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. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA CURSO SUPERIOR TECNOLÓGICO EM SEGURANÇA PÚBLICA - CSTSP JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA GOMES O TRABALHO DO AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA: Uma Perspectiva da garantia de execução de Políticas de Segurança Pública. JOÃO PESSOA – PB 2020 JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA GOMES O TRABALHO DO AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA: Uma Perspectiva da garantia de execução de Políticas de Segurança Pública. Artigo a ser apresentado à Banca do Exame do Curso Superior de Tecnólogo em Segurança Pública da Universidade Estácio de Sá – CSTSP/UNESA como requisito para aprovação na disciplina de TCC em Segurança Pública. ORENTADOR(A): PAULO JORGE DOS SANTOS FLEURY JOÃO PESSOA 2020 . AGRADECIMENTOS Agradeço a todos que, de forma direta ou indireta contribuíram com este projeto e acreditaram que ele fosse possível, torceram por mim e me incentivaram a concluí-lo. A Deus, sempre Deus, com sua infinita bondade proporcionando condições de aprendizagem e disseminação do conhecimento. À minha família, pelo apoio constante e incondicional; À JOANA MENDES BATISTA DE OLIVEIRA, companheira dedicada, paciente, incentivadora e esposa amorosa; Aos Mestres da faculdade, que não pouparam esforços no compartilhamento de ensinamentos; Aos demais funcionários da faculdade, sempre solícitos e zelosos; À meu orientador, professor PAULO JORGE DOS SANTOS FLEURY, pela sensibilidade e paciência durante a construção e conclusão deste trabalho; Aos colegas do curso; À direção e agentes da Penitenciária Des. Flóscolo da Nóbrega (Presídio do Róger), pela contribuição com informações e dados importantes para a construção do presente trabalho. “A maior condenação a que estamos sujeitos no futuro será por omissão, por que meios para se fazer muitas coisas lindas e impossíveis existem” (Amyr Klink) O TRABALHO DO AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA : Uma Perspectiva da garantia de execução de Políticas de Segurança Pública. RESUMO O presente artigo consiste em um estudo sobre o trabalho do Agente de Segurança Penitenciária no Sistema Prisional brasileiro, em especial, aos que exercem suas atividades diárias na Penitenciária Des. Dr. Flóscolo da Nóbrega, popularmente conhecido simplesmente por Presídio do Róger, por situar-se no Bairro de mesmo nome na Capital paraibana. Abordaremos, sobre a evolução histórica do trabalho do Agente de Segurança Penitenciária partindo de uma análise sob a perspectiva de deveres e direitos na Lei das Execuções Penais 7.210/1984, na Emenda Constitucional Federal nº 104/2019; Problematiza a Política Nacional de Segurança Pública no cenário brasileiro. Tem como foco principal a situação atual do sistema penitenciário no Estado da Paraíba, em especial, no Presídio do Róger como unidade garantidora da eficácia no cumprimento de Políticas de segurança Pública através da Execução Penal. A metodologia proposta parte da pesquisa qualitativa, no qual utilizamos a pesquisa bibliográfica e documental para subsidiar toda discussão e análise. Também recorremos à observação participante, uma vez que foi oportunizada ao pesquisador a entrada no campo pela vivência profissional no sistema penitenciário. O objeto deste artigo científico é o trabalho do Agente de Segurança Penitenciária. São objetivos: a) Averiguar, com base na legislação, a contribuição do trabalho do agente no processo de efetivação de Políticas de Segurança Pública; b): constatar o nível de conhecimento e consciência da importância do Agente enquanto operador do Sistema de Segurança Pública e c): das condições ofertadas pelo Estado para o bom desempenho do agente em suas atribuições. A metodologia proposta parte da pesquisa qualitativa, no qual utilizamos a pesquisa bibliográfica e documental para subsidiar toda a discussão e análise. Também recorremos à observação participante, uma vez que foi oportunizada ao pesquisador a entrada no campo pela vivência profissional no Sistema Penitenciário da Paraíba. Palavras-chave: Políticas de Segurança Pública, Prisões. Trabalho. SUMMARY . This article consists of a study on the work of the Penitentiary Security Agent in the Brazilian Prison System, in particular, those who exercise their daily activities in the Penitentiary Des. Dr. Flóscolo da Nóbrega, popularly known simply as Presídio do Róger, because it is located in the neighborhood of the same name in the capital of Paraíba. We will approach, about the historical evolution of the work of the Penitentiary Security Agent starting from an analysis under the perspective of duties and rights in the Law of Penal Executions 7.210 / 1984, in the Federal Constitutional Amendment nº 104/2019; It questions the National Public Security Policy in the Brazilian scenario. Its main focus is the current situation of the penitentiary system in the State of Paraíba, in particular, in the Róger Prison as a unit that guarantees the effectiveness in the fulfillment of Public security Policies through Penal Execution. The proposed methodology is based on qualitative research, in which we use bibliographic and documentary research to support all discussion and analysis. We also resort to participant observation, since the researcher was given the opportunity to enter the field through professional experience in the prison system. The object of this scientific article is the work of the Penitentiary Security Agent. The objectives are: a) To verify, based on legislation, the contribution of the agent's work in the process of implementing Public Security Policies; b): verify the level of knowledge and awareness of the importance of the Agent as an operator of the Public Security System and c): of the conditions offered by the State for the good performance of the agent in his duties. The proposed methodology is based on qualitative research, in which we use bibliographic and documentary research to support the entire discussion and analysis. We also resort to participant observation, since the researcher was given the opportunity to enter the field through professional experience in the Paraíba Penitentiary System. Keywords: Public Security Policies, Prisons. Job. 1. INTRODUÇÃO O estudo exposto é reflexo da vivência profissional enquanto agente de segurança penitenciária na cidade de João Pessoa, Pb., cujo tema nos remete a uma reflexão acerca do funcionamento do sistema Prisional brasileiro e da realidade prisional, em especial da aplicabilidade do ordenamento jurídico e da oferta de Políticas de Segurança Pública e a uma análise crítica sobre a efetividade da atividade desenvolvida pelo Agente de Segurança Penitenciária enquanto operador de Políticas de Segurança pública no intramuros do Presídio do Róger, na cidade de João Pessoa, Estado da Paraíba. Evidente que as questões relativas à Segurança Pública não estão restritas à atuação da Polícia, Judiciário ou Sistema Prisional, mas a um campo muito mais amplo de atuação de outros setores da sociedade organizada. Políticas Públicas inclusivas, como saúde, educação, moradia e geração de renda devem acompanhar o desenvolvimento e aplicação conjunta com as Políticas de Segurança Pública. Levando-se em consideração que o aumento da criminalidade tem contribuído para o ingresso de jovens cada vez mais cedo no mundo do crime, principalmente, nos crimes relacionados às drogas e que nesse contexto, crescem e se fortalecem, à margem da lei e do poder estatal, as organizações criminosas, popularmente conhecidas por facções, com grande poder de persuasão e de arregimentação de jovens dentro e fora dos presídios para a prática de ações criminosas. E consequentementea resposta do Estado brasileiro, através da justiça criminal e penal é a mais rápida e viável, que é o encarceramento em massa de parte da população que vive em condições de extrema pobreza e em processo de criminalização provocado pela ausência de políticas públicas de inclusão ditada por um modelo econômico que privilegia o capital em detrimento do social, transformando o ser humano em “coisa” ou “mercadoria” comprometendo o padrão mínimo de condições de vida dessa população, terreno fértil para a instalação, manutenção e fortalecimento das facções criminosas. E é nesse contexto que labora o Agente de Segurança Penitenciária, desempenhando a função principal de guarda dos presos, mas também responsável pelo equilíbrio interno, observando, às vezes aconselhando, cuidando na alimentação, saúde, acompanhamento para as audiências, viabilizando as visitas íntimas ou de parentes em dias predeterminados ou aplicando sanções na busca incessante da estabilidade das relações sociais intramuros que garantem a ordem e a paz quase sempre despercebida pela sociedade extramuros. A presente pesquisa tem como objeto abordar o trabalho do Agente como garantidores da Política de Segurança pública através da Execução Penal, com objetivos específicos . a) Averiguar, com base na legislação, a contribuição do trabalho do agente no processo de efetivação de Políticas de Segurança Pública; b): constatar o nível de conhecimento e consciência da importância do Agente enquanto operador do Sistema de Segurança Pública; c): das condições ofertadas pelo Estado para o bom desempenho do agente em suas atribuições; É importante salientar que não cabe aqui à intenção de questionar o Sistema Penitenciário, a gestão da direção das unidades ou a atuação profissional das equipes de segurança penitenciária, de atendimento médico-social, mas de oferecer respostas aos questionamentos propostos no objetivo cuja finalidade é de se chegar a um resultado satisfatório, para isso, foi utilizado aporte bibliográfico como livros, revistas, trabalhos acadêmicos e a observação participante na unidade prisional em estudo. O trabalho está estruturado em três capítulos, cujo primeiro aborda a evolução histórica da pena de prisão no Brasil; o segundo aponta A Política Nacional de Segurança Pública: limites e retrocessos no cenário contemporâneo; o terceiro, contextualiza a Penitenciária – Rotinas e Gestão e por fim, apresentaremos às conclusões. 1. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA DE PRISÃO NO BRASIL No Brasil, a pena de prisão é introduzida com o advento do Código Criminal do Império, em 1830, com a previsão de duas formas de prisão: a prisão simples e a prisão com trabalhos, que nesse tipo de pena poderia ser perpétua, mas que ainda mantinha as penas de morte, e de trabalhos forçados herdadas das Ordenações Filipinas, que entraram em vigor no País em meados de 1603 e que disciplinaram as penas no Brasil Colônia até 1824. Em janeiro de 1834 teve início à construção das Casas de Correção no Brasil, sendo a primeira no Rio de Janeiro com a utilização de mão de obra cativa e de africanos livres transferida das da prisão do Aljube e quartéis militares para o canteiro de obras, segundo (Araújo, 2009), “Os trabalhos realizados ao ar livre eram acompanhados por feitores que dispunham das correntes atadas aos tornozelos dos sentenciados, do chicote para manter a disciplina e de um pequeno destacamento militar para cuidar da segurança”. E descreve a rotina de trabalho e a preocupação com a segurança; Todos os dias os presos saíam do alojamento improvisado na casa que pertenceu ao antigo dono da chácara pela manhã bem cedo. A rotina das obras era pesada. Divididos em grupos, os trabalhadores cuidavam dos alicerces do primeiro raio e do muro enquanto outros cuidavam do arrasamento da pedreira no fundo do terreno e dos trabalhos de marcenaria. (Araújo, 2009). Com o fim do império a República edita o decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890 alterando o projeto do “Código Penal dos Estados Unidos do Brasil” e reformando a legislação criminal que vigorava há quase sessenta anos e que não acompanhava mais a realidade brasileira em função de o País se encontrar em outra forma de governo e pela necessidade de contemplar novas formas de penalização de outros delitos não contemplados no Código do Império. Em 1940, entra em vigor o novo Código Penal, durante o período denominado de Estado Novo, que foi criado pelo decreto-lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940, que de acordo com a art. 361 só entrou em vigor em 1º de janeiro de 1942 e em 21 de outubro de 1969, a junta Militar que governava o País promulga o Código Penal de 1969, mas que só entraria definitivamente em vigor a 27 de junho de 1974 simultaneamente com o novo Código de Processo Penal, mantinha as bases da legislação de 1940, mas que expressava a necessidade de tornar a lei mais severa com penas mais duras. 2.0 - Política Nacional de Segurança Pública: limites e retrocessos no cenário contemporâneo 2.1 A Segurança Pública no cenário brasileiro: história e perspectivas A Segurança Pública no Brasil tem sua primeira regulamentação na Constituição Federal de 1988, artigo 144 do Capítulo III, que regulamenta o dever do Estado na segurança da população. Dessa forma, A Segurança Pública é um dever do Estado, que deve ser entendido na sua abrangência política, ou seja, a União, Estados Federados, e os Municípios é direito e responsabilidade de todos, sendo exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio (BRASIL,1988). É importante salientar que não há uma definição precisa a respeito da expressão Segurança Pública, entretanto, há o entendimento na interpretação do texto constitucional de que é um dever de Estado, com a incumbência para programar ações de prevenção e . controle de atos criminosos1 e de violência praticados contra a sociedade com a finalidade de garantia do pleno exercício da cidadania. Para Bengochea (2004), A segurança pública é um processo sistêmico e otimizado que envolve um conjunto de ações públicas e comunitárias, visando assegurar a proteção do indivíduo e da coletividade e a ampliação da justiça da punição, recuperação e tratamento dos que violam a lei, garantindo direitos e cidadania a todos. Um processo sistêmico porque envolve, num mesmo cenário, um conjunto de conhecimentos e ferramentas de competência dos poderes constituídos e ao alcance da comunidade organizada, interagindo e compartilhando visão, compromissos e objetivos comuns; e otimizado porque depende de decisões rápidas e de resultados imediatos (BENGOCHEA et al., 2004, p. 120). O Art. 144 prevê que a segurança pública é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; II - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. A composição prevista no art. 144 da constituição Federal disciplina as atribuições e objetivos das polícias, em que a esfera federal e estadual em conformidade com o ordenamento jurídico tem a finalidade de garantir a segurança e a ordem Pública, a incolumidade das pessoas e a preservação do patrimônio público e privado. Compete à União o combate aos crimes federalizados através da Policia Federal e Rodoviária Federal, ainda, as rodovias federais; aos Estados, combater os crimes comuns 1A definição de crime, segundo o art. 1° da antiga Lei de introdução ao Código Penal ( Decreto-lei 3.914,de 14 de dezembro de 1941): Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção,a infração penal a que a lei comina, isoladamente pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativamente ou cumulativamente (CÓDIGO PENAL, 2010, p. 583). através da Polícia Militar, que tem um caráter ostensivo, ou seja, de patrulhamento em geral e da Polícia Civil, considerada polícia judiciária em função de sua natureza investigativa; aos Corpos de Bombeiros militares é confiada às missões de prevenção e combate a sinistros e às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais. 2.2- Plano Nacional de Segurança Pública e o Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária – CNPC/2015: desafios contemporâneos. O Plano Nacional de Segurança Pública 2017, lançado pelo Governo Federal tem por finalidade a redução de homicídios dolosos e de feminicídios, que conforme o plano, viabilizará a prevenção por meio da capacitação dos agentes envolvidos e a instalação de grupos da Patrulha Maria da Penha, que deverão fazer visitas periódicas a mulheres em situação de violência doméstica. Foram traçados três eixos no plano: atuação conjunta com países vizinhos (fronteiras, inteligência e informação e operações); fiscalização, proteção e operações nas fronteiras; e atuação conjunta com as policiais estaduais; e ao crime organizado dentro e fora dos presídios e a racionalização e modernização do sistema Penitenciário com previsão de separação dos presos condenados por crimes graves e do crime organizado em diferentes alas. Para atingir o objetivo o plano prevê ações como a implantação de centros de inteligência integrados das polícias nas capitais, a criação de forças-tarefa no Ministério Público para investigações de homicídios e o fortalecimento do combate ao tráfico de armas e drogas nas fronteiras, ampliação de gradativa do efetivo da força Nacional de Segurança, que atuará em conjunto com as polícias Federal, Rodoviária Federal e as polícias estaduais. O Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária tem a finalidade de fixar diretrizes de direitos e deveres na execução penal. É elaborado pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária – CNPC, que é um órgão colegiado com sede em Brasília, composto por 13 membros designados pelo Ministro da Justiça, indicados entre professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, penitenciário e ciências correlatas, bem como por representantes da comunidade e dos Ministérios da área social. . De acordo com o artigo 64 da LEP, são atribuições do CNPCP, em âmbito Federal ou Estadual: I - propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do delito; II - administração da justiça criminal e execução das penas e das medidas de segurança; III - contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da política criminal e penitenciária; IV - promover a avaliação periódica do sistema criminal para a sua adequação às necessidades do País; V- Estimular e promover a pesquisa criminológica, assim como: elaborar programa nacional penitenciário de formação e aperfeiçoamento do servidor; VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção de estabelecimentos penais e casas de albergados; VII - estabelecer os critérios para a elaboração da estatística criminal; VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, bem assim informar-se, mediante relatórios do Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios, acerca do desenvolvimento da execução penal nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela incumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento; IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou procedimento administrativo, em caso de violação das normas referentes à execução penal; X - representar à autoridade competente para a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal (BRASIL, 1984). O Plano Nacional de Políticas Criminais e Penitenciárias de outubro de 2015 divide-se em duas partes. A primeira parte apresenta as medidas relacionadas à porta de entrada do sistema penal, com “o objetivo de revelar o que tem levado ao quadro atual da política criminal, em que ocorre crescimento contínuo da população carcerária, sem impacto na melhoria dos indicadores de segurança pública” (BRASIL, 2015c, p.5). A segunda parte do plano volta-se para fixar diretrizes para o funcionamento do sistema prisional, do cumprimento de medida de segurança, do monitoramento eletrônico e das alternativas penais” (BRASIL, 2015c, p.6). 2.3 A instrumentalidade do atendimento aos privados de liberdade – Constituição Federal de 1988 e Lei da Execução Penal As prisões brasileiras são insalubres, superlotadas e esquecidas pelo poder público, a maioria dos apenados que cumprem pena de restrição de liberdade estão em unidades prisionais que apresentam precariedade em suas instalações físicas, atendimentos essenciais deficitários que dificultam ou impedem o caráter ressocializador da medida legal aplicada ao infrator, que sendo uma pessoa, ser humano e que ao ser penalizado em face da infração cometida, perdeu temporariamente o direito à liberdade, mas manteve intacta a garantia da dignidade da pessoa humana sem prejuízo dos demais direitos. Encontrando-se em condições de vulnerabilidade social e “excluída” da sociedade, a população encarcerada é amparada pelo Estado brasileiro nos dispositivos legais da Constituição Federal de 1988, e na Lei da Execução Penal (LEP) editada em 11 de julho de 1984 com a finalidade de proporcionar ao indivíduo que delinquiu sua reintegração à sociedade livre, sendo considerada uma das melhores ferramentas legais e instrumentais em relação à garantia dos direitos individuais do apenado. O escopo principal da Lei de Execução Penal (LEP) é efetivar o comando da sentença ou decisão criminal, pois a pena é castigo, segundo (CAPEZ, 2007), Pena é uma sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença, ao culpado pela prática de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de um bem jurídico, cujas finalidades são aplicar a retribuição punitiva ao delinquente, promover a sua readaptação social e prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à coletividade (CAPEZ, 2007, p.17). A pena tem uma natureza retributiva, que a sociedade por meio do Estado impõe ao indivíduo que violou a lei penal. Porém, além do caráter retributivo a pena tem por fim proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado, pois ela também possui natureza ressocializante e reeducativa, sendo esta a sua principal finalidade e isto está muito bem delimitado no artigo 1º da Lei de Execução Penal (LEP), que de forma clara aduz o seguinte: “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.” A Lei de Execução Penal em seu artigo 10º prevê que a assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, com o objetivo de prevenir o crime e orientar o retorno do apenado a convivência social. O artigo 11 do mesmo instituto salienta que é devida pelo Estado ao sentenciado a assistência material por meio da alimentação, vestuário e instalações higiênicas condizentes com a pessoa humana; além da jurídica, educacional, social, . religiosa e a saúde. Sendo assim para atingir estes objetivos, o Estado deve atuar por meio de uma eficiente e necessária política geral de governo, que passa também pela intervenção efetiva de toda a sociedade, com o fim de proporcionar uma vida digna aos segregados do seio social com o fim de torná-los aptos para o retorno ao convívio emsociedade. Segundo o entendimento do STF, "A Lei de Execução Penal – LEP é de ser interpretada com os olhos postos em seu art. 1º. Artigo que institui a lógica da prevalência de mecanismos de reinclusão social (e não de exclusão do sujeito apenado) no exame dos direitos e deveres dos sentenciados. Isso para favorecer, sempre que possível, a redução de distância entre a população intramuros penitenciários e a comunidade extramuros. Essa particular forma de paramentar a interpretação da lei (no caso, a LEP) é a que mais se aproxima da CF, que faz da cidadania e da dignidade da pessoa humana dois de seus fundamentos (incisos II e III do art. 1º). A reintegração social dos apenados é, justamente, pontual densificação de ambos os fundamentos constitucionais." (HC 99.652, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-11-2009, Primeira Turma, DJE de 4-12-2009). Embora a LEP (Lei de Execuções Penais) represente um avanço em termos de legislação, legitima o tratamento penal, os direitos humanos e sociais dos apenados, passando por modificações desde a sua edição em 1984 que ao longo desse tempo foram catorze alterações realizadas e mais um Projeto de Lei em curso no Congresso Nacional com a finalidade de atualizá-la à realidade prisional nacional. 3.0 – CONTEXTUALIZANDO A PENITENCIÁRIA: ROTINAS E GESTÃO 3.1. APRESENTAÇÃO DO PRESÍDIO DO RÓGER A Penitenciária Modelo Des. Flóscolo da Nóbrega, mais conhecida como presídio do Róger, localiza-se à rua Conceição Cabral, s/n, no bairro do mesmo nome na Capital paraibana e trata-se de uma construção antiga, erguida em uma área de aproximada de 15 mil metros quadrados, guarnecida por muros altos e 07 guaritas ocupadas 24 horas por sentinelas armadas da Polícia Militar, datada dos anos 1940 e entregue à população pelo governador José Américo de Almeida no ano de 1951. Adelson (2010), explica sobre a construção e segurança prisional: O presídio é construído para segurar, alojar e manter o preso no regime para o qual foi condenado. Pronto para garantir o cumprimento da sentença judicial. A construção deve ser dentro da técnica e padrões de engenharia e arquitetura prisional, com compartimentos, pavilhões e celas que permitam salubridade, ventilação, claridade e condicionamento térmico adequado ao ser humano. .(ADELSON, 2010, P,26) Sendo uma construção antiga, a sua estrutura não segue o padrão de engenharia penitenciária adotado atualmente e é composta por um edifício central em dois pavimentos, sendo o térreo composto pela entrada principal, recepção, coordenação de plantão, parlatórios e enfermaria e o segundo é destinado á administração, composto pelas salas de direção, arquivo, Infopen, defensoria pública a atendimento odontológico. Através da entrada principal, um portão menor dá passagem para um pequeno pátio que à esquerda localiza-se o alojamento e refeitório dos agentes e á direita, um portão de grade de um espaço conhecido como “gaiola” por possuir mais dois portões semelhantes e tem a finalidade de separar e controlar o deslocamento da área administrativa para a área de convívio dos apenados. Adentrando à penitenciária, encontra-se o centro da unidade uma edificação dividida em três espaços destinados à triagem, isolamento e celas de castigo. Do lado esquerdo, um pavilhão em construção e do lado direito, os pavilhões, sendo o 1º pavilhão, subdivido em alas distintas destinadas aos presos trabalhadores da unidade, aos com problemas de saúde e outra aos acusados de crimes sexuais e violência doméstica e por trás um espaço transformado em cela e denominado de PB04 e há um espaço em forma de galpão destinado aos presos LGBT. Defronte a essa área, encontra-se uma edificação destinada à cozinha da unidade. A partir do 1° pavilhão existem mais três de dimensões semelhantes, (50 metros de comprimento por 10 metros de largura) os 2, 3 e 4, cada qual com dez celas para o convívio dos detentos e construído em linha perpendicular ao fundo da penitenciária, uma edificação nas mesmas dimensões que os demais, mas dividido ao meio para abrigar os pavilhões 5 e 6 e o PB03 é um anexo ao lado do pavilhão 6. Defronte aos pavilhões 1,2,3 e 4 ao lado do 5, 6 e PB03 e ainda por trás da edificação destinada à triagem (reconhecimento) e ao isolamento, encontra-se uma edificação coberta e aberta nas laterais, chamada de “igreja” e comumente utilizada para a realização de cultos ecumênicos, mas que pode ser utilizada em outras finalidades como o . deslocamento e manutenção dos detentos durante as operações de inspeção em celas ou pavilhões, mantendo-os em local coberto e protegido dos efeitos do sol ou chuva e ao lado do reconhecimento encontra-se um pavilhão em construção. Toda a estrutura foi idealizada pra atender uma demanda de 300 vagas e posteriormente com as reformas e ampliação de espaços físicos a sua capacidade foi aumentada para 540 vagas, que é a sua capacidade atual e com a conclusão do novo pavilhão espera-se que a capacidade seja de 700 vagas. Dispõe de um efetivo de 85 agentes penitenciários, sendo uma média de 16 agentes por plantão. A Unidade é destinada a presos provisórios, mas conta com a presença de apenados condenados aguardando resposta à recursos de revisão de pena. As visitas dos familiares ocorrem duas vezes por semana. Só os internos casados ou que mantêm união estável têm direito à visita íntima, inclusive os do pavilhão LGBT. Todos os internos têm direito à uma hora de “banho de sol” duas vezes por semana. É importante enaltecer a dedicação e comprometimento do Agente Penitenciário nesse ambiente perigoso e insalubre, realizando a tarefa de promover a execução penal, pois é esse profissional que mantém a rotina no interior da unidade participando de todas as atividades, desde a vigilância, fiscalização do cumprimento de normas internas, acompanhamento para o atendimento social e a custódia do detento em ambientes externos autorizados pela legislação vigente, sobre o tema expõe Adelson (2010): O novo agente preocupa-se, também com o respeito aos direitos humanos e com a ressocialização do apenado. Cada um é um professor, um orientador, com vistas a recuperar seres desviados dos bons costumes, da ética, do respeito aos direitos alheios, da ordem e da lei, orientando-os para que levem uma vida responsável, isenta de quaisquer infrações, dentro e fora da prisão, quando forem liberados. O homem e a mulher, mesmo presos, não perdem a cidadania. Gozam de todos os direitos a eles inerentes, salvo os restritos na sentença. (ADELSON, 2010, p. 205-206). Celas superlotadas, escuras e úmidas, degradadas pelo tempo e pela manutenção precária, retém pessoas que não tem relacionamento entre si, só a certeza de que passarão muitos dias naquele lugar e a falta de investimentos em melhoria nas condições de vida dos encarcerados propicia a falência e o descontrole estatal em gerir as demandas, limitando- se a encarcerar e “esquecer” o detento dentro dos limites da unidade, negando-lhe muitas vezes à sua condição de ser humano fortalecendo a ideia de composição de facções criminosas para a atuação dentro e fora dos presídios. Essa precariedade influi negativamente e diretamente no conjunto de servidores da unidade, seja de agentes ou de outros trabalhadores, pois associado à degradação física das instalações, à superlotação de apenados e o número reduzido de funcionários para atender uma massa carcerária na proporção de aproximadamente 800 detentos para uma equipe de 16 agentes provocando uma sobrecarga de trabalho. A penitenciária do Róger acolhe membros de duas facções inimigas e apenados que optaram não compor com facções e por isso foi feita uma divisão. No primeiro pavilhão, encontram-se os internos acusados de não pagar pensão alimentícia, os enquadrados na Lei Maria da Penha, os que respondempor crimes sexuais e os responsáveis pelo trabalho na cozinha e faxina, no segundo, terceiro e quarto pavilhões encontram-se os internos que pertencem à “Al Qaeda” e o quinto e sexto pavilhões acolhem os membros dos “Estados Unidos” e essa divisão não ocorre apenas na “moradia”, mas a toda a rotina de atividades da unidade, nunca misturando os membros das facções rivais em um só espaço, seja no atendimento social, seja durante o banho de sol ou dias de visitas. Embora a Lei de execução Penal e outros instrumentos normativos discorrerem sobre direitos e deveres, estatais e do apenado em respeito ao princípio da dignidade humana e assegurando ao apenado o direito à saúde, educação, assistência, entre outros, o direito ao trabalho será focalizado em virtude da perspectiva emancipadora da reprodução objetiva do apenado e sua assistência material, libertária em relação às facções criminosas e de remição de pena 3. 2- O AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA/ POLICIAL PENAL Agente de Segurança Penitenciária é o profissional (homens e mulheres) de carreira típica de Estado contratado para dar efetividade ao preconizado na parte final do artigo 1º da Lei de Execução Penal: “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. Sendo uma das atividades mais antigas da humanidade, que junto com a origem da pena de prisão, torna-se necessário a contratação de profissional para dar efetividade ao cumprimento da sentença custodiando o sentenciado e atendendo-lhe nas necessidades básicas no interior do cárcere, atividades essas que perduram até os dias atuais. Cada Estado da Federação disciplina os direitos e deveres desses profissionais, bem como a nomenclatura da profissão: guarda prisional, agente de escolta, agente de segurança . penitenciária, agente prisional, bem como as atribuições da profissão, que segundo Rocha (2003, p. 15) define essa variedade de atribuições que o profissional tem como as seguintes: “De segurança ou guardador de preso, por meios preventivos ou coercitivos, até ser considerado como principal responsável para a reinserção ou reintegração social do preso à sociedade...”. Segundo o manual do agente penitenciário do Departamento Penitenciário Nacional – Depen: são atribuições dos Agentes de Segurança Penitenciária: Descrição básica da atribuição (Conforme Resolução 3027/04-SEAP): “Efetuar a segurança da Unidade Penal em que atua, mantendo a disciplina. Vigiar, fiscalizar, inspecionar, revistar e acompanhar os presos ou internados, zelando pela ordem e segurança deles, bem como da Unidade Penal.” 1. Participar das propostas para definir a individualização da pena e tratamento objetivando a adaptação do preso e a reinserção social; 2. Atuar como agente garantidor dos direitos individuais do preso em suas ações; 3. Receber e orientar presos quanto às normas disciplinares, divulgando os direitos, deveres e obrigações conforme normativas legais; 4. Revistar presos e instalações; 5. Prestar assistência aos presos e internados encaminhando-os para atendimento nos diversos setores sempre que se fizer necessário; 6. Verificar as condições de segurança comportamental e estrutural, comunicando as alterações à chefia imediata; 7. Acompanhar e fiscalizar a movimentação de presos ou internados no interior da Unidade; 8. Acompanhar presos em deslocamentos diversos em acordo com as determinações legais; 9. Efetuar a conferência periódica dos presos ou internados de acordo com as normas de cada Unidade; 10 .Observar o comportamento dos presos ou internados em suas atividades individuais e coletivas; 11. Não permitir o contato de presos ou internos com pessoas não autorizadas; 12. Revistar toda pessoa previamente autorizada que pretenda adentrar ao estabelecimento penal; 13. Verificar e conferir os materiais e as instalações do posto, zelando pelos mesmos; 14. Controlar a entrada e saída de pessoas, veículos e volumes, conforme normas específicas da Unidade; 15. Conferir documentos, quando da entrada e saídas de presos da unidade; 16. Operar o sistema de alarme, monitoramento audiovisual e demais sistemas de comunicação interno e externo; 17. Executar outras atividades correlatas. (Depen, 2018, pg. 04 e 05), . Com a promulgação da Emenda Constitucional 104/2019, de 04 de dezembro de 2019 pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República que criou as polícias penais federal, estadual e distrital, através da transformação dos atuais agentes penitenciários e as nomenclaturas dos cargos isolados e cargos equivalentes ( Inspetores de Segurança e Administração Penitenciaria (ISAP), Agente de Escolta e Vigilância Penitenciaria (AEVP) , Agentes de Execução Penal, e no Sistema Penitenciário Federal Agentes Federais de Execução Penal) são unificadas para Policial Penal, contemplando uma padronização de nomenclatura de profissão, de vínculo de trabalho e de procedimento Que entre suas atribuições estão: manter a ordem, a disciplina, a custodia e a vigilância a detentos nas unidades prisionais, assim como externo as unidades em escolta armada para audiências judiciais, atendimento medico, velório, IML, além de serviços de natureza policial como apreensões de ilícitos, revistas pessoais em detentos e visitantes, revista em veículos que adentram as unidades prisionais, controle de rebeliões, focalização em materiais e celas, assim como em movimentações diversas para canteiros de trabalho, escola, setores de enfermagem, dentista, psicologia, assistência social e jurídica. Estão subordinados às Secretarias de Estado de Administração Penitenciária Estima-se que no Brasil, aproximadamente 65 mil policiais penais que laboram nas unidades prisionais quantitativo insuficiente para as atividades de custodia e controle dos cerca de 800 mil detentos, e no Estado da Paraíba são aproximadamente 1.650 policiais penais para uma população carcerária estimada em 13.000 detentos. 3.3 – A Contextualização do trabalho do Agente de Segurança Penitenciária na Unidade Prisional Para melhor identificar a conjuntura dos trabalhos realizados intramuros pelos agentes de Segurança Penitenciária, adequado se faz a referência de forma direcionada a unidade prisional descrita (Presídio do Róger). A direção da unidade é composta por um diretor, dois diretores adjuntos e cinco chefes de segurança e disciplina, todos são cargos comissionados escolhidos dentre Agentes de Segurança Penitenciária. A indicação destes se dá através da direção da unidade ao Secretário da Administração Penitenciária. Há ainda cinco coordenadores de plantão que se revezam junto às equipes plantonistas diárias, que oscilam em número de agentes penitenciários entre 11 a 16 e são complementadas com os plantões extras disponibilizados pela unidade ficando a equipe em número que oscila entre 16 e 20 agentes. . Todos os atendimentos são ordenados sempre de acordo com o funcionamento da Unidade e que para a satisfação dos preceitos constitucionais e a efetivação do cumprimento do que preconiza a Lei de Execução Penal, a rotina carcerária ocorre totalmente dependente e atrelada ao trabalho desempenhado pelos Agentes de Segurança Penitenciária, conforme o que se demonstra na rotina da unidade: Por volta das 05h00 da manhã, a equipe plantonista realiza uma ronda geral na área externa dos pavilhões com a finalidade de inspeção e recolhimento de objetos ilícitos que porventura sejam arremessados da área externa da unidade. Após a realização da ronda, e abertura da entrada principal dos pavilhões, liberam no pavilhão 01 “os trabalhadores da casa”, envolvidos no trabalho de asseio e conservação, “os faxinas” e os que trabalham no preparo e distribuição da alimentação da massa carcerária, “os da cozinha”. Às 06h30minda manhã , “os da cozinha” iniciam a “paga” (termo utilizado pelos Agentes de Segurança Penitenciária para designar a entrega das refeições aos reclusos) o café da manhã em todos os pavilhões. Às 07h30min, a equipe plantonista retira das celas os apenados designados para as audiências, os convocados para se apresentar ao setor de sindicância, ou para atendimento médico interno ou externo previamente agendado e a troca da equipe operacional ocorre às 8h. O “banho de sol” dos apenados ocorre nos dias que não são destinados à visitação familiar ou íntima, geralmente nas terças, quintas e no sábado e todos os pavilhões são contemplados, sendo um de cada vez com a finalidade de preservar a segurança. Os demais dias da semana destinam-se à visitação, sendo nas segundas e quartas a visita íntima e nas sextas e domingos a visita familiar. Esse processo de rotinas e procedimentos nem sempre ocorre, e pode ser afetado por eventos alheios ao cotidiano da unidade, mas sempre considerado como possíveis e seguindo a dinâmica da vida no cárcere, como conflitos entre grupos de apenados, apenados e Agentes de Segurança Penitenciária, dificuldades de atendimento da equipe técnica-social, falta de medicamentos e outros insumos, entre outros. Para toda e qualquer retirada de cela para atendimento diverso, é sempre realizada pelo Agente de Segurança Penitenciária uma revista corporal no recluso como forma preventiva de evitar que o mesmo porte objetos ilícitos ou não permitidos que possam inclusive ser utilizados como ameaça à integridade do próprio agente ou daquele que for prestar o atendimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O Estado brasileiro deve efetivar um modelo de Plano Nacional de Segurança Pública, que combine e articule política de prevenção com a repressão qualificada, e com uma política de valorização dos profissionais da área que contemple o cidadão no gozo dos mais elementares direitos e o principal deles que é o direito à vida e consequentemente, à segurança e incolumidade que faça valer o estabelecido no preceito constitucional, “A Segurança Pública é direito de todos e dever do Estado”. Os investimentos em Política de Segurança Pública tem se mostrado insuficientes para materializar ações governamentais capazes de minimizar ou mesmo diminuir os efeitos danosos provocados pela violência e criminalidade em nosso País e necessário se faz que o Estado adote medidas urgentes efetivas de segurança pública que surtam efeitos no controle da criminalidade. Na atualidade, o cenário mundial marcado pela globalização, internacionalização e financeirização do capital tem provocado mudanças significativas no modelo econômico, reestruturando e redefinindo o papel do Estado adotando a concepção de “Estado Mínimo” reduzindo a sua atuação no âmbito econômico e social com a ampliação dos instrumentos de controle da sociedade. Afirma PASSETI, “não tardou para que no final do século 20, na sociedade de controle, com o neoliberalismo, aparecesse uma terceira versão para os perigosos a serem confinados” (PASSETTI, 2003, p.134). Na esfera do “Estado neoliberal”, surge o “Estado penal”, pela via de ações fortalecedoras do controle dos processos de marginalização econômica e social para o Estado penalizador, os estudos e pesquisas procuram mostrar as dimensões atuais dos efeitos da globalização nas segregações, confinamentos e extermínios de populações pobres, adulta, juvenil e infantil (PASSETTI, 2003, p. 170). Enfrentar os múltiplos desafios à cerca de política efetivas de segurança pública em um contexto de “criminalização da pobreza” e encarceramento, em perspectiva de negação enquanto direito fundamental e coletivo dos cidadãos é necessário para a efetivação do bem comum e da paz social. Ações efetivas da segurança pública necessitam de surtirem efeito no controle da criminalidade, consequentemente, na diminuição dos expressivos números da massa carcerária no Brasil. São expressivos os números de produções acadêmicas e estudos a cerca da problemática da segurança pública e do sistema carcerário no Brasil, mas é notória a ausência de . estudos que problematize questões referentes às especificidades e realidades da profissão dos agentes penitenciários ou conforme nova nomenclatura, policiais penais. Constata-se que essa ausência se dá pela não percepção da comunidade acadêmica e sociedade em geral das transformações ocorridas no interior dessa categoria profissional. Da figura do carcereiro do passado ao policial penal de hoje muito mudou, o ambiente carcerário não é imutável acompanhando as transformações societárias. O que permanece é o trinômio prisão-preso-policial, elementos indissociáveis para o efetivo cumprimento do preconizado na parte final do artigo 1º da Lei de Execução Penal: “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. O policial penal tem pleno conhecimento da importância e do risco da profissão que exerce, dos instrumentos legais para o tratamento penal realizando a vigilância, custódia ou outras atividades que legalmente lhe são atribuídas. Embora seja necessário reconhecer que ainda persistem estigmas herdados do passado como a de má formação, abuso de poder corrupção e que necessitam serem desconstruídos. As atitudes e condutas do policial penal, pautadas em preceitos como conhecimento, integridade, determinação moral, iniciativa, disciplina, equilíbrio emocional entre outras, o capacitam para o bom desempenho na profissão, uma vez que lidam com pessoas em situação de privação de liberdade em instituição destinada a esse fim, mas nem sempre apropriada à finalidade, devido as condições precárias do ambiente, ou da questão da superlotação. É de conhecimento público que a estrutura do sistema prisional no Brasil é precária, que a eficácia das políticas de segurança pública depende do empenho do Poder público em realizar uma melhoria significativa nessa estrutura, através de políticas públicas inclusivas contemplando no aspecto físico e humano e da sociedade civil e da comunidade em apoiar projetos de reinserção social dos privados de liberdade. Conclui-se o presente artigo com a convicção de que o objetivo geral foi atendido descrevendo o trabalho do Agente como garantidores da Política de Segurança pública através da Execução Penal, de que os objetivos específicos foram alcançados a) Averiguando, com base na legislação, a contribuição do trabalho do agente no processo de efetivação de Políticas de Segurança Pública através da descrição e contextualização de suas atribuições; b): constatando que o nível de conhecimento e consciência da importância do Agente enquanto operador do Sistema de Segurança Pública é de suma importância para a política de segurança pública, pois o agente entende que é através de suas atribuições que a execução penal acontece entremuros c): que as condições ofertadas pelo Estado para o bom desempenho do agente em suas atribuições são de certa precariedade, como instalações físicas inadequadas, super polução prisional, entre outras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ADELSON, Pedro. Sistema Penitenciário: Cotidiano dos Presídios II. João Pessoa, Ed. Ideia, 2010. ARAÚJO, Carlos Eduardo M. Cárceres Imperiais A Casa de Correção do Rio de Janeiro. Seus detentos e o SistemaPrisional no Império, 1830-1861. Tese de Doutorado em História. Rio de Janeiro: IFCH - Campinas, 2009. BITENCOURT, César Roberto. Falência da Pena de Prisão: causasalternativas. São Paulo, Ed. Saraiva, 1993. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado Federal. 1988. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituiçaocompilado.htm>. Acessoem: 07 jan.2018. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituiçaocompilado.htm . BRASIL. Lei de Execução Penal - nº 7. 210/84. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L7210.htm>. Acesso em 19 de jun 2015. BRASIL. Manual do Agente Penitenciário. Disponível em < www.depen.pr.gov.br/arquivos/File manual_agente_pen.pdf >. Acesso em 19 de jun 2015. BRASIL. Emenda Constitucional nº 104/19. Disponível em < www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc104.htm >. Acesso em 19 de jun 2015. PASSETTI, E. Anarquismos e sociedade de controle. São Paulo: Cortez, 2003. ROCHA, Edinilson Rodrigues Da. A motivação do agente penitenciário para o trabalho. 2003. Monografia (Pós-Graduação) - Universidade Federal Do Paraná, Curitiba, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L7210.htm O TRABALHO DO AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA: Uma Perspectiva da garantia de execução de Políticas de Segurança Pública. O TRABALHO DO AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA: Uma Perspectiva da garantia de execução de Políticas de Segurança Pública. 3.3 – A Contextualização do trabalho do Agente de Segurança Penitenciária na Unidade Prisional
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