Neotomismo e Serviço Social

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Filoso�a da ciência
Aula 1: Neotismo
Apresentação
Nesta aula, você será introduzido ao tema do Neotomismo, uma corrente �losó�ca que resgata a �loso�a de São Tomás
de Aquino (século XIII), trazendo-a para os dias atuais (�nal do século XIX e início do século XX).
Analisaremos os dois aspectos essenciais do Neotomismo vinculado ao Serviço Social: o caráter histórico e o seu
fundamento epistemológico.
Objetivos
Identi�car, nos discursos dos alunos de Serviço Social, os princípios cristãos, tais como: a justiça social, o amor ao
próximo, a caridade, a boa vontade;
Reconhecer a importância do Neotomismo, corrente �losó�ca surgida no séc. XIX, atrelada à doutrina social da Igreja
Católica que in�uenciou o início do Serviço Social;
Relacionar o Neotomismo com as perspectivas do Serviço Social nas décadas de 1930 e 1940.
Introdução
O Neotomismo é uma corrente �losó�ca que resgata a �loso�a de São Tomás de Aquino (século XIII), trazendo-a para os
dias atuais.
.
Podemos dizer que há duas perspectivas importantes que veiculam o Neotomismo ao Serviço Social: o caráter histórico e o
fundamento epistemológico.
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Caráter histórico
A primeira perspectiva é de caráter histórico, visto que a pro�ssão (mesmo que ainda incipiente) nasce na seara da Igreja
Católica atrelada à doutrina social da Igreja, na qual o respeito à pessoa humana torna-se primordial como forma de dar conta
de um projeto societário justo que contemplasse a pessoa humana em sua dignidade.
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Fundamento epistemológico
Em segundo momento, podemos nos reportar ao fundamento epistemológico do Neotomismo, que guarda um princípio
metafísico decisivo para compreender a maneira como os primeiros assistentes sociais compreenderam a questão social.
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Neotomismo
O século XIII é a era da Teologia escolástica propriamente
dita e um de seus expoentes máximos é São Tomás de
Aquino (1225-1274), dominicano italiano, discípulo de Santo
Alberto Magno, considerado uma das �guras máximas de
teologia católica, ao lado Santo Agostinho.
Leitor de Aristóteles, o Doctor Angelicus distinguia razão e fé
demonstrando que deveria haver concordância entre as
duas.
 Triunfo de Santo Tomás de Aquino sobre Averroes | Wikipedia.
“Todo o domínio da �loso�a pertence exclusivamente à razão;
isso signi�ca que a �loso�a deve admitir apenas o que é
acessível à luz natural e demonstrável apenas por seus
recursos. A teologia baseia-se, ao contrário, na revelação, isto
é, a�nal de contas, na autoridade de Deus”.
- GILSON, Étienne. A Filosofia na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 2007
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 Tomismo
O movimento tomista, assim como outros movimentos
escolásticos advindos de �lósofos importantes do mesmo
período, pretendiam recompor o abismo criado pela �loso�a
moderna entre a razão e a fé. Tais movimentos, em especial
a retomada ao tomismo, �zeram surgir um novo tomismo,
com força su�ciente para garantir a união das novas
tendências cientí�cas e �losó�cas com a fé.
O texto mais signi�cativo para o movimento é a encíclica
papal Aeterni Patris (1879) de Leão XIII. A encíclica Aeterni
Patris é um marco de renovação da �loso�a tomista no
século XIX.
O objetivo do tomismo é se opor ao racionalismo e ao empirismo vigentes
em todos os campos, inclusive o cientí�co.
Alguns aspectos importantes a serem considerados no Tomismo são:
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razão versus fé
A �loso�a tomista tanto distingue a razão e da fé como tem a
necessidade da sua concordância.
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domínio da �loso�a
O domínio da �loso�a pertence, exclusivamente, à razão e a
Teologia baseia-se na revelação, isto é, na autoridade de Deus.
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princípio argumentativo
Enquanto o �lósofo argumenta procurando na razão os
princípios de sua argumentação, o teólogo argumenta
buscando seus princípios primeiros na revelação.
São Tomás de Aquino
São Tomás, fundamentando-se em Aristóteles (trazidos
pelos árabes), utilizou o instrumento necessário, conforme
Moura, “para a sua especulação teológica, e nos legou a
verdadeira Filoso�a. Nele, o �lósofo nasceu do teólogo, mas
nem por isso a sua Filoso�a confundiu-se com a Teologia.
Respeitando sempre o objeto formal daquela ciência, S.
Tomás fez que ela servisse a esta, conservando a sua
independência própria. S. Tomás foi também �lósofo, e é
lícito dizer que há uma �loso�a Tomista.”
MOURA, Odilão. Prefácio à Tradução do Compêndio de
Teologia. 2ª ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996. pp. 19 e 20.
 São Tomás de Aquino (Escola Portuguesa, séc. XVIII) | Wikicommons
Filoso�a versus Teologia
É aceitável que tenha conseguido a independência das áreas? A
Filoso�a e Teologia podem dialogar?
 
Segundo o medievalista Étienne Gilson:
“A principal razão que di�culta tantos historiadores, �lósofos
e teólogos nomearem teologia o que eles preferem
nomear �loso�a é que, em seus espíritos, a noção de teologia
exclui a de �loso�a. Para eles, verdades
propriamente �losó�cas, que dependam unicamente da
razão, não conseguiriam encontrar lugar na teologia, onde
todas as conclusões dependem da fé. E é verdade que todas
as conclusões do teólogo dependem da fé, mas não é
verdade que da fé todas elas podem ser deduzidas. Portanto,
era o sentido verdadeiro do termo teologia, que se
fazia necessário encontrar em primeiro lugar.”
- GILSON, Éthienne. O Filósofo e a Teologia. p. 111 e 112.
A solução de São Tomás é demonstrar que muitas verdades essencialmente naturais, mas reveladas quanto ao modo,
podem ser abordadas no discurso teológico à luz da Revelação.Nas palavras do Aquinate, : TOMÁS DE AQUINO. Suma
Teológica. I, 1, 3, ad 2: “Por exemplo, o senso comum tem por objeto o sensível, que abarca o visível e o audível; assim,
ainda que se trate de uma única potência, ele se estende a todos os objetos dos cinco sentidos. Da mesma forma,
uma única ciência sagrada pode considerar sob uma mesma razão, isto é, como objetos de revelação divina, objetos
tratados em ciências �losó�cas diferentes.” Segundo ele, faz-se necessário ao homem  elevar-se ao inteligível através
do sensível, ao entendimento do sobrenatural mediante analogias com as coisas naturais.
Assim como o “sentido comum”, sendo uma única faculdade, conhece, distingue e julga o audível, o visível e todos os
demais atos dos diferentes sentidos próprios (olfato, tato e paladar), realizando, inclusive, uma síntese entre eles – e
isto sem deixar de ser uma única potência – assim a ciência teológica, sem deixar de ser uma sabedoria una, pode
tomar, organizar e unir a si certos saberes das diversas ciências �losó�cas sem misturá-los e sem perder a sua
unicidade, posto que esta simplicidade resta preservada pela única razão formal, eminentíssima e universalíssima, sob
a qual a teologia tudo considera, a saber, a Revelação divina acolhida pelo dom da fé.
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Leitura
Leia o artigo: A união entre �loso�a e teologia em Tomás de Aquino.
Problematizando...
Um primeiro questionamento que você pode ter é:
Por que começamos a primeira aula da disciplina de Filoso�a da Ciência falando sobre uma corrente �losó�ca veiculada à
Igreja Católica?
Explicando como conciliar Teologia e Filoso�a?
O que a Ciência tem haver com a teologia?
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O humanismo cristão de
Jacques Maritain
Como herdeiros da modernidade, vimos, no século XVII com
Descartes, a separação entre a teologia e a �loso�a, tendo
esta última supremacia sobre a primeira.
A contrapartida dos �lósofos católicos, devidamente
amparados pela Igreja Católica e pelas Encíclipas papais,
rechaçavam esses “tempos modernos”, tanto a partir do
tomismo quanto do Neotomismo. , demonstrando
que a Verdade Cristã está apenas acima do intelecto e não
contra ele.
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 São Tomás de Aquino (Escola Portuguesa, séc. XVIII) | Wikicommons
 Jacques Maritain | Fonte: Wikipedia.
 O humanismo cristão de
Jacques Maritain
O �lósofo Jacques Maritain, um dos expoentes de
Neotomismo, além disso, situa o erro na �loso�a de
Rousseau, em seu “Discurso sobre aOrigem e o
Fundamento da Desigualdade entre os Homens”, quando
aponta que o homem em estado de natureza, não teria
“dons sobrenaturais”. Tal pensamento é contrário à
metafísica cristã, na qual tanto a inteligência quanto a
vontade estão à serviço da pessoa humana que caminha
para Deus.
Ao se recusar a falar em uma humanidade abstrata criaria
um falso modelo associativo, fundado em contrato social
que, ao legitimar a vontade geral, leva a submissão do
indivíduo à comunidade.
Humanismo cristão
O humanismo cristão enseja preocupações de ordem moral que são acentuadas tanto na construção de valores cuja
premissa básica é o respeito à dignidade da pessoa humana quanto no aspecto vocacional dos primeiros assistentes
sociais.
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É possível se pensar que a problemática da ciência, longe de
ser reduzida as dimensões lógico-epistemológicas, postula
apenas as questões de ordem histórica, política e ética,
porém na emergência de um novo saber, a descoberta e a
justi�cativa vão juntas e se mesclam nos contextos
psíquico, histórico, social, cultural, político e ideológico.
Ao contextualizar o objeto do Serviço Social tanto em seu
aspecto histórico quanto em seu aspecto conceitual, nos
deparamos com a questão social atrelada à uma ordem
moral, motivada pela Encíclica papal Rerum Novarum
(1881) de Leão XIII, que incide sobre o saber dos primeiros
assistentes sociais, marcando sobremaneira o
entendimento da questão social como uma inversão na
hierarquia de valores contrários à perspectiva cristã.
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Leitura
Para �nalizar os assuntos dessa aula, leia o texto “A in�uência Neotomista no Serviço Social”.
Atividade proposta
1. A �loso�a e a teologia diferem tanto pela �nalidade quanto pelo método, segundo Tomás de Aquino, o �lósofo tira seus
argumentos das essências das coisas e o teólogo parte sempre da Primeira causa ou de Deus, para poder argumentar. Pesquise
as características do pensamento �losó�co e pensamento teológico.
Notas
Dias atuais 1
Compreende o período entre o �nal do século XIX e início do século XX.
Neotomismo 2
Retomada em �ns do século XIX do pensamento tomista por Jacques Maritain na França e pelo Cardeal Mercier na Bélgica.
Referências
Próxima aula
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O contexto do pensamento de Augusto Comte.
Os signi�cados implicados no termo positivo e suas principais características.
A inserção do pensamento positivista nas Ciências e no campo do Serviço Social.
Explore mais
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Leia o texto:
Carta encíclica rerum novarum .
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