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Aula número 3

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P l a n e j a m e n t o e 
G e r e n c i a m e n t o d e P r o j e t o s 
A g r o p e c u á r i o s – P G P A
A u l a 3
PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO DE PROJETOS 
AGROPECUÁRIOS
PGPA
Professora: Daniete Fernandes Rocha
(31) 999416844; (31) 32813781
daniet.rocha@gmail.com
daniete.rocha@profarnaldo.com.br 
mailto:daniet.rocha@gmail.com
Unidade I
GERENCIAMENTO
Aula 3
Importância do Gerenciamento no Empreendimento Agrícola
Um olhar sobre os produtores familiares
CONTEÚDO
➢ IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO
• Gerenciamento como uma questão de sobrevivência.
• Gerenciamento: profissionalização x sobrevivência.
• Gerenciamento: o papel de cada um – extensionistas e produtores
➢ Nesta aula de número três apresentamos noções básicas de gerenciamento,
com foco na atividade agropecuária.
➢ Vamos ver um pouco da ideia de gerenciamento e aproveitamos para usar
exemplos dessa atividade.
➢ Assim, estaremos estudando o gerenciamento em unidades de produção
agropecuária, com foco mais específico nas unidades familiares que, em geral,
são de pequeno porte. Queremos focar em unidades de produção que, em
geral, são carentes de desenvolvimento de técnicas de gerenciamento.
➢ O gerenciamento pode ser realizado em várias perspectivas, de uma forma geral
pode ser o gerenciamento de processos da empresa ou gerenciamento de
projetos da empresa.
▪ 1. Introdução
➢ Porque o gerenciamento é importante?
▪ O gerenciamento, hoje, é uma questão de sobrevivência para as empresas e
outras organizações.
▪ O gerenciamento é importante, na atividade agrícola e pecuária, para a
sobrevivência do empreendimento produtivo.
▪ O gerenciamento é a aplicação de técnicas visando a obtenção dos melhores
resultados em uma empresa. O gerenciamento é o ato de gerenciar, de
acompanhar o desenvolvimento de um projeto, ou após sua implantação,
utilizando-se o conhecimento da área para se obter os melhores resultados.
1.1. É importante conhecermos o contexto que trouxe uma valorização do gerenciamento nas
empresas.
▪ Como atestam muitos autores e pesquisadores, nas últimas décadas ocorreram profundas nos
mercados mundiais, que afetaram as atividades produtivas, inclusive as do mundo rural.
▪ Isso leva à necessidade de se refletir sobre essa nova realidade, inclusive sobre as
oportunidades que se abrem com as mudanças que presenciamos.
▪ Sabe-se que algumas ineficiências no processo produtivo tornaram-se evidentes em nosso país
na década de 1990, quando houve uma abertura da economia brasileira.
▪ Isso tem a ver com o fato de que os mercados mundiais ficaram muito mais abertos, expondo
as empresas brasileiras a uma concorrência sem precedentes.
▪ Os governos perderam parte de seu poder de proteção dos mercados internos dos países,
tornando a concorrência mais acirrada.
2. Gerenciamento na atividade agropecuária
➢ Ribas Junior apresenta uma discussão sobre o gerenciamento na atividade agropecuária
com base em uma argumentação que se desenvolve em três linhas.
▪ Gerenciamento como uma questão de sobrevivência.
▪ Gerenciamento na perspectiva da profissionalização versus sobrevivência.
▪ Gerenciamento na perspectiva do papel de cada um – extensionistas e produtores.
➢ Sabe-se que os produtores de grande porte possuem estruturas mais ou menos bem
montadas de gerenciamento de suas atividades.
▪ Essa abordagem focada na extensão rural é muito importante para os produtores
familiares, e é dela que vamos falar.
2.1. O gerenciamento como questão de sobrevivência
➢ Considerando a existência de diferentes custos de produção nos diferentes países, é
possível afirmar que as empresas enfrentam muitos riscos no mundo globalizado,
especialmente se produzirem em regiões com custo mais elevado.
➢ Algumas oportunidades também se abrem quando os mercados internacionais se
ampliam, restando saber quem aproveitará essas oportunidades.
➢ Conforme Ribas Junior, a resposta aponta para aqueles que detêm um maior controle
gerencial de seus processos produtivos.
➢ Os fatores que se tornaram determinantes para a manutenção da empresa no
mercado são a escala de operação, a produtividade e a qualidade.
➢Esses fatores estão ligados à inovação e ao desenvolvimento tecnológico, que foram
intensos nas últimas décadas, inclusive na atividade agrícola e pecuária, caso de nosso país,
onde a agropecuária obteve grande avanço em tecnologias de produção
➢Conforme Ribas Junior, esses fatores de competitividade (que definem a condição de
permanência da empresa no mercado), ou seja, a escala de operação, a produtividade e a
qualidade do produto, são determinantes também no mercado nacional (dentro do país) ou,
mesmo, regional, pois os produtos circulam no mundo e produtos de outros países podem
ameaçar a posição de qualquer empresa brasileira nos vários mercados de que participa
(internacional, nacional, regional ou local).
➢ Muitas empresas têm sido excluídas do mercado por não conseguirem dispor
adequadamente de tais fatores.
➢ A título de exemplo, no período de 1985 a 1996 mais de 30.000 estabelecimentos rurais
do estado de Santa Catarina simplesmente desapareceram, o que é equivalente a uma
redução aproximada de 13,5% dos estabelecimentos rurais do estado.
➢ Ou seja, muitas pessoas não conseguem manter-se na atividade agropecuária. Muitas
vezes permanecem na atividade, mas em condições muito ruins.
➢ Nesse mesmo período, a produção agrícola do estado cresceu. Em suínos, por exemplo,
cresceu 42%.
➢ Isso leva ao questionamento sobre quem está se mantendo na atividade e quem está
sendo expulso do mercado.
➢ Muitos estudos apontam para a necessidade de se aumentar a capacidade gerencial em
pequenas propriedades agropecuárias, para sua própria sobrevivência.
2.2.. O Gerenciamento na perspectiva da profissionalização versus sobrevivência
➢Conforme tem sido apontado em muitos estudos, podemos dizer que, com relação aos
produtores rurais:
▪ a falta de gerenciamento das propriedades, juntamente com a falta de planejamento,
tem levado os produtores a tomarem decisões erradas que refletem imediatamente
no bolso, podendo causar estragos que muitas vezes comprometem a sobrevivência da
família na atividade.
➢ Conforme Ribas Junior, não é difícil descobrir histórias de produtores que perderam
sua propriedade (ou que estão em processo de desaparecimento no mundo rural).
➢ Por isso, o autor pergunta: o que faz um produtor quebrar? Pode-se responder que é
culpa do governo, do mercado, das indústrias, ou do clima. Sabe-se que todos esses
fatores podem influenciar no sucesso ou fracasso do produtor rural.
➢Mas esses fatores não devem ser considerados isoladamente.
➢Pois é necessário, para além de procurar culpados, que se volte a atenção para o que
ocorre dentro do estabelecimento, dentro da porteira, para ver se está sendo feito algo
para reverter o problema.
➢ É preciso, também, que se volte os olhos para fora da porteira, mas de forma
conectada à atividade daquele estabelecimento, como, por exemplo, a questão da
comercialização dos produtos.
➢ Nessa perspectiva do próprio estabelecimento, qual seria a diferença entre o
produtor de sucesso e o produtor fracassado?
➢ É essa a pergunta que o autor procura responder.
➢A verdade é que o mundo rural não é uma ilha imune ao processo de globalização e à
competição mundial, diz Ribas Junior.
➢ E os estabelecimentos rurais (as empresas agropecuárias) podem, como os
estabelecimentos urbanos, obterem sucesso ou fracassarem, por estarem submetidos a
pressões advindas com o aumento da competição e do avanço tecnológico.
➢Ribas Junior apresenta três questões importantes para serem formuladas nesse contexto:
▪ Quanto entrou e quanto saiu de dinheiro em sua propriedade no último período?
▪ Quanto está previsto gastar e receber nesse período?
▪ Como estão os índices zootécnicos que mais geram impacto na rentabilidade da
atividade?
➢ Uma resposta vaga do agricultor, ou do tipo “sei responder apenas mais ou menos”,
sugere uma realidade que precisa ser alterada. Ou seja, se o agricultornão tem
elementos para responder a essas perguntas, é possível que esteja fazendo as coisas
sem controle de gastos.
➢ Essas perguntas ainda estão sem resposta em boa parte das propriedades rurais e isso é
muito verdadeiro para os pequenos agricultores ou agricultores familiares.
➢ Isso leva à conclusão de que a falta de gerenciamento e a falta de planejamento são
fatores muito importantes para apontar quem fica e quem sai da atividade. Ou pode-se
permanecer, mas com resultados muito aquém das necessidades da família.
➢ Isso é verdade, mesmo considerando-se que existem fatores que os produtores de fato
não controlam e que impactam sua atividade, as peculiaridades da atividade
agropecuária e sua dependência em relação a fatores da natureza.
➢ O planejamento e gerenciamento na atividade agrícola aparece como fator-chave para a
presença do Brasil como grande produtor de alimentos, atendendo a aspectos como
qualidade, quantidade e baixo custo.
➢ Isso é válido para os produtores, pois são eles que garantem a produção e a presença do país
no mercado internacional. E isso requer o incremento de conhecimento pelas pessoas
envolvidas nessa produção.
➢ Quando se trata dos grandes produtores, o avanço tecnológico e de planejamento e
gerenciamento já são parte da rotina de suas propriedades.
➢ Esses já aplicam conhecimento e técnicas quando do desenvolvimento de projetos, e após
sua implantação, visando a obtenção do melhor resultado possível.
➢ E para isso planejam e gerenciam os projetos que desenvolvem em suas propriedades.
➢A capacitação, o agregar conhecimento, é, sem dúvida, o caminho mais garantido para a
evolução contínua dos processos e produtos.
➢Um serviço de extensão rural precisa ser capaz de promover esse incremento de
conhecimento, e de gerar e transferir soluções técnicas, e, também, gerenciais, aos
processos de produção para os agricultores familiares.
➢Hoje em dia os desafios são imensos. O gerenciamento precisa levar em conta toda a
questão da sustentabilidade. Isso implica na consideração dos processos de produção e de
comercialização, acrescidos dos problemas ambientais. O conhecimento da legislação
tornou-se muito importante.
➢ Há uma preocupação com relação aos produtores familiares, que, em geral, dispõem de
recursos pouco robustos para o enfrentamento de todas essas questões.
➢ Ou seja, é preciso evoluir dentro da perspectiva da “competitividade”, o que significa
que é preciso estar-se atento à evolução da legislação, dos mercados, inclusive
internacionais, e das tecnologias.
➢ Por exemplo, um produtor familiar deve conhecer o Programa de Aquisição de
Alimentos, o PAA, que é um programa de compras da agricultura familiar por entidades
governamentais.
➢ Como destaca Ribas Junior, extensionistas e produtores devem compreender que
decisões pouco fundamentadas podem propiciar a inviabilização das atividades de uma
propriedade, seja pela absorção de tecnologias economicamente inviáveis, seja pela não
absorção de tecnologias indispensáveis.
➢Ou, por um conhecimento defasado da realidade, ou pelo desconhecimento de fatores
importantes na dinâmica do segmento agropecuário.
➢ A profissionalização é um tema que há muito tempo é debatido com os produtores
rurais.
➢ Mas falta o fundamental, que é traduzir os termos desse debate em ações práticas na
rotina do produtor, ou seja, é preciso definir claramente o que é ser profissional.
➢ Conforme Ribas Junior, a definição do que é ser profissional passa pelo planejamento,
o gerenciamento e o trabalho no estabelecimento.
➢ E, no caso dos produtores familiares, a parceria com os extensionistas pode cobrir
uma lacuna tecnológica, inclusive de gerenciamento, uma vez que esses agricultores são
mais frágeis em face dos mercados que se tornam mais exigentes.
2.3. O gerenciamento: o papel de cada um - extensionistas e produtores
❖Extensionistas
➢ A extensão rural é o espaço de transferência de novos conhecimentos para os
agricultores, visando ampliar sua profissionalização.
➢ Desta forma, o extensionista é um grande parceiro do produtor, considerando-se o
contexto atual em que a agricultura se insere.
➢ Qual é o motivo de existência da extensão rural, seja ela pública ou privada?
➢ Conforme Ribas Junior, os profissionais de ciências agrárias devem ter em mente que
a essência do extensionista está ligada à sobrevivência do produtor rural. Este é o seu
papel, e para melhorar as condições de sobrevivência do produtor, o extensionista deve
desempenhar o seu papel de favorecer a profissionalização do produtor.
➢A sobrevivência do produtor se assenta na viabilização financeira (que é igual à
obtenção de um Fluxo de Caixa positivo) e na viabilização técnica (que é igual a
Melhorias Tecnológicas constantes) do seu estabelecimento.
➢Ou seja, um fluxo de caixa positivo significa que as receitas superam os gastos da
propriedade. A viabilização técnica significa que o empreendimento dispões de
condições técnicas necessárias e adequadas ao seu empreendimento.
➢Quanto à chamada “resistência do produtor”, como entrave à transferência de
tecnologia, Ribas Junior (e outros autores) alertam para o fato de que ninguém, em sã
consciência, deixa de adotar algo que lhe seja favorável, desde que esteja convencido
disso.
➢ Essa “resistência do produtor” é muitas vezes invocada como justificativa para se
responsabilizar o agricultor pela manutenção de processos ultrapassados na agricultura
familiar.
➢ Na verdade, muitas vezes se trata de que o produtor não está convencido de que os novos
processos lhe serão favoráveis.
➢ Isso quer dizer que há uma intenção positiva por trás de um comportamento
aparentemente resistente do produtor.
➢ Em resumo, a responsabilidade sobre a transferência de tecnologias é da extensão rural.
➢ Portanto, o próprio extensionista deve fazer uma avaliação da forma de abordagem que
tem adotado em relação ao produtor.
➢ Desta forma, podem ser melhor compreendidas as razões do produtor para adotar uma
outra decisão em sua atividade.
➢ “É possível constatar, em muitos casos, que se o produtor seguisse todas as
orientações da extensão rural, inevitavelmente já estaria excluído da atividade rural.”
➢“Nesses casos, a diferença entre o ótimo recomendado e o possível de ser aplicado só
é percebida pelo produtor em sua visão holística de sua propriedade e família.”
➢ Ou seja, muitas vezes o extensionista não percebe o que está por trás de uma decisão
do produtor, porque somente este consegue, muitas vezes, ter uma visão ampla de sua
atividade, pela sua experiência e conhecimento acumulado ao longo da vida ou herdado
da família.
➢É comum o técnico extensionista fazer uma análise simplista dos problemas, e
responsabilizar os produtores pela não adoção de tecnologias, como sendo resultado de
conservadorismo ou tradição. Ou seja, muitas vezes se trata do extensionista não ouvir o
produtor e adotar pontos de vista que podem ser simplesmente preconceituosos.
➢Na perspectiva de um enfoque sistêmico, contudo, é possível que se perceba a lógica por
trás das decisões dos produtores, mas para isso é necessário que o extensionista se disponha
a ter um olhar crítico sobre sua própria atuação.
➢Nesse caso, o extensionista pode perceber aspectos da realidade os quais ele desconhecia, o
que possibilita que venha a perceber que, por trás de decisões aparentemente irracionais, o
produtor pode estar agindo em razão de conhecimentos que somente ele possui sobre sua
atividade.
➢ Ao tomar uma decisão, o produtor irá ter em conta as circunstâncias socioeconômicas
e as circunstâncias naturais que ele percebe em seu empreendimento.
➢ As circunstâncias socioeconômicas são internas ao estabelecimento (dificuldade
financeira para contratar pessoas para complementar o trabalho da família, por
exemplo) ou externas (circunstâncias de mercado – preços ruins; ou de políticas
agrícolas – juros excessivamente altos, por exemplo).
➢ As circunstâncias naturais são as que se referem a aspectos da natureza, como o clima
e o solo, por exemplo,os quais são característicos da atividade agropecuária,
impactando-a de forma diferenciada em comparação com outras atividades econômicas.
➢ Os objetivos dos agricultores devem ser levados em conta, pois dizem respeito a uma
ou mais das seguintes situações: sobrevivência; risco mínimo, crescimento; lucro; e
prestígio, podendo ser a combinação de duas ou mais delas. Ou seja, cada uma dessas
situações, ou a combinação de duas ou mais, pode estar na base das decisões dos
produtores e isso precisa ser levado em conta pelos extensionistas.
➢ Se os objetivos dos produtores não forem considerados, será muito difícil para o
extensionista desenvolver a estratégia correta para cada grupo de agricultores.
➢ Ou seja, o técnico pode falar em maximizar lucros para quem deseja minimizar riscos
e vice-versa. Isso dificulta e até impede a utilização, pelos produtores, dos
conhecimentos trazidos pelos extensionistas.
➢Enquanto o técnico pode, por exemplo, pensar em maximizar a produção, o produtor
pode pensar em redução de risco e, assim, decidir por não aumentar a produção.
➢ Qual é a forma de minimizar esse descompasso?
▪ Para trabalhar com o enfoque de Administração Rural é preciso que o extensionista
desenvolva a visão do todo, pois é desta forma que o produtor vê sua propriedade.
▪ Através de perguntas informais, os extensionistas podem captar os objetivos e o
projeto de vida dos produtores. E levá-los em consideração em seu trabalho.
▪ Pode-se tipificar os estabelecimentos, ou seja, estabelecer parâmetros que permitam
agrupá-los.
▪ A tipificação de propriedades permite saber a que tipo pertence cada um dos
produtores com que o extensionista trabalha.
▪ Pode-se, a partir dessa tipificação, utilizar os dados de propriedades já acompanhadas,
que pertençam a um mesmo grupo, como referência para o trabalho em outras
propriedades.
▪ A análise de dados econômicos permite identificar a influência que cada técnica aplicada
na propriedade irá exercer no resultado que é esperado a partir da caracterização do
grupo ao qual ela pertence.
▪ Esse trabalho de diagnóstico e conhecimento do sistema de produção deve resultar em
um plano de desenvolvimento de propriedades, feito a partir dos fatos e dados do
diagnóstico.
▪ Sempre levando em consideração o ponto de vista do produtor.
➢ Ribas Junior apresenta quatro pontos básicos para o extensionista chegar à tomada de
decisão no estabelecimento agrícola:
1) O entendimento dos objetivos dos produtores e do seu processo decisório.
2) O entendimento das condições socioeconômicas dos produtores.
3) A quantificação da economicidade e dos riscos das novas tecnologias,
comparadas aos procedimentos atuais dos produtores.
4) A abordagem multidisciplinar da propriedade.
Multidisciplinar significa que são considerados vários aspectos, como os sociais (a força
de trabalho da família; a idade do produtor, por exemplo), os econômicos (a receita da
venda da produção, por exemplo), da natureza (como o clima da região, por exemplo).
❖Produtores
➢ No caso dos produtores, quando se pensa em uma melhoria de suas condições frente a um
mundo em profunda transformação, como vimos anteriormente, o papel que lhes cabe é o da
profissionalização, com apoio da extensão rural.
➢A profissionalização, voltada para o aumento da capacidade de gerir a atividade, está
relacionada ao gerenciamento, ao planejamento e ao trabalho dos produtores em seu
estabelecimento, especialmente quando se pensa na necessidade de se desenvolver algum
projeto.
➢ A visão de negócio que se ganha com a profissionalização permite que a relação entre
produtor e “mercado” evolua, uma vez que o produtor passa a deter um conhecimento
técnico que se soma ao seu conhecimento tradicional, adquirido e passado de geração em
geração.
➢Considerando-se a necessidade de uma maior profissionalização do produtor, seu papel
nesse processo pode ser assim discriminado:
1) De Planejamento: definir metas; definir as ações estratégicas, táticas e operacionais da
propriedade, considerando os aspectos: técnicos, financeiros, gerenciais, ambientais e
humanos.
2) De Gerenciamento: atingir metas; gerar, organizar e analisar fatos e dados para a tomada de
decisão na propriedade. Manter o controle dos aspectos técnicos e financeiros do negócio.
3) De Trabalho: garantir os meios; Manter uma rotina de checagem e auditoria dos produtos e
processos para garantir o cumprimento das ações planejadas e o atingimento dos resultados
(METAS) esperados;
➢ Assim, o produtor participa ativamente dos processos de planejamento, gerenciamento e
do próprio trabalho em seu estabelecimento. Isso é muito verdadeiro para os
agricultores familiares.
➢ Observa-se que o produtor desempenha várias funções, desde o planejamento. O
próprio trabalho do produtor inclui funções de gerenciamento também. Isso ocorre em
boa parte das propriedades rurais.
➢ Em sua rotina de gerente, o produtor gera, organiza e analisa dados, mesmo que sejam
simples anotações, ou mesmo “de cabeça”.
➢ Se cumpre uma rotina de supervisor (o produtor pode, por exemplo, contratar mão de
obra, para complementar a força de trabalho da família), o produtor busca garantir o
cumprimento adequado das tarefas, mesmo quando estas são desenvolvidas por seus
familiares.
➢ Voltando agora ao problema da melhoria das condições de competitividade e de
sustentabilidade da agricultura de pequeno porte, ou agricultura familiar, percebe-se que o
aumento do conhecimento será um fator fundamental para solucionar, em grande parte, os
problemas mais imediatos dos agricultores e também para operar profundas modificações,
no longo prazo, no comportamento desses.
➢ Observa-se, assim, que é possível que esses produtores possam adquirir uma maior
capacidade gerencial, no plano estratégico (voltado para o seu ambiente mais amplo) e
operacional (no cotidiano de suas atividades).
➢É possível supor que terão mais possibilidades de êxito nessa empreitada de melhoria das
condições de gerenciamento os agricultores e extensionistas que souberem solucionar os
problemas por meio de uma parceria em que possam atuar em conjunto, ao mesmo tempo
em que cada um faz sua parte da melhor forma possível.
➢ Por fim, é preciso uma mudança de atitude, que deve começar por parte daqueles
que são responsáveis pela transferência de tecnologia.
➢ O ambiente rural precisa de profissionais que sejam altamente capacitados, mas,
também, capazes de gerar motivação e soluções para os problemas crônicos do
segmento “dentro da porteira”.
➢ Isso é fundamental para se alcançar um gerenciamento de excelência na propriedade
rural.
Referência:
Ribas Junior, J. A. gerenciamento da propriedade agrícola. Sadia
S/A, Concórdia, SC.

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