Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EDUCAÇÃO DOMICILIAR EDUCAÇÃO DOMICILIAR Volume 1Volume 1 Charlotte MasonCharlotte Mason EDUCAÇÃO DOMICILIAR EDUCAÇÃO DOMICILIAR Volume 1Volume 1 Título original:Título original: Home Education Home Education Autora:Autora: Charlotte Mason Charlotte Mason Tradutor:Tradutor: Marcos Zamith Marcos Zamith Revisora:Revisora: Juliana Roberta Baptista Juliana Roberta Baptista Capa:Capa: Marco MancenMarco Mancen Dados InternacionaisDados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)de Catalogação na Publicação (CIP) M398e M398e MASON, MASON, Charlotte.Charlotte. Educação Educação DomiciliarDomiciliar.. Volume 1. 2ª ed.Volume 1. 2ª ed. PindamoPindamonhanganhangaba, ba, SP: SP: VVerbum,erbum, 2018.2018. ISBN: 978-85-53036-04-2ISBN: 978-85-53036-04-2 (coleção)(coleção) ISBN: ISBN: 978-85-53036-07-3978-85-53036-07-3 (volume 1)(volume 1) CDD-370CDD-370 Índice para catálogo sistemático:Índice para catálogo sistemático: 1. Educação 3701. Educação 370 Editora VerbumEditora Verbum Pindamonhangaba, SP, BrasilPindamonhangaba, SP, Brasil Telefone: (12) 3645-3114Telefone: (12) 3645-3114 E-mail: E-mail: info@editoraverbum.com.info@editoraverbum.com.brbr www.editoraverbum.com.brwww.editoraverbum.com.br Todos os direitos reservadosTodos os direitos reservados SUMÁRIOSUMÁRIO PARTE IPARTE I ALGUMAS CONSIDERAÇÕES PRELIMINARESALGUMAS CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 1. UM MÉTODO DE EDUCAÇÃO1. UM MÉTODO DE EDUCAÇÃO 2. A HERANÇA DA CRIANÇA2. A HERANÇA DA CRIANÇA 3. OFENDENDO AS CRIANÇAS3. OFENDENDO AS CRIANÇAS 4. DESPREZANDO AS CRIANÇAS4. DESPREZANDO AS CRIANÇAS 5. A5. ATRAPTRAPALHANDO ALHANDO AS CRIAS CRIANÇASANÇAS 6. CONDIÇÕES DA ATIVIDADE CEREBRAL SAUDÁVEL6. CONDIÇÕES DA ATIVIDADE CEREBRAL SAUDÁVEL 7. “O REINO DA LEI” NA EDUCAÇÃO7. “O REINO DA LEI” NA EDUCAÇÃO PARTE IIPARTE II VIDA FORA DE CASA PARA AS CRIANÇASVIDA FORA DE CASA PARA AS CRIANÇAS 1. TEMPO DE 1. TEMPO DE CRESCIMENTOCRESCIMENTO 2. “PASSEIO TURÍSTICO”2. “PASSEIO TURÍSTICO” 3. “PINTURA DE IMAGEM”3. “PINTURA DE IMAGEM” 4. FLORES E ÁRVORES4. FLORES E ÁRVORES 5. “CRIATURAS VIVAS”5. “CRIATURAS VIVAS” 6. HISTÓRIAS TRADICIONAIS DO CAMPO E LIVROS DE6. HISTÓRIAS TRADICIONAIS DO CAMPO E LIVROS DE NATURALISTASNATURALISTAS 7. A CRIANÇA OBTÉM CONHECIMENTO7. A CRIANÇA OBTÉM CONHECIMENTO MEDIANTE OS SEUS SENTIDOSMEDIANTE OS SEUS SENTIDOS 8. A CRIANÇA DEVE SE FAMILIARIZAR8. A CRIANÇA DEVE SE FAMILIARIZAR COM OBJECOM OBJETOS NATOS NATURAISTURAIS 9. GEOGRAFIA FORA DE CASA9. GEOGRAFIA FORA DE CASA 10. A CRIANÇA E A MÃE NATUREZA10. A CRIANÇA E A MÃE NATUREZA 11. JOGOS FORA DE CASA ETC.11. JOGOS FORA DE CASA ETC. 12. CAMINHADAS EM TEMPO RUIM12. CAMINHADAS EM TEMPO RUIM 13. VIDA DE “ÍNDIO PELE-VERMELHA”13. VIDA DE “ÍNDIO PELE-VERMELHA” 14. AS CRIANÇAS EXIGEM AR DO CAMPO14. AS CRIANÇAS EXIGEM AR DO CAMPO PARTE IIIPARTE III “O HÁBITO SÃO DEZ NATUREZAS” 1. A EDUCAÇÃO BASEADA NA LEI NATURAL 2. AS CRIANÇAS NÃO TÊM PODER DE SE AUTOCONVENCER 3. O QUE É A “NATUREZA”? 4. O HÁBITO PODE SUPLANTAR A “NATUREZA” 5. A COLOCAÇÃO DE DIRETRIZES DE HÁBITO 6. A FISIOLOGIA DO HÁBITO 7. A FORMAÇÃO DE UM HÁBITO – “FECHE A PORTA ATRÁS DE VOCÊ” 8. “HÁBITOS” INFANTIS 9. EXERCÍCIOS FÍSICOS PARTE IV ALGUNS HÁBITOS DA MENTE – ALGUNS HÁBITOS MORAIS 1. O HÁBITO DA ATENÇÃO 2. OS HÁBITOS DE APLICAÇÃO ETC. 3. O HÁBITO DE PENSAR 4. O HÁBITO DE IMAGINAR 5. O HÁBITO DE LEMBRAR 6. O HÁBITO DA EXECUÇÃO PERFEITA 7. ALGUNS HÁBITOS MORAIS 8. VERACIDADE PARTE V AULAS COMO INSTRUMENTOS DE EDUCAÇÃO 1. A MATÉRIA E O MÉTODO DAS AULAS 2. O JARDIM DE INFÂNCIA COMO UM LUGAR DE EDUCAÇÃO 3. MAIS CONSIDERAÇÕES SOBRE O JARDIM DE INFÂNCIA 4. LEITURA 5. A PRIMEIRA AULA DE LEITURA 6. LENDO PELA VISTA E PELO SOM 7. RECITAÇÃO 8. LENDO PARA CRIANÇAS MAIS VELHAS 9. A ARTE DE NARRAR 10. ESCRITA 11. TRANSCRIÇÃO 12. ORTOGRAFIA E DITADO 13. REDAÇÃO 14. AULAS DE BÍBLIA 15. ARITMÉTICA 16. FILOSOFIA NATURAL 17. GEOGRAFIA 18. HISTÓRIA 19. GRAMÁTICA 20. FRANCÊS 21. ARTE PICTÓRICA PARTE VI A VONTADE – A CONSCIÊNCIA – A VIDA DIVINA NA CRIANÇA 1. A VONTADE 2. A CONSCIÊNCIA 3. A VIDA DIVINA NA CRIANÇA APÊNDICE QUESTÕES PARA USO DOS ESTUDANTES A perspectiva educacional é bem nebulosa e depressiva, tanto em casa quanto fora. Essa ciência deve ser uma parte muito importante da educação: o ensino de latim, de línguas modernas, de matemática tem de ser reformados; a natureza e as atividades manuais devem ser postas a serviço do treinamento do olho e da mão; meninos e meninas têm de aprender a escrever inglês[1], e por esse motivo têm de saber algo de história e literatura; e, por outro lado, a educação tem de ser mais técnica e utilitária. Esses, e outros como esses, são os gritos de urgência que temos em campo. Mas não temos nenhum princípio unificador, nenhuma meta definida. De fato, nenhuma filosofia da educação. Como um córrego não pode se erguer mais alto do que a sua fonte, então é provável que nenhum esforço filosófico possa se erguer acima de todo o esquema de pensamento que lhe dá nascimento. E talvez seja essa a razão de todas as falhas a partir de nós: desaparecimentos, fracassos e desapontamentos que mar-cam os nossos registros educacionais. Aqueles de nós que gastaram muitos anos perseguindo a visão benigna e elusiva da Educação, percebem que as suas abordagens são reguladas por uma lei, e que essa lei ainda tem de ser evocada. Podemos discernir os seus contornos, mas nada mais. Sabemos que ela é pene-trante. Não há parte da vida caseira ou do trabalho escolar de uma criança que a lei não penetre. Também é esclarecedor mostrar o valor, ou a falta de valor, de milhares de sistemas e recursos. Não é somente uma luz, mas é uma medida fornecer um padrão pelo qual todas as coisas, pequenas e grandes, pertencendo ao trabalho educacional, têm de ser testadas. A lei é liberal, assumindo que tudo seja verdadeiro, honesto e de boa reputação, e não oferece limite ou impedimento, salvo no que o excesso causa prejuízo. E o caminho indicado pela lei é contínuo e progressivo, sem estágio de transição do berço ao túmulo, exceto se a maturidade assumir a auto- direção regular para a qual a imaturidade foi formada. Sem dúvida descobriremos, quando apreendermos a lei, que certos pensadores alemães – Kant, Herbart, Lotze, Froebel – estão justificados. Como dizem, é neces-sário acreditar em Deus. Portanto, o conhecimento de Deus é o principal conhecimento e o fim principal da educação. Por mais uma característica poderemos reconhecer essa lei perfeita da liberdade educacional quando ela for evidente. Disse-se: “A melhor ideia que podemos formar da verdade absoluta é que ela é viável para satisfazer toda condição pela qual pode ser testada.” Esperaremos isso da nossa lei: que satisfaça todo teste de experi-mento e todo teste de investigação racional. Não tendo recebido as tabelas da nossa lei, caímos de volta sobre Froebel ou sobre Herbart. Ou, se pertencemos a uma outra escola, sobre Locke ou Spencer. Mas não estamos satisfeitos. Um descontentamento – esse é um descontentamento divino? – está sobre nós. E com certeza saudaremos uma filosofia da educação viável, eficaz, como uma libertação a partir de muita perplexidade. Antes que essa grande libertação venha a nós, é provável que muitos esforços experimentais tenham se desenvol-vido, tendo mais ou menos as características de uma filosofia; notavel-mente, tendo uma ideia central, de um corpo de pensamento com vários membros trabalhando em harmonia vital. Tal teoria da educação, que não precisa ser cuidadosa para se chamar de um sistema de psicologia, tem de estar em harmonia com os movimentos de pensamento da época; tem de considerar a educação não como um compartimento fechado, mas como sendo tanto parte da vida quanto do nascimento ou crescimento, casamento ou trabalho. E tem de deixar o pupilo ligado ao mundo em muitos pontos de contato. É verdade que educadores já estão ansiosos para estabelecer tal contato em diversas direções, mas os seus esforços permanecem sobre um axioma aqui e uma ideiaali, e não há uma base de pensamento unificadora ampla para apoiar o todo. Os tolos se apressam onde os anjos temem pisar. E a esperança de que possa haver esforços experimentais por uma filosofia da educação e que todos eles nos levarão mais perto da magnum opus[2] me encoraja a lançar essa tentativa. O pensamento central, ou melhor, o corpo de pensa-mento que consequentemente encontrei, é o fato meio óbvio de que a criança é uma pessoa com todas as possibilidades e capacidades inclusas na personalidade. Alguns membros que se desenvolvem a partir desse núcleo foram explorados de tempos em tempos por pensadores educa-cionais e existem vagamente no senso comum geral: uma noção aqui, uma outra ali. Uma tese, que talvez seja nova – a de que Educação é a Ciên-cia das Relações –, parece-me resolver a questão do programa de estudos, por mostrar que o objetivo da educação é pôr uma criança, tanto quanto seja possível, no toque animador da vida da Natureza e do pensamento. Acrescente a isso uma ou duas chaves para o autoconhecimento, e a uventude educada vai em frente com alguma ideia de autodomínio, com algumas buscas e muitos interesses vitais. A minha escusa por me arriscar a oferecer uma solução ao problema da educação, ainda que experimental e de passagem, é dupla. Entre trinta e quarenta anos, eu trabalhei sem pausa para estabelecer uma teoria da educação filosófica que funcionasse. E, em seguida, cada artigo da fé educacional que ofereço chegou por pro-cessos indutivos. E foi, eu penso, verificado por uma longa e vasta série de experimentos. No entanto, é com sincera modéstia que me arrisco a ofere-cer os resultados desse longo trabalho, pois sei que nesse campo há muitos trabalhadores muito mais capazes e especialistas do que eu. Os anjos que temem pisar, tão precária é a colocação dos pés! Mas, se pelo menos pour encourager les autres[3], eu acrescento uma curta sinopse da teoria da educação avançada nos volumes da Coleção Educação Domiciliar. O tratamento não é metódico, mas incidental. Aqui um pouco, ali um pouco, conforme me parecesse mais provável satisfazer as ocasiões de pais e professores. Devo acrescentar que, ao longo de diversos anos, vários ensaios foram preparados para o uso da Parents National Education Union, na esperança de que essa Sociedade pudesse presenciar um corpo mais ou menos coerente de pensamento educacional. “A consequência da verdade é ótima. Portanto, o juízo dela não tem de ser negligente.” (Whichcote) 1. Crianças nascem pessoas. 2. Elas não nascem boas ou más, mas com possibilidades para o bem ou para o mal. 3. Os princípios de autoridade, por um lado, e de obediência, por outro lado, são naturais, necessários e fundamentais; mas... 4. Esses princípios são limitados pela consideração devida à persona- lidade das crianças, que não tem de ser prejudicada, seja por medo ou amor, sugestão ou influência, ou brincadeira indevida sobre qualquer desejo natural. 5. Portanto, somos limitados a três instrumentos educacionais: a atmosfera do meio ambiente, a disciplina do hábito e a apresen- tação de ideias vivas. 6. Pelo ditado “A Educação é uma atmosfera” não se quer dizer que uma criança deva estar isolada no que pode ser chamado de um “meio ambiente infantil”, especialmente adaptado e preparado; mas que devemos levar em consideração o valor educacional da atmosfera da sua casa natural, tanto com respeito às pessoas quanto às coisas, e devemos deixá-la viver livremente nas suas condições apropriadas. Causar a queda do seu mundo a um nível de “criança” invalida uma criança. 7. Por “Educação é uma disciplina” quer-se dizer a disciplina dos hábitos formados definitiva e seriamente, sejam hábitos da mente, sejam do corpo. Os fisiologistas nos dizem sobre a adaptação da estrutura cerebral a sequências de pensamentos habituais, isto é, a nossos hábitos. 8. Do ditado “A Educação é uma vida” depreende-se a necessidade do intelectual e do moral, assim como do sustento físico. A mente se alimenta de ideias, logo as crianças devem ter um programa de estudos generoso. 9. Mas a mente não é um receptáculo dentro do qual ideias têm de ser soltas, cada ideia sendo adicionada a uma “massa de aper-cepção” do seu tipo, ficando a doutrina herbartiana do interesse sobre a teoria. 10. Ao contrário, a mente de uma criança não é um mero saco para sustentar ideias, mas é, caso se possa permitir a figura, um orga- nismo espiritual, com um apetite por todo conhecimento. Essa é a sua dieta apropriada, com a qual é preparada para lidar, e que pode digerir e assimilar conforme o corpo faz coisas de comer. 11. Essa diferença não é um trocadilho verbal. A doutrina herbartiana coloca a ênfase da educação – o preparo do conhecimento ao incitar pedaços, apresentados na devida ordem – sobre o professor. As crianças ensinadas sob esse princípio estão em perigo de receber muito ensino com pouco conhecimento. E o axioma do professor é “O que uma criança aprende importa menos do que como ela aprende”. 12. Mas, acreditando que a criança normal tenha capacidades mentais que a ajustam para lidar com todo conhecimento adequado a ela, temos que lhe dar um programa de estudos completo e generoso, somente tomando o cuidado com que o conhecimento oferecido a ela seja vital, isto é, que os fatos não sejam apresentados sem as suas ideias informadoras. Fora dessa concepção vem o princípio de que... 13. “A Educação é a Ciência das Relações”, isto é, que uma criança tem relações naturais com um vasto número de coisas e pensamentos. Então temos que formá-la com exercícios físicos, natureza, arte- sanato, ciência e arte, e com muitos livros vivos, pois sabemos que o nosso negócio não é lhe ensinar tudo sobre tudo, mas ajudá-la a tornar válidas tantas quantas sejam possíveis. “ Aquelas primeiras afinidades inatas, Que ajustam a nossa nova existência a coisas existentes[4].” 14. Há também dois segredos de autodomínio moral e intelectual que devem ser oferecidos às crianças. A esses podemos chamar O Caminho da Vontade e O Caminho da Razão. 15. O Caminho da Vontade – Deve-se ensinar às crianças: (a) Que distingam entre “eu quero” e “eu ordeno[5]”. (b) Que o caminho para ordenar seja mudar os nossos pensa-mentos daquilo que desejamos mas não ordenamos. (c) Que a melhor maneira de mudar os nossos pensamentos é pensar ou fazer alguma coisa muito diferente, divertida ou interessante. (d) Que, após um repouso neste caminho, a vontade retorna ao seu trabalho com novo vigor. (Esse auxílio da vontade nos é familiar como diversão, cuja função é nos aliviar por um tempo do esforço da vontade, de modo que possamos “querer” novamente com força aumentada. O uso da sugestão – mesmo da autossugestão – como uma ajuda para a vontade deve ser reprovado, por tender a invalidar e estereotipar o caráter. Pareceria que a esponta-neidade é uma condição de desenvolvimento, e que a natureza humana precisa da disciplina do fracasso tanto quanto do sucesso.) 16. O Caminho da Razão – Devemos também ensinar às crianças não “depender” (confiantemente demais) “do seu próprio entendi- mento”, porque a função da razão é dar demonstração lógica: (a) da verdade matemática; e (b) de uma ideia inicial, aceita pela von-tade. No primeiro caso, a razão talvez seja um guia infalível, mas no segundo nem sempre é segura, pois, se a ideia inicial está certa ou errada, a razão irá confirmá-la por meio de provas incontes-táveis. 17. Portanto, deve-se ensinar às crianças, conforme se tornem maduras o suficiente para entender esse ensino, que a responsa-bilidade principal que permanece com elas como pessoas é a aceita-ção ou rejeição das ideias iniciais. Para ajudá-las nessa escolha, devemos lhes dar princípios de conduta e um amplo leque do conhecimento apropriado a elas. Esses princípios (15, 16 e 17) devem preservar as crianças de algum pensamento frouxo e ação negligente que fazem com que a maioria de nós viva num nível mais baixo do que precisamos. 18. Não devemos permitir que cresça uma separação entre a vida intelectual ea “espiritual” das crianças, mas devemos ensinar-lhes que o Espírito Divino tem acesso constante aos seus espíritos e é seu ajudante contínuo em todos os interesses, deveres e alegrias da vida. A Coleção “Educação Domiciliar” é assim chamada a partir do título do primeiro volume e não por lidar, inteira ou principal-mente, com educação “em Casa” em oposição a “na Escola”. Prefácio Minha tentativa no volume seguinte é sugerir aos pais e profes-sores um método de educação que se apoie numa base da lei natural, e que, nesse sentido, toque nos deveres de uma mãe com os seus filhos. Ao me arriscar a falar sobre esse último assunto, faço-o com a mais sincera deferência às mães, acreditando que, nas palavras de um sábio mestre de homens, “a mulher recebe do Espírito do Próprio Deus as intuições sobre o caráter da criança, a capacidade de apreciar a sua força e a sua fraqueza, a faculdade de invocar uma e sustentar a outra, onde reside o mistério da educação, à parte da qual todas as suas regras e medidas são completa-mente vãs e ineficazes[6].” Mas, somente à proporção que uma mãe tiver esse insight peculiar no que diz respeito aos seus próprios filhos, ela irá, eu penso, sentir a necessidade de um conhecimento dos princípios gerais de educação, fundados sobre a natureza e as necessidades de todas as crianças. E esse conhecimento da ciência da educação nem a melhor das mães obterá de cima, visto que frequentemente não o recebemos como um dom para o qual temos os meios de conseguir pelos nossos próprios esforços. Arrisco-me a esperar que os professores de crianças novas também possam achar este volume útil. O período da vida de uma criança entre o seu sexto e nono ano de idade deve ser usado para colocar a base de uma educação liberal e do hábito de ler para a instrução. Durante esses anos, a criança deve entrar no domínio do conhecimento, em muitas direções boas, de um modo amor infantil? Muito pior do que isso é quando o amor da criança não encontraamor infantil? Muito pior do que isso é quando o amor da criança não encontra saídas dentro da sua casa: quando ela é a criança simples e apagada da família esaídas dentro da sua casa: quando ela é a criança simples e apagada da família e é deixada no frio, enquanto a afeição é deixada no frio, enquanto a afeição dos pais é esbanjada no resto. Claro que elados pais é esbanjada no resto. Claro que ela não ama os seus irmãos e irmãs, que monopolizam o que deveria ser delanão ama os seus irmãos e irmãs, que monopolizam o que deveria ser dela também. E como ela amará os seus pais? Ninguém sabe a angústia real quetambém. E como ela amará os seus pais? Ninguém sabe a angústia real que muitas crianças sofrem no quarto de crianças por isso, nem quantas vidas sãomuitas crianças sofrem no quarto de crianças por isso, nem quantas vidas são amarguradas e estra-gadas por meio da supressão dessas afeições infantis. Disse-amarguradas e estra-gadas por meio da supressão dessas afeições infantis. Disse- me uma se-nhora um tempo atrás: “A minha infância foi miserável pelo carinhome uma se-nhora um tempo atrás: “A minha infância foi miserável pelo carinho apaixonado da minha mãe pelo meu irmão pequeno. Não houve um dia em queapaixonado da minha mãe pelo meu irmão pequeno. Não houve um dia em que ela não me tenha deixado infeliz por ir ao quarto de criança para acariciá-lo eela não me tenha deixado infeliz por ir ao quarto de criança para acariciá-lo e brincar com ele. E o tempo todo ela não tinha uma palavra, nem um olhar, nembrincar com ele. E o tempo todo ela não tinha uma palavra, nem um olhar, nem um sorriso para mim, nada mais, como se eu não estivesse no quarto. Eu nuncaum sorriso para mim, nada mais, como se eu não estivesse no quarto. Eu nunca superei isso. Ela é muito gentil comigo agora, mas eu nunca me sinto muitosuperei isso. Ela é muito gentil comigo agora, mas eu nunca me sinto muito natural com ela. E como nós, irmão e irmã, podemos nos sentir um pelo outronatural com ela. E como nós, irmão e irmã, podemos nos sentir um pelo outro como se tivéssemos crescidos juntos em amor no quarto de criança?”como se tivéssemos crescidos juntos em amor no quarto de criança?” 4. DESPREZANDO AS CRIANÇAS4. DESPREZANDO AS CRIANÇAS As crianças devem ter o melhor das suas mãesAs crianças devem ter o melhor das suas mães Suponha que uma mãeSuponha que uma mãe possa possa ofender o seu filho. Como é possível queofender o seu filho. Como é possível que ela o despreze? “Desprezar: ter uma baixa opinião de, subestimar” – assim diz oela o despreze? “Desprezar: ter uma baixa opinião de, subestimar” – assim diz o dicionário. E, na verdade, por mais que possamos nos deleitar com as crianças,dicionário. E, na verdade, por mais que possamos nos deleitar com as crianças, nós, pessoas adultas, temos uma opinião deficiente demais delas. Se a mãe nãonós, pessoas adultas, temos uma opinião deficiente demais delas. Se a mãe não subestimou o seu filho, ela o deixaria a uma babá ignorante durante os primeirossubestimou o seu filho, ela o deixaria a uma babá ignorante durante os primeiros anos quando a sua natureza inteira está, como a placa sensível do fotógrafo,anos quando a sua natureza inteira está, como a placa sensível do fotógrafo, continuamente recebendo impres-sões indeléveis? Não, a menos que essa babácontinuamente recebendo impres-sões indeléveis? Não, a menos que essa babá seja boa para a criança. Muito provavelmente, para pessoas formadas nãoseja boa para a criança. Muito provavelmente, para pessoas formadas não resolveria ter as suas crianças sempre em torno delas. A sociedade constante dosresolveria ter as suas crianças sempre em torno delas. A sociedade constante dos seus pais poderia ser estimulante demais para a criança. E a mudança frequenteseus pais poderia ser estimulante demais para a criança. E a mudança frequente de pensamento, e a sociedade com outras pessoas, torna a mãe mais fresca parade pensamento, e a sociedade com outras pessoas, torna a mãe mais fresca para os seus filhos. Mas eles devem ter oos seus filhos. Mas eles devem ter o melhormelhor da sua mãe, as suas horas maisda sua mãe, as suas horas mais frescas, mais brilhantes, enquanto, ao mesmo tempo, ela é cuidadosa ao escolherfrescas, mais brilhantes, enquanto, ao mesmo tempo, ela é cuidadosa ao escolher as suas babás deles sabiamente, formá-las cuidadosamente e manter um olhoas suas babás deles sabiamente, formá-las cuidadosamente e manter um olho vigilante sobre tudo o que acontece no quarto de criança.vigilante sobre tudo o que acontece no quarto de criança. CuidadoraCuidadora A simples grosseria e rudeza no cuidado da cuidadora causam à criançaA simples grosseria e rudeza no cuidado da cuidadora causam à criança sensível um dano duradouro. Muitas crianças deixam o quarto de criança com osensível um dano duradouro. Muitas crianças deixam o quarto de criança com o seu senso moral embotado e com uma alienação do seu Pai celestial que podeseu senso moral embotado e com uma alienação do seu Pai celestial que pode durar por toda a sua vida. Pois o senso moral da criança é excessivamentedurar por toda a sua vida. Pois o senso moral da criança é excessivamente rápido. Ela tem todos os olhos e ouvidos para o mais leve ato ou palavra derápido. Ela tem todos os olhos e ouvidos para o mais leve ato ou palavra de injustiça, decepção, matreirice. A sua cuidadora lhe diz: “Se você for um bominjustiça, decepção, matreirice. A sua cuidadora lhe diz: “Se você for um bom menino, eu não irei contar.” E a criança aprende que as coisasmenino, eu não irei contar.” E a criança aprende que as coisas podem podem serser escondidas da sua mãe, que deveria ser para ela como Deus, conhecendo todo oescondidas da sua mãe, que deveria ser para ela como Deus, conhecendo todo o seu bem e mal. E não é como se a criança notasse os escorregões dos maisseu bem e mal. E não é como se a criança notasse os escorregões dos mais velhos com aversão. Elavelhos com aversão. Ela sabesabe melhor, é verdade, mas então ela não confia nasmelhor,é verdade, mas então ela não confia nas suas próprias intuições. Ela modela a sua vida em qualquer padrão posto perantesuas próprias intuições. Ela modela a sua vida em qualquer padrão posto perante ela. E, com a nódoa ela. E, com a nódoa fatal da natureza humana sobre ela, fatal da natureza humana sobre ela, está mais pronta a imitarestá mais pronta a imitar um mau padrão do que um bom. Dê-lhe uma cuidadora que seja grosseira,um mau padrão do que um bom. Dê-lhe uma cuidadora que seja grosseira, violenta e trapa-ceira, e, antes que a criança seja capaz de falar claramente, elaviolenta e trapa-ceira, e, antes que a criança seja capaz de falar claramente, ela terá apre-endido essas disposições.terá apre-endido essas disposições. Os defeitos das crianças são sériosOs defeitos das crianças são sérios Uma das maneiras pelas quais os pais são aptos a ter uma opiniãoUma das maneiras pelas quais os pais são aptos a ter uma opinião deficiente demais dos seus filhos é no assunto dos seus defeitos. Uma criancinhadeficiente demais dos seus filhos é no assunto dos seus defeitos. Uma criancinha mostra algum traço feio – ela é gulosa e engole a porção de guloseimas da suamostra algum traço feio – ela é gulosa e engole a porção de guloseimas da sua irmã tanto quanto a sua; ela é vingativa, pronta para morder ou lutar contra airmã tanto quanto a sua; ela é vingativa, pronta para morder ou lutar contra a mão que a ofende; ela conta uma mentira. Não, ela não tocou a tigela de açúcarmão que a ofende; ela conta uma mentira. Não, ela não tocou a tigela de açúcar ou o pote de gelatina. A mãe protela o dia mau: ela sabe que algum dia terá queou o pote de gelatina. A mãe protela o dia mau: ela sabe que algum dia terá que considerar a criança por aquelas ofensas, mas no meio tempo diz a si mesma:considerar a criança por aquelas ofensas, mas no meio tempo diz a si mesma: “Oh, desta vez não importa. Ela é muito pequena e saberá melhor pouco a“Oh, desta vez não importa. Ela é muito pequena e saberá melhor pouco a pouco.” Para não colocar a pouco.” Para não colocar a coisa em bases mais elevadas, que dias felizes para coisa em bases mais elevadas, que dias felizes para sisi mesma e para os seus filhos asseguraria a mãe, se ela se mantivesse de olho emmesma e para os seus filhos asseguraria a mãe, se ela se mantivesse de olho em vez de deixar as águas rolarem! Se a mãe define na sua própria mente que avez de deixar as águas rolarem! Se a mãe define na sua própria mente que a criança nunca age erroneamente sem estar ciente do seu agir errado, ela verá quecriança nunca age erroneamente sem estar ciente do seu agir errado, ela verá que a criança não é nova demais para ter o seu defeito corrigido ou prevenido. Lidea criança não é nova demais para ter o seu defeito corrigido ou prevenido. Lide com uma criança na suacom uma criança na sua primeira primeira ofensa, e um olhar sério é o suficiente paraofensa, e um olhar sério é o suficiente para condenar a pequena transgressora. Mas deixe passar até que seja formado umcondenar a pequena transgressora. Mas deixe passar até que seja formado um hábito de agir mal, e a cura será lenta. Então a mãe não terá chance até que elahábito de agir mal, e a cura será lenta. Então a mãe não terá chance até que ela tenha, ao contrário, formado na criança um hábito de agir bem. Rir detenha, ao contrário, formado na criança um hábito de agir bem. Rir de temperamentos feios e deixá-los passar porque a criança é pequena é semear otemperamentos feios e deixá-los passar porque a criança é pequena é semear o vento.vento. 5. ATRAPALHANDO AS CRIANÇAS5. ATRAPALHANDO AS CRIANÇAS O relacionamento de uma O relacionamento de uma criança com Deus criança com Deus TTodo-Poderosoodo-Poderoso A maneira mais fatal de desprezar a criança cai sob a terceira leiA maneira mais fatal de desprezar a criança cai sob a terceira lei educacional dos Evangelhos. Deve-se negligenciar e fazer pouco caso do seueducacional dos Evangelhos. Deve-se negligenciar e fazer pouco caso do seu relacionamento natural com Deus Todo-Poderoso. “Deixai vir a mim estasrelacionamento natural com Deus Todo-Poderoso. “Deixai vir a mim estas criancinhascriancinhas[21][21]”, diz o Salvador, como se isto fosse a coisa natural para as”, diz o Salvador, como se isto fosse a coisa natural para as crianças fazerem, aquilo que fazem quando não são atrapalhadas pelos maiscrianças fazerem, aquilo que fazem quando não são atrapalhadas pelos mais velhos. E talvez não seja uma coisa muito bonita acreditar neste mundovelhos. E talvez não seja uma coisa muito bonita acreditar neste mundo redimido, onde, assim como o bebê se volta à sua mãe ainda que não tenha oredimido, onde, assim como o bebê se volta à sua mãe ainda que não tenha o poder de dizer o seu nome, como as flores se voltam ao sol, os corações daspoder de dizer o seu nome, como as flores se voltam ao sol, os corações das crianças se voltam ao seu Salvador e Deus, com deleite e confiançacrianças se voltam ao seu Salvador e Deus, com deleite e confiança inconscientes.inconscientes. A teologia da pré-escolaA teologia da pré-escola Agora escute o que acontece em muitas pré-escolas: “Deus não o ama,Agora escute o que acontece em muitas pré-escolas: “Deus não o ama, seu malcriado, menino mau!”, “Ele o enviará ao lugar ruim, mau.”, e assim porseu malcriado, menino mau!”, “Ele o enviará ao lugar ruim, mau.”, e assim por diante. E esse é todo o ensinamento prático sobre os caminhos do seudiante. E esse é todo o ensinamento prático sobre os caminhos do seu “Amante“Amante[22][22] todo-poderoso” que a criança tem! Nunca uma palavra de como todo-poderoso” que a criança tem! Nunca uma palavra de como Deus ama e valoriza as crianças pequenas o dia todo e preenche-lhes as horasDeus ama e valoriza as crianças pequenas o dia todo e preenche-lhes as horas com alegria. Acrescente a isso orações superficiais apáticas, discussões inúteiscom alegria. Acrescente a isso orações superficiais apáticas, discussões inúteis sobre as coisas divinas na presença delas, uso leviano de palavras santas, poucossobre as coisas divinas na presença delas, uso leviano de palavras santas, poucos sinais pelos quais a criança possa ler que as coisas de Deus são mais para os seussinais pelos quais a criança possa ler que as coisas de Deus são mais para os seus pais do que quaisquer coisas do mundo, e a criança é estorvada, tacitamentepais do que quaisquer coisas do mundo, e a criança é estorvada, tacitamente proibida de “vir a Mim” – e isso, frequentemente, por pais que nas profundezasproibida de “vir a Mim” – e isso, frequentemente, por pais que nas profundezas dos seus corações não desejam nada comparado a Deus. O prejuízo está naquelados seus corações não desejam nada comparado a Deus. O prejuízo está naquela mesma subes-timação tola das crianças, na noção de que elas não mesma subes-timação tola das crianças, na noção de que elas não podem ter umapodem ter uma vida espiritual até que os seus mais velhos desejem acender a vida espiritual até que os seus mais velhos desejem acender a chama.chama. 6. CONDIÇÕES DA ATIVIDADE CEREBRAL SAUDÁVEL6. CONDIÇÕES DA ATIVIDADE CEREBRAL SAUDÁVEL TTendo acabado de endo acabado de olhar para a larga região do olhar para a larga região do terreno proibido, estamosterreno proibido, estamos preparados para considerar o que é, definitiva e positivamente, que a mãe devepreparados para considerar o que é, definitiva e positivamente, que a mãe deve ao seu filho sob o nome de “Educação”.ao seu filho sob o nome de “Educação”. TTodo o trabalho odo o trabalho da mente significa da mente significa o cansaço o cansaço do cé-rebrodo cé-rebro Em primeiro lugar, as capacidades mais educáveis da criança – a suaEm primeiro lugar, as capacidades mais educáveis da criança – a sua inteligência, a sua vontade, os seus sentimentos morais – têm o seu assento nointeligência, a sua vontade, os seus sentimentos morais – têm o seu assento no cérebro. Isto é, como o olho é o órgão da visão, o cérebro, ou alguma parte dele,cérebro.Isto é, como o olho é o órgão da visão, o cérebro, ou alguma parte dele, é o órgão do pensamento e da vontade, do amor e da adoração. As autoridadesé o órgão do pensamento e da vontade, do amor e da adoração. As autoridades divergem no tocante ao quão longe é possível localizar as funções do cérebro,divergem no tocante ao quão longe é possível localizar as funções do cérebro, mas pelo menos isto parece bem claro: que nenhuma das funções da mente sãomas pelo menos isto parece bem claro: que nenhuma das funções da mente são realizadas sem atividade real na massa de matéria nervosa cinza e brancarealizadas sem atividade real na massa de matéria nervosa cinza e branca chamada de “cérebro”. Ora, isso não é um problema para o fisiologista sozinho,chamada de “cérebro”. Ora, isso não é um problema para o fisiologista sozinho, mas para todos os pais de família, porque aquele cérebro maravilhoso, por meiomas para todos os pais de família, porque aquele cérebro maravilhoso, por meio do qual fazemos o nosso pensamento, deve agir saudavelmente e em harmoniado qual fazemos o nosso pensamento, deve agir saudavelmente e em harmonia com a ação salutar dos membros, deve agir somente sob tais condições decom a ação salutar dos membros, deve agir somente sob tais condições de exercício, descanso e nutrição, como a saúde segura em todas as outras partes doexercício, descanso e nutrição, como a saúde segura em todas as outras partes do corpo.corpo. ExercícioExercício A maioria de nós se encontrou com algumas pessoas excêntricas eA maioria de nós se encontrou com algumas pessoas excêntricas e muitas bem bobas, no que diz respeito a quem a questão se força: essas pessoasmuitas bem bobas, no que diz respeito a quem a questão se força: essas pessoas nasceram com menos capacidade cerebral do que outras? Prova-velmente não.nasceram com menos capacidade cerebral do que outras? Prova-velmente não. Mas se foi permitido que elas crescessem sem o hábito diário dosMas se foi permitido que elas crescessem sem o hábito diário dos trabalhostrabalhos moral e mental apropriados, se foi permitido que moral e mental apropriados, se foi permitido que elas perdessem tempo durante aelas perdessem tempo durante a uventude sem os esforços de pensamento e vontade regulares e sustentados, ouventude sem os esforços de pensamento e vontade regulares e sustentados, o resultado seria o mesmo, e o cérebro, que deveria ter sido revigorado peloresultado seria o mesmo, e o cérebro, que deveria ter sido revigorado pelo exercício diário, tornou-se fraco e débil como um braço saudável ficaria após serexercício diário, tornou-se fraco e débil como um braço saudável ficaria após ser carregado por anos numa tipoia. O grande cérebro ativo não está contente com acarregado por anos numa tipoia. O grande cérebro ativo não está contente com a ociosidade inteira. Ele define diretrizes para si mesmo e trabalha agitadamente. Eociosidade inteira. Ele define diretrizes para si mesmo e trabalha agitadamente. E o homem ou a mulher se tornam excêntricos porque todo o esforço mental, comoo homem ou a mulher se tornam excêntricos porque todo o esforço mental, como o moral, tem de ser prosseguido sob a disciplina das regras. Um escritor sagazo moral, tem de ser prosseguido sob a disciplina das regras. Um escritor sagaz sugeriu que a indolência mental pode ter sido em alguma medida a causasugeriu que a indolência mental pode ter sido em alguma medida a causa daqueles ataques deploráveis de perturbação e depressão dos quais o pobredaqueles ataques deploráveis de perturbação e depressão dos quais o pobre Cowper sofreu, o fazer de versos graciosos quando a “porção de larva” não lheCowper sofreu, o fazer de versos graciosos quando a “porção de larva” não lhe proporcionou a quantidade deproporcionou a quantidade de laborlabor mental necessário para mental necessário para o seu o seu bem-estarbem-estar.. A conclusão disso é: não deixe que as crianças passem um dia semA conclusão disso é: não deixe que as crianças passem um dia sem esforçosesforços distintos, intelectuais, morais, volitivos. Deixe-as se fortalecerem paradistintos, intelectuais, morais, volitivos. Deixe-as se fortalecerem para entender. Deixe-as se convencerem de fazer e suportar. Deixe-as fazer o certoentender. Deixe-as se convencerem de fazer e suportar. Deixe-as fazer o certo com o sacrifício do fácil e do prazer. E isso por muitas razões maiores, mas, emcom o sacrifício do fácil e do prazer. E isso por muitas razões maiores, mas, em primeiro lugar e mais baixo, que o mero órgão físico da mente e da vontadeprimeiro lugar e mais baixo, que o mero órgão físico da mente e da vontade possa crescer vigoroso com o trabalho.possa crescer vigoroso com o trabalho. DescansoDescanso Tão importante quanto isso é que o cérebro tenha o seu devidoTão importante quanto isso é que o cérebro tenha o seu devido descanso, ou seja, descanse e trabalhe alternadamente. E aqui duasdescanso, ou seja, descanse e trabalhe alternadamente. E aqui duas considerações entram em jogo. Em primeiro lugar, quando o cérebro está ativoconsiderações entram em jogo. Em primeiro lugar, quando o cérebro está ativo no trabalho, ele é tratado como é todo outro órgão do corpo nas mesmasno trabalho, ele é tratado como é todo outro órgão do corpo nas mesmas circunstâncias, isto é, um grande suprimento adicional de sangue é atraído àcircunstâncias, isto é, um grande suprimento adicional de sangue é atraído à cabeça para a alimentação do órgão que está gastando a sua substância emcabeça para a alimentação do órgão que está gastando a sua substância em trabalho duro. Ora, não há uma quantidade indefinida do que no momentotrabalho duro. Ora, não há uma quantidade indefinida do que no momento chamaremos de sangue excedente nos recipientes. O suprimento é reguladochamaremos de sangue excedente nos recipientes. O suprimento é regulado sobre o princípio de que somente um conjunto de órgãos será excessivamentesobre o princípio de que somente um conjunto de órgãos será excessivamente ativo de uma vez: ora os membros, ora os órgãos digestivos, ora o cérebro. Eativo de uma vez: ora os membros, ora os órgãos digestivos, ora o cérebro. E todo o sangue no corpo que pode ser poupado vai ao suporte daqueles órgãostodo o sangue no corpo que pode ser poupado vai ao suporte daqueles órgãos que, por ora, estão num estado de que, por ora, estão num estado de laborlabor.. Descanso após as refeiçõesDescanso após as refeições A criança acabou de jantar. Esta é a refeição do dia que maisA criança acabou de jantar. Esta é a refeição do dia que mais severamente sobrecarrega os seus órgãos digestivos, pois, por duas ou três horasseveramente sobrecarrega os seus órgãos digestivos, pois, por duas ou três horas depois, muito trabalho estará prosseguindo nesses órgãos, e o sangue que podedepois, muito trabalho estará prosseguindo nesses órgãos, e o sangue que pode ser poupado de outro lugar estará presente para ajudar. Agora, mande a criançaser poupado de outro lugar estará presente para ajudar. Agora, mande a criança sair para uma caminhada longasair para uma caminhada longa imediatamenteimediatamente após a janta: o sangue vai àsapós a janta: o sangue vai às extremidades do trabalho e a comida é deixada meio digerida. Dê à criança umextremidades do trabalho e a comida é deixada meio digerida. Dê à criança um curso regular dessas jantas e caminhadas, e ela crescerá dispéptica. Coloque-acurso regular dessas jantas e caminhadas, e ela crescerá dispéptica. Coloque-a nos seus livros após uma refeição pesada e o caso será tão ruim quanto. Onos seus livros após uma refeição pesada e o caso será tão ruim quanto. O sangue que deveria estar ajudando na digestão da refeição vai ao cérebro,sangue que deveria estar ajudando na digestão da refeição vai ao cérebro, trabalhando.trabalhando. Com efeito, as horas para as aulas devem ser cuidadosamenteCom efeito, as horas para as aulas devem ser cuidadosamente escolhidas após períodos de descanso mental – sono ou jogo, por exemplo – eescolhidasapós períodos de descanso mental – sono ou jogo, por exemplo – e quando não há atividade excessiva em qualquer outra parte do sistema. Assimquando não há atividade excessiva em qualquer outra parte do sistema. Assim sendo, a manhã, após o café da manhã (a refeição mais leve, cuja digestão não ésendo, a manhã, após o café da manhã (a refeição mais leve, cuja digestão não é uma força pesada), é o melhor tempo para as aulas e todo tipo de trabalhouma força pesada), é o melhor tempo para as aulas e todo tipo de trabalho mental. Se a tarde toda não pode ser poupada para o recreio fora de casa, esse é omental. Se a tarde toda não pode ser poupada para o recreio fora de casa, esse é o tempo para tarefas mecânicas como costura, desenho, treinos. Os talentos dastempo para tarefas mecânicas como costura, desenho, treinos. Os talentos das crianças são brilhantes o bastante à noite, mas o inconveniente para o trabalhocrianças são brilhantes o bastante à noite, mas o inconveniente para o trabalho noturno é que o cérebro, uma vez excitado, está inclinado a continuar os seusnoturno é que o cérebro, uma vez excitado, está inclinado a continuar os seus trabalhos além da hora de dormir, e sonhos, insônia e sono difícil se aplicam àtrabalhos além da hora de dormir, e sonhos, insônia e sono difícil se aplicam à pobre criança que esteve em trabalho até o último minuto. Se as crianças maispobre criança que esteve em trabalho até o último minuto. Se as crianças mais velhasvelhas têm detêm de trabalhar de noite, elas devem ter pelo menos uma ou duas horastrabalhar de noite, elas devem ter pelo menos uma ou duas horas sociais agradáveis antes de irem para a cama. Mas, de fato, temos essa dívidasociais agradáveis antes de irem para a cama. Mas, de fato, temos essa dívida com as crianças: abolir a “preparação” da com as crianças: abolir a “preparação” da noite.noite. Mudança de ocupaçãoMudança de ocupação Diz Huxley: “Não há no presente nenhuma prova satisfatória de que aDiz Huxley: “Não há no presente nenhuma prova satisfatória de que a manifestação de qualquer tipo particular de faculdade mental seja especialmentemanifestação de qualquer tipo particular de faculdade mental seja especialmente atribuída ou conectada à atividade de qualquer região particular dos hemisfériosatribuída ou conectada à atividade de qualquer região particular dos hemisférios cerebrais.”, umcerebrais.”, um dictumdictum[23][23] contra os frenologistas, mas chegando-nos em contra os frenologistas, mas chegando-nos em autoridade alta demais para ser debatido. Não é possível localizar asautoridade alta demais para ser debatido. Não é possível localizar as “faculdades” – para dizer que se tem cuidado com essa fração do cérebro e amor“faculdades” – para dizer que se tem cuidado com essa fração do cérebro e amor musical pela outra. Mas esse tanto é certo e é muito importante para o educador:musical pela outra. Mas esse tanto é certo e é muito importante para o educador: o cérebro, ou alguma porção dele, fica exausto quando qualquer função dada foio cérebro, ou alguma porção dele, fica exausto quando qualquer função dada foi exercitada por muito tempo. A criança tem feito cálculos por algum exercitada por muito tempo. A criança tem feito cálculos por algum tempo e estátempo e está ficando inexplicavel-mente idiota: remova a sua lousa e ficando inexplicavel-mente idiota: remova a sua lousa e faça-a ler uma história, efaça-a ler uma história, e encontrar-se-ão os seus talentos frescos de novo. A imaginação, que não temencontrar-se-ão os seus talentos frescos de novo. A imaginação, que não tem parte nos cálculos, é chamada ao jogo pela aula de história, e a criança traz umparte nos cálculos, é chamada ao jogo pela aula de história, e a criança traz um poder vivamente inesgotável para o seu novo trabalho. Os horários escola-respoder vivamente inesgotável para o seu novo trabalho. Os horários escola-res geralmente são feitos com uma visão para dar ao cérebro da criança umageralmente são feitos com uma visão para dar ao cérebro da criança uma variedade de trabalho. Mas o segredo do variedade de trabalho. Mas o segredo do cansaço que as crianças frequentementecansaço que as crianças frequentemente mostram na sala escolar doméstica é que tal mudança judiciosa de aulas não émostram na sala escolar doméstica é que tal mudança judiciosa de aulas não é planejada.planejada. NutriçãoNutrição Ainda, o cérebro não pode fazer o seu trabalho bem, a menos que estejaAinda, o cérebro não pode fazer o seu trabalho bem, a menos que esteja abundante e apropriadamente nutrido. Alguém fez um cálculo de abundante e apropriadamente nutrido. Alguém fez um cálculo de quantos gramasquantos gramas de cérebro serviram para a produção de uma obra – digamosde cérebro serviram para a produção de uma obra – digamos Paradise Paradise Lost Lost [24][24];; quantos gramas para uma outra obra, e assim por diante. Sem entrar naquantos gramas para uma outra obra, e assim por diante. Sem entrar na aritmética mental dessa natureza, podemos dizer com segurança aritmética mental dessa natureza, podemos dizer com segurança que toda espécieque toda espécie de atividade intelectual gasta os tecidos do cérebro. Uma rede de recipientesde atividade intelectual gasta os tecidos do cérebro. Uma rede de recipientes fornece uma quantidade enor-me de sangue ao órgão, para repará-lo por essafornece uma quantidade enor-me de sangue ao órgão, para repará-lo por essa perda de material. E o vigor e a saúde do cérebro dependem da qualidade e da quantidade desse fornecimento de sangue. Certas causas afetam a qualidade do sangue Ora, a qualidade do sangue é afetada por três ou quatro causas. Em primeiro lugar, o sangue é elaborado a partir da comida: quanto mais nutritiva e fácil a digestão da comida, mais vitais serão as propriedades do sangue. A comida também tem de ser variada, uma dieta mista, porque vários ingredientes são exigidos para reparar os vários gastos nos tecidos. As crianças são incríveis gastadoras. As suas idas e vindas sem fim, as suas inquietações, a sua energia, os próprios manejos das suas línguas, tudo significa custo de substância: a perda não é apreciável, mas elas perdem algo para cada saída repentina, dentro ou fora de casa. Sem dúvida, o ganho de potência que resulta do exercício é mais do que a compensação para a perda de substância; todavia deve-se prontamente fazer essa perda boa. E não somente o corpo da criança é mais ativo, proporcionalmente, do que o do homem: o cérebro da criança, se compa-rado ao do homem, está em perpétua agitação de esforço. Calcula-se que, ainda que o cérebro de um homem não pese mais do que um quadragésimo do seu corpo, um quinto ou um sexto do seu complemento todo de sangue vai alimentar esse órgão delicado e intensamente ativo. Mas, no caso da criança, uma proporção consideravelmente maior do sangue que está nela é gasto com o sustento do seu cérebro. E o tempo todo, com essas deman-das excessivas sobre ela, a criança tem de crescer! Não meramente para reparar a perda, mas para produzir nova substância no cérebro e no corpo. No tocante às refeições Qual é a conclusão óbvia? Que a criança deve ser bem alimentada. Metade das pessoas com baixa vitalidade com quem deparamos são as vítimas de alimentação deficiente durante a sua infância. E isso mais frequentemente porque os seus pais não estavam então alerta ao seu dever a esse respeito, não estavam numa posição de proporcionar aos seus filhos a dieta necessária ao seu pleno desenvolvimento físico e ao mental. Refeições regulares nos intervalos geralmente não partidos: janta, nunca mais do que cinco horas após o café da manhã; almoço formal, desneces-sário; comida animal, uma vez certamente, em alguma forma mais leve, duas vezes ao dia – são as sugestões do senso comum seguidas na maioria das casas bem reguladas. Mas não é a comida que é comida, mas a comida que é digerida que nutre o corpo e o cérebro. E aqui passam muitas consi-derações de modo que nós somente podemos olhar para duas ou trêsdas mais óbvias. Todos sabem que as crianças não devem comer pastel ou carne de porco ou carnes fritas ou queijo ou comida rica, altamente aroma-tizada de qualquer descrição; que pimenta, mostarda e vinagre, molhos e temperos devem ser proibidos, com novo pão, bolos ricos e geleias, como ameixa ou groselha, nos quais o casaco de couro da fruta é preservado; que leite, ou leite e água, e esta não quente demais, ou chocolate, é a melhor bebida para crianças, e que elas devem ser educadas a não beber até que tenham terminado de comer; que a fruta fresca no café da manhã é inesti-mável; que, servindo o mesmo fim, o mingau de aveia, o melado e a gordu-ra do bacon torrado são valiosas comidas para o café da manhã; e que um copo de água também, tomado como a última coisa à noite e a primeira coisa de manhã, é útil para promover aqueles hábitos regulares dos quais muitos confortos da vida dependem. Conversa nas refeições É desnecessário insistir em tudo isso e em muitas coisas do mesmo tipo. Mas outra vez deixe-me dizer: é a comida digerida que nutre o sistema, e as pessoas podem esquecer o quão longe as condições mentais e morais afetam os processos de digestão. O fato é que os sucos gástricos que agem como solventes para os mantimentos, só são secretados livremente quando a mente está numa estrutura alegre e contente. Se a criança desgosta da sua janta, ela a engole, mas a digestão daquela refeição desa-gradável é um processo trabalhoso, muito impedido. Se a refeição for comi-da em silêncio, sem variação de conversa agradável, a criança perde muito do “bem” da sua janta. Portanto, não é uma questão de amimá-las absolu-tamente, mas uma questão de saúde, de nutrição devida, que as crianças gostem da sua comida, e que as suas refeições sejam comidas em alegria, ainda que, a propósito, o entusiasmo jubiloso seja tão pernicioso quanto o seu oposto, por destruir aquele conteúdo exato, alegre, da mente favorável aos processos de digestão. Nenhum esforço deve ser poupado para tornar as horas de encontro em torno da mesa da família as mais brilhantes do dia. Supõe-se permitir-se que as crianças se sentem à mesma mesa com os seus pais. E, se for possível, que as deixem fazer assim em toda refeição, à exceção da janta tardia. A vantagem às pessoinhas é incalculável. Eis a oportunidade dos pais para educá-las nas maneiras e na moral, para con-solidar o amor de família e acostumar as crianças a hábitos, como o de mastigação completa, por exemplo – tão importante para a saúde quanto para a propriedade. Variedade nas refeições Mesmo dados os arredores agradáveis e a comida excelente, os re- quisitos dessas pequenas pessoas exigentes não estão plenamente satis-feitos: assim como a sua comida deve ser simples, elas têm de ter varie-dade. Uma carne de carneiro toda terça-feira, a mesma fria às quartas-feiras e picada às quintas-feiras, pode ser comida muito boa. Mas a criança que tem essa dieta semana após semana está nutrida inadequadamente, simplesmente porque ela está cansada disso. A mãe deve planejar um revezamento para os seus filhos que durará pelo menos uma quinzena, sem a mesma janta ocorrendo duas vezes. O peixe, especialmente se a criança o come sem carne acompanhada, é excelente como uma mudança, ainda mais por ser rico em fósforo – um alimento valioso para o cérebro. As sobremesas de crianças merecem uma boa dose de consideração, porque estas comumente não ligam para comidas gordurosas, mas preferem obter a vivacidade dos seus corpos a partir do amido e do açúcar das suas sobremesas. Mas dê-lhes variedade. Não deixe ser “tapioca eterna”. Mes- mo para o chá e o café da manhã, a mãe sábia não diz “Eu sempre dou às minhas crianças” e coisas assim. Elas não devem ter qualquer coisa “sem-pre”. Toda refeição deve ter alguma surpresinha. Mas essa é a forma de fazê-las pensar muito sobre o que comerão e beberão? Ao contrário: são as crianças subnutridas que são gulosas e inadaptadas para confiar em qual-quer delicadeza incomum. O ar, tão importante quanto a comida A qualidade do sangue depende quase tanto do ar que respiramos quanto da comida que comemos. No curso de cada dois ou três minutos, todo o sangue no corpo passa através de inúmeras ramificações dos pulmões, por nenhum outro propósito senão este: durante o instante da sua passagem, ele deve ser conduzido pelo oxigênio contido no ar que é levado aos pulmões no ato de respirar. Mas o que pode acontecer ao sangue no curso de uma exposição de tão curta duração? Apenas isto: o caráter inteiro, a própria cor do sangue é modificado. Ele entra nos pulmões estragado, não mais capaz de sustentar a vida. Ele os deixa, um fluido puro e vital. Agora observe: o sangue só é plenamente oxigenado quando o ar contém a sua proporção completa de oxigênio. E todo objeto respirando e queimando recolhe algum oxigênio da atmosfera. Daí a im-portância de arejar as crianças diariamente e lhes dar exercícios abun-dantes com pulmão e membros ao ar não viciado, não empobrecido. seus dias nas ruas é mais bem suprida com oxigênio do que aquela que passa a maior parte das suas horas no ar não modificado de um apartamento espaçoso. Mas não é o ar das ruas que as crianças querem. É o delicioso ar do campo que dá vida. O gasto das crianças ao viver excede enormemente o gasto do adulto. A atividade sem fim da criança, enquanto desenvolve músculos, é mantida às custas de grande desperdício de tecido. É o sangue que carrega material para o reparo dessa perda. A criança tem de crescer, cada parte sua, e é o sangue que leva material para a construção de novos tecidos. Ainda, sabemos que o cérebro, fora de toda a proporção ao seu tamanho, é o grande consumidor do suprimento de sangue; mas o cérebro da criança, com a sua atividade ávida, com o seu crescimento duplicado, é insaciável nas suas demandas! “Eu alimento a Alice com chá de carne” “Eu alimento a Alice com chá de carne, óleo de fígado de bacalhau e todos os tipos de coisas nutritivas, mas é muito desalentador: a criança não ganha carne!” É provável que, por vinte e duas das vinte e quatro horas, Alice respire o ar empobrecido e mais ou menos viciado, fechado dentro das quatro paredes de uma casa. A criança está praticamente faminta, pois a comida que ela come é muito imperfeita e inadequada-mente convertida no sangue arejado que alimenta os tecidos do corpo. E se ela está sofrendo de inanição corporal, que tal a mente ávida, ativa, curiosa, faminta da menininha? “Oh, ela tem as suas aulas regular-mente todo dia.” Provavelmente, mas aulas que lidam com palavras, so-mente com os signos das coisas, não são o que as crianças querem. Não há conhecimento tão apropriado para os primeiros anos de uma criança como aquele do nome, da aparência e do comportamento in situ[27] de todo objeto natural que ela pode conseguir. “Ele fez assim as Suas obras maravilhosas de modo que eles devessem ser tidos em lembrança[28].” Lucy de Wordsworth “Three years she grew in sun and shower, Then Nature said, ‘A lovelier flower On earth was never sown; This child I to myself will take; She shall be mine, and I will make A lady of my own. * * * * * “’She shall be sportive as the fawn, That wild with glee across the lawn Or up the mountain springs; And hers shall be the breathing balm, And hers the silence and the calm Of mute, insensate things. * * * * * “’The stars of midnight shall be dear To her; and she shall lean her ear In many a secret place Where rivulets dance their wayward round, And beauty born of murmuring sound Shall pass into her face.’” “Três anos ela cresceu no sol e no banho, Então a Natureza disse: ‘Uma flor mais amável Sobre a terra nunca foi semeada. Essa criança, eu a tomarei para mim mesmo. Ela será minha, e eu farei Uma dama minha. * * * * * “’Ela será esportiva como o corço, Aquele silvestre com alegria pelo gramado Ou nas nascentes em cima da montanha. E dela será o bálsamo que respira, E dela, o silêncio e a calma Das coisas mudas, insensatas. * * * * * “’As estrelas da meia-noite serão queridasPor ela; e ela conduzirá o seu ouvido Em muitos lugares secretos Onde regatos dançam o seu círculo incerto, E a beleza nascida do som murmurante Passará no seu rosto.’” Arejamentos internos Teremos ocasião de falar mais completamente sobre arejamentos fora de casa, mas os arejamentos dentro de casa são verdadeiramente muito importantes, pois, se os tecidos forem nutridos com sangue impuro por todas as horas que a criança gasta na casa, o prejuízo não será conser-tado nos intervalos mais curtos gastos fora de casa. Ponha dois ou três corpos que respiram, assim como fogo e gás, numa sala, e é incrível o quão rápido o ar fica viciado – salvo se for constantemente renovado, isto é, salvo se a sala for bem ventilada. Nós sabemos o que virá do ar fresco e reclamamos que uma sala parece estar com bugigangas, mas sente-se numa sala por uns minutos e você se acostuma às suas inutilidades. Os sentidos não são mais um guia seguro. Ventilação Portanto, uma provisão regular tem de ser feita para a ventilação das salas a despeito dos sentimentos dos seus companheiros. Pelo menos uma dez casos, os bons pais sensíveis confiam demais no seu senso comum e nas suas boas intenções, esquecendo que esse tem de estar com o esforço de se instruírem na natureza do caso. E aqueles esforços bem-intencionados rendem pouco, se eles não continuam em obediência às leis divinas para serem estudados em muitos casos, não na Bíblia, mas nos fatos da vida. Vidas obedientes à lei frequentemente mais inocentes do que vidas piedosas É uma vergonha para pessoas crentes que muitos, cuja maior profissão é aquela que eles não conhecem, portanto não acreditam, produz-zam mais vidas inocentes, mais livres das falhas de temperamento, do vício do egoísmo, do que muitas pessoas sinceramente religiosas. É um fato que defrontará com as crianças aos poucos, e um dos quais elas exigirão uma explicação. E mais: é um fato que terá mais peso – quando ele defrontar com elas na pessoa de uma personagem que elas não podem senão estimar e amar – do que todo o ensinamento doutrinário que elas tiveram nas suas vidas. Isso me parece o perigo ameaçador àquela depen-dência confessada e lealdade a Deus Todo-Poderoso que nós reconhecemos como a religião: não a maldade, mas a bondade de uma escola que se recusa a admitir qualquer dependência e lealdade assim. A minha percepção desse perigo é a minha razão de oferecer o pouco que tenho a dizer sobre o assunto da educação – a minha percepção do perigo e a garantia que sinto de que afinal não é um grande perigo, mas um de que os pais da classe culta sejam competentes para lidar, e são precisamente as únicas pessoas que podem lidar com isso. “Mente” e “matéria” igualmente governadas pela lei Quanto a essa moralidade superior de alguns não crentes, supondo que nós concedamos, o que isso importa? Apenas isto: que o universo da mente, como o universo da matéria, é governado por leis de Deus não escritas; que a criança não pode soprar bolhas de sabão ou pensar nos seus pensamentos esvoaçantes senão em obediência às leis divinas; que toda segurança, progresso e sucesso na vida vêm da obediência à lei, às das ciências mental, moral ou física, ou daquela ciência espiritual que a Bíblia revela; que é possível verificar leis e mantê-las sem reconhecer o Legis-lador; e que aqueles que verificam mesmo e guardam qualquer lei divina herdam a bênção devida à obediência, qualquer que seja a sua atitude em relação ao Legislador – assim como é aquecido o homem que sai à luz brilhante do sol, ainda que ele possa fechar os seus olhos e se recusar a vê-lo. Por outro lado, aqueles que não se esforçam para estudar os princípios que governam a ação humana e o pensamento humano perdem as bênçãos da obediência a certas leis, embora possam herdar as melhores bênçãos que vêm do relacionamento reconhecido com o Legislador. O antagonismo à lei mostrado por algumas pessoas religiosas Essas últimas bênçãos são tão indizivelmente satisfatórias, que com frequência o crente que gosta delas não quer mais. Ele abre a sua boca e atrai na sua respiração a alegria que ele tem na lei, é verdade. Mas é a lei da vida espiritual somente. Com relação às outras leis de Deus que governam o universo, às vezes ele tem uma atitude de antagonismo, quase de resistência, digna de um infiel. Que ele seja temerosa e maravilhosamente feito não é nada para ele. Ele não se importa com saber como o cérebro funciona, nem quanto mais a essência sutil que chamamos de mente evolui e se desenvolve em obediência às leis. Há mentes piedosas às quais cheira descrença um desejo de olhar dentro dessas coisas, como se fosse desonrar o Todo-Poderoso perceber que Ele carrega as Suas obras gloriosas mediante leis gloriosas. Eles não terão que ver com leis exceto as leis do reino da graça. No meio tempo, o não crente, que não procura auxílios sobrenaturais, dispõe-se a descobrir e se conformar com todas as leis que regulam a vida natural – físicas, mentais, morais –, todas as leis de Deus, de fato, exceto aquelas da vida espiritual de que o crente se apropria como a sua herança peculiar. Mas essas leis deixadas a Esaú também são leis de Deus, e a observância delas é atendida com essas bênçãos, de maneira que os filhos dos crentes dizem: “Veja, como é que esses que não reconhecem a Lei como sendo de Deus são melhores do que nós que reconhecemos?” Os pais têm de se inteirar dos princípios da fisiologia e da ciência moral Agora, os pais crentes não têm direito de colocar essa dificuldade crucial aos seus filhos. Eles não têm direito, por exemplo, de orar para que os seus filhos possam ser verdadeiros, diligentes, justos, e ao mesmo tempo de negligenciar se familiarizarem com aqueles princípios da ciência moral, cuja observância irá guiar na verdade, na diligência e na justiça de caráter. Pois isso também é a lei de Deus. Observe, não no conhecimento de Deus, a coisa pela qual melhor vale viver: nenhuma ciência mental e nenhuma ciência moral estão comprometidas com revelar isso. O que eu afirmo é que essas ciências têm a sua parte a desempenhar na educação da raça humana e que os pais não podem desconsiderá-las com impu-nidade. O meu empreendimento neste e nos seguintes volumes da coleção será esboçar grosso modo um método de educação que, por estar numa base de lei natural, pode parecer, sem presunção, herdar a bênção divina. Qualquer esboço que eu possa oferecer neste curto espaço tem de ser muito imperfeito e muito incompleto, mas uma dica aqui e ali pode ser o bastante para pôr pais inteligentes sobre diretrizes proveitosas para pensar com relação à educação dos seus filhos. PARTE II VIDA FORA DE CASA PARA AS CRIANÇAS 1. TEMPO DE CRESCIMENTO Refeições fora de casa As pessoas que vivem no campo sabem muito bem o valor do ar fresco, e os seus filhos vivem fora de casa, com intervalos para dormir e comer. Quanto ao último, mesmo as pessoas do campo não fazem uso pleno das suas oportunidades. Em dias bons, quando está morno o bastante para sentar fora com xales, por que não servir fora de casa chá e café da manhã, tudo menos uma janta quente? Porque somos uma geração extenuada, ficando com os nervos à flor da pele. E cada hora despendida ao ar livre é um ganho claro, tendendo ao aumento o prazer desaparece nelas, e aquele capítulo no livro da Natureza lhes fica fechado. É provável que a Natural History of Selborne[44] nunca tivesse sido escrita se o pai do naturalista não costu-masse levar os seus meninos em expedições diárias de forrageamento, quando nem uma coisa movente ou crescente, nem um calhau ou seixo em milhas de Selborne escapava do seu exame ardente. Audubon[45], o ornito-logista americano, é um outro exemplo do efeito desse tipo de formação inicial. Diz ele: “Quando eu mal aprendia a andar e articular aquelas primeiras palavras sempre tão cativantes aos pais, as produções da Natu-reza que se espalham por todo lugar foram constantemente apontadas para mim... O meu pai geralmente acompanhava os meus passos, conse-guia aves e flores para mim,e apontava os movimentos elegantes dos primeiros, a beleza e a suavidade da sua plumagem, as manifestações do seu prazer, ou a sua percepção de perigo, e as formas sempre perfeitas e trajes esplêndidos das últimas. Ele falava da partida e retorno das aves com a estação, descrevia as suas perseguições, e, mais lindo que tudo, a sua mudança de libré, empolgando-me assim a estudá-las e a erguer a minha mente em direção ao seu grande Criador.” O que as crianças da cidade podem fazer As crianças da cidade podem ter grande prazer ao assistir aos caminhos dos pardais – conhecendo avezinhas, facilmente domadas por uma doação de migalhas – e os seus dias fora as levarão ao caminho de novas conquistas. Mas muito pode ser feito com pardais. Um amigo escreve: “Você viu o homem nos ardins das Tulherias[46] alimentando e falando com dúzias deles? Eles se sentam sobre o seu chapéu, as suas mãos e se alimentam nos seus dedos. Quando ele ergue os seus braços, eles se agitam e então ficam de novo sobre ele e em torno dele. Eu o vi chamar um pardal a uma distância pelo nome e recusar comida a todos os outros até que o petit chou[47], um pardal muito sarapintado, foi ao seu pedaço destinado. Outros tiveram os seus nomes e vieram a chamado, mas eu não pude ver nenhuma característica distintiva. E a multidão de pardais na caminhada, bancos e trilhos, formou um público muito atento à brilhante conversa francesa que os manteve em constante movimento conforme eram, um aqui e outro ali, convidados a ir a um pedaço tentador. Verda-deiramente, um São Francisco e os pássaros!” Da criança que não conhece a forma corpulenta e o peito manchado do sabiá, o voo gracioso da andorinha, o bico amarelo da ave preta, o jorro da canção que a cotovia despeja de cima, deve-se quase ter pena como daquelas crianças de Londres que “nunca viram uma abelha”. Uma com-quista prazerosa, fácil de pegar, é a lagarta peluda. O momento de pegá-la é quando é vista se desorganizando no chão muito apressada. Ela está à procura de lugares calmos para se deitar. Ponha-a numa caixa e cubra a caixa com rede, através da qual você pode assistir às suas operações. A comida não importa: ela tem outras coisas para tratar. Pouco a pouco, ela tece uma espécie de tenda ou rede (para dormir), dentro da qual ela se retira. Você pode ver através dela e assistir a ela, talvez no mesmo mo-mento quando a sua pele se divide em pedaços, deixando-a, por meses a vir, uma massa em formato de ovo sem qualquer sinal de vida. Por fim, a coisa viva dentro quebra do seu embrulho e aí está a mariposa de tigre, batendo asas frágeis contra a rede. A maioria das crianças de seis anos teve esse gosto da experiência de um naturalista, e vale a pena falar disso somente porque, em vez de ser meramente uma diversão inofensiva, é uma peça valiosa de educação, de mais uso para a criança do que a leitura de um livro inteiro de história natural, ou muita geografia e latim. Pois o mal é que as crianças obtenham o seu conhecimento da história natural, como todos os seus conhecimentos, em segunda mão. Elas estão tão saciadas com as maravilhas que nada as surpreende. E elas estão tão pouco habi-tuadas a ver por si mesmas, que nada as interessa. A cura para essa condição blasée[48] é deixá-las sozinhas um pouco, e então começar com novas diretrizes. Pobres crianças, não é culpa delas se não são como deve-riam ser: ardentes alminhas curiosas, todas empolgadas para explorar tanto desse mundo maravilhoso conforme possam, conforme o seu primeiro negócio na vida. “Reza melhor aquele que ama melhor Todas as coisas tanto grandes quanto pequenas; Pois o amado Deus que nos ama, Ele fez e ama a todos.” “He prayeth best who loveth best All things both great and small; For the dear God who loveth us, He made and loveth all[49].” O conhecimento da natureza: o mais importante para crianças novas Seria bom se nós, pessoas com autoridade, pais e todos os que fazem o serviço de pais, pudéssemos ter a ideia de que não há espécie de conhecimento a ser obtido nesses primeiros anos tão valioso às crianças quanto aquele que elas obtêm por si mesmas do mundo onde vivem. Faça-as entrar uma vez em contato com a Natureza, e se formará um hábito que será uma fonte de prazer pela vida. Todos fomos chamados a ser natura-listas, cada um no seu grau, e é indesculpável viver num mundo tão cheio das maravilhas da vida das plantas e dos animais e não ligar para nada disso. Formação mental de uma criança naturalista Considere também qual formação mental sem paralelo a criança- naturalista está conseguindo para qualquer estudo ou chamada sob o sol: a capacidade da atenção, da discriminação, da perseguição paciente, cres-cendo com o seu crescimento – para o que elas não se ajustarão? Além disso, a vida é tão interessante para ela, que não tem tempo para as faltas de temperamento que geralmente têm a sua fonte no ennui[50]. Não há razão por que deva ser facilmente aborrecida ou emburrada ou obstinada quando ela é sempre mantida bem entretida. Trabalho da natureza especialmente valioso para me-ninas Eu digo “ele[51]” pela força do hábito, como falando do sexo representativo, mas, verdadeiramente, que ela deva estar familiarizada com a Natureza é uma questão de infinitamente mais importância à menininha: é ela que é mais tentada a ceder a gênios ruins (como criança e mulher), porque o tempo pesa sobre as suas mãos. Ela, cujos hábitos mentais mais preguiçosos, desnecessários, querem a espora e o freio de uma séria perseguição envolvente; cuja saúde mais frágil requer ser apoiada por uma vida fora de casa cheia de empolgação saudável. Além disso, para as meninas, pequenas e grandes, é a gentileza mais verdadeira elevá-las de si mesmas e fora do círculo de interesses pessoais mesquinhos e rivalidades que também frequentemente orlam as suas vidas. E então com quem senão as garotas isso tem de ficar para modelar as gerações que ainda nascerão? grande faculdade da criança se dissipar em observações aleatórias por falta degrande faculdade da criança se dissipar em observações aleatórias por falta de método e direção.método e direção. A percepção de beleza vem a partir do primeiro con-tato com aA percepção de beleza vem a partir do primeiro con-tato com a NaturezaNatureza Não há fim para o fornecimento de informações comuns, obtidas de talNão há fim para o fornecimento de informações comuns, obtidas de tal maneira que nunca serão esquecidas e com maneira que nunca serão esquecidas e com as quais uma criança inteligente podeas quais uma criança inteligente pode se modelar antes que comece a sua carreira escolar. O menino que pode lhese modelar antes que comece a sua carreira escolar. O menino que pode lhe contar improvisadamente onde encontrar cada uma da meia dúzia das maiscontar improvisadamente onde encontrar cada uma da meia dúzia das mais graciosas bétulas, os três ou quatro freixos mais finos na vizinhança da sua casa,graciosas bétulas, os três ou quatro freixos mais finos na vizinhança da sua casa, tem na vida chance de doze contra um em comparação com uma inteligênciatem na vida chance de doze contra um em comparação com uma inteligência mais baixa, mais lenta que não dife-rencia um olmo de um carvalho – nãomais baixa, mais lenta que não dife-rencia um olmo de um carvalho – não meramente chances de sucesso, mas chances de uma vida maior, mais feliz, poismeramente chances de sucesso, mas chances de uma vida maior, mais feliz, pois é curioso como certos senti-mentos são ligados com a mera observação daé curioso como certos senti-mentos são ligados com a mera observação da Natureza e de objetos naturais. Diz o Dr. Carpenter: “O senso estético do belo,Natureza e de objetos naturais. Diz o Dr. Carpenter: “O senso estético do belo, do sublime, do harmonioso, na sua forma mais elementar, parece conectar-sedo sublime, do harmonioso, na sua forma mais elementar, parece conectar-se imediata-mente com as percepções que surgem do contato das nossas mentesimediata-mente com as percepções que surgem do contato das nossasmentes com a Natureza externa.”, enquanto ele cita o Dr. Morrell, que diz ainda maiscom a Natureza externa.”, enquanto ele cita o Dr. Morrell, que diz ainda mais forçosamente que “Todos aqueles que mostraram uma apreciação notável deforçosamente que “Todos aqueles que mostraram uma apreciação notável de forma e beleza datam as suas primeiras impressões desde um período queforma e beleza datam as suas primeiras impressões desde um período que permanece muito além da existência de ideias definidas ou instrução verbal.”permanece muito além da existência de ideias definidas ou instrução verbal.” A maiA maioria dos homens adultos oria dos homens adultos perde o hábito da obseperde o hábito da obser-vaçãor-vação Assim, devemos algo ao Sr. Evans por levar consigo a sua filhinha MaryAssim, devemos algo ao Sr. Evans por levar consigo a sua filhinha Mary Anne nos seus longos percursos de negócios, entre as agradáveis travessas deAnne nos seus longos percursos de negócios, entre as agradáveis travessas de Warwickshire. A garotinha se levantou entre os joelhos do seu pai, vendo muitoWarwickshire. A garotinha se levantou entre os joelhos do seu pai, vendo muito e dizendo pouco. E o resultado foram as cenas da vida rural eme dizendo pouco. E o resultado foram as cenas da vida rural em Adam Adam BedeBede ee The Mill on the FlossThe Mill on the Floss[56][56]. Wordsworth, criado entre as montanhas, torna-se um. Wordsworth, criado entre as montanhas, torna-se um profeta da Natureza, enquanto Tennyson traça um imaginário sem fim a partirprofeta da Natureza, enquanto Tennyson traça um imaginário sem fim a partir dos níveis dos condados do leste onde ele foi criado. O pequeno Daviddos níveis dos condados do leste onde ele foi criado. O pequeno David Copperfield foi “uma criança muito obser-vadora, não obstante”, diz ele. “EuCopperfield foi “uma criança muito obser-vadora, não obstante”, diz ele. “Eu acho que a memória da maioria de nós pode ir mais tempos atrás do que aacho que a memória da maioria de nós pode ir mais tempos atrás do que a maioria de nós supõe, assim como eu acredito que a capacidade de observaçãomaioria de nós supõe, assim como eu acredito que a capacidade de observação em diversas crianças muito novas seja muito maravilhosa pela sua proximidade eem diversas crianças muito novas seja muito maravilhosa pela sua proximidade e precisão. De fato, eu acho que se pode dizer com maior propriedade que aprecisão. De fato, eu acho que se pode dizer com maior propriedade que a maioria dos homens adultos que são notáveis a esse respeito não perdeu amaioria dos homens adultos que são notáveis a esse respeito não perdeu a faculdade, mas sim a adquiriu. O bastante, conforme eu geralmente observofaculdade, mas sim a adquiriu. O bastante, conforme eu geralmente observo esses homens re-tendo um certo frescor, gentileza e capacidade de ser agradado,esses homens re-tendo um certo frescor, gentileza e capacidade de ser agradado, que tam-bém são uma herança que preservaram da sua infância.” – em cujoque tam-bém são uma herança que preservaram da sua infância.” – em cujo comen-tário Dickens faz o seu herói falar uma filosofia sã assim como um sensocomen-tário Dickens faz o seu herói falar uma filosofia sã assim como um senso gentil.gentil. 8. A CRIANÇA DEVE SE FAMILIARIZAR 8. A CRIANÇA DEVE SE FAMILIARIZAR COM OBJETOS NATURAISCOM OBJETOS NATURAIS Uma “criança observadora” deve ser posta no caminho das coisasUma “criança observadora” deve ser posta no caminho das coisas dignas de observaçãodignas de observação Mas qual é a utilidade de ser uma “criança muito observadora”, se vocêMas qual é a utilidade de ser uma “criança muito observadora”, se você não é colocado no caminho das coisas dignas de se observar? E aqui está anão é colocado no caminho das coisas dignas de se observar? E aqui está a diferença entre as ruas de uma cidade e as vistas e os sons do campo. Há muitodiferença entre as ruas de uma cidade e as vistas e os sons do campo. Há muito para ser visto numa cidade, e as crianças acostumadas aos caminhos das ruas separa ser visto numa cidade, e as crianças acostumadas aos caminhos das ruas se tornam inteligentes o bastante em agilidade. Mas os fragmentos de informação atornam inteligentes o bastante em agilidade. Mas os fragmentos de informação a serem pegos numa cidade são isolados. Eles não esperam por nada mais, nemserem pegos numa cidade são isolados. Eles não esperam por nada mais, nem vêm a nada mais. A informação pode ser conveniente, mas ninguém é o maisvêm a nada mais. A informação pode ser conveniente, mas ninguém é o mais sábio por saber que lado da rua está a sábio por saber que lado da rua está a casa de Smith e que curva conduz casa de Smith e que curva conduz à loja deà loja de Thompson.Thompson. Todo objeto natural: um membro de uma sérieTodo objeto natural: um membro de uma série Agora, pegue um objeto natural, não importa qual, e você estáAgora, pegue um objeto natural, não importa qual, e você está estudando um de um grupo, um membro de uma série. Qualquer que seja oestudando um de um grupo, um membro de uma série. Qualquer que seja o conhecimento que você consiga sobre ele está muito em direção à ciência queconhecimento que você consiga sobre ele está muito em direção à ciência que inclui todos do seu tipo. Quebre um galho na primavera. Você nota um anel deinclui todos do seu tipo. Quebre um galho na primavera. Você nota um anel de madeira em torno de um centro da parte branca da casca, e aí num relance vocêmadeira em torno de um centro da parte branca da casca, e aí num relance você tem uma marca distintiva de uma grande divisão do mundo vegetal. Você pegatem uma marca distintiva de uma grande divisão do mundo vegetal. Você pega um seixo. As suas bordas são perfeitamente lisas e arredondadas. “Por quê?”,um seixo. As suas bordas são perfeitamente lisas e arredondadas. “Por quê?”, você pergunta. Está desgastado pela água, pelo tempo. E aquele pequeno seixo ovocê pergunta. Está desgastado pela água, pelo tempo. E aquele pequeno seixo o coloca face a face com a desintegração, a força, mais do que qualquer outra, acoloca face a face com a desintegração, a força, mais do que qualquer outra, a que devemos os aspectos do mundo que chamamos de pitorescos: vale profundoque devemos os aspectos do mundo que chamamos de pitorescos: vale profundo entre montanhas, ravina, vale, colina. Não é necessário que seja dita à criançaentre montanhas, ravina, vale, colina. Não é necessário que seja dita à criança qualquer coisa sobre desin-tegração ou dicotiledônea, mas apenas que ela devequalquer coisa sobre desin-tegração ou dicotiledônea, mas apenas que ela deve observar a madeira e a parte branca da casca no graveto castanho-claro, aobservar a madeira e a parte branca da casca no graveto castanho-claro, a redondeza agradável do seixo. Pouco a pouco, ela aprenderá a orientação dosredondeza agradável do seixo. Pouco a pouco, ela aprenderá a orientação dos fatos com os quais ela já está familiarizada – uma coisa muito diferente defatos com os quais ela já está familiarizada – uma coisa muito diferente de aprender o motivo de os fatos nunca aprender o motivo de os fatos nunca ficarem sob a sua atenção.ficarem sob a sua atenção. O poder passará mais e mais para as mãos dos cientistasO poder passará mais e mais para as mãos dos cientistas Enquanto toma algumas dores todo dia, é infinitamente valioso para aEnquanto toma algumas dores todo dia, é infinitamente valioso para a mãe assegurar, em primeiro lugar, que os seus filhos gastem horas diárias entremãe assegurar, em primeiro lugar, que os seus filhos gastem horas diárias entre objetos rurais e naturais. E, em segundo lugar, infundir neles, ou ainda, nutrirobjetos rurais e naturais. E, em segundo lugar, infundir neles, ou ainda, nutrir neles o amor à investigação. Diz Kingsley: “Digo-o deliberadamente como umneles o amor à investigação. Diz Kingsley: “Digo-o deliberadamente como um estudante de sociedade e de história: o poder passará mais e mais para
Compartilhar