Buscar

Caderno Bioética - I e II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

BIOÉTICA E
BIOSSEGURANÇA
MÓDULO 1 - FUNDAMENTOS BÁSICOS EM
BIOSSEGURANÇA EM SAÚDE. 
MÓDULO 2 - CONTROLE DE INFECÇÃO NO
AMBIENTE.
PROFESSORA RENATA CAMPELO
 
MÓDULO I 
Fundamentos básicos da biossegurança em saúde 
Aula 1: Histórico, conceito e legislação em biossegurança no contexto da saúde. 
 
PARA INÍCIO DE CONVERSA 
 
Olá! A partir de agora começaremos o estudo da nossa disciplina de 
Bioética e Biossegurança. Iniciaremos com o estudo da Biossegurança, que será 
dividido em três módulos e, em seguida, estudaremos a Bioética, no módulo 
quatro. 
Nosso primeiro módulo trata da biossegurança, seus conceitos básicos 
e legislação, riscos ocupacionais e práticas para minimização desses possíveis 
ricos, também conheceremos algumas doenças transmissíveis às quais os 
profissionais de saúde são expostos durante a prática clínica e como minimizar a 
contaminação por microrganismos. 
Sejam bem-vindos e aproveitem essa jornada! 
 
 
Histórico, Conceito e Legislação em Biossegurança no Contexto da 
Saúde 
Um dos conceitos mais utilizados para definir a biossegurança é o conjunto 
de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação dos riscos inerentes 
às atividades de pesquisa, produção, ensino desenvolvimento tecnológico e prestação 
de serviços, riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, das 
plantas, do meio ambiente (TEIXEIRA E VALLE, 2010, 1996). 
Outro conceito relevante diz que a biossegurança é uma doutrina de 
comportamento que visa o alcance de atitudes e condutas que diminuam os riscos do 
trabalhador de locais de saúde (hospitais, clínicas, hemocentros, etc) de adquirir 
infecções ocupacionais (MOREIRA, 1997). Nesse conceito observamos que a 
aplicação das técnicas de biossegurança vai além do conhecimento de protocolos, 
mas requer uma mudança de mentalidade que nos conduza a entender a real 
importância e finalidade dessas técnicas, o que vai gerar um comportamento seguro 
para o ambiente de trabalho. 
Podemos dizer ainda que a biossegurança é um ato de cuidado, amor e 
responsabilidade. Pelo menos é como a professora que vos “fala” vê a biossegurança, 
 
uma forma de mostrar o cuidado com a saúde do seu paciente, indo além do que ele 
vê, cuidando do que ele muitas vezes nem imagina. Esse cuidado com o outro se 
estende a toda a equipe, inclusive a você e reflete o amor pela sua família, já que você 
está fazendo “tudo certinho” para não levar contaminação para casa. Essa 
responsabilidade é de todos nós profissionais e futuros, que querem deixar seu legado 
no mundo. 
A biossegurança não esteve sempre presente no atendimento em saúde. 
Ela foi se aprimorando no decorrer dos anos, acompanhando a evolução da tecnologia 
e do conhecimento, os quais nos permitiram conhecer mais sobre os microrganismos 
e sua relação com a saúde. 
No Brasil a biossegurança se consolidou como área específica por volta da 
década de 70, a partir das necessidades das escolas médicas e da pesquisa 
experimental, sendo desenvolvidos trabalhos científicos sobre as vantagens e riscos 
inerentes a essas práticas. Em seguida, foram sendo elaboradas leis, decretos, 
normas regulamentadoras para controle da prática de diferentes tecnologias, seja ela 
em laboratórios ou relacionadas com o meio ambiente. 
 
 
PARA REFLETIR 
 
Ao seguirmos os protocolos de biossegurança devemos estar 
preocupados apenas com os profissionais de saúde envolvidos no 
atendimento? 
 
 
E para garantir que todas as ações de cuidado, prevenção e eliminação 
dos riscos relacionados ao atendimento de saúde sejam cumpridas de forma 
padronizada, garantindo eficácia e eficiência nesses procedimentos devemos nos 
pautar na seguinte legislação do Ministério da Saúde: 
 
 
 
 
 
Legislação 
 
 
Do que trata? 
Lei - 6360, de 23/09/1976 do 
Ministério da Saúde 
 
Dispõe sobre a Vigilância Sanitária a 
que ficam sujeitos os Medicamentos, 
as Drogas, os Insumos Farmacêuticos 
e Correlatos, Cosméticos, Saneantes 
e Outros Produtos, e dá outras 
Providências 
Lei - 8080, de 19/09/1990 do 
Ministério da Saúde 
Dispõe sobre as condições para a 
promoção, proteção e recuperação da 
saúde, a organização e o 
funcionamento dos serviços 
correspondentes e dá outras 
providências. 
Portaria 1884, de 11/11/1994 do 
Ministério da Saúde 
 
Normas para projetos físicos de 
estabelecimentos assistenciais de 
saúde 
Lei - 6437, de 11/03/1998 do 
Ministério da Saúde 
 
Configura infrações à legislação 
sanitária federal, estabelece as 
sanções respectivas, e dá outras 
providências. 
Portaria 453, de 01/03/1998 do 
Ministério da Saúde 
 
Regulamento Técnico que estabelece 
as diretrizes básicas de proteção 
radiológica em radiodiagnóstico 
médico e odontológico, dispõe sobre 
o uso dos raios-X diagnósticos em 
todo território nacional e dá outras 
providências 
 
Portaria 344, de 12/05/1998 do 
Ministério da Saúde; 
 
Regulamento Técnico 
sobre substâncias e medicamentos 
sujeitos a controle especial 
 
 
VOCÊ SABIA? 
 
A lei 11.105, também conhecida como Lei da Biossegurança, trata 
da manipulação de organismos geneticamente modificados e a utilização de 
células-tronco para fins de pesquisa e terapia. 
 
 
Além disso, temos as normas regulamentadoras (NRs), que fornecem 
orientações sobre protocolos obrigatórios, seja no setor público ou privado, para 
garantir a integridade, a segurança e a saúde dos trabalhadores que atuam no serviço 
de saúde. Para o nosso estudo iremos destacar duas das normas: 
● NR 06 - Equipamentos de Proteção Individual – EPI 
● NR 32- Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde 
 
A NR 06 discorre sobre os dispositivos ou equipamentos de proteção 
individual (EPI) que devem ser utilizados pelos profissionais a fim de garantir proteção 
de possíveis riscos que possam prejudicar a saúde e a segurança do trabalhador. Os 
EPIs podem variar, atendendo a peculiaridade de cada atividade profissional, no 
entanto, é necessário que todos eles possuam um certificado de aprovação (CA) 
emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego. 
Nesta norma também são pontuados os direitos e deveres do empregador 
e do empregado. O empregador deverá fornecer EPI adequado a cada atividade com 
certificado de aprovação, poderá treinar sua equipe para o correto uso dos dispositivos 
e poderá exigir o uso dos equipamentos, por exemplo. Por outro lado, o empregado 
deverá ser responsável pela conservação do seu EPI, cumprir as orientações do 
 
empregador quanto ao uso e utilizar os equipamentos apenas para o fim a que se 
destina, dentre outros. 
A NR 32 traz vários pontos de extrema importância para a prática 
odontológica, estabelecendo diretrizes básicas para implementação de medidas de 
proteção à segurança e saúde dos profissionais de saúde. Dentre os tópicos 
abordados, temos: exposição e classificação dos tipos de riscos (biológicos, químicos, 
ionizantes), cuidados e manejos de resíduos, limpeza e conservação do ambiente, 
manutenção de máquinas e equipamentos. 
 
 
ATENÇÃO 
 
Alguns estados brasileiros, além de seguirem as orientações 
(legislação e normas regulamentadoras) citadas aqui, possuem sua própria 
legislação estadual detalhando todos os processos que precisam ser seguidos 
para garantir a biossegurança durante o atendimento de saúde. 
 
 
 
Aula 2: Os riscos biológicos, químicos, físicos e mecânicos no atendimento à saúde e 
suas respectivas práticas de segurança 
Riscos ocupacionais no atendimento à saúde 
Quando uma atividade laboral apresenta a possibilidade de ocorrência de 
acidentes, levando o trabalhador a algum tipo de dano, temos o chamado risco 
ocupacional. Esse risco acontece antes mesmo da etapa profissional, já que os 
acadêmicos durante seus estágios estão susceptíveis a esses acidentes. Os danos 
resultantes desses acidentes podem ocorrer de forma imediata, como uma perfuração 
com instrumento cortante, ou a longoprazo, decorrente da ausência de ergonomia 
adequada durante o atendimento ao paciente, por exemplo. 
 
Os riscos mais frequentes são classificados pelo Ministério do Trabalho de 
acordo com sua natureza em cinco grupos, são eles: 1) físicos; 2) químicos; 3) 
biológicos; 4) acidentes ou mecânicos e 5) ergonômicos. Cada grupo recebe uma cor 
específica de acordo com a figura a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Grupos de riscos ocupacionais. Classificação dos riscos ocupacionais em grupos, de 
acordo com a natureza e a padronização das cores correspondentes. Fonte: Adaptado de Anexo 4 
da Portaria nº 25, 25/12/94. 
 
Em centros de saúde ou clínicas maiores podemos lançar mão do uso do 
mapa de risco. O mapa representa uma simulação dos possíveis riscos de cada 
ambiente do local de trabalho, alertando os profissionais para os cuidados necessários 
para cada área, o que contribui para a redução de riscos ocupacionais. Os círculos de 
diferentes cores e tamanhos sinalizam os diversos tipos e graus de riscos 
ocupacionais. 
 
 
 
Mapa de risco. Simulação de ambiente de trabalho e seus diferentes tipos e graus de riscos 
ocupacionais. Fonte: Próprio Autor (2021) 
 
Riscos físicos 
Os riscos físicos estão relacionados com as diversas formas de energia que 
o profissional pode estar exposto, como ruído, vibração, radiação ionizante e não-
ionizante, temperaturas extremas, iluminação deficiente ou excessiva, umidade e 
outros. Se observarmos bem, estamos expostos a diferentes riscos físicos na nossa 
rotina odontológica, mesmo quando realizamos procedimentos simples. 
 
Riscos químicos 
Toda substância, composto ou produto capaz de penetrar no organismo do 
profissional através do contato, inalação, ingestão ou absorvido pela pele é 
considerado agente de risco químico. Esses agentes químicos podem se encontrar 
em forma de poeiras, névoas, vapores, gases, mercúrio, produtos químicos em geral 
e outros. 
No atendimento à saúde também somos expostos a agentes químicos, seja 
no manejo direto do paciente, seja nos cuidados de limpeza, desinfecção e 
esterilização do ambiente e materiais de trabalho. Dentre os principais causadores 
dos riscos químicos temos os desinfetantes químicos, como álcool, glutaraldeído, 
 
hipoclorito de sódio, ácido peracético, clorexidina, detergente enzimático e também 
gases, como o óxido nitroso. 
Vamos conferir abaixo algumas dicas para minimizar os riscos químicos na 
nossa rotina. 
 
 
Como minimizar os riscos químicos? 
 
● Uso adequado dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) de 
acordo com a especificidade da atividade; 
● Fornecer EPI também para o paciente evitando acidentes durante o 
atendimento; 
● Limpar a sujidade do chão realizando a varredura úmida, com uso de 
mops próprios, evitando levantar poeira; 
● Sempre observar e seguir as recomendações do fabricante em relação 
ao armazenamento e manuseio dos produtos; 
● Realizar manutenção programada das válvulas dos recipientes 
contendo gases medicinais; 
 
 
 
Riscos ergonômicos 
Segundo o dicionário Aurélio, ergonomia é o estudo científico que busca 
melhorar as condições de trabalho, visando um aumento de produtividade, através da 
análise das relações entre o homem e a máquina. Portanto, qualquer fator que possa 
interferir na saúde do profissional durante sua prática laboral gerando prejuízo ou 
desconforto na saúde é considerado um risco ergonômico. 
Em geral, os riscos ergonômicos podem gerar danos a longo prazo e, por 
isso, os cuidados com a ergonomia acabam sendo minimizados ou deixados de lado 
pela maior parte dos profissionais, já que não são uma ameaça imediata à sua saúde. 
 
Vamos conferir na tabela abaixo os possíveis causadores de riscos ergonômicos e 
como minimizá-los? 
 
 
Causador de riscos ergonômicos 
 
 
Como minimizar? 
Postura incorreta 
Conhecer a postura adequada para 
cada tipo de procedimento e cada 
área da cavidade bucal. 
Ausência de auxiliar/técnico 
Contratar auxiliar ou técnico para 
evitar movimentos e postura 
inadequados. 
Falta de capacitação da equipe 
Treinamento constante da equipe 
para realizar trabalho eficiente e 
harmônico. 
Atenção e foco no atendimento 
Realizar uma tarefa de cada vez. 
Exemplo: evitar que o técnico esteja 
auxiliando um procedimento e ao 
mesmo tempo atendendo o telefone. 
Ritmo excessivo de trabalho 
Fazer planejamento dos 
atendimentos diários. 
Movimentos repetitivos 
Realizar atividades físicas constantes 
e realizar alongamentos nos 
intervalos dos atendimentos. 
Monotonia 
Evitar a realização de tarefas em 
piloto automático, estimulando a 
equipe com novos desafios. 
 
Riscos mecânicos ou acidentes 
Quando o profissional está submetido a condições que possam afetar sua 
integridade física e bem-estar psíquico, como equipamentos inadequados, 
 
instrumentais com defeitos ou impróprios, probabilidade de incêndio, espaço físico 
inadequado e/ou subdimensionado, estrutura física com defeitos, rede hidráulica e/ou 
elétrica improvisada, falta de equipamento de proteção individual, dentre outros, está 
sujeito a riscos mecânicos ou acidentes. 
A melhor forma de prevenir a ocorrência desses acidentes é seguindo as 
orientações da Anvisa, que regulamenta todos os detalhes referentes a instalação de 
equipamentos em espaço físico adequado, utilização de materiais, medicamentos e 
produtos registrados, realização de manutenção preventiva e corretiva da rede elétrica 
e hidráulica. Além de seguir as normas regulamentadoras quanto à instalação e 
utilização de extintores e incêndio (NR-23) e implantar o Programa de Prevenção de 
Riscos Ambientais (NR-9) em clínicas odontológicas com maior número de 
funcionários. 
 
Risco biológico 
No atendimento estamos constantemente expostos a materiais biológicos, 
como sangue e saliva, que são potenciais fontes de contaminação por vírus, bactérias 
e fungos, o que constitui um sério risco ocupacional aos profissionais da área da 
saúde. 
Esses riscos podem ser minimizados através do cumprimento da NR-32, 
uso de equipamento de proteção coletivo e individual, medidas de promoção e 
prevenção à saúde, imunização, etc. Os profissionais de saúde precisam estar atentos 
para que todas essas diretrizes sejam seguidas rigorosamente para que haja redução 
da contaminação por materiais biológicos. 
 
 
VAMOS REFLETIR 
 
Você já parou para pensar que a batalha contra os microrganismos 
se torna muito mais desafiadora porque não estamos vendo os nossos 
“inimigos”? Sim, isso é verdade. Muitos profissionais acabam não seguindo à 
 
risca os protocolos de biossegurança porque “esquecem” que o vírus da 
hepatite, por exemplo, é invisível a olho nu, mas está presente na saliva que 
pode respingar nos olhos, caso não utilizemos os óculos de proteção e isso 
acarreta graves consequências. 
Entendeu porque precisamos ser ainda mais criteriosos? Combater 
um inimigo invisível requer seguir protocolos de forma minuciosa para garantir 
a saúde e proteção do profissional, da sua equipe, dos pacientes e, também, 
de seus familiares. 
 
 
Mesmo colocando em prática todas as medidas de biossegurança, é 
possível que ocorra acidente com material perfuro cortante contaminado com 
substância orgânica (sangue e saliva). Por isso, é importante conhecermos a conduta 
a ser tomada após essa situação. Vamos conferir os passos a seguir, segundo a 
Anvisa (2006): 
 
1. Lave o local do acidente abundantemente com água corrente e sabão. 
Não provoque sangramento da ferida. Antissépticos tópicos podem ser 
utilizados, como álcool 70% e PVPQ. 
2. Dirija-se ao local de referência para conduta de acidentes ocupacionais 
com risco biológico. Os protocolos profiláticos para HIV e HSB devem 
ser iniciados em até 2 horas após o acidente, podendo ser 
excepcionalmente 24 a 36 horas depois. No local deverá ser preenchido 
o inquérito de notificação e emitida a Comunicaçãode Ambiente de 
Trabalho – CAT. 
3. É importante obter do paciente-fonte todos os detalhes sobre seus 
hábitos de vida, história de transfusão sanguínea, uso de drogas, vida 
sexual, etc., para analisar melhor os riscos envolvidos. 
4. Leve sua carteira de vacinação e, se possível, exames laboratoriais 
recentes. 
5. Deverá ser solicitado pelo médico a coleta de sangue do paciente-fonte, 
incluindo teste de HIV, anti-HCV e HbsAg. 
 
6. Se o médico julgar ser uma situação de risco, as quimioprofilaxias serão 
iniciadas. O profissional acidentado deverá ser acompanhado 
periodicamente segundo conduta do médico. 
7. As sorologias serão repetidas no intervalo de seis semanas, três meses, 
seis meses e ano após o acidente. 
8. Se mesmo após todas as condutas ocorrer soroconversão do 
profissional acidentado, este deve ser encaminhado ao médico do 
trabalho para as devidas providências. 
 
 
Aula 3: Doenças adquiridas em contexto de saúde e segurança biológica 
Doenças Adquiridas em Contextos de Saúde e Segurança Biológica 
 
A contaminação do profissional da saúde pode ocorrer de diferentes 
formas, como contaminação por via aérea, contato direto ou indireto com fluidos 
orgânicos, contato direto ou indireto com o paciente e precisamos estar cientes de 
como evitar essa contaminação, independentemente de sua forma de transmissão. 
A tosse, espirro e fala podem gerar gotículas e aerossóis, sendo que as 
gotículas chegam a uma distância de 1 metro, enquanto os aerossóis permanecem 
em suspensão no ar durante várias horas e alcançam uma distância maior, por serem 
partículas muito pequenas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Contaminação por via aérea. 
Fonte: Próprio Autor (2021) 
 
Já sabemos que os materiais biológicos (sangue e saliva) geram grandes 
riscos a toda a equipe durante o atendimento, principalmente quando é necessário 
manipular a cavidade oral usando instrumentos rotatórios e pérfuro-cortantes que 
podem aumentar ainda mais a chance de contaminação. Essa contaminação pode 
acontecer por diversos tipos de exposição: 1) percutânea: decorrente de instrumentos 
cortantes; 2) mucosa: contato com a mucosa dos olhos, nariz e boca; 3) cutânea: 
contato com pele não íntegra; 4) mordedura humana: deve ser avaliado o risco tanto 
para quem provocou, quanto para quem foi exposto. 
Os profissionais expostos aos fluidos orgânicos estão sujeitos a doenças 
como hepatites A, B e C, síndrome da imunodeficiência humana (AIDS), covid-19, 
dentre outras. Vamos ver como minimizar esses riscos a seguir. 
 
 
Como minimizar a contaminação por fluidos orgânicos? 
 
● Registrar todos os dados médicos do paciente durante anamnese; 
 
 
● Ter uma equipe treinada e focado no atendimento; 
● Utilizar afastadores apropriados durante os procedimentos, evitando 
proximidade com os dedos; 
● Evitar manipulação de agulhas (reencapar, dobrar, quebrar); 
● Acondicionar instrumentais cortantes em recipiente apropriado 
resistente à perfuração; 
● Eliminar pérfuro-cortantes descartáveis em coletores específicos 
(exemplo: Descarpack); 
● Uso do equipamento de proteção individual. 
 
Existem também doenças que podem ser transmitidas pelo contato com o 
paciente, seja esse contato direto, através do contato com a pele, ou indireto, através 
do contato de superfícies ou objetos contaminados. As medidas de precaução padrão 
(uso de EPIs, lavagem das mãos, limpeza e desinfecção do ambiente) devem ser 
tomadas para todos os pacientes, independentemente de o paciente ter relatado 
condição de saúde normal ou não. 
 
 
CURIOSIDADES 
 
Vimos que os profissionais de saúde estão expostos a todos os 
grupos de riscos ocupacionais e também aprendemos como evitar todos esses 
riscos. Agora surgiu a curiosidade: quais as profissões que estão mais 
expostas aos riscos ocupacionais? Você já pensou nisso? 
 
Para conferir a resposta é só acessar: 
 
Conheça as 10 profissões mais perigosas do mundo 
Fonte: https://www.infomoney.com.br/carreira/conheca-10-das-profissoes-mais-perigosas-
do-mundo/ 
 
https://www.infomoney.com.br/carreira/conheca-10-das-profissoes-mais-perigosas-do-mundo/
 
 
Imunização para profissionais de saúde 
Não poderíamos finalizar este módulo sem falar de algo indispensável para 
os profissionais da saúde, que é a imunização. Já vimos que esses profissionais têm 
um risco elevado de contrair doenças infecciosas, que também variam de acordo com 
a região brasileira que estão inseridos e com a população que é atendida, portanto 
toda equipe de saúde, inclusive os acadêmicos, precisam estar com sua carteira de 
vacinação em dia. 
Lembrando que a imunização, ou seja, adquirir resistência a determinados 
microrganismos e a doença causada por eles, pode acorrer de forma passiva ou ativa. 
A imunização ativa ocorre de forma natural, quando você adquire a infecção mesmo 
que ela não manifesta sinais e sintomas da doença, ou de forma artificial, quando é 
inoculado o agente infeccioso ou uma forma variante, através da vacina. A imunização 
passiva é adquirida naturalmente, através da transferência dos anticorpos da mãe 
para o filho, ou artificialmente, através da inoculação de imunoglobulinas, por 
exemplo. 
Dentre as normas de proteção aos profissionais da saúde estabelecidas 
pela NR-32, temos a indicação de realizar a imunização contra agentes infecciosos e 
biológicos através das vacinas. Segundo a ANVISA, as principais vacinas indicadas 
para a Odontologia são contra hepatite B, influenza, tríplice viral e dupla tipo adulto. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Conheça o esquema de vacinação preconizado para os 
profissionais de saúde. 
 
VACINA DOSE REFORÇO 
Hepatite B 
3 doses ( 0 – 1 – 6 
meses) 
- 
 
Febre amarela Dose única 
A cada 10 anos ou 10 
dias antes de viagem 
para áreas endêmicas. 
SRC – Sarampo, 
Rubéola e Caxumba 
Dose única - 
BCG – ID- Contra 
Tuberculose 
Dose única - 
DT- Difteria e Tétano 
3 doses no esquema 
básico 
A cada 10 anos. Pode 
ser antecipada para 5 
anos em caso de 
gravidez ou lesões 
graves. 
Influenza Anual - 
 
Fonte: Adaptado da ANVISA (2006) 
 
 
DESAFIO 
 
Tenho um desafio para você realizar nesse momento. Sim, agora 
mesmo! Pegue sua carteira de vacinação e cheque se suas vacinas estão em 
dia. Ficou na dúvida? É só levar até o posto de saúde mais próximo e 
aproveitar para colocar em dia sua imunização. 
Sua saúde é muito importante. Cuide de você! 
 
 
 
 
Questionário Módulo I 
 
 
1) Os profissionais da saúde estão expostos a diversos riscos 
ocupacionais durante sua prática, sendo os mais frequentes os físicos, 
químicos, ergonômicos, mecânicos ou acidentes, e biológicos. Considerando 
os riscos relacionados à assistência odontológica, marque a alternativa correta: 
a) As canetas de alta rotação, compressores, aparelhos de rx e ausência 
de epi podem gerar riscos físicos aos profissionais expostos. 
b) Para minimizar o risco químico é necessário o uso do epi durante o 
atendimento do paciente, como gorro, máscara, luvas, jaleco descartáveis, sapato 
apropriado, dentre outros, no entanto esses equipamentos de proteção são 
dispensáveis na limpeza do ambiente. 
c) Um ritmo de atendimento acelerado e excessivo, com ausência de 
auxiliar ou técnico e ausência de planejamento podem gerar estresse no profissional, 
mas não são responsáveis por nenhum tipo de risco relativo ao atendimento 
odontológico. 
d) Dentre as medidas para minimizar os riscos mecânicos temos a 
instalação de extintores de incêndio preconizados pela NR-23 e treinamento da equipe 
para sua utilização. 
Resposta: d 
 
2) Relacione as colunas para associar os riscos ocupacionais com 
suas respectivas atividades: 
1. Risco físico ( ) Uso de foco de luz desregulado 
durante atendimento cirúrgico. 
2. Risco químico ( ) Uso de instrumentais 
inadequados ou cegos. 
3. Risco ergonômico ( ) Uso de instrumental pérfuro-
cortante duranteo atendimento sem 
os epis adequados. 
4. Risco mecânico ( ) Atendimentos sem pequenas 
pausas e alongamentos. 
 
5. Risco biológico ( ) Procedimento de desinfecção de 
equipamentos com uso de ácido 
peracético. 
Resposta: 1 -4 – 5 – 3 – 2 
 
3) Quais dessas doenças podem ser evitadas com a vacinação? 
a) Hepatite e tuberculose. 
b) Influenza (gripe) e HIV 
c) Catapora e herpes. 
d) Difteria e diabetes 
Resposta: a 
 
4) Marque a alternativa incorreta em relação à Biossegurança. 
 
a) A anamnese é uma etapa importante da consulta, pois determina 
segurança exclusiva para o paciente. 
b) É indispensável que os profissionais de saúde conheçam os 
Equipamentos de Proteção Individual para sua prática clínica, assim como sua correta 
utilização. 
c) É importante que os profissionais estejam com a vacinação atualizada, 
para que os mesmos estejam protegidos contra algumas doenças, como a hepatite. 
d) Realizar o posicionamento correto do paciente, assim como se 
posicionar de forma ergonômica para o atendimento é uma maneira de minimizar um 
dos tipos de risco ocupacional que o profissional está exposto. 
Resposta: a 
 
5) Ao utilizar instrumentos inapropriados para determinado procedimento, 
o profissional rasga sua luva e corta seu dedo com a ponta pérfuro-cortante do 
 
instrumento. Qual o passo-a-passo que o profissional deve seguir após esse 
acidente? Coloque os passos na ordem correta. 
( ) Realizar exames de sangue solicitado pelo médico e, se indicado, será 
solicitado exames para o paciente-fonte também. 
( ) Lavar abundantemente com água e sabão, não provocando 
sangramento e nem aumentando a área lesada. 
( ) Dentro das próximas 2 horas dirija-se ao centro de referência no 
atendimento de acidentes ocupacionais, onde será preenchido o inquérito de 
notificação e emitida a CAT ( Comunicação de Acidente de Trabalho). 
( ) Cheque as informações contidas na ficha do paciente e investigue 
novamente sobre hábitos, história de transfusão de sangue, uso de drogas, vida 
sexual, etc. 
 ( ) Caso o paciente fonte seja positivo, o profissional acidentado deverá 
iniciar medicações prescritas pelo médico. 
( ) O profissional acidentado irá repetir a sorologia para HIV e Hepatite B 
e C após 6 semanas, 3 meses, 6 meses e 12 meses e realizar acompanhamento 
médico durante esse período. 
Resposta: 4 – 1 – 3 – 2 – 5 – 6 . 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução RDC n. 306, 
de 7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o 
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 10 
de dezembro de 2004. Disponível em: http://e-legis.bvs.br/leisref/public/home.php 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Segurança do Paciente 
em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos. Brasília, 2009 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Serviços 
Odontológicos. Prevenção e Controle de Riscos, Brasília, 2006. 
BRAMBILA, Brenda Scheffer. Contaminação cruzada no ambiente odontológico: 
uma revisão de literatura. 2019. Monografia (Bacharel em Odontologia) - o Centro 
Universitário UNIFACVEST, Lages, 2019. 
 
BRUCH, C.W.; BRUCH, M. K. Sterilization. In: MARTIN, E.W.; EASTON, P. Husas’s 
Pharmaceutical Dispennsing. Marck Publish, 1971. 
BRASIL, Ministério da Saúde, Secretária de Assistência à Saúde. Orientações gerais 
para Central de Esterilização. Brasília, 2001. 
CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA. Manual de boas práticas em 
biossegurança para ambientes odontológicos. Brasília, 2020. 
COSTA, Marco Antonio F. e COSTA, Maria de Fátima B. Biossegurança de A a Z. 
4ª ed. Amazon, 2020. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Hepatites, AIDS e herpes na prática odontológica. 
Brasília: 1996. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Processamento de Artigos e Superfícies em 
Estabelecimentos de Saúde. Brasília, DF: Centro de Documentação, 1994. 
MOREIRA, A.F. Normas de bioseguridad del Ministerio de Salud Publica. 
Uruguay, 1997. 
RECOMENDAÇÕES práticas para processos de esterilização em 
estabelecimentos de saúde - parte I: esterilização a calor (Guia elaborado por 
enfermeiros brasileiros). Campinas, Komed, 2000. 95 p. 
STEFANI, Christine M.; ARAÚJO, Dilene M.; ALBUQUERQUE, Sandra Helena C. 
Normas e rotinas para o atendimento clínico no curso de odontologia da 
UNIFOR. Fortaleza: Universidade de Fortaleza. 2004. 82p. 
TEIXEIRA, P. e VALLE S. Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. Rio 
de Janeiro: Fiocruz, 1996. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
Controle de infecção no ambiente 
Aula 1: Medidas de controle de infecção: higienização das mãos e equipamento de 
proteção individual e coletivo 
 
PARA INÍCIO DE CONVERSA 
 
No módulo anterior trabalhamos novos conceitos e focamos nos 
riscos ocupacionais e como reduzir os danos aos quais os profissionais estão 
expostos. Nesse módulo aprofundaremos nosso conhecimento em relação 
aos riscos biológicos e as principais medidas preventivas no controle das 
infecções. Para iniciarmos nosso estudo e aproveitar ao máximo os novos 
conhecimentos, vamos trabalhar primeiro alguns conceitos que precisamos ter 
em mente a partir de agora. 
 
 
Já vimos que os profissionais da saúde estão expostos à contaminação de 
diversas doenças infectocontagiosas, como sarampo, rubéola, AIDS, hepatites, etc. 
Precisamos também ressaltar que a equipe odontológica não está susceptível apenas 
a ser contaminada, mas também a propagar a contaminação de microrganismos 
patogênicos. 
A manipulação de matéria orgânica, o contato com instrumentais, 
exposição a gotículas e aerossóis e o contato com superfícies do ambiente de trabalho 
são fatores que contribuem para a ocorrência da contaminação cruzada. A 
contaminação cruzada é a transferência de microrganismos patogênicos dos 
profissionais para os pacientes, dos pacientes para os profissionais ou dos pacientes 
para os pacientes através de objetos e superfícies contaminadas. 
A contaminação por si só não significa necessariamente desenvolvimento 
da doença, ou seja, para que a infecção ocorra outros fatores estarão envolvidos 
nesse processo que são o agente etiológico, o hospedeiro susceptível e a 
transmissibilidade. O agente etiológico pode ser vírus, bactérias, fungos, ou seja, 
 
qualquer microrganismo capaz de causar uma infecção. O hospedeiro susceptível é 
qualquer indivíduo que não apresenta resistência ao patógeno, isso pode ser 
decorrente de fatores hereditários, estado nutricional e sistema imune. E a 
transmissibilidade está relacionada com as diversas vias de contaminação, como 
contato direto, contato indireto, via aérea por gotículas, aerossóis. 
Brambila (2019) relata que a infecção cruzada no ambiente odontológico 
pode acontecer por diversos fatores, sendo comum a desinfecção inadequada e 
equipamentos e do ambiente, descuido no uso de películas radiográficas, assim como 
falhas no processo de esterilização e uso indevido do jaleco. 
 
 
PARADA OBRIGATÓRIA 
 
O risco de infecção cruzada não finaliza ao final do atendimento do 
paciente. Além de os microrganismos poderem ficar em suspensão no ar 
devido aos aerossóis, vários patógenos permanecem viáveis sobre as 
superfícies, podendo ser fonte de contaminação para outros pacientes, se as 
medidas preventivas adequadas não forem realizadas. 
Confira a seguir o tempo de sobrevivência no meio ambiente de 
alguns microrganismos (ANVISA, 2012): 
Rotavírus - 12 dias 
Hepatite - 7 dias 
HIV - 3 dias 
Candida - várias horas 
Staphylococcus Aureus - 200 meses 
Streptococcus pneumoniae - 20 dias 
Salmonella spp - 1 dia 
Herpes simples - 8 semanas 
 
 
 
 
Medidas de controle de infecção 
 
Higienização das mãos 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a higiene das mãos é 
reconhecida como a prática mais efetiva para reduzir as infecções relacionadas à 
assistência à saúde. Um ato tão simples como o de lavaras mãos com água e sabão, 
quando realizado com a técnica correta, pode reduzir a população microbiana e 
interromper a cadeia de transmissão de doenças. 
Pode parecer surpreendente, mas essa simples medida de controle de 
infecção não é adotada de forma rotineira pela maioria dos profissionais da saúde. 
Portanto, torna-se um desafio o desenvolvimento de estratégias que incentivem e 
promovam o estabelecimento desse hábito. 
Nossas mãos estão em constante contato com pacientes, superfícies, 
artigos, sendo capazes de abrigar patógenos e transferi-los de um local para outro, de 
forma direta ou indireta. Esses microrganismos podem fazer parte de uma microbiota 
residente, microrganismos que se multiplicam e se mantém em equilíbrio com o 
sistema imune do hospedeiro, normalmente não causam nenhum tipo de dano devido 
sua baixa patogenicidade, ou de uma microbiota transitória, depositadas na superfície 
da pele, possuindo maior potencial patogênico. 
De acordo com o tipo de trabalho e/ou procedimento realizado devemos 
escolher o melhor método de higienização das mãos e o tipo de substância adequada, 
adequando à real necessidade de cada ambiente de trabalho. O atendimento à saúde, 
por ser de alto risco de contaminação, requer lavagem das mãos com água e sabão 
frequentes e o uso de soluções alcoólicas tem sua indicação reduzida. 
Todas as substâncias utilizadas na higienização das mãos devem ser 
registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, conforme as RDCs n.º 79, de 
28 de agosto de 2000, n.º 133, de 29 de maio de 2003, e n.º 136, de 29 de maio de 
2003, garantindo a eficácia e segurança que os produtos devem apresentar. 
Vamos acompanhar no quadro abaixo o passo-a-passo para uma higiene 
das mãos adequada: 
 
 
 
TÉCNICA DE HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS 
Antes de lavar as mãos: 
- Mantenha as unhas curtas e, preferencialmente sem esmalte; 
- Remova os acessórios (anéis, pulseiras, relógios); 
 
Lavagem das mãos: 
- Enxague as mãos em água corrente 
- Coloque a quantidade necessária do produto de acordo com a 
recomendação do fabricante; 
- Esfregue as palmas das mãos para espalhar todo o produto; 
- Esfregue os dedos, especialmente a região interdigital; 
- Esfregue as unhas, fazendo movimento circulares na palma da 
mão; 
- Esfregue o dorso das mãos; 
- Esfregue os polegares; 
- Esfregue os punhos; 
- Enxague para remoção total do produto; 
- Seque as mãos com papel toalha; 
- Use o papel toalha para fechar a torneira, caso não seja de pedal. 
 
 
 
PARADA OBRIGATÓRIA 
 
Vamos conferir no vídeo como fica o passo-a-passo de higienização 
das mãos na prática: 
 
 
 
Fonte: Higienização das Mãos - YouTube 
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=aO1a_Lu9sF8&feature=youtu.be 
 
*Clique com o botão direito do mouse e escolha a opção “abrir hyperlink”. 
 
 
Equipamentos de proteção individual e coletiva 
 Os profissionais de saúde utilizam os equipamentos de proteção 
individual (EPI), que são os produtos ou dispositivos que fornecem proteção ao 
indivíduo, são exemplos: gorro, luva, avental, máscara e outros. Existem também os 
equipamentos de proteção coletiva (EPC) mais destinado ao âmbito hospitalar, com o 
objetivo de reduzir ou eliminar os riscos ambientais identificados, exemplos: placas de 
sinalização, cones e correntes de segurança, sistemas de ventilação e exaustão, 
detectores de fumaça e outros. 
Portanto, o uso dos equipamentos de proteção individual é a primeira 
medida de controle de infecção que vamos estudar, a qual vai garantir segurança a 
toda equipe. Deve ser utilizado não só durante o procedimento clínico, mas também 
para limpeza do ambiente e processamento de artigos. 
Os EPIs são regulamentados pela NR-6 do Ministério do Trabalho, que 
enfatiza que o empregador deve disponibilizar os equipamentos de proteção 
adequados e em bom estado aos seus empregados, garantindo saúde, segurança e 
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=aO1a_Lu9sF8&feature=youtu.be
 
proteção. Além disso, a equipe precisa ser treinada em relação aos tipos de EPIs, a 
indicação de uso de cada um deles e a correta conservação dos mesmos. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
A partir de 2020, com o surgimento da pandemia do Covid-19, 
alguns ajustes e mudanças precisaram ser feitos nas medidas de controle de 
infecção, especialmente em relação ao uso dos equipamentos de proteção 
individual. Fique atento a essas mudanças no decorrer do nosso módulo. 
 
 
Gorro 
Os gorros são utilizados para proteção dos cabelos e orelhas, evitando 
contaminação por secreções e aerossóis, além de evitar a contaminação da área de 
procedimento devido à queda de cabelo. É indicado o uso de gorro também pelo 
paciente durante procedimento cirúrgico ou durante procedimento com produção de 
aerossóis. 
 
 
DICA 
Não esqueça que o gorro deve cobrir os cabelos e as orelhas 
completamente. Se seu cabelo for longo, use-os presos em coque. 
 
 
Óculos de proteção 
Os óculos de proteção são indispensáveis no atendimento odontológico, 
não podendo ser substituídos por óculos de grau. É indicado que sejam transparentes, 
com lateral larga, vedação lateral e que possam ser submetidos a lavagem e 
desinfecção. 
 
Os óculos de proteção servem para evitar a contaminação da mucosa dos 
olhos decorrente de secreções e aerossóis, evitar danos por respingos de produtos 
químicos e partícula volantes e também devem ser utilizados durante a limpeza e 
desinfecção do ambiente e dos artigos, equipamentos e ambientes 
 
CASO REAL 
 
Quando falamos da importância do uso de óculos de proteção não 
podemos esquecer que seu uso é indispensável aos pacientes também, não 
só a equipe odontológica. Portanto, devem ser fornecidos óculos de proteção 
a todos os pacientes em qualquer tipo de procedimento. 
Uma história que ficou muito conhecida foi a da Jenn Morrone, que 
sofreu um acidente devido à ausência dos óculos de proteção durante um 
tratamento endodôntico. Quer saber mais? Clique na foto abaixo. 
 
 
Fonte: Falta de óculos de proteção cega paciente em procedimento odontológico - Blog 
Biossegurança | Cristófoli (cristofoli.com) 
https://www.cristofoli.com/biosseguranca/falta-de-oculos-de-protecao-cega-paciente-em-
procedimento-odontologico/ 
 
 
*Clique com o botão direito do mouse e escolha a opção “abrir hyperlink”. 
 
 
 
https://www.cristofoli.com/biosseguranca/falta-de-oculos-de-protecao-cega-paciente-em-procedimento-odontologico/
https://www.cristofoli.com/biosseguranca/falta-de-oculos-de-protecao-cega-paciente-em-procedimento-odontologico/
 
 
DICA 
Como já comentado acima, os óculos de grau não substituem os 
óculos de proteção, portanto antes de comprar seus óculos de proteção não 
esqueça de verificar se ele é compatível com os óculos de grau. 
Uma outra opção é comprar óculos de proteção com grau. Sim, 
você pode encontrar esse serviço em óticas especializadas. 
 
 
Protetores faciais 
O protetor facial ou face shield é uma opção de EPI já conhecida no 
atendimento clínico, mas a partir da pandemia do Covid-19 seu uso se tornou mais 
difundido, virando um item indispensável. O protetor facial funciona como uma barreira 
física de proteção contra material biológico, produtos químicos, partículas volantes e 
transmissão aérea de infecções. Eles devem ser confortáveis, garantir boa visibilidade 
e permitir limpeza e desinfecção. 
 
 
DICA 
Antes de adquirir seu protetor facial esteja atento a alguns detalhes 
que ele precisa ter: 
● ser leve e confortável 
● permitir boa visibilidade (varia de acordo com o material) 
● ter boa durabilidade 
● não pode ter EVA ou espumas 
● permitir lavagem e desinfecção 
 
Máscaras 
As máscaras se tornaram um item da rotina não só dos profissionais, mas 
como de toda população. No entanto, para o atendimento em saúde não é permitido 
 
o uso de máscaras de tecido em nenhuma hipótese. Portanto, temos duas opções de 
máscarasque devem ser usadas de acordo com sua indicação: 
1) Máscara cirúrgica: camada de filtro tripla, descartável, tamanho 
suficiente para cobrir boca e nariz. Indicada para procedimentos que não gerem 
aerossóis, desde que complementada com o uso de protetor facial. 
 
2) Máscara N95 ou PFF2: feitas de malha fina de fibras de polímero 
sintético para garantir filtragem de partículas perigosas. Indicada para procedimentos 
que geram aerossóis. Pode ser reutilizada em situações excepcionais, desde que não 
haja sujidade ou umidade presentes e seguindo as orientações de armazenamento. 
Requer uso complementar de protetor facial. 
 
 
PARADA OBRIGATÓRIA 
Para reutilizar as máscaras N95 ou PFF2 eles precisam de um 
intervalo de 4 dias até a próxima utilização. Além disso, você precisa garantir 
um armazenamento adequado que pode ser feito em depósito plástico 
perfurado com tampa e identificado com seu nome. Confira o vídeo a seguir: 
 
 
Fonte: Saúde | Como guardar máscara N95/ PFF2 sem contaminá-la - YouTube 
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=Xj93aXgOYXQ&feature=youtu.be 
 
*Clique com o botão direito do mouse e escolha a opção “abrir hyperlink”. 
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=Xj93aXgOYXQ&feature=youtu.be
 
 
 
Aventais 
Uma grande mudança no uso dos EPIs na prática odontológica foi o uso de 
aventais descartáveis no atendimento clínico, anteriormente utilizado apenas para 
procedimento cirúrgico. No atual cenário é indicado o uso de aventais descartáveis, 
gramatura mínima de 30g/m2, mangas longas, punhos de elástico, gola tipo colarinho, 
comprimento até metade da canela, fechamento traseiro com alças na altura do ombro 
e na cintura. 
O uso de avental oferece segurança contra aerossóis e respingos durante 
o procedimento, ação de produtos químicos, umidade proveniente dos equipamentos 
e contaminação por agentes biológicos. 
 
 
DICA 
Ao invés de usar suas roupas de rotina por baixo do avental 
descartável, uma boa dica é usar pijamas cirúrgicos. Assim, você evita a 
contaminação das suas roupas que posteriormente irão circular em outros 
ambientes, inclusive na sua casa. 
Atenção: você deve fazer a troca da roupa pelo pijama cirúrgico no 
seu local de atendimento, jamais saia de sua casa vestindo seu pijama 
cirúrgico. Além disso, após o uso do pijama ele deve ser acondicionado em 
saco plástico para não contaminar sua bolsa/mochila e demais itens. 
 
 
Luvas 
As luvas são utilizadas para proteger mãos e punhos contra acidentes e 
lesões que o profissional está exposto, evitando danos com agentes abrasivos e 
escoriantes, agentes cortantes e perfurantes, agentes térmicos, agentes biológicos e 
 
agentes químicos. Existem diversos modelos/tipos de luvas que devem ser utilizadas 
segundo sua indicação. 
 
 
TIPO DE LUVA 
 
INDICAÇÃO 
Luvas grossas de borracha - Limpeza do ambiente, 
equipamentos, artigos e instrumentais 
contaminados. 
Luvas de látex - De procedimento: para atendimento 
clínico 
- Estéril: para procedimentos 
cirúrgicos 
Luvas de plástico (sobreluvas) - Para manuseio de artigos fora do 
campo operatório 
Luvas de amianto, couro ou aramida - Para manuseio de artigos 
esterilizados 
Sapatos 
O ideal é que os sapatos sejam de uso exclusivo do ambiente clínico, sendo 
acondicionado em saco plástico para seu transporte de casa para a clínica (e vice-
versa). Devem ser de borracha, com solado antiderrapante, fechado, sem cadarço ou 
adereços, garantindo proteção contra agentes térmicos, choques elétricos, queda de 
objetos (que podem ser perfurocortantes), umidade e respingos de produtos químicos. 
O uso do propé em polipropileno 30 gramas também é recomendado por 
todos presentes no ambiente clínico, equipe de atendimento e paciente. 
 
 
OLHANDO DE PERTO 
 
Agora vamos conferir algumas mudanças que a Covid-19 trouxe no 
uso dos equipamentos individuais de proteção. 
 
 
 
EPI 
 
 
ANTES 
 
O QUE MUDA? 
Gorro 
Troca a cada turno ou 
por sujidade. 
Troca a cada 
paciente. 
Óculos 
Uso de óculos de 
proteção e óculos de 
grau, se necessário. 
Mantido. 
 
Protetor facial 
 
Opcional Recomendado 
Máscara 
Máscara cirúrgica tripla 
camada. Troca a cada 
paciente. 
Máscara N-95 ou 
PFF2 sem válvula. 
Pode ser reutilizada 
se seguir as 
orientações 
corretamente. 
Avental 
Jaleco de tecido com 
troca por turno. Avental 
descartável só para 
procedimentos 
cirúrgicos. 
Pijama cirúrgico e 
avental descartável 
para todos os 
procedimentos. Troca 
a cada paciente. 
Luvas 
Diferentes tipos de luvas 
usadas de acordo com a 
indicação específica. 
Mantido 
Sapatos 
Emborrachado, 
antiderrapante, fechado, 
uso exclusivo do local de 
atendimento. 
Mantido 
 
 
 
 
 
Aula 2: Medidas de controle de infecção: cuidados com o ambiente clínico, 
processamento de artigos e gerenciamento de resíduos. 
 
Cuidados com o ambiente clínico 
Para elaborar os protocolos de controle de infecção do ambiente 
precisamos considerar todas as áreas que estão sujeitas à contaminação, seja por 
contato das luvas contaminadas dos profissionais, seja por respingos de sangue, 
saliva ou aerossol produzido durante o atendimento. Para isso também precisamos 
entender alguns conceitos (SALLES, 2015): 
● Limpeza: remoção de sujidade que pode ser vista a olho nu. Para 
realizar a limpeza de ambientes faz-se uso de água e sabão, escovas apropriadas, 
jatos de água sob pressão, etc. 
● Desinfecção: processo que visa a eliminação de microrganismos, exceto 
esporos, da superfície fixa de equipamentos e mobílias. Para desinfecção de 
superfícies normalmente é utilizado o método químico, através do uso de produtos 
como o álcool, o ácido peracético, quaternário de amônia, etc. 
● Esterilização: processo que visa destruir todas as formas de vida 
microbiana, utilizando agentes químicos ou físicos, sendo a autoclave a forma mais 
segura. A esterilização é aplicada especificamente a objetos inanimados, portanto não 
pode ser aplicada a nosso ambiente clínico. Falaremos mais sobre isso no tópico 
sobre processamento de artigos. 
Na etapa de limpeza do ambiente, que irá remover a sujidade através do 
uso de água e sabão, deve-se estabelecer uma rotina programada para limpar portas, 
janelas, paredes, teto com frequência adequada para manter essas superfícies livres 
de contaminação. Mobiliários, gavetas, pisos devem ser limpos diariamente ou 
quando a sujidade for aparente. 
Para realizar a limpeza é necessário fazer uso de EPI completo, incluindo 
luvas emborrachadas e avental impermeável, além dos equipamentos de rotina. 
 
Quando ocorre contaminação devido à presença de matéria orgânica é 
necessário realizar, além da limpeza, a desinfecção. Portanto, é realizada a limpeza 
com água e sabão para remoção de qualquer resíduo orgânico e, em seguida, a 
desinfecção que pode ser realizada com uso de hipoclorito de sódio a 1% (se a 
superfície for compatível), por exemplo. 
 
 
IMPORTANTE 
A não realização da etapa de limpeza antes da etapa de 
desinfecção compromete a sua efetividade, pois irá limitar a difusão dos 
agentes esterilizantes ou inativarão a ação dos desinfetantes, ou seja, não é 
possível obter desinfecção sem limpeza prévia. 
 
 
Uma outra medida adotada é o uso de barreiras físicas que podem ser 
plásticas impermeáveis, para atendimento clínico, ou de tecido esterilizável, para 
atendimento cirúrgico. Essas barreiras são utilizadas para cobrir mangueira de 
equipamentos, alças de refletores, mesa clínica e outros, e devem ser trocadas a cada 
paciente. 
As superfícies mais contaminadas pelo profissional e sua equipe através 
das luvas contaminadas são cabos e interruptores, encosto de cabeça da cadeira, 
comandos manuais da cadeira odontológica, seringa tríplice, alta rotação e 
micromotor com seus encaixes de ponta, unidade auxiliar, unidade de controle, mesa 
auxiliar, aparelho de raio x e seuscontroles. Portanto, faz-se necessário o uso de 
barreiras físicas, quando possível, e a correta limpeza dessas superfícies. 
 
 
MULTIMÍDIA 
 
 
Confira abaixo dicas bem legais de utilização das barreiras físicas 
para controle de infecção do ambiente: 
 
 
Fonte: Blindage Bio Barreiras - YouTube 
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=RdDqN-lJ9rE&feature=youtu.be 
*Clique com o botão direito do mouse e escolha a opção “abrir hyperlink”. 
 
 
Processamento de artigos 
Os artigos utilizados no atendimento odontológico, que são de uso múltiplo, 
podem se tornar veículos de agentes contagiosos se não forem submetidos ao 
processo de descontaminação adequado. Para facilitar o fluxo de processamento dos 
artigos, considera-se o risco potencial de transmissão de infecção dos mesmos, de 
acordo com a seguinte classificação: 
● Artigos críticos: penetram através da pele e mucosa adjacentes, tecido 
subepitelial e no sistema vascular. Requerem esterilização. 
● Artigos semi-críticos: contato com a pele não-íntegra e/ou mucosa 
íntegra. Requerem desinfecção de alto nível ou esterilização. 
● Artigos não críticos: contato com a pele íntegra. Requerem limpeza e/ou 
desinfecção. 
A limpeza de artigos consiste na remoção mecânica de sujidade para 
redução da carga microbiana, matéria orgânica e inorgânica. Deve ser realizada em 
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=RdDqN-lJ9rE&feature=youtu.be
 
todo artigo exposto no campo operatório, inclusive para garantir a eficácia das etapas 
seguintes de desinfecção e esterilização. 
A limpeza deve ser realizada logo após o uso dos artigos, usando os 
equipamentos de proteção adequados para evitar acidentes. Os instrumentais devem 
ser imersos em solução contendo detergente enzimático ou detergente com pH neutro 
logo após o atendimento. Em seguida é realizada a limpeza manual com escovas 
adequadas (cerdas macias e cabo longo; de aço para brocas; para limpeza de lúmen), 
água corrente e detergente específico (não é recomendado o uso de detergente de 
pia). Outra opção é realizar a limpeza mecânica através do uso de jatos de água ou 
lavadoras ultrassônicas. 
Na sequência realizamos o enxágue com água corrente, removendo 
totalmente o produto utilizado para limpeza, seguido de inspeção visual para avaliar 
se o artigo precisa retornar à etapa de limpeza ou seguir para secagem. A secagem 
pode ser realizada com pano seco e limpo, exclusivo para essa finalidade, com o 
cuidado de remover toda a umidade do artigo para minimizar a possibilidade de 
corrosão. 
Após a secagem, deve ser realizado o empacotamento dos artigos para 
esterilização em autoclave, utilizando papel grau cirúrgico, papel crepado, ou nylon 
poliamida. O pacote deve ser selado hermeticamente com uso de seladora própria, 
com faixa de selagem de 1 cm e uma borda de 3 cm para facilitar a abertura asséptica 
do pacote. O pacote deve ser identificado com fita adesiva indicando a data de 
processamento, data de validade, nome do responsável e conteúdo do pacote, caso 
necessário. 
 
Fluxo de processamento de artigos. Fonte: Próprio Autor (2021) 
 
Esterilização 
A esterilização é o processo pelo qual os microrganismos são mortos a tal 
ponto que não seja mais possível detectá-los no meio de cultura padrão no qual 
previamente haviam proliferado. Convencionalmente considera-se um artigo estéril 
quando a probabilidade de sobrevivência dos microrganismos é menor do que 
1:1.000.000 (10^6) (BRUCH & BRUCH, 1971) 
Existem dois métodos de esterilização que são indicados para a 
Odontologia, o processo físico e o processo químico. O método físico é amplamente 
utilizado e realizado através de vapor saturado sob pressão (autoclave), para 
assegurar a eliminação de todos os patógenos, inclusive os esporos bacterianos. Na 
Odontologia é utilizado basicamente duas soluções para realizar o método químico, o 
glutaraldeído 2% ou o ácido peracético 0,2%. 
No processo físico os microrganismos são destruídos pela combinação 
temperatura, pressão e umidade e os padrões de tempo, temperatura e pressão são 
definidos de acordo com as orientações do fabricante e o tipo de autoclave. A maioria 
das autoclaves funciona no padrão de 121° C a 127° C (1 atm pressão) por 15 a 30 
minutos ou 132° C a 134° C (2 atm pressão) por quatro a sete minutos de esterilização. 
 
 
O processo de esterilização na autoclave deve seguir alguns critérios: 
● os materiais não podem ultrapassar 2/3 da capacidade total da autoclave; 
● os pacotes não devem encostar as paredes laterais da autoclave; 
● as embalagens devem ser dispostas de modo que possa ocorrer a circulação 
do ar, atingindo todas as superfícies dos materiais; 
● as embalagens com face de papel e face “plástica”, deve ser colocada com o 
papel para baixo. 
 
Após a esterilização as embalagens devem ser acondicionadas em armário 
fechado, protegido de umidade, a uma distância mínima de 20 cm do chão, 50 cm do 
teto e 5 cm da parede. O prazo de validade deve constar na embalagem e ser checado 
antes da utilização dos instrumentais. Os pacotes com validade vencida devem ser 
processados novamente. 
Para garantir que o processo de esterilização está ocorrendo 
adequadamente é necessário realizar o monitoramento, que pode ser físico, químico 
ou biológico. 
● Monitoramento físico: realizado através da coleta de informações do 
próprio equipamento (temperatura, pressão, tempo). 
● Monitoramento químico: realizado através de indicadores químicos 
que avaliam o ciclo de esterilização pela mudança de cor na presença de tempo, vapor 
saturado e temperatura, conforme informações do fabricante. 
● Monitoramento biológico: realizado através de tiras de papel contendo 
esporos bacterianos; devem ser colocadas nos locais de mais difícil acesso do agente 
esterilizante e devem ser realizados semanalmente. 
No processo químico, após a lavagem e secagem, é realizada a imersão 
dos artigos na solução de escolha. Após essa etapa, o instrumental precisa ser lavado 
abundantemente em água destilada ou estéril e, em seguida, seco com compressa 
estéril. Deve ser utilizado logo em seguida, não sendo permitido o seu 
armazenamento. Portanto, a esterilização química só deve ser utilizada quando não 
houver outro recurso disponível. 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
O glutaraldeído 2% e o ácido peracético 0,2% são as soluções mais 
utilizadas na Odontologia para realizar o processo químico de esterilização, no 
entanto cada um deles possui suas características peculiares que podemos 
conferir a seguir: 
 
 
Fonte: Adaptado de Psaltikidis et al. (2014) 
 
*Lembrando que a esterilização química só deve ser utilizada 
quando não houver outro recurso disponível. 
 
 
Resíduos no serviço de saúde 
A falta de gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde pode 
comprometer o meio ambiente, causando danos aos recursos naturais e à qualidade 
de vida das futuras gerações. Portanto, é preciso estar ciente que os cuidados com a 
biossegurança não acabam ao finalizar o atendimento dos pacientes, nos tornamos 
responsáveis pelos resíduos gerados e seu gerenciamento, evitando contaminação 
do ambientes, possíveis riscos ocupacionais e prejuízo sanitário. 
Para estabelecer diretrizes adequadas para o gerenciamento dos resíduos 
dos serviços de saúde, a ANVISA publicou a RDC 306/2004, complementando a 
 
resolução do CONAMA 358/2005. Mais recentemente foi publicada a RDC 222/2018 
para atualizar essas orientações. Assim, ficou determinado a implantação de um plano 
de gerenciamento de resíduos pelo responsável técnico do serviço de saúde. 
O plano de gerenciamento de resíduos deve conter as seguintes 
informações: 
● descrição da atividade (razão social, CNPJ, nome fantasia, endereço, 
responsável técnico e outros); 
● classificação dos resíduos sólidos gerados; 
● detalhes de cada etapa do gerenciamento e seus respectivos 
responsáveis (segregação, acondicionamento, identificação,transporte interno, 
armazenamento temporário, armazenamento externo, coleta interna, transporte 
externo, destinação); 
● plano de contingência ou plano de ações preventivas e corretivas para 
minimização de danos ao meio ambiente; 
● dados para contato da empresa, equipe responsável, definição de 
competências; 
● revisão periódica com prazo de vigência da licença da operação. 
Quanto à classificação dos resíduos, temos os resíduos biológicos: 
caracterizados pela possível presença de agentes biológicos, com risco de infecção; 
resíduos químicos: contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde 
e/ou ao meio ambiente; resíduos comuns: são equiparados aos resíduos domiciliares 
por não apresentarem risco biológico, químico ou radiológico e resíduos 
perfurocortantes: caracterizado por objetos que apresentam cantos, bordas, 
protuberâncias rígidas capazes de cortar ou perfurar. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
TIPO DE 
RESÍDUO 
ACONDICIONAMENTO EXEMPLOS 
A 
Resíduos 
potencialmente 
infectantes 
Descarte em lixeiras 
com sacos brancos 
leitosos 
Luvas de 
procedimento, 
algodão, gazes 
B 
Resíduos 
químicos 
Descarte em galões 
coletores específicos 
Reveladores e 
fixadores de raio x. 
C 
Resíduos 
radioativos 
Descarte em caixas 
blindadas 
Cobalto, lítio 
 
D 
Resíduos 
comuns 
Descarte em lixeiras 
com sacos pretos 
leitosos 
Copos, papel toalha, 
guardanapo 
E 
Resíduos 
perfuro-
cortantes 
Devem ser 
descartados em 
coletor específico 
Agulhas, lâminas de 
bisturi, tubetes 
anestésicos, limas 
endodônticas, pontas 
diamantadas 
 
 
Questionário Módulo II 
 
1. Sabemos que existem diferenças entre desinfecção e esterilização. Qual 
dessas alternativas está correta em relação a esses termos? 
a) Desinfecção elimina parcialmente os microrganismos, como exemplo temos o 
uso do ácido peracético por 30 minutos. 
b) Desinfecção elimina totalmente os microrganismos, podendo ser utilizada a 
autoclave para esse fim. 
c) Esterilização elimina parcialmente os microrganismos, podendo ser utilizado 
produtos químicos nessa técnica. 
d) Esterilização elimina totalmente os microrganismos, podendo o processo ser 
físico ou químico. 
Gabarito: d 
 
2. Os profissionais da saúde estão constantemente expostos a riscos 
ocupacionais, sejam eles biológicos, físicos, químicos, ergonômicos ou 
mecânicos. Para eliminar ou reduzir esses riscos toda equipe precisa 
estar consciente e engajada no cumprimento dos protocolos de 
biossegurança. Qual das alternativas abaixo apresenta uma ou mais 
medidas de biossegurança incorretas? 
 
 
a) Uso de EPI, lavagem das mãos e varredura úmida do chão. 
b) Uso de EPI, treinamento dos protocolos de biossegurança com a equipe e 
planejamento da agenda de atendimentos. 
c) Lavagem das mãos, manutenção programada do ar condicionado e realizar 
alongamento nos intervalos dos atendimentos. 
d) Uso de EPI, uso do álcool para higienizar as mãos e uso exclusivo da 
esterilização química para os instrumentais. 
Gabarito: d 
 
3. Avalie as afirmativas abaixo e marque a opção correta. 
 
I. O glutaraldeído 2% apresenta um ótimo custo-benefício pois realiza 
esterilização química de artigos com matéria orgânica, é uma substância de 
baixo custo e não requer etapas prévias. 
II. A limpeza com água e sabão só é necessária no controle de infecção do 
ambiente. 
III. Para se obter a esterilização usando ácido peracético 0,2% deve-se fazer a 
aplicação por fricção, em três etapas pelo tempo de secagem natural, 
totalizando 10 minutos. 
IV. O hipoclorito de sódio deve ser usado a 70% para ter suas propriedades 
bactericidas, fungicida, virucida e esporicida ativas. 
 
a) I e II estão corretas. 
b) I e III estão corretas. 
c) II e IV estão corretas. 
d) Todas as afirmativas são falsas. 
Gabarito: d 
 
 
4. Segundo a OMS, a higienização das mãos é reconhecida como a prática 
mais efetiva para reduzir as infecções relacionadas à assistência à saúde. Em 
relação à higienização das mãos avalie as afirmativas a seguir. 
( ) O uso de álcool gel 70% pode substituir a lavagem das mãos com água 
e sabão, se não houver sujeira aparente. 
( ) Para que a higiene das mãos elimine microrganismos deve-se fazer 
uso da água e sabão usando a técnica correta de lavagem, que dura cerca de 60 
minutos. 
( ) A preparação álcoolica apropriada para as mãos deve ser utilizada para 
complementar a higiene feita com água e sabão. 
( ) Ao utilizar solução ou gel de preparação alcoólica para higiene das 
mãos, as mesmas devem secar naturalmente, sem uso do papel toalha. 
 
a) V – F – F – V 
b) V – V – F – V 
c) F –F –F – V 
d) V- F – V – V 
 
Gabarito: a 
 
5) Uma das principais preocupações da biossegurança na é o controle 
de infecção cruzada, que é a transferência de microrganismos patogênicos de 
uma pessoa ou objeto para outra, causando uma doença. Assim, marque a 
alternativa que descreve uma das medidas mais eficientes para evitar a 
contaminação cruzada no ambiente hospitalar: 
a) Usar luvas estéreis durante todos os atendimentos. 
b) Realizar a higienização das mãos regularmente. 
 
c) Sempre realizar profilaxia antibiótica antes de iniciar o atendimento dos 
pacientes. 
d) Realizar desinfecção química do ambiente e dos instrumentais. 
Gabarito: b 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução RDC n. 
306 de 7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o 
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 10 
de dezembro de 2004. Disponível em: http://e-legis.bvs.br/leisref/public/home.php 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Segurança do Paciente 
em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos. Brasília, 2009. 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Segurança do Paciente 
em Serviços de Saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília, 2012. 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Serviços 
Odontológicos. Prevenção e Controle de Riscos, Brasília, 2006. 
BRAMBILA, Brenda Scheffer. Contaminação cruzada no ambiente odontológico: 
uma revisão de literatura. 2019. Monografia (Bacharel em Odontologia) - o Centro 
Universitário UNIFACVEST, Lages, 2019. 
BRUCH, C.W.; BRUCH, M. K. Sterilization. In: MARTIN, E.W.; EASTON, P. Husas’s 
Pharmaceutical Dispennsing. Marck Publish, 1971. 
BRASIL, Ministério da Saúde, Secretária de Assistência à Saúde. Orientações gerais 
para Central de Esterilização. Brasília, 2001. 
CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA. Manual boas práticas em 
biossegurança para ambientes odontológicos. Brasília, 2020. 
COSTA, Marco Antonio F. e COSTA, Maria de Fátima B. Biossegurança de A a Z. 
4ª ed. Amazon, 2020. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Hepatites, AIDS e herpes na prática odontológica. 
Brasília: 1996. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Processamento de Artigos e Superfícies em 
Estabelecimentos de Saúde. Brasília, DF: Centro de Documentação, 1994. 
PSALTKIDIS, E. et al. Desinfetantes alternativos ao glutaraldeído para 
processamento de endoscópios flexíveis. Cogitare Enferm. 2014 Jul/Set; 
19(3):465-74. 
 
RECOMENDAÇÕES práticas para processos de esterilização em estabelecimentos 
de saúde - parte I: esterilização a calor (Guia elaborado por enfermeiros brasileiros). 
Campinas, Komed, 2000. 95 p. 
SALLES C.L. Limpeza, desinfecção ou esterilização: o que fazer? [Internet] 2015 
[citado 2015 Agosto 25]. Disponível em http://www.portaldaenfermagem.com.br 
STEFANI, Christine M.; ARAÚJO, Dilene M.; ALBUQUERQUE, Sandra Helena C. 
Normas e rotinas para o atendimento clínico no curso de odontologia da 
UNIFOR. Fortaleza: Universidade de Fortaleza. 2004. 82p.

Outros materiais