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SERVIÇO SOCIAL

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ÂNGELA VIEIRA- 
 Coordenadora de Educação IDAAM-POSGRADO 
Profª. Mestra em Educação e Psicóloga - CRP 0687- 20ª região. 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC 
CURSO: DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR 
ALUNO: SAMARA BRENAIRE PINHEIRO DA ROCHA 
TURMA: DC76A 
ANO: 2018 
TEMA: PLANO DE ENSINO E APOSTILA TEMÁTICA 
 
2 
 
COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO 
PROJETO BÁSICO PARA TCC 
ALUNO: SAMARA BRENAIRE PINHEIRO DA ROCHA 
TURMA: DC76A ANO: 2018 
SUMÁRIO 
PÁG 
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................03 
1- O QUE É PLANO DE ENSINO........................................................................................................04 
2- IMPORTÂNCIA DO PLANO DE ENSINO........................................................................................05 
3- PLANO DE ENSINO.....................................................................................................................06 
4-APOSTILAS..................................................................................................................................09 
4.1 – MÓDULO I: CAPITALISMO, QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL............................................11 
4.1.1. A SOCIEDADE CAPITALISTA E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL.........................................11 
4.1.2. PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS NA ORDEM DO CAPITAL........................13 
4.1.3. O ESTADO NA ERA DOS MONOPÓLIOS...................................................................................16 
4.1.4. A QUESTÃO SOCIAL: OBJETO DE INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL.....................................18 
4.1.5. SERVIÇO SOCIAL: CONCEITOS RELEVANTES............................................................................20 
4.2-MODULO II: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL.....................................................23 
4.2.1. O INÍCIO DE UMA GRANDE JORNADA....................................................................................23 
4.2.2. SERVIÇO SOCIAL NA AMÉRICA LATINA...................................................................................25 
4.2.3. A CHEGADA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL..........................................................................29 
4.2.4. AS PRIMEIRAS ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL.........................................................32 
4.3-MÓDULO II: O SERVIÇO SOCIAL E O MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO.................................35 
4.3.1. ROMPENDO COM O CONSERVADORISMO.............................................................................35 
4.3.2. SEMINÁRIOS IMPORTANTES NO MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO....................................37 
4.3.2.1 SEMINÁRIO DE ARAXÁ........................................................................................................37 
4.3.2.2 SEMINÁRIO DE TERESÓPOLIS..............................................................................................41 
4.3.2.3 SEMINÁRIO DE SUMARÉ E ALTO DE BOA VISTA...................................................................44 
4.4- MODULO IV: AS BASES DO SERVIÇO SOCIAL AO LONGO DA HISTÓRIA....................................47 
4.4.1. POSITIVISMO.......................................................................................................................47 
4.4.2. FENOMENOLOGIA................................................................................................................49 
4.4.3. NEOTOMISMO.....................................................................................................................51 
4.4.4. MATERIALISMO HISTÓRICO- DIALÉTICO................................................................................53 
5- BIBLIOGRAFIAS UTILIZADAS......................................................................................................58 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
Atualmente a área da educação vem crescendo de forma cada vez mais acelerada, dessa 
forma, profissionais das mais diversas áreas vislumbram uma grande oportunidade de 
ingresso no mercado de trabalho e também de realização profissional, dessa forma, buscam 
mergulhar nesse cenário tão importante da sociedade, a Docência no Ensino Superior, mas, 
adentrar nesse campo de atuação requer uma preparação específica, pois a docência na 
educação superior, apesar de encantadora, é uma tarefa complexa que exige o exercício de 
múltiplos saberes e para isso é necessário que além aprimorarmos conhecimentos específicos 
da área, tenhamos embasamento teórico e prático, ou seja, aspectos profissionais, 
pedagógicos, humanos e formativos da área docente. 
Neste trabalho de conclusão será apresentada a percepção adquirida quanto a conhecimentos 
pedagógicos importantes para o desenvolvimento das atividades quanto docentes no ensino 
superior, faremos um breve relato do que é um plano de ensino e a sua importância para 
fortalecimento e otimização da prática profissional, acompanhado a isso, traremos uma 
apostila de Fundamento Históricos Teóricos e Metodológicos – FHTM, voltada para o curso 
de Serviço Social, que fará um aparato histórico da profissão. 
A formação para docentes no ensino superior acontece de forma categórica e seus 
conhecimentos específicos são considerados extremamente necessários e valorizados diante a 
avaliação nas instituições e esse preparo só evidencia a intensidade da construção da 
identidade desses profissionais críticos, reflexivos e competentes no ensino superior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. O QUE É PLANO DE ENSINO? 
 
O Plano de Ensino é um plano de ação que registra o planejamento das ações pedagógicas 
para o componente curricular durante o período letivo. É um instrumento didático-pedagógico 
e administrativo de elaboração e uso obrigatórios. Sendo planejamento, o plano de ensino 
também é estratégico, reflexivo, crítico e dinâmico, devendo, no decorrer de seu percurso de 
aplicação, ser revisado, questionado e aprimorado. 
É importante colocar em evidência que esse planejamento deve considerar as condições 
atuais, experiências anteriores, aspectos contextuais e pensamentos filosóficos, culturais, 
econômicos e políticos de quem está planejando e com quem se está planejando. 
Este plano vem tratar de decisões do tipo: o que se pensa em fazer, como fazer, quando fazer, 
com que fazer, com quem fazer. Para que esse plano exista é importante que haja um diálogo 
quanto aos fins e objetivos, para assim chegar ao nível mais alto dos mesmos. 
O plano de ensino deve conter os dados de identificação da disciplina, ementa, objetivos, 
conteúdo programático, metodologia, avaliação e bibliografia básica e complementar da 
disciplina e deve ser apresentado aos alunos até o primeiro dia de aula daquela atividade, via 
Portal do Aluno, podendo também ser entregue em sala de aula ou por e-mail. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2. QUAL A IMPORTÂNCIA DO PLANO DE ENSINO? 
 
É com base no plano de ensino que o professor irá preparar suas aulas e organizar um 
cronograma com o conteúdo programático. A elaboração do Plano de Ensino visa facilitar o 
acompanhamento do planejamento pedagógico dos cursos por parte da coordenação, direção e 
alunos, permitindo a divulgação das metodologias e dos critérios a serem adotados e dos 
conteúdos de cada componente curricular dos cursos, ele facilita e incentiva a 
interdisciplinaridade no planejamento pedagógico. 
Dessa forma, o plano de ensino é importante para ambas às partes, para o professor que terá 
um planejamento condizente com o que lhe é determinado e poderá desenvolver aulas de 
qualidade e para os alunos que poderão conhecer de antemão o que será trabalhado durante o 
período letivo e como serão desenvolvidas as aulas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
3. PLANO DE ENSINO 
PLANO DE ENSINO 
CURSO SERVIÇO SOCIALDISCIPLINA FHTM I 
PROFESSOR SAMARA BRENAIRE 
Nº DE CRÉDITOS 4 CARGA HORÁRIA 80 HORAS 
MARCO REFERENCIAL 
PERFIL DO 
EGRESSO 
O curso de Serviço Social prepara profissionais para atuarem frente 
às expressões da questão social, formulando e implementando 
propostas de intervenção para seu enfrentamento, com capacidade 
de promover o exercício pleno da cidadania e a inserção criativa e 
propositiva dos usuários do Serviço Social no conjunto das relações 
sociais e no mercado de trabalho. 
CONTEXTUALIZAÇÃO 
DA 
DISCIPLINA 
A disciplina de FHTM I possibilita ao aluno contextualizar 
historicamente, politicamente, economicamente e socialmente a 
trajetória do serviço social, identificando as direções teórico-
metodológicas que o Serviço Social percorreu dos primórdios até a 
atualidade, bem como as concepções e perspectivas de autores 
contemporâneos frente a seu processo de renovação. 
EMENTA 
Serviço social; Aspectos históricos; Capitalismo; Conservadorismo; 
Ruptura; Questão Social; 
MARCO OPERACIONAL 
OBJETIVO GERAL DA 
DISCIPLINA 
Definir a trajetória histórica do Serviço Social e seu processo de 
institucionalização, analisando sua prática profissional frente às 
perspectivas modernizadoras. 
 
7 
 
OBJETIVOS 
ESPECÍFICOS DA 
DISCIPLINA 
 Apontar o significado social da profissão e do seu 
desenvolvimento sócio histórico; 
 Explicar o surgimento do serviço social em meio às relações 
sociais capitalistas; 
 Narrar o movimento histórico da sociedade na América 
Latina e no Brasil, apreendendo as particularidades do serviço 
social do serviço social, sob influência americana e européia; 
 Debater o movimento de reconceituação; 
MÉTODOS Aulas expositivas; Discussão em pequenos grupos;Brainstorming. 
RECURSOS Notebook; Data show; Vídeos;Ambiente Virtual. 
 UND ASSUNTO 
CONTEÚDO 
PROGRAMÁTICO 
I 
UNIDADE I: Capitalismo, questão social e serviço 
social. 
II 
UNIDADE II: A trajetória histórica do serviço 
social. 
III 
UNIDADE III: O Serviço Social e o movimento 
de reconceituação. 
IV 
UNIDADE IV: As bases do serviço social ao 
longo da história. 
AVALIAÇÃO 
a) PARCIAL 1-Debates em grupo e Entrega de relatórios. 
b) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 1 –Prova Escrita Individual. 
c) PARCIAL 2 - Atividades em grupo a cada aula. 
d) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 – Prova Escrita Individual. 
REFERÊNCIAS 
BÁSICAS 
Albonette, Eliana Aparecida Gonçalez. Serviço social no Brasil: 
panorama histórico e desafios [livro eletrônico]. Curitiba: 
InterSaberes, 2017.(Série Metodologia Do Serviço Social) 2Mb; PDF 
Iamamoto, Marilda e CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço 
Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-
metodológico. 41.ed. São Paulo, Cortez: CELATS, 2014. 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
COMPLEMENTARES 
Alves, Marcia Oliveira. Desafios Históricos do serviço social [livro 
eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 2016.(Serie Metodologia do 
Serviço Social) 2Mb; PDF 
Netto, José Paulo. Ditadura e serviço social: uma análise do serviço 
social no Brasil pós-64. 8a.ed. São Paulo: Cortez, 2005. 
FONTES DA 
INTERNET 
GRANEMANN, Sara. O processo de produção e reprodução social: 
trabalho e sociabilidade. Disponível em < 
http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/s709726Gx6l8W29E12Si.pdf
> 
SCHER, Aline Juliana. O que é serviço social?Fundamentos da 
profissão no Brasil e desafios atuais para o Exercício profissional. 
Disponível em <http://cac-
php.unioeste.br/eventos/servicosocialunioeste/docs/edicao_atual/Sche
r.pdf> 
Serviço Social em Revista / publicação do Departamento de Serviço 
Social, Centro de Estudos Sociais Aplicados, Universidade Estadual 
de Londrina. – Vol. 4 n. 1 (Jul/Dez. 2001)-. –Londrina: Ed. UEL, 
2003. Disponível em <http://www.uel.br/revistas/ssrevista/n1v4.pdf> 
SILVA, Anália Barbosa da; SILVA, Diego Tabosa da; JUNIOR, 
Luiz Carlos de Souza. O serviço social no Brasil: das origens à 
renovação ou o “fim” do “início”. Disponível em: <http://cress-
mg.org.br/hotsites/Upload/Pics/ec/ecd5a070-a4a6-4ba1-8e4a-
81b016479890.pdf> 
http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/s709726Gx6l8W29E12Si.pdf
http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/s709726Gx6l8W29E12Si.pdf
http://cac-php.unioeste.br/eventos/servicosocialunioeste/docs/edicao_atual/Scher.pdf
http://cac-php.unioeste.br/eventos/servicosocialunioeste/docs/edicao_atual/Scher.pdf
http://cac-php.unioeste.br/eventos/servicosocialunioeste/docs/edicao_atual/Scher.pdf
http://www.uel.br/revistas/ssrevista/n1v4.pdf
http://cress-mg.org.br/hotsites/Upload/Pics/ec/ecd5a070-a4a6-4ba1-8e4a-81b016479890.pdf
http://cress-mg.org.br/hotsites/Upload/Pics/ec/ecd5a070-a4a6-4ba1-8e4a-81b016479890.pdf
http://cress-mg.org.br/hotsites/Upload/Pics/ec/ecd5a070-a4a6-4ba1-8e4a-81b016479890.pdf
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA 
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS TEÓRICOS E 
METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
FHTM 
 
10 
 
Prezados alunos, 
Esta apostila, direcionada ao curso de Serviço social, disciplina de FHTM, 
está divida em 4 módulos: 
 
MÓDULO I: Capitalismo, questão social e serviço social. 
MÓDULO II: A trajetória histórica do serviço social. 
MÓDULO III: Serviço social e o movimento de reconceituação. 
MÓDULO IV: As bases do serviço social ao longo da história. 
 
Ao final da disciplina, você será capaz de atingir os seguintes objetivos: 
 
 Contextualizar historicamente, politicamente, economicamente e 
socialmente a trajetória do serviço social em diversos momentos no 
mundo; 
 Analisar a direção das Políticas Sociais; 
 Identificar as direções teórico-metodológicas que o Serviço Social 
percorreu ao longo de sua trajetória histórica; 
 Examinar os paradigmas de autores contemporâneos e sua influência nas 
análises efetuadas por intelectuais assistentes sociais. 
 Entender o porquê da erosão do Serviço Social Tradicional e compreender os 
elementos que conduzem ao processo de renovação do Serviço Social. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 

Mais-valia: é o trabalho 
excedente apropriado do 
trabalhador em seu processo 
de trabalho, constituindo a 
base de lucro do capitalista. 

 
4.1. MÓDULO I: CAPITALISMO, QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL 
 4.1.1. A SOCIEDADE CAPITALISTA E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL 
A sociedade produz por meio do trabalho e o modo de produção está associado à maneira 
como essas relações sociais são determinadas, através da história podemos identificar que 
essas relações são marcadas pela exploração do homem sobre o homem. 
O capitalismo surge na queda da sociedade feudal na Europa e passou por diferentes estágios 
evolutivos, porém, sem nunca abandonar sua essência, a propriedade privada dos meios 
fundamentais de produção e a apropriação privada da riqueza 
socialmente produzida. 
 O capitalismo se expressa na busca 
incessante por lucros mediante a 
troca de mercadorias e a acumulação 
de capital. Esse processo ocorre por 
meio da mais-valia e da consequente 
exploração do capital sobre o 
trabalho, desdobrando-se em variadas expressões da questão social, 
enraizadas classicamente na desigualdade social e na pauperização da classe trabalhadora. 
Iamamoto e Carvalho (2014, p.77), nos definem muito bem o conceito quanto a questão 
social: 
A questão social não é senão as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da calasse operaria e de seu ingresso no cenário politico da 
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do 
Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o 
proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais 
além da caridade e repressão. 
 
Vamos conhecer os estágios do capitalismo? 
 
 
12 
 
1° Estágio:PRÉ-CAPITALISTA, também denominado de acumulação primitiva do 
capital, surgiu no século XVI indo até meados do século XVII. Aqui iniciou-se oprocesso capitalista de produção, como a introdução da manufatura e do 
comércio mercantil, dá-se a origem ao trabalho livre, assalariado. 
2° Estágio:CAPITALISMO CONCORRENCIAL, esse foi o período da 
expansão da manufatura, introdução de maquinas e de novas invenções, 
avanços científicos e tecnológicos, enfim, a consolidação da indústria 
moderna, com um amplo avanço industrial e desenvolvimento das forças 
produtivas em um sistema produtivo pautado na concorrência entre 
capitais, favorecendo a criação e a ampliação de monopólios. 
 
3° Estágio: IMPERIALISMO, este tem como 
objetivo principal a formação de monopólios e 
perdura até os dias atuais. O crescimento 
desproporcional entre os diversos ramos da 
produção capitalista e as formas desleais de 
concorrências abrem espaço para que os 
capitalistas façam acordos entre si, eliminem as 
desvantagens e ampliem suas margens de lucro. 
O desenvolvimento de novas tecnologias foi sendo 
aprimorado ao longo das décadas, porém o sistema 
capitalista não ficou isento de enfrentar uma de suas 
piores crises: a superprodução industrial e a crise do 
petróleo. Para que essa fase fosse superada, o capital 
promoveu a chamada “reestruturação produtiva” no 
setor industrial, este reorganizou seu sistema de 
produção fabril antes fordista para o toyotista. 
Há uma relação na qual o Serviço Social está 
naturalmente vinculado com a “questão social”, que foi demarcado pelas ações 
assistencialistas e filantrópicas alicerçadas na doutrina social da Igreja Católica considerada 
como suas protoformas, enfocando, sobretudo, questões de natureza moral e orientação 
conservadora baseada no Neotomismo. A priori, os Assistentes Sociais trabalhavam 
● ● ● 
A formação de 
monopólios é resultado 
da concorrência 
desenfreada entre 
capitalistas. Os capitais 
grandes esmagam os 
pequenos. 
● ● ● 
 
 
13 
 
principalmente nas instituições da Igreja Católica, fortemente ligado ás origens da profissão. 
Portanto, o Serviço social tem sua gênese do antagonismo entre os interesses da classe 
trabalhadora assalariada e da burguesia. 
A Profissão é uma resposta ao acirramento das contradições capitalistas em sua fase 
monopolista, para o “controle” da classe trabalhadora e a legitimação dos setores dominantes 
e do Estado, sendo estes profissionais, absorvidos pelas instituições do Estado que se 
organizavam para enfrentar a “questão social”. Passando o Estado a ser então o seu grande 
empregador. Com as mobilizações e reivindicações da classe trabalhadora nas primeiras duas 
décadas do século passado, abre-se o debate sobre a “questão social” em toda sociedade o que 
obriga o Estado, a Igreja e a burguesia através de um pacto político a se posicionarem diante 
dela. 
“Segundo Netto, o surgimento do Serviço Social como profissão, está vinculado à emergência 
da “questão social”, esta é conceituada por Netto como o conjunto de problemas políticos, 
sociais e econômicos que reclamados pela classe operária no curso da consolidação do 
capitalismo; portanto a “questão social” está atrelada aos conflitos da relação 
capital/trabalho”.( Netto, 1992) 
 
4.1.2. PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS NA ORDEM DO 
CAPITAL 
A capacidade de produzir coisas pelo trabalho nas diferentes sociedades sempre esteve 
subordinada às relações sociais construídas pelos seres sociais, ainda que as justificativas para 
a permanência dos diferentes arranjos societários muitas vezes tenha invocado relações 
baseadas no sangue e na hereditariedade ou em divindades para explicar o poder e a 
realização da vontade das classes dominantes, em nome de 
relações que somente na aparência mistificadora por elas assumida 
legitimavam a ordem social como natural e, portanto, não 
passíveis de transformações e de questionamentos. 
No entanto, com o desenvolvimento do modo capitalista de 
produzir os bens necessários à vida humana, as relações sociais 
tiveram, contraditoriamente, de assumir seu caráter social e o 
 
14 
 
trabalho passou a ser obra de contrato livremente acordado entre os homens sem outras 
mediações, como a herança genética, as divindades e os heroísmos outorgantes de lugares 
privilegiados nas diferentes estruturas sociais. 
O contrato é estabelecido entre dois sujeitos no modo de 
produção capitalista do seguinte modo: de um lado, está 
o possuidor de dinheiro, dito capitalista, que precisa 
encontrar no mercado uma mercadoria com 
características peculiares, especiais, de modo que as 
coisas produzidas no processo capitalista de produção 
tenham capacidade de, ao final, alcançarem mais valor 
do que aquele injetado pelo capitalista na produção no 
seu momento inicial; de outro lado, está a força de 
trabalho compreendida por Marx (1988, p. 187) como “o conjunto de faculdades físicas e 
mentais, existentes no corpo e na personalidade viva de um ser humano, as quais ele põe em 
ação toda a vez que produz valores-de-uso de qualquer espécie”. 
Ao estabelecerem relações sociais estes dois sujeitos – que aqui simbolizam relações e 
interesses de diferentes classes sociais – defrontam-se reciprocamente como possuidores de 
mercadorias, comprador e vendedor da força de trabalho. Nessa relação reside marca 
particular da sociedade capitalista: relações sociais são convertidas em relações econômicas 
quando a força de trabalho é cedida pelo vendedor (o trabalhador) ao comprador (o 
capitalista) como mercadoria, por tempo determinado sem que o vendedor renuncie a sua 
propriedade. 
As relações sociais próprias do modo capitalista de produção de mercadorias são, como 
lembra Marx, produtos de um largo desenvolvimento histórico e econômico anterior que fez 
desaparecer todas as anteriores formas de produção social, para que se constituísse a força de 
trabalho livre. Em O Capital o trabalhador é livre em dois sentidos: 
 
[...] o de dispor como pessoa livre de sua força de trabalho como sua mercadoria, e o 
de estar livre inteiramente despojado de todas as coisas necessárias à materialização 
de sua força de trabalho, não tendo além desta outra mercadoria para vender. 
(MARX, 1988, p. 189). 
 
15 
 
Estabelecida a relação entre comprador e vendedor da 
força de trabalho abre-se um novo período da história 
social humana no qual os bens necessários à vida 
humana também serão produzidos como mercadorias. 
Mercadejar com a força de trabalho é o ato inaugural 
da sociedade capitalista que deve se produzir e 
reproduzir constantemente, em escalas cada vez 
maiores, com a pretensão de estender-se para o 
conjunto da vida social e de todas as suas expressões. 
A resultante desta primeira compra e venda é a de que os produtos produzidos pela força de 
trabalho, no período em que está cedida ao capital, são mercadorias porque elaborados para 
serem vendidas pelo capitalista que, além de proprietário da força de trabalho em ação, é 
também o proprietário dos produtos construídos pela força de trabalho no tempo, ao longo da 
duração da jornada em que o trabalhador está sob o comando do capitalista, conforme o 
estabelecido no contrato firmado por ambos. 
Numa sociedade orientada por um tal modo de produção, o arranjo produtivo faz os trabalhos 
privados de diferentes tipos atuarem apenas como partes componentes do conjunto, sem que a 
articulação da totalidade social seja efetivada pelos 
trabalhadores. Ao contrário, a soma das partes 
realiza-a o capital, inclusive como forma de 
elevar a produtividade e controlar os 
movimentos da classe trabalhadora para que 
ela não lute pela superação dessa condição de 
desumanização do trabalho e dos trabalhadores. 
A sociabilidade contida em um modo de produção que transforma tudo em mercadorias, a 
começar pela força de trabalho, tem como seu resultado relações sociais e a atividade 
laborativa mesma de produzir os bens e os produtos necessários à vida social, como algo 
penoso, alienado, no qual o próprio produtor não se reconhecenos frutos de seu trabalho. 
Porém, é este trabalho alienado, é à força de trabalho em ação, cotidiana e continuamente 
desumanizada, expurgada do conteúdo de sua segunda natureza que, no modo capitalista de 
produção, é a base do desenvolvimento do capital. Este não existe senão no processo de 
 
16 
 
produção do trabalho excedente, porque o processo imediato de produção do capital é como 
indicou Marx, o processo de trabalho e de valorização que tem por resultado o produto-
mercadoria e, por motivo determinante, a produção de mais valia. 
Assim, o que reproduz o capital é o trabalho, tanto o que se cristaliza nas mercadorias como o 
que repõem os elementos do processo produtivo. É, sobretudo, no trabalho que é produzido a 
maior parte do que lhe é pago, bem como o que é expropriado pelo capitalista do trabalhador, 
o que se denomina por mais valia. É ao trabalho produtor de mercadoria que se imputa a 
reprodução do capital como força capaz de continuamente submeter a força de trabalho para 
que ela reproduza a totalidade da forma social de produção de mercadorias. Essa é a 
sociabilidade possível no modo capitalista. 
 
4.1.3. O ESTADO NA ERA DOS MONOPÓLIOS 
O capitalismo monopolista conduz ao ápice a contradição elementar a socialização da 
produção e a apropriação privada: institucionalizada a produção, grupos de monopólios 
controlando-a por cima de povos e Estados. Dai a refuncionalização e o redimensionamento 
da instância por excelência do poder extra econômico, o Estado. Ele altera suas funções para 
atender a demanda do capital. 
As funções políticas e economias se mesclam, assim, o Estado assume 
múltiplas funções. Como tal, o Estado sempre interveio no processo 
econômico capitalista, o traço intervencionista do Estado, a serviço de 
franjas burguesas revela-se precocemente. No entanto, com o ingresso 
do capitalismo no estagio imperialista, essa intervenção muda 
funcional e estruturalmente. Até então, o Estado atuara em condições 
externas em relação ao produção capitalista. Mas, extremamente, no 
capitalismo monopolista ,as funções políticas do Estado embicam-se 
organicamente com as suas funções econômicas. 
As funções econômicas diretas consistem na atuação do Estado como empresário, a entrega 
de complexos construídos com fundos públicos aos monopólios como os subsídios imediatos 
aos mesmos e a garantia explicita de lucro pelo Estado. Já as indiretas aparecem como 
investimentos públicos em meios de transporte e infraestrutura, preparação institucional da 
 
17 
 

O Estado do Bem-estar também é 
conhecido por sua denominação em 
inglês, WelfareState. Os termos 
servem basicamente para designar 
o Estado assistencial que garante 
padrões mínimos de educação, 
saúde, habitação, renda e 
seguridade social a todos os 
cidadãos. 

 
força de trabalho requerida pelos monopólios e, com saliência 
peculiar,os gastos com com investigação e pesquisa. 
Dentro do capitalismo monopolista, o capital se comporta de 
varias maneira, articulação entre funções econômicas e funções 
políticas do Estado burguês no capitalismo monopolista são uma 
possibilidade de desenvolvimento do capitalismo. A sua 
realização é mediatizada pela correlação das classes e das forças 
sociais em presença, com efeito, as alternativas sócio-políticas do 
capitalista monopolista comportam matizes que vão de um limite a outro – do WelfareStateao 
fascismo. 
O Estado assume no capitalismo monopolista, no que toca às políticas sociais, o papel de 
“conciliador/mediador” entre os interesses dos burgueses e proletários, tornando necessária a 
intervenção prática do Estado desempenhando este na transição do capitalismo concorrencial 
para o capitalismo monopolista, o papel de mediador entre os interesses (antagônicos) de 
ambas as classes sob a égide burguesa. 
No Capitalismo monopolista aqui se maximiza um 
sistema de contradições da ordem burguesa nos traços 
de exploração, alienação e transitoriedade histórica, 
fazendo crescer os preços das mercadorias e serviços, 
elevando as taxas de lucros nos setores monopolizados, 
gerando um consumo abaixo da média e redução na 
taxa de lucro de investimentos gerados pela 
concorrência, economia de trabalho pela inovação 
tecnológica e por fim, o aumento da taxa de 
concorrência de trabalhadores de reserva. A supercapitalização, o capital acumulado cresce 
dificultando sua valorização; o parasitismo instaurado na vida social em razão do monopólio 
se insere nesse cenário. 
O Estado burguês no capitalismo monopolista converte questão social em problemas sociais, nas quais 
as estratégias de classe do Estado monopolista burguês, envolve de forma diferente as perspectivas 
públicas e privadas em termos de questões sociais. 
 
 
18 
 
O Estado então passa a responsabilidade para o individuo, o que era público, torna-se privado 
e posteriormente individual, nesse momento o capital ao mesmo tempo em que reconhece sua 
responsabilidade, coloca a culpa no Estado e da mesma forma converte a questão social em 
problema social no qual o único culpado é o próprio individuo. 
A passagem da moralização da sociedade à individualização dos problemas sociais é um 
processo que enlaça, fornecendo tanto referencias ideais, quanto instrumentos operativos para 
implementar sob as óticas publicas e privadas a intervenção sobre as refrações da questão 
social, a conexão nela estabelecida coloca no patamar compatível com a dinâmica econômico-
social e política da idade do monopólio. O tratamento dos afetados pelas refrações da questão 
social com individualidades sociopáticas funda instituições especificas, o que ocorre é a 
conversão dos problemas em patologias sociais. 
4.1.4. A QUESTÃO SOCIAL: OBJETO DE INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL 
Em 62 anos, 1937 a 1999, o Serviço Social realizou uma 
transformação no interior da profissão. Começou 
creditando aos homens a “culpa” pelas situações que 
vivenciavam, e acreditando que uma prática doutrinária, 
fundamentada nos princípios cristãos, era a chave para a 
“recuperação da sociedade”. 
Chega, em 1999, assumindo uma postura marxiana, 
analisando que a forma de produção social é a causa prioritária das desigualdades, os homens, 
individualmente, não são desiguais, a forma de produção e apropriação do produto social é 
que produz as desigualdades, modo de produção este que deve ser 
reproduzido, para manter a dominação de classe 
O objeto do Serviço Social, no Brasil, tem, historicamente, sido 
delimitado em virtude das conjunturas políticas e sócio-
econômicas do país, sempre tendo-se em vista as perspectivas 
teóricas e ideológicas orientadoras da intervenção profissional. 
Assim, é que, no início do Serviço Social no Brasil, 1937, o objeto 
definido era o homem, mas um homem específico: o homem 
morador de favelas, pobre, analfabeto, desempregado, etc. 
 
19 
 
 Enfim, entendia-se que esse homem era incapaz, por sua própria natureza, de “ascender” 
socialmente. Daí que o objeto do Serviço Social era este homem, tendo por objetivo moldá-lo, 
integrá-lo, aos valores, moral e costumes defendidos pela filosofia neotomista. 
Posteriormente, o Serviço Social ultrapassa a idéia do homem como objeto profissional. 
Passa-se à compreensão de que a situação deste homem – analfabeto, pobre, desempregado, 
etc. – é fruto, não só de uma incapacidade individual, mas, também, de um conjunto de 
situações que merecem a intervenção profissional. O objeto do Serviço Social se coloca, 
então, como a situação social problema: 
“... o Serviço Social atua na base das inter-relações do binômio indivíduo-sociedade. [...] Como prática 
institucionalizada, o Serviço Social se caracteriza pela atuação junto a indivíduos com desajustamentos 
familiares e sociais. Tais desajustamentos muitas vezes decorrem de estruturas sociais inadequadas” 
(Documento de Araxá, 1965, p.11). 
 
A questão social é uma categoria que expressa acontradição fundamental do modo capitalista de produção. 
Contradição, esta, fundada na produção e apropriação da 
riqueza gerada socialmente: os trabalhadores produzem a 
riqueza, os capitalistas se apropriam dela. É assim que o 
trabalhador não usufrui das riquezas por ele produzidas. A 
questão social representa uma perspectiva de análise da 
sociedade. Isto porque não há consenso de pensamento no 
fundamento básico que constitui a questão social. 
IAMAMOTO, (2014, p. 14), define o objeto do Serviço Social nos seguintes termos: 
“Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais 
como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência 
social pública, etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que 
vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e 
produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por 
interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. 
[...] ... a questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do assistente social”. 
É indiscutível a inserção da intervenção do Serviço Social no âmbito das desigualdades 
sociais, ou, mais amplamente, da questão social. Entretanto, considerando a concepção de 
 
20 
 
questão social, é de se perguntar se a mesma, ou suas expressões, podem se constituir em 
objeto de uma única profissão. Estamos partindo da concepção de que o objeto é o que 
demonstra, coloca, a especificidade profissional. 
Ora, entender a questão social como objeto específico do Serviço Social, das duas uma: ou se 
destitui a questão social de toda a abrangência conceitual, ou se retoma a uma visão do 
Serviço Social como o único capaz de atuar nas mudanças/transformações da sociedade. Se 
pensarmos na abrangência da concepção de questão social, concluiremos que as mais diversas 
profissões têm suas atuações determinadas por ela: o médico que atende problemas de saúde 
causados por fome, insegurança, acidentes de trabalho, etc.; o engenheiro que projeta 
habitações a baixo custo; o advogado que atende as pessoas sem recursos para defender seus 
direitos; enfim, os mais diferentes profissionais que, também, atuam nas expressões da 
questão social. 
 
4.1.5. CONHECENDO ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES 
Antes de iniciarmos nosso estudo através da história dessa profissão, vamos conhecer alguns 
conceitos que por vezes trazem confusão entre instituições, sociedade, profissionais e 
principalmente entre os estudantes. Vamos aprender o que é serviço social, assistente social, 
assistência social e assistencialismo. Dúvidas nunca mais! 
 
Afinal, o que é serviço social? 
De acordo com CFESS, 
Depois de concluir o curso, o recém-formado 
precisa se registrar no CRESS do estado em 
que irá atuar. O registro no Conselho Regional 
é obrigatório para exercer a profissão de 
assistente social. 
O Serviço Social se desenvolve como profissão 
reconhecida na divisão social do trabalho, 
enquanto produto do desenvolvimento do 
 
21 
 
capital industrial e da expansão urbana (IAMAMOTO E CARVALHO, 2014). Sendo assim, o 
Serviço Social é uma profissão que se consolida no interior das lutas de classe e que tem, 
portanto, esta realidade social enquanto objeto de intervenção profissional. 
O serviço social está em ampla expansão e é uma profissão cada vez mais requisitada, seja no 
setor público ou no setor privado, no atendimento à população ou na formulação e execução 
de políticas públicas que possibilitam o acesso aos direitos. 
 
O que é um assistente social? 
Você já ouviu falar sobre assistentes sociais? Quem são e o que fazem? Onde trabalham? 
Vamos agora desvendar esse mistério. 
Quem são? 
Assistentes Sociais são profissionais que cursaram uma 
faculdade de Serviço Social (reconhecida pelo Ministério da 
Educação) e possuem registro no Conselho Regional de Serviço 
Social (CRESS) do estado em que trabalham. A profissão é 
regida pela Lei Federal 8.662/1993, que estabelece suas 
competências e atribuições. 
 
O que fazem? 
Analisam, elaboram, coordenam e executam planos, programas e projetos para 
viabilizar os direitos da população e seu acesso às políticas sociais, como a saúde, 
a educação, a previdência social, a habitação, a assistência social e a cultura. 
Analisam as condições de vida da população e orientam as pessoas ou grupos 
sobre como ter informações, acessar direitos e serviços para atender às suas 
necessidades sociais. 
Assistentes sociais elaboram também laudos, pareceres e estudos sociais e realizam 
avaliações, analisando documentos e estudos técnicos e coletando dados e pesquisas. Além 
disso, trabalham no planejamento, organização e administração dos programas e benefícios 
 
22 
 
sociais fornecidos pelo governo, bem como na assessoria de órgãos públicos, privados, 
organizações não governamentais (ONG) e movimentos sociais. 
Assistentes sociais podem ainda trabalhar como docentes nas faculdades e universidades que 
oferecem o curso de Serviço Social. As competências e atribuições privativas dessa categoria 
profissional estão previstas nos artigos 4º e 5º da Lei 8.662/1993. 
 
Onde trabalham? 
Em instituições públicas e privadas. Você pode encontrar 
assistentes sociais trabalhando em ministérios, autarquias, 
prefeituras, governos estaduais, em empresas privadas, hospitais, 
escolas, creches, unidades de saúde, centros de convivência, 
movimentos sociais em defesa dos direitos da mulher, da classe 
trabalhadora, da pessoa idosa, de crianças e adolescentes, de 
lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), negros e 
negras, de indígenas, em organizações não governamentais, em 
universidades públicas e privadas e em institutos técnicos. 
O que é a assistência social? 
A assistência social é uma política pública prevista na Constituição 
Federal de 1988 e também direito de cidadãos e cidadãs, assim 
como a saúde, a educação, a previdência social etc. Esta política é 
regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), 
constituindo-se como uma das áreas de trabalho de assistentes 
sociais. 
O que é o assistencialismo? 
Este se refere à forma de oferta de um serviço por meio de uma 
doação, favor, boa vontade ou interesse de alguém e não como um 
direito. 
 
 
 
23 
 
 4.2. MÓDULO II: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL 
 
4.2.1. O INÍCIO DE UMA GRANDE JORNADA 
 
A trajetória do serviço social vem pautada na relação capital e luta do proletariado que há 
séculos vem quebrando barreiras para vencer as amarras do capitalismo. 
Para iniciarmos esse estudo falaremos um pouco de um momento da história do mundo que 
contribuiu muito para surgimento dessa profissão: A 
revolução industrial. 
A Revolução Industrial no século XIX possibilitou a 
ascensão do capitalismo industrial, o que significava 
para os operários a exploração de suas próprias 
vidas, foi aí que o proletário começou se reconhecer 
como classe. 
“Nas relações que os homens estabelecem através da troca de 
seus trabalhos equivalentes, materializados em objetos, o 
caráter social de seus trabalhos aparece sendo relação entre o 
produtos e seus trabalhos, entre coisas, independentes de seus 
produtores”( IAMAMOTO, 2014, p.34). 
 
O capital, como relação social de produção, tem como característica e condição a expansão de 
valor e a faz, em face de classe assalariada. Diante de tamanha exploração surgiu uma onda 
crescente de manifestações operárias, mas ainda não tinham força organizativa, nem objetivos 
centrados, daí percebeu-se a importância das associações. 
O processo capitalista de produção expressa, portanto, uma maneira historicamente 
determinada de os homens produzirem e reproduziremas condições materiais da 
existência humana e as relações sociais através das quais levam a efeito a produção. 
Neste processo se reproduzem, concomitantemente, as ideias e representações que 
expressam estas relações e as condições materiais em que se produzem, encobrindo 
o antagonismo que as permeia. (IAMAMOTO, 2014, p.30). 
Porém, só através da união massiva dos trabalhadores é que eles ganhariam o direito de se 
reunirem em associações. O movimento dos trabalhadores tornara-se cada vez mais 
 
24 
 
organizado politicamente e o proletário era uma presença marcadamente significativa no 
cenário social. 
 Isso e os enormes problemas sociais produzidos pela expansão do capitalismo causaram uma 
inquietação na burguesia, no sentido de desestabilizar sua ordem social. A burguesia usou 
como estratégia as práticas assistenciais como forma de ratificar tais sujeições e apareceu com 
um falso discurso humanitário baseado na igualdade e na harmonia entre as classes, na 
verdade ela queria se apropriar da prática social para submetê-la aos seus desígnios. 
 
 
O Serviço Social surge, portanto como criação típica do capitalismo, 
articulada com um projeto de hegemonia do poder burguês. As formas de 
assistência vigentes eram repudiadas pelo proletário, que lutava por medidas 
mais amplas de política social. 
 
 
Temerosa e assustada, a classe dominante procurava pensar em estratégias que contivessem as 
ameaças que colocavam em risco as suas propriedades. Assim, diante de tamanha expansão da 
pobreza, já não se podia mais restringir a assistência aos pobres às iniciativas de particulares 
ou da Igreja, era preciso mobilizar o próprio Estado. Foram conferidas às práticas assistenciais 
novos padrões de eficácia e racionalidade. 
A expansão do número de agentes foi notável no último terço do século XIX. No início do 
século XX, o Serviço Social estava presente na maioria dos países europeus e nos EUA. Então 
a Revolução Industrial junto com outros fatores que influenciaram para o surgimento da 
profissão do Serviço Social intensificou muito o trabalho, o desenvolvimento da prática social 
para facilitar o entendimento do que são direitos iguais facilitando a luta e a assistência para 
quem realmente precisa. 
 
 
 
25 
 
4.2.2. SERVIÇO SOCIAL NA AMÉRICA LATINA 
 
O serviço social na América latina teve com referência o continente europeu e norte 
americano, também justificada pela subordinação e dependência dos países latinos a esses 
territórios. Não diferente de outras áreas do saber, a profissão também importa modelos 
utilizados por outros países. 
Em 1925 foi fundada a primeira escola 
de serviço social pelo Dr. Alejandro Del 
Rio que se dedicou a formação desses 
primeiro profissionais, que prestavam 
assessoria medica e elevavam os 
padrões de qualidade desses 
atendimentos, porém entravam na 
categoria de sub profissões. 
 
“É possível perceber a forte presença do termo 
sub profissão (serviço social), o que traz o 
questionamento a cerca de uma ação derivada de uma profissão (medicina). Assim 
cabe destacar que o surgimento de uma profissão nem sempre descreve sua trajetória 
e origem.”(CASTRO, 1987 apud ALVES, 2016, p.47) 
 
O surgimento do serviço social na América Latina vem tangenciado por indagações, 
sobretudo acerca do momento digno de fé de seu status de profissão, e também do momento 
em que a profissão passou a ser reconhecida e formada pela academia. Estampada como uma 
sub profissão, sua gênese, em primeira instancia, estava calcada em procedimento voltados a 
ação social meramente repetidoras de instruções ditadas por outros. 
Contudo cabe destacar que, ao ser institucionalizado pela cátedra no Chile em 1925, a prática 
se tornou uma profissão cuja formação requer nível superior. Mais que um marco 
comemorativo, a institucionalização trouxe consigo um marco reivindicatório de status 
profissional e social. 
 
 
26 
 
“Cabe acrescentar que o processo de trabalho se estrutura à luz de outras 
operacionalizações, ou seja, o então assistente social, é requerido a compor equipes 
de trabalhos cujas bases do “fazer pensar” representam uma hierarquização que 
compromete a autonomia o próprio trabalho, a qual deve ser exposta 
cotidianamente”. (ALVES, 2016, p.48) 
 
Em suma, pode-se dizer que foi uma similitude construída sob o a luz de outra profissão, 
refletindo em um processo de maturação ainda inicial, fortemente vinculado às origens 
européias. O novo que já tinha um papel pré-determinado. 
A profissão, naquela época, se deparou com o surgimento das novas classes 
sociais que eram estimuladas pelos desenfreados meios de produção e 
consequentemente a exploração de mão de obra do trabalho, o processo 
de industrialização nesse momento foi bastante intenso e contou com o 
apoio econômico e político dos norte-americanos, o que 
potencializou a industrialização nos países periféricos. 
Com essa potencialização houve resistência entre o 
proletariado e repressão por parte do Estado para que 
os mesmos fossem contidos e não fossem contra aos 
mecanismos utilizados pelos norte-americanos, 
deve-se salientar que houve uma repressão não apenas do proletariado, mas também da 
sociedade como um todo, ora oprimindo a classe, ora concedendo medidas mascaradas de 
benefícios. 
“O emprego das mais diferentes formas de repressão sempre combinou com 
algumas concessões à classe operária e ao movimento popular. A assunção, por 
parte do Estado, de gastos destinado a melhorar as condições de reprodução de 
força de trabalho e a aprovação de uma legislação trabalhista evidenciam uma 
postura alternativa das classes dominantes”. (CASTRO, 1987 apud ALVES, 2016, 
p.49) 
Com todos os movimentos e concessões a classe trabalhadora teve um que um preço altíssimo 
a pagar, a realidade passou a se tornar mais aterradora, o que demandou intervenções 
emergenciais, dessa forma, o serviço social foi chamado a intervir e segundo ALVES: 
 
 
27 
 
“empreendeu nesse cenário com ações que pudessem minimizar os impactos do 
processo de exploração, tanto por meio da franca presença idearia da igreja, que 
sempre teve representantes capazes de oferecer aparato profissional emergencial e 
carismático aos segmentos da sociedade, quando amplamente marcados pela 
ausência dos mínimos para sobrevivência”. (2016, p.50) 
 
Como nos demais países do mundo o serviço social surge da demanda da classe trabalhadora 
em meio às suas reivindicações sociais, contudo serviu também como estratégia para que 
igreja e capital oprimissem e trabalhassem para que as mesmas não ocorressem. 
“As ações empreendidas a fim de efetivar o principiam de caridade, eram voltadas 
para a filantropia.Além disso, tinham interesse na reprodução das relações sociais, 
com o propósito de manter a divisão entre a classe que vive e depende do trabalho e 
aquela que usufrui dos benefícios e explora a mão de obra da classe trabalhadora - 
ou seja – o dono dos meios de produção, a chamada burguesia.” 
 
Seguindo a linha histórica da profissão passamos ao movimento de reconceituação na 
América Latina que emergiu na metade dos anos1960, prolongou-se por uma década e foi, na 
sua especificidade, um fenômeno tipicamente latino-americano. Iamamoto (1999) afirma que 
o movimento de Reconceituação representou um marco decisivo no desencadeamento do 
processo de revisão crítica do serviço social no continente 
A categoria profissional iniciou um debate acerca do papel da profissão diante da 
subalternidade dos países latino-americanos,bem como se suas ações estavam realmente 
sendo eficazes quando respondiam as seqüelas da questão social, e se a importação de 
referenciais de outros países era o suficiente para combater as refrações da questão social 
nessa região, já que eram bem específicas e típicas dessa localidade. 
 Assim, diante desse contexto, a categoria profissional se viu incitada a questionar suas bases 
tradicionais,além de quê, esse processo possibilitou a aproximação da profissão a teoria 
social marxista, apesar de diversos problemas, inicialmente, ao recorrer aobras equivocadas, 
contaminadas por outras perspectivas e de segunda mão. 
 
 
28 
 
 
É válido ressaltar que, apesar do 
movimento de reconceituação 
inserir-se em um movimento mais 
amplo de renovação do serviço 
social a nível internacional, na 
América latina esse movimento 
apresentou particularidades, na 
medida em que, a ruptura com o 
serviço social tradicional ocorreu 
concomitantemente com a ruptura das imposições imperialistas no sentido de libertar a 
América Latina da subordinação aos países desenvolvidos, voltando-se ainda para 
transformações na estrutura capitalista concentradora, excludente e exploradora. A renovação 
latino-americana a superação da condição de subdesenvolvimento de seus países. Esse 
movimento é pautado por uma série de questionamentos feitos pelos profissionais, que 
colocaram como aspectos a serem discutidos: 
 
 
Os anseios pela mudança, no entanto, foram interrompidos pelo avanço das ditaduras nos 
países latino-americanos, extinguindo o movimento de reconceituação no ano de 1975, 
permanecendo, porém, a relação com a tradição marxista e a nova relação dos profissionais no 
âmbito continental. Como nos relata Alves 2016: 
 
 
29 
 
“Somente a partir da década de 1980 é que teve a reestruturação democrática, 
quando cada país começou a respirar os ares da democracia e, assim, o serviço social 
retornou de forma enfática o processo de reorganização e reestruturação da 
profissão.” (p.51). 
 
Não podemos dizer que neste período a categoria tenha ficado adormecida, muitos 
profissionais combateram o regime, não obstante ao novo regime foi possível tornar publico 
suas matrizes filosóficas vinculadas ao materialismo historico-dialetico como diretriz de 
pensamento e ação para o serviço social. 
 
4.2.3. A CHEGADA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL 
 
No Brasil, o surgimento do Serviço Social – e sua 
institucionalização – atravessa as décadas de 1930 e 1940, e 
que não pode ser entendido como um acontecimento isolado 
ou natural. Pelo contrário, deve ser considerado o resultado de 
dois processos que, relacionados, geraram as condições sócio-
históricas necessárias para que a profissão se constituísse e 
traçasse seu percurso histórico no cenário brasileiro. 
Segundo Iamamoto (2014), a gênese do Serviço Social no 
Brasil, enquanto profissão inscrita na divisão social do trabalho 
está relacionada ao contexto das grandes mobilizações da 
classe operária nas duas primeiras décadas do século XX, pois 
o debate acerca da “questão social”, que atravessa a sociedade nesse período, exige um 
posicionamento do Estado, das frações dominantes e da Igreja. 
 O primeiro processo que devemos destacar é o redimensionamento do Estado brasileiro, que 
decorre da transição do capital de um estágio concorrencial para a fase monopólica. 
Concordamos com Netto (2009) o entendimento de que o Estado intervém no processo 
econômico desde a ascensão da burguesia, mas, é no capitalismo monopolista, que essa 
intervenção muda estrutural e funcionalmente. Para o autor “[...] no capitalismo monopolista, 
as funções políticas do Estado imbricam-se organicamente com as suas funções econômicas” 
(Netto, 2009, p. 25). 
 
 
 
30 
 
Como profissão inscrita na divisão do trabalho, o Serviço Social surge como parte 
de um movimento social mais amplo, de bases confessionais, articulado à 
necessidade de formação doutrinária e social do laicato, para uma presença mais 
ativa da Igreja Católica no “mundo temporal”, nos inícios da década de 30. Na 
tentativa de recuperar áreas de influências e privilégios perdidos, em face da 
crescente secularização da sociedade e das tensões presentes nas relações entre 
Igreja e Estado, a Igreja procura superar a postura contemplativa (IAMAMOTO, 
2014, p. 18). 
 
 
As atividades da caridade 
tradicional ganham uma nova 
conformação e certo caráter 
organizativo, contando com famílias 
da burguesia paulista e carioca, que 
passam a contar com o aporte do 
Estado, o que possibilita realizar 
obras sociais mais abrangentes. 
Podemos destacar o surgimento de 
duas instituições assistenciais, em 
1920, no Rio de Janeiro, a 
Associação das Senhoras Brasileiras e, no ano de 1923, a Liga das Senhoras Católicas, em 
São Paulo. Essas instituições surgem dentro do movimento de reação católica e visam atender 
algumas demandas oriundas do processo de desenvolvimento capitalista. Essas ações podem 
ser consideras como o embrião do Serviço Social brasileiro. 
 Até aqui já podemos observar que, inicialmente, é impossível dissociar o Serviço Social 
brasileiro da ação da igreja Católica, bem como, suas estratégias de adequação às mudanças 
econômicas e políticas que alteravam a face do país nesse período. 
O Serviço Social surge em resposta à questão social, esta tem seu surgimento relacionado à 
propagação do trabalho livre e como pano de fundo um passado não muito distante que nos 
mostra isso: a escravidão. Dessa forma podemos observar que homens e meios de produção se 
separam. Na transição econômica do Brasil, de colônia a República, esse mercado surgiu e se 
desenvolveu nos principais centros urbanos do país. 
 
 
31 
 
 
 
As primeiras escolas de serviço social no Brasil surgem na visão da Igreja, a luta contra as 
desigualdades sociais é uma “preocupação” assumida pela Igreja dentro de uma luta contra o 
liberalismo e o comunismo. Neste período podemos constatar diversos cursos de formação 
social e de semanas sociais entre outros e muitas escolas nascem desses mesmos cursos e 
semanas sociais. 
Assim, percebemos a atuação do Serviço Social brasileiro numa perspectiva de caráter mais 
doutrinário do que científico. Cabe mencionar, que ao se manifestar em relação à “questão 
social”, a Igreja Católica se contrapõe aos princípios tanto do liberalismo quanto do 
comunismo, tendo em vista que ambos se apresentam enquanto ameaças para sua posição na 
sociedade. Portanto, o Serviço Social em sua “fase inicial”, é pautado num posicionamento 
moralizador em face das expressões da “questão social”, captando o homem de maneira 
abstrata e genérica, configurou-se como uma das estratégias concretas de disciplinamento e 
controle da força de trabalho, no processo de expansão do capitalismo monopolista. 
A partir da segunda metade da década de 1920, o reconhecimento do serviço social, enquanto 
profissão institucionalizada, só ocorre quando a igreja católica se organiza e assume o papel 
ativo na chamada questão social, pois até então a profissão girava em torno da filantropia e 
caridade. A institucionalização da profissão no Brasil trouxe, sobretudo a presença de 
mobilizações que objetivam resgatar os interesses até então garantidos e usufruídos por alguns 
segmentos, destacando nesse sentido sua forte presença nos órgãos decisórios do país. 
 
32 
 
Esse processo era atrelado a constituição de movimentos de apoio a segmentos 
marginalizados pelo governo da época, cuja tônica era pulso firme da força de contenção das 
classes desprovidas,, trazendo assim exclusão e marginalidade. 
O marco histórico da institucionalização do serviço social no Brasil foi à década de 1930, 
quando o processo de industrialização teve como consequência o agravamento das expressões 
da questão social. 
 
 
 
4.2.4. AS PRIMEIRAS ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL 
 
As primeiras escolas de serviço social foram criadas em São Paulo e Rio de Janeiro em 
meados de 1930, evento que coincide com o processo de industrialização do país, onde 
também observamos que a caridade já não mais atende às expectativas do Estado frente às 
expressões da questão social. 
 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
 
A atuação do serviço social neste momento ainda era baseada nos preceitos católicos, ações 
funcionalistas que ao longo dos estudos passarãopor transformações, para atender as 
necessidades do Estado bem como da sociedade como um todo. 
No Rio de Janeiro em 1937 temos segunda escola de serviço social do país, a escola teve 
impulso do Cardeal Leme, Stela de Faro, Alceu Amoroso Lima. Este enfatiza a necessidade 
da formação social. Para que exista vocação social é preciso formação social, nisso a igreja se 
baseou nas semanas sociais, cursos de formação e outras atividades baseadas na doutrina 
social da igreja. 
 
Concordamos com Iamamoto e Carvalho quando nos falam que: 
 
“As primeiras escolas de serviço social representaram um marco exponencial para categorial profissional, 
pois com o decorrer do tempo assumiram a assistência social e legalizaram a existência da profissão no 
Brasil. Parte-se do pressuposto de que a compressão da profissão serviço social implica o esforço de inseri-la 
no conjunto de condições e relações sociais que lhe atribuem um significado e nas quais torna-se possível e 
necessária”.(2014,p.76) 
 
As perspectivas de formação profissional para as primeiras turmas de graduados basearam-se 
inicialmente no modelo franco-belga, e, posteriormente, no norte-americano o modelo 
adotado, em ambos os casos, conservava em si a presença do caráter conservador, de 
abordagem individual e psicologizante (e muitas vezes de avaliação moral). As ações 
destinavam-se a adaptar o indivíduo à sociedade sem considerar a totalidade social. 
 
Com a influência americana a formação do assistente social se baseia em quatro 
pontos: formação cientifica, formação técnica, formação pratica e formação 
pessoal. A primeira baseada nas disciplinas de sociologia, psicologia, biologia e 
moral; a segunda voltada aos estudos das teorias sociais existentes e sua 
adaptação à realidade [...] A terceira está estabelecida no “como fazer” nas 
diferentes realidades que o assistente social deverá ser envolvido. [...] A última se 
 
A escola de serviço 
social de São Paulo 
nasceu do Centro de 
Estudos e Ação 
Social – CEAS. 
 
 
Surge de um grupo de 
moças preocupadas 
com a questão social e 
que participaram 
ativamente no curso 
de formação 
 
 
O curso foi dirigido 
por mademoiselle 
AdèleLoneaux, 
professora da 
ÉcoleCatholique de 
service social de 
Bruxelas. 
 
34 
 
baseava no desenvolvimento da personalidade do aluno de serviço social, em que 
deveria ter uma “ moral mais sólida”[...]. (Santos apud Albonettep.58). 
 
Posteriormente o serviço social buscou inspiração norte-americana, mas por que isso ocorreu? 
Iamamoto nos explica o por quê: 
 
 Com a implantação do Estado novo em 1937, o governo passa a buscar legitimidade 
para o que estava acontecendo, por isso passa a garantir um controle social, através de 
uma política de massa, que conseguia barrar os movimentos reivindicatórios; 
 Nesse período o serviço social passa a se legitimar e se institucionalizar, rompendo 
com a influência católica (caridade) e com isso começa a criação de um mercado de 
trabalho para os assistentes sociais, sendo essa profissão agora participante de uma 
categoria assalariada atrelada a políticas públicas e a intervenção do Estado; 
 Na década de 1940 o serviço social tinha que dar respostas às novas demandas que 
surgiam, dessa forma tinham que estar técnico e teoricamente preparados para seu 
fazer profissional; 
 Houve uma aliança ente o governo Vargas e o governo norte-americano Roosevelt em 
1942, essa aliança tinha por objetivo fortalecer o capitalismo e afastar a ameaça 
comunista do Brasil; 
 Com o fim da II Guerra Mundial , os Estados unidos ganhou mais poder, com isso 
estabeleceu-se uma relação mais forte entre os dois países; 
 Com a guerra fria e com a expansão industrial existe um agravamento da questão 
social, não sendo o serviço social capaz de dar conta das novas demandas que a ela 
foram apresentadas; 
 A partir de 1945/1947 é que se passa a ter uma preocupação do serviço social com 
relação a elaboração teórica própria para a profissão , com elementos técnicos e 
científicos que imprimissem eficácia a sua ação; 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
4.3. MÓDULO III: O SERVIÇO SOCIAL E O MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO 
 
4.3.1. ROMPENDO COM O CONSERVADORISMO 
O período compreendido entre os anos de 1940 até meados da década 1960 significou, para o 
Brasil, um momento de considerável crescimento econômico. Nos países latino-americanos, 
emerge a ideia do desenvolvimentismo, entendido como uma possibilidade de superação do 
subdesenvolvimento presente nos países da região. 
No Brasil, os planos desenvolvimentistas não alcançaram os resultados esperados, O desejo 
do desenvolvimento econômico com justiça social não se concretizou e o que podemos 
observar é a forte presença de capital estrangeiro no país, entendida como necessária para o 
desenvolvimento nacional. O que se observa, em verdade, é a construção de uma indústria no 
Brasil e não uma indústria do Brasil. O surgimento de uma economia urbano-industrial traz à 
tona a necessidade de entidades assistenciais para atender às demandas postas e controlar as 
lutas sociais. 
O processo de renovação, crítica do Serviço Social, é também conhecido como o processo de 
ruptura do Serviço Social com o tradicionalismo profissional. Este processo não aconteceu de 
imediato, mas iniciou-se a partir de questionamentos e reflexões críticas acerca do seu 
conteúdo metodológico e da sua prática profissional, é através deste movimento que surge um 
perfil profissional mais crítico, capaz de atuar nos desafios postos à profissão. 
 
A renovação do Serviço Social implica na formação de uma pluralidade profissional, 
perspectivas diversificadas que é “radicado nos procedimentos diferentes que embasam a 
legitimação prática e a validação teórica, bem como nas matrizes teóricas a que elas se 
prendem” (NETTO, 2005), visto que com a inserção das disciplinas das ciências sociais os 
profissionais passaram a ter uma visão crítica da sociedade e de sua própria atuação. 
 
36 
 
Entretanto, conforme Netto, a ditadura militar instalada no Brasil em 1964 e posteriormente 
nos demais países da América - Latina, estagnou o processo de Reconceituação do Serviço 
Social na América Latina que já havia 10 anos de efervescência. 
Em meados dos anos 1970, a renovação profissional materializada na reconceituação viu-se 
congelada: seu processo não decorreu por mais de uma década. E seu ocaso não se deveu a 
qualquer esgotamento ou exaurimento imanente; antes, foi produto da brutal repressão que 
então se abateu sobre o pensamento crítico latino-americano 
(NETTO, 2005, p. 10). 
Porém, essa herança da reconceituação foi à base para a 
renovação crítica do Serviço Social brasileiro na década de 
1980, conforme Netto (2005) “mesmo contida e pressionada 
nos limites de uma década, a reconceituação marcou o Serviço 
Social latino-americano”, podendo apontar pelo menos quatro 
conquistas decorrentes desta época no Brasil. 
 A explicitação da dimensão política da ação profissional: até 
então a ação profissional tinha uma dimensão “pretensão 
assepsia ideológica”. 
 A interlocução crítica com as ciências sociais: com a reconceituação incorpora-se a crítica ao 
tradicionalismo, lançando as bases para “uma nova interlocução do Serviço Social com as 
ciências sociais, abrindo-se a novos fluxos (inclusive da tradição marxista) e sincronizando-se 
com tendências diversificadas do pensamento social então contemporâneo”. 
 
A inauguração do pluralismo profissional: “a 
reconceituação concedeu carta de cidadania a diferentes 
concepções acerca da natureza, do objeto, das funções, 
dos objetivos e das práticas do Serviço Social, inclusive 
como resultado do recurso a diversificadas matrizes 
teórico-metodológicas”. (NETTO, 2005, p. 11-12). 
A importância do Movimento de Reconceituação para o 
Serviço Social brasileiro é a transformação, a renovação 
 
37 
 
dos conceitos e do agir profissional, que buscavauma formação qualificada, com técnicas 
precisas, fundamentação teórica e cientificidade para a profissão. Disso tudo resulta na 
Reforma Curricular e na condução dos destinos das organizações profissionais e intervenção 
profissional expressas no Código de Ética Profissional que faz uma opção clara pela defesa 
dos direitos da classe trabalhadora e seus interesses. 
 
4.3.2. SEMINÁRIOS IMPORTANTES DO MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO 
DO SERVIÇO SOCIAL 
4.3.2.1. SEMINÁRIO DE ARAXÁ 
Desde o surgimento das primeiras escolas de 
serviço social no Brasil, que se deu no inicio 
da década de 1930 a profissão vem sofrendo 
radicais transformações, tendo em vista que 
suas primeiras práticas estavam ligadas a 
igreja católica e a ação social, muita coisa 
começou a ser repensada. Embora o serviço 
social tenha surgido como uma demanda do 
capitalismo, essa prática no início da década 
de 1960 passou a causar grandes questionamentos e inquietações por parte de alguns 
profissionais que se encontravam insatisfeitos com o rumo que a profissão levava. 
O seminário de Araxá foi promovido pelo centro brasileiro de cooperação e intercâmbio de 
serviço social no período 19 a 26 de março de 1967 na cidade de Araxá, Minas Gerais, 
participaram um grupo de 38 assistentes sociais de diversos estados no Brasil, com formação 
nas vertentes católicas com objetivo de teorização do serviço social. 
O seminário de Araxá foi o primeiro seminário de teorização do serviço social brasileiro e 
teve como objetivo estudar e teorizar a metodologia da área. Tratava-se de um movimento de 
busca por diferentes premissas a serem implementadas no cotidiano do profissional de 
Serviço Social. ( ALVES, 2017, p.59) 
 
 
38 
 
As discussões dos profissionais que participaram do seminário de teorização o serviço social 
em Araxá tinham a preocupação em discutir e compreender que o serviço social não havia 
atingido, até o momento, sistematização com instrumentos de intervenção pertinentes para a 
realidade social. O seminário foi fundamentado em cinco documentos, elaborados pela Escola 
de Serviço Social da PUC-SP, os quais se destacamos pressupostos e diretrizes do serviço 
social: 
PRESSUPOSTOS E DIRETRIZES DO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
Componentes universais do Serviço Social 
O Serviço social é uma disciplina ou 
instrumento de intervenção na realidade 
humano-social, com objetivos específicos , 
funções em vários níveis e metodologia 
própria. 
 
 
 
 
Metas do Serviço Social 
 Identificar e tratar problemas e 
distorções que impedem indivíduos e 
famílias de alcançar padrões 
econômicos compatíveis coma a 
dignidade humana. 
 Colher elementos e recolher dados 
referentes a problemas e, assim, 
propor reformas nas estruturas e 
ajudar grupos e comunidades nessas 
reformas. 
 Criar condições para a participação 
de indivíduos, grupos, comunidades e 
populações; 
 Implantar e dinamizar sistemas e 
equipamentos que alcancem o 
objetivo da profissão 
 
 
 
 
 Trabalhar a visão global das 
necessidades e aspirações humanas e 
sociais; 
 
39 
 
 
Atitudes do Serviço Social diante do 
processo de formulação e implantação da 
política social 
 Ter experiência pratica dos 
problemas; 
 Preocupar-se com a marginalização; 
 Considerar os indivíduos portadores 
de algum benefício como sujeitos 
participantes ativos desses planos e 
medidas. 
 
 
 
 
Alinhamento do papel e das funções do 
Serviço Social 
O papel do Serviço Social, assim como suas 
funções, deve estar alinhado de forma a 
fundamentar-se no conhecimento da 
dinâmica da vida individual e social e da 
construção de sistemas e técnicas para obter 
a participação da população na criação e 
avaliação de recursos sociais. 
 
 
Neveis de atuação do Serviço Social 
 Política Social; 
 Planejamento social; 
 Prestação de serviços e direitos; 
 Administração de serviços de bem-
estar social. 
 
Funções 
Participação na elaboração, na criação e na 
formulação dos níveis de atuação. 
 
Ótica 
Visão global das necessidades humanas e 
sociais. 
 
 
Metodologias 
 Serviço social de Caso; 
 Serviço social de Grupo; 
 Desenvolvimento de comunidades; 
 Assessoria. 
Fonte: Elaborado com base em Herrera, 1976, apud, Alves 2017. 
 
O documento de Araxá aponta para os princípios e postulados que fundamentam a 
metodologia do serviço social, os princípios operacionais são norteadores de atuação do 
agente profissional e da prática do serviço social, momento em que se estabelece o serviço 
 
40 
 
social de caso, grupo e comunidade ou desenvolvimento de comunidade, o postulado é o 
pressuposto ético e metafísico. 
Alves, 2017 (p.60), nos mostra bem a definição desses postulados: 
 
 Postulado da dignidade da pessoa humana: o ser humano é compreendido numa 
posição de eminência ontológica na ordem universal, na qual todas as coisas devem 
estar referidas; 
 Postulado da sociabilidade essencial da pessoa humana: é o reconhecimento da 
dimensão social intrínseca à natureza humana; 
 Postulado da perfectibilidade da pessoa humana: consiste no reconhecimento de 
que o ser humano é, na ordem ontológica, aquele que pode verificar sua capacidade de 
produzir resultados e autorrealização. 
 
Podemos identificar que o objetivo do evento foi 
integrar o serviço social no processo de 
desenvolvimento da sociedade e, a partir daí, redefinir 
os objetivos, as funções e a metodologia do serviço 
social. A história da profissão se fez ainda muito 
presente quando se debateu a respeito da evolução de 
conceitos e a sistematização de disciplinas e elementos 
de intervenção na pratica profissional, e também se 
abordou temas como caráter da profissão, que foi 
definido em três: caráter corretivo, caráter 
preventivo e caráter promocional. 
 
 
 
 
 
 
41 
 
4.3.2.2. SEMINÁRIO DE TERESÓPOLIS 
A partir do encontro de Araxá, a categoria profissional 
mobilizou-se para que uma nova possibilidade de discussão e 
debate fosse implementada, assim foi organizado o Segundo 
Seminário de Teorização do Serviço social. O seminário de 
Teresópolis foi promovido pelo CBISS( Centro Brasileiro de 
Cooperações e Intercâmbio de Serviço Social), o documento de 
Teresópolis tem características distintas ao Documento de 
Araxá. 
O encontro que aconteceu em janeiro de 1970, contou com a participação de 33 profissionais 
que tomaram conhecimento previamente da temática do encontro, “a necessidade de um 
estudo sobre a Metodologia do Serviço Social face à realidade Brasileira”. Os organizadores 
elaboraram um roteiro minucioso, mas foi refundido pelos profissionais, que optaram por uma 
dinâmica diferenciada acabando por inviabilizar a redação de um texto final. 
 
 
 
 
No texto de Teresópolis, o que se têm é um coroamento do transformismo: 
nele o “moderno” triunfa sobre o “tradicional”. A perspectiva 
modernizadora se afirma não apenas como concepção profissional geral, 
mas, sobretudo como pauta interventiva 
.O roteiro, definido pelo CBCISS, apresenta-se abaixo: 
 Teoria do diagnóstico e da intervenção em Serviço social – a intervenção em Serviço 
Social; 
 Diagnóstico e intervenção em nível do planejamento, incluindo situações globais e 
problemas específicos; 
 Diagnóstico e intervenção em nível da administração; 
NETTO 2005, Enfatiza: 
“No documento de Teresópolis o dado relevante é que a 
perspectiva modernizadora se afirma não apenas como 
concepção profissional geral, mas, sobretudo como pauta 
interventiva.” 
 
42 
 
 Diagnóstico e intervenção em nível de prestação de serviços diretos a indivíduos, 
grupos, comunidades e populações. 
 
A primeira reunião aconteceu do dia 10 a 17 de janeiro e teve como embasamento os 
fundamentos da metodologia do Serviço Social, na concepção científica da prática 
profissional, na aplicação da metodologia e nas pesquisas e pressupostos da área. 
 
Netto nos traz a reflexãode que o Documento de Teresópolis configura, no privilégio 
à questão da “metodologia”, a exclusão de vieses tendentes a problematizar a 
inserção do Serviço Social dos complexos institucional-organizacionais que 
promoviam o processo da “modernização conservadora”(2005, pág. 190). 
 
Neste seminário foram recebidos 21 documentos com foco no roteiro apresentado, dentre eles 
um se destaca, o de José Lucena Dantas: A teoria Metodológica do Serviço Social. Uma 
abordagem sistemática. 
Netto, em sua obra, Ditadura e Serviço Social no Brasil pós 64,nos relata a visão de Dantas, 
a qual destacaremos alguns pontos fundamentais abaixo:
 
Dantas considera que a questão da 
metodologia da ação constitui a parte 
central do Serviço Social, sendo assim a 
definição de um modelo de prática do 
Serviço Social adequado à problemática 
social brasileira depende da solução do 
seu problema metodológico; 
A ideia é que a prática do serviço social 
alcance uma cientificidade; 
Ele apresenta o Serviço Social como um 
“método científico aplicado”. Esse 
método se constitui de duas categorias 
básicas: diagnóstico e intervenção 
planejada; 
 É visível a filiação do pensamento de 
Dantas à tradição neopositivista. 
Metodologia como ordenações formais, 
as problemáticas ideológicas são 
escamoteadas; 
 Ele oferece ao Serviço Social uma 
legitimação teórico-metodológica, 
atribuindo ao SS o estatuto decorrente 
da aplicação das ciências; 
 Dantas conferiu a perspectiva 
modernizadora uma organicidade teórica 
de fundo estrutural-funcionais e 
ideológicas através do viés da 
modernização conservadora. 
 
43 
 
 
Muitas questões foram levantadas nesse seminário e os principais resultados do encontro tiveram 
como foco principal o reconhecimento de que as discussões a cerca das temáticas estudadas não se 
encerraram e que o objeto dos estudos do Serviço Social deveria ser mais profundado em reflexões 
futuras. Dessa forma podemos percebe que a temática ainda não estava no fim, e ainda renderia 
futuros debates, por ser de tão alto significado. 
O seminário foi dividido em grandes temas, estes divididos em partes e etapas. A primeira parte 
foi denominada FENÔMENOS E VARIÁVEIS SIGNIFICATIVOS PARA A PRÁTICA DO 
SERVIÇO SOCIAL, que teve cinco etapas. 
Poderemos contemplá-las logo abaixo de acordo com o que nos mostra ALVES (2017, p.64): 
 
1. Levantamento de fenômenos significativos observados na prática do Serviço Social, 
obviamente partindo das necessidades básicas – no nível biológico, no nível doméstico, no 
nível residencial e no nível de equipamentos escolares; e considerando também as 
necessidades sociais; 
2. Identificação das variáveis significativas para o Serviço Social nos fenômenos observados; 
3. Identificação de funções correspondentes às variáveis inventariadas; 
4. Redução das funções administrativas, de assessoria técnica, assistenciais, conscientizadoras, de 
criação de recursos, de educação de base mobilizadora, de pesquisa de métodos, de 
necessidade e planejamento, de política social socializadora de substituição de padrões 
terapêuticos; 
5. Classificação das funções, num total de 14, divida em funções-fim e funções-meio; as 
primeiras oriundas das dimensões educativa, mobilizadora, de educação de base, de 
substituição de padrões, conscientizadoras e, finalmente, socializadora; e as segundas de 
perspectiva curativa, descritas com base nas discussões sobre assessoria técnica, pesquisa, 
planejamento, administração e política social. 
A segunda parte da abordagem da metodologia do Serviço Social trouxe novas propostas para 
o fazer profissional, com base nas reflexões a cerca da necessidade como geradora de 
demandas que possibilitasse o desenvolvimento da função; nessa discussão pôde-se discutir e 
concluir que a intervenção profissional estava diretamente ligada com aos fenômenos 
coletivos e individuais. 
 
44 
 
 
O Documento de Teresópolis foi um estudo sobre a metodologia do serviço social, em que se 
colocou a pensar a prática e sua interlocução com a teoria, uma concepção operacional da 
profissão, pautando-se a qualificação do assistente social. Buscava-se criar um perfil que melhor 
contemplasse a modernização conservadora da Ditadura Militar, consolidando o estrutural-
funcionalismo como concepção teórica. 
 
4.3.2.3. SEMINÁRIO DE SUMARÉ E ALTO DA BOA VISTA 
 
Assim como os seminários anteriores, estes também foram realizados pela CBCISS, e tinham 
como intenção a ruptura com o conservadorismo do Social, estimulados pelos documentos 
elaborados anteriormente e também pelas mudanças e lutas sociais da época que batiam de 
frente com as desigualdades sociais instituídas. 
Porém, é no marco dos seminários do Sumaré e Alto da Boa Vista que ressoaram as 
formulações da vertente renovadora da “Reatualização do Conservadorismo”. A perspectiva 
modernizadora não erradicou por completo o conservadorismo. Ela apenas “explorou 
particularmente seu vetor reformista e subordinou as suas expressões às condições das novas 
exigências que a „modernização conservadora‟ colocou ao exercício profissional.” ( NETTO, 
2005, p.202) 
 
45 
 
Vamos analisar agora os principais pontos de questionamento apresentados no seminário de 
Sumaré de acordo com a CBCISS: 
 O Serviço Social numa perspectiva 
do método cientifico de construção e 
aplicação; 
 O Serviço Social com base em uma 
abordagem de compreensão-interpretação 
fenomenológica do estudo científico; 
 O Serviço Social com base em uma 
abordagem dialética; 
 
 
É necessário também destacar os temas que 
foram abordados nesse seminário, questões 
que tiveram muita repercussão e causaram 
certa inquietude no que tange o “fazer” 
profissional. 
 
 Serviço Social e cientificidade: 
Este tema era direcionado a necessidade de conceituar a 
cientificidade, considerada uma “ideia reguladora e não um modelo 
determinado”; assim tomou o saber cientifico como aquisição do 
saber, aperfeiçoamento de metodologia e elaboração de uma norma. 
 Serviço Social e a fenomenologia: 
Nas discussões foi representado como ciência do senso comum, 
considerando o vivido numa abordagem de reflexão, e não 
explicação. Partiu-se da premissa de que é necessário compreender o 
objeto ou o fato para, assim, considerar os fenômenos, fonte de 
discernimento nas escolhas. Para tal, é necessário discernir, escolher, 
selecionar, separar e agrupar. Nesse sentido, cabe acrescentarmos 
que o referido ponto de vista não alcançava perspectiva de compreensão da totalidade. 
 
 
 
46 
 
 Serviço Social e a dialética: 
As discussões sobre o tema consideraram a dialética a base do diálogo e da discussão, na 
perspectivado enfrentamento da realidade, colocado de forma crítica. Nesse sentido, a 
realidade deve ser analisada para, assim, ser decifrada para além dos dados aparentes, o que 
possibilita a presença da categoria totalidade.(ALVES, 2017:67) 
 
Já o seminário de Alto da Boa Vista aconteceu em 1984 e não só contribuiu com os demais 
seminários de teorização, como também os complementou. 
 
“Esse evento é considerado marcante e propiciou o fomento ao debate que lançaria outros 
olhares acerca das matrizes teóricas e filosóficas d Serviço Social. Nesse sentido, o encontro 
se constituiu em marca da renovação do Serviço Social na perspectiva teórica de ação, bem 
como seus processos de análise da realidade social”. (Alves, 2017, p.67) 
 
Podemos destacar alguns acontecimentos importantes que ocorreram com o seminário do Alto 
a Boa vista: 
 
 O serviço social aderiu ao materialismo histórico dialético, bem como aos 
conceitos formulados por essa vertente teórica para a interpretação da realidade 
social; 
 Tal aproximação resultou, de certa forma,, na proposta e elaboração do código de 
ética em 1986; 
 Os profissionais começaram a produzir mais conhecimento, o que permitiu 
complementar a base teórica para além das ciências sociais aplicadas. 
Todos

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