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“A república é um diálogo a partir da pergunta: o que é a justiça?”, o que também pode ser traduzido como “o que é a conduta correta?”. Ao longo de seus extensos desdobramentos, várias definições de justiça aparecem e são discutidas por Sócrates e seus interlocutores. Polemarco, expressando um pensamento típico de comerciantes, que pensam a justiça a partir de pagamentos de dívidas, afirma que a justiça é dar a cada um aquilo que lhe é devido. Trasímaco, que surge no diálogo de modo violento e intempestivo, afirma que a justiça é o poder do mais forte, pois o mais forte é quem domina e determina o que é a justiça. Gláucon, por sua vez, afirma que os seres humanos só praticam justiça por medo das punições infligidas sobre os injustos (DIAS, 2019, p. 26). O mito de Giges narrado por Glauco coloca a seguinte questão: os seres humanos agem moralmente porque têm virtudes na alma ou apenas por medo de sofrerem as consequências de seus atos? Se tiverem certeza da impunidade, praticarão atos injustos, ou seja, terão uma conduta incorreta? Responda em 10 linhas a essa pergunta usando os argumentos de Glauco apresentados no mito de Giges Utilizando os argumentos de Glauco pode-se confirmar as sentenças, a justiça não é uma qualidade individual, mas se vincula essencialmente ao sistema de fiscalização e punição em que estamos inseridos. Se a posse de um anel mágico permite burlar o olhar alheio, garante a impunidade, permite fazer o que é mais vantajoso para si e, como afirma Gláucon, coloca tanto o justo quanto o injusto no mesmo caminho, então a justiça se deve muito mais a um sistema de vigilância e punições do que a qualquer inclinação da alma humana; ou seja, ela é mais política e social do que individual. Desta perspectiva, quando falamos em pessoa justa, não estamos falando em alguém que detenha tal ou tal virtude, mas de alguém que se comporta dentro das regras e dentro das leis. A alegoria ou mito da caverna, também narrado no Diálogo A República de Platão, tem consequências em inúmeros campos da filosofia. No campo da filosofia moral, marca uma diferença importante com relação ao fundamento da moral. O mito de Giges narrado por Glauco leva à seguinte conclusão: o que impele os humanos à conduta justa é o medo do castigo, ou seja, o controle externo. Já o mito da caverna narrado por Sócrates aponta para a afirmação da superioridade do inteligível e da alma racional sobre o sensível (mundo das sombras, caverna) e o corpo (sentidos, desejos). Aqui o fundamento da moral se desloca para o indivíduo que decide romper com os grilhões e ver a verdade fora da caverna. Dessa perspectiva, a decisão a respeito do que é ou não justo não está mais vinculada aos olhares e à impunidade, mas à distância com relação ao Bem. Quanto mais próxima da luz plena do sol, ou seja, do conhecimento e das virtudes, mais próximo se está de uma ação justa (DIAS, 2019, p. 31). Para defender o fundamento da moral como busca do conhecimento e da virtude (areté), ou seja, na pessoa disposta ao esforço de sair da caverna, Platão considera que a alma não é una, mas é composta de três partes diferentes. Ele demonstra que há um conflito interno entre a vontade de permanecer no conforto da ignorância e a vontade de ver a verdade, de lutar contra o conforto, talvez contra seus interesses, e sair da caverna. Resuma em 10 linhas no máximo a teoria de Platão da alma dividida em três partes, indicando onde se encontra e quais as características e/ou funções de cada parte. Platão divide a alma em três partes, são elas: função apetitiva, situada “entre o diafragma e o umbigo”, ou no baixo-ventre, busca comida, bebida, sexo, prazeres, é irracional e mortal; função colérica, situada “acima do diafragma na cavidade do peito”, se irrita contra tudo quanto possa ameaçar a segurança do corpo e tudo quanto lhe cause dor e sofrimento, é mortal e irracional; função racional, situada na cabeça, é a faculdade do conhecimento, é a parte espiritual e imortal é a função ativa e superior da alma, o princípio divino em nós. Platão organiza as partes em consonância com a hierarquização entre o sensível e o inteligível e a parte racional da alma é aquela capaz de conhecer e ela deverá dominar as outras duas harmonizando-as aos desígnios da razão.
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