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Aleitamento materno

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Pediatria Bruna Marques Dadona 
Aleitamento Materno 
1. Aleitamento materno 
- Os benefícios do AM alcançam, sem distinção, as 
populações que vivem em países de alta, media e baixa 
renda (ROLLINS et al, 2016) 
 - O risco de morte em bebês menores de 2 anos foi 
reduzido em 13% devido ao aleitamento materno 
- A amamentação pode prevenir: 
 - 72% das internações por diarreia 
 - 57% das internações por infecções respiratórias 
- Estima-se que a amamentação reduz o risco de: 
 - Más oclusões dentárias em 68% 
 - Excesso de peso ou obesidade em 13% 
 - Diabetes tipo 2 em 35% 
- AME (aleitamento materno exclusivo) até 6 meses de 
idade – indicador de qualidade do aleitamento em uma 
população (OMS) 
 - Muito bom: 90 a 100% 
 - Bom: 50 a 89% 
 - Razoável: 12 a 49% 
 - Ruim: 0 a 11% 
- Práticas ótimas de aleitamento recomendado 
 - O inicio precoce da amamentação dentro de uma 
hora após o nascimento 
 - Amamentação exclusiva durante os primeiros 6 
meses de vida 
 - Amamentação contínua até os 2 anos de idade ou 
mais, com introdução de alimentos complementares 
(sólidos), nutrientes adequados e seguros aos 6 meses 
de idade 
- Promove melhor qualidade de vida 
- Os profissionais da área da saúde devem promover e 
incentivar o aleitamento materno 
 
 
2. Definições 
- Aleitamento materno exclusivo: apenas o leite 
materno 
- Aleitamento materno predominante: além do leite 
oferece chá, suco, agua.. 
- Aleitamento complementado: quando há presença de 
alimentos sólidos ou semi sólidos junto com o leite 
materno 
- Aleitamento materno misto ou parcial: leite maternos 
e outros tipos de leite 
 
3. Vantagens do aleitamento materno 
- Promove o vínculo mãe-filho 
- Redução da mortalidade infantil (proteção contra 
infecções) 
- Redução da morbidade por diarreia e infecção 
respiratória 
- Redução de alergias 
- Melhor desenvolvimento da cavidade bucal, dentição, 
da fala e respiração nasal 
- Menor incidência de obesidade 
- Proteção contra câncer de mama e ovário 
- Efeito anticoncepcional 
- Economia 
 
4. Duração da amamentação 
- Amamentação Exclusiva até os 6 meses 
- Introdução precoce de alimentos complementares: 
 - Confere menor aporte nutricional 
 - Reduz duração do aleitamento 
 - Reduz absorção de nutrientes do leite materno 
(ferro, zinco) 
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 - Introdução precoce de fórmulas leva à exposição a 
proteínas heterólogas e risco de APLV (alergia a 
proteína do leite de vaca) 
 
5. Como a amamentação pode impactar o 
desenvolvimento infantil 
- Leite materno contem substancias bioativas: ácidos 
graxos de cadeia longa (araquidônico (ARA) e 
docosahexaenoico DHA) ) 
- Diferenças na interação mãe-bebê: melhores 
resultados relacionados ao desenvolvimento motor, 
cognitivo e socioemocional 
- Efeito protetor contra obesidade infantil: crianças 
amamentadas conseguem regular melhor seu apetite e 
melhor padrão nutricional (síndrome metabólica) 
 
6. Anatomia da mama 
- 15-20 lobos mamários 
- 20-40 lóbulos – 10-100 alvéolos 
- Seios lactíferos 
 
 
7. Fisiologia da lactação 
- Gestação: fase I da lactogênese 
 Estrógeno e progesterona 
 
 Desenvolvimento dos lóbulos e ductos lactíferos 
 - Prolactina: aumenta desde a 5ª semana de gestação, 
mas é inibida pelos hormônios placentários (lactogênio 
placentário inibe a secreção de leite) 
- Após o nascimento: fase II d lactogênese (queda dos 
progestágenos – descida ou apojadura do leite – entre 
o 3° e o 4° dia – 400 ml/dia) 
 - Prolactina: estímulo para secreção do leite 
(secretado pela hipófise anterior) 
 - Ocitocina (sucção): contração das células 
mioepiteliais (secretado pela hipófise posterior) 
- Fase III: prolactina se eleva em picos após cada 
mamada (sucção e esvaziamento da mama) → 
Manutenção da produção de leite até o fim da lactação 
 
- Ocitocina (LIBERAÇÃO): estímulo para ejeção do leite 
– ouvir o choro do bebe, cheiro, visão, motivação, 
desejo de amamentar, autoconfiança 
Ocitocina (INIBIÇÃO): dor, medo, cansaço, ansiedade, 
duvida na habilidade em amamentar. Mesmo em 
mama ingurgitada, sem ejeção 
 
8. Pontos - chave (OMS) 
- Pega 
 - Aréola pouco visível acima da boca do bebe 
 - Boca bem aberta 
 - Lábio inferior voltado para fora 
 - Queixo tocando a mama 
- Posicionamento 
 - Rosto do bebe de frente para a mama 
 - Corpo do bebe próximo à mãe 
 - Bebe com a cabeça e tronco alinhados 
 - Bebe bem apoiado 
 
 
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9. Importância da “pega” correta 
- Permite melhor esvaziamento da mama 
- Mantém a produção do leite 
- Permite esvaziar a mama anterior e posterior (leite 
mais rico em gordura) 
- Menor risco de trauma e lesões nos mamilos 
 
10. Como amamentar 
- Oferecer o peito desde a sala de parto 
- Livre demanda 
- Esvaziar a mama toda 
 
11. Composição do Colostro, Leite Materno e o Leite 
de Vaca 
 
 
 
 
 
 
 
12. Composição do Leite materno, Leite de Vaca e 
Fórmulas infantis 
 
 
13. Desvantagens do Leite de Vaca 
- Gorduras: baixos teores de acido linoleico (acréscimo 
de óleo de milho) 
- Carboidratos: insuficiente 
- Proteínas: taxas elevadas e relação caseira/proteínas 
do soro inadequada, dificultando a digestão e absorção 
- Minerais: baixos teores de ferro e taxas elevadas de 
sódio (Anemia ferropriva e sobrecarga renal) 
- Vitaminas: baixos níveis de vitamina C, D e E 
- Oligoelementos: teores insuficientes 
 
14. Propriedades imunológicas do leite materno 
- Células: macrófagos, neutrófilos, linfócitos T e B 
 - IgA secretora 
- Fator bífido: acidifica as fezes, impedindo a 
reprodução de enteropatógenos 
- Lactoferrina: proteína bacteriostática 
- Lisozima: bactericida e anti-inflamatória 
- Lactoperoxidase 
- Citocinas e quimoquinas 
- Lipase 
- Estimula a formação de uma microbiota intestinal 
favorável 
 
 
 
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15. Situações relacionadas à criança que a 
amamentação 
- Fenilcetonúria 
 - Doença genética com ausência de enzima 
responsável pela digestão e eliminação de fenilalanina. 
Seu acumulo no organismo se torna um sub-produto 
toxico, que ataca principalmente o cérebro e tem 
efeitos irreversíveis, como retardo mental 
permanente. Usar fórmula específica; manter a 
amamentação desde que seja possível monitorar os 
níveis séricos de fenilalanina. 
- Galactosemia 
 - Erro inato do metabolismo (de característica 
autossômica recessiva), caracterizado por uma 
inabilidade em converter galactose em glicose da 
maneira normal. Resultando o acúmulo de metabolitos 
da galactose no organismo, que são tóxicos, 
principalmente para o fígado, cérebro e olhos. Usar 
fórmula com base em leite de vaca isenta de lactose; 
ou fórmula de soja. 
- Leucocinose (síndrome da urina de xarope do bordo) 
 - Doença hereditária em que o organismo não 
consegue processar corretamente certos aminoácidos 
(leucemia, isoleucina e valina). Estes aminoácidos não 
metabolizados passam para a urina, dando-lhes um 
odor semelhante ao xarope de bordo. Mutações nos 
genes causam a doença. Usar fórmula especifica; 
manter amamentação desde que seja possível 
monitorar os parâmetros bioquímicos do crescimento 
e desenvolvimento. 
 
16. Triagens neonatais 
- Triagem Neonatal Biológica Fase IV, diagnóstico de: 
 1- Fenilcetonúria 
 2- Hipotireoidismo congênito 
 3 – Anemia falciforme e outras hemoglobinopatias 
 4 – Fibrose cística 
 5 – Hiperplasia adrenal congênita 
 6 – Deficiência da biotinidase 
- Triagem Neonatal Ampliada 
 1 – Galactosemia 
2 – Deficiência de G6PD 
3- Toxoplasmose 
- Triagem Neonatal Expandida 
 – Expectrometria de massas em tandem 
 – 60 doenças: avalia metabolismo de todos os 
aminoácidos e de gorduras 
 - Leucinose 
 
17. Situações relacionadas à crianças que dificultam 
a amamentação 
- Muito baixo peso ao nascer e/ou prematuridade- Peso ao nascer < 1500 ou < 32 semanas de idade 
gestacional: leite materno é o melhor alimento; é 
preciso criar condições para que as crianças o recebam. 
Uso da fórmula infantil, apesar do ganho de peso mais 
rápido, rem maior risco de intolerância alimentar, 
sobrecarga renal e enterocolite necrozante. 
 
18. Situações relacionadas à mãe que impedem a 
amamentação 
- HIV 
 - Não amamentar. Utilizar leite humano pasteurizado 
sempre que possível 
 - Em algumas comunidades da África o aleitamento é 
permitido 
- Hepatite B 
 - Não existem evidencias científicas de que a 
amamentação aumente o risco de transmissão da mãe 
para a criança; vacina e imunoglobulina específicas 
administradas ao recém - nascido reduzem o risco da 
transmissão perinatal. 
- Hepatite C 
 - A amamentação NÃO é considerada uma via 
importante de transmissão; a maioria das crianças 
portadoras permanecem saudáveis durante a infância, 
porém corre o risco de desenvolver problemas 
hepáticos crônicos durante a vida adulta. Recomenda-
se não amamentar APENAS períodos de carga viral 
elevada ou na presença de lesões mamilares. 
- Herpes Simples 
 - O risco de transmissão por meio do leite materno é 
muito baixo; a amamentação deve ser mantida, mas o 
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contato direto entre as lesões e a boca do bebe deve 
ser evitado até que as lesões estejam curadas 
- Varicela 
 - A transmissão da doença, em sua forma grave, pode 
ocorrer no período de maior viremia materna, quando 
as lesões estao presentes até 5 dias antes ou 2 dias 
depois do parto. Recomenda-se a administração de 
imunoglobulina humana especifica o mais 
precocemente possível no máximo até 96 horas após o 
nascimento; a amamentação deve ser 
temporariamente interrompida, mas a criança pode 
receber leite materno ou humano pasteurizado 
- H1N1 
 - Permitido o aleitamento materno com o uso de 
máscara 
- Dengue 
 - Permitir o aleitamento materno 
- Febre Amarela 
 - Contra–indicar temporariamente em mães vacinadas 
cujo o bebe for menor de 6 meses 
- COVID 19 
 - Foi detectado o RNA viral no leite materno mas não 
há risco de infecção no RN. Mães com suspeita ou 
infecção confirmada, devem amamentar, os benefícios 
do aleitamento materno superam os riscos. 
Precauções: lavagem das mãos por 20 minutos, evitar 
que o RN toque a boca ou face da mãe, que deverá usar 
máscara 
 - Revisão sistemática: Lackey et al, 2020 
 
Lackey, AK., Pace, RM., Williams, EJ., et al. SARS-CoV-2 
and human milk: what is the evidence?. Maternal & 
Child Nutrition. 2020; doi: 
10.1101/2020.04.07.20056812. 
 
 - 13 estudos 
 - 32 mulheres infectadas 
 - 48 amostras de leite materno analisadas 
 - 1 amostra RT-PCR positiva 
 - 1 amostra de sangue IgG+ em lactante com 13 meses 
de idade 
 - Passa pouco e quando passa não causa malefício 
- Tuberculose 
 - A amamentação não deve ser interrompida e não há 
necessidade de separar a mãe da criança. Nas mães 
bacilíferas utilizar máscaras especiais durante a 
amamentação nos primeiros 15 dias de tratamento 
- Abscesso mamário 
 - Recomenda-se manter amamentação na mama sadia 
e suspender temporariamente a amamentação na 
mama afetada. Terapia antimicrobiana 
- Sífilis 
 - Permitir o aleitamento materno, caso não houver 
lesões infectantes na mama. 
 
 
- Álcool 
 - Seu consumo é considerado incompatível com a 
amamentação. Se a mãe for utilizar uma fosse 
eventual, sugerir que amamente antes e espere 3-4 
horas após o uso para então amamentar novamente 
- Anfetaminas, Ecstasy ou Cocaína 
 - Suspender a amamentação temporariamente caso a 
mãe seja usuária eventual, ordenhar e descartar o leite 
por um período de 24-36 horas após o uso. Se usuária 
frequente, recomenda-se suspender a amamentação. 
- Maconha 
 - Evidências insuficientes sobre sua relação com o 
aleitamento materno; orienta-se interromper a 
amamentação, ordenhar e descartar o leite por 24 
horas após o seu consumo 
 
 
 
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19. Contraindicação ao aleitamento materno 
- Interrupção temporária: infecção hepática com lesões 
na mama; varicela materna com lesões 5 dias antes e 2 
dias após parto (criança recebera Ig humana 
antivaricela zoster), fase aguda da doença Chagas, 
consumo de drogas 
 
 
 
20. Uso de tabaco 
- Os níveis de nicotina no leite são 3 vezes maiores do 
que no plasma materno 
- Redução na produção de leite principalmente nas 
mães que fumam mais de 10 cigarros por dia 
- Provoca choro, irritabilidade e cólica nos recém – 
nascidos, independente da quantidade redução do 
tempo de aleitamento materno 
- Reduz o tempo de sono, dose dependente prejuízo ao 
desenvolvimento da criança 
- Apesar de tudo, os benefícios do leite materno 
superam os malefícios da exposição 
- Assim, não contraindica a amamentação 
- Contraindicação do aleitamento materno: mães 
portadoras de HIV, que fazem uso de antineoplásicos e 
radiofármacos, criança portadora de galactosemia 
- Interrupção temporárias 
 - Infecção hepática com lesões na mam 
 - Varicela materna com lesões 5 dias antes e 2 dias 
após o parto (criança recebera Ig Humana antivaricela 
zoster) 
- Consumo de drogas 
 - Radioisótopos 
 
21. Problemas com a mama puerperal 
- Fissura mamilar 
- Candidíase 
- Ingurgitamento mamário 
- Mastite 
- Abcesso mamário 
- Maioria: técnica e esvaziamento mamário 
inadequados 
 
22. Situação possíveis de dificuldade na 
amamentação 
- Problemas com a mama puerperal 
 - fissura mamilar 
 - Ingurgitamento mamário 
 - Ductos bloqueados 
 - Maioria: técnicas e esvaziamento mamário 
inadequados 
 - Não deixar de dar a mama 
 - Melhorar posição e pega, mudança de posição 
 
23. Problemas com a mama puerperal 
- Mastite 
 - Processo inflamatório comum 
 - Pode progredir para infecção bacteriana 
 - Mais comum na segunda e terceira semanas pós 
parto 
 - Estase do leite é o evento inicial 
 - Fissuras: porta de entrada 
 - Febre e calafrios 
 - Analgésicos e antibióticos 
 - Esvaziamento irregular das mamas 
 - Não contraindica a amamentação 
 
 
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- Abcesso Mamário 
 - Mastite não tratada ou tratamento tardio ou ineficaz 
 - Interrupção da amamentação na mama afetada pela 
mastite → sem esvaziamento adequado por ordenha 
→ abcesso 
 - Dor intensa, febre, mal estar, calafrios e área de 
flutuação 
 - Tratamento 
 - Antibióticos 
 - Drenagem do abcesso 
 - Repouso da mama acometida 
 
 
- Candidiase 
 - Infecção da mama no puerpériopor Candida sp é 
comum 
 - Pode comprometer a pele do mamilo, areola ou ate 
ductos lactifeos 
 - Fatores predisponentes: umidade, uso de antibiótico 
e contraceptivos orais 
 - Diagnostico 
 - Coceira, sensação de queimadura e dor em 
agulhadas nos mamilos que persiste após mamadas 
 - Pele eritematosa, brilhante ou cor esbranquiçada 
 - Conduta: 
 - Mãe e bebê devem ser tratados simultaneamente 
(mesmo que a criança não apresente sinais): nistatina, 
clotrimazol, miconazol ou cetoconazol tópicos 
 
 
 
 
 
- Disfunções orais 
 - Anquiloglossia (língua presa) 
 
Protocolo de Bristol – MS 24-48 horas de vida 
- Escore 4-5: caso leve ou duvidose → alta e 
acompanhamento 
- Escore 0-3: caso grave, mamada com problemas → 
cirurgia na maternidade

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