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1 NOÇÕES DE HEBRAICO BÍBLICO Arnaldo Sá 2 ÍNDICE Introdução 03 História da Língua Hebraica 05 Particularidades do Hebraico 07 Estudo do Alfabeto I 08 1º Grupo de Letras 08 2º Grupo de Letras 09 3º Grupo de Letras 10 4º Grupo de Letras 11 5º Grupo de Letras 11 6º Grupo de Letras 12 Estudo do Alfabeto II 14 Consoantes aspiradas 14 Consoantes finais alteradas 14 Alfabeto antigo, quadrado e cursivo 15 Consoantes guturais 15 Quadro comparativo 16 Os Sinais Massoréticos (As Vogais) 18 O Shevá 22 Fazendo Transliterações 23 O Substantivo e o Artigo 27 O Adjetivo 30 Numerais 32 O Vav Conjuntivo 34 Preposições 35 Pronomes 39 Duas Palavras sobre Verbos 41 Conclusão 45 Bibliografia 46 Exercício de Revisão 47 3 INTRODUÇÃO Caro estudante de hebraico, Seja bem vindo ao estimulante desafio de aprender um pouco sobre a língua do Antigo Testamento. Embora apresente dificuldades características, como um alfabeto completamente diferente do nosso alfabeto latino, o hebraico é uma língua relativamente fácil de aprender, principalmente quando o objetivo do estudante está focado apenas na leitura do texto bíblico. Normalmente, o estudioso de teologia direciona o aprendizado do hebraico ao domínio do vocabulário do Velho Testamento e à tradução e interpretação destes textos. Não há preocupação com habilidades de conversação. Nossa meta não é “falar” hebraico, mas adquirir o conhecimento linguístico suficiente para, com auxílio de léxicos e gramáticas, ler e traduzir o hebraico bíblico. Após consultar um grande número de bons livros, gramáticas, dicionários, cursos e apostilas sobre o ensino da língua hebraica, optamos por desenvolver um método simples, direto e prático para o aprendizado do idioma dos patriarcas e profetas. No entanto, é bom lembrar que o estudo, como toda atividade intelectual, requer esforço, dedicação e disciplina. Leia esta apostila como se estivesse participando de um jogo mental. Você, às vezes, pode ficar surpreso com as diferenças entre o hebraico e o português. Aceite essas diferenças e vá em frente. Afinal, estamos no ocidente, e o hebraico foi desenvolvido no seio da cultura oriental. Portanto, é de se esperar que haja mesmo muita diversidade entre os idiomas de povos e culturas tão distintos. Você verá que estudar hebraico é mais excitante que fazer palavras cruzadas. Enfim, como definir essa língua estranha e cativante? Um amigo traduziu do francês um texto de Ernest Renan que pode responder nossa pergunta: “Um carcás de flechas de aço, um cabo sob poderosas tensões, um trombone de bronze, trincando o ar com duas ou três notas agudas; eis o hebreu. Tal língua não exprimirá nem um pensamento filosófico, nem um sentimento do infinito. As letras de seus livros serão em número contado; mas serão letras de fogo. Esta língua dirá pouca coisa; mas martelará seus adágios sobre uma bigorna. Ela versará ondas de cólera; bradará gritos de raiva contra os abusos do mundo; apelará aos quatro ventos do céu ao assalto das cidadelas do mal. Como a corneta jubilar do santuário, ela não servirá a nenhum uso profano; não exprimirá jamais a alegria inata da consciência nem a serenidade da natureza; mas soará a guerra 4 santa contra a injustiça e os apelos dos grandes panegíricos; terá acentos de festa e entonações de terror; será o clarim dos neomênios e o trompete do julgamento”. (Tradução: Antônio Costa Aragão – engenheiro, estudioso de história mundial, bacharel em direito e escritor) É óbvio que este trabalho tem muitas limitações e não pretende explorar toda a riqueza do idioma em estudo. Trata de, como diz o título, NOÇÕES. Veremos o alfabeto, os sinais massoréticos, a transliteração, algum vocabulário, o artigo, o substantivo, o adjetivo, alguns pronomes, um pouco sobre o verbo e outras particularidades do hebraico. Também um pouco de história. Bom estudo! Prof. Arnaldo Sá 5 PEQUENA HISTÓRIA DA LÍNGUA HEBRAICA A história da língua hebraica confunde-se com a própria história do povo hebreu. O termo vem de Héber (Gn 10:25), um dos descendentes de Sem, filho de Noé. As línguas e dialetos falados pelos filhos de Sem ficaram conhecidas como semitas. Em Gênesis 14:13, aparece a expressão “Abraão, o hebreu”, ou seja, “ivri”, que na Septuaginta1 é assim traduzido: “o que atravessou” (o rio). Os descendentes de Abraão adotaram o alfabeto cananítico e posteriormente o arameu. Podemos dividir a história do idioma hebreu em quatro períodos: O primeiro é o período bíblico ou clássico. Tem início por volta do século XIV a.C. e estende-se até o século III a.C. Durante esse período foram escritos os livros que compõem o Antigo Testamento. O segundo período, o mishinaico ou rabínico, começa no século III a.C. e vai até o terceiro século depois de Cristo. Nesse período é produzido o Talmude, famosa obra jurídico-religiosa dos judeus, dividido em duas partes: a Mishná e o Guemará. A Mishná reúne uma coletânea de todas as leis orais e tradições judaicas. O Guemará apresenta uma interpretação e comentários sobre estas leis. O período seguinte foi o medieval, com predominância até o século XIII. Nesse período o hebraico já entrara em pleno declínio como língua falada, e foi preservado nos documentos sagrados dos filhos de Israel. Graças aos massoretas, sábios judeus da Idade Média, a pronúncia pôde ser conservada por meio de um sistema de símbolos que representavam as vogais. Estes símbolos ficaram conhecidos como sinais massoréticos. Foi também nesse período que muitos vocábulos gregos, árabes, hispânicos e de outros idiomas foram acrescentados ao léxico hebraico. O quarto e último período é o do hebraico moderno, língua oficial do atual Estado de Israel, desde sua criação em 1948. A “ressurreição” do hebraico como língua falada foi possível graças ao esforço de eruditos judeus, como Eliezer ben Yehuda que fundou o Comitê da Língua Judaica. Ben Yehuda compilou o Dicionário completo de hebreu antigo e contemporâneo, obra em 17 volumes, fundamental para a consolidação do hebraico moderno. Hoje transformado em Academia, o Comitê é autoridade máxima em assuntos referentes à língua hebraica. 1 Tradução do Antigo Testamento para o grego, feita por 72 sábios judeus, por volta do século III a. C, no Egito. 6 7 PARTICULARIDADES DA LÍNGUA HEBRAICA 1. O alfabeto hebraico compõe-se de 22 letras, todas consoantes. Não existem letras para representar as vogais. 2. Note bem: não existem letras para representar as vogais no alfabeto, mas a língua hebraica possui vogais, pois não é possível falar apenas usando consoantes. O som das sílabas, em qualquer idioma, apóia-se nas vogais. 3. Para evitar que a pronúncia das palavras hebraicas se perdesse com o tempo, pois a língua deixou de ser falada por séculos, os massoretas inventaram os sinais vocálicos. A representação das vogais passou a ser feita por um sistema de pontos e traços colocados acima, ao lado e, principalmente, abaixo das consoantes. 4. Esse sistema mostrou-se muito eficiente, pois supriu a representação dos sons vocálicos sem alterar a escrita dos textos sagrados.2 5. A escrita e leitura se faz da direita para a esquerda. 6. No final de uma linha, não se pode usar o hífen para separar um vocábulo que não coube por inteiro na linha. Caso a última palavra não caiba na linha, deixa- se o espaço e escreve-se a palavra completa na linha seguinte.7. Não há diferença entre maiúsculas e minúsculas. As letras têm um só formato, e não há como distinguir, na grafia, nomes próprios e comuns. 2 O hebraico moderno, normalmente, não usa os sinais massoréticos. 8 O ALFABETO I O domínio do alfabeto hebraico é o primeiro grande passo para o aprendizado do idioma. Quando falamos em “dominar”, estamos nos referindo ao conhecimento completo de cada letra, o nome da letra, o corresponde fonético em português (transliteração), a forma escrita, enfim, saber “de cor e salteado” cada símbolo das 22 letras do alfabeto hebraico. Estudemos, a partir de agora, o alfabeto, passo a passo. Vamos apresentar pequenos grupos de quatro ou duas letras e praticar a leitura e escrita destes grupos. Pegue um lápis e faça todos os exercícios. Escreva e fale, embora nosso objetivo não seja a conversação. Isso é importante! Ninguém aprende um idioma de boca fechada. Lembre-se: leia da direita para a esquerda. 1º Grupo: Dalet Guímel Bet Alef NOME LETRA D G (como em gato) B TRANSLITERAÇÃO 4 3 2 1 VALOR NUMÉRICO Exercício 1 a) O nome da letra é _________________. É representada assim: _____. b) O nome da letra é ______________. Corresponde ao som do _____. c) O nome da letra é _______________. Corresponde ao som do _____. d) O nome da letra é _______________. Corresponde ao som do _____. 9 NOTE BEM: a) A consoante alef não tem correspondente em português. É uma letra muda. Para fazer a transliteração desta letra usamos uma aspa simples fechada (’). b) As letras bêt, guímel e dalet têm uma pronúncia básica e outra aspirada. Na verdade, esta “aspiração” é sentida principalmente no bêt, que se pronuncia como o nosso “v”. Para indicar a pronúncia básica usamos um ponto no interior destas letras. Este ponto chama-se daguesh lene. Assim: Bêt com daguesh lene tem som de “B”; sem o pontinho tem som de “V”. Existem outras três letras com esta particularidade. Você as conhecerá à medida que for estudando o alfabeto. 2º Grupo: Hêt Zayin Vav Hê NOME LETRA H (mais forte que o Hê) Z V H (como no inglês house) TRANSLITERAÇÃO 8 7 6 5 VALOR NUMÉRICO Exercício 2 a) O nome da letra __________. Corresponde ao som do ____________. b) O nome da letra é __________. Corresponde ao som do ______. c) O nome da letra é __________. Corresponde ao som do ______. d) O nome da letra é __________. Corresponde ao som do ____________. 10 NOTE BEM: O hê e o hêt têm escrita e pronúncia parecidas. Cuidado para não confundi-los. A pronúncia do hêt é mais ríspida, vem da parte detrás da boca, com o fundo da língua aproximando-se do véu palatino. Como se estivéssemos tentando limpar a garganta. Vamos transliterar este som assim: HH (ou hh). O hê é uma aspiração leve, como o “h” inglês da palavra “hello”. 3º Grupo: Lamed Kaf Yôd Têt NOME LETRA L K Y T TRANSLITERAÇÃO 30 20 10 9 VALOR NUMÉRICO Exercício 3 a) O nome da letra é ___________. Corresponde ao som do ______. b) O nome da letra é ____________. Corresponde ao som do ______. c) O nome da letra é ____________. Corresponde ao som do ______. d) O nome da letra é ____________. Corresponde ao som do ______. NOTE BEM: A única letra “suspensa”, isto é, que não toca a linha imaginária inferior, é o yôd. O kaf faz parte do grupo de letras que recebem o daguesh lene para indicar o som básico (som de k). Sem o daguesh, o kaf tem som de hêt. Nestas Noções vamos transliterar o som aspirado do kaf assim: HH ou hh. Alguns tratados de língua hebraica transliteram o kaf como kh ou ch. O estudante, por força do hábito, poderia pronunciar “k” ou “x”, por isso preferimos transliterá-lo como h duplo. 11 4º Grupo: Ayin SameHH Nun Mem NOME LETRA S N M TRANSLITERAÇÃO 70 60 50 40 VALOR NUMÉRICO Exercício 4 a) O nome da letra é ___________. Corresponde ao som do ______. b) O nome da letra é ____________. Corresponde ao som do ______. c) O nome da letra é ____________. Corresponde ao som do ______. d) O nome da letra é ____________. É representado assim : ______. NOTE BEM: O som gutural da letra ayin é de difícil percepção e reprodução por nós ocidentais. Não tem um correspondente específico em nosso idioma. A transliteração convencionada é uma aspa simples de abertura. Para nosso estudo, vamos considerá-la como uma letra muda. 5º Grupo: Resh Qôf Tsad Pê NOME LETRA R Q Ts P TRANSLITERAÇÃO 200 100 90 80 VALOR NUMÉRICO 12 Exercício 5 a) O nome da letra é ___________. Corresponde ao som do ______. b) O nome da letra é ____________. Corresponde ao som do ______. c) O nome da letra é ____________. Corresponde ao som do ______. d) O nome da letra é ____________. Corresponde ao som do ______. NOTE BEM: A letra pê tem som básico e aspirado. Quando tem o daguesh lene no interior, o som é básico (P). Sem o daguesh, o som é aspirado e é pronunciada como F. 6º Grupo: Tav Sin/Shin NOME LETRA T S/Sh TRANSLITERAÇÃO 400 300 VALOR NUMÉRICO Exercício 6 a) O nome da letra é _____/______. Corresponde aos sons _____ e _____. b) O nome da letra é _________. Corresponde ao som do ______. 13 NOTE BEM: A letra pode representar dois sons diferentes. Quando a pronúncia é “S”, colocamos um ponto no canto superior esquerdo da letra, assim: . Se a pronúncia é “Sh”, o ponto fica no lado direito: . A letra tav, a última do alfabeto hebraico, também pode receber ou não daguesh lene, mas sem nenhuma alteração fonética notável. 14 O ALFABETO II Consoantes Aspiradas Já vimos que algumas consoantes hebraicas, além do som básico, possuem outra pronúncia que chamamos de aspirada. Para representar o som básico, colocamos um ponto (o daguesh lene) no interior da letra, Os compêndios que tratam do ensino desse idioma costumam denominá-las de consoantes do grupo BEGADKEPHAT. Esta é uma palavra mnemônica, isto é, ajuda a lembrar as seis consoantes deste grupo. São elas: LETRA Tav Pê Kaf Dalet Guímel Bêt NOME T P K D G B TRANSLITERAÇÃO T F HH D G V SEM O DAGUESH Consoantes Finais Alteradas Cinco consoantes hebraicas alteram seu formato quando posicionadas no final de uma palavra. São chamadas de sofit (final, em hebraico). São elas: FORMATO NORMAL FORMATO SOFIT Tsade Pê Nun Mem Kaf NOME Ts F N M HH TRANSLITERAÇÃO Exercício 7 Identifique as consoantes finais de cada palavra: (Lembre-se: a letra final fica à sua esquerda) Vocábulo Tradução Nome da letra final Transliteração Paz Terra Dente 15 Alfabeto antigo, quadrado e cursivo Observe estas três letras: 1 2 3 Todas representam a mesma consoante do alfabeto hebraico: o alef. No primeiro quadro, você tem o alef do antigo alfabeto de origem fenício-cananítica. Provavelmente, este tipo de letra foi usado por Moisés para escrever a Torá. No centro, está representado o tipo “quadrado”, que é o usado na imprensa para publicações diversas. É assim denominado por causa do formato das letras que se encaixam mais ou menos em um quadrado imaginário. O terceiro quadro mostra a forma cursiva, manuscrita, usada atualmente. É com esse tipo de letra que os estudantes israelenses tomam nota das aulas emseus cadernos. Neste capítulo, você conhecerá os três tipos de alfabeto, um pouco mais adiante. Consoantes Guturais São aquelas produzidas na garganta. É importante o conhecimento destas consoantes porque a presença delas na palavra provocam alterações fonéticas, principalmente quando se agregam a partículas como o artigo e o vav conjuntivo. São elas: Exercício 8: Escreva o nome das guturais, aqui representadas, no espaço em branco reservado em baixo de cada letra. OBS.: O resh ( ) é contado entre as guturais e linguais. 16 Quadro Comparativo do Alfabeto Hebraico Aprenda com afinco o alfabeto quadrado. É este que nos interessa no estudo do idioma, pois é utilizado na maioria dos livros publicados em hebraico. Ele pode apresentar algumas variações nos tipos de letras, dependendo da fonte utilizada. 17 Exercício 9 Reproduza as letras do alfabeto hebraico, pronunciando cada uma em voz alta. Comece cobrindo cada caractere. Depois continue desenhando os símbolos até o final da linha. ) b g d h w z x + y k l m n s ( p c q r # t ) ) ) ) b b b b g g g g d d d d h h h h w w w w z z z z x x x x + + + + y y y y k k k k l l l l m m m m n n n n s s s s ( ( ( ( p p p p c c c c q q q q r r r r # # # # t t t t 18 OS SINAIS MASSORÉTICOS Também conhecidos como sinais vocálicos, constituem, como já mencionamos antes, um conjunto de símbolos (pequenos traços e pontos), inventados por sábios judeus que viveram na Idade Média. Estes sábios chamavam- se massoretas. O nome tem ligação etimológica com o vocábulo hebraico massorá, que significa “tradição”. Diversas investidas militares contra a terra de Israel provocaram uma seqüência de fugas e dispersões do povo judeu por todo o mundo. Isto resultou no declínio do hebraico como língua falada. Como os textos sagrados e outros utilizavam apenas as consoantes, pois o alfabeto não possui representação gráfica das vogais, a pronúncia do idioma foi-se perdendo com o tempo. Sem a invenção dos massoretas, teríamos hoje uma grande dificuldade para saber como era pronunciada a língua dos judeus. Pelo menos podemos ter uma idéia dos sons como eram falados na Idade Média pelos sefarditas3 e por outras comunidades judaicas da Europa. A maior “deficiência” de uma língua que não tem sinais gráficos para representar as vogais são justamente as ambiguidades provocadas na pronúncia correta de uma palavra, e, consequentemente, na sua significação. Imaginemos, por um instante, que não houvesse vogais no alfabeto português. Só temos disponíveis as consoantes. Escreveríamos, então, “BL”, e perguntaríamos: que palavra é esta? Quantas respostas seriam possíveis? Bola, bolo, bila, balé, bule, baile, bole, belo, bela, bala...? Só o contexto, talvez, ajudasse a responder. Porém, antes da criação dos sinais massoréticos, houve uma tentativa de suprir a falta de sinais vocálicos. Os antigos usavam três consoantes, chamadas “fracas”, como se fossem vogais, dependendo da posição na palavra. Aqui estão elas: CONSOANTE FRACA LIA-SE COMO a ou e i ou e o ou u 3 Judeus que viviam na Espanha e em Portugal durante a Idade Média. 19 Vamos, então, para o estudo das “vogais”, ou melhor, dos sinais massoréticos. Vogal A: É posicionada abaixo de qualquer consoante. Pode ser longa (qamets gadol), ou breve (patah). Veja abaixo a representação desta vogal (seu símbolo massorético) e sua posição junto com uma consoante, formando uma sílaba. QAMETS PATAH Pronúncia da sílaba > Pa (longa) Pa (breve) Vogal E: É posicionada abaixo de qualquer consoante. Pode ser longa (tserê), ou breve (segol). Veja abaixo a representação desta vogal (seu símbolo massorético) e sua posição junto com uma consoante, formando uma sílaba. TSERÊ SEGOL Pronúncia da sílaba > Pê (longa) Pé (breve) 20 Vogal I: É posicionada abaixo de qualquer consoante. Pode ser longa (hireq gadol), ou breve (hireq qaton). No caso da vogal longa, além do ponto abaixo da consoante, aparece um yôd no lado esquerdo. Veja abaixo a representação desta vogal (seu símbolo massorético) e sua posição junto com uma consoante, formando uma sílaba. HIREQ GADOL HIREQ QATON Pronúncia da sílaba > Pi (longa) Pi (breve) Vogal O: Pode ser longa (holem), ou breve (qamets hatuf). Quando longa, é representada por um ponto acima no canto esquerdo da letra. A vogal “O” longa pode ser, às vezes, representada com auxílio de um vav. Neste caso, é posicionada ao lado esquerdo da consoante e os eruditos a chamam de holem plenum. O “o” breve tem o mesmo formato do qamets gadol. Veja abaixo a representação desta vogal (seu símbolo massorético) e sua posição junto com uma consoante, formando uma sílaba. HOLEM HOLEM PLENUM QAMETS HATUF Pronúncia da sílaba > Pô (longa) Po (breve) 21 Vogal U: É posicionada abaixo ou ao lado de qualquer consoante. Pode ser longa (shureq), formada com auxílio do vav e, neste caso, colocada ao lado esquerdo da consoante; ou breve (quibbuts). Veja abaixo a representação desta vogal (seu símbolo massorético) e sua posição junto com uma consoante, formando uma sílaba. SHUREQ QUIBBUTS Pronúncia da sílaba > Pu (longa) Pu (breve) NOTE BEM O ponto no interior da consoante pê, em nossos exemplos, é o nosso famigerado daguesh lene, lembra-se? Já o ponto no vav da figura acima forma um conjunto representativo da vogal U. Exercício 10 : Preencha a tabela abaixo com os sinais massoréticos e nomes de cada vogal hebraica. VOGAL TIPO SINAL MASSORÉTICO NOME LONGA A BREVE LONGA E BREVE LONGA I BREVE LONGA O BREVE LONGA U BREVE 22 O SHEVÁ Dando continuidade ao nosso estudo dos sinais massoréticos, vamos conhecer o shevá. Trata-se de um símbolo usado para representar uma semivogal. Quando pronunciado, aproxima-se de um “e” bem fraco, levemente perceptível. É dito, então, shevá vocálico ou sonoro. Quando mudo, é chamado shevá secante ou quiescens. Normalmente este shevá (mudo) vem sob uma consoante que fecha uma sílaba. O shevá pode ainda juntar-se a um sinal vocálico para formar “vogais” reduzidas (na verdade continuam como semivogais). É conhecido como shevá composto. Examine o quadro abaixo: SHEVÁ SONORO SIMPLES COMPOSTO COM QAMETS COMPOSTO COM PATAH COMPOSTO COM SEGOL SINAL TRANSLITERAÇÃO e (esvaído) o (reduzido) a (reduzido) e (reduzido) EXEMPLO PRONÚNCIA berahhah hholi ’ari ’elohim TRADUÇÃO Bênção Doença Leão Deus(es) Não esqueça: leia as palavras hebraicas da direita para a esquerda. 23 FAZENDO TRANSLITERAÇÕES Transliteração, em nosso estudo, é a transposição dos caracteres hebraicos para caracteres do alfabeto português. Não é tradução. É uma tentativa de representar a pronúncia. Nesse ponto o hebraico é muito amigável, pois sua pronunciação corresponde à escrita. Se você conhece bem o alfabeto e os sinais massoréticos, pode pronunciar corretamente um vocábulo hebreu, ainda que não conheça seu significado. Quanto à tonicidade, a tendência da língua é pôr a ênfase na última sílaba. A maioria das palavras hebraicas são, portanto, oxítonas; algumas, paroxítonas e nenhuma proparoxítona. Vamos transliterar algumas palavras como modelo e, logo em seguida, apresentaremos um exercício de transliteração, aproveitando, também, para aprendermosalgum vocabulário. Ao transliterar, o primeiro passo é observar a consoante da sílaba e depois a vogal. Toda sílaba sempre tem, pelo menos, uma consoante e uma vogal. No hebraico uma palavra nunca pode começar com uma vogal. No capítulo anterior, você viu as palavras ’ari (leão) e ’elohim (Deus). Elas não começam com vogal, mas com a consoante muda alef, representada, na transliteração, pela aspa simples. Observe como se faz: 1) A primeira consoante é um tav com daguesh lene. Equivale ao nosso “T”. 2) A letra seguinte é uma vogal, o holem plenum (aquele formado com um ponto sobre um vav). Forma- se a primeira sílaba (TO). É uma sílaba aberta, pois termina em vogal. As sílabas fechadas terminam em consoante. 3) Aparece agora a letra resh (o R). 4) Outra vogal, o qamets, que equivale ao “A” longo. 5) Finalmente, temos um hê (H brando), que não é pronunciado. Não fecha a sílaba pois é mudo. Temos, então, a palavra TORAH (torá), que significa LEI. Note: A transliteração deve ser feita no sentido esquerda-direita, como no português. 24 Estude as seguintes palavras transliteradas e traduzidas : 25 Exercício 11: A seguir, apresentamos várias sílabas e algumas palavras para você mesmo transliterar. Mãos à obra! Exercício 12: Agora temos um texto bíblico: Gênesis 1:1. Faça a transliteração dentro dos retângulos. Exercício 13: Coloque na ordem da escrita em português (esquerda para a direita) a transliteração e tradução do exercício 12. Transliteração Tradução 26 Estamos prontos para continuar nosso estudo? Bem, se você consegue declinar o alfabeto hebraico, lembrando o nome e transliteração de cada consoante e está capaz de identificar os sinais massoréticos, podemos então passar adiante. Se não, é necessário repassar os pontos apresentados nos capítulos anteriores. Vamos fazer um teste? Complete o quadro abaixo. Se acertar 99%, pode seguir em frente! Exercício 14: 27 O SUBSTANTIVO E O ARTIGO Vamos estudar estes tópicos gramaticais da forma mais interativa possível, apresentando o essencial sobre cada um deles, conforme os propósitos deste pequeno manual de hebraico. Observe o seguinte substantivo e tente fazer sua transliteração: SUBSTANTIVO TRANSLITERAÇÃO Muito bem! SUS, em hebraico, significa CAVALO. É um substantivo porque designa o nome de um ser. Veja estes outros substantivos masculinos: 28 Observe um detalhe: os substantivos masculinos hebraicos não possuem uma terminação específica. Portanto, não podemos dizer se um substantivo é masculino apenas analisando o final do vocábulo. No entanto, assim como no português, muitos substantivos femininos são formados a partir do masculino com o acréscimo de sufixos ou desinências. Veja: MASCULINO FEMININO ’ish homem ’ish-shah mulher moreh professor morah professora ben filho bat filha ahh irmão ahhôt irmã As terminações do feminino, são, em geral, e . Outros femininos são heterônimos, isto é, apresentam um radical diferente do masculino, como por exemplo, o feminino de pai: = mãe. O plural se faz, geralmente, acrescentando-se ao masculino o sufixo (im), e ao feminino o sufixo (ot). Como toda regra tem exceção, às vezes pode ocorrer o contrário. Em alguns casos, o hebraico usa também o dual, quando quer indicar pares de seres ou objetos. Neste caso, a terminação é (aim). Este sufixo também está presente nas palavras usadas somente no plural (pluralia tantum). MASCULINO FEMININO Singular Sus Cavalo Susah Égua Plural Susim Cavalos Susôt Éguas Dual Susáim Uma parelha de cavalos Susatáim Uma parelha de éguas 29 Quando você diz , você está se referindo a um ser indeterminado: cavalo, ou um cavalo. Para determinar o substantivo, usamos o artigo definido. No hebraico, a forma básica deste artigo é (ha), com o acréscimo de um ponto no interior da consoante seguinte. Normalmente as guturais não recebem este ponto. Pode haver alterações na vogal que acompanha o artigo, dependendo da consoante que o segue, sobretudo se for gutural e esta pertencer a uma sílaba tônica ou átona. No entanto, a forma do artigo permanece invariável, independente do gênero e número da palavra que ele acompanha. Se não há artigo junto a um substantivo comum, ele já está, a priori, indeterminado. Por isso, não existe artigo indefinido no hebraico. Outra particularidade: o artigo hebraico vem sempre ligado ao vocábulo que ele determina. Observe os exemplos: Veja as alterações vocálicas no artigo dos dois últimos exemplos. Existem regras definidas para estas alterações, que não veremos em nosso estudo, mas é bom saber que elas são características da língua de Israel. Ao traduzir um texto hebraico, desconfie que um hê, no início de uma palavra, possa ser um artigo. Mas nem sempre! O Construto e o Absoluto No hebraico bíblico, quando há uma relação de dependência entre duas palavras (por exemplo, casa de Maria), tais palavras recebem nomes especiais: a primeira (casa) está no construto e a segunda (Maria), no absoluto. Atenção: nunca se usa o artigo em palavras no estado construto. Verifique os exemplos: Note que o hebraico bíblico não usa a preposição de para ligar as palavras em relação de dependência. Apenas as coloca lado a lado. O construto plural, geralmente, sofre alterações fonéticas. Veja: No absoluto, o plural segue a regra: susim, e não susei, como vemos acima. 30 O ADJETIVO O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere. Veja, a seguir, a flexão do adjetivo “bom”, que nos servirá de modelo: (Leia neste sentido) FEMININO MASCULINO PLURAL SINGULAR PLURAL SINGULAR tovôt tovah tovim tôv boas boa bons bom Na língua portuguesa, o adjetivo pode assumir funções predicativas e atributivas. No hebraico, ocorre o mesmo, mas de forma um pouco diferente. Na expressão bom aluno ou aluno bom, o adjetivo exerce função atributiva, qualificando o substantivo a ele relacionado. Neste caso, classificamos o adjetivo bom como adjunto adnominal. Em nosso idioma, a função predicativa é indicada pelo verbo de ligação: o aluno é bom. Aí, bom é classificado como predicativo do sujeito. 1) Na função atributiva (adjunto adnominal): a) o adjetivo é colocado depois do substantivo; b) se o substantivo for definido por artigo, o adjetivo também o será. Exemplo: Um bom aluno. (Talmid tôv) O bom aluno. (Hatalmid hatôv) 2) Na função predicativa (predicativo do sujeito): a) o adjetivo é colocado antes do substantivo; b) ainda que haja artigo no substantivo, não haverá no adjetivo. Exemplo: Um aluno é bom. (Tôv talmid) O aluno é bom. (Tôv hatalmid) 31 Vocabulário auxiliar: Obs.: As palavras usadas nos exercícios seguintes, que não se acham no vocabulário acima, já foram vistas em algum lugar deste compêndio. Exercício 15: Traduza para o português: HEBRAICO PORTUGUÊS Exercício 16: Traduza para o hebraico: PORTUGUÊS HEBRAICO Menina bonita A menina é bonita A árvore é verde Uma pequena casa Um santo homem Uma rosa branca O menino é forte 32 NUMERAIS Observe os numerais cardinais de 1 a 10. No hebraico, eles têm distinção de gênero. No português, somen- te os dois primeiros têm o correspondente feminino: um-uma, dois-duas. Convém assinalar que no hebraico bíblico os numerais são sempre grafados por extenso. Posteriormente, foram usadas as letras do alfabeto com valor numérico. Estes valores estão relacionados no capítulo em que estudamos o alfabeto. Os cardinais de 11 a 19são formados pela unidade seguida do número dez. Podem ocorrer alterações ortográficas. Veja, por exemplo, o cardinal 13 (no masculino). Primeiro temos sheloshah = 3 e depois temos asar = 10. A partir do número 20, os cardinais conservam uma forma única para o masculino e o feminino. Os ordinais recebem nome específico até o décimo. A partir daí, são iguais aos cardinais. A relação ao lado mostra os ordinais masculinos. Com exceção do primeiro, forma-se o ordinal feminino com o acréscimo de um tav no final do vocábulo. Ordinais 1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° ri’shon sheni r vi‘i hh mishi shishi sh vi‘i t shi siri sh lishi sh mini ‘i ‘ e e e e e a a 33 Observe os exemplos: Note que a seqüência numérica se constrói com a utilização de um vav conjuntivo para ligar as dezenas às unidades. Assim, esrim veahhat = vinte e um. O vav conjuntivo, que estudaremos mais adiante, equivale à nossa conjunção “e” e liga-se diretamente à palavra que o segue. Exercício 17: Traduza para o português: : Veja como formar centenas e milhares: Note que de 300 em diante, coloca-se a forma básica do numeral e o construto de 100 ( ) logo em seguida. (Observação: alguns numerais, como por exemplo os dez primeiros cardinais, possuem a forma do construto.) Os dois exemplos a seguir ilustram este caso: 34 O VAV CONJUNTIVO Leia as frases observando o sentido das setas: A função primordial do vav conjuntivo é ligar palavras e orações. Traduzimos esta partícula (que vem sempre unida ao vocábulo que o segue) como nossa conjunção “e”, na maioria das vezes. Assim como o artigo, o vav conjuntivo sofre alterações no seu sinal vocálico (sinal massorético), dependendo das palavras e consoantes iniciais às quais ele se liga. Veja as formas em que o vav conjuntivo pode aparecer: Ao traduzir um texto bíblico, convém observar o vav no início das palavras. Ele é um forte candidato a ser um vav conjuntivo (ou um vav consecutivo), já que existem pouquíssimas palavras no hebraico bíblico iniciadas pela letra vav. O vav consecutivo une-se a verbos, modificando aspectos temporais. Nesse estudo, não vamos estender-nos sobre o uso do vav consecutivo. 35 PREPOSIÇÕES Vamos começar o estudo das preposições com uma atividade prática: Exercício 18: Aprenda o significado das seguintes palavras: Exercício 19: Tente transliterar para o português os vocábulos do exercício anterior. (No item 2 – rei – o shevá que aparece no kaf final é mudo, portanto não deve ser transliterado). 1 4 7 2 5 8 3 6 9 Bem, agora que conhecemos o vocabulário básico desta lição, podemos ver alguma coisa sobre as preposições. No hebraico, elas podem ser inseparáveis (unem-se prefixalmente às palavras) ou separáveis. Você está lembrado do primeiro versículo da Bíblia ? “No princípio criou Deus...” Observe bem a primeira palavra traduzida como “no princípio” (bere’shit). Veja o esquema: 36 Notou que a primeira consoante (bêt) com um shevá sob ela é, na verdade, uma preposição? Se fôssemos traduzir o texto ao pé da letra, seria: “Em princípio...” ou “Em um começo...” Aqui estão as principais conjunções inseparáveis, seguidas de um exemplo: Como é próprio do hebraico, essas partículas sofrem alterações vocálicas ao unirem-se a palavras que comecem com consoantes guturais, ou quando há um shevá na sílaba inicial. Observe: No item 1, temos keli (recipiente) e bikli (em um recipiente). O shevá da preposição, antes de palavra com outro shevá na sílaba inicial, transforma-se em hireq qaton. No item 2, a palavra ’emet (verdade) inicia com um shevá composto com segol. Quando dizemos “em verdade”, a preposição vocaliza-se com o segol da primeira sílaba de “verdade”. A preposição MIN Esta preposição (que significa de, proveniente de) apresenta um duplo comportamento: 37 Exemplos: No primeiro exemplo, notamos que a preposição min pode, no máximo, ligar- se à palavra por meio de um traço de união, que, em hebraico, chama-se maqqef. No segundo, o min perde o nun final e funde-se à palavra, provocando uma alteração (observe que aparece um daguesh forte no interior do mem). Quando a consoante inicial é uma gutural, a vogal do min passa a ser um tserê (..): A preposição min ainda é usada para estabelecer comparação entre dois seres: Tradução: A árvore é maior que a casa. Conheça, agora, algumas preposições independentes. Elas não se ligam à palavra seguinte. 38 Preposições separáveis Exercício 20: Escreva em hebraico: Pela paz De rei Proveniente de uma batalha Conforme a palavra Para Moisés Com o profeta A um lugar Como um vaso Exercício 21: Utilizando a preposição min, escreva em hebraico: “O profeta é mais sábio que o rei”. 39 PRONOMES Decore os pronomes pessoais: Percebeu que o hebraico apresenta formas femininas para a segunda pessoa, tanto no singular quanto no plural? Outro detalhe, quando se quer declarar um atributo (predicativo) a um pronome pessoal sujeito, subentende-se o verbo ser. Veja: Exercício 22: Utilizando o vocabulário aprendido até aqui, escreva em hebraico: Ela é inteligente. Vós sois filhos. Eu sou forte. Ele é rei. Tu és bonita. Tu és grande. 40 No hebraico, não há pronomes específicos para indicar posse (pronomes possessivos). Para expressar essa idéia, utilizam-se prefixos. Observe a tabela seguinte. Temos a raiz da palavra “cavalo” (sus) acrescida com os sufixos pronominais. Aprenda estes sufixos. Outros pronomes: 41 DUAS PALAVRAS SOBRE VERBO A parte mais complexa da gramática hebraica é o estudo dos verbos. Normalmente, os tratados sobre esta língua dedicam muitas páginas sobre o assunto e apresentam longas tabelas de conjugação. Nosso objetivo é mais modesto. Desejamos que você aprenda os mecanismos básicos de como se estrutura a conjugação dos verbos hebraicos, suas particularidades e diferenças em relação ao português. Estamos acostumados a conjugar nossos verbos seguindo um padrão que divide as flexões verbais em modo, tempo, pessoa, número, voz e formas nominais. No hebraico, encontramos algo parecido, porém organizado de forma diferente, conforme a ênfase que a cultura oriental coloca sobre certos aspectos da ação verbal. Além disso, o verbo hebraico apresenta flexão de gênero: masculino e feminino. Outra particularidade, é a classificação dos verbos em fortes e fracos. É mais ou menos parecido com nossa distinção entre verbos regulares e irregulares. Os verbos fracos, em geral, são aqueles que carregam consoantes guturais em sua raiz. E tal raiz, tanto de fortes quanto de fracos, é composta, geralmente, por três consoantes. Em nossos exemplos, vamos apresentar apenas verbos fortes. O quadro abaixo resume a estrutura básica de conjugação do verbo em hebraico. Tudo acontece dentro deste esquema: Vamos entendê-lo! 42 Examinando o quadro da página anterior, podemos notar a ênfase que o pensamento hebreu dá sobre o aspecto da ação (simples, intensivo e causativo) e sobre a forma de praticar a ação (ativa, passiva ou reflexiva). Estamos bem acostumados com as vozes verbais, mas o que seriam estes “graus”? Podemos compará-los a aspectos, à maneira como a ação é realizada. Seria assim: Simples: ele come. Intensivo: ele come com sofreguidão (devora). Causativo:mandaram-no comer (obrigaram-no a comer). O cruzamento das colunas aspecto (graus) e vozes origina o que vamos chamar aqui de construções. Temos, portanto, sete construções: QAL, NIFAL, PIEL, PUAL, HITPAEL, HIFIL e HOFAL. Que significa isso? Se eu digo que uma forma verbal está no pual, estou simplesmente afirmando que tal forma está conjugada no intensivo passivo. No português, uma hipotética forma do pual perfeito de comer seria: “ele foi devorado”. Se a forma está no qal, significa que a conjuguei no ativo simples. Convém assinalar que cerca de 70% das formas verbais do hebraico bíblico estão no qal. Outro detalhe: nem sempre o verbo é conjugado em todas as formas e construções. Bem, e os tempos da ação, o presente, o passado, o futuro...? O tempo não é tão relevante assim no pensamento oriental dos judeus. Tanto que dividem o aspecto temporal apenas em completo (perfeito) e incompleto (imperfeito). Para efeito de estudo, normalmente traduzimos o perfeito como passado, e o imperfeito como futuro. Mas uma tradução fiel depende exclusivamente do contexto. O presente é construído a partir do particípio ativo (que corresponde aproximadamente ao nosso gerúndio). Mais adiante veremos exemplos que elucidarão melhor o assunto. As construções podem ser conjugadas nos seguintes tempos ou formas nominais: 43 Já que as formas do infinitivo variam em absoluto e construto, não são muito apropriadas para indicar o nome do verbo, como em português. Portanto, a gramática hebraica utiliza a 3ª pessoa masculina singular do perfeito do qal para designar o verbo. Assim (shamar = ele guardou) denomina o verbo guardar. Analise atentamente os exemplos a seguir. Eles esclarecerão muitos dos pontos explanados anteriormente. Verbo GUARDAR no perfeito do QAL: Verifique os sufixos anexados à raiz do verbo. Eles indicam a pessoa do discurso. No imperfeito, colocam-se prefixos. Verbo GUARDAR no presente: O presente é formado a partir do particípio ativo. Por isso, há apenas quatro formas para todas as pessoas. Uma tradução quase literal seria: eu (estou) guardando, tu (estás) guardando, ele (está) guardando... 44 Verbo MATAR (3ª pessoal do masculino singular) em todas as construções no perfeito: Exercício 23: Tendo como modelo o verbo guardar, conjugue no perfeito do qal o verbo ESCREVER – (katav). MASCULINO FEMININO Eu Tu Ele Nós Vós Eles 45 CONCLUSÃO Amigo Estudante, Esperamos ter cumprido nossa missão ao disponibilizar informações básicas para quem está dando os primeiros passos no estudo da língua hebraica. Desejamos enfatizar o que já dissemos na introdução: caso você queira realmente adquirir uma boa habilidade lingüística em qualquer idioma, é necessário interesse e esforço. Dedicar tempo diariamente ao estudo. Buscar fontes de pesquisa, adquirir livros, gramáticas, dicionários. E em nosso caso, é fundamental obter uma Bíblia em hebraico. Traduzir um versículo cada dia é um excelente exercício para quem deseja estar atualizado com a língua do Antigo Testamento. Ao final deste pequeno tratado, você encontrará uma bibliografia básica para o aprofundamento do estudo. Apenas começamos a caminhada. É preciso seguir em frente, avançar para níveis mais altos. A grande importância do estudo do hebraico está na melhor compreensão dos textos sagrados do Antigo Testamento. Disse Jesus: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna e são elas mesmas que testificam de Mim.” (Evangelho de João 5:39). Se queremos conhecer melhor nosso Mestre e Salvador esse é o melhor caminho. Boa sorte! Sobral-CE, janeiro de 2010 Arnaldo Vicente Ferreira Sá Professor de Hebraico e Teologia Bíblica (Instituto Superior de Teologia Aplicada) Professor de diversas disciplinas teológicas (Faculdade de Educação Teológica) Professor de Literatura em Língua Inglesa e Cultura Britânica e Norte-Americana (Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA) NOTA: Os direitos autorais deste trabalho estão reservados ao autor, que concedeu permissão para livre distribuição aos alunos do Curso de Teologia da Faculdade de Educação Teológica – FACETE. Nenhum outro tipo de uso, cópia ou distribuição são permitidos sem a devida autorização do autor. 46 BIBLIOGRAFIA BÍBLIA EM HEBRAICO, Antigo e Novo Testamento, Trinitarian Bible Society, London. BÍBLIA HEBRAICA, tradução de David Gorodovits e Jairo Fridlin, Editora Sêfer, São Paulo, 2006. AUVRAY, Paul, Iniciação ao Hebraico Bíblico, Editora Vozes, Petrópolis, 1997 GUSSO, Antônio Renato, Gramática Instrumental do Hebraico, 1ª edição, Edições Vida Nova, São Paulo, 2005. CHOWN, Gordon, Gramática Hebraica, 1ª edição, CPAD, Rio de Janeiro, 2002. VITA, Rosemary; AKIL, Teresa, Noções Básicas de Hebraico Bíblico para ler e traduzir, 2ª edição, Editora Hagnos, São Paulo, 2007. FREITAS, Humberto Gomes de, Gramática para o hebraico, uma abordagem pragmática, Editora Vozes, Petrópolis, 2006. KIRST, Nelson et al, Dicionário Hebraico-Português e Aramaico-Português, 7ª edição, Editoras Sinodal, São Leopoldo, e Vozes, Petrópolis, 1996. HATZAMRI, Abraham; MORE-HATZAMRI, Shoshana, Dicionário português – hebraico e hebraico-português, 2ª edição, Editora Sêfer, São Paulo, 2000. 47 ATIVIDADE FINAL DE REVISÃO (Responda em folha à parte) 01. Faça um resumo de 7 a 12 linhas da história do desenvolvimento da língua hebraica. 02. Em que direção se lê e se escreve o hebraico? 03. Quando você escreve em hebraico as palavras casa, Deus, José e rei, em quais delas você usa maiúsculas e em quais apenas minúsculas? Justifique sua resposta. 04. O alfabeto hebraico é formado de quantas letras. Quantas são vogais e quantas consoantes? 05. Que são sinais massoréticos? 06. Escreva 10 vezes todo o alfabeto hebraico. 07. Escreva mais uma vez o alfabeto hebraico, colocando ao lado de cada letra seu devido nome. 08. Dê o nome de cada vogal hebraica, colocando ao lado seu respectivo sinal massorético. 09. Quais as consoantes do grupo begadkephat? Como distinguimos a pronúncia básica destas consoantes de suas respectivas aspiradas. 10. Quais as consoantes que têm uma forma final diferenciada? Escreva essas consoantes e, ao lado de cada uma, sua forma sofit. 11. Como se escreve o artigo em hebraico (forma básica) e como é usado? 12. Que é o vav conjuntivo? 13. Quando um substantivo está no construto? 14. Faça uma pequena tabela com os pronomes pessoais: à esquerda coloque o pronome em hebraico e à direita a tradução. 15. Selecione, pelo menos, 50 palavras hebraicas que você aprendeu, coloque- as em ordem alfabética, faça sua transliteração e dê o significado de cada uma.
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