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FONTES DE CAPITAL Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Valdecir Knuth CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Cristiane Lisandra Danna Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Bárbara Pricila Franz Marcelo Bucci Revisão de Conteúdo: Graciele Alice Carvalho Adriano Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2018 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. K74f Knuth, Valdecir Fontes de Capital. / Valdecir Knuth – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 186 p.; il. ISBN 978-85-53158-45-4 1. Fontes de capital – Brasil. 2.Capital de giro – Brasil. II. Cen- tro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658.15244 Valdecir Knuth Possui Mestrado (stricto-sensu) em Ciências Contábeis com concentração em Controladoria, Especialização (lato-sensu) em Contabilidade Gerencial e Graduação em Ciências Contábeis. Atualmente, é professor e pesquisador em cursos de Graduação (desde 1996) e Pós-Graduação (Especialização/ lato-sensu desde 2001) na área de Contabilidade com ênfase em Controladoria e Auditoria (Controles Internos/Sarbanes Oxley), Contabilidade Geral, Custos (principalmente nos seguintes temas: Gestão de Custos e de Resultados, Sistemas de Custeio, Método de Custeio e Orçamentos). É autor de materiais de estudos nas áreas de Orçamento Empresarial, Empreendedorismo, Custos Industriais, Contabilidade de Custos, Engenharia Econômica, Controladoria, Contabilidade Social e Ambiental. Atua como consultor empresarial nas áreas de custos e orçamentos. É sócio da empresa P2B Consulting Consultoria, Assessoria e Treinamento Empresarial Ltda. Contador CRC – SC-022526/0-8 Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................07 CAPÍTULO 1 Decisões Financeiras de Curto e Longo ..................................09 CAPÍTULO 2 Decisões Estratégicas de Financiamentos ..............................91 CAPÍTULO 3 Decisões Táticas de Financiamentos .......................................141 APRESENTAÇÃO As vezes as empresas iniciam suas atividades com recursos financeiros escassos, o que pode limitar bastante o campo de atuação dos gestores. Isto reflete consideravelmente no resultado operacional destas empresas, podendo até comprometer sua perenidade no mercado. Diversos fatores como a inadimplência, o risco país, o risco político na nação onde a empresa está instalada, a desconfiança dos investidores sobre os gestores da empresa, corroboram com a derrocada das estruturas tradicionais de financiamento das atividades operacionais das empresas, promovidas pelas fontes de capital próprio. É sabido que apenas um investidor não consegue promover o auge da empresa, e que muitas vezes necessita obter recursos em outras fontes, como as que serão estudadas neste livro. Para tanto, a disciplina “Fontes de Capital” proporcionará o conhecimento e aprendizado das várias formas de obter recursos financeiros para aplicar nas atividades operacionais da empresa, bem como compreender como isso traz oportunidades de melhorias nos resultados econômicos e financeiros. No capítulo 1 iremos estudar as decisões financeiras de curto e longo prazo. No curto prazo, é imprescindível avaliar o Capital de Giro da empresa. Desta forma, os recursos financeiros que estão aplicados nas contas contábeis do Ativo Circulante devem ser superiores aos valores que constam nas contas contábeis do Passivo Circulante. Isso que dizer que a empresa é obrigada a ter valores disponíveis em bens e direitos (ativo) maiores que os valores que estão registrados no seu passivo (dívidas e demais obrigações), pois, caso contrário, esta empresa apresentaria comportamento duvidoso em relação à qualidade dos seus gestores. Nesta situação, ter maiores valores no passivo do que no ativo, significa maior dependência de capitais de terceiros. Para evitar esta “maior dependência de capitais de terceiros”, é importante que os gestores utilizem a regra dos 10%, ou seja, realizar uma reserva financeira para utiliza-la em momentos de escassez de recursos financeiros. Também serão estudadas as características da Administração das Contas a Receber, onde serão observados os possíveis comportamentos na avaliação da liquidez da empresa, no caso de esta praticar o aumento das vendas. Além de aumentar as contas a receber, outras contas contábeis aumentarão seus valores. A administração dos estoques também é importante na empresa, pois é pelo ciclo de pedidos que os gestores conseguem perceber que cada etapa do ciclo de suprimento de materiais possui um tempo necessário para a execução de cada atividade, partindo da comunicação do pedido, depois sua entrada e processamento, a separação ou produção e, em seguida, o transporte dos produtos até o local em que o cliente recebe o pedido. É importante frisar que estudar os métodos de avaliação de investimentos permitirá aos gestores da empresa compreender em quanto tempo o investimento gera o retorno esperado para os investidores. No capítulo 2, estudaremos as decisões estratégicas de financiamento, que envolve a estrutura de capital, que é formada por capital próprio (Ke), ou recursos dos sócios, e capital de terceiros (Ki) ou empréstimos e financiamentos de instituições financeiras. Esses recursos são necessários para que a empresa possa operar e permanecer atuante no mercado. Ao estudar as origens de recursos financeiros da empresa, identificaremos os cinco principais fatores que influenciam as decisões de estrutura de capital, que são: o risco do negócio, a posição tributária da empresa, a flexibilidade financeira, a agressividade ou o conservadorismo administrativo e, por fim, a oportunidade de crescimento. Com esses aspectos avaliados, é possível também estudar o custo de capital, o qual permite identificar que o custo de capital da empresa inteira é igual à média ponderada dos custos dos diversos componentes de sua estrutura de capital. Pelo Custo do Capital o gestor poderá: a) proceder ao ajuste da estrutura patrimonial pelos ativos não operacionais; b) apurar o lucro operacional; c) apurar o CMPC (Custo Médio Ponderado do Capital); d) determinar o EVA (apuração do Economic Value Added - Valor Econômico Adicionado de acordo com o lucro operacional ideal que a empresa deverá atingir e pagar o valor do custo de capital de terceiros e do custo do capital próprio). Os riscos do negócio, o risco financeiro da empresa e, assim, o risco operacional, são decorrentes do ativo da empresa, da natureza de sua atividade. O risco financeiro está diretamente relacionado com a gestão do fluxo de caixa da empresa. E é a partir desta etapa que serão estudados o Grau de Alavancagem Operacional e o Grau de Alavancagem Financeira. No capítulo 3, estudaremos o que são as decisões táticas de financiamento. Neste tipo de decisão, temos a opção do Leasing. Muitas empresas ou pessoas têm optado pelo contrato do leasing porque há possibilidade de alocar o valor integral do bem objeto do contrato, e as taxas nessa modalidade são bem inferiores pelo fato de o bem permanecer em nome da instituição financeira (arrendador). E uma das razões de as empresas fazerem um leasing é a de que elas não têm a capacidade de tomar empréstimo para comprar um ativo. O arrendamento mercantil ou contrato de leasing operacional, em geral, serve tanto para fins de financiamento como para manutenção dos equipamentos nas atividades operacionais na empresa. Também serão estudadosos warrants e os conversíveis. Entende-se por warrant um título de crédito formal e causal que exerce o pressuposto de uma operação de crédito e está amparado em uma promessa de pagamento. Em relação aos conversíveis, o índice de conversão é o número de cotas de ações pelas quais cada título pode ser trocado. O valor de conversão do mercado é o valor corrente das ações pelas quais os títulos podem ser trocados. É importante estudar cada capítulo com bastante atenção e realizar as atividades de estudos. Lembre-se! O conteúdo apresentado nesta disciplina tem a finalidade de enriquecer os seus conhecimentos, aumentando a capacidade de colocar em prática na sua vida profissional, procure atualizar-se sempre, pois as exigências do mercado nos impõem desafios constantes e a busca do conhecimento aliada à determinação e ao desenvolvimento, é fundamental. Tenha um excelente estudo! Prof. Valdecir Knuth CAPÍTULO 1 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Entender como o capital de giro da empresa contribui para o equilíbrio financeiro e gestão do fluxo de caixa. � Compreender os aspectos da gestão das contas a receber e estoques da empresa para a otimização do seu fluxo de caixa. � Entender quais são os tipos de investimentos existentes para integrar o fluxo de caixa incremental e avaliação em condições de risco. � Analisar a gestão dos ativos (caixa, conta a receber e estoques) como fatores determinantes na geração do capital de giro da empresa (fluxo de caixa operacional) e identificar de que forma os recursos podem ser investidos em condições de risco a curto e longo prazo. 10 FONTES DE CAPITAL 11 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 Contextualização Neste capítulo, vamos estudar o capital de giro e sua importância para o equilíbrio financeiro de uma empresa. O capital de giro é a diferença entre os recursos investidos no ativo circulante e o passivo circulante da empresa, e deve ser o suficiente para manter as suas atividades operacionais. Sua boa gestão resulta em mais recursos no ativo do que no passivo. A situação contrária, isto é, mais recursos no passivo circulante e menos no ativo circulante gera o capital circulante líquido negativo. Em outras palavras, cria a necessidade de capital de giro – NCG. Também vamos abordar, neste capítulo, o custo do estoque e os tipos de controles que a empresa poderá adotar para gerenciar este, que é um ativo, do qual se pode dizer com toda a propriedade, que é um dos mais importantes da empresa, porque é no estoque dos produtos acabados que se agrega valor ao produto para gerar riqueza aos investidores. Capital de Giro e Equilíbrio Financeiro É importante que as empresas tomem determinados cuidados com a administração do capital de giro, pois envolve diretamente as decisões das compras e vendas. Para prevenir problemas financeiros, evitar buscar fontes de recursos de terceiros e onerar juros, a empresa somente poderá adquirir produtos para as suas atividades operacionais se tiver uma boa gestão de contas a receber. Entende-se, portanto, que a administração do capital de giro possibilita aos gestores da empresa excelência na execução das atividades de estocagem, compra de materiais e demais insumos, de planejamento da produção, de venda dos produtos (mercadorias e serviços) e por final, de estabelecimento de prazo de recebimento. Os administradores das empresas têm-se mostrado bastante preocupados com a gestão do capital de giro, principalmente, em função da escassez de recursos com custo financeiro menor e também pelo aumento da concorrência vinda de empreendedores de empresas de pequeno porte. A administração do capital de giro possibilita aos gestores da empresa excelência na execução das atividades de estocagem, compra de materiais e demais insumos, de planejamento da produção, de venda dos produtos (mercadorias e serviços) e por final, de estabelecimento de prazo de recebimento. 12 FONTES DE CAPITAL Conforme Wenzel (2018, s.p.), “[...] em 2017, a abertura de empresas cresceu 22,3% no Estado, maior incremento desde 2012. Os dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável e da Junta Comercial de SC (Jucesc) apontam 96,5 mil novos cadastros no ano passado, incluindo os microempreendedores individuais (MEIs)”. Com esse aumento do número de empresas que buscam tecnologias de outros países, percebe-se a introdução de novas técnicas de produção para a melhoria na qualidade dos produtos. Os gestores das empresas passaram a melhor gerenciar os recursos financeiros de curto prazo (circulante empresa), deixando a área do capital de giro mais especializada e desenvolvida. O capital de giro corresponde aos ativos circulantes mantidos pela empresa e representa o valor total dos recursos para financiar o ciclo operacional da empresa. Figura 1 – Representação gráfica do ciclo operacional Compra Pagamento para fornecedor Venda Recebimento Ciclo Financeiro Ciclo Operacional Legenda: PME = Prazo médio de estoques PMP = Prazo médio de pagamento ao fornecedor PMRV = Prazo médio do recebimento das vendas Fonte: Disponível em: <http://www.p1p.com.br/capital-de-giro/>. Acesso em: 28 maio 2018. Conforme a Figura 1, observa-se que o ciclo operacional é o período identificado desde a compra da matéria-prima até a venda e recebimento do produto vendido. O ideal é que as empresas possam, dentro do ciclo operacional, receber os valores das vendas aos clientes antes do pagamento aos fornecedores. Assaf Neto e Lima (2011, p. 659) contribuem com uma visão do ciclo operacional e financeiro, conforme demonstram na figura a seguir. 13 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 Figura 2 – Ciclo operacional e financeiro completo Ciclo Operacional (sete meses) Compra de matéria-prima Pagamento Produção Recebimento Estocagem de produtos acabados Venda Prazo de pagamento a fornecedores Prazo de estocagem de produtos acabados Tempo Prazo de recebimento de vendas Prazo de estocagem de matérias-primas Ciclo de caixa (cinco meses) (Necessidades de recursos) dois meses dois meses um mês um mês um mês Prazo de produção Fonte: Assaf Neto e Lima (2011, p. 659). Em relação às informações advindas da contabilidade, como podemos identificar o capital de giro da empresa? Respondendo a este questionamento, Assaf Neto (2010, p. 554) afirma que: O capital de giro corresponde ao ativo circulante de uma empresa. Em sentido amplo, o capital de giro representa o valor total dos recursos demandados pela empresa para financiar seu ciclo operacional, o qual engloba [..] as necessidades circulantes identificadas desde a aquisição de matérias-primas até a venda e o recebimento dos produtos elaborados. De modo geral, é possível ter uma ideia do funcionamento do capital de giro da empresa, que compatibiliza as movimentações dos recursos financeiros (contas a receber e a pagar) com os recursos dos estoques de materiais, evitando assim estocagem ociosa de materiais (dinheiro parado é dinheiro perdido). Também previne a possível falta de materiais em estoque, o que acarretaria a necessidade de compras urgentes e, consequentemente, o pagamento de preços maiores e eventuais juros de empréstimos de curto prazo para a compra dos estoques. A figura a seguir retrata o fluxo de capital de giro de acordo com o ciclo de produção e venda de uma empresa industrial. O capital de giro representa o valor total dos recursos demandados pela empresa para financiar seu ciclo operacional. 14 FONTES DE CAPITAL Figura 3 – Fluxo do capital de giro Contas a pagar Caixa Contas a receber Cobrança FaturamentoBens e Serviços Estoques Compras Fonte: Portal Saúde e Cidadania (2018, n.p.). Em relação ao ciclo da administração do caixadas empresas multinacionais, segundo Eiteman, Stonehill e Moffet (2002, p. 398), dá-se da seguinte forma: O caixa desembolsado para operações é reposto através de duas fontes: (1) rotatividade internacional do capital de giro e (2) fontes externas, tradicionalmente empréstimos de curto prazo. Os empréstimos de curto prazo também podem ser ‘negativos’, como quando um caixa excedente é usado para pagar um empréstimo de curto prazo em circulação. Veja a figura a seguir: Figura 4 – Ciclo da administração de caixa Empréstimos de curto prazo e/ou amortizações. Saldo de caixa operacional Estoques Estoques Fonte: Eiteman, Stonehill e Moffet (2002, p. 399). 15 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 É comum empresas multinacionais (EMN) realizarem empréstimos via intercompany, os quais são pagos com as atividades operacionais da empresa filial. A empresa matriz do país de origem da multinacional, por exemplo, os Estados Unidos, empresta valores para a filial no Brasil, que, por sua vez, devolve os recursos financeiros para a empresa matriz com o caixa gerado pelas suas atividades operacionais de compras e vendas. Com base em Assaf Neto (2010, p. 555), na Figura 5, vamos avaliar o fluxo dos recursos da empresa, com uma visão mais detalhada dos recursos das vendas no período de curto prazo e vendas de longo prazo. Figura 5 – Movimentação de recursos do capital de giro Recursos aplicados no ativo circulante Estoque de produtos acabados Disponível Estoque demateriais Realizável Produção Vendas a vista Vendas a prazo Fonte: Assaf Neto (2010, p. 555). De acordo com a Figura 5, os recursos aplicados no ativo circulante estão representados na conta de Disponibilidades (Disponível). Com estes recursos são adquiridos os estoques de materiais utilizados na produção, onde são transformados em estoques de produtos acabados que serão comercializados com vendas à vista (entrada imediata de recursos financeiros no caixa) ou com vendas a prazo. As vendas a prazo possuem um período maior para gerarem caixa. Isso não necessariamente é um problema, pois as duplicatas das vendas a prazo podem ser transformadas em caixa por uma As vendas a prazo possuem um período maior para gerarem caixa. Isso não necessariamente é um problema, pois as duplicatas das vendas a prazo podem ser transformadas em caixa por uma operação de Desconto de Duplicatas em rede bancária, antecipando a entrada do caixa. 16 FONTES DE CAPITAL operação de Desconto de Duplicatas em rede bancária, antecipando a entrada do caixa. Porém, se isso não for possível, o que compensaria a necessidade do caixa seria a empresa ter um volume considerável de recursos financeiros advindos do capital social dos sócios. Entende-se, dessa forma, que as atividades operacionais da empresa filial geram caixa em função das suas vendas realizadas no país instalado, para atender aos clientes locais. Contudo, há um certo “problema” em relação a este tipo de operações, como são empresas localizadas em países distintos, os resultados financeiros poderão ter profundo impacto com as variações cambiais das moedas de cada país. Conforme Eiteman, Stonehill e Moffet (2002, p. 398): As EMNs têm uma variável adicional: as taxas de câmbio, que fazem com que a quantia de fundos pagos ou recebidos em uma moeda varie quando avaliada em outra moeda. Três orçamentos de caixa podem ser preparados por um EMN: um para cada entidade nacional, um para cada moeda usada dentro do sistema e um para a entidade mundial como um todo. O último necessita de um acordo sobre uma taxa de câmbio dentro da empresa para ser usada com fins de orçamento interno. Essa taxa é essencialmente uma previsão. Um exemplo meramente hipotético desse tipo de variação cambial é o seguinte: a empresa multinacional (EMN) filial localizada no Brasil toma emprestado recursos financeiros da empresa matriz no exterior na ordem de US$ 4.000.000,00 (quatro milhões de dólares), à taxa de R$ 3,35 por dólar, o que resultará no valor do empréstimo em moeda nacional de R$ 13.400.000,00 (treze milhões e quatrocentos mil reais). Mas, se a empresa filial pagar esse empréstimo dentro de alguns meses e a taxa de câmbio do dólar tiver sofrido valorização (moeda REAL brasileira desvalorizada) na ordem de R$ 3,85 por dólar, a empresa filial no Brasil pagará para a empresa matriz, nos Estados Unidos, os mesmos US$ 4.000.000,00 (com algum valor de juros sobre o empréstimo) do valor principal, porém, em moeda brasileira, o valor ficará na ordem de R$ 15.400.000,00 (quinze milhões e quatrocentos mil reais). Isso representaria um desembolso adicional em moeda brasileira (pela simples desvalorização cambial) no valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Essa perda de R$ 2.000.000,00 não possui relação alguma com a taxa de juros do empréstimo, mas sim com a simples variação cambial da moeda norte- americana em relação à moeda brasileira. Para a empresa filial no Brasil absorver esse impacto, uma das medidas é aumentar as vendas com os investimentos realizados na expansão da produção. 17 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 Para que as empresas possam manter equilibradas suas contas e honrar seus compromissos financeiros, de acordo com a equipe do site Empréstimo (2015), é importante observar algumas regras (dicas): a) Regra dos 10% Esta é uma dica facilmente aplicada nas empresas, justamente para criar uma reserva financeira para as atividades operacionais. Os 10% são meramente sugestivos, esse percentual pode ser maior. De acordo com a Deliberação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM 644 (2010), que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1), do Comitê de Pronunciamentos Contábeis sobre ativo intangível, em seu artigo 41, inciso (a): 41 As entidades envolvidas na compra e venda de ativos intangíveis podem desenvolver técnicas para mensurar indiretamente os seus valores justos. Essas técnicas podem ser utilizadas para a mensuração inicial de ativo intangível adquirido em combinação de negócios se o seu objetivo for estimar o valor justo e se refletirem operações e práticas correntes no setor a que esses ativos pertencem. Estas técnicas incluem, conforme o caso: (a) desconto de fluxos de caixa futuros líquidos do ativo; Com a criação da reserva financeira das atividades operacionais, a empresa pode determinar qual é seu fluxo de caixa operacional líquido descontado e apurar a reserva de capital de giro necessária para a manutenção das suas atividades operacionais. A figura a seguir demonstra a aplicação dos 10% como reserva de capital de juros a partir das receitas de vendas da empresa. Com a criação da reserva financeira das atividades operacionais, a empresa pode determinar qual é seu fluxo de caixa operacional líquido descontado e apurar a reserva de capital de giro necessária para a manutenção das suas atividades operacionais. 18 FONTES DE CAPITAL Fi gu ra 6 – R es er va d e ca pi ta l d e gi ro A N O -B A S E P E R ÍO D O D E C R E S C IM E N TO E S TÁ V E L 20 17 20 18 20 19 20 20 20 21 20 22 20 23 R ec ei ta V en da s 10 .0 00 .0 00 ,0 0 10 .6 50 .0 00 ,0 0 11 .3 42 .2 50 ,0 0 12 .0 79 .4 96 ,2 5 12 .8 64 .6 63 ,5 1 13 .7 00 .8 66 ,6 3 14 .2 48 .9 01 ,3 0 C ap . G iro (1 0% ) 1. 00 0. 00 0, 00 1. 06 5. 00 0, 00 1. 13 4. 22 5, 00 1. 20 7. 94 9, 63 1. 28 6. 46 6, 35 1. 37 0. 08 6, 66 1. 42 4. 89 0, 13 D A D O S D O A N O B A SE : 20 17 1- P ER ÍO D O D E C R ES C IM EN TO : 20 18 /2 02 2 g= 6 ,5 % 2- P ER ÍO D O E ST ÁV EL : 2 02 3. .. g= 4 ,0 % R ec ei ta d o An o- Ba se 10 .0 00 .0 00 To do s os it en s da p ro je çã o cr es ce m à m esm a ta xa “g ” C ál cu lo d a Va ria çã o do In ve st im en to e m C ap ita l d e G iro PR O JE Ç Ã O - FL U XO D E C A IX A O PE R A C IO N A L LI VR E PE R PE TU ID A D E Fo nt e: A da pt ad o de S ilv a (2 00 8) . 19 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 O valor da reserva financeira deve ser realizado com base nas receitas de vendas da empresa, e o valor do caixa gerado depende muito da política de crédito e cobrança da empresa. Se uma empresa auferiu receitas de vendas na ordem de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) em um ano, significa que deverá realizar a reserva na ordem de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). E assim sucessivamente para cada ano. A linha da variação no capital de giro é o valor que a cada ano deverá ser alocado do saldo da conta caixa e bancos e transferir para a sua reserva. O coeficiente “G” é a perspectiva do crescimento da empresa no mercado durante o período de 2017 e 2022 em 6,5% ao ano. Em 2023, o período da estabilidade pressupõe a taxa de crescimento na ordem de 4%. Dessa forma, o gestor teria na sua conta de reserva de capital de giro o valor de R$ 1.424.890,13. b) Planeje-se Atualmente é essencial que os gestores planejem as atividades operacionais da empresa, assim como as receitas, custos dos produtos e despesas operacionais, com o objetivo de melhor geri-la e observar se em determinado momento ela não alcançou determinado resultado. É importante que o gestor perceba qual mudança no mercado poderá prejudicar a empresa e assim elaborar novos planos para ajustar suas atividades operacionais. c) Deve e não nega? Pague assim que puder Talvez um dos maiores entraves na gestão de recursos da empresa são as próprias dívidas. Faça um planejamento do seu fluxo de caixa e não deixe muitas dívidas vencidas sem programação de pagamento. Separe e liquide primeiro as dívidas de menor valor, pois com menor quantidade de dívidas, há a sensação de alívio nas contas da empresa. Caso houver dívidas que não será possível liquidar no dia do vencimento, verifique se há muita incidência de juros ou não. d) Desapegue Caso a sua empresa possua algum tipo de imobilizado comum (móveis e utensílios) que não está sendo utilizado, venda-o. É melhor gerar caixa, mesmo de menor valor, e ao mesmo tempo, abrir maior espaço físico para planejar outras atividades. Atualmente é essencial que os gestores planejem as atividades operacionais da empresa, assim como as receitas, custos dos produtos e despesas operacionais, com o objetivo de melhor geri-la e observar se em determinado momento ela não alcançou determinado resultado. 20 FONTES DE CAPITAL É importante frisar que há um risco ao vender imobilizado, que é inerente ao mercado concorrente, onde vender imobilizado (máquinas industriais) pode transferir tecnologia (mesmo que ultrapassada) para determinadas empresas de menor porte. e) Aproveite os descontos Todas as empresas, para a eficaz geração de caixa, deverão aproveitar todos os tipos de descontos possíveis. Isso se reflete no resultado econômico e financeiro delas. Por exemplo, se descontos no IPVA dos veículos da empresa são mais baratos no início do ano, então pague-o nesta época. Ou ainda, se a prefeitura da sua cidade faz um mutirão de IPTU, com descontos e isenção de taxas, inclusive para empresas, aproveite. Avalie cada pequeno desconto que as suas contas apresentam e ele se tornará um valor interessante ao final do exercício social. Todas as empresas, para a eficaz geração de caixa, deverão aproveitar todos os tipos de descontos possíveis. Isso se reflete no resultado econômico e financeiro delas. Administração de Caixa Os gestores das empresas precisam estar atentos e observar alguns pontos básicos para a excelência na administração do caixa da empresa. Segundo o site CTP – Centro de Produções Técnicas (2018), o gestor pode se orientar na administração do fluxo de caixa, observando alguns pontos básicos, como: a) Estratégias que visam minimizar as necessidades de caixa: adotar políticas de negociação junto a fornecedores, implantar políticas de avaliação de crédito aos clientes e cobrança de duplicatas de forma a gerar caixa da forma mais rápida possível (fortalecer a marca da empresa para que ela possa determinar sua política de cobrança junto aos clientes), e de administração dos estoques, com o objetivo de evitar aquisições que eventualmente mostram-se desnecessárias para determinados períodos do exercício social. b) Política de aplicação dos excedentes de caixa: os gestores financeiros da empresa deverão aplicar os recursos excedentes com o objetivo de gerar mais caixa e, assim, incrementar a riqueza da empresa. c) Negociação de recursos para suprir os déficits de caixa: buscar recursos financeiros dos investidores ou instituições financeiras a baixo custo e evitar o comprometimento do resultado operacional da empresa para suprir essas necessidades financeiras. 21 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 d) Estratégias para compor créditos e obrigações em uma mesma moeda: exige uma administração melhor preparada para entender e utilizar da melhor forma possível a complexa ferramenta financeira do câmbio, pois as oscilações cambiais podem trazer resultados negativos para as empresas, tanto no desembaraço aduaneiro com custo de estoque elevado ao nacionalizar a mercadoria importada com taxa de câmbio elevada como na despesa financeira com variação cambial negativa ao quitar importações com taxas cambiais elevadas. Para as pessoas físicas e jurídicas manterem os níveis satisfatórios de caixa, Keynes (1982 apud Assaf Neto, 2010, p. 582-583) identifica três motivos, que são: O primeiro, definido como motivo-negócio (ou “motivo- transação”), é explicado pela necessidade que uma empresa apresenta de manter dinheiro em caixa para efetuar os pagamentos oriundos de suas operações normais e certas. Anteriormente, definiu-se o ciclo operacional de uma empresa como o intervalo de tempo compreendido entre a aquisição de matérias-primas e o recebimento da venda dos produtos elaborados. Nesse interregno foi identificado também o ciclo de caixa de uma empresa, [...], o qual abrange o intervalo entre o momento em que ocorrem os primeiros dispêndios financeiros (pagamentos de compras e outros fatores) e o do recebimento das vendas realizadas. No ciclo de caixa descrito, as empresas consomem recursos e precisam, consequentemente, manter certas reservas monetárias para suprir essas saídas ordinárias. O nível de caixa mantido por uma empresa para financiar esse período de transição é influenciado, [...], principalmente pelo valor da produção corrente (e, portanto, da renda corrente) e pela extensão do ciclo operacional. Na verdade, a falta de sincronização verificada entre os momentos dos recebimentos e dos vencimentos dos compromissos é que determina a demanda por caixa pelas empresas. Ao se admitir a certeza absoluta sobre os períodos e sobre os montantes dos fluxos de entradas e saídas de caixa, a demanda pelo dinheiro para fins de transação seria desnecessária. No entanto, como a certeza total (sincronização perfeita) é praticamente impossível, devido ao ambiente de incerteza que normalmente envolve os negócios e os naturais desajustes de mercado, a empresa deverá sempre manter recursos monetários em caixa para sustentar suas atividades normais. O segundo motivo [...] refere-se à precaução. O motivo transação previu a presença certa de dispêndios na atividade normal de uma empresa; a incerteza descrita estava associada às datas (momentos) e aos valores de seus fluxos de caixa. Não obstante, é comum ocorrerem certas despesas imprevistas e extraordinárias nos negócios empresariais (variações inesperadas nas rendas e nos preços de alguns fatores de produção,insolvência de clientes etc.), e, quanto maior for o saldo de caixa para enfrentar essas exigências monetárias inesperadas, tanto maior será a margem de segurança de atuação da empresa. Dessa maneira, o motivo precaução para 22 FONTES DE CAPITAL a retenção de ativos de máxima liquidez por uma empresa é justificado pela diferença normalmente observada entre os fluxos monetários orçados e os reais. O nível de caixa exigido pelo motivo precaução é função, naturalmente, da flexibilidade que uma empresa apresenta em captar recursos nos exatos momentos de suas necessidades extraordinárias. A facilidade de acesso imediato ao crédito permite que uma empresa trabalhe com maior taxa de retorno em razão da menor necessidade de manter saldo em caixa por precaução. Mais uma vez, o grau de aversão ao risco em relação a uma eventual falta de recursos disponíveis é que irá conciliar o aspecto de maior liquidez imediata ou retorno. Finalmente, o terceiro motivo citado refere-se à especulação. Por exemplo, o aproveitamento de oportunidades especulativas em relação a certos itens não monetários (estoques, normalmente), desde que a empresa acredite numa valorização atraente de seus preços, pode justificar maiores investimentos de caixa. Uma situação frequente ocorre no armazenamento de caixa para tirar proveito de certas aplicações financeiras cujos rendimentos apresentam-se atraentes para a empresa. Nos últimos anos pôde-se observar uma grande demanda por dinheiro pelas empresas (e pessoas também), com o intuito de adquirirem títulos e valores mobiliários, notadamente os de operações e preços fixos. A rentabilidade oferecida por essas aplicações assumiu percentuais bem elevados nos últimos anos, chegando, em diversos momentos, a exceder o retorno real sobre os ativos de muitas empresas. Outro ponto importante a ser observado pelos gestores financeiros são as estratégias financeiras para a redução dos custos financeiros dos empréstimos, que, de acordo com o site CTP – Centro de Produções Técnicas (QUAIS OS PONTOS, 2018), são: − Crédito seletivo e cadastro mais rigoroso em função da inadimplência elevada. − Giro rápido dos estoques (existem empresas fazendo reposição de estoques diariamente). − Negociações junto a fornecedores para obtenção de maiores prazos de pagamentos. − Negociações de compras à vista com descontos elevados, otimizando a aplicação dos excedentes de caixa. − Planejamento tributário visando reduzir a carga tributária e aliviar o caixa. KEYNES (1982 apud ROSS; WESTERFIELD; JORDAN, 2010, p. 436, grifos dos autores) apresenta três motivos para a manutenção de saldos em caixa, conforme segue: 23 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 Motivos especulação e precaução O motivo especulação refere-se à necessidade de possuir caixa para ser capaz de aproveitar, por exemplo, oportunidades vantajosas de compra de mercadorias, taxas de juros atraentes e (no caso de empresas internacionais) flutuações favoráveis de taxas de câmbio. [...] [...] O motivo precaução é a necessidade de uma reserva de segurança. Mais uma vez, talvez haja um motivo precaução para explicar a demanda por liquidez. Entretanto, dado que o valor dos instrumentos de mercado monetário é relativamente seguro e que sua liquidez é muito elevada, não existe necessidade muito grande de manter volumes substanciais de caixa para fins de precaução. [...] Necessita-se de saldos de caixa para atender ao motivo transação, ou seja, caixa disponível para pagar contas. As necessidades relacionadas às transações são oriundas das atividades normais de pagamento e recebimento da empresa. Os desembolsos incluem pagamentos de salários e honorários, obrigações mercantis, impostos e dividendos. Alguns gestores preferem manter recursos em caixa para oportunizar os ganhos em aquisições vantajosas quando algum fornecedor deseja vender mercadoria. Assim a empresa adquirente possui recursos financeiros no caixa e pode pagar o fornecedor à vista com a possibilidade de obter um excelente desconto financeiro. Mas, há gestores que possuem visão conservadora dos negócios e mantêm valores significativos em seu caixa para evitar contratempos e isso se chama precaução. Administração de Contas a Receber O motivo especulação refere- se à necessidade de possuir caixa para ser capaz de aproveitar, por exemplo, oportunidades vantajosas de compra de mercadorias, taxas de juros atraentes e (no caso de empresas internacionais) flutuações favoráveis de taxas de câmbio. É fato que a empresa apenas consegue pagar suas contas se houver dinheiro em caixa, o qual deve ser proveniente das atividades operacionais da empresa, ou seja, das compras e vendas dos produtos. As compras envolvem custos de estoques e agregação de valor aos produtos produzidos e comercializados pela empresa, de forma a oferecer produtos diferenciados ao mercado consumidor e gerar valor, ou gerar riqueza para os investidores. 24 FONTES DE CAPITAL É fato que a empresa apenas gera riqueza se houver valor agregado aos produtos que ela oferece de acordo com a marca deles, mas a geração do caixa apenas pode ter sucesso se houver uma excelente administração do Contas a Receber da empresa. Hoji (2012, p. 126) define que: As contas a receber são geradas pelas vendas a prazo, que são feitas após a concessão de crédito. As vendas a prazo geram riscos de inadimplência e despesas com análise de crédito, cobrança e recebimento, mas alavancam as vendas, isto é, aumentam o volume de vendas e, consequentemente, o lucro. Conforme Assaf Neto e Lima (2011, p. 660): As medidas do caixa podem incluir maior dinamização nos recebimentos de clientes, mediante contatos com os bancos com que a empresa trabalhe, visando à agilização na liberação dos cheques recebidos; emissão e entrega mais rápida de títulos representativos das vendas a prazo (faturas e duplicatas); melhor adequação e controle das datas de recebimentos e pagamentos; maior controle nos registros dos valores a receber, evitando-se, entre outras consequências, extravios de títulos ou preenchimentos equivocados, os quais poderão retardar suas liquidações ou dificuldades de localização etc. Alguns gestores, ao analisarem a dinâmica do mercado, estabelecem que se a empresa vender mais produtos em maior volume irá gerar mais caixa. Sim, a lógica é essa, mas os gestores devem tomar cuidado ao oferecer produtos em larga escala para não saturar o mercado. O inverso também é verdadeiro, pois onde houver menor volume de vendas, deve-se observar o maior valor agregado dos produtos. Isso quer dizer que empresas que comercializam produtos de luxo possuem a sua fatia do mercado e não há a necessidade em aumentar o volume de vendas, uma vez que o alto valor agregado absorve os gastos fixos da empresa. Os gestores financeiros das empresas devem tomar certos cuidados que envolvem uma criteriosa análise de crédito. Verificar inclusive nos sites dos tribunais de justiça e outras ferramentas das mídias sociais que permitam uma excelente avaliação cadastral dos potenciais clientes. Segundo Hoji (2012, p.127), deve-se “efetivar uma análise minuciosa e criteriosa de seus dados cadastrais. Venda a prazo efetuada sem os devidos cuidados tem grande possibilidade de se tornar um valor não recebível”. Nos conceitos de avaliação de crédito, é de fundamental importância que se conheça a técnica dos 5 Cs. Hoji (2012, p. 127-129) aborda os conceitos e definições desta técnica. São eles: A geração do caixa apenas pode ter sucesso se houver uma excelente administração do Contas a Receber da empresa. Os gestores financeiros das empresas devem tomar certos cuidados que envolvem uma criteriosa análise de crédito. Verificar inclusive nos sites dos tribunais de justiça e outras ferramentas das mídias sociais que permitam uma excelente avaliação cadastral dos potenciaisclientes. 25 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 Caráter: é o item mais importante da análise de crédito. A avaliação da cultura da empresa e do caráter de seus administradores, apesar do alto grau de subjetividade, por se referir de aspectos morais e éticos, é muito importante, porque vai depender da sua integridade ética (honestidade) para saldar compromissos financeiros. Mediante diversos levantamentos de dados realizados sobre o cliente no mercado, se o caráter deste não for aceitável, outros itens da análise ficam bastante prejudicados. Capacidade: A firme determinação de pagar (caráter) não terá validade se o cliente não tiver capacidade de saldar seus compromissos financeiros. O potencial de o cliente saldar os compromissos financeiros pode ser obtido através da análise das demonstrações financeiras e informações financeiras adicionais, em instituições como o Serasa. Capital: A análise da estrutura econômica financeira evidencia o nível de solidez financeira da empresa. Os índices de liquidez obtidos por métodos tradicionais não significam, necessariamente, que a empresa terá a capacidade de repagamento, se continuar com as atividades, pois o capital investido em giro deve ser considerado como capital fixo e não como capital circulante. A análise da necessidade líquida do capital de giro evidencia, com bastante clareza, quanto a empresa precisa de capital para financiar suas operações. Daí, é possível avaliar se a empresa terá capacidade de expandir suas atividades, considerando-se as possíveis fontes de recursos de longo prazo. Collateral: É uma palavra oriunda do Inglês que significa garantia. O Collateral é utilizado para contrabalançar ou reforçar a fragilidade de mais um C dos outros quatro itens. Pode ser representado por ativos tangíveis, ou ativos financeiros, desde que cubram o período de crédito concedido. Pode ser dado por meio de hipoteca, finança pessoal prestada por proprietário de imóvel, fiança bancária, seguro-garantia, etc. Condições: As condições atuais e cenários econômicos em que a empresa estará inserida devem ser avaliados em conjunto com o ramo de atividade em que ela atua. As condições gerais dos negócios das partes envolvidas devem levar em consideração a existência de reciprocidades, consideradas as limitações de cada parte, quando a empresa compra da empresa para a qual vende. Percebe-se que os 5 Cs estão intrinsicamente relacionados ao Caráter pessoal do proprietário, ou seja, as atitudes, o seu comportamento perante o mercado, que é evidenciado pelas suas ações no papel de gestor. A Capacidade e o Capital estão inter-relacionados, se a empresa possuir uma boa estrutura de capital financeiro, automaticamente, também possui capacidade para honrar os compromissos financeiros. O Collateral é determinado pela capacidade da empresa em oferecer determinadas garantias para honrar seus compromissos, e as Condições são estabelecidas principalmente pelas oscilações do mercado em que a empresa atua. Essas condições são determinadas muitas vezes pela oscilação cambial que regula a balança comercial brasileira. 26 FONTES DE CAPITAL Muitos gestores financeiros de empresas têm adotado a postura do Crédito Liberal, no sentido de incrementar as vendas dos produtos da empresa e marcar forte presença no mercado. Afinal de contas, quanto maior a inserção do produto no mercado, mais lembrada será a marca do produto ou da empresa junto aos seus consumidores. Isso pode gerar algum tipo de efeito colateral. Hoji (2012, p. 129) explica que “uma política de crédito liberal aumenta o volume de vendas muito mais que uma política rígida, porém gera mais investimento em contas a receber e mais problemas de recebimento, o que exige maior rigidez na cobrança”. Sobre a política de cobrança das empresas, Assaf Neto (2010, p. 605) afirma que: As políticas de cobrança são definidas pelos vários critérios possíveis de serem adotados por uma empresa, visando ao recebimento, na data de seus vencimentos, dos diversos valores a receber. Maior ampliação nos prazos normais de cobrança de uma empresa pode acarretar, entre outras consequências, um aumento nos custos de inadimplência (provisão para devedores duvidosos) e um agravamento das perdas inflacionárias. De outra forma, a adoção de medidas mais rígidas de cobrança pode refletir-se sobre as vendas, mediante uma retração por parte dos consumidores. Evidentemente, deve a empresa procurar um procedimento mais próximo do ‘ideal’, evitando, por exemplo, que as reduções em suas vendas (e, consequentemente, nos lucros) superem os ganhos provenientes principalmente de uma queda em suas despesas com devedores duvidosos. Um dos maiores problemas que o crédito liberal pode gerar é o aumento exagerado do indicador de liquidez, o que de imediato não é ruim para a empresa. O problema é o acúmulo de valores em contas a receber que não estão sendo realizados em caixa. Isso significa uma maior necessidade de capital de giro para pagar os fornecedores pelas aquisições adicionais de matérias-primas e os pagamentos dos impostos gerados pelas vendas. O que pode substituir a necessidade de capital de giro da empresa pode ser um elevado valor de recursos no capital social da empresa. Um dos maiores problemas que o crédito liberal pode gerar é o aumento exagerado do indicador de liquidez, o que de imediato não é ruim para a empresa. O problema é o acúmulo de valores em contas a receber que não estão sendo realizados em caixa. Administração de Estoques Os estoques podem ser compreendidos como um dos principais ativos da empresa. São eles que determinam parte do custo do produto que é vendido. Estes ativos irão agregar valor à marca e incrementar o caixa da empresa. 27 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 Ao produzir novos produtos, a empresa utiliza determinadas matérias-primas, e no produto final estabelece o preço de acordo com a sua qualidade. Quanto mais qualidade, mais valor agregado a mercadoria adquire e maior é a geração de riqueza para a empresa, mas nem sempre isso ocorre da melhor maneira em algumas empresas. Para atingir uma gestão eficiente de estoques, precisa-se conhecer os erros mais comuns cometidos pelos seus gestores. Alguns dos mais graves erros em gestão de estoques encontram-se na falta de comunicação e integração entre os departamentos. Como muitos gestores são “centrados em si”, acabam prejudicando o resultado global da empresa, pois agem com objetivos distintos e não estão focados na estratégia global da empresa no mercado. Isso poderá gerar problemas no cálculo do Lote Econômico de Compras (LEC), que determina a quantidade necessária de matéria-prima a ser beneficiada em consonância ao volume de vendas realizadas pela empresa. Se houver, porém, um excelente sistema de comunicação, o próprio sistema gerencial da empresa, de acordo com o ciclo da produção, verifica se há matéria- prima suficiente para suprir a entrada de novos pedidos de vendas dos clientes para não faltar mercadorias na produção e nem adquirir matéria-prima em demasia, o que poderia acarretar maior ocupação de espaço físico, materiais que podem ficar obsoletos e falta de geração de caixa, se o giro do estoque for reduzido. Algumas hipóteses básicas consideradas no modelo do Lote Econômico de Compras são abordadas por Assaf Neto e Lima (2011, p. 717): a) o volume do pedido não exerce influência sobre o custo unitário, mantendo-se constante qualquer que seja a quantidade solicitada; b) a demanda do estoque se processa de maneira uniforme; c) o modelo é desenvolvido em condições de certeza, tanto no que se refere às necessidades físicas quanto aos custos dos estoques. Não há, em consequência, risco de falta de estoque; d) praticamente inexiste demora para o recebimento dos produtos solicitados, ou seja, o tempo de espera entre a emissão do pedidoe o recebimento é desconsiderado no modelo. Ocorrendo condições de reposição imediata e certeza com relação a sua demanda, não há necessidade de se manter estoque de segurança; e) o modelo prevê também que não ocorrem limitações financeiras para aplicações em estoques. É necessário que os gestores de materiais nas empresas promovam a realização de inventários em espaços curtos de tempo, objetivando a melhoria no sistema de controle interno com vistas a evitar roubos ou erros de registros e códigos de produtos diferentes por eventual falta de atenção do operador. A 28 FONTES DE CAPITAL simples falta de atualização das entradas dos produtos nos estoques, pelo não registro das notas fiscais de entrada ou a falta/atraso dos registros das baixas do almoxarifado de materiais, também corrobora para gerar erros de decisão dos gestores na administração dos materiais. A falta de controle ou de comprometimento das pessoas envolvidas na administração dos estoques pode gerar sérias consequências, como a falta do produto desejado ao cliente, o que pode gerar insatisfação e perda de vendas. Outra consequência é o produto ficar encalhado no estoque, se for perecível, é perda financeira para a empresa. Se forem produtos tecnológicos, se tornam obsoletos e sem mercado. A própria reputação da empresa pode ser comprometida perante o cliente quando este percebe que seu fornecedor é desleixado com a gestão dos estoques devido à falta de entrega dos produtos, ou simplesmente alegando que não possuem os produtos requeridos pelo cliente, ou ainda, quando o fornecedor tenta “empurrar” outro produto para o cliente, no qual ele não tem interesse. A perda na eficácia da gestão dos estoques também incorre em prejuízos financeiros quando a empresa sofre com roubos, ou os estoques podem estar sendo destruídos se não estiverem bem embalados e guardados para a produção (matéria-prima) e comercialização (produtos prontos). Problemas como este podem ser contornados se os gestores da empresa concentrarem seus esforços para procederem a imediata contabilização dos eventos das compras e vendas no inventário da empresa, mantendo atualizada a contagem física dos estoques. Outro ponto importante a ser observado é prever a demanda dos produtos na empresa, sincronizando com os controles dos estoques para evitar faltas ou excessos, e poder atender às necessidades dos clientes em tempo hábil. É importante que o gestor da empresa tenha fundamental preocupação com estoques obsoletos ou perecíveis (próximos da data da validade). Podem-se realizar eventuais promoções para “girar” esse estoque e assim gerar recursos financeiros em caixa. Dessa forma, a empresa poderá renovar o estoque e oferecer novidades aos clientes com esse caixa gerado. Uma boa gestão de estoques passa por uma boa administração de sistemas. Um sistema Enterprise Resource Planning (ERP) permite acompanhar em tempo hábil as entradas e saídas dos produtos na empresa e, com precisão, o gestor poderá tomar decisões para gerenciar os recursos em tempo hábil. A perda na eficácia da gestão dos estoques também incorre em prejuízos financeiros quando a empresa sofre com roubos, ou os estoques podem estar sendo destruídos se não estiverem bem embalados e guardados para a produção (matéria-prima) e comercialização (produtos prontos). 29 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 a) Implementação do Supply Chain Management (SCM) ou Cadeia de Logística Integrada Nos dias atuais, cada vez mais se torna evidente a necessidade de ampliar o conceito de integração na logística para fora do ambiente da empresa, estendendo aos fornecedores e clientes. O aumento da produtividade, a qualidade do produto e o excelente nível de atendimento prestado ao cliente são fatores fundamentais para a obtenção ou permanência de vantagens competitivas por parte das empresas. Esta é uma realidade que não pode mais depender exclusivamente dos processos internos da empresa, devendo incluir todas as partes envolvidas no processo e que estão fora da empresa, como fornecedores e clientes. Dentro desse contexto surge a Cadeia de Logística Integrada ou Supply Chain Management (SCM). Sua função é o foco no alinhamento dos processos- chave do negócio como um todo, isto é, o acompanhamento do produto desde a sua fonte, na extração da matéria-prima, até o consumo final, enquanto as informações e os recursos financeiros fazem o caminho oposto, iniciam nos consumidores e vão até a origem do produto. De acordo com Ching (2009, p. 67- 68), este conceito pode ser assim explicitado: Supply chain é todo o esforço envolvido nos diferentes processos e atividades empresariais que criam valor na forma de produtos e serviços para o consumidor final. A gestão do supply chain é uma forma integrada de planejar e controlar o fluxo de mercadorias, procurando administrar as relações na cadeia logística de forma cooperativa e para o benefício de todos os envolvidos. A gestão do supply chain é um conceito mais amplo e estrategicamente mais importante, que se inicia na saída das matérias-primas dos fornecedores, passa pela produção, montagem e termina na distribuição dos produtos acabados aos clientes finais. Inclui considerações estratégicas que passam por focalizar a satisfação do cliente, formular e implementar estratégia baseadas na retenção dos clientes atuais e obtenção de novos e gerenciar a cadeia de forma eficaz. O desempenho do supply chain depende principalmente de 4 fatores, a saber: − Capacidade de resposta às demandas dos clientes; − Qualidade de produtos e serviços; − Velocidade, qualidade e timing da inovação nos produtos; − Efetividade dos custos de produção e entrega e utilização de capital. Coronado (2000) aborda que os excelentes resultados obtidos pelas empresas que já conseguiram implementar o SCM na prática são uma garantia de que este não é apenas mais um modismo gerencial. É um assunto que vem despertando a atenção da alta cúpula nas grandes e mais modernas empresas internacionais, pela redução de custos e melhoria dos serviços na cadeia. 30 FONTES DE CAPITAL Pesquisas preliminares sobre os ganhos que podem ser obtidos pela utilização correta do conceito indicam que as empresas têm obtido reduções substanciais nos custos operacionais da cadeia de suprimentos. Também os movimentos setoriais organizados com o objetivo de tirar proveito do SCM, como o Efficient Consumer Response – ECR no setor de produtos de mercearia, e o Quick Response – QR no setor de confecções e têxteis, têm demonstrado o potencial de redução de custos e melhoria de serviços na cadeia. No caso do ECR, por exemplo, a estimativa nos EUA era de uma redução de custo de cerca de US$ 30 bilhões (CORONADO, 2000, p. 152). Uma das fases mais importantes na implantação desse conceito é a montagem de equipes. Para atingir o máximo de eficiência e extrair todo o potencial, a empresa deve permanecer ligada aos participantes externos na cadeia de suprimento. Esses participantes são fornecedores, distribuidores, atacadistas, prestadores de serviço e clientes. Para se ter uma ideia, Ching (2009, p. 66) apresenta alguns resultados de empresas que estão integrando a cadeia logística. A Motorola reduziu em 75% sua base de fornecedores; 85% de seus fornecedores são preferenciais, e obteve assim economia anual de 5 a 7%. A Procter & Gamble integrou-se com a Kmart, e as vendas dobraram em cinco anos; os custos da cadeia logística caíram em 25% e os estoques foram limitados a no máximo 20 dias. A Quaker Oats reformulou a cadeia de logística com seus clientes e com isso obteve ganho de margem em 2,5% e redução de estoques [...]. Contudo, devido à natureza colaborativa da cadeia logística na sua integração, torna-se imprescindível a seleção de parceiros corretos. Para serem integradas, as empresas devem ter excelência de qualidade em seus produtose serviços e também solidez e estabilidade financeira, uma vez que a relação de parceria é de longo prazo. É possível observarmos a logística integrada à cadeia de suprimentos na Figura 7, nela existe uma forte tendência entre os canais de abastecimento e os canais da logística reversa entre a fábrica, a transportadora, a central de distribuição e os hipermercados. Cada um exerce papel fundamental para o desempenho da outra empresa até fechar o ciclo em que o canal de distribuição e o hipermercado possam fornecer produtos aos clientes, inclusive, podendo haver a utilização de vendas on-line. Devido à natureza colaborativa da cadeia logística na sua integração, torna- se imprescindível a seleção de parceiros corretos. Para serem integradas, as empresas devem ter excelência de qualidade em seus produtos e serviços e também solidez e estabilidade financeira, uma vez que a relação de parceria é de longo prazo. 31 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 Figura 7 – Cadeia de suprimentos Fornecedor Fabricante Distribuidor Loja Fonte: Hoinaski (2017). É muito importante estabelecer um mecanismo que permita o acesso das informações entre todos os participantes da cadeia. Muitas empresas possuem as condições tecnológicas para tal, porém não as utilizam da forma mais adequada ao bom funcionamento da cadeia logística. Coronado (2000) aborda que o ideal é disponibilizar e compartilhar a informação com os demais participantes (transportadoras, fabricantes, fornecedores de componentes e de matéria-prima, dentre outros) a partir do momento em que o consumidor efetiva a compra. O autor ainda complementa que dar visibilidade às informações partindo do ponto de venda do produto, em tempo real, contribui para que todos os participantes gerenciem a verdadeira demanda de mercado de forma mais precisa, resultando na redução da necessidade de estoque na cadeia de suprimento de forma substancial. É fundamental a criação de um canal de comunicação para conectar todos os participantes e permitir o trânsito das informações do modo mais correto para o bom funcionamento da cadeia logística. 32 FONTES DE CAPITAL De acordo com a Figura 7 – Cadeia de Suprimentos, é possível perceber uma analogia à dependência do modal de transporte rodoviário de cargas em 61,1%. Isso pode gerar um caos na distribuição dos recursos para o sistema produtor. Veja a Figura 8, que apresenta a dependência logística desse tipo de modal. Figura 8 – Tipos de modais no Brasil (2016) Fonte: Via Brasil (2017), dados extraídos do boletim estatístico CNT, jul./out. (2016). Os dados dos tipos de modais na figura datam de 2016, mas até 2018 não houve alteração significativa. A maior concentração de transportes continua no modal rodoviário, tal situação pode gerar alguns tipos de problemas, como visto com a greve dos caminhoneiros, que iniciou em 21 de maio de 2018, durou 10 dias e gerou graves problemas de desabastecimento em todo o território nacional. Figura 9 – Greve dos caminhoneiros no Brasil em 2018 Fonte: Santos (2018). 33 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 O desabastecimento pode refletir em muitas áreas, como combustível, alimentação, saúde, dentre outras. Porém, em empresas que possuem controles logísticos eficazes, não há motivos para muito alarde, visto que com a greve dos caminhoneiros de 2018, o maior problema foi de distribuição e não de produção. O site O Globo esclarece o questionamento sobre se há risco de faltar comida da seguinte forma (COPLE; JULIÃO; NEVES, 2018): No WhatsApp, áudios e textos sugerem que as pessoas se previnam e passem a estocar alimentos. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), as redes mantêm um estoque médio de produtos não perecíveis e ‘a população pode ficar tranquila’. Contudo, a associação reconheceu que há problemas na distribuição de gêneros perecíveis. Ao menos 16 estados relataram problemas com o abastecimento (MT, MS, DF, TO, PA, PB, CE, PE, AL, BA, RJ, MG, ES, SP, SC e PR). A Abras diz que trabalha para que o governo ‘resolva o mais breve possível a situação’ e ‘busca sensibilizar’ as autoridades para que a população não sofra com a eventual elevação dos preços. Entende-se com isso que é importante que o Brasil invista em outras modalidades de distribuição logística, mas podemos afirmar que, de fato, a greve dos caminhoneiros tem sua lógica verdadeira no quesito redução dos preços dos combustíveis, porque o Brasil os produz e importa para atender à demanda interna, mas seus preços estão para lá de elevados. O abastecimento logístico, planejado de forma eficaz, segundo Ching demonstra na Figura 10, é muito importante porque “as empresas líderes utilizam a integração da cadeia logística para alcançar vantagens competitivas [...]” (2009, p. 68). 34 FONTES DE CAPITAL Figura 10 – Integração da cadeia logística Fluxo de processos otimizados Planejamento conjunto fornecedor/empresa/cliente Atendimento, disponibilidade, velocidade e qualidade Melhor preço do produto Melhor funcionalidade dos produtos Melhores características dos produtos Pesquisa em desenvolvimento em conjunto com marketing Design em conjunto com engenharia Tudo isso para agregar maior valor ao cliente final! • Melhor performance do negócio; • Lucratividade a longo prazo. Fonte: Ching (2009, p. 68). De modo geral, a implantação da cadeia de logística integrada requer reavaliações e possíveis mudanças significativas, em algumas situações, nos procedimentos internos e externos das empresas, especialmente no relacionamento com clientes e fornecedores. b) Ciclo de pedidos A realidade do mercado consumidor mudou drasticamente nos últimos anos. Determinados produtos possuem tempo de vida útil ou prazos de validade cada vez menores, como no caso dos produtos alimentícios. A própria tecnologia tem um grande efeito nestas características, pois mudam frequentemente e existe uma maior demanda por equipamentos avançados, modernos, ágeis e que constantemente precisam ser trocados no ambiente físico da empresa. A isso chamamos de cadeia de suprimentos responsiva, cuja pressão pela demanda de novos produtos no mercado faz com que o público consumidor, sejam empresas ou pessoas, exija cada vez mais novidades, gerando, assim, um ciclo vicioso entre consumo e produção. Segundo Christopher (2010, p. 116): Um dos maiores desafios que atualmente se impõe às organizações é a necessidade de responder a níveis cada vez maiores de volatilidade na demanda. Por várias razões, os ciclos de vida dos produtos e da tecnologia estão diminuindo, pressões competitivas forçam, com frequência, mudanças nos produtos, e os consumidores demandam variedades como jamais se viu. 35 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 O uso da mídia televisiva, por meio de propagandas com apelos visuais, é uma das opções de marketing que exerce forte influência na cadeia de suprimentos. A imagem de um ator famoso ou atriz famosa utilizando determinados produtos ou novas tecnologias provoca no consumidor o desejo de adquiri-los (produtos de beleza etc.) ou utilizá- las (celulares, computador, carros etc.). O resultado é o aumento da produção e maior movimentação da cadeia produtiva impulsionados pelo aumento do consumo. Em síntese, muitas vezes uma simples propaganda na TV exerce influência na demanda de consumo pelo produto, que, por sua vez, está diretamente ligada à determinação do volume de produção e, por consequência, possui reflexos em toda a cadeia de suprimentos. Christopher (2010, p. 116) prossegue em seu raciocínio dizendo que “para enfrentar esse desafio, a organização precisa concentrar seus esforços de modo que obtenha maior agilidade, a fim de responder em intervalos de tempo menores, tanto em termos de mudança de volume quanto em termos de mudança de variedade”.As empresas captam essa tendência de mercado e assim passam a se preocupar em desenvolver ou adaptar metodologias de enxugamento na cadeia produtiva para agilizar os processos de produção e atender ao mercado consumidor de forma rápida, pois ele está sempre em busca de novidades e quem não estiver preparado poderá sofrer dificuldades. Prossegue Christopher (2010, p. 117): A agilidade, [...], não é sinônimo de ‘enxugamento’, mas pode desenvolver-se a partir desse princípio. Em certo sentido, enxugamento significa fazer mais por menos. Tem origem no sistema de produção Toyota (TPS, do inglês Toyota production system) e sua preocupação com redução ou eliminação do supérfluo [...]. Como vimos, um exemplo é a Toyota, que adotou um programa para a redução dos desperdícios em todos os aspectos da produção, o que podemos visualizar na figura a seguir. O uso da mídia televisiva, por meio de propagandas com apelos visuais, é uma das opções de marketing que exerce forte influência na cadeia de suprimentos. A imagem de um ator famoso ou atriz famosa utilizando determinados produtos ou novas tecnologias provoca no consumidor o desejo de adquiri- los (produtos de beleza etc.) ou utilizá-las (celulares, computador, carros etc.). 36 FONTES DE CAPITAL Figura 11 – Ágil ou responsiva “Enxuta” funciona melhor em ambientes previsíveis, de alto volume e baixa variedade. A “agilidade” é necessária em ambientes menos previsíveis, nos quais a demanda por variedade é alta. Volume Va rie da de /v ar ia bi lid ad e Ágil Enxuto Ba ix a Baixo Al ta Alto Fonte: Christopher (2010, p. 118). Como o conceito de enxuta funciona melhor em ambientes previsíveis, de alto volume e baixa variedade de produtos, não há preocupação em controlar variedades de produtos, mas sim de administrar as pequenas variedades, porém de maior volume físico. Já em ambientes onde a agilidade torna-se necessária, acontece apenas em ambientes menos previsíveis, nos quais a demanda por variedade de produtos é alta, e assim a empresa necessita de agilidade na sua administração de processos. Podemos chamar esse espaço-tempo de demanda e produção de lead-time. Mas, o que vem a ser esse lead-time? Lead-time é o tempo da emissão do pedido até o recebimento dos produtos desse pedido, porque neste processo ainda há etapas a serem geridas, tais como a entrada do pedido, seu processamento, sua montagem e seu transporte. Do ponto de vista do cliente, existe apenas um lead-time: aquele que decorre entre o pedido e a entrega. [...]. Da perspectiva do fornecedor, tão importante quanto isso é o tempo que se leva para converter um pedido em caixa e, de fato, o tempo total em que o capital de giro é utilizado, desde a compra de materiais, até o momento em que é recebido o pagamento do cliente (CHRISTOPHER, 2010, p. 151-152). Veja na figura a seguir os principais componentes do ciclo do pedido. Lead-time é o tempo da emissão do pedido até o recebimento dos produtos desse pedido, porque neste processo ainda há etapas a serem geridas, tais como a entrada do pedido, seu processamento, sua montagem e seu transporte. 37 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 Figura 12 – O ciclo do pedido Cliente faz o pedido Entrada do pedido Processamento do pedido Montagem do pedido Transporte Pedido rece- bido Fonte: Christopher (2010, p. 152). Há várias etapas no desenvolvimento do ciclo do pedido, e cada uma delas demanda um tempo consumido na cadeia de suprimentos. A tarefa do gestor da empresa é empenhar-se para reduzir o lead-time das etapas do ciclo de distribuição de materiais. Acerca dos impactos da cadeia de abastecimento e os impactos nas organizações e na sociedade, Bertaglia (2009, p. 4) contribui com exemplo prático da seguinte forma: O nosso dia a dia está repleto de exemplos de comportamento relacionados às demandas que desencadeiam atividades muito parecidas com aquelas executadas dentro das organizações. A preparação de uma feijoada exige processos administrativos e logísticos importantes, tais como: estimativa de demanda, que irá variar em função do número de pessoas; compra de ingredientes; armazenagem dos ingredientes, alguns exigindo tratamentos especiais; tempo de preparação, distribuição do produto e retroalimentação – quando os consumidores emitem opiniões, favoráveis ou não – relacionadas diretamente à qualidade da feijoada, acomodação, ambiente e outros. As empresas que atuam na área de gestão da cadeia de suprimentos devem observar fatores, como número da demanda a ser atendida, as necessidades dos seus clientes e o tempo necessário para dispor esses recursos para que a empresa possa processá-los e melhor atender aos clientes. Para isso, podemos observar na figura a seguir a importância de identificar o tempo consumido de acordo com a variabilidade do pedido. 38 FONTES DE CAPITAL Figura 13 – Ciclo total do pedido com variabilidade Fonte: Adaptado de Christopher (2010, p. 153). Observe que cada etapa do ciclo do suprimento de materiais possui um tempo necessário para a execução de cada atividade, partindo da comunicação do pedido, depois sua entrada e processamento, a separação ou produção e, em seguida, o devido transporte dos produtos até o momento em que o cliente recebe o pedido. No exemplo da figura anterior há um lead time de 15 dias do ciclo inteiro. Há a necessidade de identificar o lead-time de cada etapa para evitar que ocorram falhas em alguma delas. O administrador dos materiais da empresa precisa estar atento ao lead time do ciclo da logística de suprimentos para adequar a qualidade ao menor tempo possível na entrega do produto final. Por sua vez, quando existe a previsibilidade da demanda de produtos, os tempos para reabastecimento são curtos e a melhor ferramenta de gestão da cadeia de suprimentos responsiva é o tipo Kanban. O Kanban é um sistema que, por medidas de sinalização, controla os fluxos de produção ou transportes em uma indústria. Essa é uma filosofia de reabastecimento de forma continuada, em que a reposição dos materiais é feita à medida que o produto é vendido ou usado (isso ocorre em casos extremos de administração da cadeia de suprimentos). Veja na figura a seguir o funcionamento das estratégias genéricas para a cadeia de suprimentos. Por sua vez, quando existe a previsibilidade da demanda de produtos, os tempos para reabastecimento são curtos e a melhor ferramenta de gestão da cadeia de suprimentos responsiva é o tipo Kanban. 39 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 Figura 14 – Estratégias genéricas para a cadeia de suprimentos Fonte: Christopher (2010, p. 119). Podemos ter lead time diferentes de acordo com a produção enxuta, pois ela será em grande escala, e há menor necessidade de emissão de pedidos entre um lote de produção e outro. O lead time curto existe em modelos de produção com a metodologia Kanban, pois as reposições dos estoques são feitas à medida que determinados volumes de insumos vão sendo consumidos, assim, há necessidade de encurtar o tempo de reposição dos produtos com maior número de emissão de pedidos. Estratégias para Administração de Estoques Os estoques são constituídos de bens tangíveis ou intangíveis e podem ser adquiridos ou produzidos pela empresa com objetivo de venda ou utilização própria no curso normal de suas atividades. Eles representam um dos ativos mais importantes do capital circulante no balanço patrimonial e da posição financeira de uma empresa. Para uma apuração adequada do lucro líquido do exercício, é essencial a correta posição da quantidade de estoque no início e fim do período contábil. Por ser um setor ou departamento intimamente ligado às principais áreas de operação da empresa, envolve aspectos da administração, controle, contabilização e, principalmente, de avaliação. A preocupaçãoque os gestores precisam ter em relação aos estoques da empresa está pautada em saber o momento certo para a aquisição das mercadorias, o volume mínimo necessário das A preocupação que os gestores precisam ter em relação aos estoques da empresa está pautada em saber o momento certo para a aquisição das mercadorias, o volume mínimo necessário das quantidades de mercadorias para evitar estoques em demasia e o nível de segurança dos estoques mínimos que a empresa precisa manter para atender à demanda da produção. 40 FONTES DE CAPITAL quantidades de mercadorias para evitar estoques em demasia e o nível de segurança dos estoques mínimos que a empresa precisa manter para atender à demanda da produção. Além disso, o montante de capital investido em estoque também faz parte das preocupações do gestor da empresa. No que tange às principais características dos estoques diante de variações nos índices de preços, Assaf Neto (2010, p. 627) aborda que: A presença de um fenômeno inflacionário provoca, normalmente, aviltamento nos valores finais do fluxo de itens monetários. Os valores monetários do disponível e realizável mantidos por uma empresa perdem substância quando expostos à inflação e, desde que não haja uma perfeita compensação proveniente de ganhos inflacionários sobre os passivos monetários, a diferença irá refletir- se necessariamente no aviltamento do lucro. Em ambientes de elevações nos índices de preços da economia, deve a empresa minimizar, tanto quanto possível, seus investimentos em ativos monetários, como forma de reduzir suas perdas inflacionárias (a não ser que consiga tê-los rendendo correção e/ou juros que pelo menos compensem essas perdas). O valor do capital investido deve ser confrontado com o chamado giro de estoques. A este respeito, Ballou (2011, p. 204) diz que: A armazenagem de mercadorias prevendo seu uso futuro exige investimento por parte da organização. O ideal seria a perfeita sincronização entre oferta e demanda, de maneira a tornar a manutenção de estoques desnecessária. Entretanto, como é impossível conhecer exatamente a demanda futura e como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento, deve-se acumular estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias e minimizar os custos totais de produção e distribuição. O giro de estoque corresponde ao número de vezes em que o estoque está sendo consumido na sua totalidade em determinado período (geralmente de um ano). Acompanhe um exemplo de cálculo de giro de estoques: Tomemos um determinado produto que tenha realizado vendas anuais na ordem de R$ 1.000.000,00, com um investimento médio em estoque no valor de R$ 100.000,00. Isso representa um giro médio de investimentos em dez vezes durante um ano, o que significa que o estoque foi reposto dez vezes durante esse período. 41 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 Segundo Bertaglia (2009, p. 334), a fórmula para o cálculo do giro do estoque é: Nessa situação, as vendas anuais têm relação com o valor ou quantidade vendida durante o período de um ano, e o estoque médio está relacionado à quantidade média ou ao valor médio dos recursos que foram mantidos em estoque. Caso o gestor financeiro queira optar em conhecer o giro de estoque em dias, deve-se utilizar 365 dias do ano civil e dividir pelo giro do estoque. De acordo com o exemplo, o giro é de dez vezes, então, 365/10 = 36,5 dias é a média que a empresa mantém seus recursos em estoque. E assim é possível planejar as novas aquisições de insumos, se necessário for. a) Conceitos e técnicas para controle de estoques As técnicas para controle de estoque devem atender a situações, como necessidades de produção e estratégias de marketing da empresa. Em muitos casos as empresas têm um alto volume de investimentos em estoque, mas dependem das políticas de marketing para o seu giro. Vamos observar a Tabela 1, onde constam os percentuais de investimentos em estoque de algumas empresas conceituadas. As técnicas para controle de estoque devem atender a situações, como necessidades de produção e estratégias de marketing da empresa. Tabela 1 – Dados selecionados de algumas empresas fabricantes e comerciais de produtos industriais e de consumo ($ milhões) Empresa Vendas Lucro líquido Ativos totais Invest. em estoques % de estoque Johnson & Johnson 13.753 1.030 11.884 1.742 14,70 RJR-Nabisco 15.734 319 32.041 2.776 8,70 Dow Chemical 18.971 276 25.360 2.692 10,60 Bergen Brunswig 5.048 61 1.412 548 38,80 Fleming Companies 12.938 113 3.118 959 30,80 Ace Hardware 1.871 61 595 213 35,80 Kmart 37.724 941 18.931 8.752 46,20 JC Penney 18.009 777 13.563 3.258 24,00 Dillards 4.714 236 4.107 1.106 26,90 Fonte: Bowersox e Closs (2010, p. 224). 42 FONTES DE CAPITAL Podemos observar que algumas empresas, como a Johnson & Johnson e a Nabisco, possuem um percentual de investimentos em estoque relativamente baixo, o que denota que seus ramos de atuação possivelmente proporcionam um giro mais rápido dos estoques (e possivelmente maior geração de caixa). As demais empresas possuem elevados percentuais de investimentos em estoque, sendo que a maioria está na ordem de 30% a 40% em relação aos seus ativos totais (provavelmente menor geração de caixa). Isso demonstra que, possivelmente, essas empresas têm um lead-time maior e assim, o tempo de processamento e de giro destes estoques também é grande. Talvez um bom trabalho em marketing possa contribuir para que esses estoques tenham um giro mais rápido e desse modo, as empresas possam reduzir o volume de recursos investidos nesta área. Chopra e Meindl (2003, p. 226, grifo dos autores), a este respeito, enfatizam que: O nível de disponibilidade do produto é medido usando-se o nível de serviço por ciclo ou o grau de atendimento. O nível de disponibilidade do produto mede a fração de demanda do cliente que é satisfeita com o estoque disponível. O nível de disponibilidade do produto é também denominado nível de serviço ao cliente. O nível de disponibilidade do produto é parte importante da responsividade de qualquer cadeia de suprimento. A cadeia de suprimento pode adotar um alto nível de disponibilidade do produto para melhorar sua responsividade e atrair consumidores. Isso aumenta as receitas da cadeia de suprimento devido ao crescimento nas vendas e à garantia de disponibilidade do produto quando os clientes aparecem para efetuar uma compra. Entretanto, o alto nível de disponibilidade do produto exige grandes estoques e grandes estoques costumam elevar os custos da cadeia de suprimento. Observa-se então que uma boa ferramenta para controle de estoque e uma contribuição para a minimização dos custos da cadeia de suprimento está no uso do cálculo do ponto de ressuprimento, que vamos estudar a partir da próxima seção. b) Planejamento do inventário Uma das características mais importantes da logística de suprimentos é o planejamento do inventário dos estoques. Como é um recurso que demanda elevados valores de investimentos e é o principal item gerador das riquezas da empresa, nada mais importante que tomar certos cuidados na gestão desses recursos. Mas como geri-los? Uma das formas utilizadas na gestão é a identificação da quantidade a ser adquirida e a definição adequada da época para que ocorram estas aquisições. Uma das características mais importantes da logística de suprimentos é o planejamento do inventário dos estoques. 43 Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 • Quando pedir a reposição do estoque Várias empresas sofrem com diversos fatores externos a ela e que condicionam sua existência no mercado. Dentre alguns fatores, citam-se o marketing e as políticas do governo. Por exemplo, existem incentivos a determinados segmentos industriais, como o automobilístico e o de produtos eletrodomésticos, que estão relacionados à redução da
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