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RESUMO DE CIVIL · O contrato é uma espécie do gênero negócio jurídico por meio do qual duas ou mais partes, segundo a sua autonomia privada, visam a atingir determinados interesses regidos por princípios superiores de índole constitucional (devem obedecer a certos limites principiológicos de ordem pública). · São exemplos de princípios limitadores da autonomia contratual: o princípio da boa-fé objetiva e o princípio da função social. OBS: O negócio jurídico pode ser unilateral, bilateral ou plurilateral (depende de quantos lados parte a manifestação de vontade). O contrato é sempre NJ bilateral ou plurilateral eis que envolve pelo menos duas vontades (alteridade). Entretanto, o contrato pode ser classificado quanto aos direitos e deveres das partes envolvidas (sinalagma) como unilateral, bilateral ou plurilateral. · O contrato está amparado em valores constitucionais, sobretudo na solidariedade social (art. 3.º, I, da CF/88). A premissa tem relação direta com a escola do Direito Civil Constitucional, que prega a análise dos institutos civis a partir do Texto Maior. · os princípios contratuais, caso da boa-fé objetiva e da função social do contrato, amparam-se em princípios constitucionais. · a proteção dos direitos da personalidade e da dignidade humana no contrato tem relação direta com a função social do contrato, conforme reconhece o Enunciado n. 23 do CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil: “a função social do contrato, prevista no art. 421 do Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana”. • O contrato pode gerar efeitos perante terceiros, sendo essa, justamente, a feição da eficácia externa da função social dos contratos. FORMAÇÃO DO CONTRATO INÍCIO E RESPONSABILIDADE · Em geral, em um primeiro momento, as partes realizam as tratativas preliminares (exemplo: realização de minuta, conversas, negociações). Essa fase pré-contratual é também chamada de fasede puntuação ou punctação. · Em tese, não se poderá imputar responsabilidade civil aquele que interromper as tratativas, mas isso não significa dizer que os danos daí decorrentes não devam ser indenizados. · Flávio Tartuce: segue o entendimento que há de se falar em responsabilidade pré-contratual nos casos de desrespeito à boa-fé objetiva. · Maria Helena Diniz: a responsabilidade, neste caso, é aquiliana. · não é incorreto afirmar que a fase de puntuação gera deveres às partes, pois em alguns casos, diante da confiança depositada, a quebra desses deveres pode gerar a responsabilização civil (STJ Info 517). Esse entendimento constitui indeclinável evolução quanto à matéria, havendo divergência apenas quanto à natureza da responsabilidade civil que surge dessa fase negocial. · o Enunciado 170 do CNJ: En.170 CNJ A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato. · Posteriormente à punctação, a formação do contrato passa pela fase na qual uma das partes faz uma proposta (oferta ou policitação) à outra. Quem faz essa proposta é chamado de proponente ou policitante. · Feita a proposta, para se formalizar o contrato deve a outra parte se manifestar através do aceite. A parte aceitante é também chamada de oblato. Havendo essa convergência de vontades ocorre o chamado consentimento (consentimento mútuo é redundância). · O CC regula a formação do contrato a partir do art. 427. CDC Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor. PROPOSTA (OFERTA OU POLICITAÇÃO) · Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. · A proposta só produz efeitos após chegar ao conhecimento do oblato (aceitante), e, salvo exceções, obriga a proponente, pois cria a expectativa de contratar (princípio da vinculação ou obrigatoriedade). · São partes na proposta: 1. Policitante, proponente ou solicitante – aquele que formula a proposta, estando a ela vinculado, em regra. 2. Policitado, oblato ou solicitado – aquele que recebe a proposta e, se a acatar, torna-se aceitante, o que gera o aperfeiçoamento do contrato (choque ou encontro de vontades). O oblato poderá formular uma contraproposta, situação em que os papéis se invertem: o proponente passa a ser oblato e vice-versa. · Exceções ao princípio da vinculação: · Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela (1), da natureza do negócio (2), ou das circunstâncias do caso(3). 1) Se a não vinculação estiver presente nos termos da proposta (art. 427). Exemplo: Proposta com cláusula de arrependimento. Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 2) Se a não vinculação resultar da natureza do negócio (art. 427). Exemplo: Proposta limitada à duração de um estoque. “Enquanto durar o estoque!” · Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 3) Se a não vinculação resultar das circunstâncias do caso (art. 427). · Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. · Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa PRESENTE, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa AUSENTE, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa AUSENTE, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Resumindo: - Se a proposta é feita, SEM PRAZO, para pessoa PRESENTE, a sua aceitação deve ser imediata, do contrário perderá a força obrigatória. - Se é feita SEM PRAZO para AUSENTE, perde a força obrigatória se decorrido tempo suficiente para a resposta chegar ao conhecimento do proponente. - Se a proposta é feita COM PRAZO para AUSENTE, somente após o término perderá a força obrigatória. - Se ANTES de chegar a proposta ao oblato, ou CONCOMITANTEMENTE, chegar junto uma RETRATAÇÃO do proponente, a proposta perde a força obrigatória. · Conforme o art. 429, a oferta ao público poderá ser revogada, desde que a revogação se dê pela mesma forma em que a oferta foi realizada e que a proposta ressalve tal faculdade. · Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. ACEITAÇÃO · A aceitação é a declaração do oblato necessária para a formação do contrato, deve ocorrer no prazo concedido pelo proponente e só produzirá efeitos se chegar ao conhecimento deste. · A aceitação pode ser expressa, se declarada por meio escrito ou oral, e tácita, com a prática de atos compatíveis com a aceitação. · Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. · O art. 430 prevê que se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este deverá comunicar o fato imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos (art. 430). · Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante,sob pena de responder por perdas e danos. · Na forma do art. 431, se aceitação for feita fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importará em nova proposta. · Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará NOVA PROPOSTA.
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