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Química dos Cristais e Estruturas Cristalinas Especificas Paulo Renato Perdigão de Paiva (paulorenato.paiva@gmail.com) Conceitos fundamentais Célula unitária: Modelo de esfera rígida atômica: Unidade básica estrutural, ou blocos de construção da estrutura cristalina do material. O menor numero de átomos que representam a simetria de uma estrutura cristalina. Esferas sólidas com diâmetros definidos representam os átomos onde os vizinhos mais próximos se tocam entre si. Células unitárias Sistemas Cristalinos Redes Bravais É a denominação dada às configurações básicas que resultam da combinação dos sistemas cristalinos com a disposição das partículas em cada uma das células unitárias de uma estrutura cristalina, sendo estas células entendidas como a menor subdivisão de uma rede cristalina que conserva as características gerais de todo o retículo. Átomos compartilhados nos vértices, faces e arestas de um cubo Número de Coordenação (N.C.) N.C. = rc/ra Quanto mais elétrons de valência perder um íon, menor o íon (Ex: Fe). Os Tamanhos relativos dos cátions e dos ânions - Obedecem às estruturas descritas pelas Redes de Bravais. - Ânions, por serem maiores, ocupam posições da rede. - Cátions, por serem menores, ocupam posições intersticiais. Estrutura Cristalina Cerâmicas Cerâmicas cristalinas constituídas por dois tipos de íon são denominadas binárias. A representa o cátion. X representa o ânion. n e p Os índices estequiométricos Notação: AmXp Estruturas cristalinas binárias Cátions (A) e Ânions (X) • O cloreto de césio consiste de íons Cl- ocupando posições de uma célula CS enquanto o Cs+ ocupa o interstício central. • O N.C. dessa estrutura é 8 • Não é CCC, pois estão envolvidos íons de duas espécies diferentes. • Exemplos: AgMg, LiMg, AlNi Estrutura cristalina do tipo AX : Cloreto de Césio (CsCl) Estrutura cristalina do tipo AX : Blenda de Zinco (ZnS) • A blenda de zinco ou esfarelita tem N.C. igual 4, onde S ocupam posições de uma célula CFC enquanto o Zn ocupam interstícios tetraédricos • De acordo com a equação do caráter iônico, a ligação Zn-S tem 87% de caráter covalente. • Exemplos: CdS, InAs, InSb, SiC http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=http://imgkid.com/zinc-blende-structure.shtml&ei=niEbVdTlDIr2Usm2gKAK&bvm=bv.89744112,d.cWc&psig=AFQjCNHC1PdXPjVjm39y3IOBZ0XKTt1yfw&ust=1427927754605089 1 - A wurtzita é uma das estruturas do sulfeto de zinco ZnS. A relação de raios é 0,40. Isto sugere um arranjo do tipo tetraédrico. 2 - Os números de coordenação de ambos os íons são iguais. 3 - A estrutura é HC. Zn – amarelo Estrutura cristalina do tipo AX : Wurstita Estruturas cristalinas ternárias: AmBnXp Cátions (A e B) e Ânions (X) 1 - Cerâmicas de diversas composições possuem estruturas deste tipo. As mais comuns são os espinélio óxidos, em que o ânion é o oxigênio. No entanto, podem ser alternativas ao oxigênio. 2 - Um dos cátions está arranjado tetraedricamente e o outro está arranjado octaedricamente. 3 - Os espinélios possuem estruturas cúbicas. As estruturas do espinélio são cúbicas. Contêm 32 ânions, 16 cátions octaédricos (B) e 8 cátions tetraédricos (A). Portanto apenas metade dos sítios octaédricos e um oitavo dos tetraédricos são ocupados. Cátion menor – azul claro Cátion maior – amarelo ESTRUTURA DO ESPINÉLIO Cálculos da densidade da cerâmica n´ = Número de unidades da fórmula /Cel.Unitária; ∑AC = Soma dos pesos atômicos de todos os cátions na unidade de formula; ∑AA = Soma dos pesos atômicos de todos os ânions na unidade de formula; Vc = Volume da célula unitária; NA = Número de Avogadro: 6,023x10 23 unidades de fórmula/mol A densidade teórica pode ser calculada a partir dos dados da célula unitária. Exemplo: Cálculo da densidade cristalográfica do cloreto de sódio • Dados: Na célula unitária tem 4 sódios e 4 cloros Estrutura das Cerâmicas à Base de Silicato Independente da natureza da ligação Si-O, existe uma carga de -4 associada a cada tetraedro de SiO4 4-, uma vez que cada um dos quatro átomos de oxigênio exige um elétron para atingir uma estrutura eletrônica estável. A unidade básica dos silicatos é o tetraedro SiO4 -4 Uma célula unitária para a estrutura cristalina cúbica do diamante Estrutura do diamante Cada átomo de carbono se liga a outros 4 átomos de carbono. Essas ligações são totalmente covalentes. A rede é CFC. Estruturas do Carbono A estrutura da grafita Estrutura da grafita A estrutura é composta por camadas de átomos de carbono em arranjo hexagonal. Dentro das camadas, cada átomo de carbono está ligado a três vizinhos coplanares por ligações Fullereno Existe como forma molecular discreta e consiste em um aglomerado oco contendo 60 átomos de carbono. Cada molécula de fullereno é composta por grupos de átomos de carbono, ligados uns aos outros de modo a formar configurações geométricas tanto hexagonais (6 átomos de carbono), como pentagonais (5 átomos de carbono). A molécula que consiste em 20 hexágonos e 12 pentágonos, e que possui a forma de uma bola de futebol, é conhecida como bola de bucky (“buckball”). A estrutura de uma molécula de C60 Transporte de medicamentos através do corpo humano http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/82/Fullerene-C60.png Defeito cristalino: imperfeição do reticulado cristalino • Classificação dos defeitos cristalinos: • Defeitos puntiformes (associados com uma ou duas posições atômicas): lacunas e átomos intersticiais. • Defeitos de linha (defeitos unidimensionais): discordâncias • Defeitos bidimensionais (fronteiras entre duas regiões com diferentes estruturas cristalinas ou diferentes orientações cristalográficas): contornos de grão, interfaces, superfícies livres, contornos de macla, defeitos de empilhamento. • Defeitos volumétricos (defeitos tridimensionais): poros, trincas e inclusões. Imperfeições nas Cerâmicas - Defeitos Pontuais Atômicos Intersticial: Auto-intersticial: é um átomo que ocupa um interstício da estrutura cristalina. Os auto-intersticiais causam uma grande distorção do reticulado cristalino a sua volta. condições de eletroneutralidade devem ser mantidas Lacuna: ausência de um átomo em um ponto do reticulado cristalino. Podem ser formadas durante a solidificação ou como resultado de vibrações atômicas. Imperfeições nas Cerâmicas: Defeitos Pontuais Atômicos Defeito de Frenkel par composto por uma lacuna de cátion e um cátion intersticial. Defeito de Schottky AX par consistindo de lacuna de cátion e lacuna de ânion. N = Número total de sítios da rede; Qs e Qfr = Energia necessária para a formação de cada defeito de Schottky e Frenkel; T = Temp. absoluta (K) k = Constante de; Boltzman (1,38x10-23 J/K ou 8,62x10-5 ev/K) N = NAρ/(AC+AA) onde: NA = número de avogrado (6,022 x 10 23 átomos/mol; ρ = massa específica; AC e AA = pesos atômicos do cátion e dos ânions. Imperfeições nas Cerâmicas - Exemplo Solução A substituição de um cátion Na+ por um cátion Ca2+ introduz uma carga positiva adicional. A eletroneutralidade é mantida quando uma única carga positiva é eliminada ou quando uma única carga negativa é adicionada. A remoção de uma carga positiva é conseguida pela formação de uma lacuna de Na+. Alternativamente, um átomo intersticial de Cl- irá fornecer uma carga negativa adicional, anulando o efeito de cada íon Ca2+. Entretanto, a formação desse defeito é muito improvável, pois o ânion Cl- é relativamente grande e causaria uma deformação sobre os íons vizinhospara se ajustar numa posição intersticial pequena. Se a eletroneutralidade deve ser preservada, quais defeitos pontuais são possíveis no NaCl quando um íon Ca2+ substitui um íon Na+? Quantos desses defeitos é necessário existir para cada íon Ca2+? Impurezas nas Cerâmicas Solubilidade sólida substitucional tamanho e carga iônica da impureza devem ser muito próximos daqueles dos íons hospedeiros. cristal deve compensar para que a eletroneutralidade seja mantida pode ser realizado através da produção de novos defeitos da rede cristalina (lacunas e intersticiais). Como em metais, átomos de impureza podem formar soluções sólidas (substitucional e intersticial) em cerâmicas. Imperfeições Cristalinas em Linha – Discordância em Cerâmicas • Discordâncias Defeito em uma dimensão ao redor do qual alguns átomos encontram- se desalinhados; Translação incompleta de uma das partes da rede em relação às outras. • Classificação Discordância em aresta Discordância em hélice Discordância combinada Os cerâmicos possuem discordâncias como os metais, mas em menor quantidade, no entanto elas não podem se mover devido à rigidez das ligações químicas, conferindo aos cerâmicos grande fragilidade Equilíbrio de Fases e Diagrama de Equilíbrio de Fases Paulo Renato Perdigão de Paiva (paulorenato.paiva@gmail.com) Introdução Os diagramas de equilíbrio são gráficos que mostram as fases presentes num material em equilíbrio com o seu ambiente. Indica as fases presentes, suas composições e a percentagem de cada fase, em função da temperatura, da pressão e da composição global do material. Informações sobre mudanças de fase. O desenvolvimento da microestrutura de um material está diretamente relacionado às características de seu diagrama de fases. Diagramas de fases Quando um sistema está em equilíbrio? Quando não há tendência de mudança de equilíbrio em um tempo infinitamente grande. Para temperatura e pressão constantes e composição fixa o sistema estará em equilíbrio estável quando dG = 0. Por exemplo: - em baixas temperaturas, as fases sólidas são as mais estáveis, pois apresentam ligações atômicas fortes e menores energias internas. - em altas temperaturas, as fases líquidas e gasosas são as mais estáveis, ou seja, são as fases com maior liberdade de movimentação atômica. Conceitos Fundamentais Limite de solubilidade A Regra das Fases Regras das Fases de Gibbs: (P+F= C+2) P = número de fases C = número de componentes F = grau de liberdade (P+F= C+1) Materiais Cerâmicos 1115 graus 0C δ + L γ Peritética 920 graus 0C L1 γ + L2 Monotética 750 graus 0C L γ + β Eutética Reações Invariantes Envolvendo 3 Fases 450 graus 0C γ α + β Eutetóide 300 graus 0C α + β μ Peritetóide Transformações congruentes: São transformações de fases para as quais não existem alterações na composição. Transformações incongruentes: São transformações de fases nas quais pelo menos uma das fases irá apresentar uma alteração na composição. Diagramas Binários Regra da Alavanca: Quantidade Relativa de Fases Os diagramas de equilíbrio, além de especificarem as fases presentes a uma dada temperatura e as suas composições, também permitem também calcular as quantidades relativas de cada fase presente, à temperatura considerada. Isomorfo: quando a solubilidade é completa Determinação das quantidades relativas das fases: Sistema Cu-Ni b) Calcula-se a fração de fase: toma-se o comprimento da linha de amarração desde a composição global até a fronteira com a fase oposta e divide-se pelo comprimento total da linha de amarração. c) A fração da outra fase é determinada de maneira semalhante. 1- Região monofásica: somente uma fase está presente %100 fase. 2- Região bifásica: usa-se a linha de amarração em conjunto à regra da alavanca. Existe duas formas: a) Constroi-se a linha de amarração e localiza a composição global sobre esta linha; Determinação das quantidades relativas das fases Comp. Liq= 31,4% Ni e 68,9%Cu Comp. Sol. = 42,5,4 %Ni e %57,5Cu Composição das fases Percentagem das fases L = S R+S S = R R+S L = C-C0 C-CL S = Co-CL C-CL Fase líquida: Ponto B: 35 %pNi – 65 5pCu Temperatura: 1250 0C REGRA DA ALAVANCA Fase sólida: Desenvolvimento da Microestrutura Solidificação em Equilíbrio (solidificação lenta) Composição química das fases Quantidade relativa das fases Líquido Sólido Líquido sólido Ponto a 35%pNi 0% 100% 0% Ponto b 35%pNi 46%pNi 100% 0% Ponto c 32%pNi 43%pNi - 73%pNi 27%pNi Ponto d 24%pNi 35%pNi - 0% 100% Ponto e 0% 35%pNi - 0% 100% (35%p Ni – 65%pCu) α L L α α + L L α α L L α L α L α a b c d e Diagramas de fase e microestrutura - Evolução da microestrutural Compostos Intermediários Mulita: Composto intermediário Mg2Pb: 19% de Mg e 81% de Pb. Exercício: 1) Faça uma análise das fases presentes nos compostos A e B, solidificados em condições de equilíbrio (ideais) nos seguintes pontos do diagrama de fases: a- Composição eutética, imediatamente abaixo de 183 0C (temperatura eutética) b- Ponto com 40% de B e a 220 0C c- Ponto com 40% de B e a 183 0C + T d- Ponto com 40% de B e a 183 0C - T 43 43 Exercício 2: Uma liga Cu-Ni com composição 70%pNi-30%pCu é aquecida lentamente a partir de 1300ºC. Determine: a- Temperatura que se forma a primeira fração de fase líquida; b- Qual a composição desta fase líquida c- Qual a temperatura que ocorre a fusão completa da liga. d- Qual a composição da última fração de sólido que permanece no meio antes da fusão completa Diagramas cerâmicos binários - São pseudo binários - contêm mais de dois elementos químicos, mas por comodidade e simplicidade são expressos como binários. - Determinados experimentalmente - São interpretados como os sistemas metal-metal. Sistemas: NiO-MgO e Al2O3–Cr2O3 Sistemas: NaCl-NaF e MgO-CaO Solvus O sistema MgO–Al2O3 O sistema SiO2–Al2O3 O sistema CaO-Al2O3 O sistema SiO2-CaO Imiscibilidade de líquidos Algumas aplicações de diagramas de fase Feldspato fundente em revestimentos cerâmicos - diagrama leucita-sílica Feldspato - fase intermediária do diagrama Mistura dos pós de sílica e feldspato a 990°C - fase eutética Feldspato é adicionado – formação de fases estável da sílica, tridimita e o líquido eutético O líquido eutético é o responsável pela densificação do corpo, se a sinterização está sendo feita. O sistema leucita-sílica Ao serem aquecidos estes argilominerais sofrem uma reação e surge fase líquida O diagrama mostra que a montmorilonita leva à formação de mais líquido que a caulinita O sistema sílica-alumina Caulinita (Al2O3.2SiO2.2H2O) – Montmorilonita (Al2O3.4SiO2.H2O) Explica a corrosão existente em tijolos refratários de sílica, quando usados em alto-fornos Nos alto-fornos os óxidos de ferro em alta temperatura. Eles reagem com a sílica - A partir de 1455°C ocorre a formação de uma fase líquida devido a uma eutética. O sistema FeO. Fe2O3 – Si2O Diagrama ternário D.W. RICHERSON, Modern Ceramic Engineering Properties, Processing and Use in Design. Noções básicas de diagrama ternário Triângulo das composições Cada lado é um eixo de composição. Os vértices correspondem aos componentes puros. Qualquer liga que contenha em composição os três componentes A, B e C só pode ser representado por um ponto no interior do triângulo. Triângulo das composições Determinação de composições de fases em equilíbrioTriângulo das composições Determinação de composições de fases em equilíbrio 1. 20% A | 60% B | 20% C = 100% 2. 15% A | 55% B | 30% C = 100% 3. 80% A | 5% B | 15% C = 100% 4. 75.0% A | 25% B | 00% C = 100% Determinação das quantidades de cada fase No caso do equilíbrio univariante, a fase é 100% da estrutura. Para o caso do equilíbrio bivariante, usamos a regra da alavanca do sistema binário. Mistura M = 70% A + 20% B + 10% C Mistura N = 40% A + 10% B + 50% C Ponto Q? No caso do equilíbrio de três fases (trivariante). Mistura R = 20% A + 70% B + 10% C Mistura S = 40% A + 40% B + 20% C Mistura L = 10% A + 30% B + 60% C Ponto P? Seções isotérmicas e seções isopléticas Seções isotérmicas - revelam as fases que estão presentes para certas composições de interesse, quando a temperatura varia. Seções isopléticas Seções isopléticas, revela que fases estão presentes para certas composições de interesse, quando a temperatura varia. Diagrama ternário com reação eutética simples Diagrama ternário com reação eutética simples Duas seções isotérmicas: Uma na temperatura da eutética ternária e a outra cortando as superfícies liquidus, linhas azuis. Uma seção isoplética: Em azul estão as interseções desta seção com as superfícies liquidus. Formas de exibir as seções de um diagrama ternário Sistema 2MgO.SiO2 – 2FeO.SiO2 – 2MnO.SiO2: sistema com até duas fases em equilíbrio Seções isotérmicas do sistema 2MgO.SiO2 – 2FeO.SiO2 – 2MnO.SiO2. Seções isopléticas do diagrama do sistema 2MgO.SiO2 – 2FeO.SiO2 – 2MnO.SiO2. Sistema MgO – MgCr2O4 – MgAl2O4. Sistema com até três fases em equilíbrio Sistema volastonita – anortita – esfena. Sistema com até quatro fases em equilíbrio. Destaque para a isotérmica da eutética ternária CS = volastonita (CaO.SiO2) CAS2 = anortita (CaO.Al2O3.2SiO2) CST= esfena (CaO.SiO2.TiO2) Plano de projeção do diagrama do sistema volastonita – anortita - esfena Seções isotérmicas do diagrama do sistema volastonita – anortita – esfena para as temperaturas abaixo: CS = volastonita (CaO.SiO2) CAS2 = anortita (CaO.Al2O3.2SiO2) CST= esfena (CaO.SiO2.TiO2) 1350 0C, 1325 0C, 1250 0C e <1245 Exercício: determine as seções isopleticas do diagrama do sistema volastonita – anortita – esfena para as seguintes composições: CS = volastonita (CaO.SiO2) CAS2 = anortita (CaO.Al2O3.2SiO2) CST= esfena (CaO.SiO2.TiO2) a) 80% CS 80% CAS2 20% CST 20% CST b) CS 50% CAS2 50% CST
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