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INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER SUMÁRIO AULA 01 AULA 02 AULA 03 AULA 04 AULA 05 AULA 06 AULA 07 AULA 08 AULA 09 AULA 10 AULA 11 AULA 12 AULA 13 AULA 14 AULA 15 AULA 16 AMBIENTE DE COMPETITIVIDADE MENTALIDADE EMPREENDEDORA EMPREENDEDORISMO AMBIENTE EMPREENDEDOR INOVAÇÃO CRIATIVIDADE CRIATIVIDADE X INOVAÇÃO MODELO DE TIMMONS ANÁLISE DE PERSPECTIVAS MERCADO E OPORTUNIDADES GESTÃO DE TIMES CAPTAÇÃO DE RECURSOS MODELO JOB TO BE DONE PLANO DE NEGÓCIOS MODELAGEM DE NEGÓCIOS CANVAS TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO DE PROJETOS INOVADORES 05 10 13 19 24 32 38 49 53 58 63 83 88 98 103 107 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 4 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), estudaremos neste material alguns aspectos importantes acerca da inovação e empreendedorismo. Os capítulos 1, 2, 3 e 4 tratam dos ambientes coorporativos, competitivos bem como sobre o empreendedorismo. São contemplados a partir do capítulo 4, inovação, criatividade, modelo de Timmons, entre outros assuntos. De modo geral, este livro lhe mostrará as boas práticas dentro do ambiente empreendedor. Desfrute a leitura!! FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER AULA 1 O AMBIENTE DE COMPETITIVIDADE Prezado(a) aluno(a), no ambiente atual muito se fala em competitividade, quer seja entre países, estados, cidades, empresas e principalmente entre os indivíduos. Todos querem ser os primeiros, levar vantagem por chegar à frente. Os países querem ser os primeiros em determinado assunto, sendo os líderes como potência militar ou mesmo em riqueza. Constantemente vemos rankings sendo criados para que se exiba o primeiro lugar. Temos um tipo de ranking para cada área específica de interesse e um deles muito relacionado ao empreendedorismo é o ranking dos países com os maiores impostos do mundo. Há outros como o de melhor país para se investir, de melhor segurança, enfim, o objetivo sempre na elaboração de um indicador, é despertar a competição, natural do indivíduo, sempre querendo ser o melhor. O espírito de competição entre os seres humanos apresenta seu principal registro na Bíblia, com Caim matando Abel, pois não se contentou com a preferência de Deus por seu irmão. Entre as nações, a história nos conta inúmeros conflitos e guerras de nações contra nações, cidades contra cidades, raças contra raças, sempre à busca da supremacia. O primeiro lugar massageia o ego da raça humana. A busca incessante ao topo não tem limites. Talvez, com um exame rápido de consciência, você se lembre de uma disputa com seu irmão ou algum parente próximo pela preferência do carinho dos pais, ou por algum brinquedo, não é mesmo? E na escola, quem era sempre o aluno de maior nota, ou aquele que tinha a melhor oratória da turma, enfim, nos lembramos sempre dos melhores. É uma tendência nos lembrarmos sempre dos primeiros ou dos melhores em determinado tema. Você por exemplo, em um rápido exercício mental, se lembraria da seleção de futebol que conquistou o terceiro lugar na copa do mundo de 2014? Talvez, com um pouco de esforço você até se recorde, no entanto, se nos fosse perguntado quem foi a seleção campeã daquela copa, com certeza a resposta seria bem mais rápida. No ambiente corporativo a competição é escancarada e cruel, onde quem não alcança o primeiro lugar tem dificuldades em se manter no mercado. As empresas disputam cada espaço disponível com a concorrência. Alguns produtos inclusive chegam a ser idênticos, apresentando diferenciação apenas no serviço. Mal uma empresa lança um produto novo no mercado, com uma campanha de marketing inovadora, outra já lança algo muito parecido FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER e às vezes com um preço mais acessível. Um exemplo de competitividade acirrada ocorre no mercado de telefonia celular, onde a maioria das operadoras têm aparelhos similares ou até o mesmo, pouquíssima variação nas tarifas, se diferenciando apenas na qualidade dos serviços. Quando determinada operadora lança um lançamento, imediatamente outra já lança algo para não ficar para trás. Esse é o atual cenário de competição entre empresas no Brasil. Prezado(a) aluno(a), diante dessa situação, de concorrência acirrada, desleal e cruel, você poderia refletir: “não é melhor arrumar um emprego e ficar sossegado ganhando meu salário?”. A resposta natural seria um estrondoso “sim”. No entanto o que move o mundo empreendedor é a curiosidade e a insatisfação. É justamente em meio às turbulências e adversidades que surgem os grandes líderes. Para se tornar um líder, nesse ambiente de incertezas, não é necessário fazer nenhuma mágica, ser amigo do chefe, ter que ficar necessariamente um longo tempo em determinado cargo. Hoje é fundamental ter uma visão diferenciada, ver a situação de um ângulo diferente, sob um novo prisma. Onde os indivíduos normais vêm problema, o novo líder vê solução. É necessário que se analise determinada tarefa, atividade ou processo e se busque a execução de uma maneira diferente, isso é inovação! Superar obstáculos por meio das mudanças. Para inserção de um novo empreendimento no mercado ou mesmo para sua manutenção é importante que o novo gestor adquira cada vez mais novos conhecimentos e conceitos acerca do seu ramo de atuação. É importante que o novo negócio não seja apenas mais um no mercado, mas sim que tenha vantagem competitiva e diferenciais visando despertar o interesse do público. Prezado(a) aluno(a), você deve estar se perguntando o que é competitividade, certo? De modo bem simplificado, competitividade é a capacidade que uma empresa possui em cumprir sua missão e seus objetivos de uma forma mais assertiva que seus concorrentes, satisfazendo os anseios dos seus clientes. Uma organização ser competitiva, significa que tem uma rentabilidade igual, ou superior, aos seus concorrentes, provocando um encantamento nos clientes por produtos e serviços oferecidos. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER Isto está na rede O Brasil cai 18 posições em ranking de países mais competitivos. Disponível em: <http://www.clp.org.br/Show/Brasil-cai-18-posicoes-em-ranking-de- paises-mais-competitivos?=yP4aTOywd4HBg7Fr+aSIMA==>. Acesso em 01 Dez. 2017. A questão principal do encantamento são os recursos humanos de alto nível, utilização de tecnologia avançada, no sentido de dar algo mais ao seu cliente, utilizando-se dos conceitos de cadeia de valor. O conceito de valor surge da relação entre a satisfação das necessidades e os recursos necessários para satisfazê-la. Mas afinal, o que vem a ser uma cadeia de valores? Em um contexto estratégico, Porter (1990, p. 31), destaca a importância da cadeia de valores para se buscar o diferencial competitivo de uma organização: A cadeia de valores desagrega uma empresa nas suas atividades de relevância estratégica para que se possa compreender o comportamentodos custos e as fontes existentes e potenciais de diferenciação. Uma empresa ganha vantagem competitiva, executando estas atividades estrategicamente importantes de uma forma mais barata ou melhor do que a concorrência PORTER (1990, p. 31). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER Caro(a) aluno(a), a definição da cadeia de valores de um processo objetiva definir quais as atividades que efetivamente agregarão valor ao cliente no momento da compra do serviço em uma empresa. A definição de Porter (1990) carece de complementação, pois não conceitua efetivamente cadeia de valores. Neste sentido, Shank & Govindarajan (1993), complementam o conceito de Porter (1990) desta forma: A cadeia de valor para qualquer empresa, em qualquer negócio, é o conjunto interligado de todas as atividades que criam valor, desde uma fonte básica de matérias-primas, passando por fornecedores de componentes, até a entrega do produto final às mãos do consumidor (SHANK & GOVINDARAJAN,1993, p.13). Uma gestão eficaz surge como uma resposta à obtenção da vantagem competitiva, permitindo que o empreendedor, por meio de uma gestão sustentável, aumente sua lucratividade, sem aumentar os preços, mas diminuindo seus custos. É óbvio que isso se dá por meio da articulação de todos os recursos necessários para o sucesso de um negócio. No processo empreendedor passa-se necessariamente pela fase de articulação de recursos (BARON; SHANE, 2007). Neste contexto, Porter (1985, p. 62) conceitua vantagem competitiva: Vantagem competitiva advém do valor que a empresa cria para seu clientes em oposição ao custo que tem para cria-la, portanto a formulação de uma estratégia competitiva é essencial para a empresa, pois esta dificilmente poderá criar condições ao mesmo tempo, para responder a todas as necessidades de todos os segmentos de mercado atendido, proporcionando à empresa, desta forma, criar uma posição única e valiosa (PORTER, 1985, p. 62). Prezado(a) aluno(a), é importante no contexto de competição no ramo dos negócios, além de um bom planejamento, apresentar algo novo no mercado, de modo a garantir a sobrevivência do empreendimento por um longo tempo. Não existe mágica, nem varinha de condão. Um negócio somente sobrevive se apresentar diferenciais perante a concorrência de modo a se obter vantagem competitiva. Para isso a observação e acompanhamento da concorrência é fundamental. O mundo dos negócios se equipara a um tabuleiro de xadrez, além dos próprios movimentos serem pensados e amparados por dados estatísticos, os movimentos da concorrência merecem especial atenção. Nesse ambiente, não há espaço para amadores! FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER Anote isso Conheça as iniciativas do MBC – Movimento Brasil Competitivo! Acesse o link: <http://www.mbc.org.br/portal/>. Acesso em 01 Dez. 2017. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER AULA 2 MENTALIDADE EMPREENDEDORA Caro(a) aluno(a), provavelmente em sua jornada você já deve ter percebido empreendedores que com muito pouco tiveram grande sucesso nos negócios e também aqueles que investiram grandes somas de dinheiro e não tiveram sequer o retorno do investimento. Alguns pensadores chegam a afirmar que o empreender já nasce com o indivíduo, outros afirmam que o indivíduo adquire o espírito empreendedor com o passar do tempo, adquirindo hábitos e observando procedimentos. Aqui cabe um exemplo bem característico acerca do ensino voltado ao empreendedorismo. Nos Estados Unidos, ainda no ensino fundamental, as crianças aprendem sobre o empreendedorismo. No Brasil, no último ano da faculdade, os formandos têm uma leve noção do que vem a ser empreendedorismo no último semestre do curso. Essa é a diferença! Aqui os pais orientam os filhos a terem bons empregos em empresas públicas, garantindo uma aposentadoria satisfatória. Lá, os jovens são orientados a terem seus próprios negócios. Em outras palavras, para causar um pouco de polêmica, nos Estados Unidos os jovens são formados para serem donos de empresas enquanto no Brasil, se forma a mão de obra para essas empresas. O conceito empreendedor passa pelo que Schumpeter (1982) definiu como uma nova combinação de recursos. Para esse autor, o empreendedor é aquele que combina fatores de produção, produtos ou mercados de novas maneiras. O agente de mudanças responsável por inovações é o empreendedor. A inovação é, portanto, fruto da atividade do empreendedor, não do mercado. Os estudos se desenvolveram depois foram influenciados, em maior ou menor grau, pelo legado schumpeteriano, que balizou o delineamento temático do campo. Muitos deles, ou seja, tradicionais, versaram de modo variado sobre o indivíduo empreendedor. Face aos desafios impostos aos empreendedores no início das atividades empresariais, além de um mentalidade empreendedora, é importante que se tenha clareza das atividades a serem desenvolvidas. Ter o negócio próprio, provavelmente já tenha passado na cabeça de todos nós. Abrir um negócio requer além de planejamento, muita dedicação, persistência, pois os riscos existem e podem inviabilizar o empreendimento. Nesse cenário, há os empreendedores que planejam a abertura da empresa, viabilizam recursos e quando surge a oportunidade, iniciam o negócio em uma base sólida e segura, caracterizando o que denominamos de empreendedorismo de oportunidade. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER No entanto, há aqueles que, por exemplo, ao perderem seus empregos, com dificuldade de recolocação no mercado, abrem de súbito uma empresa, sem qualquer planejamento e sem enxergar uma oportunidade de negócio, caracterizando o que denominamos de empreendedorismo por necessidade. Perceberam a diferença? Isto está na rede O empresário Abilio Diniz, em seu site, no tópico Mentalidade de Empreendedor, nos apresenta 5 dicas para quem deseja ser um empreendedor de sucesso. Acesse o link: <http://abi l iodiniz.com.br/l ideranca/empreendedorismo/mental idade-de- empreendedor/>. Acesso em 01 Dez. 2017. Uma boa ideia nem sempre é sinal de um empreendimento de sucesso. Você já deve ter ouvido aquele velho chavão: “de boas intenções o inferno está cheio”, não é mesmo? Todos nós já tivemos na família ou no rol de amizades, aquela pessoa que se dá bem onde põe a mão, ou seja, aquela pessoa que sempre dá certo, independentemente da área onde atua, devido à sua mentalidade empreendedora. Um indivíduo com mentalidade empreendedora está sempre a frente de seu tempo, conseguindo visualizar oportunidades onde a maioria enxerga dificuldades. Costumo dizer que onde as pessoas normais enxergam problemas, um empreendedor vê soluções. A mídia tenta nos vender uma ideia, ou um mantra, de que os empreendedores de sucesso, somente o são, devido à determinação, genialidade, timing correto, e sobretudo, um grande produto ou serviço. Nesse sentido, Ries (2012, p. 2) destaca: No entanto, o mito da perseverança, do gênio criativo e do trabalho duro persiste. Por que essa crença é tão popular? Acho que há algo muito atraente a respeito dessa história moderna de começar na pobreza e enriquecer. Ela faz o sucesso parecer inevitável se você tem os predicados certos. Isso significa que os detalhes mundanos, a parte burocrática, as pequenas escolhas não têm importância. Se desenvolvermos um produto de fato, os consumidores virão. Quando fracassamos, como acontece com muitos de nós, temos uma desculpa pronta: não criamos a coisa certa. Não fomos visionários o suficiente, ou não estávamos no lugar certo na hora certa. Em resumo, não há uma fórmula matemática que garanta o sucesso de um empreendimento, afinal, as variáveis que implicam no sucesso ou fracasso são múltiplas. Aquela velha máxima FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER do copo com água pela metade talvez explique o ponto de vista de um empreendedor: o copo está meio vazio ou meio cheio? Em outros termos, a visão em função dessa enormidade de variáveis será otimista ou pessimista. É óbvio que um candidato a empresário com uma mentalidade empreendedora terá a visão otimista, entende? O empreendedor que pretende ter sucesso nos negócios necessita de características, tais como: coragem e paixão para desbravar o novo, e equilíbrio, racionalidade e facilidade em lidar com as mais variadas situações, já dentro do empreendimento. Caro(a) aluno(a), se você fosse um investidor, em que tipo de empreendedor você apostaria suas fichas? De acordo com Portal Endeavor Brasil (2011), os olhos dos grandes investidores estão focados em empresas de alto crescimento! Os empreendedores que acessam fundos de growth capital não têm medo de atingir um novo patamar de negócios. Segundo o Portal Endeavor Brasil (2011), os Fundos de Growth Capital tem os seus radares voltados para esse tipo de organização, que normalmente apresentam as seguintes características: 1. Empreendedores excepcionais à frente do negócio, querendo continuar no mesmo patamar e crescer mais; 2. Histórico de crescimento agressivo com potencial de atingir um novo patamar de organização; 3. Modelos que podem ser “escaláveis”, nacional e internacionalmente; 4. Inovação; 5. Empreendedores que querem dominar o mundo; 6. Necessidade da empresa e do empreendedor, não apenas de capital, mas de buscar competências de governança, gestão, rede de relacionamento e aconselhamento (PORTAL ENDEAVOR BRASIL, 2011). Nesse cenário, caro(a) acadêmico(a), você já percebeu que não há espaços para amadores, ou empreendedores com receio de saírem da zona de conforto, ou ainda aqueles com síndrome de Peter Pan (medo de crescer). A dinâmica imposta pelo mundo globalizado é a de movimentação constante, foco nos custos e no crescimento planejado. Portanto, bem vindo ao mundo do empreendedorismo! Anote isso O empreendedor brasileiro é bem diferente dos empreendedores de países desenvolvidos, pois ao contrário daqueles, ele tem a necessidade de empreender. Fonte: Fabiano Nagamatsu – Consultor do SEBRAE. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER AULA 3 EMPREENDEDORISMO Caro(a) aluno(a), o empreendedorismo pode ser descrito como um comportamento e não como um traço de personalidade. Por essa razão, os indivíduos podem aprender a agir como empreendedores, utilizando-se de ferramentas baseadas no interesse em buscar mudanças, reagir a elas e explorá-las como oportunidade de negócios. Como resultado, uma cultura empreendedora pode gerar prosperidade econômica ao proporcionar altas taxas de criação de novas empresas. Por se tratar de um fenômeno social e cultural, existem famílias, cidades, regiões e países mais empreendedores que outros (MALHEIROS; FERLA; CUNHA, 2005). O empreender é um processo dinâmico e criar riqueza por meio de indivíduos dispostos a assumirem riscos no tocante ao próprio patrimônio, tempo ou comprometimento com a carreira, que também empenham suas habilidades e esforços vislumbrando ter o próprio negócio, empreendimento ou empresa. Toda organização precisa planejar o seu negócio e o primeiro passo é o estabelecimento do planejamento organizacional, quando são definidos a missão, a visão, os objetivos, a análise do ambiente interno e externo, o desenvolvimento de estratégias, as formas de execução e também as medidas para controle e avaliação de todo o planejamento, do seu início até a conclusão. Nesse sentido, o plano de negócios é uma ferramenta essencial para cumprir esta finalidade: a abertura de um empreendimento. Anote isso Portal SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. É fundamental que todo empreendedor e candidato a empreendedor deve ter anotado esse link. Link: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae> Quando projetamos um novo empreendimento, devemos ter em mente a missão que esse negócio tem a cumprir. Todo negócio deve ter uma visão de futuro que o norteie e os valores que pretende perseguir. Isso precisa ficar muito claro para que todos os parceiros saibam exatamente o que fazer, como, quando e onde. Os conceitos de missão, visão, valores e FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER objetivos globais são essenciais para direcionar o negócio. Mas a tarefa de planejar é uma atividade fácil? Figura 2 – Missão, visão e valores. Fonte: MARININI, 123RF. De acordo com o Portal Endeavor Brasil (2015), o trio missão, visão e valores é um recurso poderoso para que empreendedores consigam planejar negócios diferenciados, atrair colaboradores engajados e se orgulhar do seu trabalho: Antes de colocar o barco na água e lançar o seu negócio, é preciso criar algumas diretrizes que garantem que estão todos navegando para a mesma direção. É assim que você define, desde o começo, qual é o jeito de pensar, ser e trabalhar da sua empresa, antecipando problemas, estabelecendo limites e minimizando os conflitos entre as pessoas que vão colocar sua empresa de pé (PORTAL ENDEAVOR BRASIL, 2015). Prezado(a) aluno(a), a ferramenta missão, visão e valores tem como finalidade definir a direção estratégica da empresa e permite ao empreendedor uma reflexão acerca do papel do seu negócio na sociedade e sobre o futuro da empresa. Em um primeiro momento parece difícil para o empreendedor o rápido entendimento desses termos. Porém, para facilitar a diferenciação desse importantes conceitos, esclarecemos: Missão é o que fazemos e o que não fazemos juntos. Normalmente ela é bastante inspiradora, mas, na prática, a missão descreve a nossa FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER razão de existir. E o mais importante, ela pode mudar sim com o tempo, se ajustando à realidade (PORTAL ENDEAVOR BRASIL, 2015). A missão é desenvolvida com base na análise ambiental, nos stakeholders (partes interessadas), sempre pensando nos objetivos da empresa e qual a posição que ela quer passar para o seu público-alvo. O empreendedor deve também formular a sua declaração de missão. Nesse aspecto, Ferreira, Santos e Serra (2010, p.119) enfatizam: A missão é a tradução da estratégia da empresa, que expressa o propósito da sua própria existência. Em outros termos, a missão reflete a resposta a três questões: “Quem somos?”, “O que fazemos?” e “Por que fazemos?”. Ou de outra forma, a missão expressa a finalidade (a razão de ser), a estratégia (objetivos e posicionamento no mercado), os valores (princípios éticos que orientam a atuação da empresa). A missão deve ser concisa, curta e facilmente memorizável. Apresentamos a seguir, alguns bons exemplos de missão, de algumas organizações, para que você tenha uma ideia da importância dessa definição na fase preliminar do negócio: Walmart – Nós economizamos o dinheiro das pessoas para que elas possam viver melhor! Harley Davidson – Nós realizamos sonhos através da experiência de motociclismo. Mary Kay – Dar oportunidades ilimitadas às mulheres. Microsoft – Ajudar pessoas e empresas por todo o mundo a realizar todo seu potencial. Quadro 1 – Exemplos de missão. Fonte: Portal Endeavor Brasil (2015) Já os valores se diferenciam das regras, pois incidem nas convicções que fundamentam as escolhas por um modo de conduta tanto de um indivíduo quanto em uma organização. Dessa forma, Coutinho (2016, p.151) nos apresenta sua definição de valor: Os valores possuem uma base ideológica de como as pessoas devem agir dentro da organização, já as regras ou normas não são apenas orientações, mas procedimentos que devem ser seguidos pelos membros da organização com risco de algum tipo de punição caso não sejam cumpridas. Os empreendedores também devem ter uma visãoclara de em qual área do negócio a empresa atuará, considerando o seu posicionamento no mercado e no setor, os diferenciais, a sua estratégia e forma de atuação. Ferreira, Santos e Serra (2010, p.118) destacam que “é FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER preciso ter uma ideia clara de visão – a imagem que a empresa tem de si e do seu futuro (ou seja, aquilo que almeja ser, mais do que de fato é atualmente)”. A visão consiste na projeção futura da organização, ou seja, quais são seus objetivos e onde ela quer chegar. A visão define os planos da empresa, os rumos que deverá tomar. Dessa forma, é necessário pensar em ações concretas que possam ser alcançadas e que possam estar de acordo com as políticas e com o segmento no qual a empresa atua: Se a visão é o que eu faço, valores é quem eu sou, a visão é o que eu quero atingir. Em essência, a visão é o destino final. E a frase que sintetiza a visão é o desenho de uma paisagem futura, considerando que você atingiu seu objetivo e chegou ao seu destino. Costuma ser um alvo em movimento, mas para funcionar, é preciso ser enxergada com foco. Dos três, a Visão é a que mais pode mudar com o tempo porque, assim que você alcançou o que pretendia, muda novamente para um alvo que está logo à frente, sem nunca parar de avançar (PORTAL ENDEAVOR BRASIL, 2015). Dessa forma, prezado(a) aluno(a), é possível identificarmos a importância em se definir a missão, a visão e os valores de uma empresa, pois auxilia no alcance dos objetivos organizacionais sendo indicada a organizações de todos os portes, determinando a direção estratégica da empresa, desde a integração das operações até a estratégia global e da motivação da equipe. O empreendedor deverá dedicar a ela uma parcela de tempo suficiente para refletir sobre o papel do seu negócio na sociedade e também sobre o futuro que deseja para o seu empreendimento. Isto acontece na prática Prezado(a) aluno(a), provavelmente você já tenha conhecido uma empresa que caminha no fio da navalha, ou seja, se equilibra o tempo todo para não sair do mercado. É muito comum, ao visitar algumas empresas do meu rol de clientes, ver que algumas sequer tem o seu planejamento estratégico definido. Muitos gestores sequer sabem a missão, a visão e os valores da sua organização. E o mais incrível é perceber no simples fato de entrar na empresa, quando esta tem bem definida sua missão! A empresa é mais organizada e tem foco no cliente. Aquelas que não têm sua missão bem definida, infelizmente, nadam contra a correnteza. Parece que todos os esforços são para superar as dificuldades do dia, não tendo visão de futuro. Portanto, a missão, visão e valores, mais do que uma ferramenta de gestão, é primordial na empresa para que esta alcance seus objetivos com o mínimo de dificuldades no percurso. Fonte: o autor FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER Caro(a) acadêmico(a), não existe uma regra fixa para definir o grau de empreendedorismo nos indivíduos, afinal, somos diferentes, temos aspirações diferentes, condições econômicas diferentes e gostos bem distintos. Essa é a graça da raça humana! O Empreendedorismo se compõe de diferentes fatores, presentes em diferentes doses em cada empreendedor. Mesmo havendo muitas variações no perfil empreendedor, com algumas características comportamentais podemos prever a vocação empreendedora de uma pessoa. Embora existam testes online para serem realizados, apresentaremos a seguir um modelo, para aferir o seu grau de empreendedorismo: Quadro 2 – Teste de perfil empreendedor. Fonte: Malheiros; Ferla; Cunha (2005, p. 20). Após ter preenchido os campos e somado o número de ocorrência, saberá se tem ou não características de empreendedor correndo nas suas veias. Para auxiliar em sua avaliação, observe em qual dos três níveis se encontra sua pontuação. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER AVALIAÇÃO ALTO = 3 PONTOS MÉDIO = 2 PONTOS BAIXO = 1 PONTO Quadro 3 – Teste de perfil empreendedor. Fonte: Malheiros; Ferla; Cunha, 2005, p. 21) Observe suas características De 0 a 27 pontos As características que você tem atualmente não são indicadas para o empreendimento de negócios próprios. Mas não desista! Identifique as suas características mais deficientes, procurando desenvolvê-las. Aceite o desafio de procurar superá-las sempre que enfrentar uma situação em que essas características sejam exigidas. De 28 a 54 pontos Você tem grandes chances como empreendedor, mas precisa melhorar seu conhecimento e disposição. Cursos, leituras e visitas a feiras e eventos especializados podem ajuda-lo nesse desafio. Se tudo começa com um sonho, busque conquistar as condições ideais para realizá-lo. De 55 a 81 pontos Parabéns! Você tem as características ótimas para alguém que deseja empreender um novo negócio. Apresenta capacidade de explorar novas oportunidades, independentemente dos recursos que tem à mão. Embora isso não seja garantia de sucesso, indica eu você tem espírito empreendedor. Aproveite-o e vá em busca da realização de seus sonhos. Quadro 4 – Teste de perfil empreendedor. Fonte: Malheiros; Ferla; Cunha, 2005, p. 20) Prezado(a) aluno(a), esse teste pode ser aplicado também ao seu grupo de amigos e parentes, de modo a identificar um eventual sócio para o seu futuro empreendimento. Como você já percebeu, a chance de um negócio dar errado é grande e não existe uma fórmula garantidora do sucesso! É necessário sempre buscar novos conhecimentos e apoio de quem realmente entende do assunto, como o SEBRAE, por exemplo. São grande os desafios para entrarmos e garantirmos nossa permanência no ambiente empreendedor! Isto está na rede O Porta Endeavor Brasil apoia o empreendedor de alto impacto. Você sabia? Link: <www.endeavor.org.br>. Acesso em 01 Dez. 2017. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER AULA 4 AMBIENTE EMPREENDEDOR Prezado(a) aluno(a), vivemos em um ambiente com foco na redução de custos, na máxima produtividade, de pressão máxima aos colaboradores das organizações e de pressão máxima às próprias organizações. Como viver e sobreviver nesse cenário? A única certeza que temos atualmente é a de mudanças constantes. Na época de nossos avós, um trabalhador passava várias décadas em uma mesma empresa, o que era sinal de status, de trabalhador exemplar. No entanto, hoje um colaborador passa em média 2 anos em uma organização e já é absorvido por outra. As organizações que antigamente exerciam todas as funções da cadeia produtiva, hoje se satisfazem em serem responsáveis por apenas uma dessas etapas. As demais etapas passaram a ser terceirizadas. Ora para outras empresas, ora para os seus próprios colaboradores. De acordo com Schumpeter, empreender é um ato econômico, de transformação de recursos – sejam eles quais forem – em riquezas, típico da abordagem da economia. Se observarmos que o modelo econômico hegemônico é o capitalismo, certamente podemos inferir que o empreendedorismo em sua essência é uma resposta deste modelo à necessidade de desenvolvimento constante e geração e acumulação de riquezas. Diversos autores corroboram essa ideia, de que o empreendedor seja “o motor da economia”, um agente de mudanças. Há, no entanto, abordagens do empreendedorismo mais ligadas ao comportamento do indivíduo, na chamada teoria comportamentalista, para a qual empreendedorismo: Significa a atitude psicológica materializada pelo desejo de iniciar, desenvolver e concretizar um projeto, um sonho. Significa ‘ser empreendedor’. Diante desta perspectiva, reafirmamos que o empreendedorismo é algo que transcende o campo dos negócios e da economia (SOUZA NETO, 2003, p. 112 apud LEITE e MELO, 2008, p. 37). Conforme Leite e Melo (2008) salientam, por esta teoria comportamentalista,o “empreendedor” é compreendido mais por seus atributos psicológicos do que por sua ação econômica. Estaria, dessa forma, o desejo de empreender ligado à motivação do indivíduo, seu desejo de realização e obtenção de sucesso. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER De acordo com Filion (1999), no entanto, o autor que realmente início às contribuições sobre as ciências do comportamento para o empreendedorismo foi David Clarence McClelland, um psicólogo social norte-americano, que viveu durante quase todo o século XX, cujas teorias da “necessidade de realização” permeou seu trabalho. Porém, é bom que se frise que não necessariamente uma teoria é excludente à outra. Por vezes, é possível traçarmos paralelos e complementariedades entre elas, o que nos dá um cenário mais completo e informativo do ato de empreender. Outra corrente teórica que vem ganhando destaque nos últimos anos é a dos traços de personalidade, em que até mesmo características como gênero são levadas em consideração para buscar-se compreender a ação empreendedora. Podemos resumir as principais linhas de pensamento sobre empreendedorismo no Quadro 5, a seguir: Quadro 5 - Empreendedorismo: principais linhas de pensamento. Fonte: Filion (1999, apud Paiva Júnior e Cordeiro, 2002, p.3) Perceba, pelo Quadro 1 apresentado, que as abordagens das teorias sobre empreendedorismo seguem linhas de tempo bastante específicas e, especialmente na atualidade, há um esforço em se associar ao empreendedorismo aos traços de personalidade do próprio empreendedor. Se aprofundarmos a análise histórica do desenvolvimento do conceito de empreendedorismo, chegaremos a dois nomes importantíssimos: Richard Cantillon e Jean-Baptiste Say. Estes dois FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER personagens são, por definição, economistas, o que não surpreende, pois em suas respectivas épocas de vida ainda não havia um claro estabelecimento das chamadas ciências gerenciais. Cantillon - cuja família era originária da Normandia, França – viveu no final do século XVII e início do século XVIII, sendo um banqueiro ávido por lucros originários de negócios diversos. Para tanto, não se eximia de colocar seu próprio capital em risco, com o objetivo de obter rendimentos do capital investido. Segundo registros históricos, Cantillon era capaz de analisar uma oportunidade, identificando elementos já lucrativos e outros que poderiam ser no futuro. Apesar da palavra “empreendedorismo” já ter sido utilizada antes mesmo de Cantillon, é atribuído a ele o mérito por ser o primeiro a oferecer uma clara concepção da função empreendedora como um todo (FILION, 1999). É atribuído a Cantillon o uso da palavra francesa entrepreneur (da qual se deriva, segundo vários autores, o termo “empreendedor”) para descrever um indivíduo que assume riscos. Jean-Baptiste Say – também classificado como um economista, de origem francesa, que viveu entre o final do século XVIII e início do século XIX – interessava-se pela expansão da revolução industrial ocorrida na Grã-Bretanha, para que chegasse à França e, para possibilitar isso, preparou o arcabouço teórico que reunia os princípios que alavancaram a Revolução Industrial britânica com os pensamentos de Adam Smith, de quem era admirador. De acordo com Oliveira (2014), o empreendedorismo no Brasil, em sua maior parte, é baseado em micro, pequenos e médios negócios. De fato, o início de um novo negócio geralmente é de porte menor e, caso prospere, seguirá o caminho natural de crescimento e expansão. Porém, no Brasil muitos negócios permanecem pequenos, mesmo se passando muitos anos. Isto pode ser explicado, em parte, pelo fato de que esses empreendimentos permanecem com características de negócios familiares e tendem a não se perpetuar nas gerações que sucedem o fundador. Oliveira (2014) afirma que apenas cerca de 30% em média das empresas familiares sobrevivem à primeira geração. Uma boa ferramenta para efeitos comparativos entre o nível de empreendedorismo entre países – o Brasil incluído nesse rol – são os estudos do GEM (Global Entrepreneurship Monitor). Essa base comparativa é realizada com base no PIB, na renda per capita e quotas de exportação e formam basicamente 3 grupos de países, para efeitos de comparação, quais sejam: • Países impulsionados por fatores – são caracterizados pela predominância de atividades com forte dependência dos fatores trabalho e recursos naturais; • Países impulsionados pela eficiência – são caracterizados pelo avanço da industrialização e ganhos em escala, com predominância de organizações intensivas em capital; FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER • Países impulsionados pela inovação – são caracterizados por empreendimentos intensivos em conhecimento e pela expansão e modernização do setor de serviços (GEM, 2015, p. 20 apud SEBRAE, 2016). O Brasil está elencado no grupo de países impulsionados pela eficiência, sendo incluídos pelo GEM nesse rol comparativo, além do Brasil, a Argentina, Barbados, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Panamá, Peru, Porto Rico e Uruguai, no recorte geográfico composto por América Latina e Caribe. Os relatórios do GEM apontam três fatores considerados limitadores para as atividades empreendedoras no Brasil, conforme Ferreira, Santos e Serra (2010), salientam, a saber: 1. Políticas governamentais; 2. Apoio financeiro; e 3. Programas de educação e capacitação. Anote isso O Portal Endeavor apresenta 8 mitos e verdades sobre o empreendedorismo no Brasil: 1. O Brasileiro sonha em empreender, mas isso não é tudo. Verdade! 2. Abrir uma empresa em qualquer lugar do Brasil é muito demorado. Verdade! 3. Falta dinheiro para empresas e empreendedores. Mito! 4. Pagar impostos é coisa para super-heróis! Verdade! 5. O Simples poderia ser ainda mais simples! Verdade! 6. Poucas empresas brasileiras crescem de verdade! Verdade! 7. As empresas brasileiras são muito inovadoras! Mito! 8. O empreendedor brasileiro tem muitas opções para se capacitar! Verdade! Link: <https://endeavor.org.br/8-mitos-e-verdades-sobre-o-empreendedorismo-no- brasil/>. Acesso em 01 Dez. 2017. A burocracia e a alta carga tributária, via de regra, sempre são citadas como fatores limitantes à atividade empreendedora nacional. As condições para o empreendedorismo (favoráveis ou desfavoráveis) são elencadas em um conjunto de nove categorias por Ferreira, Santos e Serra (2010), conforme podem ser visualizadas na Figura 1 a seguir: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER Figura 1.1 - Condições nacionais para o empreendedorismo. Fonte: Ferreira, Santos e Serra (2010) Prezado(a), acadêmico(a), a superação dos entraves e o enfrentamento das condições adversas, são essenciais para que o empreendedorismo no Brasil atinja os patamares que nossa econômica exige. Em que pese todas as dificuldades do ambiente empreendedor, somos brasileiros e não desistimos nunca! Uma das saídas para superarmos tais condições é, sem dúvida, a nossa garra e nosso potencial de inovação. Isto está na rede Empreendedorismo atrais 3 de cada 10 brasileiros! Link: <http://www.agenciasebrae.com.br/sites/asn/uf/NA/pesquisa-gem- empreendedorismo-atrai-tres-em-cada-dez-brasileiros,bd3848b50ca6c410VgnVCM2 000003c74010aRCRD>. Acesso em 01 Dez. 2017. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER AULA 5 INOVAÇÃO Prezado(a) aluno(a), desde a idade das cavernas o homem procurou superar os obstáculos a ele impostos pela natureza adversa. Na busca por sobrevivência inventou ferramentas de modo a facilitar sua segurança e a busca por alimentos. Nesse processo, o homem aprendeu a se utilizar da pedra, do fogo, dos metais e culminou com a invenção da roda. Quandonos referimos à inovação, provavelmente pensamos em invenção, criar algo novo, não é mesmo? Para inovar são necessárias tecnologias ou técnicas? O que distingue inovação de invenção? Você concorda que esses termos, em um primeiro momento, nos causam dúvidas? Para esclarecermos, é importante compreendermos a diferenciação entre esses termos, conforme os conceitos apresentados por Tigre (2006): Do ponto de vista conceitual, uma primeira distinção é usualmente feita entre tecnologias e técnicas. A tecnologia pode ser definida como conhecimento sobre técnicas, enquanto as técnicas envolvem aplicações desse conhecimento em produtos, processos e métodos organizacionais. Outra distinção importante é feita entre invenção e inovação. A invenção se refere à criação de um processo técnica ou produto inédito. Ela pode ser divulgada através de artigos técnicos e científicos, registrada em forma de patente, visualizada e simulada através de protótipos e plantas piloto sem, contudo, ter uma aplicação comercial efetiva. Já a inovação ocorre com a efetiva aplicação prática de uma invenção (TIGRE, 2006, p. 72, grifo nosso). Para Rodriguez y Rodriguez (2010, p. 310), “a inovação é regida por dezenas de princípios e requisitos complexos que interagem e se complementam. Ações pontuais e isoladas definitivamente não transformarão uma organização em uma empresa inovadora”. A inovação deve ser parte da cultura da empresa e permear todas as áreas da companhia. Algumas empresas criam seus departamentos de inovação e podem, em dados momentos, alcançar resultados significativos, acelerando processos e liderando mudanças. Entretanto, o ideal é que a cultura organizacional incorpore de tal forma o espírito de inovação que os profissionais de todas as áreas assumam a responsabilidade para inovar, seja nos laboratórios de P&D – Pesquisa e Desenvolvimento, seja no atendimento ao cliente, no departamento de crédito e cobrança, e assim por diante (RODRIGUEZ y RODRIGUEZ, 2010). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER Freitas Filho (2013) enfatiza que, para se inovar, é fundamental a coexistência de três elementos: conhecimento, criatividade e empreendedorismo, conforme apresentado na figura 1: Figura 1 – Elementos da inovação. Fonte: Freitas Filho (2013, p. 12) Uma inovação muito raramente nasce ao acaso. Você já deve ter ouvido, em alguma fase da sua vida a seguinte frase de nossos antepassados: “a necessidade é a mãe da imaginação”. Nesse sentido, os elementos da inovação são descritos por Freitas Filho (2013) da seguinte forma: Conhecimento: um dos elementos para a geração é o conhecimento. Não se inova se não houver conhecimento sobre o assunto. E esse é um ponto muito importante quando se vai rodar uma seção de geração de ideias. Nesse tipo de evento, a fase de preparação é fundamental e os conhecimentos sobre o assunto devem ser nivelados de alguma forma, ou especialistas sobre o assunto devem participar do processo. Criatividade: a criatividade é o princípio da inovação. Sem criatividade, não se inova. Pessoas criativas são fundamentais em seções de geração de ideias, pois são elas que produzirão o maior número de propostas e farão as ligações e farão as ligações entre as ideias apresentadas. Empreendedorismo: O empreendedorismo é o fazer acontecer, é pôr a ideia em prática, é implementá-la. Pessoas com este perfil são fundamentais para que haja inovação. São elas que irão tirar as ideias do papel e farão o caminho da ideia à realidade (FREITAS FILHO, 2013, p. 12). A inovação contribui de diversas formas para o sucesso das organizações. Uma forma que merece destaque no cenário atual, é a obtenção de diferencial competitivo por meio FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER da cadeia de valor. A cadeia de valor é considerada uma importante ferramenta estratégica para identificar oportunidades de inovação em diversos níveis da organização, melhorando a performance do sistema, até o projeto de ofertas de produtos ou serviços inéditas. O ato de inovar, na vida pessoal ou profissional, implica necessariamente em sair da zona de conforto, promover mudanças, fazer as coisas de um modo diferente, criar algo novo, transformar o meio à nossa volta. As pessoas normalmente associam inovação à invenção, o que é errado. Para ser inovador basta apenas mudar um processo ou um procedimento, tornando-o mais eficaz. A inovação se transformou em um imperativo organizacional. É importante para que a empresa obtenha um diferencial competitivo, ou vantagem competitiva, atraindo com isso a preferência do consumidor por meio de programas de inovação. Os programas inovadores desenvolvidos pelas organizações estão atrelados à uma estrutura organizacional voltada para inovação dentro de uma empresa. Isto está na rede A inovação faz a diferença – Como o Brasil pode tirar melhor proveito das pesquisas tecnológicas. Porque as empresas e os países investem cada vez mais no conhecimento para gerar competitividade, emprego e renda. Segundo o Banco Mundial, o Brasil tem baixo aproveitamento de pesquisas por empresas porque empresários e pesquisadores não trabalham de forma integrada. L i n k : < h t t p : / / i p e a . g o v . b r / d e s a f i o s / i n d e x . p h p ? o p t i o n = c o m _ content&view=article&id=1466:catid=28&Itemid=23>. Acesso em 01 Dez. 2017. 5.1 Estrutura organizacional para inovação De acordo com Rodriguez y Rodriguez (2010, p. 247), “os atuais gestores começam a olhar para a adoção de um modelo de inovação altamente colaborativo, a inovação aberta ou open innovation”. Este modelo pressupõe que o conhecimento para promover inovações é encontrado em qualquer lugar da rede de valor da organização e do mundo globalizado. Desta forma, qualquer empresa que queira se tornar inovadora deverá abrir as portas de sua organização para ideias que venham de fora; de centros de pesquisa, universidades, outras empresas, mesmo que concorrentes (RODRIGUEZ y RODRIGUEZ, 2010). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER Nesse sentido, Freitas Filho (2013) destaca que, ao se criar um programa de inovação dentro de uma empresa, o sucesso vai depender de alguns fatores: é preciso que haja patrocínio do principal executivo da empresa; que se tenha uma pessoa que gerencie todo o processo, desde a geração de ideias até a análise dos resultados e os times que irão conduzir os projetos de inovação, além do suporte das diversas áreas da empresa, pode ser necessária também a figura do mentor de inovação, ou seja, do profissional treinado na metodologia e ferramentas de inovação que irá auxiliar os times a gerar e captar ideias e conduzir seus projetos. Com relação à formação do Comitê Executivo, que é o grupo que irá definir as estratégias de inovação da empresa e que irá monitorar os resultados, Freitas Filho (2013, p. 69) descreve: É normalmente formado pelos principais diretores e pelo gestor de inovação, que se reúnem mensalmente para avaliar o desenvolvimento do programa de inovação. O gestor de inovação tem um papel fundamental no comitê, pois ele é o responsável pelo repasse das informações sobre o andamento do programa e dos projetos, bem como pela análise preliminar dos resultados. No comitê são discutidos os projetos, analisados os indicadores e monitoradas as metas. As diretrizes de trabalho também estão a cargo do comitê. De acordo com Tidd, Pavitt e Bessant (2008), a construção das organizações que sejam abertas à mudança, ou seja, capazes de aprendizado contínuo, é uma das principais tarefas da estratégia de inovação. P&D e outras funções relacionadas dentro da empresa são aspectos fundamentais dessa capacidade de aprendizado. No entanto, conforme a tabela 1, a natureza e o propósito das atividades tecnológicas das grandes empresas variam bastante.É possível comparar as atividades de P&D de interesse para diferentes áreas da empresa: Nível empresarial: as perspectivas de tempo são longas, o feedback de aprendizagem é lento, as conexões internas são frágeis, as conexões com fontes externas de conhecimento são fortes, e os projetos são relativamente baratos. Nível da unidade de negócios: as perspectivas de tempo são curtas, o feedback de aprendizagem é rápido, as conexões internas (com produção e marketing) são fortes, e os projetos são onerosos (TIDD, BESSANT e PAVITT, 2008, p. 226) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER Anote isso Somos ruins em inovação porque em nosso país não existe confiança baseada em reciprocidade, em nível suficiente. Nossas tecnologias sociais para garantir isso são deficientes. Apenas 3% dos brasileiros acham seus compatriotas confiáveis. Na Suécia, são 60%. Disponível em: <http://innovatrix.com.br/por-que-o-brasil-e-ruim-de-inovacao/>. Acesso em 01 Jun. 2017. Locus de Interesse Prazo de execução (em anos) Foco Corporação como um todo ~10 • Monitoração de avanços técnicos e científicos de vulto • Construção do conhecimento • Criação de novas opções • Posicionamento tecnológico • Desenvolvimento de recursos humanos e técnicos Grupo/divisão ~5 • Exploração de sinergias através de diversas unidades de negócios Unidade de Negócio ~2-3 Implementação de objetivos comerciais em desenvolvimento de produto: • Custo • Qualidade • Tempo de desenvolvimento etc. Tabela 1 – A heterogeneidade das atividades tecnológicas das grandes empresas. Fonte: Tidd, Bessant e Pavitt (2008, p. 226) Os mesmos autores enfatizam que o equilíbrio dessas várias atividades é uma tarefa extenuante que envolve escolhas entre (i) P&D (e outras atividades tecnológicas) desempenhada em divisões operacionais e no laboratório empresarial; (ii) P&D (e outras atividades tecnológicas) desempenhadas no país de origem da empresa e em países estrangeiros. Até pouco tempo FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER atrás, um método prático bastante adotado para decidir as atividades de P&D deveriam ser desempenhadas era: • P&D de suporte para negócios já existentes (como produtos, processos, divisões) deveria ser alocada em divisões estabelecidas. • P&D de suporte para novos negócios (como produtos, processos, divisões) deveria, inicialmente, ser alocada em laboratórios centrais, e depois transferida para as divisões (estabelecidas ou recentemente criadas) para exploração. • P&D de suporte à produção estrangeira deveria ser alocada perto daquela produção estrangeira e estar voltada, principalmente, para a adaptação de produtos e processos às condições locais (TIDD, BESSANT e PAVITT, 2008, pp. 226-227). O gestor da inovação: é a peça principal do programa de inovação. É ele quem lidera o desenvolvimento, a implantação e o gerenciamento do programa de inovação. É o responsável em receber as diretrizes e metas da alta direção da empresa e transformá-las em projetos que gerem os resultados para que as metas sejam atingidas. O gestor de inovação também é a pessoa que vai puxar os times para geração e implementação dos projetos de inovação (FREITAS FILHO, 2013, p. 69). Abaixo, seguem as principais atividades do gestor de inovação: • Auxiliar o Comitê Executivo na elaboração do plano estratégico de inovação; • Coordenar as reuniões do Comitê Executivo; • Apresentar ao Comitê Executivo o andamento do programa de inovação, o cronograma dos projetos, os resultados alcançados e os planos de ações; • Gerenciar o programa de inovação; • Aplicar a política de reconhecimento e recompensa; • Conduzir as seções criativas para geração de novas ideias; • Treinar e dar suporte na competência inovação aos colaboradores que participam do programa; • Buscar alterantivas de fomento junto aos órgãos do governo e aplicar os projetos aos editais; • Gerenciar a criação e aplicação de patentes; • Criar uma cultura de inovação na empresa (FREITAS FILHO, 2013, pp. 69-70 Mentores da inovação: a implantação de um programa de inovação em uma empresa exige que os participantes se capacitem na competência da inovação. Dependendo do número de pessoas envolvidas, é necessário que, além do gestor de inovação, outras pessoas se capacitem nessa competência, que são os mentores da inovação. Eles receberão os treinamentos necessários e serão preparados para assumir parte das atividades do gestor, principalmente aquela de suporte aos times de projeto. Quanto mais pessoas capacitadas FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER na competência, mais fácil se torna a criação de uma cultura de inovação, pois os mesmos mentores também serão os disseminadores da inovação na organização (FREITAS FILHO, 2013, p. 70). Times de projetos de inovação: a formação de times de inovação vai depender muito de como o programa de inovação foi estruturado. Existem diversas atividades que precisam ser realizadas que vão desde a geração e captação de novas ideias até a implementação das mesmas. Os times de projeto podem ser formados já na fase de geração de ideias. Nesse caso é recomendável é que haja a participação de pessoas de todas as áreas da empresa. Isso irá permear a cultura corporativa de inovação. Cada pessoa que participa na geração de novas ideias torna-se um disseminador em potencial de inovação (FREITAS FILHO, 2013, p. 70). 5.2 Tipos de inovação e de inovadores De acordo com Tigre (2006, p. 73), “as mudança tecnológicas são usualmente diferenciadas por seu grau de inovação e pela extensão das mudanças em relação ao que havia antes”. Ao se falar de inovação é natural se pensar em novos produtos. Existem diversos exemplos que ilustram esse tipo de inovação. Todos concordam quando se fala que o celular é uma grande inovação, pois ele trouxe a mobilidade e portabilidade à comunicação (FREITAS FILHO, 2013). Por meio da tabela 2, Tigre (2006) demonstra que a gama de inovações observadas na atividade econômica é classificada segundo seus impactos, exemplificando as diferentes trajetórias para o caso de inovações em processos: Tipo de mudança Características Incremental Melhoramentos e modificações cotidianas Radical Saltos descontínuos na tecnologia de produtos e processos Novo sistema tecnológico Mudanças abrangentes que afetam mais de um setor e dão origem a novas atividades econômicas Novo paradigma tecnoeconômico Mudanças que afetam toda a economia envolvendo mudanças técnicas e organizacionais, alterando produtos e processos, criando novas indústrias e estabelecendo trajetórias de inovações por várias décadas. Tabela 2 – taxonomia das mudanças tecnológicas. Fonte: Tigre (2006, p. 74) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER De acordo com a OCDE (1997 apud Freitas Filho, 2013, p. 150), existem quatro tipos de inovação: de produto, de processo, organizacional e de marketing: A inovação por produto: é caracterizada pela alteração significativa em características funcionais dos produtos (bens e sérvios). É aplicável tanta a produtos totalmente novos como aos casos de aperfeiçoamentos significativos nos já existentes. Como exemplo de inovação de produtos (bens manufaturados) é citado: o telefone celular, a câmera digital, a fralda descartável, o computador pessoal, o pen drive, o motos bicombustível. Já para serviços, é inovador o atendimento bancário através dos caixas eletrônicos, o serviço de vendas online pela internet, o sistema de logística reversa para coleta de embalagens de produtos. A inovação de processo: ocorre quando os métodos de produção e distribuição dos produtos passam por mudanças significativas, incorporando novas características. São exemplos de inovação de processos: uma linha de montagem, o sistema de manufatura auxiliadopor computador (CAM), um novo processo de manutenção preditiva. A inovação organizacional: é quando são implantados novos métodos organizacionais. Pode-se obter inovação organizacional em qualquer das áreas da gestão empresarial, tais como modelos de negócio, estrutura organizacional, gestão financeira, capacitação e gestão de desempenho de pessoal. Como exemplos de inovação organizacional têm-se o sistema de custeio baseado em atividades (ABC), os sistema de franquias, o sistema Balance Scorecard (BSC), o sistema matricial de liderança. As inovações de marketing: estão relacionadas com a adoção de novos métodos associados ao design de produtos, na análise do comportamento do mercado, nas técnicas de promoção do produto, na fidelização do cliente, nos métodos de formação de preço de venda entre outros. Com exemplos de inovações em marketing, citam-se os cartões de fidelidade, exposição de carros conceito, produtos para gerar imagem da marca, uso de mídias sociais na internet (OCDE, 1997 apud FREITAS FILHO, 2013, p. 15) Prezado(a) aluno(a), para que ocorram as mudanças tão requeridas em nossas vidas pessoais e profissionais, é essencial que procedamos a inovação. Esta pode ocorrer pela forma de realizarmos uma mesma tarefa por meios diferentes ou até mesmo a reinventarmos todo um processo. Não podemos, afinal, querermos que fatos diferentes ocorram se procedemos sempre da mesma maneira, não é mesmo? Precisamos sair um pouco da nossa zona de conforto, e fazermos aquilo que todos consideram impossível! Isso é inovação! FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER AULA 6 CRIATIVIDADE Prezado(a) aluno(a), quantas vezes estivemos diante de determinadas situações embaraçosas, que a princípio eram sem solução e, de repente, surge uma pessoa, com um toque de criatividade, e as resolve rápida e facilmente. Com certeza você já presenciou uma cena dessas, não é mesmo? No empreendedorismo, a criatividade está intrinsicamente relacionada, sendo impossível falar de um sem falar do outro. Existe até um velho ditado, que minha avó proferia com certa frequência, quando alegávamos que não sabíamos executar determinada tarefa: “a necessidade é a mãe da criatividade”. Desta forma, podemos criar nosso próprio conceito de criatividade, é a capacidade humana de gerar novas ideias. Uma ideia nova para resolver um problema antigo. De acordo com Luecke (2007) o empreendedor necessita aliar análise, planejamento estratégico, capacidade de implementação e controle à sua organização, sendo tais elementos cruciais ao êxito dos inovadores empreendimentos. Nesse aspceto, ao começar um novo negócio o empreendedor deve estar ciente dos riscos e esforços necessários para o seu sucesso, assumindo responsabilidades para garantir a manutenção e prosperidade de sua criação, lidando com novos desafios. O empreendedor é definido por Luecke (2007, p. 29) como “aquele que combina recursos, trabalho, materiais e outros ativos para tornar seu valor maior do que antes. Também é aquele que introduz mudanças, inovações e uma nova ordem”. De maneira instintiva, o termo criatividade sempre se associou à atividade artística. Mais recentemente, graças a exemplos empresariais como Apple e Google, a inovação ganhou espaço nos setores tecnológicos. Neste sentido, a nossa intuição não está errada, uma vez que criatividade e inovação são dois conceitos muito unidos (MANUAL DE CRIATIVIDADE EMPRESARIAL, 2010). De acordo com o mesmo manual, a capacidade criativa pode ser definida como a habilidade para gerar ideias, alternativas e soluções a um determinado problema de forma fácil. A criação de ideias, e a respectiva utilização sob a forma de inova- ção, segue um processo cuja análise e aplicação permite solucionar problemas e formular estratégias de mudança que permitam a adaptação a uma nova situação. O processo criativo segue um esquema simples constituído pelas seguintes fases: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER Figura 1 – O processo criativo de geração de ideias. Fonte: Manual de Criatividade Empresarial (2010, p. 7) Isto está na rede Um estudo divulgado pelo Martin Prosperity Institute apontou um ranking de 139 países com maior índice de criatividade e prosperidade no mundo (GCI) em 2015. Feito com cerca de mil pessoas de cada dos 139 países, o Brasil ficou em 29º lugar e, pela primeira vez, a Suécia não ficou no topo do ranking. Link: <http://designconceitual.com.br/2016/04/08/pesquisa-revela-paises-mais- criativos-do-mundo/>. Acesso em 01 Dez. 2017. Caulkins (2001), destaca que a criatividade nas questões empresariais está relacionada a novas formas de solução de problemas, envolvendo a combinação de ideias de diferentes áreas de conhecimento, com probabilidade de saltos de intuição. Para o autor, a criatividade está relacionada à agregação de valor às ideias, à invenção de produtos e à inovação. O autor afirma que a adequação de tais ideias aos objetivos propostos é o que diferencia a criatividade da divagação. A criatividade leva invariavelmente à inovação empresarial. De acordo com Luecke (2003, p. 3) “a inovação é vista como a introdução de algo novo, quer seja um método, um produto, ou outro”. De acordo com Luecke (2003) destaca a importância da inovação, pois visam a redução dos custos de produção e salienta que há dois modelos de inovação: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER Inovações incrementais são aquelas que exploram formas, produtos, tecnologias, marcas, etc., já existentes; melhoram ou reconfiguram aquilo que já existe, para servir outro propósito no mercado. Para exemplificar, o autor apresenta a marca Intel, mais especificamente do processador Intel Pentium IV, que representa um aperfeiçoamento do seu antecessor, Intel Pentium III. A inovação radical, por outro lado, é algo que surge a partir de uma ideia já existente, mas que vai revolucionar por completo o mercado e o produto em si. Temos o caso das máquinas fotográficas digitais, que revolucionaram totalmente o conceito primórdio criado pela marca Kodac (LUECKE, 2003, p. 3, grifo nosso). Prezado(a) aluno(a), é tarefa da gestão da empresa, promover e estimular a criatividade dos colaboradores. Algumas empresas promovem concurso de ideias, premiando o colaborador que deu a melhor ideia em determinado período. Nesse aspecto, Montana e Charnov apud Colossi (2004) destacam, por exemplo, a importância de três técnicas: • O brainstorming: entendido como um ambiente de livre verbalização de idéias perante um problema delimitado. Quando as pessoas esgotarem suas ideias, uma longa lista de alternativas terá sido gerada; e então o grupo passará ao estágio de avaliação. Nesse ponto, muitas ideias diferentes podem ser consideradas, modificadas ou combinadas em uma solução sob medida e criativa para o problema. • A técnica do grupo nominal: similar ao brainstorming quanto à delimitação do problema, ela é diferente quanto à forma de execução, que neste caso, se dá de maneira individual e por escrito. Ao final de um determinado tempo, são listadas as soluções sugeridas, discutidas e criticadas. A principal vantagem nesse caso é a falta de críticas pessoais que impede que o indivíduo sinta-se inibido, uma vez que as críticas são feitas para a solução sugerida e não para o indivíduo. • A Técnica Delphi: consiste em enviar vários questionários a um grupo de voluntários que os responde, não se encontrando os participantes uns com os outros nem sabendo quem são. As respostas são tabuladas e devolvidas aos participantes, e estes devem responder novamente até chegar a um consenso. Essa técnica reduz a influência das personalidades na decisão. É importante salientar que não há uma técnica específica que resolva o problema da falta de criatividade no âmbito empresarial. O clima organizacionaldeve ser levado em consideração de modo a não se inviabilizar a aplicação de determinada técnica na empresa. Independente da técnica, o objetivo sempre é a inovação. Luecke (2003) aponta que a primeira etapa do processo de inovação - a geração de ideias. Para isso, são analisadas seis fontes de onde provêm as ideias inovadoras, detalhando cada uma delas: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER 1) New Knowledge – muitas das inovações radicais são resultado desta fonte. Quando algo se desenvolve numa certa área, dando origem a um novo produto, dizemos que faz parte desta “categoria”. Apesar do poder e força que as inovações baseadas neste tipo de fonte possam ter, há um grande intervalo de tempo que separa o desenvolvimento da ideia a partir do New Knowledge até à sua transformação total em produto comercializável (exemplo do computador que terá demorado, aproximadamente, cinquenta anos até chegar aos mercados). Por outro lado, as recompensas que este tipo de inovação proporciona são enormes; 2) Tapping the Ideas of Costumers – os clientes são os grandes criativos e aqueles que mais têm uma palavra a dizer; são eles que melhor podem apontar lacunas ou falhas que um produto possa ter. Há várias formas pelas quais os clientes podem dar a sua opinião, quer seja através de um livro de reclamações, inquéritos ou por sua própria espontaneidade; 3) Lead Users – são empresas ou indivíduos cujas necessidades vão além daquilo que o mercado lhes oferece presentemente. Normalmente, as suas ideias inovadoras não servem o mercado, mas as suas próprias necessidades. No entanto, podem ser adaptadas para que, mais tarde, possam vir a ser comercializadas; 4) Empathetic Design – é uma técnica de geração de ideias que consiste na observação, por parte dos criativos/inovadores, do modo como as pessoas usam produtos já existentes tendo em conta o ambiente que as rodeia. Dorothy Leonard e Jeffrey Rayport descreveram- no como um processo com cinco etapas: a. Observação; b. Recolha de dados; c. Reflexão e análise. d. Brainstorm; e. Desenvolvimento de protótipos de soluções. 5) Invention factories and skunkwords – muitas ideias inovadoras surgem através de uma pesquisa e desenvolvimento profundos por parte dos “fabricantes de inovações”. 6) Open Market Innovation – nem todas as ideias têm que ser criadas dentro do seio da empresa. É uma mais-valia para qualquer empresa se conseguir novas ideias através de parcerias, licenciamento, alianças estratégicas ou, até mesmo, compra de uma ideia de outra empesa (LUECKE, 2003). Nesse sentido, Luecke (2003, p. 14) nos apresenta a S-Curve, a qual representa o percurso de inovações tecnológicas bem-sucedidas. Tem como função descrever a evolução no tempo e a nível de investimentos da performance e custos da tecnologia. O que esta curva nos FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER mostra é que a tecnologia que está já estabelecida e estabilizada acaba sempre por se desenvolver e melhorar quando confrontada por uma rival: Figura 2 – S-Curve. Fonte: Luecke (2003, p. 14) Os indivíduos criativos são muito valorizados atualmente no mercado de trabalho. A criatividade é um dos valores em alta atualmente e está em alta nas organizações. Toda empresa quer contratar pessoas mais criativas e os empreendedores não ficam atrás: todos querem aumentar seus quadros de colaboradores altamente criativos. Por meio do quadro 1, o Portal Nômades Digitais nos apresenta quatro exercícios simples, de modo a aumentarmos nos potencial criativo nas organizações: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER 1. Usos alternativos Essa técnica foi desenvolvida por J.P. Guilford em 1967, mas continua bastante atual. A ideia é simples: pensar em usos alternativos para objetos comuns do cotidiano. Pode ser uma cadeira, o seu computador ou um livro, por exemplo. Dedique um ou dois minutos para pensar em usos alternativos para cada palavra (é importante contar o tempo, pois a pressão ajuda você a pensar em soluções rápidas). 2. Palavras cruzadas Para este exercício você também vai precisar de um relógio, além de uma palavra cruzada que ainda não tenha feito (vale usar a do jornal do dia, por exemplo. Para acompanhar, não esqueça de um lápis ou caneta e de uma folha em branco. 3. Noite e Dia Uma boa maneira de exercitar a sua criatividade é pensando em soluções alternativas, da mesma forma que no exercício sobre usos alternativos para objetos do cotidiano. E esse exercício vai ajudá-lo nesta tarefa. Comece criando uma lista de palavras comuns em um papel. Pode pensar em objetos que estão ao seu redor ou até mesmo em características do momento: noite, balcão, pimenta, garrafa, feliz, etc. Depois disso, escreva ao lado de cada palavra pelo menos quatro palavras que tenham sentido oposto ao inicial. Por exemplo: Noite – dia, sol, branco, acordado 4. Telefone maluco Sabe aquele seu amigo para quem você não telefona há anos? Ou o ex-colega com quem você não fala desde que saiu da escola? Esse exercício promete te colocar em contato com eles novamente. A ideia aqui é ligar para a pessoa de quem você está mais distante de toda a sua lista telefônica e tentar desenvolver uma conversa de pelo menos 5 minutos. Pode parecer constrangedor, mas a ideia é exatamente essa: a pessoa para quem você ligar vai ficar tão embaraçada que você precisará usar toda a criatividade para manter a conversa fluindo. Quadro 1 – Exercícios para estimular a criatividade. Fonte: Portal Nômades Digitais. Disponível em: < http://nomadesdigitais.com/4-exercicios-para-te-manter-mais- criativo/ >. Acesso em 01 Dez. 2017. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER AULA 7 CRIATIVIDADE X INOVAÇÃO De acordo com o Manual de Criatividade Empresarial (2010), a criatividade, tal como foi definida acima, procura alternativas a uma situação existente ou a formulação de soluções que deem resposta a problemas que possam surgir. A predisposição para encontrar soluções e para a mudança (entendendo-a como positiva) implica também a existência de uma atitude criativa. A criatividade está relacionada com a utilização de mecanismos e métodos que não respondem a esquemas e lógicas tradicionais. A cada vez mais complexa situação do meio e dos problemas a que nos enfrentamos exige novas ideias e, sobretudo, novos enfoques. Uma mente criativa é aquela que procura métodos diferentes e que é capaz de reinterpretar a realidade segundo novos parâmetros lógicos. Tudo com a finalidade de encontrar novas formas de interpretar a realidade e de dar respostas criativas e eficazes aos problemas que possam surgir. Em outros termos, ser criativo é ver o que todo mundo vê e pensar o que ninguém, até então, havia pensado. Segundo a OECD (2005), a inovação pode também melhorar o desempenho da empresa pois ela faz aumentar sua capacidade de inovar. Por exemplo, melhoramentos nos processos de produção podem permitir o desenvolvimento de um novo leque de produtos, e novas práticas organizacionais podem melhorar a capacidade empresarial de adquirir e criar novos conhecimentos que poderão ser usados para o desenvolvimento de outras inovações. Para distinguir inovação de criatividade, os autores Foster e Kaplan (2002) nos apresentam um conceito esclarecedor: Embora a inovação baseie-se em criatividade e invenção, o conceito é muito mais amplo. Uma invenção implica a “conversão da ideia criativa em uma forma comunicável e verificável, geralmente para atender a alguma necessidade ou realizar alguma tarefa”. A inovação é uma invenção que produziu valor econômico. Sem valor econômico não pode haver inovação. (FOSTER E KAPLAN, 2002, p. 158) Kim e Mauborgne (2005) denominam inovação de valor, o fato das empresas, ao invés de se esforçarempara superar os concorrentes, concentraram o foco em tornar a concorrência irrelevante, oferecendo saltos no valor para os compradores e para as próprias empresas, que assim desbravaram novos espaços de mercado inexplorados: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER A inovação de valor é uma nova maneira de raciocinar sobre a execução da estratégia, que resulta na criação de um novo espaço de mercado e no rompimento com a concorrência. Muito importante, a inovação de valor desafia um dos dogmas mais comuns da estratégia baseada na concorrência – o trade-off valor-custo. Tradicionalmente, acredita-se que as empresas, quando comparadas aos concorrentes, devem ser capazes de criar mais valor para os clientes, a custo mais alto, ou de criar o mesmo valor para os clientes, a custo mais baixo. Assim, estratégia é escolher entre diferenciação e liderança de custos (KIM; MAUBORGNE, 2005, p. 26). Podemos compreender que a inovação de valor é uma estratégia, na qual a empresa aproveita as condições favoráveis, sem um enfrentamento direto à concorrência. 7.1 Tipos de inovadores Prezado(a) aluno(a), provavelmente você já se deparou com pessoas na sua vida pessoal ou no seu ambiente de trabalho que são algumas mais inovadoras e outras mais conservadoras. Há indivíduos ligados no “220 Volts”, com é a expressão que designa as pessoas inquietas, sempre dispostas a mudanças, a propor inovações. É importante observar que, segundo Dornelas (2008, p. 21) “são as inovações que determinam o início de uma nova história, de um novo paradigma. Às vezes são até simples, mas tão bem aceitas e assimiladas, que se tornam unanimidade”. Só para se ter uma ideia da importância das inovações, Dornelas (2008) nos apresenta, por meio do quadro 2, as principais inovações do século XX: Exemplos de inovações do século XX 1903: Avião motorizado 1915: Teoria geral da relatividade de Einstein 1923: Aparelho televisor 1928: Penicilina 1937: Náilon 1943: Computador 1945: Bomba atômica 1947: Transistor 1953: Descoberta da estrutura do DNA abre caminha para a engenharia genética 1957: Sputnik, o primeiro satélite 1958: Laser FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER 1961: O homem vai ao espaço 1967: Transplante do coração 1969: O homem chega à Lua; início da internet; Boeing 747 1970: Microprocessador 1989: World Wide Web 1993: Clonagem de embriões humanos 1997: Primeiro animal clonada: ovelha Dolly 2000: Sequenciamento do genoma humano Quadro 2 – Exemplos de inovações do século XX. Fonte: Dornelas (2008, p. 22) Essas inovações não existiriam se não fosse os inovadores, os indivíduos arrojados, visionários, que enfrentaram todos os tipos de obstáculos, fizeram inúmeras experiências para hoje serem considerados “gênios” pela maioria das pessoas. De acordo com Freitas Filho (2013, p. 13) “quando se analisam os elementos de inovação, percebe-se que algumas características pessoais são fundamentais no processo de inovação”. Nesse sentido, a figura 2 nos apresenta o processo de inovação e descreve os diferentes perfis de inovadores em cada etapa desse processo: Figura 3 – Processo de inovação. Fonte: Freitas Filho (2013, p. 13) De acordo com Freitas Filho (2013), o processo de inovação compreende quatro etapas e para cada uma delas um perfil de profissional diferente é requerido. Conhecer o perfil de cada pessoa é importante, principalmente na hora de formar times de projeto de inovação, de modo que os perfis se complementem: Idealizador: é o perfil que se ajusta à primeira etapa do processo de inovação. Sua principal função é manter a empresa alinhada às demandas do mercado a partir de uma produção constante e generosa de ideias. Essa pessoa é criativa e normalmente muito bem informada sobre a empresa e o mercado. Outro ponto forte é o seu carisma e capacidade de lidar com pessoas de diferentes áreas e cultura, além de ser ótima para apresentações. Pode ser o agregador dos times de inovação. Como defeito, os idealizadores tendem a ser desorganizados FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER e nem sempre toleram bem as críticas que recebem. Isso é natural para quem se expõe e dá muitas ideias. Para o “dono” da ideia, ela é a melhor do mundo, até que alguém mostre suas limitações e as possibilidades de melhorias (FREITAS FILHO, 2013, p. 13). Refinador: o refinador atua na etapa de conceituação. Sua principal função é buscar as inconsistências das ideias. É onde ocorre o primeiro filtro. Para isso envolve e mobiliza pessoas de outros setores. Diferentemente do idealizador, não tem a pretensão de ser o centro das atenções. Pelo contrário, é humilde e agregador, trabalha em equipe e de forma colaborativa, dando e recebendo todo tipo de feedback. Precisa ser também disciplinado para analisar todas as ideias e identificar oportunidades de melhorá-las. Como faz o papel de questionador, pode passar por chato e insatisfeito, porém não o faz por mal. O resultado do seu trabalho são ideias melhores e mais consistentes (FREITAS FILHO, 2013, p. 14). Experimentador: O experimentador tem a função de testar a qualidade e o desempenho, solucionar falhas e direcionar o desenvolvimento dos novos produtos antes que os mesmos sejam lançados no mercado. Atua no momento de se testar na prática a ideia. Essa pessoa tem como qualidade a disciplina, a persistência, o apego ao método científico, capacidade de aprender e habilidade para gerar e compartilhar conhecimento. A função do experimentador é semelhante a de um pesquisador, e por isso precisa também ser muito criativo. Por trabalhar muitas vezes sozinho e como precisa estudar muito, pode ser visto por outras pessoas como um gênio solitário ou mesmo um nerd (FREITAS FILHO, 2013, p. 14). Executor: é nessa etapa que se coloca a ideia em prática, transformando-a em um negócio concreto e lucrativo. Na realidade essa etapa está totalmente ligado ao gerenciamento de projeto. As características do executor são semelhantes às dos líderes de projeto. São pessoas que sabem estruturar um negócio, têm capacidade de mobiizar e gerir pessoas, foco no resultado e disciplina para cumprir prazos e metas. Como são muito focados na execução, sentem-se impacientes durante o processo de maturação da ideia. Tendem a ser conservadores e achar que qualquer ideia nova não vai dar certo. Na verdade o que eles querem é ter logo o projeto em mãos para entregá-lo o quanto antes (FREITAS FILHO, 2013, p. 14). 7.2 Benchmarking como ferramenta de inovação Prezado(a) aluno(a), muito provavelmente você já tenha lido, ou ouvido falar de um livro clássico da administração de empresas que é “A arte da guerra”, escrito no ano 500 a.C, pelo general chinês Sun Tzu, que escreveu: “Se você conhecer seu inimigo e a sim mesmo, não precisará temer o resultado de cem batalhas”. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO PROF. ME. HENRIQUE LACERDA NIEDDERMEYER Mas como conhecer o inimigo no campo empresarial? Não é uma tarefa muito fácil. Para isso, os gestores podem estabelecer suas metas operacionais e programa de produtividade com base nas melhores práticas da indústria, conduzindo-os a um desempenho superior. É o que denominamos de benchmarking. Na sequência, serão apresentados alguns conceitos para facilitar nosso entendimento e compreensão acerca do termo: O benchmarking é um processo positivo e pró-ativo de mudar as operações de forma estruturada para atingir a maximização da performance da empresa. Os benefícios do uso do benchmarking são que as funções são forçadas a investigar as melhores práticas da indústria externa e incorporá-la às suas operações. Iss gera empresas mais lucrativas e de alta utilização de ativos, que satisfazem as necessidades dos clientes e contam com uma vantagem competitiva (CAMP, 2002, p. 2). O
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