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Sumário 1- O QUE É BIOSSEGURANÇA? 2 1.1- CONCEITOS 3 1.2- BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA 5 2- INFECÇÃO 6 2.1- TIPOS DE INFECÇÃO 7 2.2- INFECÇÃO X INFLAMAÇÃO 7 3- FUNÇÃO DO CIRURGIÃO DENTISTA E EQUIPE NO CONTROLE DE INFECÇÃO 13 4- CUIDADOS COM A LIMPEZA 16 4.1 LIMPEZA DO CONSULTÓRIO E DOS EQUIPAMENTOS, SOLUÇÕES E TÉCNICAS UTILIZADAS 17 5- DESINFECÇÃO 21 5.1 DESINFECÇÃO X ESTERILIZAÇÃO 24 6- CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS – MATERIAIS 25 7- PRINCIPAIS SOLUÇÕES UTILIZADAS EM DESINFECÇÃO 28 8- MEIOS DE ESTERILIZAÇÃO 35 8.1 CALOR ÚMIDO (VAPOR SATURADO) 36 8.2 CALOR SECO 38 8.3 MÉTODOS QUÍMICOS DE ESTERILIZAÇÃO 38 8.3 MONITORAMENTO DE ESTERILIZAÇÃO 38 9- RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE 40 10- RISCOS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE BUCAL 47 11- PRINCIPAIS DOENÇAS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE 49 12- PRECAUÇÕES-PADRÃO (PP) 55 13- ERGONOMIA 60 14- LER / DORT 65 15- AS DOENÇAS OCUPACIONAIS E SUAS REPERCUSSÕES SOBRE O TRABALHADOR 69 1 Curso Técnico em Saúde Bucal 1- O QUE É BIOSSEGURANÇA? É um conjunto procedimentos e estudos de relevante importância nos serviços de saúde, que visam não apenas abordar medidas de controle de infecções para proteger os funcionários que prestam assistência e os usuários em saúde, mas também por desempenharem papel fundamental na comunidade onde atua da promoção da consciência sanitária, da importância da preservação ambiental com relação à manipulação e descarte de resíduos químicos, tóxicos e potencialmente infectantes, e também, da diminuição, de um modo geral, de riscos à saúde e acidentes ocupacionais. Este é um processo que há conclusão em sua terminologia, ou seja, é um processo progressivo, que sempre deve ser atualizado e supervisionado. No que diz respeito aos profissionais de saúde, a biossegurança preocupa-se com as instalações laboratoriais, as boas práticas em laboratório, os agentes biológicos aos quais o profissional está exposto e até mesmo a qualificação da equipe de trabalho. Isso é importante porque, nesses locais, existe a frequente exposição a agentes patogênicos, além, é claro, de riscos físicos e químicos. Apesar de muitos profissionais considerarem a biossegurança como normas que dificultam a execução de seu trabalho, são essas regras que garantem a saúde do trabalhador e do restante da população. O não cumprimento das normas básicas de biossegurança pode acarretar problemas como transmissão de doenças e até mesmo epidemias. Uma das principais normas de biossegurança em hospitais, clínicas e laboratórios diz respeito à higienização das mãos. Elas sempre devem ser lavadas antes do preparo e da ministração de medicamentos e do manuseio do paciente. Apesar de simples, essa é uma das medidas que mais evitam a propagação de doenças. Os profissionais de saúde também devem ficar atentos aos seus equipamentos de proteção, tais como jalecos e aventais, que devem ser usados apenas no local de trabalho e 2 Curso Técnico em Saúde Bucal nunca em áreas públicas ou mesmo refeitórios e copas no interior da unidade de saúde. Além disso, é importante não abraçar pessoas ou carregar bebês utilizando jalecos, uma vez que existe o risco de contaminá-los. Apesar de ser uma recomendação conhecida por todos os profissionais da saúde, é muito comum observar essas pessoas utilizando jalecos em áreas públicas e transportando-os de maneira inadequada. Isso pode ocasionar o transporte de agentes patogênicos para fora das unidades de saúde, causando doenças na população. Um ponto importante e que merece destaque é a propagação de bactérias resistentes, que normalmente são encontradas restritas ao ambiente hospitalar, porém podem ser facilmente levadas até a população em virtude da falta de conhecimento dessas normas de biossegurança. Os profissionais de saúde estão expostos frequentemente a material biológico, por isso os riscos de contaminação podem ser altos a depender da atividade realizada. Os acidentes com esses profissionais geralmente envolvem ferimentos com agulhas ou outro material cortante e contato direto com sangue ou materiais contaminados. Dentre os mais envolvidos com esses acidentes, destacam-se os profissionais de enfermagem. Diante da exposição frequente a agentes patogênicos, recomenda-se que os profissionais de saúde mantenham atualizadas suas carteiras de vacinação. As vacinas são umas das melhores formas de prevenção contra doenças infecciosas. É importante frisar que qualquer acidente ocorrido com os profissionais da saúde durante o desenvolvimento de sua atividade é considerado um acidente de trabalho. Em casos de acidentes com material biológico, é importante lavar o local de contato ou a lesão e notificar a chefia imediata, que analisará o acidente. Essa análise observará qual material biológico esteve envolvido e como ocorreu o acidente. Posteriormente, será observado se o material pode ou não transmitir HIV e hepatites. Se for esse o caso, será necessária a realização de uma quimioprofilaxia. Após esse momento, ocorrerá o seguimento clínico laboratorial apropriado. 1.1- Conceitos Biossegurança “é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, 3 Curso Técnico em Saúde Bucal http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/superbacterias.htm http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/vacinas.htm desenvolvimento, tecnologia e prestação de serviço visando à saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados” [CTbio/FIOCRUZ]. Dessa maneira, as ações de biossegurança englobam aspectos como: Prevenção e proteção do trabalhador; Minimização de riscos em atividades de pesquisa; Minimização de riscos no desenvolvimento tecnológico; Minimização de riscos na prestação de serviços; Proteção da saúde dos homens; Proteção da saúde dos animais; Proteção do meio ambiente. A Biossegurança tem como objetivo controlar e evitar riscos à biodiversidade. Legalmente, a biossegurança está formatada para processos que envolvem a utilização de organismos geneticamente modificados, assim como pesquisas de caráter científico relacionadas com células-tronco embrionárias, tal qual dispõe a Lei de Biossegurança, número 11105/2005. A referida Lei leva em conta os riscos existentes nas técnicas de manipulação aplicadas em organismos modificados geneticamente, sendo seu órgão regulador a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. A biossegurança e seus aspectos legais estão muito presentes em nosso cotidiano, prova disso são os produtos provenientes da engenharia genéticas e os alimentos transgênicos, bem como toda a polêmica em torno desses temas. Em resumo, a biossegurança envolve as relações de tecnologia com o risco para os seres humanos e o meio ambiente. Nesse sentido, o risco biológico será sempre decorrente de fatores diversos. Assim, seu controle depende da adoção e aplicação de ações em muitas áreas, priorizando sempre tanto o desenvolvimento como a divulgação de informações e procedimentos relativos às boas práticas de segurança, tanto para profissionais e pacientes, como também para o meio ambiente 4 Curso Técnico em Saúde Bucal 1.2- Biossegurança em odontologia Biossegurança em Odontologia é o conjunto de procedimentos adaptados no consultório com o objetivo de dar proteção e segurança ao paciente, ao profissional e sua equipe (Lima, Minholo & Ito). O único meio de prevenir a transmissão de doenças é o emprego de medidas de controle de infecção como equipamento de proteção individual (EPI), esterilização do instrumental, desinfecção do equipamento e ambiente, anti-sepsia da boca do paciente. São essenciais a padronização e manutenção das medidas de biossegurança como forma eficaz de redução de risco ocupacional, de infecção cruzada e transmissão de doenças infecciosas. O consultório odontológico é um ambiente altamente contaminado, seja por bactérias vindas da boca do paciente, pelas mãos dos cirurgiões-dentistas e assistentes, por gotículaseliminadas durante os procedimentos, pelo aerossol contaminante ou pelos instrumentos e equipamentos contaminados. É uma atividade que expõe os pacientes, a equipe, o próprio cirurgião-dentista e indiretamente seus familiares às mais diversas doenças infecciosas. Segundo as estatísticas da Organização Mundial de Saúde, ¼ dos pacientes que vão aos consultórios levam consigo inúmeras doenças que podem ser transmitidas a outros pacientes ou ao dentista e sua equipe. Isso faz com que os profissionais de odontologia ocupem o 3° lugar entre os profissionais infectados. Dentre as doenças encontramos a catapora, conjuntivite herpética, herpes simples, herpes zoster, mononucleose infecciosa, sarampo, rubéola, pneumonia, papilomavírus humano, HIV, tuberculose, além das hepatites tipo C e B, as quais os dentistas são respectivamente, 13 e 6 vezes mais suscetíveis de contrair. Seja para evitar a contaminação do profissional ou a contaminação do paciente, a biossegurança nos consultórios odontológicos é mais valorizada a cada dia. A Biossegurança é essencial para qualquer consultório odontológico pois, ela cuida da segurança de todas as pessoas quando o assunto é o risco biológico. Seguir seus 5 Curso Técnico em Saúde Bucal procedimentos e regras corretamente previne a transmissão de doenças, reduz o risco ocupacional e de infecção cruzada e também diminui os riscos de penalização legal e criminal perante a justiça. Sendo assim, o responsável técnico pelo consultório deve ter conhecimento profundo sobre o tema. 2- INFECÇÃO A infecção caracteriza um quadro de invasão do organismo por microrganismos estrangeiros, que se esforçam para tomar conta deste espaço, usando para isso os próprios meios encontrados no corpo prestes a ser colonizado. Isto traz consequências muito negativas para o hospedeiro, que vê seu mecanismo de funcionamento afetado pela presença destes agentes destruidores, os quais podem provocar inúmeras enfermidades. Normalmente a área atingida responde com um processo inflamatório. Esta propagação de agentes infecciosos pode em um exame clínico passar despercebida, ou causar danos às células atingidas, seja por conta de um metabolismo competitivo, da proliferação de toxinas, de um mecanismo de duplicação do material genético contido no interior das células, ou devido à maneira como os antígenos provocarão a formação de anticorpos. A infecção se comporta de diversas formas. Ela se restringe a um único local do organismo, assume uma feição subclínica e efêmera se o sistema imunológico agir com eficiência, ou permanece no hospedeiro e se multiplica para se transformar em um caso clínico ou em enfermidade aguda – grave, mas de curta duração -, subaguda ou crônica - persistente. Pode também uma mera infecção localizada invadir o sistema orgânico se encontrar uma passagem pelo sistema linfático ou vascular. Todos os mecanismos infecciosos apresentam igualmente uma ação inflamatória, embora nem todas as inflamações caracterizem uma infecção. Para que se diagnostique esta 6 Curso Técnico em Saúde Bucal invasão de microrganismos é preciso que haja a presença de agentes infecciosos, e muitas vezes também o aparecimento de pus, quando já está em marcha um processo de supuração. O agente que provoca a infecção tem o poder de entrar no organismo, fixar-se nele e aí se disseminar. Alguns destes seres são os vírus, as bactérias, os fungos, os protozoários e os helmintos, os quais desenvolvem uma espécie de convivência com o hospedeiro, conhecida como parasitismo. Embora alguns destes microrganismos possam isoladamente causar diversas enfermidades, normalmente cada distúrbio orgânico está associado a um único agente. Muitos deles são capazes de provocar doenças apenas em uma espécie animal, outros alcançam uma amplitude maior de seres vivos. Assim, determinadas doenças atingem somente o Homem, enquanto outras, por exemplo, infectam praticamente todos os mamíferos. 2.1- Tipos de infecção Há pelo menos treze formas de manifestação das infecções: Aéreas, transmitidas por intermédio da atmosfera e dos seres nela impregnados; Critogênica, de origem desconhecida; Direta, por contágio de alguém já enfermo; Endógena, provocada por agente já presente no corpo; Exógena, provinda de microrganismo externo; Focal, localizada em um único ponto; Indireta, obtida por meio da água, de alimentos ou outros fatores que não sejam o próprio ser humano; Nosocomial ou hospitalar, são infecções adquiridas em hospitais, clínicas, etc; Oportunista, a qual surge com a queda da imunidade; Puerperal, que ataca normalmente depois do parto; Secundária, que sucede outra infecção; Séptica ou septicemia, de natureza muito séria e que provoca a multiplicação dos agentes por todo o sistema orgânico; 7 Curso Técnico em Saúde Bucal https://www.infoescola.com/biologia/mamiferos/ https://www.infoescola.com/geografia/atmosfera/ https://www.infoescola.com/doencas/infeccao-hospitalar/ https://www.infoescola.com/doencas/septicemia/ Terminal, que comumente leva à morte. 2.2- Infecção x Inflamação Infecções e inflamações são situações muito comuns no dia a dia. Apesar disso, muita gente tem dúvida sobre esses dois processos do nosso organismo. Entender como ocorrem, quais os sintomas e tratamentos para que possamos cuidar da nossa saúde. Em qualquer dos casos, é sempre importante procurar a ajuda de um médico. Ele vai saber orientar sobre o melhor tratamento e a medicação a ser tomada, caso seja necessário. Inflamação - é uma resposta do organismo a uma agressão, como cortes e batidas. A inflamação pode partir, também, do sistema imunológico. Nesse caso, são as nossas células de defesa que agridem o corpo. No processo inflamatório, ocorre o aumento do fluxo sanguíneo e de outros fluídos corporais para o local lesionado. Por isso, esse processo causa sintomas como: Vermelhidão; Inchaço; Dor; Aquecimento da área. Perda de função Infecção - são causadas por agentes externos. O organismo reage a entrada de micro-organismos como vírus e bactérias, parasitas ou fungos. Nesse processo, as células de defesa tentam combater os micro-organismos, o que normalmente dá origem ao aparecimento de pus. Alguns sintomas que podem ser causados por infecções: Febre; Dor no local infectado; Aparecimento de pus; Dores musculares; Diarreias; Fadiga; 8 Curso Técnico em Saúde Bucal Tosse. Para tratar uma inflamação, geralmente opta-se por remédios anti-inflamatórios receitados pelo seu médico para reduzir o desconforto e os efeitos do processo inflamatório. Já no caso da infecção, o médico precisa avaliar qual o tipo de micro-organismo que a está causando para poder indicar a medicação adequada. Infecções causadas por bactéria - combatidas com antibióticos. Em alguns casos é preciso descobrir que tipo de bactéria está causando a infecção para saber que medicação será mais eficaz. Infecções causadas por vírus - combatidas por antivirais. Há infecções virais para as quais ainda não há medicamentos, como herpes, hepatite B, Hepatite C, gripe e HIV, por exemplo. Infecções causadas por fungos - combatidas por antifúngicos. Algumas lesões na pele e nas unhas podem ser causadas por infecções fúngicas. Infecções causadas por parasitas - combatidos por antiparasitários. Doenças como a malária são infecções parasitárias. A presença dos dentes nos maxilares aumenta a incidência de infecções nessa região em relação a outros ossos do corpo humano. A boca é povoada por uma série de bactérias que habitam as superfícies dos dentes, gengivas e mucosas. O açúcar é o principal alimento das bactérias que causam a placa bacteriana e a cárie. No intuito de manter a boca livre de infecções e doenças, a alimentação deve ser saudável e a higienização bucal, uma rotina diária. Na cavidade bucal vivem milhares de microorganismos que podem causar infecções bacterianas, fúngicas, protozoárias e virais. As bactérias são responsáveis pela maioria das infecções em uma boca comdentes. As infecções de origem dentária (odontogênicas) podem ser brandas e de fácil tratamento. Porém, em muitas situações podem se tornar agressivas e complexas, progredindo de forma rápida, a ponto de ser necessário um procedimento cirúrgico para incisar e drenar o local afetado, ou até mesmo de internação para tratamento em ambiente hospitalar, no caso de paciente com risco de morte. A avaliação de uma infecção envolve o 9 Curso Técnico em Saúde Bucal exame da extensão local do processo, as condições gerais da pessoa afetada e a agressividade do agente causador (bactérias). As bactérias causadoras das infecções odontogênicas são as mesmas que fazem parte da flora bucal normal e habitam as superfícies internas da boca. Elas vivem nesse ambiente úmido e escuro normalmente em equilíbrio e sem causar danos. No entanto, múltiplos fatores podem proporcionar um meio favorável para a multiplicação desses microrganismos e sua disseminação para os tecidos. As infecções odontogênicas possuem duas vias principais para alcançar os ossos maxilares: periapical e periodontal (veja quadros abaixo). O tratamento dessas infecções deve ser instituído o mais precocemente possível para prevenir danos maiores às estruturas dentais, ósseas e ao organismo das pessoas. Nas infecções periapicais o ideal é, no primeiro momento, o tratamento de canal (endodontia) para desinfetar o interior do dente reduzindo e eliminando a infecção. Em algumas situações a infecção resiste ao tratamento endodôntico ou o endodontista não tem acesso aos canais dentais, devendo ser necessária a avaliação de um cirurgião bucomaxilofacial para analisar a necessidade de cirurgia no ápice da raiz (apicectomia ou cirurgia prendodôntica) 10 Curso Técnico em Saúde Bucal com o intuito de remover cirurgicamente a região contaminada ou, em última instância, a extração do dente. No momento em que a infecção odontogênica alcançar o tecido ósseo, caso não tenha sido tratada precocemente, as bactérias podem se disseminar rapidamente e passar para os tecidos moles da face, acompanhando o percurso das inserções musculares ou regiões de menor resistência (celulite). As pessoas com problemas nas defesas orgânicas ou alterações sistêmicas, tanto fisiológicas como patológicas, podem evoluir para um quadro infeccioso agressivo e complexo. É comum a infecção se disseminar próximo do local de origem, causando inchaço na face (edema) e dor, nas pessoas acometidas. A concentração de pus em um determinado local causa uma bolsa (abscesso) que pode drenar espontaneamente (fístula) ou necessitar de drenagem cirúrgica. Dependendo da localização, a drenagem pode ser via intra-bucal ou extra-bucal. A drenagem extra-bucal pode causar extensa cicatriz na face. O profissional responsável pelo tratamento de uma infecção odontogênica evoluída em um abscesso deverá determinar a gravidade da infecção, instituir terapêutica medicamentosa com antibióticos e analgésicos apropriados, avaliar as radiografias e o estado geral da pessoa, orientar fisioterapia com calor, realizar a drenagem cirúrgica, colher material 11 Curso Técnico em Saúde Bucal para cultura e antibiograma (caso necessário), trocar curativos, acompanhar a regressão do quadro e indicar tratamento de canal ou periodontal do dente causador da infecção ou a sua extração. 3- FUNÇÃO DO CIRURGIÃO DENTISTA E EQUIPE NO CONTROLE DE INFECÇÃO A saúde da boca não pode ser separada da saúde geral do organismo! As infecções ao redor dos dentes podem sim proliferar e gerar problemas ao restante do corpo. Endocardite inflamatória, reumatismo articular agudo, gastrite e até partos prematuros são algumas das sérias consequências que uma infecção bucodentária pode provocar. As bactérias, devido ao estado inflamatório, se espalham pelo corpo, tanto pela via digestiva (engolidas), quanto pela circulação sanguínea, causando um desequilíbrio no organismo. E, quando essa bactéria (streptococcus), que é comum e faz parte da flora natural da boca, atinge o coração, especificamente o tecido endocárdico, o resultado é uma Endocardite Infecciosa, doença que acomete o coração e pode matar. As pessoas com históricos de alterações cardíacas, que já tiveram lesões nas válvulas cardíacas ou já foram vítimas da doença cardiopatia congênita (anormalidade da estrutura 12 Curso Técnico em Saúde Bucal do coração), são mais vulneráveis à ação de bactérias e fungos e têm maior probabilidade de ter uma endocardite. Essa doença pode ser fruto da manipulação de áreas bucais infectadas para tratamentos odontológicos. Por isso, dependendo da alteração cardíaca, o cirurgião dentista tem que fazer um trabalho em conjunto com um cardiologista e verificar se o momento é oportuno para a realização do tratamento. Os vírus e bactérias de uma inflamação bucal, quando disseminados na corrente sanguínea, podem também atingir as articulações, causando um reumatismo articular agudo e resultar em muita dor. As incontáveis bactérias conseguem proliferar por todo o organismo. As consequências são graves. Outro órgão que também pode sofrer bastante com a invasão dos microrganismos bucais é o estomago. As substâncias infecciosas passam a irritar a mucosa do estômago, originando em uma forte gastrite. Uma pesquisa da Universidade do Alabama, na cidade de Birmingham, Estados Unidos, com duas mil grávidas, constatou que as mulheres com doença bucal, periodontite, têm até sete vezes mais chances de dar à luz a bebês prematuros. A infecção bucal aumenta os níveis dos fluidos biológicos que estimulam o trabalho de parto. Com base em evidencias cientificas, sabe-se que o dentista e sua equipe possuem papel fundamental no controle das infecções, inclusive as hospitalares. Pesquisa, realizada nos Estados Unidos mostrou que a redução de pneumonias associadas à ventilação mecânica, ou seja, entubação, chegou a 46%. O Hospital Albert Einstein fez um trabalho que demonstrou que a inclusão do cirurgião-dentista na equipe 13 Curso Técnico em Saúde Bucal multiprofissional do transplante de medula óssea é capaz de diminuir por volta de cinco dias o tempo de internação, reduzir em 50% a necessidade de morfina para controle da dor e apresentar duas vezes menos necessidade de alimentação parenteral, além de diminuir o risco de mucosite oral, complicação comum do tratamento oncológico, em 13 vezes. “A inserção da Odontologia nas unidades de tratamento intensivo é necessária. São inúmeros os benefícios, como redução de tempo de internação, diminuição do gasto com antibióticos de alto custo e prescrição de medicamentos, diagnóstico precoce de doenças graves, queda na indicação de nutrição parenteral (com o paciente conseguindo se alimentar pela boca), melhora da qualidade de vida do paciente e redução dos custos de internação”. A Odontologia Hospitalar é um campo de atuação em expansão e recentemente reconhecida pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). A importância da presença do cirurgião-dentista no ambiente hospitalar reside em que o atendimento odontológico contribui para a recuperação dos pacientes hospitalizados por problemas sistêmicos, porém, durante o curso de graduação o cirurgião-dentista não é preparado para atuar neste ambiente. Diante dessa lacuna, surgiu a necessidade de profissionais capacitados no atendimento em ambiente hospitalar com um caráter generalista, realizando atuação preventiva, paliativa e curativa de doenças presentes na cavidade bucal. O cirurgião dentista e sua equipe também podem contribuir no controle da infecção através da correta prescrição e orientação sobre o uso de antibióticos, colaborando assim para diminuir a resistência bacteriana. A resistência microbiana é a capacidade que os microrganismos têm de se multiplicar na presença de concentrações de antibióticos mais altas do que as doses terapêuticas dadas ao homem. É um fenómeno biológico de adaptação natural das bactérias que se segue à introdução de agentes antimicrobianosna prática clínica. O uso desmedido e irracional de antibióticos tem contribuído para o aumento deste problema. As bactérias apresentam uma enorme capacidade de adaptação ao meio ambiente, podendo tornarem-se resistentes a determinado antibiótico de várias formas. As mutações genéticas ocorrem com frequência e levam a que uma bactéria se torne resistente ao antibiótico administrado. O fenómeno de resistência também ocorre devido a troca de material genético das bactérias entre si. 14 Curso Técnico em Saúde Bucal Quando um antibiótico atua sobre um grupo de bactérias, as mais susceptíveis serão eliminadas mas um pequeno grupo poderá sobreviver e proliferar, formando assim uma nova colónia de bactérias resistentes. Estas alterações levam a que as novas estirpes de bactérias deixem de ser afetadas por aquele antibiótico específico. O uso repetido e inadequado de antibióticos é a principal causa do aumento das bactérias resistentes. 4- CUIDADOS COM A LIMPEZA O trabalho cotidiano de limpeza em clínicas e hospitais para controlar infecções deve ser constante, com métodos e tecnologia sempre atualizados. Assim, é preciso estar atento e combater o desconhecimento e a utilização de procedimentos de esterilização inadequados ou sem controle, a resistência de diversos tipos de vírus e bactérias e a falta de cuidado dos profissionais com situações de risco. Tudo isto tem contribuído para o aumento dos casos de infecções. O princípio básico para alcançar os objetivos é a adoção de medidas preventivas, com a implantação de normas e rotinas para diminuir os riscos ocupacionais a que estão expostos os profissionais de saúde. Torna-se necessário criar uma consciência entre os profissionais de saúde, adotando-se posturas centradas na biossegurança. Para tanto, é necessário criar protocolos para acompanhar de perto os acidentes de trabalho com exposição aos materiais 15 Curso Técnico em Saúde Bucal biológicos. Além disso, outra meta de suma importância e assegurar que os processos de desinfecção e esterilização sejam realmente adequados e com eficácia comprovada. Limpeza é a remoção, por meio mecânico e/ou físico, da sujidade depositada nas superfícies inertes, que constitui suporte físico e nutritivo para os microrganismos. O processo deve ser realizado com água, detergente e ação mecânica e/ou manual. Deve preceder os processos de desinfecção e esterilização. Desinfecção: é o processo de eliminação e destruição de microrganismos, patogênicos ou não, em sua forma vegetativa, que estejam presentes nos artigos e em superfícies inertes, mediante a aplicação de agentes físicos e químicos em uma superfície previamente limpa. Tais agentes são chamados de desinfetantes ou germicidas, sendo estes capazes de destruir ou inativar tais microrganismos. O objetivo da desinfecção é o de evitar a propagação dos focos de infecção de um paciente para outro. 4.1 Limpeza do consultório e dos equipamentos, soluções e técnicas utilizadas Para efeitos de limpeza, as áreas da clínica devem ser classificadas em: Áreas Críticas – são áreas que oferecem maiores risco de transmissão de infecções, ou seja, áreas que realizam um grande número de procedimentos possuindo ou não pacientes com alto risco de comprometimento imunológico. Exemplos: Centros Cirúrgicos, Central de Material, Clínicas ou Consultórios odontológicos, Laboratórios onde são manipulados espécimes clínicos. Áreas Semicríticas – são áreas onde o risco de transmissão de infecções é menor. Apesar de serem frequentadas por pacientes, estes não requerem cuidados de alta complexidade ou isolamento. Exemplos: sala de triagem e/ou sala de espera. Áreas Não-Criticas – são áreas não ocupadas por pacientes. Exemplos: áreas administrativas. As técnicas de higiene se dividem em três partes: Limpeza concorrente Limpeza Terminal Limpeza de sanitários 16 Curso Técnico em Saúde Bucal Limpeza concorrente. Entende-se por limpeza concorrente a higienização diária das áreas. Essa limpeza tem como objetivo a manutenção do asseio, a reposição de materiais de consumo como: sabão líquido, papel toalha, papel higiênico, saco para lixo e inclui: a) limpeza de piso, remoção de poeira do mobiliário e peitoril, b) limpeza completa do sanitário e c) limpeza de todo o mobiliário da unidade (bancadas, mesa e cadeiras). Observações importantes: ● A limpeza de portas e paredes só será realizada se houver alguma sujidade ● A limpeza das superfícies horizontais deve ser repetida durante o dia, pois há acúmulo de partículas existentes no ar pela movimentação de pessoas. ● É importante padronizar a cor das luvas para a limpeza das superfícies. Piso e sanitários padronizar-se-á o uso de luvas verdes. Para limpeza de superfícies horizontais como mobiliários e equipamentos das clínicas ou laboratórios, as luvas deverão ter cor amarela. ● Deve-se evitar varrer superfícies a seco. O ato de varrer o piso favorece a dispersão de microrganismos que podem estar veiculados às partículas de pó, por isso, recomenda-se a limpeza realizada com mops pó. ● Com o mop água, utilizar sempre dois baldes de cores diferentes – os baldes destinam-se a: 1º balde verde – solução. 2º balde branco– água limpa para o enxágue. ● Não abrir ou fechar portas com as mãos enluvadas. ● Não deixar materiais de limpeza nas clínicas e/ou banheiros, devendo ser guardados, após devidamente lavados e secos, na sala de materiais de limpeza da unidade. ● Não deixar mops usados de molho, evitando assim a proliferação de microrganismos. ● A revisão da limpeza deve ser feita nos três períodos: manhã, tarde e noite. A técnica abaixo se aplica onde a limpeza é realizada com mop água. ● Utilizar água e detergente para limpeza de superfícies; ● Separar mops para diferentes superfícies e áreas, por exemplo, mops diferentes para limpeza de paredes, pisos, móveis, pias, etc.; ● Obedecer aos sentidos corretos para limpeza: ● Tetos: sentido unidirecional (somente numa direção). 17 Curso Técnico em Saúde Bucal ● Paredes: de cima para baixo. ● Piso: dos fundos para a porta de entrada. ● Piso de corredores: de dentro para fora. ● Iniciar da área menos contaminada para a mais contaminada; ● Nunca realizar movimentos de vaivém, movimentos firmes de oito são indicados; ● Iniciar a limpeza pelo teto e por último o piso. ● Recolher os sacos plásticos contendo os Resíduos de serviços de saúde (RSS) e realizar a limpeza ● Fazer a limpeza de corredores dividindo-os ao meio, deixando um lado livre para o trânsito de pessoas enquanto procede-se à limpeza do outro lado. ● Utilizar placa de sinalização com o dizer “Cuidado Piso Molhado”, ou, em determinados casos, interditar a área. ● Realizar a limpeza do mobiliário, focos e acessórios de equipamento com álcool 70%. Descrição do procedimento na ocorrência de contaminação do chão com matéria orgânica, na presença de resíduos ou quando acontece queda de material. ● Remover o excesso de matéria orgânica com papel toalha e descartá-lo. ● Eliminar a sujidade com pano limpo embebido com água e sabão e secar a área. ● Aplicar desinfetante no local onde a matéria orgânica foi removida. Limpeza Terminal É o processo de limpeza e/ou desinfecção de todas as áreas, objetivando a redução da sujidade e, consequentemente, da população microbiana, reduzindo a possibilidade de contaminação ambiental. É realizada periodicamente, envolvendo piso, parede, teto e mobiliário, assim como ar condicionado. Limpeza de Sanitários - Descrição do procedimento usual: ● Preparar o equipamento: pano, escova de plástico, dois baldes, produto de limpeza e luvas de borracha da cor verde. ● Levar o equipamento para o local. ● Encher o balde com água limpa e outro com água e sabão. ● Levantar o assento. ● Dar a descarga. 18 Curso Técnico em Saúde Bucal ● Esfregar o interior da bacia com a escova, inclusive a área sob a borda. ● Dar nova descarga. ● Molhar o pano na solução com sabão e torcê-lo. ● Lavar o exterior da bacia, o assentode ambos os lados e as dobradiças, dando particular atenção às partes próximas ao chão. ● Usar saponáceo se o exterior estiver muito sujo. ● Enxaguar com água limpa e secar com pano seco e limpo o exterior da peça, assento e dobradiças. ● Recolher, limpar e guardar o material. ● Lavar as mãos após retirar os equipamentos de proteção individual (E.P.I.) Os Equipamentos de Proteção Individual ou E.P.I. são quaisquer meios ou dispositivos destinados a serem utilizados por uma pessoa contra possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o exercício de uma determinada atividade. Um equipamento de proteção individual pode ser constituído por vários meios ou dispositivos associados de forma a proteger o seu utilizador contra um ou vários riscos simultâneos. O uso destes tipos de equipamentos só deverá ser contemplado quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade. O uso de E.P.I. é uma exigência da legislação trabalhista brasileira através de suas Normas Regulamentadoras. O não cumprimento poderá acarretar em ações de responsabilidade cível e penal, além de multas aos infratores. A legislação prevê que é obrigação do empregador: ● Fornecer os E.P.I. adequados ao trabalho. ● Instruir e treinar quanto ao uso dos E.P.I. ● Fiscalizar e exigir o uso dos E.P.I. ● Repor os E.P.I. danificados. Obrigação do trabalhador: ● É obrigação do trabalhador usar, guardar e conservar os E.P.I. ● Os E.P.I. devem ser usados apenas para finalidade a que se destinam; ● O trabalhador deverá comunicar a Chefia quando houver qualquer alteração que torne impróprio o uso dos E.P.I. 19 Curso Técnico em Saúde Bucal Tipos de E.P.I. que devem ser usados na Clínica: a) Óculos de proteção b) Luvas de Látex c) Botas de PVC d) Gorro e) Máscara 5- DESINFECÇÃO Durante o tratamento do paciente, o equipamento odontológico e as superfícies do consultório podem ficar contaminados por saliva ou aerossóis que contêm partículas de sangue e saliva. As superfícies que são constantemente tocadas (p. ex., alças do refletor, controles da unidade auxiliar, puxadores de gavetas) podem atuar como nichos para micro-organismos. Ao manusear estas superfícies, agentes microbianos presentes nestas podem ser transportados para instrumentos, fichas clínicas, ou para o nariz, boca ou olhos dos profissionais da equipe ou de outros pacientes. Quando um membro da equipe toca essas superfícies com luvas contaminadas, cria-se uma fonte primária de contaminação cruzada. Estudos laboratoriais verificaram que os micro-organismos podem sobreviver em superfícies do ambiente por diferentes períodos de tempo. Por exemplo, o Mycobacterium tuberculosis pode sobreviver por semanas, ao passo que o vírus do herpes simples morre em questão de minutos. É impossível prever com precisão o tempo de vida de micro-organismos nas superfícies dos equipamentos odontológicos. Desta forma, a abordagem mais segura para 20 Curso Técnico em Saúde Bucal evitar contaminação é presumir que, se a superfície entrou em contato com saliva, sangue ou outra substância potencialmente infecciosa, há micro-organismos vivos presentes. As Diretrizes para o Controle de Infecção em Unidades de Atendimento Odontológico — 2003 dos CDC dividem as superfícies do ambiente em superfícies clínicas de manuseio e superfícies fixas. As superfícies fixas são piso, paredes e pias. Como estas apresentam um risco muito menor para a transmissão de doenças, as técnicas para sua limpeza e desinfecção não são tão rigorosas quanto aquelas utilizadas em áreas clínicas e para os itens de tratamento do paciente. Ao se planejar a limpeza e desinfecção das áreas de tratamento do paciente, deve-se considerar os seguintes fatos: • Quantificação do contato direto pelo paciente • Tipo e frequência de contato manual • Quantificação potencial da contaminação por aerossol e/ou spray • Outras As superfícies de manuseio podem ser contaminadas diretamente por spray ou partículas geradas durante o procedimento odontológico, ou pelo contado com as mãos enluvadas do profissional. As diretrizes para o controle de infecção da Organization for Safety and Asepsis Procedures (OSAP) recomendam que as superfícies clínicas sejam classificadas e mantidas sob três categorias: (1) manuseio, (2) transferência, e (3) borrifos, respingos e gotículas. Superfícies de manuseio são aquelas diretamente tocadas e contaminadas durante os procedimentos terapêuticos. As superfícies de manuseio são as alças do refletor, os controles da unidade auxiliar, comandos da cadeira, recipientes dos materiais dentários e puxadores de gavetas. As superfícies de transferência não são diretamente tocadas pelas mãos, mas são frequentemente tocadas por instrumentos contaminados. As superfícies de transferência são as bandejas de instrumentos, os suportes de canetas de alta e baixa rotação e a seringa tríplice. As superfícies de borrifos, respingos e gotículas não entram em contato com os membros da equipe profissional ou com os instrumentos contaminados. O principal exemplo são as bancadas. 21 Curso Técnico em Saúde Bucal As superfícies de manuseio e de transferência devem ser protegidas por barreiras, ou limpas e desinfetadas entre cada paciente. As superfícies de borrifos, respingos e gotículas (tampos, mesas e bancadas) devem ser limpas pelo menos uma vez ao dia. A colocação de barreiras mecânicas em superfícies e em equipamentos pode prevenir a contaminação de áreas de contato clínico, porém estas barreiras são particularmente importantes para aquelas áreas difíceis de limpar. Todas as barreiras existentes no mercado atual deveriam ser impermeáveis. As barreiras impermeáveis impedem que os micro-organismos da saliva, sangue e outros líquidos possam atravessá-las e contaminar a superfície debaixo delas. Alguns sacos plásticos são projetados especificamente para se adaptar às formas de cadeiras odontológicas, seringas tríplices, mangueiras, canetas de alta e baixa rotação, e alças de refletores. Outros tipos de material de barreira são filme, saquinhos e tubos plásticos, e papel impermeável. Pode-se utilizar filmes adesivos como barreira plástica para proteger superfícies lisas, como painéis digitais de equipamentos ou interruptores do comando elétrico de cadeiras e do aparelho de radiografia. Também pode ser utilizado papel de alumínio, uma vez que este pode ser moldado facilmente ao redor de qualquer forma de objeto ou superfície. Entre pacientes, enquanto se está com as mãos enluvadas, deve-se remover e descartar as barreiras contaminadas. Se, ao remover as barreiras contaminadas, for tomado 22 Curso Técnico em Saúde Bucal cuidado suficiente para não tocar nas superfícies debaixo delas, não será necessário limpá-las e desinfetá-las. Contudo, se inadvertidamente alguma delas for tocada, será preciso fazer limpeza prévia e desinfecção desta superfície. 5.1 Desinfecção x Esterilização A desinfecção visa eliminar micro-organismos causadores de doenças que permanecem nas superfícies após o procedimento de limpeza. Os esporos não são eliminados pelos procedimentos de desinfecção. A esterilização é o processo pelo qual todas as formas de vida são destruídas, inclusive os esporos. A desinfecção pode ser classificada de acordo com a tabela abaixo. Desinfecção de baixo nível: são destruídas as bactérias em forma vegetativa, alguns vírus e alguns fungos. O Mycobacterium tuberculosis, os esporos bacterianos, o vírus da Hepatite B (HBV) e os vírus lentos sobrevivem. Desinfecção de médio nível: além dos microrganismos destruídos na desinfecção de baixo nível são atingidos o Mycobacterium tuberculosis, a maioria dos vírus (inclusive o HBV) e a maioria dos fungos. Ainda sobrevivem os Mycobacterium intracelulare, os esporos bacterianos e os vírus lentos. Desinfecção de alto nível: resistem apenas alguns tipos de esporos bacterianos mais resistentes e os vírus lentos. Não definido: onível de desinfecção dependerá das variáveis como temperatura e/ou concentração de germicidas adicionados no processo. 23 Curso Técnico em Saúde Bucal 6- CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS – MATERIAIS A divisão a seguir serve apenas como guia quanto ao potencial de ser contaminado e ser contaminante de cada instrumento. Dessa forma, independentemente da classificação descrita abaixo, os princípios básicos a serem seguidos, desde que as características do instrumento permitam, devem ser: 1. Nunca desinfetar o que pode ser esterilizado; 2. Sempre dar preferência aos métodos físicos de esterilização (autoclave). MATERIAIS CRÍTICOS Definição: São aqueles que entram em contato direto com os tecidos, cortando-os ou perfurando-os, e/ou com secreções, que são consideradas como contaminantes em potencial. Exemplos: Sondas exploradoras e periodontais, escavadores (colheres de dentina), brocas, sugadores de metal e/ou descartáveis, cabo de bisturi, grampos para isolamento e curetas periodontais. MATERIAIS SEMICRÍTICOS Definição: São aqueles que entram em contato direto com os tecidos sem, entretanto, cortá-los ou perfurá-los. 24 Curso Técnico em Saúde Bucal Exemplos: Espelho clínico, esculpidores de Hollenback, calcadores, brunidores, guias-de-cego, aplicadores de hidróxido de cálcio, discos e pontas para acabamento e polimento, arco de Young, pinça porta-grampo, porta-amálgama, porta-matriz, espátulas para inserção de cimentos e compósitos. MATERIAIS NÃO CRÍTICOS Definição: São aqueles que não entram em contato direto com os tecidos. Exemplos: Superfícies do equipo, seringas tipo Centrix para inserção de materiais. Atenção: Um material não crítico deve ser tratado para efeitos de biossegurança como material semicrítico quando manipulado pelo operador. Procedimentos críticos: quando há penetração no sistema vascular (cirurgias e raspagens sub-gengivais) Procedimentos semi-críticos: quando entram em contato com secreções orgânicas (saliva) sem invadir o sistema vascular (inserção de material restaurador, aparelho ortodôntico). Procedimentos não críticos: quando não há contato com secreções orgânicas nem penetração no sistema vascular. Na Odontologia não existe nenhum procedimento que possa ser classificado nessa categoria. De acordo com Agencia Nacional de Vigilância Sanitária as áreas médico-hospitalares são classificadas em: Áreas Críticas Áreas Semi-críticas Áreas não críticas ÁREAS CRÍTICAS Estas áreas apresentam alto risco de transmissão de doenças relacionadas à assistência devido: ● Á execução de processos envolvendo artigos críticos ou material biológico; ● Pela realização de procedimentos invasivos; ● Pela presença de pacientes com suscetibilidade aumentada aos agentes infecciosos. 25 Curso Técnico em Saúde Bucal ÁREAS SEMICRÍTICAS Apresentam risco moderado a baixo para infecções relacionados à assistência devido: ● Seja pela execução de processos envolvendo artigos semi-críticos ou; ● Pela realização de atividades assistenciais não invasivas em pacientes não críticos e que não apresentem infecção ou colonização por microrganismos de importância epidemiológica. ÁREAS NÃO CRÍTICAS As áreas não críticas são locais com risco baixo de desenvolver infecção pois não são ocupantes por clientes. Exemplos de áreas não-críticas: Escritórios; Almoxarifados; Salas administrativas; Corredores; Elevadores. 26 Curso Técnico em Saúde Bucal 7- PRINCIPAIS SOLUÇÕES UTILIZADAS EM DESINFECÇÃO O termo desinfetante é utilizado para agentes químicos que são aplicados sobre superfícies inanimadas, como tampos e equipamentos odontológicos. O termo antisséptico se refere a agentes antimicrobianos aplicados em tecidos vivos. Desinfetantes e antissépticos jamais devem ser usados de forma trocada porque podem resultar em toxicidade tecidual e danos ao equipamento. O desinfetante ideal deve ter as seguintes características: ● Amplo espectro; ● Ação rápida; ● Não ser afetado por fatores ambientais (ex: luz); ● Deve ser ativo na presença de matéria orgânica; ● Ser compatível com sabões, detergentes e outros produtos químicos; ● Atóxico (não deve ser irritante para o usuário); ● Compatível com diversos tipos de materiais (não corrosivo em superfícies metálicas e não deve causar deterioração de borrachas, plásticos e outros materiais); ● Efeito residual na superfície; ● Fácil manuseio; 27 Curso Técnico em Saúde Bucal ● Inodoro ou de odor agradável; ● Econômico; ● Solúvel em água; ● Estável em concentração original ou diluído; ● Não poluente. A seguir veremos as principais características dos desinfetantes mais utilizados nos serviços de saúde. GLUTARALDEÍDO ● Aplicação e indicação: desinfetante de alto nível. Mais utilizado para tratamento de materiais termo sensíveis. ● Ação germicida: alteração do RNA, DNA e síntese proteica. ● Tempo: tempo de exposição conforme orientação do fabricante. Pode variar de poucos minutos, quando é ativo contra a maior parte dos vírus até 10 horas quando tem sua maior ação contra formas esporuladas. Sua ação contra mycobacterias requer no mínimo 20 minutos em concentração não inferior a 2%. ● Esterilização a frio: variação segura de no mínimo 8 horas a 10 horas conforme orientação do fabricante. ● Apresentação: solução ácida e básica. ● Concentração para compra: no mínimo 2%. Exigir laudo do Ministério da Saúde. ● Especificidades do método de utilização para artigos específicos: ● Limpeza de endoscópios e outros materiais longos com lume de difícil higienização: utilizar detergente enzimático para auxiliar na efetiva remoção de sujidade. ● Controle da utilização: Para instrumentos reutilizados e inseridos diretamente na árvore traqueobrônquica: utilizar solução recém ativada ou utilizar fita teste para medir a concentração de Glutaraldeído e utilizar apenas se concentração estiver a 2% ou mais. ● Para outros materiais que não entram em contato com árvore respiratória: utilizar a solução básica por 14 dias e a ácida por 28 dias. Utilizar a fita teste para medir a concentração e aceitar quando estiver a 1,5 % ou mais. ● Quando há possibilidade de secagem efetiva dos materiais a frequência dos testes pode ser determinada pela monitorização inicial diária. Repetir inicialmente os testes com a fita a fim de verificar o número de vezes em que determinado procedimento é 28 Curso Técnico em Saúde Bucal realizado da mesma forma resultando em concentração semelhante. Desta forma a frequência de testes através da fita pode ser estabelecido de acordo com cada instituição e tipos de procedimentos. ● Nomes comerciais: Cidex ® (Jonhson & Jonhson), Glutacide ®(Ceras Jonhson), Glutalabor ®. ● Nome comercial da fita teste disponível no mercado nacional: dois tipos de Steris Strip ®(Jonhson & Jonhson), uma medindo a concentração de 1,5% e outra medindo a concentração de 2% de Glutaraldeído. PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO ● Aplicação: desinfetante de alto nível, principalmente para materiais termo sensíveis. ● Ação: agente oxidante. Desnaturação proteica, ruptura da permeabilidade da membrana celular. ● Tempo: a inativação de microrganismos é dependente de tempo, temperatura e concentração. Existem inúmeros estudos na literatura onde forma demonstradas atividades de 10 a 60 minutos em concentrações variáveis de 0,6 a 7,5%. ● Apresentações: ainda não está disponível no mercado brasileiro uma solução com as características específicas para uso como desinfetante. Nos EUA e Europa a solução é comercializada de 6 a 7,5% para uso em materiais. Concentrações menores têm sido utilizadas para ambiente e auxílio na remoção de matéria orgânica aderida a materiais. ● Teste: como outras soluções químicas, a perda da atividade que pode ocorrer por diluição, por secagem incompleta deve ser monitorada regularmente. Quando a concentração estiver abaixo de 6% deve ser desprezada. ● Compatibilidade com materiais: corrói zinco cobre e latão. ● OBS: está disponível no mercadonacional também como esterilizante através de máquina geradora de plasma (STERRAD ®). ÁCIDO PERACÉTICO ● Apresentação: líquida. ● Modo de uso: por submersão. 29 Curso Técnico em Saúde Bucal ● Tempo de processamento 30 minutos a 50 a 56o.C (em máquina apropriada- ainda não disponível no Brasil STERIS SYSTEM ®) ● Aplicação: desinfetante de alto nível. Sua aplicação mais conhecida no país, até o momento é em hemodiálise. Indicada fora do país para uso em endoscópios, instrumentos de diagnóstico e outros materiais submersíveis. ● Ação: agente oxidante. Desnaturação proteica, ruptura da permeabilidade da membrana celular. ● Espectro de ação: tem amplo espectro de ação conforme é requisito para ser desinfetante de alto nível, incluindo Mycobacterias e esporos bacterianos. Sua principal vantagem na decomposição é a inexistência de resíduos. ● Tempo: a inativação de microorganismos é dependente de tempo, temperatura e concentração. Inativa microorganismos mais sensíveis em 5 minutos a uma concentração de 100ppm. Para eliminação de esporos de 500 a 10000ppm em 15 segundos a 30 minutos. ● Apresentações: 0,2% e 0,35%. ● Indicação: no âmbito nacional tem sido utilizado em combinação com o peróxido de hidrogênio para tratamento de hemodializadores. Tem sido mais estudado para outros usos em substituição ao Glutaraldeído para materiais termoresistentes. ● Compatibilidade com materiais; pode corroer cobre, latão, bronze, ferro galvanizado e aço. Estes efeitos, no entanto, podem ser reduzidos por aditivos e modificações de PH. ● Nomes comerciais: Nu Cidex ® (não disponível no país) e Proxitane® (não são apresentados como produtos similares); Sterilife ® e Cidex PA® (combinados com Peróxido de Hidrogênio, ver abaixo) ● Obs: Sterilife ® liberado no Brasil como esterilizante. 4- ÁCIDO PERACÉTICO + PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO ● Aplicação: como desinfetante de alto nível. ● Compatibilidade com materiais: não deve ser utilizado em materiais com cobre ou bronze, boa compatibilidade com plásticos. ● Características: odor menos forte que o de Glutaraldeído, mas pode causar irritação nos olhos e árvore respiratória, devendo ser utilizado óculos e máscara para o 30 Curso Técnico em Saúde Bucal manuseio, bem como avental e luvas como Equipamentos de Proteção Individual padrões, necessidade de menor tempo de contato do que os aldeídos. ● Desvantagens: menor compatibilidade com os materiais, havendo necessidade de redução da corrosão por aditivos e modificações de pH. ● Obs: Não há necessidade de ativação e pode ser medida sua concentração através de fitas teste. Apenas iniciando sua comercialização no Brasil. ● Concentração: 0,2 e 0,35% de Ácido Peracético. ● Nome comercial: Sterilife ®, Cidex PA ®. ÁLCOOL ● Ação: ruptura da membrana celular e rápida desnaturação das proteínas com subsequente interferência no metabolismo e divisão celular. ● Espectro de ação: rápido e amplo espectro de ação contra bactérias vegetativas, vírus e fungos, mas não é esporicida. ● Apresentação mais frequente: álcool etílico e álcool isopropílico. ● Concentração: entre 60 e 90%, sendo que abaixo de 50% sua atividade diminui bastante. ● Compatibilidade com materiais: mais indicado para superfícies externas dos materiais e superfícies de vidro. Embora utilizado como secante em instrumentos óticos, pode danificar o cimento das lentes. Resseca plásticos e borrachas quando utilizado repetidas vezes ao longo do tempo. Opacifica material acrílico. ● Características da ação: como evapora rapidamente sua ação é limitada, havendo necessidade de submersão de objetos para uma ação mais ampla. HIPOCLORITO DE SÓDIO ● Aplicação: quanto maior a concentração e/ou o tempo maior o espectro de ação, podendo ser utilizado como desinfetante de baixo a alto nível. ● Espectro de ação: tem amplo espectro de ação, chegando a ter ação sobre esporos de B. subtillis. Atua a concentrações tão baixas como 25 ppm para microorganismos mais sensíveis. Mais usualmente utilizada em concentração de 1000 ppm. ● Características: é o desinfetante mais amplamente utilizado. Apresenta ação rápida e baixo custo. Bastante instável e inativado por matéria orgânica. ● É considerado como prejudicial ao ambiente. 31 Curso Técnico em Saúde Bucal ● Compatibilidade com materiais: é bastante corrosivo, principalmente de metais e tecidos de algodão e sintéticos. ● Aplicação: dependerá da concentração. Basicamente utilizado em superfícies fixas. Embora possua algumas recomendações para materiais de terapia respiratória os resíduos de cloro, principalmente com o uso prolongado se tornam impedimento. Altamente utilizado e recomendado para tratamento de tanques e tratamento de água. FORMALDEÍDO ● Aplicação: desinfetante de alto nível, mas como é considerado carcinogênco, sua aplicação em hospitais hoje é limitada. Até hoje ainda é utilizado para tratamento de hemodializadores. No entanto está sendo substituído cada vez mais por Ácido Peracético para esta aplicação. ● Utilização para outros fins: conservação de peças anatômicas e tecidos e preparo de vacinas virais. ● Espectro de ação: bactericida, fungicida, viruscida, tuberculicida. ● Apresentação: em forma líquida e sólida, mais conhecida como formalina. ● A formalina sólida é vaporizada através do calor na presença de umidade. Embora seja uma opção econômica foi pouco estudada. Tem limitações na mensuração de parâmetros aceitáveis da liberação dos vapores em determinadas dimensões de materiais. Além disto, os resíduos são tóxicos e podem danificar alguns instrumentos. IODÓFOROS ● Um iodóforo é uma combinação de iodine com agente solubilizante ou carregador. ● Aplicação: mais comumente utilizado como anti-séptico. No entanto tem aplicação como desinfetante de materiais também. ● Ação: possui maior ação em baixas concentrações, por disponibilizar desta forma maior quantidade de iodo livre. No entanto em baixas concentrações é mais instável e de maior facilidade de contaminação. 32 Curso Técnico em Saúde Bucal ● Espectro de ação: bactericida, viruscida e micobactericida. No entanto requer tempo de contato bastante prolongado para agir sobre formas de microorganismos mais resistentes aos germicidas ● Apresentações: iodóforos formulados como anti-sépticos não devem ser utilizados como desinfetantes uma vez que os primeiros têm uma quantidade menor de iodo livre. 10- FENÓLICOS ● Sua maior importância deve-se ao fato de ter iniciado a história dos germicidas com a utilização por Lister em seu trabalho pioneiro sobre anti-sepsia cirúrgica (ácido carbólico). ● Aplicação: foi muito utilizado na década passada no Brasil. Embora ainda seja bastante utilizado para tratamento de materiais não críticos e superfícies fixas de alguns hospitais esta prática está cada vez mais sendo questionada. Os resíduos em materiais porosos estão incluídos nos motivos de contraindicação sua utilização em materiais Semicríticos. ● Ação: destruição do protoplasma com ruptura da parede celular com precipitação proteica. ● Espectro de ação: bactericida, viruscida, fungicida, tuberculicida. ● Apresentações: derivados do fenol como ortho-phenilphenol e ortho- benzyl- para- clhorophenol. 11- COMPOSTOS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIA ● Aplicação: desinfetante de baixo nível Muito utilizado como desinfetante de superfícies, no passado e ainda como anti- séptico. ● Ação: desnaturação das proteínas celulares essenciais e ruptura da membrana celular. ● Espectro de ação: fungicidas, bactericidas e viruscidas lipofílicos. Não são tuberculoscidas ou agem contra vírus hidrofílicos. ● Hoje existem algumas resistências de seu uso por parte dos Serviços de Controle de Infecção pela publicação de alguns artigos relatando a contaminação das soluções. 33 Curso Técnico em Saúde Bucal Além disto, pela contraindicação pelo Centers for Disease Control face a ocorrência de surtos relacionados a seu uso como anti-séptico. ● Inativadospor tensoativos, resíduos aniônicos e proteínas. Algumas formulações são inativadas por água dura. ● Baixo nível de toxicidade direta, mas poluente ambiental. 8- MEIOS DE ESTERILIZAÇÃO Existem vários tipos de esterilização de materiais, essas dependem do tipo de artigo e de contaminação dos mesmos. Esterilização por meios físicos é obtida através de: Vapor saturado sob pressão: Utiliza as autoclaves para a esterilização dos materiais. É o meio mais utilizado na rede hospitalar. Calor seco: utiliza as estufas de ar quente como métodos de esterilização. Radiação ionizante: é um método de esterilização que utiliza a baixa temperatura, portanto que pode ser utilizado em materiais termossensíveis. A ação antimicrobiana da radiação ionizante se dá através de alteração da 34 Curso Técnico em Saúde Bucal composição molecular das células, modificando seu DNA. As células sofrem perda ou adição de cargas elétricas. Esterilização por meios químicos é obtida através de: Formaldeído: tem função fungicida, viruscida e bactericida. Se agir por 18 horas tem ação esporicida. Glutaraldeído: tem potente ação biocida, é bactericida, virucida, fungicida e esporicida. Óxido de etileno: é empregada na esterilização de produtos médico-hospitalares que não podem ser expostos ao calor ou a agentes esterilizantes líquidos: instrumentos de uso intravenoso e de uso cardiopulmonar em anestesiologia, aparelhos de monitorização invasiva, instrumentos telescópios (citoscópios, broncoscópios, etc.), materiais elétricos (eletrodos, fios elétricos), máquinas (marcapassos, etc.), motores e bombas, e muitos outros. Peróxido de hidrogênio: Peróxido de hidrogênio ou água oxigenada é um agente oxidante e a uma concentração de 3 a 6% tem poder desinfetante e esterilizante, porém pode ser corrosivo para instrumentais. Pode ser utilizado como opção para esterilização de materiais termo-sensíveis. É usado na desinfecção e esterilização de superfícies planas e sólidas, na esterilização de capilares hemodializadores, na desinfecção de lentes de contato e outros. Ácido peracético: Tem ação esporicida em temperaturas baixas e mesmo em presença de matéria orgânica. Este método pode ser aplicado a artigos termo-sensíveis, porém que possam ser totalmente mergulhados no líquido. Materiais de alumínio anodizado não podem sofrer este processo de esterilização por apresentarem incompatibilidade. Os materiais esterilizados por este meio devem ser utilizados imediatamente. Plasma de peróxido de hidrogênio: Este processo pode ser aplicado em materiais como alumínio, bronze, látex, cloreto de polivinila (PVC), silicone, aço inoxidável, teflon, borracha, fibras ópticas, materiais elétricos e outros. Não é oxidante 35 Curso Técnico em Saúde Bucal 8.1 Calor úmido (vapor saturado) O processo de esterilização por calor úmido, na forma de vapor saturado sob pressão, é considerado por vários autores, o mais seguro, rápido, eficiente e econômico disponível para instrumentos termorresistentes. Desta forma a esterilização por estufas somente é indicada quando a esterilização em autoclaves é impossibilitada pela natureza do artigo, isto é, quando sofrem dano em presença de umidade ou quando são impermeáveis, como pós e óleos. Na Odontologia a utilização das estufas foi tradicionalmente o método de escolha para esterilização. Com a chegada de modernas autoclaves de mesa a um custo compatível no mercado, esta tendência vem se invertendo nos últimos anos. Para realizar a esterilização em autoclave deverão ser seguidos os procedimentos: Usar exposição por 30 minutos a uma temperatura de 121ºC, em autoclaves convencionais (uma atmosfera de pressão). Usar exposição por 15 minutos a uma temperatura de 132ºC, em autoclaves convencionais (uma atmosfera de pressão). Usar exposição por 04 minutos a uma temperatura de 132ºC, em autoclave de alto vácuo. 36 Curso Técnico em Saúde Bucal 8.2 Calor seco 37 Curso Técnico em Saúde Bucal A esterilização em calor seco é feita em estufas elétricas equipadas com resistências e termostato. A circulação de ar quente e o aquecimento dos materiais se fazem de forma lenta e irregular, mesmo quando possuem ventiladores (não é o caso da maioria que está no mercado). Para atingir os parâmetros de esterilização, longos períodos de exposição são necessários e a temperatura é bem mais elevada quando comparada ao calor úmido. A temperatura e o tempo de exposição recomendados para estufas seguem os parâmetros a seguir: 121° por 12 horas 140° por 180 minutos 150° por 150 minutos 160° por 120 minutos 170 ° por 60 minutos 8.3 Métodos químicos de esterilização Método indicado para material não termo-resistente. As soluções ainda mais utilizadas para se obter esterilização são os aldeídos. Para a esterilização química sugere-se os seguintes parâmetros. Glutaraldeído 2% por 10 horas Formoldeído aquoso 10% por 18 horas Formoldeído alcoólico 8% por 18 horas Ácido peracético por 1 hora 8.3 Monitoramento de esterilização A eficácia da esterilização deve ser controlada por meio de: • Manutenção preventiva e/ou corretiva: periodicamente o equipamento deverá passar por avaliação técnica, limpeza de câmara interna, para o adequado funcionamento. • Registro de controles dos processos de esterilização: Dados como tempo, temperatura e manômetro de pressão deverão ser anotados em planilha de cada ciclo para controle do processo de esterilização; • Indicadores químicos: substratos contidos em tiras de papel, que reagem a uma determinada temperatura, mudando de cor. 38 Curso Técnico em Saúde Bucal • Indicadores biológicos: Preparação padronizada contendo esporos bacterianos, que validam a esterilização do material. O ideal seria que tais indicadores biológicos fossem levados ao equipamento a cada ciclo de esterilização, devendo toda a carga ser anotada em planilha, a qual receberá um número de lote e, após o teste ser executado, o resultado do teste deverá ser anexado à planilha garantindo a esterilização de todo o lote. Caso esse tipo de controle não seja possibilitado a cada ciclo e esterilização, indica-se frequência mínima de uma vez por semana para o uso desse indicador a fim de que seja verificada a manutenção da funcionalidade do equipamento, o que não garantirá a esterilização de todos os ciclos executados por este, especialmente quando algum de seus ciclos for interrompido ou executado de forma incorreta. O controle por indicadores biológicos é o único meio de assegurar que o conjunto de todas as condições de esterilização esteja adequado, uma vez que os microrganismos são diretamente testados quanto ao seu crescimento ou não após a aplicação do processo. Indicador químico de esterilização 9- RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE 39 Curso Técnico em Saúde Bucal A temática acerca dos resíduos de serviços de saúde, em especial os de serviços odontológicos, necessita ampliação e aprofundamento de estudos, devido às controvérsias decorrentes das implicações desses resíduos no que se refere à saúde ambiental. Nela estão contidas questões vinculadas à saúde ocupacional e dos usuários dos serviços odontológicos e ao saneamento ambiental. O gerenciamento é tido como um processo capaz de minimizar ou até mesmo impedir os efeitos adversos causados pelos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), do ponto de vista sanitário, ambiental e ocupacional, sempre que realizado racional e adequadamente. Os resíduos gerados nos serviços odontológicos causam risco à saúde pública e ocupacional equivalente aos resíduos dos demais estabelecimentos de saúde. Seus responsáveis técnicos devem implantar um plano de gerenciamento de acordo com o estabelecido na RDC/Anvisa n0 306, de 07 de dezembro de 2004, ou a que vier substituí-la. Esta resolução pode ser encontrada facilmente na internet e deverá ser conhecida pelo estudante, nesta apostila ela não será incluída, por questões de economia de conteúdo. Os resíduos gerados nos serviços odontológicos podem serclassificados em biológicos, químicos, perfurocortantes ou escarificantes e comuns. Resíduos biológicos: São resíduos com possível presença de agentes biológicos, que por suas características podem apresentar risco de infecção. Os resíduos biológicos devem ser manejados de diferentes formas, de acordo com sua composição: A) Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes com classe de risco 4, em conformidade com a RDC/Anvisa n0 306, de 07 de dezembro de 2004, ou a que vier substituí-la, por microorganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causadores de 40 Curso Técnico em Saúde Bucal doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido. ● Devem ser acondicionados em sacos vermelhos, que devem ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou pelo menos uma vez a cada 24 horas, e identificados conforme o item 1.3.3 da RDC 306/04. ● Devem ser submetidos a tratamento utilizando-se processo físico ou outros processos que vierem a ser validados para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com o Nível III de Inativação Microbiana. Após o tratamento, devem ser acondicionados da seguinte forma: ● Se não houver descaracterização física das estruturas, devem ser acondicionados conforme o item 1.2 da RDC 306/04, em sacos brancos leitosos, que devem ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou pelo menos uma vez a cada 24 horas, e identificados conforme o item 1.3.3 da mesma RDC. ● Havendo descaracterização física das estruturas, podem ser acondicionados como resíduos do Grupo D. B) Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. ● Devem ser acondicionados conforme o item 1.2 da RDC 306/04, em sacos vermelhos, que devem ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou pelo menos uma vez a cada 24 horas, e identificados conforme o item 1.3.3 da mesma RDC. ● Devem ser submetidos a tratamento utilizando-se processo físico ou outros processos que vierem a ser validados para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com o Nível III de Inativação Microbiana (Apêndice IV da RDC 306/04) e que desestruture as suas características físicas, de modo a se tornarem irreconhecíveis. Após o tratamento, podem ser acondicionados como resíduos do Grupo D. Caso o tratamento previsto venha a ser realizado fora da unidade geradora, o acondicionamento para transporte deve ser em recipiente rígido, resistente a punctura, ruptura e vazamento, 41 Curso Técnico em Saúde Bucal com tampa provida de controle de fechamento e devidamente identificado, conforme o item 1.3.3 da RDC 306/04, de forma a garantir o transporte seguro até a unidade de tratamento. C) Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre (luvas, óculos, máscaras, gaze e outros) e peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação diagnóstica. ● Esses resíduos podem ser dispostos, sem tratamento prévio, em local devidamente licenciado para disposição final de RSS. ● Devem ser acondicionados em sacos brancos leitosos, que devem ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou pelo menos uma vez a cada 24 horas, e identificados conforme o item 1.3.3 da RDC 306/04. ● Os sacos devem estar contidos em recipiente de material lavável, resistente a punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados, e resistente ao tombamento. Devem ser dispostos em local devidamente licenciado para disposição final, e, na ausência deste, as orientações do órgão ambiental competente devem ser observadas. Resíduos químicos Os seguintes resíduos contêm substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade: a) Produtos antimicrobianos, citostáticos e antineoplásicos; imunossupressores, quando apresentarem prazo de validade vencido ou se tornarem impróprios para o consumo. b) Anestésicos. c) Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores). d) Saneantes e desinfetantes. e) Resíduos de amálgama. f) Radiografias odontológicas. g) Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). 42 Curso Técnico em Saúde Bucal As características dos resíduos pertencentes a este grupo são as contidas na Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ (NBR 14.725 da ABNT, de julho de 2001). Os resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente, quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento e disposição final específicos. Os resíduos no estado sólido, quando não tratados, devem ser dispostos em aterro de resíduos perigosos – Classe I. Os resíduos no estado líquido devem ser submetidos a tratamento específico, sendo vedado o seu encaminhamento para disposição final em aterros. Quando submetidos a processo de tratamento térmico por incineração, devem seguir as orientações contidas na Resolução Conama n0 316, de 29 de outubro de 2002, ou a que vier substituí-la. O acondicionamento deve ser feito em recipientes individualizados, observadas as exigências de compatibilidade química do resíduo com os materiais das embalagens, de forma a evitar reação química entre os componentes, enfraquecendo-a ou deteriorando-a, ou a possibilidade de que o material da embalagem seja permeável aos componentes do resíduo. Os reveladores utilizados em radiologia podem ser submetidos a processo de neutralização para alcançarem pH entre 7 e 9, sendo posteriormente lançados na rede coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam às diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes. Os fixadores usados em radiologia podem ser submetidos a processo de recuperação da prata ou então ao constante do item 11.16 da RDC 306/04. O descarte de pilhas, baterias e acumuladores de carga contendo chumbo (Pb), cádmio (Cd) e mercúrio (Hg) e seus compostos deve ser feito de acordo com a Resolução Conama n° 257/99, ou a que vier substituí-la. Os demais resíduos sólidos contendo metais pesados podem ser encaminhados a aterro de resíduos perigosos – Classe I ou submetidos a tratamento, de acordo com as orientações do órgão local de meio ambiente, em instalações licenciadas para este fim. O manejo dos resíduos líquidos deste grupo deve seguir orientações específicas dos órgãos ambientais locais. 43 Curso Técnico em Saúde Bucal Os resíduos contendo mercúrio (Hg) devem ser acondicionados em recipientes sob selo d’água e encaminhados para recuperação. Resíduos químicos que não apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente não necessitam de tratamento, podendo ser submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem. Resíduos no estado sólido, quando não submetidos à reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser encaminhados para sistemas licenciados de disposição final. Resíduos no estado líquido podem ser lançados na rede coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam, respectivamente, as diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes. Resíduos perfurocortantes ou escarificantes São todos os objetos e instrumentos contendo cantos, bordas, pontos ou protuberâncias rígidas e agudas capazes de cortar ou perfurar (bisturis, agulhas, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontasdiamantadas e outros). Devem ser acondicionados em recipientes rígidos, com tampa vedante, estanques, resistentes à ruptura e à punctura. Devem ser dispostos em local devidamente licenciado para disposição final de RSS, e, na ausência deste, seu manejo deve seguir as orientações do órgão ambiental competente. Dependendo da concentração e do volume residual de contaminação por substâncias químicas perigosas, esses resíduos devem ser submetidos ao mesmo tratamento dado à substância contaminante. Resíduos comuns São aqueles resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Para o gerenciamento desses resíduos devem ser seguidas as orientações estabelecidas pelo órgão ambiental competente e pelo serviço de limpeza urbana. Plano de gerenciamento de resíduos dos serviços odontológicos 44 Curso Técnico em Saúde Bucal O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, observadas suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos. Contempla os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente. O Plano deve ser baseado nas características e no volume dos RSS gerados e deve ser compatível com as normas locais relativas à coleta, ao transporte e à disposição, estabelecidas pelos órgãos responsáveis. Quando exigido pelas autoridades locais de saúde e/ou ambiente, deve ser submetido à aprovação prévia. Uma cópia do PGRSS deve estar disponível para consulta sob solicitação da autoridade sanitária ou ambiental competente, dos funcionários, dos pacientes e do público em geral. O PGRSS deverá conter os seguintes itens: ● Identificação do gerador: razão social, nome fantasia, endereço, fone, fax, endereço eletrônico, atividades desenvolvidas, horários de funcionamento, dados dos responsáveis técnicos pelo estabelecimento e pelo plano (nome, RG, profissão e registro profissional). ● Caracterização do resíduo: este deve ser quantificado e classificado segundo a RDC Anvisa n.º 306/04, ou a que vier substituí-la. ● Etapas do manejo: descrever como serão realizadas as etapas de segregação, acondicionamento, transporte interno e externo, armazenamento temporário e externo, coleta, tratamento e disposição final para cada tipo de resíduo gerado. Quando adotada a reciclagem de resíduos, o desenvolvimento e a implantação de práticas devem estar de acordo com as normas dos órgãos ambientais e de limpeza urbana. O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde deverá também descrever: ● Medidas preventivas e corretivas de controle integrado de insetos e roedores. ● Ações a serem adotadas em situações de emergência e acidentes ● Ações referentes aos processos de prevenção de saúde do trabalhador. 45 Curso Técnico em Saúde Bucal ● Etapas de desenvolvimento e implantação de programas de capacitação, abrangendo todos os setores geradores de RSS, os setores de higienização e limpeza, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), os Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho (SESMT), a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), em consonância com as legislações de saúde e ambiental e normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) vigentes. O correto manejo dos resíduos de serviços de saúde garante proteção aos profissionais e ao meio ambiente, a seguir uma ilustração que resume o este processo. 46 Curso Técnico em Saúde Bucal 10- RISCOS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE BUCAL Todo trabalho acarreta algum risco para o trabalhador. Alguns deles são pormenorizados, outros são mais graves. Profissionais de Saúde Bucal estão expostos a uma série de riscos, que são chamados de riscos ocupacionais. A seguir um resumo dos principais riscos que podem atingir o dentista e sua equipe: Exposição à radiação Como uma das funções dos Auxiliares em Saúde Bucal é a manipulação de papel radiográfico, bem como o preparo da máquina, ele está constantemente em exposição à radiação. E isso, a longo prazo, sem os cuidados necessários pode acabar prejudicando sua saúde. Pessoas expostas à radiação por anos podem acabar desenvolvendo uma série de doenças, inclusive mutações cancerígenas. Por isso, ao manipular equipamentos radiológicos, os Auxiliares de Saúde Bucal devem usar equipamentos de proteção de chumbo que impedem a passagem da radiação para o corpo. Ruídos Durante todo o dia, os Auxiliares de Saúde Bucal são expostos aos ruídos constantes do consultório como o som do compressor, ar condicionado e os motores dos aparelhos. Ao longo de semanas, meses e anos, os ruídos comprometem a saúde auricular, podendo até mesmo levar a danos sérios à sua audição. Caso os aparelhos não façam pouco ruído, o recomendado é a utilização de um protetor auricular para diminuir os ruídos que chegam ao seu canal auditivo. Contaminação por materiais 47 Curso Técnico em Saúde Bucal Durante os procedimentos, os Auxiliares de Saúde Bucal podem se contaminar com uma série de substâncias encontradas nos consultórios como mercúrio, látex e outros metais pesados. Alguns deles causam apenas irritações na pele, principalmente em casos de alergia. Já outros podem provocar sérios problemas a curto e longo prazo. A melhor prevenção é a manipulação correta desses materiais, assim, é possível evitar o contato direto com pele e mucosas com o uso de luvas, máscaras e óculos de proteção. Contaminação dos Auxiliares de Saúde Bucal por vírus e bactérias Um dos riscos ocupacionais mais perigosos para os Auxiliares de Saúde Bucal é a contaminação por vírus e bactérias durante os procedimentos. Como ele estará manipulando materiais e ficando próximo do cirurgião dentista durante o tratamento, corre o risco de ser contaminado pela saliva e/ou sangue do paciente, assim como, o dentista também corre. Com isso, doenças como gripe, resfriados, tuberculose, hepatites, sífilis e HIV podem ser contraídas pelo profissional. Para evitar esses riscos, utilize sempre os equipamentos de proteção como jaleco, máscara, luvas, touca e óculos de proteção. O ASB deve também manipular e esterilizar os equipamentos utilizados corretamente. Cortes e acidentes durante o trabalho Como o consultório possui diversos materiais cortantes e frágeis, há o risco de acidentes que possam causar cortes, machucados e danos sérios ao corpo. Para evitar esse tipo de problema, é importante que os auxiliares de saúde bucal mantenham os equipamentos organizados, evitando quedas e acidentes ocasionais e estejam sempre em uma posição segura durante os procedimentos, para evitar riscos de acidentes com cortes durante a manipulação dos aparelhos nos procedimentos realizados pelos dentistas. 48 Curso Técnico em Saúde Bucal 11- PRINCIPAIS DOENÇAS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE Os profissionais de saúde executam inúmeras tarefas sujeitas a fatores de risco/ riscos muito variados; contudo, se alguns são facilmente perceptíveis para a maioria, outros são ignorados. A nível de riscos químicos, destacam-se os citostáticos, ou seja, medicamentos capazes de alterar as células, usados nos tratamentos oncológicos, no sentido de serem destruídas as células cancerígenas; contudo, a afinidade pelo alvo e/ou a forma de administração não garantem uma precisão absoluta, pelo que também são destruídas células normais. A maioria dos fármacos usados em Oncologia está por isso, curiosamente, classificada como carcinogénica. Para além disso, a generalidade dos profissionais de saúde está sujeita a patamares razoáveis de stress laboral, bullying, burnout e violência; condições estas com implicações na saúde física e emocional dos funcionários, bem como no absentismo, satisfação e produtividade. A nível organizacional destacam-se também as alterações
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