Buscar

artigo científico estephany paiva

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL DO INIMIGO E O REGIME DISCIPLINAR 
DIFERENCIADO 
Estephany Paiva Lima1 
Prof.ª Orientadora de Conteúdo: Virginia Luna Smith² 
 
RESUMO 
 
O presente artigo visa analisar o aumento da violência e da criminalidade que 
corrompe o direito penal brasileiro. Uma teoria elaborada por Guither Jakobs, 
chamada direito penal do inimigo mostra, uma perspectiva na análise da 
criminalidade. Para Jakobs existem dois tipos de criminosos, o primeiro é o 
criminoso cidadão que pratica um delito por um fator qualquer, já o segundo é o 
criminoso inimigo, é aquele que atenta diretamente contra o Estado, que 
separando-se de maneira inalterável do Direito e, assim, não seria justificável 
oferecer as garantias processuais e constitucionais. Dessa forma, o inimigo é 
considerado uma coisa, não sendo mais considerado um cidadão e nem um sujeito 
processual, pois quem não oferece segurança à sociedade não deve ser tratado 
como pessoa. 
 
Palavras-chave: Direito Penal. Direito Penal do Inimigo. Constitucionalidade 
do direito penal do inimigo. Punição. 
 
 
ABSTRACT 
 
This article aims to analyze the increase in violence and crime that corrupts Brazilian 
criminal law. A theory elaborated by Guither Jakobs, called the enemy's criminal law 
shows, a perspective in the analysis of crime. For Jakobs there are two types of 
criminals, the first is the criminal citizen who commits an offense by any factor, while 
the second is the enemy criminal, is the one who directly acts against the State, 
which is unalterable by the law and thus would not be justifiable to offer procedural 
and constitutional guarantees. Thus, the enemy is considered a thing, no longer 
considered a citizen or a procedural subject, because those who do not offer security 
to society should not be treated as a person. 
 
Keywords: Criminal Law. Enemy Criminal Law. Constitutionality of the 
criminal law of the enemy. Punishment.
 
1 Acadêmica de pós graduação do Curso de Direito Penal e Processual penal da Faculdade Estácio 
de Vitória - ES. E-mail: estephanypaiva@hotmail.com 
 
mailto:estephanypaiva@hotmail.com
2 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O artigo fará uma delimitação do tema proposto, levantando a hipótese que 
pretende responder ao final das investigações realizadas. Para tanto, serão 
propostos objetivos específicos a fim de que a pesquisadora possa planejar a 
busca pautada do conhecimento. 
 
O tema escolhido para o artigo envolve um assunto de bastante relevância 
jurídica: Direito penal do inimigo e o regime disciplinar diferenciado. Para tanto, 
serão analisadas posições doutrinárias e jurisprudenciais. 
 
O presente trabalho pretende analisar o direito penal do inimigo e a legislação 
brasileira, uma teoria lançada por Gunther Jakobs, um Doutrinador Alemão que 
sustenta essa teoria desde 1985, com base nas políticas públicas que combatem 
a criminalidade nacional e internacional. Uma preposição na qual passa a ser 
conhecida como direito penal da terceira velocidade, se baseando nas mesmas 
premissas, ou seja, a punição seria com base no autor e não devido ao ato 
praticado por ele. Vale ressaltar que a designação tem maior destaque 
atualmente em razão de ataques terroristas ocorridos frequentemente. 
 
Jakobs propõe um direito diferenciado a pessoas de alta periculosidade, já que 
para estas o direito penal do cidadão não se faz eficaz, dessa forma, os inimigos 
seriam os sujeitos criminosos, que cometem delitos de ampla crueldade, como 
crimes econômicos, crimes organizados, infrações penais perigosas, crimes 
sexuais, bem como terroristas. O direito penal do inimigo, funciona para 
combater determinadas classes. 
 
Para atender a pesquisa, indaga-se: O direito penal do inimigo pode ser 
reconhecido? O tema em questão tem uma grande relevância social, visto que 
vem crescendo consideravelmente em escala nacional. No que tange a 
contribuição prática dessa discussão o presente artigo tem um cunho educativo, 
possibilitando o desenvolvimento de uma visão ampla acerca da problemática 
do direito penal do inimigo. Visto que, apesar das crescentes demandas no 
judiciário, ainda se trata de um tema pouco explorado. 
3 
 
 
 
 
 
A fim de se atingir os objetivos desse artigo utilizar-se-á a pesquisa teórico-
dogmática, tendo em vista que serão abordados conceitos doutrinários para 
equacionar o problema apresentado na tentativa de criar uma solução para o 
conflito. 
Os setores de conhecimento abrangidos pela presente pesquisa apresentam 
caráter transdisciplinar, com incidência de investigações contidas entre searas 
da Ciência do Direito, tais como o Direito Penal e Direito Processual Penal. 
1 DO DIREITO PENAL DO INIMIGO 
1.1 Características e Fundamentos do Direito Penal do inimigo (Teoria de 
Gunter Jakobs). 
 
Em 1985 em uma palestra em Frankfurt, surgiu a teoria do Direito Penal do 
inimigo criada pelo doutrinador alemão Gunter Jakobs, tal conceito recebeu 
pouca publicidade e consequentemente pouca, ou quase nenhuma crítica. Mas 
em 1999, Jakobs empregou novamente o conceito de Direito Penal do inimigo, 
em uma palestra na Conferência do Milênio em Berlim, sendo imediatamente 
criticada por todos os presentes, e em diversos países de língua portuguesa. a 
(MORAES, 2008, p.181). 
 
Mesmo que de forma negativa, Jakobs, teria sido notado por sua teoria e dessa 
forma conseguido grande repercussão. Mas, seu pensamento exposto em 1985 
não foi o mesmo que proferido em 1999 na conferência do Milênio em Berlim. 
 
O discurso, que antes era de censura, reverte-se, em 1999, em defesa 
da criação de um Direito Penal destinado exclusivamente ao inimigo. O 
eminente autor citou que em muitos dispositivos alemães já havia 
indícios desta nova forma de aplicação do direito; destarte, a criação de 
um Direito Penal do Inimigo não seria ilegítima, visto que protegeria o 
Direito Penal tradicional – o destinado ao cidadão – de uma possível 
‘contaminação’ (SILVA,2013). 
 
 
4 
 
 
 
 
Segundo Sánchez o conceito de inimigo da teoria de Jakobs, seria o seguinte: 
 
O inimigo é um indivíduo que, mediante seu comportamento, sua 
ocupação profissional ou, principalmente, mediante sua vinculação a 
uma organização criminosa, abandonou o Direito de modo 
supostamente duradouro e não somente de maneira incidental. Em todo 
caso, é alguém que não garante mínima segurança cognitiva de seu 
comportamento pessoal e manifesta esse déficit por meio de sua 
conduta. [...] Se a característica do ‘inimigo’ é o abandono duradouro do 
Direito e ausência da mínima segurança cognitiva em sua conduta, 
então seria plausível que o modo de o afrontar fosse com o emprego 14 
de meios de asseguramento cognitivo desprovidos de penas 
(SÁNCHEZ, 2002, pag.149). 
 
Para Gunther Jakobs, o Direito Penal pode atuar, em relação ao inimigo, antes 
mesmo deste ter cometido qualquer infração, bastando ser perigoso para a 
sociedade, adotando-se, assim, a antecipação da tutela penal e o chamado 
Direito Penal do autor (MORAES, 2008, pag. 258-260). 
 
Dessa forma, Jakobs afirma que o “Direito penal do cidadão, mantém a vigência 
da norma. O Direito penal do inimigo (em sentido amplo) combate perigos; com 
toda certeza existem múltiplas formas intermediárias.” (JAKOBS, 2007, p. 30). 
 
Para que se possa entender o Direito Penal do inimigo é necessário saber que 
independentemente de o inimigo ter cometido um crime ou não ele já será 
considerado inimigo pelo simples fato de oferecer alguma periculosidade para a 
sociedade. 
 
Dessa forma entende Prado: 
 
O Direito Penal do inimigo é um Direito Penal de exceção, feito regra. 
Trata-se de uma construção teórica fundamentada essencialmente na 
distinção entre cidadãos e não-cidadãos (ou inimigos) que, no âmbito 
dogmático, consiste na própria separação entre pessoas e não-pessoas, 
conduzindo à distinção entre dois pólos de regulação normativa penal, 
coexistentes no ordenamento jurídico:um dirigido ao cidadão e outro ao 
5 
 
 
 
 
inimigo. Desse modo, de um lado, o Direito Penal do cidadão define e 
sanciona delitos cometidos por pessoas de forma incidental, ou seja, 
delitos que representam um abuso nas relações sociais de que 
participam. Assim, o cidadão oferece a chamada "segurança cognitiva 
mínima", ou seja, a garantia de que se submetem ao preceito normativo 
e, por isso, são chamados a restaurar a sua vigência por meio da 
imposição sancionatória. Por essa razão, esses indivíduos continuam a 
ser considerados pessoas e, portanto, cidadãos aptos a fruir de direitos 
e garantias assegurados a todos que partilhem dessestatus. O Direito 
Penal do inimigo, de seu turno, dirige-se a indivíduos que, por seu 
comportamento, externam uma pretensão de ruptura ou destruição da 
ordem normativa vigente e, portanto, perdem o status de pessoa e 
cidadão, submetendo-se a um verdadeiro Direito Penal de exceção, 
cujas sanções têm por finalidade primordial não mais a restauração da 
vigência normativa, mas assegurar a própria existência da sociedade 
em face desses indivíduos. O Direito Penal do inimigo tem como uma 
de suas marcantes características o combate a perigos, por isso 
representa, em muitos casos, uma antecipação de punibilidade, na qual 
o "inimigo" é interceptado em um estado inicial, apenas pela 
periculosidade que pode ostentar em relação à sociedade. Para ele, não 
é mais o homem (= pessoa de ‘carne e osso’) o centro de todo o Direito, 
mas sim o sistema, puramente sócionormativo (PRADO,2009). 
 
A princípio vale ressaltar que o Direito Penal resolve apenas alguns casos 
específicos e não deve ser utilizado para resolver todos os problemas sociais, 
com políticas de autoritarismo e excesso de severidade em algumas leis, os 
problemas podem em tese intensificarem-se. 
 
O Direito Penal do inimigo é uma proposta jurídica onde o Estado confronta não 
apenas os seus cidadãos, mas também seus inimigos (aqueles que não se 
encontram em nosso sistema normativo), punindo-os severamente, ou em 
alguns casos, até antecipando a sua punição, restringindo totalmente sua 
liberdade de agir, advinda de sua presunção de inocência e tirando deles 
diversas garantias e direitos fundamentais. 
 
O Direito Penal do inimigo não está diretamente ligado ao crime praticado, mas 
sim a periculosidade deste “inimigo” e seu contato com o meio, sendo que assim 
6 
 
 
 
 
seu tratamento deve ser diferenciado, assim como sustenta Marcelo Xavier 
afirma que: 
 
[...] Jakobs estrutura sua teoria na opção do indivíduo de não se 
submeter ao sistema normativo, decidindo por uma ruptura com o 
contrato social de modo que, não se submetendo ao sistema, a este não 
pertence. A consequência é que as normas do sistema não se aplicam 
ao “dissidente”, aplicando-se outras. Aquele que não é fiel ao sistema, 
rejeitando-o por total, não é pessoa, pelo contrário, é uma “não pessoa”, 
ou seja, o conceito puramente normativo de dignidade humana leva a 
classificar pessoas e “não pessoas”. Estes representam um perigo aos 
demais, justificando-se o tratamento diferenciado a ele dispensado. 
(CRESPO, 2009) 
 
Para Jakobs, quem possui as características de um “inimigo” deve ser 
considerado uma “não pessoa” (um perigo social que deve ser neutralizado), 
devendo desta forma ser tratado como um verdadeiro inimigo do Estado, criando 
assim uma divisão dentro do Direito, diferenciando o Direito Penal do cidadão 
comum e o Direito Penal do inimigo. Essa divisão para muitos é inviável e do 
ponto de vista constitucional e normativo (ZAFFARONI, 2007, p.18). 
 
Encontra-se, portanto, a seguinte definição para inimigos: 
 
Quem seriam as ervas daninhas da sociedade atual? Ou em outras 
palavras quem seria, se for possível admiti-lo, o inimigo? Entendemos 
que seria aquele ao qual as chamadas legislações de emergência são 
destinadas indiretamente, que se tornaram mais visíveis após crimes de 
destruição maciça e indiscriminada ocorridos em 11.09.2001. Falamos 
em uma destinação indireta ou mediata à medida que compreendemos 
como destinatários diretos ou imediatos das referidas leis emergenciais 
à própria população (COSTA, 2012, p.05). 
 
Jakobs, causa uma sensação de que o Direito Penal do Inimigo é uma teoria 
injusta, pois divide a população, formando dois tipos penais de Direito Penal, 
causando uma grande polêmica com sua teoria. 
 
7 
 
 
 
 
Como mencionado acima, em 1985 houve poucas críticas a essa teoria e assim 
sendo discutido mais o aspecto dogmático entre o Direito Penal do inimigo e o 
Direito penal do cidadão, mas em outro momento, surgiram inúmeras críticas 
referentes à obscuridade de tal teoria. Apenas com as manifestações de 1999, 
as críticas começaram a surgir na Alemanha e em diversos países. 
 
Dessa forma, a evolução dessa teoria se dá pelo fato da diferenciação entre as 
pessoas, ou seja, as se inserem adequadamente na sociedade, as pessoas "de 
bem", que cumprem as leis vigentes, estão conscientes de seus deveres e 
obrigações dentro da sociedade, fazendo com que esta prospere e os inimigos, 
que são pessoas ou grupos que não cumprem as leis, que são perigosas e que 
por isso devem ter um tratamento diferenciado na sociedade, sendo eles 
classificados como verdadeiros inimigos do povo e da sociedade. 
 
Desta forma afirma Eugenio Raul Zaffaroni: 
 
[...] O sendo comum mais elementar indica que a limitação dos direitos 
de todos os cidadãos para conter o poder punitivo que se exerce sobre 
estes mesmos cidadãos não pode ser eficaz. A admissão resignada de 
um tratamento penal diferenciado para um grupo de autores ou 
criminosos graves não pode ser eficaz para conter o avanço do atual 
autoritarismo cool no mundo, entre outras razoes porque não será 
possível reduzir o tratamento diferenciado a um grupo de pessoas sem 
que se reduzam as garantias de todos os cidadãos diante do poder 
punitivo, dado que não sabemos ab initio quem são essas pessoas. O 
poder seletivo está sempre nas mãos de agências que o empregam 
segundo interesses conjunturais e o usam também com outros 
objetivos. [...] Consequentemente, o que está efetivamente em 
discussão é saber se os direitos dos cidadãos podem ser diminuídos 
para individualizar os inimigos, ou seja, passa-se a se discutir algo 17 
diferente da própria eficácia da proposta de contenção. [...] Caso se 
legitime essa ofensa aos direitos de todos os cidadãos, concede-se ao 
poder a faculdade de estabelecer até que ponto será necessário limitar 
os direitos para exercer um poder que está em suas próprias mãos. Se 
isso ocorrer, o Estado de direito terá sido abolido (ZAFFARONI, 2007, 
p. 191-192). 
 
8 
 
 
 
 
Os inimigos seriam, os personagens principais de certos tipos penais, certos 
crimes, que geram a insegurança pública, podendo levar uma sociedade ao 
caos. Seriam então os crimes contra a ordem econômica, os crimes sexuais, os 
traficantes, os homicidas, os terroristas e participantes do crime organizado 
(MACHADO, 2009, p.112). 
 
Dessa forma, é possível enxergar que não são levados em consideração os 
motivos nem as circunstâncias de tais crimes, e tão somente o seu perigo em 
abstrato, analisando genericamente cada crime. Trata-se de um tratamento 
desigual e desumano. 
 
insta salientar que para ser autor de qualquer um dos crimes acima citados, o 
sujeito deve ter efetivamente praticado, como preceitua o art. 4º do Código Penal 
brasileiro, “considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, 
ainda que outro seja o momento do resultado”. 
 
De acordo com a Teoria do Direito Penal do inimigo, para evitar o dano futuro, 
seria preciso utilizar-se da prevenção, sendo que se deve caracterizar 
previamente os possíveis Inimigos, e assim os “excluir” da sociedade 
(NEUMANN, 2007, p. 159-1161). 
 
Por esse motivo ele acredita que os inimigos sejam tratados de forma 
diferenciada,assim como sustenta Luís Flavio Gomes: 
 
Como devem ser tratados os inimigos? o indivíduo que não admite 
ingressar no estado de cidadania, não pode participar dos benefícios do 
conceito de pessoa. O inimigo, por conseguinte, não é um sujeito 
processual, logo, não pode contar com direitos processuais, como por 
exemplo o de se comunicar com seu advogado constituído. Cabe ao 
Estado não reconhecer seus direitos, ‘ainda que de modo juridicamente 
ordenado. Contra ele não se justifica um procedimento penal (legal), 
sim, um procedimento de guerra. Quem não oferece segurança 
cognitiva suficiente de um comportamento pessoal, não só não deve 
esperar ser tratado como pessoa, senão que o Estado não deve tratá-lo 
9 
 
 
 
 
como pessoa (pois do contrário vulneraria o direito à segurança das 
demais pessoas) (GOMES, 2004, p. 02). 
 
Ao analisar esse pensamento podemos enxergar que o mesmo vai contra o 
princípio constitucional da presunção de inocência que através de norma 
constitucional, segundo o ordenamento brasileiro preceitua no inciso LVII do 
artigo 5º que: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória". 
 
Também vai contra o principio in dubio pro reo, que se encontra implícito no 
artigo 386 inciso II do Código de Processo Penal: “O juiz absolverá o réu, 
mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: VII – não 
existir prova suficiente para a condenação.” 
 
Jakobs defende pela prevenção do crime através da antecipação da 
punibilidade, e o aumento de penas e sua aplicação mais severa, a eliminação 
de diversas garantias constitucionais e processuais do Inimigo como forma de 
neutralizá-lo e assim garantir a paz social. (MORAES, 2008, p.196) 
 
O que se diferencia de um cidadão e um inimigo não é somente o fato de ele ter 
cometido o crime, mas também seu comportamento social, ou seja, o inimigo é 
aquele que de alguma forma se distancia, por algum motivo, das normas 
jurídicas. 
Jakobs e Meliá fazem referência a Rousseau, Hobbes e Fichte para 
afirmar que ‘o status de cidadão, não necessariamente, é algo que se 
possa perder’, dando especial destaque aos chamados ‘crimes de alta 
traição’, nos quais o indivíduo se volta contra o Estado e o obriga. Nesta 
senda concluem: ‘Um indivíduo que não admite ser obrigado a entrar em 
um estado de cidadania não pode participar dos benefícios do conceito 
de pessoa’ (CABETE, apud JAKOBS e MELIÁ, 2013, p.60). 
 
Afirma Jakobs que “o Estado moderno vê no autor de um fato normal, não um 
inimigo que deve ser destruído, mas um cidadão, uma pessoa que mediante sua 
conduta infringiu a vigência da norma e que por isso é chamada a equilibrar o 
dano à vigência da norma.” (JAKOBS, 2003, p.35). 
10 
 
 
 
 
 
Segundo essa teoria o cidadão comum pode ser autor de ilícitos penais, mas, 
diferente do inimigo, o cidadão teria consciência do ato ilícito que cometeu, e 
sendo assim, repararia seu dano e se retrataria, e dessa forma voltaria a agir de 
acordo com as normas jurídicas, mantendo a sociedade "equilibrada", 
 
De acordo com o jurista Luiz Flávio Gomes, as características do Direito Penal 
do inimigo são: 
(a) o inimigo não pode ser punido com pena, sim, com medida de 
segurança; (b) não deve ser punido de acordo com sua culpabilidade, 
senão consoante sua periculosidade; (c) as medidas contra o inimigo 
não olham prioritariamente o passado (o que ele fez), sim, o futuro (o 
que ele representa de perigo futuro); (d) não é um Direito penal 
retrospectivo, sim, prospectivo; (e) o inimigo não é um sujeito de direito, 
sim, objeto de coação; (f) o cidadão, mesmo depois de delinqüir, 
continua com o status de pessoa; já o inimigo perde esse status 
(importante só sua periculosidade); (g) o Direito penal do cidadão 
mantém a vigência da norma; o Direito penal do inimigo combate 
preponderantemente perigos; (h) o Direito penal do inimigo deve 
adiantar o âmbito de proteção da norma (antecipação da tutela penal), 
para alcançar os atos preparatórios; (i) mesmo que a pena seja intensa 
(e desproporcional), ainda assim, justifica-se a antecipação da proteção 
penal; (j) quanto ao cidadão (autor de um homicídio ocasional), espera-
se que ele exteriorize um fato para que incida a reação (que vem 
confirmar a vigência da norma); em relação ao inimigo (terrorista, por 
exemplo), deve ser interceptado prontamente, no estágio prévio, em 
razão de sua periculosidade (GOMES,2004). 
 
Paulo Queiroz sustenta quais são as diferenças entre cidadão e inimigo: 
 
a) o inimigo não é pessoa, mas inimigo (não pessoa), logo a relação que 
com ele se estabelece não é de direito, mas de coação, de guerra; b) o 
direito penal do cidadão tem por finalidade manter a vigência da norma; 
o direito penal do inimigo, o combate de perigos; c) o direito penal do 
cidadão reage por meio de penas; o direito penal do inimigo por meio de 
medidas de segurança; d) o direito penal do cidadão trabalha com um 
direito penal do fato; o direito penal do inimigo, com um direito penal do 
autor; e) por isso, o direito penal do cidadão pune fatos criminosos; o 
11 
 
 
 
 
direito penal do inimigo, a periculosidade do agente; f) o direito penal do 
cidadão é essencialmenterepressivo, o direito penal do inimigo, 
essencialmente preventivo; g) por essa razão, o direito penal do cidadão 
deve se ocupar, como regra, de condutas consumadas ou tentadas 
(direito penal do dano), ao passo que o direito penal do inimigo deve 
antecipar a tutela penal, para punir atos preparatórios (direito penal do 
perigo); h) o direito penal do cidadão é um direito de garantias; o direito 
penal do inimigo, um direito antigarantista (QUEIROZ, 2005, P.45). 
 
O que Jakobs espera com sua teoria é “manter a ordem”, ou seja, punir os 
inimigos até mesmo antes de eles terem cometido o fato delituoso, punindo de 
maneira repressiva, opressiva e severa. E desta forma dividir a sociedade em 
cidadãos comuns e 20 inimigos, sendo esta segunda categoria recriminada 
apenas por seu perigo abstrato e não por seu perigo concreto ou pelo crime 
praticado. 
 
1.2 Finalidade do Direito Penal do inimigo 
 
Segundo Luiz Flavio Gomes, as principais características do Direito Penal do 
inimigo para Jakobs são: 
 
(a) flexibilização do princípio da legalidade (descrição vaga dos crimes 
e das penas); (b) inobservância de princípios básicos como o da 
ofensividade, da exteriorização do fato, da imputação objetiva etc.; (c) 
aumento desproporcional de penas; (d) criação artificial de novos delitos 
(delitos sem bens jurídicos definidos); (e) endurecimento sem causa da 
execução penal; (f) exagerada antecipação da tutela penal; (g) corte de 
direitos e garantias processuais fundamentais; (h) concessão de 
prêmios ao inimigo que se mostra fiel ao Direito (delação premiada, 
colaboração premiada etc.); (i) flexibilização da prisão em flagrante 
(ação controlada); (j) infiltração de agentes policiais; (l) uso e abuso de 
medidas preventivas ou cautelares (interceptação telefônica sem justa 
causa, quebra de sigilos não fundamentados ou contra a lei); (m) 
medidas penais dirigidas contra quem exerce atividade lícita (bancos, 
advogados, joalheiros, leiloeiros etc.) (GOMES,2004). 
 
12 
 
 
 
 
Desta forma sua intenção seria que o Direito Penal fosse dividido em dois, o 
Direito Penal do cidadão e o Direito Penal do inimigo, tendo que haver dois 
ordenamentos distintos, sendo um mais severo que o outro. 
 
De acordo com a tese de Jakobs, o Estado pode proceder de dois 
modos contra os delinquentes: pode vê-los como pessoas que 
delinquem ou como indivíduos que apresentam perigo para o próprio 
Estado. Dois, portanto, seriam os Direitos penais: um é o do cidadão, 
que deve ser respeitado e contar com todas as garantias penais e 
processuais; para ele vale na integralidade o devido processo legal; o 
outro é o Direito penal do inimigo.Este deve ser tratado como fonte de 
perigo e, portanto, como meio para intimidar outras pessoas. O Direito 
penal do cidadão é um Direito penal de todos; o Direito penal do inimigo 
é contra aqueles que atentam permanentemente contra o Estado: é 
coação física, até chegar à guerra. Cidadão é quem, mesmo depois do 
crime, oferece garantias de que se conduzirá como pessoa 21 que atua 
com fidelidade ao Direito. Inimigo é quem não oferece essa garantia 
(GOMES, 2004). 
 
No primeiro caso, o cidadão continuaria a ter o status de cidadão e, uma vez que 
infringisse a lei, ainda teria o direito ao julgamento dentro do ordenamento 
jurídico estabelecido e voltaria a ajustar-se à sociedade, ou seja, teria uma 
oportunidade de se restabelecer a validade dessa norma de maneira coercitiva. 
Nesse caso, o Estado não observa o sujeito como inimigo, e assim como autos 
de um delito habitual, ainda que cometendo um ato ilícito perante a sociedade 
ainda sim teria seu papel de cidadão dentro do direito. 
 
No segundo caso, seria chamado de inimigo do Estado e seria adversário, 
representante do mal, cabendo a estes um tratamento rígido e diferenciado, ou 
seja, seria autor de atos ilícitos, como delitos sexuais, ou pela ocupação 
profissional, assim como criminalidade econômica, tráfico de drogas, bem como 
a participação de uma organização criminosa, como por exemplo, terrorismo. 
Nesse caso, o sujeito se separou do direito, não produzindo uma garantia 
cognitiva primordial para que ocorra o tratamento como se fosse uma pessoa, e, 
portanto, deve ser tratado como inimigo, sendo assim, perderia o direito às 
garantias legais, não sendo capazes de se adaptar às regras da sociedade, 
13 
 
 
 
 
devem ser afastados, ficando sob tutela do Estado, perdendo o status de 
cidadão. 
 
Yuri Frederico Dutra, sustenta de tal forma: 
 
Para Jakobs a primordial função do direito penal seria a proteção da 
norma e, portanto, da sociedade, e só indiretamente a proteção de bens 
jurídicos. Explica o doutrinador alemão que não é possível obter a 
pacificação social através do direito penal tradicional, sendo 
indispensável o direito penal da exceção, que se obstina em 
restabelecer e proteger a norma jurídica. Ainda, continua explanando 
que não denomina o criminoso como pessoa, posto que os 
transgressores justifiquem sofrer maior rigor na punição eee execução 
da pena como forma de mantê-los fora da sociedade sem ter vistas á 
ressocialização ou reinserção social (LEITE apud DUTRA, 2013). 
 
No mesmo sentido: 
 
Em linhas gerais, pode-se afirmar que o direito penal do inimigo, 
desconsiderando-se as contrariedades internas da teoria é uma 
proposta voltada a impedir a destruição do ordenamento jurídico 
(concepção funcionalista) e, consequentemente, da sociedade. É uma 
teoria concebida como resposta à criminalidade que, em razão do seu 
teor ofensivo, põe em risco as estruturas sociais (MORAES, 2008, p. 22 
09) 
 
A intenção de Jakobs é separar os inimigos dos cidadãos, e desta forma 
conseguir manter a ordem, ou seja, dar a sociedade a garantia de que “as fontes 
do perigo” (os inimigos) estarão sob domínio e cuidado do Estado, dando desta 
forma, uma “tranquilidade” aos cidadãos. 
 
1.3 Negativismo da Teoria do Direito Penal do Inimigo. 
 
A teoria do Direito penal do Inimigo tem muito críticos, tanto por parte dos 
estudiosos de direito, filosofia, sociologia etc., como também por parte de 
14 
 
 
 
 
pessoas leigas. Até porque, afirmar que o Estado não possui o dever de respeitar 
os seres humanos é um choque para qualquer cidadão. 
 
Afastando qualquer dúvida que possa existir, é preciso dizer que, num 
Estado em que se protejam os direitos fundamentais, a tese da 
existência de um direito penal para punir o inimigo, ao lado de um direito 
penal para punir o cidadão, é completamente absurda. Não se pode de 
maneira alguma concordar com um direito que apenas negue direitos, 
isso é concordar com o totalitarismo, é abolir o controle social, mesmo 
que falho, e instituir a opressão, em que serão inimigos todos aqueles 
que quiserem os donos do poder (SIQUEIRA, 2010, p. 06). 
 
Em vários textos existe comparação dessa teoria com o nazismo, fascismo ou 
comunismo, pois foram as épocas em que a dignidade da pessoa humana em 
nada foi respeitada. 
 
Afinal, o direito penal do inimigo é, já por definição, aquele que se pune 
sem reconhecer o limite de que o homem é um fim em si mesmo, mas 
sim atendendo unicamente às necessidades de prevenção de novos 
delitos de parte daquele que é considerado perigoso. A afirmativa de 
Jakobs, de que ainda assim não é possível fazer com o inimigo o que 
se bem quiser, pois ele seria dotado de ‘personalidade potencial’, de 
modo que não seria permitido ultrapassar a medida do necessário, não 
é uma solução, mas justamente o problema. Afinal, quem é tratado 
apenas segundo considerações de utilidade e necessidade não é uma 
pessoa, e sim uma coisa. Aqui seria tão impossível falar em limites 
morais absolutos quanto o é no trato com quaisquer objetos do direito 
das coisas, entre os quais o autor foi claramente jogado (GRECO, 2005, 
p. 100) 
 
Nesse trecho acima citado, é possível ver o pavor que se tem ao tentar entender 
de fato, como funcionaria, caso esta teoria fosse aplicada na prática. Não se é 
possível identificar se seria uma prevenção geral negativa ou uma intimidação 
por parte do Estado, porém, qualquer uma dessas seria intolerante e nada 
humanitária. 
 
15 
 
 
 
 
Afinal, a palavra inimigo é tão carregada valorativamente, que parece 
muito difícil empregá-la apenas para descrever. A mera utilização da 
palavra já parece criar automaticamente divisões e polarizações, que 
começam a envolver até mesmo aquele que supostamente descreve em 
sua irresistível dinâmica. De modo quase que natural, vê-se aquele que 
acaba de utilizá-la forçado ou a legitimar a atribuição da qualidade de 
inimigo, ou a denunciá-la criticamente. Por isso não podemos estar 
surpresos como o fato de que Jakobs, apesar de repetir que está apenas 
descrevendo, na verdade, seja entendido por quase todos como alguém 
que esteja já legitimando. (GRECO, 2005, p. 103). 
 
Mesmo que a palavra "inimigo" seja muito utilizada por nós, até mesmo no 
cotidiano, nesse caso em questão é diferente, seja por se tratar do direito penal, 
no qual somos diretamente interessados, ou até mesmo no que diz respeito a 
dignidade da vida humana. 
 
Os crimes e as penas não são fenômenos que não podemos observar de longe, 
pois nos interessa diretamente como cidadãos, já que ninguém quer ser vítima 
de crime, ser injustamente acusado de um, ou até mesmo, quando o pratica não 
quer ser acusado de forma mais grave apenas pelo seu papel na sociedade. 
 
Desta forma nota-se que Jakobs não consegue se colocar no lugar do inimigo, 
mas tão somente no lugar da vítima, isso fica nítido em seu livro quando ele 
afirma: 
 
Quem por princípio se conduz de modo desviado, não oferece garantia 
de um comportamento pessoal. Por isso, não pode ser tratado como 
cidadão, mas deve ser combatido como inimigo. Esta guerra tem lugar 
com um legítimo direito dos cidadãos, em seu direito à segurança; mas 
diferentemente da pena, não é Direito também a respeito daquele que é 
apenado; ao contrário, o inimigo é excluído (JAKOBS, 2007, p. 49). 
 
Devemos analisar que quem vê o criminoso como inimigo não o reconhece como 
pessoa, mas se coliga ao autoritarismo e se torna seu orador. 
 
16 
 
 
 
 
Em uma crítica ao Direito Penal do inimigo, Saulo Henrique Silva Caldas afirma 
o seguinte: 
Mas, mutatis mutandis, se ‘bandido bom é bandido morto’, e se ‘direitos 
humanos é para humanos direitos’, o que dirão os justiceiros sociais que 
deflagram essa frase nos fóruns, nas esquinas, nos sites de 
relacionamento, com relação àqueles ‘bandidos’ como: 1) Robin Hood 
—que roubava dos ricos opressores,desafiava as autoridades 
constituídas, e dava para os pobres marginalizados? 2) Troy Anthony 
Davis —um negro acusado de assassinar um policial ‘branco’, no Texas, 
e que apesar de “sérias dúvidas” sobre a procedência das acusações foi 
condenado à morte e executado em novembro de 2011, após densa luta 
internacional contra a aplicação dessa pena irreversível? 
Possivelmente, foi vítima de um sistema judicial corrompido por 
questões raciais e étnicas; 3) Joana d'Arc —marginalizada e condenada 
à morte na fogueira, na época dos grandes suplícios públicos, ela foi 
acusada de heresia e assassinato, além de sequer ter direito de ir se 
defender durante dez sessões de julgamento. Além disso, foi presa em 
uma cela escura e vigiada severamente por vários soldados. Séculos 
mais tarde, a história lhe fez justiça, mas Joanna era, em seus dias, 
‘bandida boa, bandida morta’, sem ‘direitos humanos’ porque ‘não era 
uma humana direita’ aos olhos de seus algozes. 4) Jesus Cristo e o 
apóstolo Paulo —sem mais delongas, foram considerados promotores 
de sedições perante o Império Romano. Em seus dias, experimentaram 
açoites e prisões severas, torturas delirantes, e a pecha de ‘bandido 
bom, bandido morto’, sem direitos humanos porque não foram 
considerados pela sociedade de sua época, e nem pelas autoridades, 
como ‘humanos direitos’. Séculos depois, a história lhes fez justiça. 5) 
Os Judeus na Alemanha —foram considerados ‘bandidos’ pela doutrina 
nacional socialista, que lançou as bases do ‘Direito Penal do Inimigo’, 
fomentando no coração da sociedade alemã que toda miséria, tragédia 
social, violência, desemprego etc advinha da má influência dos judeus 
no Estado Alemão. Logo após, baixaram-se leis (‘Leis de Nuremberg’, 
1935 d.C) considerando que ‘judeus’ não eram ‘cidadãos’ e não podiam 
receber atendimento médico em hospitais públicos. Portanto, não 
tinham ‘direitos humanos’, pois não eram considerados ‘humanos’ pela 
gente daquele Estado (CALDAS, 2012). 
 
17 
 
 
 
 
As críticas ao Direito Penal do inimigo são incontáveis, já que são totalmente em 
desfavor a uma grande parte de princípios constitucionais que foram 
conquistados ao passar dos tempos, com muitas lutas. 
 
Luís Greco tem à seguinte conclusão a respeito do Direito Penal do inimigo: 
 
Com isso chegamos ao resultado de que o conceito de direito penal do 
inimigo não pode pretender um lugar na ciência do direito penal. Então 
não serve nem para justificar um determinado dispositivo, nem para 
descrevê-lo, nem para criticá-lo. Como conceito legitimadorafirmativo, 
ele é nocivo; como conceito descritivo, inimaginável; como conceito 
crítico, na melhor das hipóteses desnecessário (GRECO, 2005, p. 112). 
 
Desta forma vemos clara a posição dos estudiosos a respeito desta teoria, que 
podemos considerar desumana e autoritária. 
 
2 O DIREITO PENAL DO INIMIGO E O REGIME DISCIPLINAR 
DIFERENCIADO 
 
Será analisado um tipo de sanção disciplinar do ordenamento jurídico brasileiro, 
conhecido como Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), e a sua relação com a 
teoria do Direito Penal do Inimigo. 
Primeiramente, é importante ressaltar que o Regime Disciplinar Diferenciado é 
sanção de disciplina carcerária especial e não um regime de cumprimento de 
pena. Traçando um perfil desse regime, o penalista Mirabete afirma: 
Um regime de disciplina carcerária especial, caracterizado por maior 
grau de isolamento do preso e de restrições ao contato com o mundo 
exterior, a ser aplicado como sanção disciplinar ou como medida de 
18 
 
 
 
 
caráter cautelar, tanto ao condenado como ao preso provisória, nas 
hipóteses previstas em lei (MIRABETE, 2004, p.19). 
 
Esse regime é um tanto quanto polêmico que até mesmo o desembargador 
Borges Pereira (TJ-SP), julgou, de forma incidental, pela inconstitucionalidade 
do RDD. Em sua decisão, o excelentíssimo argumentou o seguinte: 
 
1. Ao contrário do que argumenta o lúcido parecer do d. representante 
da Procuradoria Geral de Justiça, a ordem deve ser conhecida. Com 
efeito, toda afronta aos Direitos Individuais dos cidadãos brasileiros, 38 
independentemente de raça, credo, condição financeira etc., desde que 
cause constrangimento ilegal, é, e sempre deverá ser passível de 
habeas corpus. E de se observar, inclusive, que a impetrante questiona 
não só a ilegalidade RDD, como também pleiteia a transferência do 
detento para outro presídio da rede Estatal. 2. No que pertine ao mérito 
do pedido, razão assiste à impetrante. (...) (...) Trata-se, no entanto, de 
medida inconstitucional, como se sustenta a seguir: O chamado RDD 
(Regime disciplinar diferenciado), é uma aberração jurídica que 
demonstra à saciedade como o legislador ordinário, no afã de tentar 
equacionar o problema do crime organizado, deixou de contemplar os 
mais simples princípios constitucionais em vigor. (...) (...) Pelo exposto, 
concederam a ordem com o fim de determinar a imediata remoção do 
paciente do "regime disciplinar diferenciado", com Recomendação 
(PEREIRA, 2006, p.10). 
 
O referido julgador mencionou, no teor de sua decisão, à avaliação do 
Desembargador Marco Nahum a respeito da temática: 
 
A questão já foi abordada por está V Colenda Câmara Criminal do 
Tribunal de Justiça de São Paulo: Na ocasião, como muito bem 
asseverou o e. des. Marco Nahum no Habeas Corpus no 893.915-315-
00 - São Paulo (v.u.), "o referido 'regime disciplinar diferenciado' 
determina que o preso seja recolhido em cela individual, com saídas 
diárias de 2 horas para banho de sol, o que significa dizer que a pessoa 
fica isolada por 22 horas ao dia. Sua duração é de um ano, sem prejuízo 
de que nova sanção seja aplicada em virtude de outra falta grave, 
podendo o prazo de isolamento se estender até 1/6 da pena. Ainda é 
proibido ao preso que ouça, veja, ou leia qualquer meio de comunicação, 
o que significa dizer que não recebe jornais, ou revistas, assim como não 
assiste televisão, e não ouve rádio. Independentemente de se tratar de 
uma política criminológica voltada apenas para o castigo, e que 
abandona os conceitos de ressocialização ou correção do detento, para 
adotar 'medidas estigmatizantes e inocuizadoras' próprias do 'Direito 
19 
 
 
 
 
Penal do inimigo', o referido 'regime disciplinar diferenciado' ofende 
inúmeros preceitos constitucionais (PEREIRA, 2006, p.12). 
 
Assim sendo, o Tribunal manifestou-se pela ilegitimidade do RDD, devido a sua 
adoção de práticas semelhantes às do Direito Penal do Inimigo, que 
desrespeitam a Constituição brasileira de 1988. 
Ratificando o já exposto, é nítido que a lei que instituiu o RDD é uma afronta a 
Constituição Federal de 88 e o autor Rômulo de Andrade Moreira reafirma esse 
fato, criticando e fazendo os apontamentos necessários: 
Cotejando-se, portanto, o texto legal e a Constituição Federal, 
concluímos com absoluta tranqüilidade ser tais dispositivos 
flagrantemente inconstitucionais, pois no Brasil não poderão ser 
instituidas penas cruéis (art. 50, XLVII. "e", CF/88), assegurando-se aos 
presos (sem qualquer distinção, frise-se) o respeito à integridade fisica e 
moral (art. 5°., XLIX) e garantindo-se, ainda, que ninguém será 
submetido a tratamento desumano ou degradante (art. 5°, III). 39 Será 
que manter um homem solitariamente em uma cela durante 360 ou 720 
dias, ou mesmo por até um sexto da pena (não esqueçamos que temos 
crimes com pena máxima de até 30 anos), coaduna-se com aqueles 
dispositivos constitucionais? Ora, se o nosso atual sistema carcerário 
absolutamente degradante tal como hoje está concebido, já não permite 
a ressocialização do condenado, imagine-se o submetendo a estas 
condições (MOREIRA, 2004, p.28). 
O RDD viola o princípio constitucional da Humanidade. Esse princípio que tem 
por objetivo a proscrição das penas cruéis e de qualquer pena que desconsidere 
o home como pessoa. A declaração Universal dos direitos humanos(atigo 5º, 
parágrafo 2º) afirma que nenhuma pessoa deve ser submetida a torturas nem a 
penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Segundo Zaffaroni 
aduz o seguinte: 
Há um princípio geral de racionalidade que deriva da Constituição ou do 
princípio republicano, que exige certa vinculação equitativa entre o delito 
e sua consequência jurídica, mas este princípio vincula-se intimamente 
também como princípio de humanidade, que se deduz da proscrição da 
pena de morte, perpétua, de banimento, trabalhos forçados e penas 
cruéis (art. 50, XLVII CF). (...) A essa consequência contribui também o 
princípio da soberania popular, posto que pressupõe, necessariamente, 
20 
 
 
 
 
que cada homem é um ser dotado de autonomia ética pelo mero fato de 
ser homem, ou seja, que por esta circunstancia é capaz de escolher 
entre o bem e o mal e decidir a respeito. (ZAFFARONI e PIERANGELI, 
2004, p.172). 
Logo, é visível que o Princípio da Humanidade assevera que, atualmente, a pena 
deve ter um caráter mais social, almejando que o punido seja ressocializado, 
visto que a pena já não possui mais o cunho de castigo e de martírio. 
2.1 Principais julgados sobre o Regime Disciplinar Diferenciado 
Constitucionalidade do RDD: 
TRF-1 - AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL AGEPN 
86166120134014100 RO 0008616-61.2013.4.01.4100 (TRF-1) Data de 
publicação: 17/01/2014 Ementa: PENAL. PROCESSUAL PENAL. 
AGRAVO EM EXECUÇÃO. INCLUSÃO EM REGIME DISCIPLINAR 
DIFERENCIADO - RDD. ART. 52 DA LEI 7.210 /1984 (EXECUÇÕES 
PENAIS). INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTADA. ALTO RISCO. 1. 
O Superior Tribunal de Justiça já decidiu pela constitucionalidade do art. 
52 da Lei 7.210 /1984, com redação dada pela Lei 10.792/2003, que 
prevê o Regime Disciplinar Diferenciado - RDD. Precedentes do STJ. 3. 
O RDD é medida extrema, destinada exatamente aos presos de elevado 
potencial de criminalidade. 4. A medida não é um processo judicial à 
parte, mas tem natureza cautelar e, por isso, prescinde da existência de 
provas robustas. 5. Na hipótese, a decisão obedeceu ao determinado 
pelo art. 59 da Lei 7.210 /1984 e na alta periculosidade do agravante, o 
qual, mesmo em ambiente carcerário de segurança máxima, comete 
indisciplinas e ameaça de morte Agente Penitenciário, trazendo o risco 
para o estabelecimento penal, o meio social, a segurança e a ordem 
pública. 6. Agravo em execução a que se nega provimento. 
Competência para inclusão do preso no RDD: 
TRF-3 - REEXAME NECESSÁRIO CRIMINAL REENEC 7972 MS 
0007972- 58.2011.4.03.6000 (TRF-3) Data de publicação: 22/10/2013 
Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. REEXAME NECESSÁRIO 
EM HABEAS CORPUS. INCLUSÃO NO RDD - REGIME DISCIPLINAR 
DIFERENCIADO. DETERMINAÇÃO DO JUÍZO DE DIREITO NÃO 
RATIFICADA PELO JUÍZO FEDERAL. REEXAME DESPROVIDO. 1. 
Reexame necessário de decisão proferida pelo Juízo da 5ª Vara Federal 
de Campo Grande/MS que concedeu ordem, em habeas corpus 
21 
 
 
 
 
impetrado contra ato do Diretor do Presídio Federal de Campo 
Grande/MS, que determinou a inclusão do paciente no regime disciplinar 
diferenciado. 2. O Diretor do Departamento Estadual de Administração 
Penal do Estado de Santa Catarina havia requerido a inclusão do 
paciente no RDD, ao argumento que ele estaria envolvido com a facção 
criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense), o que foi deferido pelo 
Juízo de Direito da Comarca de Criciúma/SC. 3. Após a inclusão do 
paciente no presídio federal, o Juiz Federal Corregedor da Penitenciária 
Federal de Campo Grande passou a ser o competente para analisar a 
execução da pena, nos termos do artigo 4º, § 2º da Lei nº 11.671 /2008. 
E a inclusão do preso no RDD depende de despacho do juiz 
competente, nos termos do artigo 60 da Lei de Execuções Penais, na 
redação dada pela Lei nº 10.792 /2003. 4. O Juízo Federal havia 
determinado apenas a inclusão provisória do paciente no sistema 
penitenciário federal, mas não no regime disciplinar diferenciado. 5. Não 
tendo o Juízo Federal expressamente determinado a inclusão do 
paciente no RDD, não poderia tê-lo feito o Diretor da Penitenciária 
Federal, com base em anterior determinação do Juízo Estadual. 6. 
Reexame necessário desprovido. 
Requisito para a aplicação do RDD: oferecer alto risco para a ordem e a 
segurança do estabelecimento penal. 
TRF-1 - AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL AGEPN 
67277220134014100 (TRF-1) Data de publicação: 25/07/2014 Ementa: 
PENAL. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. 
INCLUSÃO DE PRESO EM REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO - 
RDD. ART. 52, §§ 1º E 2º, DA LEI 7.210 /1984 (EXECUÇÕES PENAIS). 
PARTICIPAÇÃO EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. DECISÃO 
FUNDAMENTADA. GARANTIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA 
ESTABILIDADE DA ORDEM PENITENCIÁRIA. 1. O Superior Tribunal 
de Justiça decidiu pela constitucionalidade do art. 52 da Lei 7.210 /1984, 
com redação dada pela Lei 10.792 /2003, que prevê o Regime Disciplinar 
Diferenciado - RDD. Precedentes do STJ e deste Tribunal. 2. Decisão 
agravada em conformidade com os preceitos dos §§ 1º e 2º do art. 52 
da Lei 7.210 /1984 e fundamentada no expediente produzido pela Área 
de Inteligência da Penitenciária Federal em Porto Velho, capitaneado 
pela InformaçãoAIPFPV, Relatórios de Áudio Vigilância e Relatório de 
Inteligência. O agravante é preso de alta periculosidade que, mesmo em 
ambiente carcerário de segurança máxima, demonstra propensão à 
reiteração delituosa, pois integrante de organização criminosa. Exerce 
22 
 
 
 
 
influência negativa sobre a massa carcerária para que os comandos 
proferidos pelos agentes penitenciários federais não sejam objeto de 
cumprimento. 3. Agravo em execução penal não provido. 
Característica do RDD: a instituição desse regime não é um processo judicial à 
parte, porém tem caráter cautelar. 
TRF-1 - AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL AGEPN 819 RO 0000819- 
34.2013.4.01.4100 (TRF-1) Data de publicação: 14/06/2013 Ementa: 
PENAL. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO. 
INCLUSÃO EM REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO - RDD. ART. 
52, §§ 1º E 2º, DA LEI 7.210 /1984 (EXECUÇÕES PENAIS). NULIDADE 
ABSOLUTA. AFASTADA. DEVIDO PROCESSO LEGAL RESPEITADO. 
PARTICIPAÇÃO ATUAL EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. ALTO 
RISCO. 1. Não cabe alegar nulidade absoluta da decisão, em razão de 
não ter sido precedida de processo administrativo disciplinar, quando 
seu fundamento não diz respeito à disciplina do preso, mas à sua 
participação em organização criminosa e no risco que apresenta à 
segurança da coletividade. 2. Considera-se que o devido processo foi 
cumprido na hipótese em que, prolatada a cautelar, com contraditório 
diferido, em razão do caráter emergencial da medida, o preso apresenta 
sua defesa antes da decisão de mérito. 3. O RDD é medida extrema, 
destinada exatamente aos presos de elevado potencial de criminalidade 
que, mesmo recolhidos em estabelecimentos prisionais, continuam a 
participar de organizações criminosas, com poder de decisão. 4. A 
medida não é um processo judicial à parte, mas tem natureza cautelar 
e, por isso, prescinde da existência de provas robustas 5. Na hipótese, 
a decisão obedeceu ao que determinam os §§ 1º e 2º do art. 59 da Lei 
7.210 /1984 e fundamentou-se na atualidade da participação do preso 
em organização criminosa, alto risco para o estabelecimento penal, o 
meio social, a segurança e a ordem pública. 6. Agravo em execução a 
que se nega provimento. 
 
A aplicação do RDD tem que respeitar o princípio constitucional do Devido 
Processo Legal: 
STJ - HABEAS CORPUS HC 89935 BA 2007/0208711-7 (STJ) Data de 
publicação: 26/05/2008 Ementa: EXECUÇÃO PENAL. HABEAS 
CORPUS. 1. REGIME DISCIPLINARDIFERENCIADO (RDD). 
INOCORRÊNCIA DE QUALQUER DAS HIPÓTESES LEGAIS. 
23 
 
 
 
 
IMPOSIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 2. DECISÃO DO JUIZ DAS 
EXECUÇÕES EM PROCESSO JUDICIAL. NECESSIDADE. 3. FALTA 
DE MANIFESTAÇÃO DA DEFESA. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. 4. 
LIMITE TEMPORAL MÁXIMO DE 1 ANO. IMPOSIÇÃO SEM 
MOTIVAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.INDIVIDUALIZAÇÃO DA SANÇÃO. 
NECESSIDADE. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. 5. ORDEM 
CONCEDIDA. 1. Incabível a inclusão de preso em RDD se inocorrente 
no caso qualquer das hipóteses legais, previstas no artigo 52 da Lei de 
Execuções Penais. 2. O Regime Disciplinar Diferenciado é sanção 
disciplinar que depende de decisão fundamentada do juiz das execuções 
criminais e determinada no curso do processo de execução penal. 3. A 
decisão judicial sobre a inclusão do preso em regime disciplinar será 
precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa, o que não 
foi propiciado no presente caso. 4. Desproporcional a imposição do 
regime disciplinar diferenciado no seu prazo máximo de duração, de um 
ano, sem uma individualização da sanção adequadamente motivada 
(Inteligência do artigo 57 da Lei de Execução Penal ). 5. Ordem 
concedida para determinar a transferência do paciente do regime 
disciplinar diferenciado, retornando para o Conjunto Penal de Feira de 
Santana, onde se encontrava. Efeitos estendidos aos demais presos na 
mesma situação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
4 CONCLUSÃO 
 
Após o sucinto estudo sobre as informações de definem o chamado direito penal 
do inimigo, conclui-se que este, na forma em que foi apresentado no trabalho, 
conforme o pensamento de Jakobs, apresenta uma grande contrariedade aos 
desígnios do direito penal, em espécie ao modelo aplicável em um estado 
Democrático de Direito, que seria o estado ideal do direito. 
 
Quando se fala em uma valoração do Direito Penal do Inimigo como parte do 
ordenamento jurídico penal, é valido a verificação de sua aceitabilidade ou não 
como parte inevitável do direito penal moderno. 
 
A aplicação da teoria do inimigo seria cabível para que houvesse a redução da 
criminalidade, porém a tal aplicação em um país como o Brasil, que em muitas 
das vezes os atos praticados dependendo da classe de pessoas, se tornam 
impunes, não é o mesmo que acontece com os pobres, que até mesmo um furto 
irrisório com finalidade de se alimentar se torna um crime de grande valoração, 
é onde isso não deveria vigorar. 
 
O Brasil é um país falho, por diversas vezes punem inocentes, e por esse motivo 
retira suas garantias e os verdadeiros criminosos ficam impunes cometendo 
outros crimes. 
Por esse motivo, o direito penal do inimigo não deve ser aplicado em nosso 
sistema brasileiro, ao invés disso, deve ser deve ser oferecido alternativas ao 
Direito Penal do Inimigo. 
 
A Constituição Federal brasileira atribui igualdade de todos sem distinção de 
qualquer natureza, portanto, não se pode levar em consideração o fato de o povo 
brasileiro ser dividido em duas classes, sendo os cidadãos e os não cidadãos. 
Dessa forma, é primordial a necessidade de propostas, referindo-se a mudanças 
legislativas referente ao direito Penal e das flexibilizações das garantias 
processuais penais, seria primordial também fortalecer as sanções penais de 
determinados atos ilícitos. 
 
Conclui-se então, que o Direito Penal do Inimigo, deve originar diferentes 
ponderações, ao contrário de críticas sem propostas ou alternativas de solução 
para o problema. 
25 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios. 6. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 
2006. 
 
BOBBIO, Norberto, Da estrutura à função, novos estudos de teoria do direito, 
São Paulo, 2007. 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília: Senado Federal, 1988. 
 
CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Direito Penal do Inimigo; Totalitarismo, 
eliminação e tortura. 1° de julho de 2013. Revista Jurídica Consulex. Ano XVII. 
N° 395 
 
CRESPO, Marcelo Xavier de Freitas. Direito Penal do Inimigo: sobre o que 
estamos falando?. Boletim IBCCRIM, São Paulo, ano 16, n 196, mar/2009. 
 
GOMES, Luiz Flávio - Muñoz Conde e o Direito Penal do Inimigo – Disponível 
em: 
<http://www.lfg.com.br/public_html/admin/clc_search/begin/index.php?query=dir
eito+penal+do+inimigo>. Acesso em 09/02/2021. 
 
JAKOBS, Günter; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito Penal do Inimigo. Noções e 
Críticas. Tradução André Luiz Callegari e Nereu José Giacomolli, 2ª ed. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado, 2007. 
 
MACHADO, Felipe Daniel Amorim. Direito e Política na emergência Penal: uma 
análise crítica á flexibilização de direitos fundamentais no discurso do Direito 
Penal do Inimigo. Revista de Estudos Criminais, Porto Alegre, ano IX, n 3, abr/ 
jun 2009. 
 
MACIENTE, Roberta Oliveira. Direito Penal do Inimigo - Punição alternativa 
frente à 
evolução do crime. Disponível em: 
<http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1031>. Acesso em 
09/02/2021. 
26 
 
 
 
 
 
MORAES, Alexandre Rocha Almeida de. Direito penal do inimigo: a terceira 
velocidade do direito penal. Curitiba: Juruá, 2008. 
 
MORAES, Vinicius Borges de. Revista brasileira de ciências criminais/ vol. 74/ p. 
09/ set 2008. Concepções iusfilosóficas do direito penal do inimigo: uma análise 
sobre os fundamentos da teoria de Günter Jakobs. 
 
NEUMANN, Ulfred. Direito Penal do Inimigo. Revista Brasileira de Ciências 
Criminais, São Paulo, ano 15, n 69, nov/dez 2010 
 
PRADO, online, entrevista concedida a Carta Forense em março de 2009, . 
Acesso em: 09/02/2021. 
 
QUEIROZ, Paulo. Funções do direito penal. 2 ed. São Paulo. Revista dos 
Tribunais, 2005. 
 
SANCHEZ, Jesús – Maria Silva. A expansão do Direito Penal: aspectos da 
política criminal nas sociedades pós-industriais. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, série: As ciências criminais no Século XXI, v. 11, 2002. 
 
SANNINI NETO, Francisco. Direito Penal do inimigo e Estado Democrático de 
Direito: 
compatibilidade. Disponível em <http://www.lfg.com.br>. Acesso em 
09/02/2021. 
 
SILVA, José Afonso da, Curso de direito constitucional positivo, São Paulo, 
Malheiros, 
2000. 
SILVA, Ivan Carlos. O direito penal do inimigo. 
<www.unisionos.br/blogs/ndh/2013/07/29/o-direito-penal-do-inimigo/>. Acesso 
em 23/02/2021. 
ZAFFARI, Eugenio Raul. O inimigo no direito penal. Tradução de Sérgio 
Lamarão. Rio de Janeiro: Revan, 2007.

Continue navegando