfermagem, dentista, psicologia, assistência social e 
jurídica. Estão subordinados às Secretarias de Estado de Administração Penitenciária 
Estima-se que no Brasil, aproximadamente 65 mil policiais penais que laboram nas 
unidades prisionais quantitativo insuficiente para as atividades de custodia e controle dos 
cerca de 800 mil detentos, e no Estado da Paraíba são aproximadamente 1.650 policiais 
penais para uma população carcerária estimada em 13.000 detentos. 
 
3.3 – A Contextualização do trabalho do Agente de Segurança Penitenciária na 
Unidade Prisional 
Para melhor identificar a conjuntura dos trabalhos realizados intramuros pelos agentes de 
Segurança Penitenciária, adequado se faz a referência de forma direcionada a unidade 
prisional descrita (Presídio do Róger). A direção da unidade é composta por um diretor, 
dois diretores adjuntos e cinco chefes de segurança e disciplina, todos são cargos 
comissionados escolhidos dentre Agentes de Segurança Penitenciária. 
A indicação destes se dá através da direção da unidade ao Secretário da Administração 
Penitenciária. Há ainda cinco coordenadores de plantão que se revezam junto às equipes 
plantonistas diárias, que oscilam em número de agentes penitenciários entre 11 a 16 e são 
complementadas com os plantões extras disponibilizados pela unidade ficando a equipe 
em número que oscila entre 16 e 20 agentes. 
 
. 
Todos os atendimentos são ordenados sempre de acordo com o funcionamento da 
Unidade e que para a satisfação dos preceitos constitucionais e a efetivação do 
cumprimento do que preconiza a Lei de Execução Penal, a rotina carcerária ocorre 
totalmente dependente e atrelada ao trabalho desempenhado pelos Agentes de Segurança 
Penitenciária, conforme o que se demonstra na rotina da unidade: 
Por volta das 05h00 da manhã, a equipe plantonista realiza uma ronda geral na área 
externa dos pavilhões com a finalidade de inspeção e recolhimento de objetos ilícitos que 
porventura sejam arremessados da área externa da unidade. Após a realização da ronda, 
e abertura da entrada principal dos pavilhões, liberam no pavilhão 01 “os trabalhadores 
da casa”, envolvidos no trabalho de asseio e conservação, “os faxinas” e os que trabalham 
no preparo e distribuição da alimentação da massa carcerária, “os da cozinha”. 
Às 06h30minda manhã , “os da cozinha” iniciam a “paga” (termo utilizado pelos Agentes 
de Segurança Penitenciária para designar a entrega das refeições aos reclusos) o café da 
manhã em todos os pavilhões. Às 07h30min, a equipe plantonista retira das celas os 
apenados designados para as audiências, os convocados para se apresentar ao setor de 
sindicância, ou para atendimento médico interno ou externo previamente agendado e a 
troca da equipe operacional ocorre às 8h. 
O “banho de sol” dos apenados ocorre nos dias que não são destinados à visitação familiar 
ou íntima, geralmente nas terças, quintas e no sábado e todos os pavilhões são 
contemplados, sendo um de cada vez com a finalidade de preservar a segurança. Os 
demais dias da semana destinam-se à visitação, sendo nas segundas e quartas a visita 
íntima e nas sextas e domingos a visita familiar. 
 Esse processo de rotinas e procedimentos nem sempre ocorre, e pode ser afetado por 
eventos alheios ao cotidiano da unidade, mas sempre considerado como possíveis e 
seguindo a dinâmica da vida no cárcere, como conflitos entre grupos de apenados, 
apenados e Agentes de Segurança Penitenciária, dificuldades de atendimento da equipe 
técnica-social, falta de medicamentos e outros insumos, entre outros. 
Para toda e qualquer retirada de cela para atendimento diverso, é sempre realizada pelo 
Agente de Segurança Penitenciária uma revista corporal no recluso como forma 
preventiva de evitar que o mesmo porte objetos ilícitos ou não permitidos que possam 
inclusive ser utilizados como ameaça à integridade do próprio agente ou daquele que for 
prestar o atendimento. 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
O Estado brasileiro deve efetivar um modelo de Plano Nacional de Segurança Pública, 
que combine e articule política de prevenção com a repressão qualificada, e com uma 
política de valorização dos profissionais da área que contemple o cidadão no gozo dos 
mais elementares direitos e o principal deles que é o direito à vida e consequentemente, à 
segurança e incolumidade que faça valer o estabelecido no preceito constitucional, “A 
Segurança Pública é direito de todos e dever do Estado”. 
Os investimentos em Política de Segurança Pública tem se mostrado insuficientes para 
materializar ações governamentais capazes de minimizar ou mesmo diminuir os efeitos 
danosos provocados pela violência e criminalidade em nosso País e necessário se faz que 
o Estado adote medidas urgentes efetivas de segurança pública que surtam efeitos no 
controle da criminalidade. 
Na atualidade, o cenário mundial marcado pela globalização, internacionalização e 
financeirização do capital tem provocado mudanças significativas no modelo econômico, 
reestruturando e redefinindo o papel do Estado adotando a concepção de “Estado 
Mínimo” reduzindo a sua atuação no âmbito econômico e social com a ampliação dos 
instrumentos de controle da sociedade. 
Afirma PASSETI, “não tardou para que no final do século 20, na sociedade de controle, 
com o neoliberalismo, aparecesse uma terceira versão para os perigosos a serem 
confinados” (PASSETTI, 2003, p.134). Na esfera do “Estado neoliberal”, surge o “Estado 
penal”, pela via de ações fortalecedoras do controle dos processos de marginalização 
econômica e social para o Estado penalizador, os estudos e pesquisas procuram mostrar 
as dimensões atuais dos efeitos da globalização nas segregações, confinamentos e 
extermínios de populações pobres, adulta, juvenil e infantil (PASSETTI, 2003, p. 170). 
Enfrentar os múltiplos desafios à cerca de política efetivas de segurança pública em um 
contexto de “criminalização da pobreza” e encarceramento, em perspectiva de negação 
enquanto direito fundamental e coletivo dos cidadãos é necessário para a efetivação do 
bem comum e da paz social. Ações efetivas da segurança pública necessitam de surtirem 
efeito no controle da criminalidade, consequentemente, na diminuição dos expressivos 
números da massa carcerária no Brasil. 
São expressivos os números de produções acadêmicas e estudos a cerca da problemática 
da segurança pública e do sistema carcerário no Brasil, mas é notória a ausência de 
 
. 
estudos que problematize questões referentes às especificidades e realidades da profissão 
dos agentes penitenciários ou conforme nova nomenclatura, policiais penais. Constata-se 
que essa ausência se dá pela não percepção da comunidade acadêmica e sociedade em 
geral das transformações ocorridas no interior dessa categoria profissional. 
Da figura do carcereiro do passado ao policial penal de hoje muito mudou, o ambiente 
carcerário não é imutável acompanhando as transformações societárias. O que permanece 
é o trinômio prisão-preso-policial, elementos indissociáveis para o efetivo cumprimento 
do preconizado na parte final do artigo 1º da Lei de Execução Penal: “A execução penal 
tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar 
condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. 
O policial penal tem pleno conhecimento da importância e do risco da profissão que 
exerce, dos instrumentos legais para o tratamento penal realizando a vigilância, custódia 
ou outras atividades que legalmente lhe são atribuídas. Embora seja necessário reconhecer 
que ainda persistem estigmas herdados do passado como a de má formação, abuso de 
poder corrupção e que necessitam serem desconstruídos. 
As atitudes e condutas do policial penal, pautadas em preceitos como conhecimento, 
integridade, determinação moral, iniciativa, disciplina, equilíbrio emocional entre outras, 
o capacitam para o bom desempenho na profissão, uma vez que lidam com pessoas em 
situação de privação de liberdade em instituição destinada a esse fim, mas nem sempre 
apropriada à finalidade, devido as condições precárias do ambiente, ou da questão da 
superlotação. 
É de conhecimento público que a estrutura do sistema prisional no Brasil é precária, que 
a eficácia das políticas de segurança pública depende do empenho do Poder público em 
realizar uma melhoria significativa nessa estrutura, através de políticas públicas 
inclusivas contemplando no aspecto físico e humano e da sociedade civil e da comunidade 
em apoiar projetos de reinserção social dos privados de liberdade. 
Conclui-se o presente artigo com a convicção de que o objetivo geral foi atendido 
descrevendo o trabalho do Agente como garantidores da Política de Segurança pública 
através da Execução Penal, de que os objetivos específicos foram alcançados a) 
Averiguando, com base na legislação, a contribuição do trabalho do agente no processo 
de efetivação de Políticas de Segurança Pública através da descrição e contextualização 
de suas atribuições; b): constatando que o nível de conhecimento e consciência da 
importância do Agente enquanto operador do Sistema de Segurança Pública é de suma 
importância para a política de segurança pública, pois o agente entende que é através de 
suas atribuições que a execução penal acontece entremuros c): que as condições ofertadas 
pelo Estado para o bom desempenho do agente em suas atribuições são de certa 
precariedade, como instalações físicas inadequadas, super polução prisional, entre outras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
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Ideia, 2010. 
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em História. Rio de Janeiro: IFCH - Campinas, 2009. 
BITENCOURT, César Roberto. Falência da Pena de Prisão: causasalternativas. São 
Paulo, Ed. Saraiva, 1993. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituiçaocompilado.htm>. Acessoem: 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituiçaocompilado.htm
 
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BRASIL. Lei de Execução Penal - nº 7. 210/84. Disponível 
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BRASIL. Emenda Constitucional nº 104/19. Disponível em < 
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PASSETTI, E. Anarquismos e sociedade de controle. São Paulo: Cortez, 2003. 
ROCHA, Edinilson Rodrigues Da. A motivação do agente penitenciário para o 
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Curitiba, 2003. Disponível em: 
 
 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L7210.htm
	O TRABALHO DO AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA: Uma Perspectiva da garantia de execução de Políticas de Segurança Pública.
	O TRABALHO DO AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA: Uma Perspectiva da garantia de execução de Políticas de Segurança Pública.
	3.3 – A Contextualização do trabalho do Agente de Segurança Penitenciária na Unidade Prisional

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