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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Eduardo Lopes da Motta Matrícula: 20181302007 DETALHAMENTO DO PROJETO COM BASE NA TOMADA DE DECISÃO AVALIAÇÃO 2 – PROJETO DO PRODUTO Rio de Janeiro Março 2021 2 PROBLEMATIZAÇÃO O desenvolvimento de produtos baseados em projetos tem grande importância e é amplamente utilizado no mercado. No entanto, é a avaliação no mercado que comprova o sucesso ou fracasso de qualquer projeto. Uma empresa de um determinado segmento industrial, desenvolveu um projeto desde a sua concepção inicial tendo por base a ferramenta de tomada de decisão, passando pelas 5 (cinco) etapas do processo. Por consequência foi implantada a decisão na linha de produção passando pelas 3 (três) fases do sistema produtivo, de forma que seu desempenho foi avaliado no mercado consumidor se houve lucro ou prejuízo com o projeto. O produto ao ser avaliado através do “feedback”, não foi muito bem aceito no mercado consumidor. O que devemos fazer para solucionar o problema? 1. Descrever o processo histórico do projeto do produto a partir de exemplos voltados para a indústria, pesquisando sobre a empresa e o respectivo segmento (produto) escolhido. Os interesses específicos sobre métodos e técnicas de desenvolvimento de produto começaram a ser acentuados no final do século XIX e, no final do século XX esse domínio de conhecimento atingiu a posição de destaque (CUNHA, 2008). Enquanto a prioridade na Revolução Industrial era o processo de fabricação e a organização da produção devido à crescente demanda decorrente da explosão demográfica, Taylor e Ford , posteriormente, deram atenção ao incremento da produtividade e a reorganização dos meios produtivos. Com o crescimento dos mercados e a evolução da tecnologia de fabricação, os focos de atenção foram se adicionando aos já existentes, sem exclui-los, priorizando a qualidade do produto, técnicas de inspeção e consequentemente o surgimento de tecnologia de instrumentação e mensuração. Então, com o desenvolvimento tecnológico, a concepção do produto passa a ocupar lugar de destaque (Figura 1). Assim surgiu o desenvolvimento de novos produtos através de estudos dos sistemas técnicos e posteriormente com a preocupação da satisfação e desejo dos clientes afim de garantir a posição no mercado. Com o surgimento da manufatura enxuta e a gestão do processo de desenvolvimento do produto, no início da década de 90, o processo de desenvolvimento foi divido em três etapas: estratégia de deenvolvimento, gerenciamento do projeto e aprendizagem. Pugh (1991) lançou posteriormente o modelo Total Design, que, como o nome sugere, objetivava ter uma visão sistêmica do projeto, através de seis etapas interativas com visões parciais de cada setor tecnológico. Em seqüência, Clausing (1994) elaborou o Total Quality Development, que consistia nas etapas de conceito, design e produção. Prasad (1997) fez uma abordagem mais sofisticada para engenharia simultânea através dos modelos, métodos, métricas e medidas com as rodas PPO (organização do produto e processo) e IPD (desenvolvimento de produto integrado). E finalmente foi desenvolvido O Manual de Planejamento e Controle da Qualidade do Produto, dentro do conjunto das normas da QS9000. 3 Criada no início dos anos 50, a empresa Bic, líder mundial em papelaria, isqueiros e barbeadores, uma empresa familiar listada na Bolsa de Valores de Paris, com faturamento de aproximadamente 1.6 bilhões de euros anuais e mais de 13 mil funcionários, foi a escolhida para o case deste trabalho por estar presente mundialmente com seus produtos seguros, de qualidade e inovadores. A Bic se dedica a fazer produtos de uso diário que estejam disponíveis e acessíveis para todos. Para a fabricação de isqueiros usa materiais exclusivos, processos exclusivos de alta precisão com muita qualidade e segurança. A pesquisa e inovação faz parte dos artigos de papelaria que são divididos em dois setores: design e sistemas de tinta. Para o setor de barbeadores são lançados anualmente de 15 a 20 produtos onde a pesquisa é organizada por uma equipe multidisciplinar responsáveis pela lâmina, design, engenharia, embalagem, qualidade e fabricação. O produto escolhido para debater nesse trabalho foi a roupa íntima descartável que a empresa lançou em 1988 e que não ficou nem um ano no mercado. A idéia era aproveitar a logística e os canais de distribuição, além do nome da marca para associar sua fama a produtos descartáveis e lançou um produto totalmente fora da sua área de atuação. Segue abaixo a foto e o debate sobre os motivos do fracasso serão discutidos ao longo do texto. Figura 1 - Métodos e técnicas de desenvolvimento de produto (CUNHA, 2008) 4 2. Definir o conceito de projeto em seus mais variados aspectos com base na unidade 1, com base nas 5 (cinco) etapas da ferramenta de tomada de decisão; O conceito de projeto é um tanto amplo e pode ser definido como: “Um projeto é um empreendimento temporário ou uma seqüência de atividades com começo, meio e fim programados, que tem por objetivo fornecer um produto ou serviço singular, dentro de restrições orçamentárias; e seu desempenho é avaliado pela medida em que essas três variáveis críticas de são atendidas.” (Maximiniano, 1997) “É uma atividade que começa com o conceito e termina com a tradução desse conceito em especificação de algo a ser criado. É a atividade que molda a forma física e o propósito (satisfação das necessidades dos consumidores) tanto de produtos e serviços, como dos processos que os produzem.” (Slack, Chambers e Johnston, 2009) A diferença principal entre projeto e operação é que o primeiro é temporário e exclusivo e o segundo é contínuo e repetitivo (Baxter, 2011). A ferramenta de tomada de decisão para elaboração de um projeto de produto é importantíssima e deve seguir as seguintes etapas: 1ª ETAPA – Obtenção das informações nessa etapa deve-se identificar o problema, coletar dados, analisá-los e delimitá-los de forma racional e detalhada Figura 2 - Roupa íntima descartável Bic 5 para que a decisão tomada seja a correta; a matriz GUT (gravidade, urgência e tendência) é uma ótima ferramenta e ser utilizada nesta etapa. 2ª ETAPA – Elaboração das previsões usar a equipe para pensar em diversas maneiras de resolver o problema, pesquisar no mercado como outras empresas agiram diante de tal situação (benchmark), estudar a literatura, usar a experiência dos colaboradores, convocar consultores e fazer um brainstorming. 3ª ETAPA – Escolha da opção uma boa ferramenta para decidir nesta etapa é a Matriz de Decisão que irá analisar o impacto de cada decisão para resolver o problema, com os parâmetros definidos pela própria empresa. Deve-se avaliar o custo de cada decisão, bem como os benefícios, o tempo necessário e assim definir qual das alternativas é a melhor. Nesta etapa também devem ser observados diversos parâmetros como minimizar incertezas, concretizar sonhos, alcançar objetivos, ver a utilidade do produto junto ao mercado consumidor, atendendo às suas necessidade e desejos, trazendo satisfação ao cliente, valor agregado e serviço de qualidade. 4ª ETAPA – Implantação da decisão Definir o que tem que ser feito e quem deverá fazê-lo. Nesta etapa são definidas as metodologias e ferramentas que serão usadas, identificação dos riscos e impactos sociais e culturais. Há uma elevada quantidade de incertezas em função da indisponibilidade de informações e paradoxalmente devem-se tomar decisões que podem afetar diretamente o sucesso. 5ª ETAPA – Avaliação de desempenho acompanhar os resultados da decisão tomada por meio de análise de dados, avaliar os indicadores, e verificar se os resultados estimados estão sendo alcançados.Em caso negativo, deve-se fazer ajustes na decisão tomada ou mesmo tomar uma nova decisão. 3. Identificar as formas de desenvolvimento do projeto do produto com base na implantação da decisão (4ª etapa) no sistema de produção (input, transformação e output) e verificar as possíveis não conformidades para o produto não ser bem aceito no mercado consumidor. Para a produção da roupa íntima descartável Bic, a empresa utilizou matéria-prima barata para a entrada (input) no sistema de produção, bem como, provavelmente, procurou evidências para se basear após tomar a decisão (viés confirmatório) e assim transformar (2ª etapa) em um bem econômico (output). Desta forma a metodologia e as ferramentas não foram adequadas para a implantação. A empresa ignorou os impactos sociais e culturais tais quais a falta de princípios de comportamento do consumidor e o uso de um material barato para fazer um produto desconfortável que fica em contato com o corpo. Se o consumidor identifca a marca Bic como de giletes, isqueiros e canetas baratas, é quase impossível estender essa percepção para outras classes de produtos. A empresa nao identificou o risco na implantação da decisão. O nome da marca tem poder mas somente no campo nos quais eles tem credenciais e quando eles saem dessa zona, eles perdem o foco e acabam por perder o poder. Não havia uma real necessidade, ninguém precisava de uma roupa íntima descartavel; consumidores não foram atraídos por esse atributo distinto. 6 REFERÊNCIAS BAXTER, M. Projeto de Produto: guia prático para o desenvolvimento de novos produtos. 1º Ed. São Paulo: Blücher, 2011. CLAUSING, Don P. Total quality development. Mechanical Engineering-CIME, v. 116, n. 3, p. 94-97, 1994. CUNHA, Gilberto Dias. A evolução dos modos de gestão do desenvolvimento de produtos. Produto & Produção, v. 9, n. 2, 2008. CUNHA, G.D.; BUSS, C.O.; DANILEVICZ, A.M.F.; ECHEVESTE, M.E.S. & KUYVEN, P.S. A Reference Model to Support Introducing Product Lifecycle Management. In: GONÇALVES, R.J.; JIANZHONG, C.; STEIGER-GARÇÃO, A. Concurrent Engineering: The Vision for the Future Generation – Enhanced Interoperable Systems. Amsterdam: Balkema Publishers, 2003. MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Administração de projetos: transformando idéias em resultados. Sao Paulo: Atlas, 1997. PRASAD, B. Concurrent Engineering Fundamentals: Integrated Product Development. Londres: Prentice-Hall, 1997. PUGH, S. Total Design: Integrated Methods for Successful Product Engineering. Wokingham: Addison- Wesley, 1991. SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da Produção. 3. ed. Rev. São Paulo: Atlas, 2009.
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