Buscar

INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL DO INIMIGO E SUA INFLUÊNCIA NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL DO INIMIGO E SUA INFLUÊNCIA NO OR-
DENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO.1
INTRODUCTION TO THE ENEMY'S CRIMINAL LAW AND ITS INFLUENCE ON
THE BRAZILIAN LEGAL ORDER.
Afonso Manoel Fernandes Pereira2
Valkynay Luan Viana Soares3
Gercina Alves Moraes Cavalcante4
RESUMO
Este artigo tem como objetivo fazer uma breve análise da distinção entre direito penal
do “inimigo” e direito penal do “cidadão”, além de uma verificação de possíveis limitações
constitucionais ante o sistema jurídico brasileiro e ocorrências no ordenamento jurídico atual
de nosso país. Embora seja um preceito inovador, já existem diferentes opiniões na doutrina
com o objetivo de apoiá-lo ou rejeitá-lo. Há uma dissociação entre o cidadão e o inimigo. Há
pessoas que cometem infrações acidentais, ou seja, cometem erros corrigíveis, então o Estado
considera esse indivíduo uma pessoa "normal" e ele receberá sua devida punição, mas sua
condição de cidadão será preservada e ele terá o direito de voltar a acertar com a empresa. Há
também indivíduos que não oferecem nenhuma garantia quanto ao seu comportamento pesso-
al. Eles mesmos revelam que seu comportamento não é o de um cidadão, mas o de um inimi-
go hostil à lei e à sociedade.
Palavras-chave: 1. Direito Penal do Inimigo; 2. Inimigo; 3. Cidadão; 4. Constitucionalidade.
ABSTRACT
This article aims to make a brief analysis of the distinction between criminal law of
the "enemy" and criminal law of the "citizen", as well as a verification of possible constitutio-
nal limitations in the Brazilian legal system and occurrences in the current legal system of our
country. Although it is an innovative precept, there are already different opinions in the doctri
1 Artigo apresentado à universidade Potiguar, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel
em Direito, em 2022.
2 Graduando em Direito pela Universidade Potiguar – E-mail: afonso.manoel93@gmail.com.
3 Graduando em Direito pela Universidade Potiguar – E-mail: valkynay_luan@hotmail.com.
4 Especialista em Direito Constitucional; Especialista em Direito Penal e Processo Penal; Mestranda em Direito; 
Docente na Universidade Potiguar.
 2
ne with the aim of supporting or rejecting it. There is a dissociation between the citizen and the
enemy. There are people who commit accidental infractions, that is, they make correctable mistakes,
so the State considers this individual a “normal” person and he will receive his due punishment, but
his condition as a citizen will be preserved and he will have the right to settle again with the com-
pany. There are also individuals who offer no guarantees as to their personal behavior. They them-
selves reveal that their behavior is not that of a citizen, but that of an enemy hostile to law and soci -
ety.
Keywords: 1. Enemy Criminal Law; 2. Enemy; 3. Citizen; 4. Constitutionality.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo é motivado pelas recentes discussões sobre a capacidade do judiciário de respon-
der à altura os perigos gerados por organizações criminosas, o que sempre traz à tona o Direito Pe-
nal do Inimigo, enunciado pela primeira vez por Günther Jakobs, acadêmico alemão que apoia essa
teoria desde 1985, com base em políticas públicas de combate ao crime em todo o mundo, e que ob-
teve ainda mais evidência devido os recorrentes ataques terroristas e de organizações criminosas.
O trabalho utiliza o método dialético, demonstrando os aspectos que defendam uma perspec-
tiva futura de aplicação do Direito Penal do Inimigo no ordenamento jurídico brasileiro, e de uma
breve revisão bibliográfica, por meio da análise filosófica e de referenciais teóricos de artigos, códi-
gos e outros trabalhos sobre a mesma questão jurídica e confrontando-o com os Princípios Constitu-
cionais Brasileiros.
Para isso, apresenta-se e conceitua-se o Direito Penal do Inimigo e a diferença entre o “ini-
migo” e o “cidadão”. Verifica-se a possível inadmissibilidade ou aplicabilidade frente a Constitui-
ção e confronta a teoria com algumas aplicações práticas já introduzidas no Ordenamento Jurídico
Brasileiro. Após isso, traz-se pontos de crítica e de defesa à Teoria e a distinção conceitual necessá-
ria, a visando discutir sua utilização no Brasil.
O tema do presente trabalho apresenta-se pertinente ao contexto social atual, em que novas
modalidades de crimes e facções criminosas cada vez mais bem preparadas constantemente amea-
çam a sociedade e a mantém em um estado constante de insegurança.
Com o aumento e consequente desenvolvimento do crime organizado no território brasileiro,
surge a necessidade de questionar se atualmente o atual ordenamento jurídico brasileiro está real-
mente preparado para lidar e repreender qualquer forma de atentado a soberania do Estado e toda
sua estruturação estatal.
A escalada de insegurança vivida pela sociedade, provocada em grande parte pelo desenvol-
vimento de facções criminosas cada vez mais bem preparadas e organizadas e praticando novas mo-
 3
dalidades de crimes, é necessário que o direito transmita à sociedade que pode garantir a justiça e
paz social. Com isso, o conceito de Direito penal do inimigo, de Günther Jakobs, vem ganhando
destaque no debate jurídico.
Dentro dessa vertente, encontra-se o chamado Direito Penal do Inimigo, introduzido por
Günther Jakobs em 1985, que faz sua base em três pilares: desproporcionalidade da pena, relativiza-
ção e/ou supressão de garantias processuais e antecipação da punição, além da criação de leis mais
severas direcionadas aos “inimigos” (terroristas, criminosos organizados, traficantes, criminosos
contra a economia da nação, etc).
Por um lado, os cidadãos, que são pessoas suscetíveis de cometer crimes incidentalmente,
são chamados a restabelecer a sua validade através da imposição de sanções, que visam restituir o
cidadão que cometeu tal crime, e ainda assim poderão gozar dos seus direitos e garantias. O inimi-
go, por outro lado, é o indivíduo que com seu comportamento quebra, destrói a ordem normativa vi-
gente. Para esse inimigo, sua sanção visa garantir a própria existência da sociedade, eliminando um
perigo. Por esse motivo, esse indivíduo perde sua condição de cidadão.
Já existem várias críticas a esta distinção, alguns estudiosos expressam a inexistência de um
direito penal inimigo, pois seria um não direito pelo fato de o indivíduo perder sua condição de ci -
dadão e, consequentemente, seus direitos e garantias.
O direito penal do inimigo pode ser interpretado como uma afirmação de um tempo social
ou como a concepção teórica após os atentados terroristas ocorridos, especialmente no Ocidente. A
chamada “terceira velocidade” do Direito Penal difere profundamente do modelo clássico do Ilumi-
nismo, por se tratar de uma política penal e processual penal mais prospectiva, voltada para o com-
bate a pessoas perigosas que agem como se não aceitassem as regras do contrato. Por esses motivos,
essa política exige necessariamente flexibilidade de garantias, novos métodos de investigação e ob-
tenção de provas, além de novas regulamentações penais, como a criminalização em estágio anteri-
or.
2. DIREITO PENAL DO INIMIGO
O direito penal do inimigo, concebido em 1985 pelo jurista alemão Günther Jakobs, visa tra-
zer um novo paradigma para a repressão aos crimes, visto que hoje não só a sociedade evoluiu, mas
também as formas e meios de cometer crimes. Vivemos a era do macrocrime e do avanço dos cri-
mes derivados da globalização, como crime econômico e organizado, terrorismo, armas, tráfico de
drogas e pessoas, entre outros; Desta forma, o autor tenta trazer novas formas de lidar com os novos
aspectos criminais, diferenciando o cidadão do inimigo, um destes é o cidadão que quebra o contra-
to social ao cometer o crime, mas não demonstra o hábito com esta prática. Tampouco se pode dizer
 4
que esse sujeito esteja dissociado da sociedade, ele é o criminoso, aquele que rouba por lucro, aque-
le que comete um crime por motivos passionais,egoístas, em geral, para garantir seu próprio inte-
resse.
No entanto, permanecem dentro dos parâmetros de um cidadão, e não pretendem causar
maiores danos à sociedade em geral, mesmo que o digam sem perceber. Enquanto a segunda figura
são os criminosos que, por meio de suas ações para com a sociedade, observa-se que tal pessoa não
se submete ou não admite fazer parte do Estado e de seu contrato social imposto, então essa pessoa
seria chamada de inimigo, aqui estamos. já nos identificamos com a figura do criminoso que comete
o crime por um motivo alheio ao seu próprio interesse e busca consequências muito maiores. Nesse
sentido destacam-se os terroristas, os membros de máfias que não respeitam a estrutura do Estado,
ou mesmo tentam destruí-la.
A primeira, numa visão tradicional, garante, com a observância de todos os princípios funda-
mentais que lhe são pertinentes; o segundo, intitulado Direito penal do inimigo, seria um direito pe-
nal alheio aos seus princípios fundamentais, pois não diz respeito aos cidadãos, mas aos inimigos do
Estado. O raciocínio seria o de um verdadeiro estado de guerra, portanto, segundo o autor, em uma
guerra as regras do jogo devem ser diferentes. A lei penal do inimigo, como aponta a teoria, já exis -
te em nossa legislação, como é o caso do Brasil com a lei que prevê o uso de meios operacionais
para prevenir ações de organizações criminosas.
Segundo o autor, o direito penal conhece dois polos ou tendências de sua regulação. De um
lado, lidar com o cidadão, no qual ele é chamado a exercer seu ato de reação, a fim de confirmar a
estrutura normativa da sociedade, e, de outro, lidar com o inimigo, que é prontamente interceptado
em sua fase anterior e que se contrapõe à sua periculosidade.
Há pessoas, que decidiram se distanciar permanentemente da lei, como aquelas que perten-
cem a organizações criminosas e grupos terroristas. Para eles, “a sanção está em grande parte no
campo da preparação, e a finalidade da sanção é garantir atos futuros e não a sanção dos atos come-
tidos”. Isso implica a criação de tipos penais abstratos.
Também há pessoas que, pela insistência na delinquência, voltam ao seu estado natural antes
do Estado de Direito. Portanto, segundo ele, um indivíduo que não se reconhece obrigado a ingres-
sar em um estado de cidadania não pode participar dos benefícios do conceito de pessoa. E é que o
estado de natureza é um estado de ausência de normas, isto é, de liberdade excessiva junto com luta
excessiva. Quem ganha a guerra determina qual é a norma, e quem perde deve se submeter a essa
determinação (JAKOBS, 2018, p. 35).
Para os fins dessa teoria, o inimigo não mereceria a proteção do direito civil ou do direito
penal, pois não tem reputação de cidadão, pois seus ideais não coincidem com o contrato social im-
 5
posto pela sociedade que o cerca, e muitas vezes, seus ideais vão até mesmo contra ele. Isso signifi-
ca, por exemplo, que um terrorista que quer subverter as normas da sociedade, um criminoso que
ignora as leis e um mafioso que apenas respeita as regras de seu clã devem ser designados como
“não-pessoas” e não merecem mais ser tratado como cidadãos, mas como inimigos.
De uma forma mais simplificada e autoexplicativa, o Direito Penal do Inimigo assenta em
três pilares, o primeiro é a antecipação da pena, uma vez que o adiamento é um ato futuro, não
aquele já cometido, e o segundo foi a qualidade do inimigo no agressor, e esse é o momento em que
aparece a figura do Direito Penal do Inimigo, pois já vimos que esse criminoso foi caracterizado
como inimigo, e portanto o Contrato Social pode ser violado.
O segundo ideal da teoria desenvolvida pelo jurista alemão é a criação de leis específicas
para o caso especial, que possuem caráter mais severo, pois são feitas justamente para reprimir os
infratores que violam o contrato social. Essas leis deveriam regular os crimes mais complexos, com
muito maior perigo, como crimes econômicos, práticas terroristas e formação de facções crimino-
sas, etc.
Por fim, o último pilar é a flexibilização das normas processuais penais que regulariam o
procedimento para a persecução dos inimigos. Este último aspecto, é o que tem o conteúdo mais po-
lêmico dentre outros, pois pode-se dizer que levaria ao cidadão um procedimento totalmente dife-
rente do que foi feito até agora.
Embora em um primeiro contato com esse aspecto também possa incomodar os juristas falar
de um tratamento diferente e mais severo em matéria processual, contudo, quando estudamos os
vestígios do Inimigo Penal do Direito, vemos que existe a possibilidade desta aplicação. Também de
acordo com nossos princípios de dignidade humana, igualdade e devido processo.
Jakobs (1985) desenvolveu o direito penal do inimigo com base na teoria do contrato social
e também tomou grandes elementos de filósofos como Kant, Rousseau, Fichte e Hobbes.
Segundo Kant (1781), quem ataca repetidamente o Estado, não aceitando seus parâmetros
jurídico-comunitários, deve ser tratado como inimigo. Isso porque não há necessidade de comentar
a admissão dessa pessoa como cidadão, pois constantemente ameaça o Estado e sua estrutura. Ele
também cita que a definição de inimigo é extraída de suas repetidas ações contra o Estado, de forma
a ameaçar a sociedade como um todo, e ele não faz nada para rastrear ou atacar para o bem da soci -
edade, não apenas por um tempo, mas repetidamente.
Rousseau (1762) ensina que quem quebra o contrato social deixa de ser membro do Estado,
entra em conflito com ele e deve ser considerado e julgado como inimigo:
[…] todo criminoso, violando a lei social, torna-se rebelde e traidor de sua pátria
com seus crimes; ele deixa de fazer parte dela por violar suas leis e até mesmo lu -
tar. De modo que a preservação do Estado é incompatível com a sua; um dos dois
 6
deve perecer, e quando o culpado é morto, é por causa da condição de seu inimigo,
não de um cidadão. O julgamento e a sentença são a prova e a declaração de que
ele quebrou o pacto social e que, portanto, não é mais membro do Estado. Agora,
pois, visto que o terremoto é reconhecido como tal, pelo menos no que diz respeito
à residência, deve ser separado dele pelo exílio como transgressor da aliança ou
pela morte como inimigo público, porque esse inimigo não é uma pessoa moral.
Ele é um homem, então a lei da guerra é matar os vencidos (MARTÍN, 2007, apud
ROUSSEAU, p. 98).
Fichte (1798), por sua vez, prega que quem abandona o contrato cidadão perde todos os di-
reitos por ele concebidos. Tanto Fichte quanto Rousseau, percebem em suas posições uma filosofia
mais severa, onde tentam diferenciar e eliminar o inimigo com rigidez, vemos isso nas citações an-
teriores de Rousseau e também nas palavras de Fichte que afirma: (JAKOBS; MELIÁ , 2010, apud
FICHTE , p.25): "...quem renuncia ao contrato cidadão quando sua prudência foi contada no contra-
to, voluntária ou inesperadamente, perde todos os seus direitos como cidadão e como ser humano e
torna-se um Estado de privação total de direitos…"
Por fim, Hobbes (1651) apresenta uma ideia mais concreta e coerente, onde afirma que
quem pratica a traição contra o Estado, impondo-se contra o exercício de seus poderes, não deve ser
julgado como membro dele, mas como inimigo. No entanto, mesmo diante do reconhecimento des-
se criminoso como inimigo do Estado, ele jamais perderia seu papel de cidadão, pois um cidadão
sozinho não pode eliminar sua condição. A situação é diferente quando se trata de rebelião, ou seja,
alta traição: porque a natureza desse crime está na extinção da submissão, o que significa uma recaí-
da ao estado de natureza. E aqueles que cometem tal crime não são punidos como súditos, mas
como inimigos.
Como podemos ver, é nessas quatro influências filosóficas que se baseia a teoria do Direito
Penal do Inimigo, segundo a qual quem se afasta definitivamente do Contrato Social sem oferecer
qualquer garantia de que se comportará como pessoa ou como cidadão deve maisuma vez ser trata-
do e punido como inimigo.
2.1. Diferença Entre O “Inimigo” E O Cidadão
Nessa teoria, o Estado pode tratar os criminosos de duas maneiras: pode vê-los como crimi-
nosos (criminosos comuns ou “cidadãos”) ou como indivíduos que criam certo nível de perigo para
o Estado.
O próprio Estado, por meio de seus mecanismos, pode possibilitar o processamento e a puni-
ção de alguns tipos de crimes de forma mais eficiente. O tratamento dispensado àqueles que não ad-
mitem fazer parte de um estado de cidadania deve ser diferenciado de outros rejeitados como “ini-
migos” do estado. Um processo criminal não é aplicado contra eles, mas uma “causa de guerra”.
Como essas pessoas não oferecem segurança suficiente, elas não têm o direito de serem tratadas
 7
como cidadãos. Os “inimigos” não podem participar dos benefícios do conceito de pessoa, não são
sujeitos processuais, portanto, não podem ter direitos processuais, como o direito de se comunicar
com o advogado por eles indicado.
O devido processo legal aplica-se a qualquer pessoa que cometa um ato ilegal, que será san-
cionado em conformidade. Para o Estado, o Direito Penal do Inimigo não será uma punição, mas
uma medida de segurança: seu objetivo é combater o perigo. Para caracterizar o inimigo, analisa-se
a periculosidade do inimigo, comparando-o com o cidadão, analisando se o fato é ilícito e verifican-
do se o autor do crime ainda é capaz de oferecer as garantias de um cidadão comum, agindo com le-
aldade a lei. Quanto ao inimigo, esta garantia não é oferecida e deve ser condenada por seu perigo e
não por sua culpa.
Por fim, o autor defende a ideia de separar o direito penal do cidadão e o direito penal do
inimigo, que visa salvaguardar a legitimidade do Estado de Direito dirigido ao cidadão. Além disso,
argumenta que o Estado tem o direito de exigir segurança de seus inimigos, assim como os cidadãos
têm o direito de exigir tal segurança do Estado.
Assim, como se vê, ao cidadão que comete um crime, é-lhe garantido um julgamento justo
da lei, que aplicará a sanção relativa como forma de repreensão pelo ato ilícito cometido. Dessa for-
ma, se o cidadão cometer um crime, ele não será chamado de inimigo pelo Estado, mas como autor
de um ato normal, que aceita a imposição de uma pena e oferece segurança para se comportar de
acordo com a lei do Estado, que não pode ser identificado na figura do inimigo. Isso porque quando
se trata do inimigo, para ele a punição não implica uma sanção, é uma medida de segurança, não
para ele, mas para toda a sociedade. O inimigo é um “perigo” declarado para o Estado e deve ser
combatido, pois nessa figura, o Direito será tratado de acordo com a periculosidade do crime, ante-
cipando os próximos ataques ao Contrato Social que obviamente serão praticados.
A periculosidade do agente é punida e não o que ele realmente fez. Além disso, aqueles que
se declaram inimigos do Contrato Social imposto pelo Estado, tanto por suas repetidas atitudes
quanto por sua participação em organizações criminosas, devem ser considerados não-cidadãos,
pois suas ações visam a atacar continuamente o Estado.
Nesse ponto observa-se um aspecto importante, pois a pessoa que simplesmente comete um
crime não será julgada e caracterizada como inimiga, pois, em primeiro lugar, o cidadão é julgado,
em termos de devido processo, com a devida comissão, uma sanção criminal destinada a reafirmar a
validade do sistema. No entanto, quando se trata da prática de crimes que afetam diretamente toda a
estrutura do Estado, ou quando se constata que o crime para aquele cidadão é uma prática habitual,
que é o seu "modo de vida", ou ainda nos casos em que o infrator for membro de grandes organiza-
 8
ções dedicadas à prática de crimes, sim, será considerado inimigo do Estado, e não só por ele, mas
por toda a sociedade.
O direito penal do inimigo baseia-se na pessoa do infrator e não no ato criminoso, como no
caso do direito penal do cidadão. Nessa teoria, destacam-se os dois grandes beneficiários dessa dis-
tinção de direitos, a saber, a sociedade e o criminoso comum (cidadão). Sociedade, pois com a dis-
tinção, a redução de riscos será implementada por meio de atividades preventivas impostas aos cri-
minosos. Por outro lado, o criminoso comum, que é o “cidadão”, se distinguirá daquele que é consi-
derado inimigo do Estado.
No entanto, para a correta aplicação do Direito Penal do Inimigo, deve-se utilizar o princípio
da proporcionalidade, pois não se pode dizer que todos os crimes cometidos devam ser tratados de
forma igualitária. A aplicação deste princípio requer adequação ao crime e ao objeto, necessidade e
consideração da provisão. Cada caso específico revelará o uso correto ou abuso da aplicação da lei
criminal do inimigo, embora muitas vezes seja difícil distinguir o uso legal do ilegal. O fundamental
é estar atento à busca de equilíbrio, proporção e bom senso.
3. A DISTINÇÃO CONCEITUAL NECESSÁRIA
Afinal, não parece totalmente claro o que se entende pela expressão “direito penal do inimi-
go”? Do ponto de vista semântico, sim: o direito penal do inimigo é o tipo ideal de direito penal que
não respeita o autor como pessoa, mas tenta neutralizá-lo como fonte de perigo. Mas se o conceito é
claro do ponto de vista semântico, permanece bastante obscuro em termos de seu significado prag-
mático, isto é, dos objetivos ou funções que se pretende alcançar com seu uso no discurso científico.
Segundo Zaffaroni (2004), a rigor, pelo menos três propósitos podem ser perseguidos com o concei-
to criminoso de inimigo.
Em primeiro lugar, é possível ver no conceito de “direito penal do inimigo” nada mais do
que uma ferramenta analítica para descrever o direito positivo com maior precisão. Algumas normas
de nosso ordenamento jurídico seriam, portanto, caracterizadas como o direito penal do inimigo, o
que não significa que sejam boas ou más para ele. Tal uso seria típico de uma concepção penal des-
critiva do inimigo.
Em segundo lugar, o termo “direito penal do inimigo” pode ser usado para mais do que a
simples caracterização de certas disposições. Considerando uma determinada norma de direito penal
como inimiga, pode-se tentar estigmatizá-la como particularmente iliberal e contrária ao Estado de
Direito, sinalizando assim a necessidade de sua reforma. Chamaremos essa segunda chance de usar
a palavra direito penal do inimigo criticando o denunciante.
 9
Há, no entanto, uma terceira forma de trabalhar com o conceito de “direito penal do inimi-
go”, que consiste em formular uma teoria de seus pressupostos de legitimidade e afirmar que estes
se realizariam principalmente na realidade. Em outras palavras: essa terceira via declararia o direito
penal do inimigo algo legítimo. A definição do inimigo como dispositivo de direito penal não leva-
ria a nenhuma condenação, mas apenas a uma indicação de que o dispositivo deve ser legitimado
com base em pressupostos diferentes daqueles que se aplicam aos dispositivos tradicionais de direi-
to penal civil. Neste último caso, haveria uma concepção legitimador-afirmativa do direito penal do
inimigo. Agora, torna-se quase natural fazer duas perguntas a si mesmo. A primeira: de qual concep-
ção do direito penal do inimigo parte o criador do termo? A segunda: a que conceito penal do inimi-
go se referem os diferentes participantes da discussão?
Em outras palavras, há muito a favor da tese de que as meras descrições de Jakobs não se li -
mitam realmente a descrever, e que o conceito penal de inimigo é usado predominantemente de for-
ma afirmativa-legitimadora. À primeira vista, não surpreende que Jakobs seja entendido dessa ma-
neira e, portanto, fortemente criticado. As afirmações sobre ele, que ele não faz senão descrever,
que ele acreditava até mesmo para verificar a vontade do povo. De qualquer forma, parece apropria-
do abandonar a pretensão de interpretar inequivocamente o ponto de vista de Jakobs. Mas a razão
decisiva para evitarum foco exclusivo no conceito legitimador-afirmativo do direito penal do inimi-
go é o estreitamento dos horizontes que isso acarretaria. Afinal, parece perfeitamente possível que o
conceito tenha outros usos que o tornem útil de alguma forma. E podemos saber que esse é o caso
apenas se analisarmos cuidadosamente também essas outras possibilidades. É tempo de voltar à va-
lorização do “direito penal do inimigo” como conceito legitimador, crítico ou meramente descritivo.
3.1. Críticas e Legitimações ao Direito Penal do Inimigo
A crítica mais severa a esse sistema é sua fácil adaptação a qualquer política criminal, pois
serviria a um Estado de Direito, com o devido respeito às normas constitucionais, mas estaria plena-
mente a serviço de um Estado totalitário ou ditatorial.
De fato, nas palavras de Paulo César Busato (MUÑOZ; BUSATO, 2011, p. 192):
trata-se de um ideal a ser transmutado em um direito penal de guerra, como segue:
Jakobs revela – talvez inconscientemente – sua verdadeira finalidade, que é legiti-
mar um direito penal de guerra, um direito penal lei adotando uma postura guerrei-
ra, lutando, eliminando, destruindo os outros para manter uma certa ordem estável.
Em suma, a destruição do humano para preservar a ordem jurídica.
Cancio Meliá (2008) mostra que o Direito Penal do Inimigo se traduz como um exemplo do
direito penal do autor, em que o agente é punido pelo modo de ser dele certas características. Essa
concepção justifica a sanção não pela conduta em si, mas pela falta de valor presente em alguma ca-
racterística do agressor, desta forma não seria proibido matar, mas no caso homicida, não seria proi-
 10
bido roubar, mas ser ladrão. Segundo o direito penal do inimigo, é claro que o que seria responsabi-
lizado seria a periculosidade do agente e não sua culpa, uma vez que o assunto deve ser sancionado
apenas antes da terceirização de uma conduta, legalmente discriminado como criminoso.
Eugenio Raúl Zaffaroni (2004), Ministro da Corte Suprema de Justiça da Argentina, criticou
duramente o chamado Direito Penal do Inimigo ao destacar que o Estado, para dominar, deve estru-
turar-se e ser titular de poder punitivo, pois, se não tiver limites, é considerado Estado Policial em
detrimento do Estado de Direito: “para que um sistema penal seja permanentemente exercido, o Es-
tado deve estar sempre à espreita de um inimigo; o poder político é a defesa contra os inimigos; o
Estado, segundo essa teoria, torna-se vítima”.
A indiferença à vida humana motivada pelo rigor no trato com os não cidadãos, segundo
Paulo César Busato (2011, p. 200), quando afirma:
“É evidente o desprezo pelo ser humano. Quem se encontra na condição de “inimi-
go” e, portanto, “não-pessoa” pode simplesmente ser “eliminado”. Demonstra, por-
tanto, uma total incoerência com a busca de um Estado Democrático de Direito.”
A lei penal do inimigo é manifestamente inconstitucional, pois as medidas excepcionais só
são permitidas em casos anormais, por exemplo: Estado de sítio, Estado de defesa. Além disso,
trata-se de um direito penal prospectivo, não retroativo, que viola diretamente o princípio funda-
mental da legalidade. O princípio do devido processo legal também é violado, uma vez que as re-
gras do processo democrático não são seguidas para dar lugar a um procedimento manifesto de
guerra. As garantias materiais e processuais penais perdem valor.
A teoria do direito penal do inimigo está longe de ser aceita por unanimidade, de fato. As
críticas não são poucas e não é difícil encontrar renomados estudiosos contra a teoria. A maioria dos
críticos prega a manutenção dos princípios constitucionais penais com foco principal no princípio
da dignidade da pessoa humana. Muitos argumentam que a dignidade não pode ser relativizada a
ponto de diferenciar os seres humanos em cidadãos e inimigos.
Há também argumentos que giram em torno da defesa do Direito Penal, apesar de serem
bem menos frequentes, pode-se citar seu autor, Gunther Jakobs, o penalista Rogério Grecco, e o
Professor Geovane Moraes, colocando o Direito Penal do Inimigo como ação máxima, sendo ape-
nas uma forma simbólica de tranquilizar a sociedade. A polêmica em torno dessa teoria, infelizmen-
te, gera interpretações equivocadas e comparações sobre o assunto.
A teoria não seleciona de forma alguma uma raça, uma orientação sexual, uma ideologia
contrária a ele, ou pessoas anti-sociais para serem exterminadas. Em vez disso, a teoria tenta identi-
ficar indivíduos que violam clara e intencionalmente a integridade do Estado.
 11
Portanto, é mais do que claro que, em uma aplicação criteriosa e interpretação sensata, o Di-
reito Penal do Inimigo é muito diferente de um regime nazi-fascista ou de um direito autoral crimi-
noso.
4. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Os princípios constitucionais vinculados ao direito penal tendem a limitar a atividade crimi-
nosa ao estabelecer termos obrigatórios para limitar a interferência do Estado a fim de garantir a in-
violabilidade do direito à liberdade e outros benefícios.
Dentre os princípios constitucionais penais podemos citar com maior ênfase o princípio da
humanidade, que analisaremos sobre o que diz a Constituição Federal, em matéria de sanções.
Conforme consagrado na Constituição Brasileira, a pena de morte é proibida, exceto em ca-
sos de guerra declarada. Da mesma forma, nos termos do artigo 84, inciso XIX, o Presidente da Re-
pública só pode declarar guerra em caso de agressão estrangeira, mas deve ser autorizado pelo Con-
gresso Nacional. Com a reforma constitucional nº. 1/1969, a pena de morte também foi aplicada de
forma menos restritiva.
A começar pela prisão perpétua, tais sanções estão fora do nosso ordenamento jurídico e do
sistema penal brasileiro, entende-se que sanções como essas não trazem efeitos positivos para a so-
ciedade. É interessante notar que o retorno ao convívio social torna-se fundamental na ressocializa-
ção do infrator.
No entanto, há discussões sobre penas que não se caracterizam por penas perpétuas, mas por
longas penas, que provocam rebeldia nos condenados.
Das penas de trabalho forçado, na época da escravidão o trabalho forçado era permitido, fora
desse contexto histórico, qualquer tipo ou significado dessa pena. O trabalho forçado traz consigo a
ideia de que o indivíduo terá que trabalhar, mesmo que envolva violência física e moral, não tendo
as opções condenadas, o que reflete uma situação desumana. Da mesma forma, a prestação do servi-
ço prestado pelo condenado não pode ser confundida com trabalho forçado, pois embora ambos se-
jam realizados gratuitamente, observa-se que a prestação do serviço não implica a privação da liber-
dade de locomoção, mas uma simples restrição, bem como dispositivos da Constituição para evitar
que o infrator seja segregado da sociedade, de sua família, etc.
As penas de exílio consistem na expulsão forçada de um cidadão do seu país, em detrimento
da prática de um ato em território nacional, ou seja, na extinção de um cidadão residente no seu pa-
ís. É necessário distinguir entre exílio e extradição, deportação e expulsão, o primeiro destinado
apenas a cidadãos e os dois últimos a estrangeiros. As penas cruéis, de acordo com a Constituição
brasileira, baseiam-se na dignidade da pessoa humana, que repudia punições marcadas por cruelda-
 12
de e sofrimento desnecessários. Portanto, punir não significa ofender a dignidade inerente a todo ser
humano, mas sim uma forma de desfazer o dano causado a outrem e reintegrá-lo à sociedade após o
cumprimento da pena.
Quando falamos da avaliação do direito penal do inimigo como parte do sistema penal, é
preciso verificar sua aceitabilidade ou não como parte indispensável do direito penal moderno. Cabe
destacar que a aplicação da teoria do inimigo seria adequada para reduzir a criminalidade no país.
Apesar de todas as falhas do sistema brasileiro, a melhor atitude a tomar não é a aplicabili -
dade do direito penal do inimigo. Para ofereceralgumas alternativas ao direito penal do inimigo,
deve-se aceitar e abraçar o ideal de um estado de democrático de direito que está presente no país. É
ainda mais difícil imaginar a divisão do povo brasileiro em duas classes, cidadãos e não cidadãos,
assim como a constituição federal brasileira atribui a igualdade de todos sem distinção de qualquer
espécie.
Desta forma a necessidade de propostas é fundamental, no que diz respeito às alterações le-
gislativas relativas ao direito penal e ao relaxamento das garantias processuais penais, seria também
essencial o reforço das sanções penais para determinados atos ilícitos, bem como o enquadramento
de novos delitos. Quando surgem novos fatos sociais. Reale (1968) ressalta que o direito é fato, va-
lor e norma, portanto existe a possibilidade de que sempre surja um novo comportamento humano
ou que o comportamento humano sempre mude, de modo a despertar a atenção do “fato” do “valor”
do direito penal e assim surge a “norma”.
Conclui-se, portanto, que o Direito Penal do Inimigo deve suscitar diversas considerações,
diante de críticas sem propostas ou soluções alternativas para o problema.
Note-se também que não é possível distinguir entre cidadão e inimigo dentro de um Estado
Democrático de Direito, pois o Direito Penal é indistinguível e não possui um sistema específico e
seguro para sua aplicação, que ofereça fundamentação, proporcional e efetiva para a solução de
eventos gravíssimos que se repetem dia após dia, semeando o medo na sociedade, com o sentimento
de impunidade que domina, e que acabam por destruir o próprio Estado de Democrático de Direito
e a segurança pública.
Por isso, os inimigos hoje são os narcotraficantes, os assassinos, os terroristas, os funcioná-
rios públicos corruptos, que se espalham pela sociedade.
Parece que no passado o Direito Penal se dedicava à perseguição de inimigos imaginários,
como forma de controle social, mas hoje os inimigos são outros, o Brasil não pode mais viver no
passado, e é evidente que toda sociedade muda, pois assim como os criminosos, nada é mais justo
do que o sistema jurídico que muda com eles.
 13
5. OCORRÊNCIAS DO DIREITO PENAL DO INIMIGO NO ORDENAMENTO JURÍDICO
BRASILEIRO
Não são necessárias estatísticas para dizer que a maioria das sociedades modernas, dramati-
camente a brasileira, vive sob o signo da insegurança. Os roubos cada vez mais brutais, sequestros-
relâmpago, massacres, delinquência juvenil, assassinatos e violência espalhados por toda a cadeia
produtiva nacional, somados ao aumento da pobreza e à crescente concentração de riqueza e verti-
calização social, resultam em uma grande equação do humor popular.
Atualmente, o direito penal brasileiro tem sido palco das melhores alternativas à privação de
liberdade, desde que a Lei nº 7.209/84, Lei de Execuções Penais, reformulou toda a Parte Geral do
Código de 1940, com sanções humanizadas onde sempre se solicita a aplicação de medida alternati-
va, sempre a manutenção da pena de prisão em derrogação em casos específicos.
No entanto, a falta de uma política competente tornou a aplicação da legislação vigente um
tanto ineficaz, pois o direito penal brasileiro é regido pela política criminal mais benigna, a das san-
ções alternativas, o Estado adota o regime, mas não fornece a estrutura necessária para a aplicação
desta política.
Quando falamos da avaliação do direito penal do inimigo como parte do sistema penal, é
preciso verificar sua aceitabilidade ou não como parte indispensável do direito penal moderno. Cabe
destacar que a aplicação da teoria do inimigo seria adequada para reduzir a criminalidade no país.
Se nossa lei repressiva fosse acompanhada de assistência política, consistindo em um orça-
mento adequado e na concessão de uma infraestrutura efetiva, poder-se-ia dizer que a política re-
pressiva realmente funcionaria, e não estaríamos diante de um simples diploma legal, que é não de-
vidamente respeitado, o que favorece a impunidade, o que aumenta a consequente precariedade so-
cial. A consequência iminente de uma lei penal ineficaz foi vista já na década de 1990, onde houve
um aumento da violência em razão da impunidade prevista pela lei penal, o que resultou em um au-
mento da demanda social em prol da maximização da repressão aos criminosos. Posto isto, surgiu a
necessidade de uma política criminal de terror, com a consequente criação de leis sobre crimes hedi-
ondos (Lei nº 8.072/90), sobre crime organizado (Lei nº 9.034/95) e crimes particularmente graves.
Desta forma essas leis não funcionam em contradição com nossos princípios constitucionais,
porém, diante de qualquer evolução, em todas as esferas humanas, o Direito Penal está sujeito a atu-
ar como instrumento intimidatório, não propriamente punitivo, como a Lei n. 9.099/95, que discipli-
nou os Juizados Especiais Criminais que preconizou o instituto das transações criminais, o acordo
civil e também ordenou a suspensão condicional do julgamento.
Até o momento, o direito penal brasileiro caracterizou-se por uma política mais humanitária,
em que suas perspectivas apontavam para a ressocialização do infrator, proporcionando diversas
 14
medidas alternativas à privação de liberdade. Este conceito tem se mostrado eficaz para o cidadão
infrator, porém nossos legisladores têm esquecido a figura do inimigo, que existe em nosso territó-
rio, dado o crescimento e desenvolvimento de criminosos que atuaram em conjunto, formando as
grandes facções criminosas que existem hoje em nosso país.
Assim, a necessidade de propostas é fundamental, em termos de alterações legislativas rela-
cionadas com o direito penal e flexibilização das garantias processuais penais, seria também essen-
cial o reforço das sanções penais para determinados atos ilícitos, bem como a classificação de novos
delitos, através quando novos fatos surgem. Social.
Em nosso sistema atual já podemos perceber traços da influência da teoria do Direito Penal
do Inimigo. Atualmente existem leis que estabelecem um procedimento excepcional a ser aplicado
em casos relacionados ao crime organizado.
Algumas leis que se manifestam a esse respeito são a 12.850/13, que define as organizações
criminosas e dispõe sobre as investigações criminais em relação a esse assunto. Em seus primeiros
artigos já identificamos o conceito de organização criminosa. Nesse ponto, vemos que a lei traz uma
identificação, para diferenciar o caso excepcional do comum, no raciocínio de Jakobs (1985), o caso
do cidadão e do inimigo. Há a identificação do inimigo, bem como a disponibilidade de meios espe-
ciais para combatê-lo.
No Brasil, com a introdução da Lei n. 10.792/2003, que alterou a Lei de Execuções Penais e
introduziu o Regime Disciplinar Diferenciado, aplica-se expressamente a lei penal do inimigo, uma
vez que os detidos são alojados, ainda que temporariamente, como suspeitos em envolvimento, bem
como com a participação em organizações criminosas. O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
É um regime disciplinar prisional excepcional, com maiores restrições ao contato com o mundo ex-
terior, eliminando algumas garantias e direitos do preso comum. 
O principal motivo da implantação do RDD no Brasil foram os contínuos tumultos provoca-
dos nas prisões de todo o país no início dos anos 2000, motivados principalmente pelo Primeiro Co-
mando da Capital (PCC) e pelo Comando Vermelho (CV). Esses tumultos foram a primeira grande
demonstração do poder dessas facções criminosas e abalaram toda a sociedade.
O artigo 52, § 1º e § 2º, da Lei n. 10.792/2003 expressa aspectos da teoria penal do inimigo:
Artigo 52.º O cumprimento de causa considerada crime constitui crime grave e,
quando provocar subversão da ordem ou disciplina interna, a ela sujeitar-se-á o
provisório ou o condenado, sem sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado,
com as seguintes características:
§ 1º […] que apresentem elevado risco para a ordem e segurança da instituição ou
sociedade prisional.
§ 2ºO preso provisório ou condenado com fundamento em suspeita de envolvi-
mento ou participação, por qualquer motivo, em organização criminosa, quadrilha
ou quadrilha, também ficará sujeito a regime disciplinar distinto.
 15
No entanto, há uma circunstância em que ele é punido não pelo delito cometido, que é a re-
gra do ordenamento jurídico brasileiro, mas na punição do agente por sua periculosidade, como evi-
denciado pelo caráter excepcional da conduta criminosa do inimigo. Pode-se citar o autor Noberto
Bobbio (2007, p. 115), em que afirma brevemente que: "O problema atual não é mais fundar os di-
reitos humanos, é protegê-los, ou melhor, não é um problema filosófico, mas legal, num sentido po-
lítico amplo.
Para o professor Luiz Flávio Gomes (2016, p. 36): “Ninguém contesta que o Estado deve in-
tervir para evitar danos ao patrimônio e à vida das pessoas, porém, dentro de um Estado Democráti-
co de Direito, mesmo a lei deve ter limites”. Portanto, embora o Direito Penal do Inimigo não en-
contre respaldo na Constituição Federal brasileira, verifica-se que com a nova lei em vigor, o Direi-
to Penal do Inimigo está presente, ainda que de forma implícita.
Há também o exemplo da Lei de Segurança Nacional (LSN) nº 7.170/83, elaborada durante
o regime militar, que caracteriza crimes contra a segurança nacional, política e ordem social. Nesse
sentido, protege a integridade territorial, a soberania nacional, o regime democrático e representati-
vo, a Federação, o Estado de Direito e os dirigentes dos poderes sindicais. Para reservar tratamento
especial aos crimes ali indicados, a LSN determina a competência para julgar pela Justiça Militar,
observadas as regras do Código de Processo Penal Militar. Também define penas mais severas para
atos já sancionados pelo código penal, como homicídio, se a vítima for o chefe do poder sindical.
Além de várias perspectivas semelhantes nos instrumentos normativos das instituições mili-
tares e no Código Penal Militar. Traços da influência dessa teoria já podem ser vistos no ordena-
mento jurídico, atualmente existem leis que estabelecem um procedimento excepcional para sua
aplicação em casos relacionados ao crime organizado. Veja abaixo as leis que se manifestam a esse
respeito.
Pode-se citar a lei n. 12.850/13, que define as organizações criminosas e dispõe sobre as in-
vestigações criminais sobre o assunto. Em seus primeiros artigos já é possível identificar o conceito
de organização criminosa. A esse respeito, a lei menciona:
Art. 1 Esta lei define a organização criminosa e estabelece a investigação criminal,
os métodos de obtenção de provas, os tipos de criminosos conexos e o procedimen-
to penal a aplicar.
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pesso-
as organizadas estruturalmente e caracterizadas pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, qualquer vanta-
gem de qualquer natureza, por meio da prática de crimes. crimes cuja pena máxima
ultrapasse 4 (quatro) anos, ou que tenham caráter transnacional. […] (BRASIL, Lei
de 2 de agosto de 2013, nº. 12.850).
Nesse ponto percebe-se que a lei carrega uma identificação, para diferenciar o caso excepci-
onal do caso comum, no raciocínio de Jakobs (1985), o caso do cidadão e do inimigo.
 16
Há a identificação do inimigo, bem como a disponibilidade de meios especiais para com-
batê-lo. Não há necessidade de investigar essa lei em profundidade, mas vale lembrar os meios de
investigação disponíveis, que trata de:
Colaboração remunerada; captura ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos; ação controlada, acesso a registros de chamadas telefônicas e telemáti -
cas, a dados cadastrais contidos em bases de dados públicas ou privadas e a infor -
mações eleitorais ou comerciais; interceptação de comunicações telefônicas e tele-
máticas, conforme legislação específica; a abolição do sigilo financeiro, bancário e
fiscal, nos termos de legislação específica; infiltração policial no trabalho de inves-
tigação; e cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e mu-
nicipais na busca de provas e informações de interesse para a investigação ou in-
vestigação criminal. (BRASIL, Lei de 2 de agosto de 2013, nº. 12.850).
Outra norma que permite identificar os aspectos do Direito Penal do Inimigo em nosso orde-
namento jurídico é a Lei n. 12.694/13, que trata do processo e julgamento colegiado em primeiro
grau de jurisdição dos crimes cometidos por organizações criminosas. A lei demonstra o poder que
as organizações criminosas têm sobre a nação, e que esse aspecto é reconhecido pelo Estado, haja
vista que o inimigo, além de colocar em risco toda a estrutura do Estado e seus cidadãos, também
profere ameaças diretas contra o judiciário, que desempenha a função fundamental de processar e
punir esses criminosos. Ela legisla no sentido de formar um colégio para julgar casos envolvendo
crimes cometidos por organizações criminosas. Além disso, busca criar a figura do "juiz sem ros-
to", o que não é novidade no ordenamento jurídico mundial e visa proporcionar, em situações de ex-
cepcional gravidade, segurança aos magistrados que atuam em casos de crime organizado e organi-
zações criminosas de qualquer natureza. Isso mostra o que a teoria vem pregando desde 1985, o ini-
migo não aceita os parâmetros da sociedade, nem está sujeito aos paradigmas impostos pelo Contra-
to Social, nem mesmo durante o processo penal, por isso é necessário tomar medidas como essa.
Esta é a definição mais clara de inimigo e, portanto, é necessário um tratamento especial.
Porém, a coisa não para por aí, ainda há a Lei n. 6.806/07 do Estado de Alagoas, que cria a
17ª Vara Criminal da Comarca de Maceió, com competência exclusiva para processar e julgar os
crimes cometidos por organizações criminosas no território alagoano. O tribunal é composto por
cinco juízes, todos indicados e designados pelo presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, justa-
mente para estabelecer a figura do juiz “sem rosto”.
Por fim, vale citar a Lei n. 9.614/98, que acrescentou os parágrafos 1º e 2º ao artigo 303 do
Código Aeronáutico Brasileiro, que disciplina a hipótese de destruição de aeronaves hostis no espa-
ço aéreo brasileiro. Primeiramente, destaca os casos em que o avião pode ser parado quando estiver
em território brasileiro:
Art. 303. A aeronave poderá ser retida pelas autoridades aeronáuticas, pela Fazenda
ou pela Polícia Federal, nos seguintes casos:
 17
I – se voar no espaço aéreo brasileiro em desacordo com convenções ou atos inter-
nacionais, ou autorizações para esse fim;
II – se, ao entrar no espaço aéreo brasileiro, não for respeitada a obrigatoriedade de
pouso em aeroporto internacional;
III – para exame de certidões e demais documentos essenciais;
IV – verificar seus bens em caso de limitações legais (art. 21) ou proibição de
transporte de equipamentos (art. 21, parágrafo único);
V – para apuração de atos ilícitos […] (BRASIL, Lei de 19 de dezembro de 1986,
n. 7.565).
Assim, percebe-se que alguns de nossos legisladores aderem ao Direito Penal do Inimigo,
pois legislaram no sentido de defender o Estado de forma extrema contra o inimigo, deixando de
lado os direitos criminais e processuais. Anteriormente, ele havia estabelecido a hipótese excepcio-
nal e combinado uma medida de segurança extrema em favor da nação. Vejamos o que a referida lei
acrescenta ao artigo 303:
§ 2º Esgotados os meios coercitivos previstos em lei, a aeronave será classificada
como hostil, ficando sujeita à disposição de destruição, nos casos previstos nos pa-
rágrafos do caput deste artigo e condicionada à autorização do Presidente da Repú-
blica ou autoridade por ele delegada.
§ 3º A autoridade mencionada no §1º responde pelos seus atos quando agir com ex-
cesso de poder ou com espírito de emulação. (BRASIL, Lei nº 9.614, de 5 de mar-
ço de 1998).
Este é o ápice da manifestação do Direito Penaldo Inimigo no ordenamento jurídico brasi-
leiro, o legislador preocupou-se com o grau de perigo que a situação poderia oferecer à sociedade e
determinou a respectiva medida a ser tomada. Isso demonstra claramente o que a teoria propõe, es-
tabelecendo o “castigo” como medida de segurança da sociedade contra o inimigo.
Essas leis têm sido uma ferramenta fundamental no combate ao crime organizado, tornando-
se cada vez mais comuns em regiões onde as facções criminosas estão fortemente envolvidas. Dessa
forma, perdeu-se seu caráter intimidador, a ponto de reviver os anos 90, quando havia uma lei re-
pressiva que promovia a impunidade, onde não se temia a sanção relativa à infração.
As leis atualmente funcionam, no entanto, apenas para as situações que os combatentes do
crime organizado vivenciam diariamente, então é necessário tentar mostrar o quanto uma instituição
deve ser mais rígida quando a nação enfrenta um ambiente hostil.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho foi realizado por meio do método dialético e análise bibliográfica, que buscou
evidenciar aspectos que sustentem uma perspectiva de futuro na aplicação do direito penal.
Conceituou-se o Direito Penal do Inimigo e seus principais fundamentos filosóficos, de-
monstrou-se que é possível aplicar as respectivas teses, mesmo que já existam manifestações dela
em nosso sistema atual.
 18
O trabalho mostrou que há algum tempo se falava em tratamento excepcional para crimes
contra a soberania do Estado. Ao longo dos tempos e povos que transcenderam o direito penal, as-
pectos relacionados a esse tema foram sendo destacados e, assim, chegou-se ao direito penal brasi-
leiro contemporâneo.
O “Direito Penal do Inimigo” de forma discreta e silenciosa vem ganhando espaço em nosso
ordenamento jurídico. Neste trabalho foram destacados os pontos salientes da distinção entre esses
dois direitos que, segundo Jakobs (1985), caminham juntos no mesmo patamar jurídico. Destacou-
se a distinção e classificação dessas duas tendências, os métodos de aplicação e as críticas a essa
nova teoria.
De acordo com essa teoria, entende-se que há um direito penal do cidadão, encarregado de
punir os culpados que cometeram crimes e terá como objeto a contradição, enquanto no direito pe-
nal do inimigo tem como seu objeto é a eliminação de um perigo para a sociedade, o indivíduo será
punido por ser perigoso.
Foi imprescindível conhecer os pilares que sustentam a tese do Direito Penal do Inimigo
para aplicá-los em nosso ordenamento jurídico. As leis que tratam do crime organizado, bem como
seus procedimentos investigativos, são vitais para a materialização dos conteúdos abordados neste
trabalho. A lei da hipótese de destruição de aeronaves funciona como um forte suporte ao abordar a
questão da influência da lei penal do inimigo em nosso sistema, isso porque o Estado mostrou o
quanto está disposto a ir em defesa da nação.
O principal objetivo do trabalho é demonstrar que o Estado está realmente preparado para
enfrentar o combate ao crime organizado, porém, apenas quando se trata de práticas usuais.
As pessoas consideradas “inimigas” do Estado não estarão protegidas com os direitos ine-
rentes às pessoas singulares tributadas como “cidadãos”. Os “inimigos” serão punidos de forma di-
ferente dos “cidadãos”, terão sua punição antecipada e serão criadas leis ainda mais rígidas para
essa clientela, além de outras distinções.
O criminoso, aquele que ainda pode se definir como cidadão, rompe o contrato social com
sua prática criminosa. Sendo a lei eficaz para estas situações, uma vez que as leis foram criadas para
combater as infracções em todas as suas áreas, desde as mais ínfimas, que são regidas pela Lei nº.
9.099/95, mesmo as mais perigosas que são exercidas por expoentes de facções criminosas presen-
tes em todo o território nacional que buscam poder e dinheiro e são regidas pelas Leis n. 12.850/13
e 12.694/07.
Diante de tudo isso, este trabalho apresentou aos seus leitores a inexistência de um instituto
jurídico que legislasse no sentido de repressão aos ataques à estrutura estatal e à segurança direta da
população.
 19
Por isso a tese foi formulada para concretizar uma perspectiva semelhante à da instituição da
guerra, mas voltada para os cidadãos, que podem ser chamados de inimigos do Estado e de seu
exercício soberano.
Há vários autores que discordam da introdução dessa nova teoria em nosso ordenamento ju-
rídico, mas em vez de repudiar essa tese dos opositores citando um alto teor ofensivo e anticasual,
seria melhor que passassem a pensar globalmente proteção que daria.
Conclui-se, portanto, que o Direito Penal do Inimigo deve suscitar diversas considerações,
diante de críticas carentes de propostas ou soluções alternativas para o problema.
Ressalte-se também que não é possível distinguir cidadão e inimigo dentro de um Estado
Democrático de Direito, pois não é possível se afastar do Direito Penal, não havendo um sistema es-
pecífico e seguro para sua aplicação, oferecendo, portanto, soluções racionais, proporcionadas e efi-
cazes para a solução de eventos gravíssimos que se repetem dia após dia, semeando o medo na soci-
edade, com o sentimento de impunidade que paira sobre nós, e que acabam por destruir o Estado
Democrático de Direito, que equivale à segurança pública. Portanto, os inimigos hoje são narcotra-
ficantes, assassinos, terroristas, funcionários públicos corruptos, que se espalham por toda a socie-
dade.
Parece que no passado o Direito Penal se dedicava à perseguição de inimigos imaginários,
como forma de controle social, mas hoje os inimigos são outros, o Brasil não pode mais viver de
passado, e é evidente que toda sociedade muda pois, assim como eles mudam, mudam os crimino-
sos. Desta forma, nada mais correto do que a ordem jurídica muda junto com eles.
REFERÊNCIAS
ANDRADE E SOUZA, Paula de. O Direito Penal do Inimigo e o Garantismo Penal. Orientador: 
Guilherme Sandoval, Mônica Areal, Néli Fetzner, Nelson Junior, Rafael Iorio. 2012. 24 p. Artigo 
Científico (Especialização em Direito Penal) - Escola de Magistratura do Rio de Janeiro, Rio de Ja-
neiro, 2012.
Cf. BIZARRIA, Breno Timbó Magalhães. O Direito Penal do Inimigo aplicado a um Estado De-
mocrático de Direito. Disponível em: < http://www.mpce.mp.br/esmp/publicacoes/Edital-n-03-
2012/Artigos/Breno-Timbo-Magalhaes-Bizarria.pdf > Acesso em: 01.09.2021.
MORAES, Alexandre Rocha Almeida de. A Terceira Velocidade do Direito Penal: o ‘Direito Pe-
nal do Inimigo’. 2006. 327 p. Dissertação (Mestrado em Direito Penal) - Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo, São Paulo, 2006.
MOURA, Aline Cristine Boska de; Vargas, Ana Paula Ovçar. Direito Penal Do Inimigo E A Legis-
lação Brasileira. 14p. Ibaiti, 2009.
 20
GRECCO, Rogério. O Direito Penal do Inimigo. (artigo). Disponível em: <http://www.rogeriogre-
co.com.br/?p=1029>. Acesso em 01.09.2021.
JAHNS, Alexia Emely; BOEIRA, Adriana. O DIREITO PENAL DO INIMIGO: UMA ANÁLI-
SE SOB A ÓTICA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA. Jornada Integrada de Direito e Ciências
Contábeis do Centro Universitário FAG, Cascavel, 2021.
JAKOBS, Günther; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito Penal do inimigo: noções e críticas org. e 
trad. André Luís Callegari, Nereu José Giacomolli. 6. ed. atual. e ampl., 2. tir. – Porto Alegre: Livra-
ria do Advogado Editora, 2012.
JAKOBS, Günther. Terroristas como pessoas de direitos? Zeitschrift für die gesamte Strafrech-
tswissenschaft (ZStW), 117, 2005.
MORAES, Alexandre Rocha Almeida de. Breves considerações sobre o “direito penal do inimi-
go”. Ministério Público do Estado de São Paulo – Boletim de jurisprudência. Ano 2 – número 21 – 
1º a 15 de arco de 2009.
NERY, Déa Carla Pereira, e José Renato Oliva de MATTOS FILHO. “DIREITO PENAL DO INI-
MIGO X DIREITO PENAL DO CIDADÃO”. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito de 
Franca 9, n.º1 (junho de 2014): 35–73.
TURQUETTO, Suelen Marques; COIMBRA, Mario. Direito Penal do “Inimigo” – A Diferença 
Entre Os Criminosos Ordináriose os Inimigos do Estado. 10p. Toledo, 2010.
ZAFFARONI, Eugênio Raúl. O inimigo no Direito Penal. Tradução de Sérgio Lamarão. 2. ed. Rio 
de Janeiro: Revan, 2007.

Outros materiais