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5 - Fontes de Capital

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FONTES DE CAPITAL
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Valdecir Knuth
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Graciele Alice Carvalho Adriano
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
K74f
 Knuth, Valdecir
 Fontes de Capital. / Valdecir Knuth – Indaial: UNIASSELVI, 
2018.
 186 p.; il.
 ISBN 978-85-53158-45-4
1. Fontes de capital – Brasil. 2.Capital de giro – Brasil. II. Cen-
tro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 658.15244
Valdecir Knuth
Possui Mestrado (stricto-sensu) em Ciências 
Contábeis com concentração em Controladoria, 
Especialização (lato-sensu) em Contabilidade 
Gerencial e Graduação em Ciências Contábeis.
 
Atualmente, é professor e pesquisador em cursos de 
Graduação (desde 1996) e Pós-Graduação (Especialização/
lato-sensu desde 2001) na área de Contabilidade 
com ênfase em Controladoria e Auditoria (Controles 
Internos/Sarbanes Oxley), Contabilidade Geral, Custos 
(principalmente nos seguintes temas: Gestão de Custos e 
de Resultados, Sistemas de Custeio, Método de Custeio e 
Orçamentos).
 
É autor de materiais de estudos nas áreas de Orçamento 
Empresarial, Empreendedorismo, Custos Industriais, 
Contabilidade de Custos, Engenharia Econômica, 
Controladoria, Contabilidade Social e Ambiental.
 
Atua como consultor empresarial nas áreas de 
custos e orçamentos. É sócio da empresa P2B 
Consulting Consultoria, Assessoria e Treinamento 
Empresarial Ltda.
Contador CRC – SC-022526/0-8
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................07
CAPÍTULO 1
Decisões Financeiras de Curto e Longo ..................................09
CAPÍTULO 2
Decisões Estratégicas de Financiamentos ..............................91
CAPÍTULO 3
Decisões Táticas de Financiamentos .......................................141
APRESENTAÇÃO
As vezes as empresas iniciam suas atividades com recursos financeiros 
escassos, o que pode limitar bastante o campo de atuação dos gestores. Isto 
reflete consideravelmente no resultado operacional destas empresas, podendo até 
comprometer sua perenidade no mercado.
Diversos fatores como a inadimplência, o risco país, o risco político na nação 
onde a empresa está instalada, a desconfiança dos investidores sobre os gestores da 
empresa, corroboram com a derrocada das estruturas tradicionais de financiamento 
das atividades operacionais das empresas, promovidas pelas fontes de capital próprio.
É sabido que apenas um investidor não consegue promover o auge da empresa, 
e que muitas vezes necessita obter recursos em outras fontes, como as que serão 
estudadas neste livro.
Para tanto, a disciplina “Fontes de Capital” proporcionará o conhecimento e 
aprendizado das várias formas de obter recursos financeiros para aplicar nas atividades 
operacionais da empresa, bem como compreender como isso traz oportunidades de 
melhorias nos resultados econômicos e financeiros.
No capítulo 1 iremos estudar as decisões financeiras de curto e longo prazo. No 
curto prazo, é imprescindível avaliar o Capital de Giro da empresa. Desta forma, os 
recursos financeiros que estão aplicados nas contas contábeis do Ativo Circulante devem 
ser superiores aos valores que constam nas contas contábeis do Passivo Circulante. 
Isso que dizer que a empresa é obrigada a ter valores disponíveis em bens e direitos 
(ativo) maiores que os valores que estão registrados no seu passivo (dívidas e demais 
obrigações), pois, caso contrário, esta empresa apresentaria comportamento duvidoso em 
relação à qualidade dos seus gestores. Nesta situação, ter maiores valores no passivo do 
que no ativo, significa maior dependência de capitais de terceiros. Para evitar esta “maior 
dependência de capitais de terceiros”, é importante que os gestores utilizem a regra dos 
10%, ou seja, realizar uma reserva financeira para utiliza-la em momentos de escassez de 
recursos financeiros.
Também serão estudadas as características da Administração das Contas 
a Receber, onde serão observados os possíveis comportamentos na avaliação 
da liquidez da empresa, no caso de esta praticar o aumento das vendas. Além de 
aumentar as contas a receber, outras contas contábeis aumentarão seus valores.
A administração dos estoques também é importante na empresa, pois é pelo 
ciclo de pedidos que os gestores conseguem perceber que cada etapa do ciclo de 
suprimento de materiais possui um tempo necessário para a execução de cada 
atividade, partindo da comunicação do pedido, depois sua entrada e processamento, 
a separação ou produção e, em seguida, o transporte dos produtos até o local em que 
o cliente recebe o pedido.
É importante frisar que estudar os métodos de avaliação de investimentos 
permitirá aos gestores da empresa compreender em quanto tempo o investimento 
gera o retorno esperado para os investidores.
No capítulo 2, estudaremos as decisões estratégicas de financiamento, que 
envolve a estrutura de capital, que é formada por capital próprio (Ke), ou recursos 
dos sócios, e capital de terceiros (Ki) ou empréstimos e financiamentos de instituições 
financeiras. Esses recursos são necessários para que a empresa possa operar e 
permanecer atuante no mercado.
Ao estudar as origens de recursos financeiros da empresa, identificaremos os cinco 
principais fatores que influenciam as decisões de estrutura de capital, que são: o risco do 
negócio, a posição tributária da empresa, a flexibilidade financeira, a agressividade ou o 
conservadorismo administrativo e, por fim, a oportunidade de crescimento. 
Com esses aspectos avaliados, é possível também estudar o custo de capital, 
o qual permite identificar que o custo de capital da empresa inteira é igual à média 
ponderada dos custos dos diversos componentes de sua estrutura de capital. Pelo 
Custo do Capital o gestor poderá: a) proceder ao ajuste da estrutura patrimonial pelos 
ativos não operacionais; b) apurar o lucro operacional; c) apurar o CMPC (Custo 
Médio Ponderado do Capital); d) determinar o EVA (apuração do Economic Value 
Added - Valor Econômico Adicionado de acordo com o lucro operacional ideal que a 
empresa deverá atingir e pagar o valor do custo de capital de terceiros e do custo do 
capital próprio). 
Os riscos do negócio, o risco financeiro da empresa e, assim, o risco operacional, 
são decorrentes do ativo da empresa, da natureza de sua atividade. O risco financeiro 
está diretamente relacionado com a gestão do fluxo de caixa da empresa. E é a partir 
desta etapa que serão estudados o Grau de Alavancagem Operacional e o Grau de 
Alavancagem Financeira.
No capítulo 3, estudaremos o que são as decisões táticas de financiamento. 
Neste tipo de decisão, temos a opção do Leasing. Muitas empresas ou pessoas têm 
optado pelo contrato do leasing porque há possibilidade de alocar o valor integral do 
bem objeto do contrato, e as taxas nessa modalidade são bem inferiores pelo fato de 
o bem permanecer em nome da instituição financeira (arrendador). E uma das razões 
de as empresas fazerem um leasing é a de que elas não têm a capacidade de tomar 
empréstimo para comprar um ativo. O arrendamento mercantil ou contrato de leasing 
operacional, em geral, serve tanto para fins de financiamento como para manutenção 
dos equipamentos nas atividades operacionais na empresa.
Também serão estudadosos warrants e os conversíveis. Entende-se por warrant 
um título de crédito formal e causal que exerce o pressuposto de uma operação 
de crédito e está amparado em uma promessa de pagamento. Em relação aos 
conversíveis, o índice de conversão é o número de cotas de ações pelas quais cada 
título pode ser trocado. O valor de conversão do mercado é o valor corrente das ações 
pelas quais os títulos podem ser trocados.
É importante estudar cada capítulo com bastante atenção e realizar as atividades 
de estudos. Lembre-se! O conteúdo apresentado nesta disciplina tem a finalidade de 
enriquecer os seus conhecimentos, aumentando a capacidade de colocar em prática 
na sua vida profissional, procure atualizar-se sempre, pois as exigências do mercado 
nos impõem desafios constantes e a busca do conhecimento aliada à determinação e 
ao desenvolvimento, é fundamental. 
Tenha um excelente estudo!
Prof. Valdecir Knuth
CAPÍTULO 1
Decisões Financeiras de Curto e 
Longo Prazo
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Entender como o capital de giro da empresa contribui para o equilíbrio financeiro 
e gestão do fluxo de caixa.
� Compreender os aspectos da gestão das contas a receber e estoques da 
empresa para a otimização do seu fluxo de caixa.
� Entender quais são os tipos de investimentos existentes para integrar o fluxo de 
caixa incremental e avaliação em condições de risco.
� Analisar a gestão dos ativos (caixa, conta a receber e estoques) como fatores 
determinantes na geração do capital de giro da empresa (fluxo de caixa 
operacional) e identificar de que forma os recursos podem ser investidos em 
condições de risco a curto e longo prazo.
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 FONTES DE CAPITAL
11
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
Contextualização
Neste capítulo, vamos estudar o capital de giro e sua importância para o 
equilíbrio financeiro de uma empresa.
O capital de giro é a diferença entre os recursos investidos no ativo circulante 
e o passivo circulante da empresa, e deve ser o suficiente para manter as suas 
atividades operacionais. Sua boa gestão resulta em mais recursos no ativo do 
que no passivo. A situação contrária, isto é, mais recursos no passivo circulante 
e menos no ativo circulante gera o capital circulante líquido negativo. Em outras 
palavras, cria a necessidade de capital de giro – NCG.
Também vamos abordar, neste capítulo, o custo do estoque e os tipos de 
controles que a empresa poderá adotar para gerenciar este, que é um ativo, do 
qual se pode dizer com toda a propriedade, que é um dos mais importantes da 
empresa, porque é no estoque dos produtos acabados que se agrega valor ao 
produto para gerar riqueza aos investidores. 
Capital de Giro e Equilíbrio 
Financeiro
É importante que as empresas tomem determinados cuidados 
com a administração do capital de giro, pois envolve diretamente as 
decisões das compras e vendas. Para prevenir problemas financeiros, 
evitar buscar fontes de recursos de terceiros e onerar juros, a empresa 
somente poderá adquirir produtos para as suas atividades operacionais 
se tiver uma boa gestão de contas a receber. 
Entende-se, portanto, que a administração do capital de giro possibilita 
aos gestores da empresa excelência na execução das atividades de 
estocagem, compra de materiais e demais insumos, de planejamento da 
produção, de venda dos produtos (mercadorias e serviços) e por final, de 
estabelecimento de prazo de recebimento. 
Os administradores das empresas têm-se mostrado bastante 
preocupados com a gestão do capital de giro, principalmente, em 
função da escassez de recursos com custo financeiro menor e também 
pelo aumento da concorrência vinda de empreendedores de empresas 
de pequeno porte.
A administração 
do capital de 
giro possibilita 
aos gestores da 
empresa excelência 
na execução das 
atividades de 
estocagem, compra 
de materiais e 
demais insumos, 
de planejamento 
da produção, de 
venda dos produtos 
(mercadorias e 
serviços) e por final, 
de estabelecimento 
de prazo de 
recebimento.
12
 FONTES DE CAPITAL
Conforme Wenzel (2018, s.p.), “[...] em 2017, a abertura de empresas 
cresceu 22,3% no Estado, maior incremento desde 2012. Os dados da 
Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável e da Junta Comercial 
de SC (Jucesc) apontam 96,5 mil novos cadastros no ano passado, incluindo os 
microempreendedores individuais (MEIs)”.
Com esse aumento do número de empresas que buscam tecnologias de 
outros países, percebe-se a introdução de novas técnicas de produção para a 
melhoria na qualidade dos produtos. Os gestores das empresas passaram a 
melhor gerenciar os recursos financeiros de curto prazo (circulante empresa), 
deixando a área do capital de giro mais especializada e desenvolvida.
O capital de giro corresponde aos ativos circulantes mantidos pela empresa e 
representa o valor total dos recursos para financiar o ciclo operacional da empresa.
Figura 1 – Representação gráfica do ciclo operacional
Compra
Pagamento
para
fornecedor
Venda Recebimento
Ciclo Financeiro
Ciclo Operacional
Legenda:
PME = Prazo médio de estoques
PMP = Prazo médio de pagamento ao fornecedor
PMRV = Prazo médio do recebimento das vendas
Fonte: Disponível em: <http://www.p1p.com.br/capital-de-giro/>. Acesso em: 28 maio 2018.
Conforme a Figura 1, observa-se que o ciclo operacional é o período 
identificado desde a compra da matéria-prima até a venda e recebimento do 
produto vendido. O ideal é que as empresas possam, dentro do ciclo operacional, 
receber os valores das vendas aos clientes antes do pagamento aos fornecedores. 
Assaf Neto e Lima (2011, p. 659) contribuem com uma visão do ciclo operacional 
e financeiro, conforme demonstram na figura a seguir.
13
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
Figura 2 – Ciclo operacional e financeiro completo
Ciclo Operacional (sete meses)
Compra de
matéria-prima Pagamento Produção Recebimento
Estocagem de
produtos
acabados
Venda
Prazo de
pagamento a
fornecedores
Prazo de
estocagem
de produtos
acabados
Tempo
Prazo de
recebimento
de vendas
Prazo de estocagem de
matérias-primas
Ciclo de caixa (cinco meses)
(Necessidades de recursos)
dois
meses
dois
meses
um
mês
um
mês
um
mês
Prazo de
produção
Fonte: Assaf Neto e Lima (2011, p. 659).
Em relação às informações advindas da contabilidade, como podemos 
identificar o capital de giro da empresa? Respondendo a este questionamento, 
Assaf Neto (2010, p. 554) afirma que:
O capital de giro corresponde ao ativo circulante de 
uma empresa. Em sentido amplo, o capital de giro 
representa o valor total dos recursos demandados 
pela empresa para financiar seu ciclo operacional, 
o qual engloba [..] as necessidades circulantes 
identificadas desde a aquisição de matérias-primas 
até a venda e o recebimento dos produtos elaborados.
De modo geral, é possível ter uma ideia do funcionamento do capital de giro 
da empresa, que compatibiliza as movimentações dos recursos financeiros (contas 
a receber e a pagar) com os recursos dos estoques de materiais, evitando assim 
estocagem ociosa de materiais (dinheiro parado é dinheiro perdido). Também 
previne a possível falta de materiais em estoque, o que acarretaria a necessidade 
de compras urgentes e, consequentemente, o pagamento de preços maiores e 
eventuais juros de empréstimos de curto prazo para a compra dos estoques.
A figura a seguir retrata o fluxo de capital de giro de acordo com o ciclo de 
produção e venda de uma empresa industrial.
O capital de giro 
representa o valor 
total dos recursos 
demandados pela 
empresa para 
financiar seu ciclo 
operacional.
14
 FONTES DE CAPITAL
Figura 3 – Fluxo do capital de giro
Contas a pagar
Caixa
Contas a receber
Cobrança
FaturamentoBens e Serviços
Estoques
Compras
Fonte: Portal Saúde e Cidadania (2018, n.p.).
Em relação ao ciclo da administração do caixadas empresas multinacionais, 
segundo Eiteman, Stonehill e Moffet (2002, p. 398), dá-se da seguinte forma: 
O caixa desembolsado para operações é reposto através de 
duas fontes: (1) rotatividade internacional do capital de giro 
e (2) fontes externas, tradicionalmente empréstimos de curto 
prazo. Os empréstimos de curto prazo também podem ser 
‘negativos’, como quando um caixa excedente é usado para 
pagar um empréstimo de curto prazo em circulação.
Veja a figura a seguir:
Figura 4 – Ciclo da administração de caixa
Empréstimos de curto
prazo e/ou amortizações.
Saldo de caixa
operacional
Estoques Estoques
Fonte: Eiteman, Stonehill e Moffet (2002, p. 399).
15
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
É comum empresas multinacionais (EMN) realizarem empréstimos via 
intercompany, os quais são pagos com as atividades operacionais da empresa 
filial. A empresa matriz do país de origem da multinacional, por exemplo, os 
Estados Unidos, empresta valores para a filial no Brasil, que, por sua vez, devolve 
os recursos financeiros para a empresa matriz com o caixa gerado pelas suas 
atividades operacionais de compras e vendas.
Com base em Assaf Neto (2010, p. 555), na Figura 5, vamos avaliar o fluxo 
dos recursos da empresa, com uma visão mais detalhada dos recursos das 
vendas no período de curto prazo e vendas de longo prazo.
Figura 5 – Movimentação de recursos do capital de giro
Recursos
aplicados
no ativo
circulante
Estoque
de
produtos
acabados
Disponível Estoque demateriais
Realizável
Produção
Vendas a
vista
Vendas a
prazo
Fonte: Assaf Neto (2010, p. 555).
De acordo com a Figura 5, os recursos aplicados no ativo circulante 
estão representados na conta de Disponibilidades (Disponível). Com 
estes recursos são adquiridos os estoques de materiais utilizados na 
produção, onde são transformados em estoques de produtos acabados 
que serão comercializados com vendas à vista (entrada imediata de 
recursos financeiros no caixa) ou com vendas a prazo.
As vendas a prazo possuem um período maior para gerarem 
caixa. Isso não necessariamente é um problema, pois as duplicatas 
das vendas a prazo podem ser transformadas em caixa por uma 
As vendas a prazo 
possuem um período 
maior para gerarem 
caixa. Isso não 
necessariamente é 
um problema, pois as 
duplicatas das vendas 
a prazo podem 
ser transformadas 
em caixa por 
uma operação 
de Desconto de 
Duplicatas em rede 
bancária, antecipando 
a entrada do caixa.
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 FONTES DE CAPITAL
operação de Desconto de Duplicatas em rede bancária, antecipando a entrada do 
caixa. Porém, se isso não for possível, o que compensaria a necessidade do caixa 
seria a empresa ter um volume considerável de recursos financeiros advindos do 
capital social dos sócios.
Entende-se, dessa forma, que as atividades operacionais da empresa filial 
geram caixa em função das suas vendas realizadas no país instalado, para 
atender aos clientes locais. 
Contudo, há um certo “problema” em relação a este tipo de operações, como 
são empresas localizadas em países distintos, os resultados financeiros poderão 
ter profundo impacto com as variações cambiais das moedas de cada país. 
Conforme Eiteman, Stonehill e Moffet (2002, p. 398):
As EMNs têm uma variável adicional: as taxas de câmbio, 
que fazem com que a quantia de fundos pagos ou recebidos 
em uma moeda varie quando avaliada em outra moeda. Três 
orçamentos de caixa podem ser preparados por um EMN: 
um para cada entidade nacional, um para cada moeda usada 
dentro do sistema e um para a entidade mundial como um todo. 
O último necessita de um acordo sobre uma taxa de câmbio 
dentro da empresa para ser usada com fins de orçamento 
interno. Essa taxa é essencialmente uma previsão.
Um exemplo meramente hipotético desse tipo de variação cambial é 
o seguinte: a empresa multinacional (EMN) filial localizada no Brasil toma 
emprestado recursos financeiros da empresa matriz no exterior na ordem de 
US$ 4.000.000,00 (quatro milhões de dólares), à taxa de R$ 3,35 por dólar, o 
que resultará no valor do empréstimo em moeda nacional de R$ 13.400.000,00 
(treze milhões e quatrocentos mil reais). Mas, se a empresa filial pagar esse 
empréstimo dentro de alguns meses e a taxa de câmbio do dólar tiver sofrido 
valorização (moeda REAL brasileira desvalorizada) na ordem de R$ 3,85 por dólar, 
a empresa filial no Brasil pagará para a empresa matriz, nos Estados Unidos, 
os mesmos US$ 4.000.000,00 (com algum valor de juros sobre o empréstimo) 
do valor principal, porém, em moeda brasileira, o valor ficará na ordem de R$ 
15.400.000,00 (quinze milhões e quatrocentos mil reais). Isso representaria um 
desembolso adicional em moeda brasileira (pela simples desvalorização cambial) 
no valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). 
Essa perda de R$ 2.000.000,00 não possui relação alguma com a taxa de 
juros do empréstimo, mas sim com a simples variação cambial da moeda norte-
americana em relação à moeda brasileira. Para a empresa filial no Brasil absorver 
esse impacto, uma das medidas é aumentar as vendas com os investimentos 
realizados na expansão da produção.
17
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
Para que as empresas possam manter equilibradas suas contas e honrar 
seus compromissos financeiros, de acordo com a equipe do site Empréstimo 
(2015), é importante observar algumas regras (dicas): 
a) Regra dos 10%
Esta é uma dica facilmente aplicada nas empresas, justamente para criar 
uma reserva financeira para as atividades operacionais. Os 10% são meramente 
sugestivos, esse percentual pode ser maior.
De acordo com a Deliberação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM 
644 (2010), que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1), do Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis sobre ativo intangível, em seu artigo 41, inciso (a):
41 As entidades envolvidas na compra e venda de ativos 
intangíveis podem desenvolver técnicas para mensurar 
indiretamente os seus valores justos. Essas técnicas podem 
ser utilizadas para a mensuração inicial de ativo intangível 
adquirido em combinação de negócios se o seu objetivo for 
estimar o valor justo e se refletirem operações e práticas 
correntes no setor a que esses ativos pertencem. Estas 
técnicas incluem, conforme o caso:
(a) desconto de fluxos de caixa futuros líquidos do ativo;
Com a criação da reserva financeira das atividades operacionais, 
a empresa pode determinar qual é seu fluxo de caixa operacional 
líquido descontado e apurar a reserva de capital de giro necessária 
para a manutenção das suas atividades operacionais. A figura a seguir 
demonstra a aplicação dos 10% como reserva de capital de juros a 
partir das receitas de vendas da empresa.
Com a criação da 
reserva financeira 
das atividades 
operacionais, a 
empresa pode 
determinar qual é 
seu fluxo de caixa 
operacional líquido 
descontado e apurar 
a reserva de capital 
de giro necessária 
para a manutenção 
das suas atividades 
operacionais.
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19
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
O valor da reserva financeira deve ser realizado com base nas receitas de 
vendas da empresa, e o valor do caixa gerado depende muito da política de 
crédito e cobrança da empresa.
Se uma empresa auferiu receitas de vendas na ordem de R$ 10.000.000,00 
(dez milhões de reais) em um ano, significa que deverá realizar a reserva na ordem 
de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). E assim sucessivamente para cada ano.
A linha da variação no capital de giro é o valor que a cada ano deverá ser 
alocado do saldo da conta caixa e bancos e transferir para a sua reserva.
O coeficiente “G” é a perspectiva do crescimento da empresa no mercado 
durante o período de 2017 e 2022 em 6,5% ao ano. Em 2023, o período da 
estabilidade pressupõe a taxa de crescimento na ordem de 4%.
Dessa forma, o gestor teria na sua conta de reserva de capital de giro o valor 
de R$ 1.424.890,13.
b) Planeje-se
 
Atualmente é essencial que os gestores planejem as atividades 
operacionais da empresa, assim como as receitas, custos dos produtos 
e despesas operacionais, com o objetivo de melhor geri-la e observar 
se em determinado momento ela não alcançou determinado resultado.
É importante que o gestor perceba qual mudança no mercado 
poderá prejudicar a empresa e assim elaborar novos planos para 
ajustar suas atividades operacionais.
c) Deve e não nega? Pague assim que puder
Talvez um dos maiores entraves na gestão de recursos da empresa são 
as próprias dívidas. Faça um planejamento do seu fluxo de caixa e não deixe 
muitas dívidas vencidas sem programação de pagamento. Separe e liquide 
primeiro as dívidas de menor valor, pois com menor quantidade de dívidas, há 
a sensação de alívio nas contas da empresa. Caso houver dívidas que não será possível 
liquidar no dia do vencimento, verifique se há muita incidência de juros ou não.
d) Desapegue
Caso a sua empresa possua algum tipo de imobilizado comum (móveis e utensílios) 
que não está sendo utilizado, venda-o. É melhor gerar caixa, mesmo de menor valor, e 
ao mesmo tempo, abrir maior espaço físico para planejar outras atividades.
Atualmente é 
essencial que os 
gestores planejem 
as atividades 
operacionais da 
empresa, assim 
como as receitas, 
custos dos produtos 
e despesas 
operacionais, com o 
objetivo de melhor 
geri-la e observar 
se em determinado 
momento ela 
não alcançou 
determinado 
resultado.
20
 FONTES DE CAPITAL
É importante frisar que há um risco ao vender imobilizado, que é inerente 
ao mercado concorrente, onde vender imobilizado (máquinas industriais) pode 
transferir tecnologia (mesmo que ultrapassada) para determinadas empresas de 
menor porte.
e) Aproveite os descontos
Todas as empresas, para a eficaz geração de caixa, deverão 
aproveitar todos os tipos de descontos possíveis. Isso se reflete no resultado 
econômico e financeiro delas. Por exemplo, se descontos no IPVA dos 
veículos da empresa são mais baratos no início do ano, então pague-o nesta 
época. Ou ainda, se a prefeitura da sua cidade faz um mutirão de IPTU, com 
descontos e isenção de taxas, inclusive para empresas, aproveite. Avalie 
cada pequeno desconto que as suas contas apresentam e ele se tornará um 
valor interessante ao final do exercício social.
Todas as empresas, 
para a eficaz 
geração de caixa, 
deverão aproveitar 
todos os tipos de 
descontos possíveis. 
Isso se reflete no 
resultado econômico 
e financeiro delas.
Administração de Caixa
Os gestores das empresas precisam estar atentos e observar alguns pontos 
básicos para a excelência na administração do caixa da empresa. Segundo o 
site CTP – Centro de Produções Técnicas (2018), o gestor pode se orientar na 
administração do fluxo de caixa, observando alguns pontos básicos, como: 
a) Estratégias que visam minimizar as necessidades de caixa: adotar 
políticas de negociação junto a fornecedores, implantar políticas de 
avaliação de crédito aos clientes e cobrança de duplicatas de forma 
a gerar caixa da forma mais rápida possível (fortalecer a marca da 
empresa para que ela possa determinar sua política de cobrança junto 
aos clientes), e de administração dos estoques, com o objetivo de 
evitar aquisições que eventualmente mostram-se desnecessárias para 
determinados períodos do exercício social. 
b) Política de aplicação dos excedentes de caixa: os gestores financeiros 
da empresa deverão aplicar os recursos excedentes com o objetivo de 
gerar mais caixa e, assim, incrementar a riqueza da empresa. 
c) Negociação de recursos para suprir os déficits de caixa: buscar 
recursos financeiros dos investidores ou instituições financeiras a baixo 
custo e evitar o comprometimento do resultado operacional da empresa 
para suprir essas necessidades financeiras. 
21
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
d) Estratégias para compor créditos e obrigações em uma mesma 
moeda: exige uma administração melhor preparada para entender e 
utilizar da melhor forma possível a complexa ferramenta financeira do 
câmbio, pois as oscilações cambiais podem trazer resultados negativos 
para as empresas, tanto no desembaraço aduaneiro com custo de 
estoque elevado ao nacionalizar a mercadoria importada com taxa de 
câmbio elevada como na despesa financeira com variação cambial 
negativa ao quitar importações com taxas cambiais elevadas.
Para as pessoas físicas e jurídicas manterem os níveis satisfatórios de caixa, 
Keynes (1982 apud Assaf Neto, 2010, p. 582-583) identifica três motivos, que são:
O primeiro, definido como motivo-negócio (ou “motivo-
transação”), é explicado pela necessidade que uma empresa 
apresenta de manter dinheiro em caixa para efetuar os 
pagamentos oriundos de suas operações normais e certas. 
Anteriormente, definiu-se o ciclo operacional de uma empresa 
como o intervalo de tempo compreendido entre a aquisição 
de matérias-primas e o recebimento da venda dos produtos 
elaborados. Nesse interregno foi identificado também o ciclo de 
caixa de uma empresa, [...], o qual abrange o intervalo entre o 
momento em que ocorrem os primeiros dispêndios financeiros 
(pagamentos de compras e outros fatores) e o do recebimento 
das vendas realizadas. No ciclo de caixa descrito, as empresas 
consomem recursos e precisam, consequentemente, manter 
certas reservas monetárias para suprir essas saídas ordinárias. 
O nível de caixa mantido por uma empresa para financiar esse 
período de transição é influenciado, [...], principalmente pelo 
valor da produção corrente (e, portanto, da renda corrente) 
e pela extensão do ciclo operacional. Na verdade, a falta de 
sincronização verificada entre os momentos dos recebimentos e 
dos vencimentos dos compromissos é que determina a demanda 
por caixa pelas empresas. Ao se admitir a certeza absoluta sobre 
os períodos e sobre os montantes dos fluxos de entradas e saídas 
de caixa, a demanda pelo dinheiro para fins de transação seria 
desnecessária. No entanto, como a certeza total (sincronização 
perfeita) é praticamente impossível, devido ao ambiente de 
incerteza que normalmente envolve os negócios e os naturais 
desajustes de mercado, a empresa deverá sempre manter 
recursos monetários em caixa para sustentar suas atividades 
normais. 
O segundo motivo [...] refere-se à precaução. O motivo 
transação previu a presença certa de dispêndios na atividade 
normal de uma empresa; a incerteza descrita estava associada 
às datas (momentos) e aos valores de seus fluxos de caixa. 
Não obstante, é comum ocorrerem certas despesas imprevistas 
e extraordinárias nos negócios empresariais (variações 
inesperadas nas rendas e nos preços de alguns fatores de 
produção,insolvência de clientes etc.), e, quanto maior for o 
saldo de caixa para enfrentar essas exigências monetárias 
inesperadas, tanto maior será a margem de segurança de 
atuação da empresa. Dessa maneira, o motivo precaução para 
22
 FONTES DE CAPITAL
a retenção de ativos de máxima liquidez por uma empresa é 
justificado pela diferença normalmente observada entre os 
fluxos monetários orçados e os reais.
O nível de caixa exigido pelo motivo precaução é função, 
naturalmente, da flexibilidade que uma empresa apresenta em 
captar recursos nos exatos momentos de suas necessidades 
extraordinárias. A facilidade de acesso imediato ao crédito 
permite que uma empresa trabalhe com maior taxa de retorno 
em razão da menor necessidade de manter saldo em caixa 
por precaução. Mais uma vez, o grau de aversão ao risco em 
relação a uma eventual falta de recursos disponíveis é que irá 
conciliar o aspecto de maior liquidez imediata ou retorno. 
Finalmente, o terceiro motivo citado refere-se à especulação. 
Por exemplo, o aproveitamento de oportunidades especulativas 
em relação a certos itens não monetários (estoques, 
normalmente), desde que a empresa acredite numa valorização 
atraente de seus preços, pode justificar maiores investimentos 
de caixa. Uma situação frequente ocorre no armazenamento 
de caixa para tirar proveito de certas aplicações financeiras 
cujos rendimentos apresentam-se atraentes para a empresa. 
Nos últimos anos pôde-se observar uma grande demanda por 
dinheiro pelas empresas (e pessoas também), com o intuito 
de adquirirem títulos e valores mobiliários, notadamente os de 
operações e preços fixos. A rentabilidade oferecida por essas 
aplicações assumiu percentuais bem elevados nos últimos 
anos, chegando, em diversos momentos, a exceder o retorno 
real sobre os ativos de muitas empresas.
Outro ponto importante a ser observado pelos gestores financeiros são as 
estratégias financeiras para a redução dos custos financeiros dos empréstimos, 
que, de acordo com o site CTP – Centro de Produções Técnicas (QUAIS OS 
PONTOS, 2018), são:
− Crédito seletivo e cadastro mais rigoroso em função da 
inadimplência elevada. 
− Giro rápido dos estoques (existem empresas fazendo reposição de 
estoques diariamente). 
− Negociações junto a fornecedores para obtenção de maiores prazos de 
pagamentos.
− Negociações de compras à vista com descontos elevados, otimizando a 
aplicação dos excedentes de caixa. 
− Planejamento tributário visando reduzir a carga tributária e aliviar o caixa.
KEYNES (1982 apud ROSS; WESTERFIELD; JORDAN, 2010, p. 436, grifos 
dos autores) apresenta três motivos para a manutenção de saldos em caixa, 
conforme segue:
23
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
Motivos especulação e precaução
O motivo especulação refere-se à necessidade 
de possuir caixa para ser capaz de aproveitar, por 
exemplo, oportunidades vantajosas de compra de 
mercadorias, taxas de juros atraentes e (no caso 
de empresas internacionais) flutuações favoráveis 
de taxas de câmbio.
[...]
[...] O motivo precaução é a necessidade de uma 
reserva de segurança. Mais uma vez, talvez haja 
um motivo precaução para explicar a demanda 
por liquidez. Entretanto, dado que o valor dos 
instrumentos de mercado monetário é relativamente 
seguro e que sua liquidez é muito elevada, não 
existe necessidade muito grande de manter volumes 
substanciais de caixa para fins de precaução. 
[...]
Necessita-se de saldos de caixa para atender ao motivo 
transação, ou seja, caixa disponível para pagar contas. As 
necessidades relacionadas às transações são oriundas das 
atividades normais de pagamento e recebimento da empresa. 
Os desembolsos incluem pagamentos de salários e honorários, 
obrigações mercantis, impostos e dividendos.
Alguns gestores preferem manter recursos em caixa para oportunizar os 
ganhos em aquisições vantajosas quando algum fornecedor deseja vender 
mercadoria. Assim a empresa adquirente possui recursos financeiros no caixa 
e pode pagar o fornecedor à vista com a possibilidade de obter um excelente 
desconto financeiro. Mas, há gestores que possuem visão conservadora dos 
negócios e mantêm valores significativos em seu caixa para evitar contratempos e 
isso se chama precaução. 
Administração de Contas a Receber
O motivo 
especulação refere-
se à necessidade de 
possuir caixa para ser 
capaz de aproveitar, 
por exemplo, 
oportunidades 
vantajosas de compra 
de mercadorias, 
taxas de juros 
atraentes e (no 
caso de empresas 
internacionais) 
flutuações favoráveis 
de taxas de câmbio.
É fato que a empresa apenas consegue pagar suas contas se houver dinheiro 
em caixa, o qual deve ser proveniente das atividades operacionais da empresa, 
ou seja, das compras e vendas dos produtos.
As compras envolvem custos de estoques e agregação de valor aos produtos 
produzidos e comercializados pela empresa, de forma a oferecer produtos 
diferenciados ao mercado consumidor e gerar valor, ou gerar riqueza para os 
investidores.
24
 FONTES DE CAPITAL
É fato que a empresa apenas gera riqueza se houver valor 
agregado aos produtos que ela oferece de acordo com a marca deles, 
mas a geração do caixa apenas pode ter sucesso se houver uma 
excelente administração do Contas a Receber da empresa. Hoji (2012, 
p. 126) define que:
As contas a receber são geradas pelas vendas a prazo, que são 
feitas após a concessão de crédito. As vendas a prazo geram 
riscos de inadimplência e despesas com análise de crédito, 
cobrança e recebimento, mas alavancam as vendas, isto é, 
aumentam o volume de vendas e, consequentemente, o lucro. 
Conforme Assaf Neto e Lima (2011, p. 660):
As medidas do caixa podem incluir maior dinamização nos 
recebimentos de clientes, mediante contatos com os bancos 
com que a empresa trabalhe, visando à agilização na liberação 
dos cheques recebidos; emissão e entrega mais rápida de 
títulos representativos das vendas a prazo (faturas e duplicatas); 
melhor adequação e controle das datas de recebimentos 
e pagamentos; maior controle nos registros dos valores a 
receber, evitando-se, entre outras consequências, extravios 
de títulos ou preenchimentos equivocados, os quais poderão 
retardar suas liquidações ou dificuldades de localização etc.
Alguns gestores, ao analisarem a dinâmica do mercado, estabelecem que se a 
empresa vender mais produtos em maior volume irá gerar mais caixa. Sim, a lógica 
é essa, mas os gestores devem tomar cuidado ao oferecer produtos em larga escala 
para não saturar o mercado. O inverso também é verdadeiro, pois onde houver 
menor volume de vendas, deve-se observar o maior valor agregado dos produtos. 
Isso quer dizer que empresas que comercializam produtos de luxo possuem a sua 
fatia do mercado e não há a necessidade em aumentar o volume de vendas, uma 
vez que o alto valor agregado absorve os gastos fixos da empresa.
Os gestores financeiros das empresas devem tomar certos 
cuidados que envolvem uma criteriosa análise de crédito. Verificar 
inclusive nos sites dos tribunais de justiça e outras ferramentas das 
mídias sociais que permitam uma excelente avaliação cadastral dos 
potenciais clientes. Segundo Hoji (2012, p.127), deve-se “efetivar uma 
análise minuciosa e criteriosa de seus dados cadastrais. Venda a prazo 
efetuada sem os devidos cuidados tem grande possibilidade de se 
tornar um valor não recebível”.
Nos conceitos de avaliação de crédito, é de fundamental 
importância que se conheça a técnica dos 5 Cs. Hoji (2012, p. 127-129) 
aborda os conceitos e definições desta técnica. São eles:
A geração do caixa 
apenas pode ter 
sucesso se houver 
uma excelente 
administração do 
Contas a Receber 
da empresa.
Os gestores 
financeiros das 
empresas devem 
tomar certos 
cuidados que 
envolvem uma 
criteriosa análise 
de crédito. Verificar 
inclusive nos sites 
dos tribunais de 
justiça e outras 
ferramentas das 
mídias sociais que 
permitam uma 
excelente avaliação 
cadastral dos 
potenciaisclientes.
25
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
Caráter: é o item mais importante da análise de crédito. 
A avaliação da cultura da empresa e do caráter de seus 
administradores, apesar do alto grau de subjetividade, por se 
referir de aspectos morais e éticos, é muito importante, porque 
vai depender da sua integridade ética (honestidade) para saldar 
compromissos financeiros. Mediante diversos levantamentos 
de dados realizados sobre o cliente no mercado, se o caráter 
deste não for aceitável, outros itens da análise ficam bastante 
prejudicados.
Capacidade: A firme determinação de pagar (caráter) não 
terá validade se o cliente não tiver capacidade de saldar seus 
compromissos financeiros. O potencial de o cliente saldar os 
compromissos financeiros pode ser obtido através da análise 
das demonstrações financeiras e informações financeiras 
adicionais, em instituições como o Serasa.
Capital: A análise da estrutura econômica financeira evidencia 
o nível de solidez financeira da empresa. Os índices de 
liquidez obtidos por métodos tradicionais não significam, 
necessariamente, que a empresa terá a capacidade de 
repagamento, se continuar com as atividades, pois o capital 
investido em giro deve ser considerado como capital fixo e 
não como capital circulante. A análise da necessidade líquida 
do capital de giro evidencia, com bastante clareza, quanto a 
empresa precisa de capital para financiar suas operações. Daí, 
é possível avaliar se a empresa terá capacidade de expandir 
suas atividades, considerando-se as possíveis fontes de 
recursos de longo prazo.
Collateral: É uma palavra oriunda do Inglês que significa 
garantia. O Collateral é utilizado para contrabalançar ou reforçar 
a fragilidade de mais um C dos outros quatro itens. Pode ser 
representado por ativos tangíveis, ou ativos financeiros, desde 
que cubram o período de crédito concedido. Pode ser dado por 
meio de hipoteca, finança pessoal prestada por proprietário de 
imóvel, fiança bancária, seguro-garantia, etc.
Condições: As condições atuais e cenários econômicos em que 
a empresa estará inserida devem ser avaliados em conjunto 
com o ramo de atividade em que ela atua. As condições 
gerais dos negócios das partes envolvidas devem levar em 
consideração a existência de reciprocidades, consideradas 
as limitações de cada parte, quando a empresa compra da 
empresa para a qual vende.
Percebe-se que os 5 Cs estão intrinsicamente relacionados ao Caráter 
pessoal do proprietário, ou seja, as atitudes, o seu comportamento perante o 
mercado, que é evidenciado pelas suas ações no papel de gestor. A Capacidade 
e o Capital estão inter-relacionados, se a empresa possuir uma boa estrutura 
de capital financeiro, automaticamente, também possui capacidade para honrar 
os compromissos financeiros. O Collateral é determinado pela capacidade da 
empresa em oferecer determinadas garantias para honrar seus compromissos, 
e as Condições são estabelecidas principalmente pelas oscilações do mercado 
em que a empresa atua. Essas condições são determinadas muitas vezes pela 
oscilação cambial que regula a balança comercial brasileira.
26
 FONTES DE CAPITAL
Muitos gestores financeiros de empresas têm adotado a postura do Crédito 
Liberal, no sentido de incrementar as vendas dos produtos da empresa e marcar 
forte presença no mercado. Afinal de contas, quanto maior a inserção do produto 
no mercado, mais lembrada será a marca do produto ou da empresa junto aos 
seus consumidores. Isso pode gerar algum tipo de efeito colateral. 
Hoji (2012, p. 129) explica que “uma política de crédito liberal aumenta 
o volume de vendas muito mais que uma política rígida, porém gera mais 
investimento em contas a receber e mais problemas de recebimento, o que exige 
maior rigidez na cobrança”. Sobre a política de cobrança das empresas, Assaf 
Neto (2010, p. 605) afirma que:
As políticas de cobrança são definidas pelos vários critérios 
possíveis de serem adotados por uma empresa, visando ao 
recebimento, na data de seus vencimentos, dos diversos 
valores a receber.
Maior ampliação nos prazos normais de cobrança de uma 
empresa pode acarretar, entre outras consequências, 
um aumento nos custos de inadimplência (provisão para 
devedores duvidosos) e um agravamento das perdas 
inflacionárias. De outra forma, a adoção de medidas mais 
rígidas de cobrança pode refletir-se sobre as vendas, mediante 
uma retração por parte dos consumidores. Evidentemente, 
deve a empresa procurar um procedimento mais próximo 
do ‘ideal’, evitando, por exemplo, que as reduções em suas 
vendas (e, consequentemente, nos lucros) superem os ganhos 
provenientes principalmente de uma queda em suas despesas 
com devedores duvidosos. 
Um dos maiores problemas que o crédito liberal pode gerar é o 
aumento exagerado do indicador de liquidez, o que de imediato não é 
ruim para a empresa. O problema é o acúmulo de valores em contas 
a receber que não estão sendo realizados em caixa. Isso significa 
uma maior necessidade de capital de giro para pagar os fornecedores 
pelas aquisições adicionais de matérias-primas e os pagamentos dos 
impostos gerados pelas vendas. O que pode substituir a necessidade 
de capital de giro da empresa pode ser um elevado valor de recursos 
no capital social da empresa.
Um dos maiores 
problemas que 
o crédito liberal 
pode gerar é o 
aumento exagerado 
do indicador de 
liquidez, o que de 
imediato não é ruim 
para a empresa. 
O problema é o 
acúmulo de valores 
em contas a receber 
que não estão 
sendo realizados em 
caixa.
Administração de Estoques
Os estoques podem ser compreendidos como um dos principais ativos da 
empresa. São eles que determinam parte do custo do produto que é vendido. 
Estes ativos irão agregar valor à marca e incrementar o caixa da empresa.
27
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
Ao produzir novos produtos, a empresa utiliza determinadas matérias-primas, 
e no produto final estabelece o preço de acordo com a sua qualidade. Quanto 
mais qualidade, mais valor agregado a mercadoria adquire e maior é a geração 
de riqueza para a empresa, mas nem sempre isso ocorre da melhor maneira em 
algumas empresas. 
Para atingir uma gestão eficiente de estoques, precisa-se conhecer os erros 
mais comuns cometidos pelos seus gestores. Alguns dos mais graves erros 
em gestão de estoques encontram-se na falta de comunicação e integração 
entre os departamentos. Como muitos gestores são “centrados em si”, acabam 
prejudicando o resultado global da empresa, pois agem com objetivos distintos 
e não estão focados na estratégia global da empresa no mercado. Isso poderá 
gerar problemas no cálculo do Lote Econômico de Compras (LEC), que determina 
a quantidade necessária de matéria-prima a ser beneficiada em consonância ao 
volume de vendas realizadas pela empresa. 
Se houver, porém, um excelente sistema de comunicação, o próprio sistema 
gerencial da empresa, de acordo com o ciclo da produção, verifica se há matéria-
prima suficiente para suprir a entrada de novos pedidos de vendas dos clientes para 
não faltar mercadorias na produção e nem adquirir matéria-prima em demasia, o 
que poderia acarretar maior ocupação de espaço físico, materiais que podem ficar 
obsoletos e falta de geração de caixa, se o giro do estoque for reduzido.
Algumas hipóteses básicas consideradas no modelo do Lote Econômico de 
Compras são abordadas por Assaf Neto e Lima (2011, p. 717):
a) o volume do pedido não exerce influência sobre o custo 
unitário, mantendo-se constante qualquer que seja a 
quantidade solicitada;
b) a demanda do estoque se processa de maneira uniforme; 
c) o modelo é desenvolvido em condições de certeza, tanto no 
que se refere às necessidades físicas quanto aos custos dos 
estoques. Não há, em consequência, risco de falta de estoque;
d) praticamente inexiste demora para o recebimento dos 
produtos solicitados, ou seja, o tempo de espera entre a 
emissão do pedidoe o recebimento é desconsiderado no 
modelo. Ocorrendo condições de reposição imediata e certeza 
com relação a sua demanda, não há necessidade de se manter 
estoque de segurança; 
e) o modelo prevê também que não ocorrem limitações 
financeiras para aplicações em estoques. 
É necessário que os gestores de materiais nas empresas promovam a 
realização de inventários em espaços curtos de tempo, objetivando a melhoria 
no sistema de controle interno com vistas a evitar roubos ou erros de registros 
e códigos de produtos diferentes por eventual falta de atenção do operador. A 
28
 FONTES DE CAPITAL
simples falta de atualização das entradas dos produtos nos estoques, pelo não 
registro das notas fiscais de entrada ou a falta/atraso dos registros das baixas 
do almoxarifado de materiais, também corrobora para gerar erros de decisão dos 
gestores na administração dos materiais.
A falta de controle ou de comprometimento das pessoas envolvidas na 
administração dos estoques pode gerar sérias consequências, como a falta do 
produto desejado ao cliente, o que pode gerar insatisfação e perda de vendas.
Outra consequência é o produto ficar encalhado no estoque, se for perecível, 
é perda financeira para a empresa. Se forem produtos tecnológicos, se tornam 
obsoletos e sem mercado. A própria reputação da empresa pode ser comprometida 
perante o cliente quando este percebe que seu fornecedor é desleixado com a gestão 
dos estoques devido à falta de entrega dos produtos, ou simplesmente alegando que 
não possuem os produtos requeridos pelo cliente, ou ainda, quando o fornecedor 
tenta “empurrar” outro produto para o cliente, no qual ele não tem interesse.
A perda na eficácia da gestão dos estoques também incorre 
em prejuízos financeiros quando a empresa sofre com roubos, 
ou os estoques podem estar sendo destruídos se não estiverem 
bem embalados e guardados para a produção (matéria-prima) e 
comercialização (produtos prontos). Problemas como este podem ser 
contornados se os gestores da empresa concentrarem seus esforços 
para procederem a imediata contabilização dos eventos das compras 
e vendas no inventário da empresa, mantendo atualizada a contagem 
física dos estoques.
Outro ponto importante a ser observado é prever a demanda dos 
produtos na empresa, sincronizando com os controles dos estoques 
para evitar faltas ou excessos, e poder atender às necessidades dos 
clientes em tempo hábil.
É importante que o gestor da empresa tenha fundamental preocupação com 
estoques obsoletos ou perecíveis (próximos da data da validade). Podem-se 
realizar eventuais promoções para “girar” esse estoque e assim gerar recursos 
financeiros em caixa. Dessa forma, a empresa poderá renovar o estoque e 
oferecer novidades aos clientes com esse caixa gerado.
Uma boa gestão de estoques passa por uma boa administração de sistemas. 
Um sistema Enterprise Resource Planning (ERP) permite acompanhar em tempo 
hábil as entradas e saídas dos produtos na empresa e, com precisão, o gestor 
poderá tomar decisões para gerenciar os recursos em tempo hábil.
A perda na eficácia 
da gestão dos 
estoques também 
incorre em prejuízos 
financeiros quando 
a empresa sofre 
com roubos, 
ou os estoques 
podem estar 
sendo destruídos 
se não estiverem 
bem embalados 
e guardados 
para a produção 
(matéria-prima) e 
comercialização 
(produtos prontos).
29
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
a) Implementação do Supply Chain Management (SCM) ou Cadeia de 
Logística Integrada
Nos dias atuais, cada vez mais se torna evidente a necessidade de ampliar o 
conceito de integração na logística para fora do ambiente da empresa, estendendo 
aos fornecedores e clientes. O aumento da produtividade, a qualidade do produto 
e o excelente nível de atendimento prestado ao cliente são fatores fundamentais 
para a obtenção ou permanência de vantagens competitivas por parte das 
empresas. Esta é uma realidade que não pode mais depender exclusivamente 
dos processos internos da empresa, devendo incluir todas as partes envolvidas 
no processo e que estão fora da empresa, como fornecedores e clientes. 
Dentro desse contexto surge a Cadeia de Logística Integrada ou Supply 
Chain Management (SCM). Sua função é o foco no alinhamento dos processos-
chave do negócio como um todo, isto é, o acompanhamento do produto desde 
a sua fonte, na extração da matéria-prima, até o consumo final, enquanto as 
informações e os recursos financeiros fazem o caminho oposto, iniciam nos 
consumidores e vão até a origem do produto. De acordo com Ching (2009, p. 67-
68), este conceito pode ser assim explicitado:
Supply chain é todo o esforço envolvido nos diferentes 
processos e atividades empresariais que criam valor na forma 
de produtos e serviços para o consumidor final. A gestão do 
supply chain é uma forma integrada de planejar e controlar o 
fluxo de mercadorias, procurando administrar as relações na 
cadeia logística de forma cooperativa e para o benefício de 
todos os envolvidos. 
A gestão do supply chain é um conceito mais amplo e 
estrategicamente mais importante, que se inicia na saída 
das matérias-primas dos fornecedores, passa pela produção, 
montagem e termina na distribuição dos produtos acabados aos 
clientes finais. Inclui considerações estratégicas que passam 
por focalizar a satisfação do cliente, formular e implementar 
estratégia baseadas na retenção dos clientes atuais e obtenção 
de novos e gerenciar a cadeia de forma eficaz. 
O desempenho do supply chain depende principalmente de 4 
fatores, a saber:
− Capacidade de resposta às demandas dos clientes;
− Qualidade de produtos e serviços;
− Velocidade, qualidade e timing da inovação nos produtos;
− Efetividade dos custos de produção e entrega e utilização 
de capital. 
Coronado (2000) aborda que os excelentes resultados obtidos pelas 
empresas que já conseguiram implementar o SCM na prática são uma garantia 
de que este não é apenas mais um modismo gerencial. É um assunto que vem 
despertando a atenção da alta cúpula nas grandes e mais modernas empresas 
internacionais, pela redução de custos e melhoria dos serviços na cadeia.
30
 FONTES DE CAPITAL
Pesquisas preliminares sobre os ganhos que podem ser obtidos 
pela utilização correta do conceito indicam que as empresas 
têm obtido reduções substanciais nos custos operacionais 
da cadeia de suprimentos. Também os movimentos setoriais 
organizados com o objetivo de tirar proveito do SCM, como o 
Efficient Consumer Response – ECR no setor de produtos de 
mercearia, e o Quick Response – QR no setor de confecções 
e têxteis, têm demonstrado o potencial de redução de custos e 
melhoria de serviços na cadeia. No caso do ECR, por exemplo, 
a estimativa nos EUA era de uma redução de custo de cerca de 
US$ 30 bilhões (CORONADO, 2000, p. 152).
 
Uma das fases mais importantes na implantação desse conceito é a 
montagem de equipes. Para atingir o máximo de eficiência e extrair todo o 
potencial, a empresa deve permanecer ligada aos participantes externos na 
cadeia de suprimento. Esses participantes são fornecedores, distribuidores, 
atacadistas, prestadores de serviço e clientes. 
Para se ter uma ideia, Ching (2009, p. 66) apresenta alguns resultados de 
empresas que estão integrando a cadeia logística.
 
A Motorola reduziu em 75% sua base de fornecedores; 85% de 
seus fornecedores são preferenciais, e obteve assim economia 
anual de 5 a 7%. A Procter & Gamble integrou-se com a Kmart, 
e as vendas dobraram em cinco anos; os custos da cadeia 
logística caíram em 25% e os estoques foram limitados a no 
máximo 20 dias. 
A Quaker Oats reformulou a cadeia de logística com seus 
clientes e com isso obteve ganho de margem em 2,5% e 
redução de estoques [...]. 
 
Contudo, devido à natureza colaborativa da cadeia logística 
na sua integração, torna-se imprescindível a seleção de parceiros 
corretos. Para serem integradas, as empresas devem ter excelência de 
qualidade em seus produtose serviços e também solidez e estabilidade 
financeira, uma vez que a relação de parceria é de longo prazo.
É possível observarmos a logística integrada à cadeia de 
suprimentos na Figura 7, nela existe uma forte tendência entre os canais 
de abastecimento e os canais da logística reversa entre a fábrica, a 
transportadora, a central de distribuição e os hipermercados. Cada um 
exerce papel fundamental para o desempenho da outra empresa até 
fechar o ciclo em que o canal de distribuição e o hipermercado possam 
fornecer produtos aos clientes, inclusive, podendo haver a utilização de 
vendas on-line.
Devido à natureza 
colaborativa da 
cadeia logística na 
sua integração, torna-
se imprescindível a 
seleção de parceiros 
corretos. Para 
serem integradas, 
as empresas devem 
ter excelência de 
qualidade em seus 
produtos e serviços 
e também solidez 
e estabilidade 
financeira, uma vez 
que a relação de 
parceria é de longo 
prazo.
31
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
Figura 7 – Cadeia de suprimentos
Fornecedor
Fabricante
Distribuidor
Loja
Fonte: Hoinaski (2017).
É muito importante estabelecer um mecanismo que permita o acesso das 
informações entre todos os participantes da cadeia. Muitas empresas possuem as 
condições tecnológicas para tal, porém não as utilizam da forma mais adequada 
ao bom funcionamento da cadeia logística. Coronado (2000) aborda que o 
ideal é disponibilizar e compartilhar a informação com os demais participantes 
(transportadoras, fabricantes, fornecedores de componentes e de matéria-prima, 
dentre outros) a partir do momento em que o consumidor efetiva a compra. O autor 
ainda complementa que dar visibilidade às informações partindo do ponto de venda 
do produto, em tempo real, contribui para que todos os participantes gerenciem a 
verdadeira demanda de mercado de forma mais precisa, resultando na redução da 
necessidade de estoque na cadeia de suprimento de forma substancial.
É fundamental a criação de um canal de comunicação para 
conectar todos os participantes e permitir o trânsito das informações 
do modo mais correto para o bom funcionamento da cadeia logística.
32
 FONTES DE CAPITAL
De acordo com a Figura 7 – Cadeia de Suprimentos, é possível 
perceber uma analogia à dependência do modal de transporte 
rodoviário de cargas em 61,1%. Isso pode gerar um caos na 
distribuição dos recursos para o sistema produtor. Veja a Figura 8, 
que apresenta a dependência logística desse tipo de modal.
Figura 8 – Tipos de modais no Brasil (2016)
Fonte: Via Brasil (2017), dados extraídos do boletim estatístico CNT, jul./out. (2016).
Os dados dos tipos de modais na figura datam de 2016, mas 
até 2018 não houve alteração significativa. A maior concentração 
de transportes continua no modal rodoviário, tal situação pode gerar 
alguns tipos de problemas, como visto com a greve dos caminhoneiros, 
que iniciou em 21 de maio de 2018, durou 10 dias e gerou graves 
problemas de desabastecimento em todo o território nacional.
Figura 9 – Greve dos caminhoneiros no Brasil em 2018
Fonte: Santos (2018).
33
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
O desabastecimento pode refletir em muitas áreas, como 
combustível, alimentação, saúde, dentre outras. Porém, em 
empresas que possuem controles logísticos eficazes, não há motivos 
para muito alarde, visto que com a greve dos caminhoneiros de 2018, 
o maior problema foi de distribuição e não de produção.
O site O Globo esclarece o questionamento sobre se há risco 
de faltar comida da seguinte forma (COPLE; JULIÃO; NEVES, 2018):
No WhatsApp, áudios e textos sugerem que as pessoas 
se previnam e passem a estocar alimentos. De acordo 
com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), 
as redes mantêm um estoque médio de produtos não 
perecíveis e ‘a população pode ficar tranquila’. Contudo, 
a associação reconheceu que há problemas na 
distribuição de gêneros perecíveis. Ao menos 16 estados 
relataram problemas com o abastecimento (MT, MS, DF, 
TO, PA, PB, CE, PE, AL, BA, RJ, MG, ES, SP, SC e PR). 
A Abras diz que trabalha para que o governo ‘resolva 
o mais breve possível a situação’ e ‘busca sensibilizar’ 
as autoridades para que a população não sofra com a 
eventual elevação dos preços.
Entende-se com isso que é importante que o Brasil invista em 
outras modalidades de distribuição logística, mas podemos afirmar 
que, de fato, a greve dos caminhoneiros tem sua lógica verdadeira 
no quesito redução dos preços dos combustíveis, porque o Brasil os 
produz e importa para atender à demanda interna, mas seus preços 
estão para lá de elevados. 
O abastecimento logístico, planejado de forma eficaz, segundo Ching demonstra 
na Figura 10, é muito importante porque “as empresas líderes utilizam a integração da 
cadeia logística para alcançar vantagens competitivas [...]” (2009, p. 68). 
34
 FONTES DE CAPITAL
Figura 10 – Integração da cadeia logística
Fluxo de processos
otimizados
Planejamento conjunto
fornecedor/empresa/cliente
Atendimento, disponibilidade,
velocidade e qualidade Melhor preço do produto
Melhor funcionalidade
dos produtos
Melhores características
dos produtos
Pesquisa em
desenvolvimento em
conjunto com marketing
Design em conjunto
com engenharia
Tudo isso para agregar maior valor ao cliente final!
• Melhor performance do negócio;
• Lucratividade a longo prazo.
Fonte: Ching (2009, p. 68).
De modo geral, a implantação da cadeia de logística integrada requer 
reavaliações e possíveis mudanças significativas, em algumas situações, 
nos procedimentos internos e externos das empresas, especialmente no 
relacionamento com clientes e fornecedores.
b) Ciclo de pedidos
A realidade do mercado consumidor mudou drasticamente nos últimos anos. 
Determinados produtos possuem tempo de vida útil ou prazos de validade cada 
vez menores, como no caso dos produtos alimentícios. A própria tecnologia tem 
um grande efeito nestas características, pois mudam frequentemente e existe 
uma maior demanda por equipamentos avançados, modernos, ágeis e que 
constantemente precisam ser trocados no ambiente físico da empresa. A isso 
chamamos de cadeia de suprimentos responsiva, cuja pressão pela demanda de 
novos produtos no mercado faz com que o público consumidor, sejam empresas 
ou pessoas, exija cada vez mais novidades, gerando, assim, um ciclo vicioso 
entre consumo e produção. Segundo Christopher (2010, p. 116):
Um dos maiores desafios que atualmente se impõe às 
organizações é a necessidade de responder a níveis cada vez 
maiores de volatilidade na demanda. Por várias razões, os 
ciclos de vida dos produtos e da tecnologia estão diminuindo, 
pressões competitivas forçam, com frequência, mudanças nos 
produtos, e os consumidores demandam variedades como 
jamais se viu.
35
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
O uso da mídia televisiva, por meio de propagandas com apelos 
visuais, é uma das opções de marketing que exerce forte influência na 
cadeia de suprimentos. A imagem de um ator famoso ou atriz famosa 
utilizando determinados produtos ou novas tecnologias provoca no 
consumidor o desejo de adquiri-los (produtos de beleza etc.) ou utilizá-
las (celulares, computador, carros etc.). O resultado é o aumento da 
produção e maior movimentação da cadeia produtiva impulsionados 
pelo aumento do consumo. 
Em síntese, muitas vezes uma simples propaganda na TV exerce 
influência na demanda de consumo pelo produto, que, por sua vez, 
está diretamente ligada à determinação do volume de produção e, por 
consequência, possui reflexos em toda a cadeia de suprimentos. 
Christopher (2010, p. 116) prossegue em seu raciocínio dizendo 
que “para enfrentar esse desafio, a organização precisa concentrar 
seus esforços de modo que obtenha maior agilidade, a fim de responder 
em intervalos de tempo menores, tanto em termos de mudança de 
volume quanto em termos de mudança de variedade”.As empresas captam essa tendência de mercado e assim passam a se 
preocupar em desenvolver ou adaptar metodologias de enxugamento na cadeia 
produtiva para agilizar os processos de produção e atender ao mercado consumidor 
de forma rápida, pois ele está sempre em busca de novidades e quem não estiver 
preparado poderá sofrer dificuldades. Prossegue Christopher (2010, p. 117):
A agilidade, [...], não é sinônimo de ‘enxugamento’, mas pode 
desenvolver-se a partir desse princípio. Em certo sentido, 
enxugamento significa fazer mais por menos. Tem origem no 
sistema de produção Toyota (TPS, do inglês Toyota production 
system) e sua preocupação com redução ou eliminação do 
supérfluo [...].
 
Como vimos, um exemplo é a Toyota, que adotou um programa para a 
redução dos desperdícios em todos os aspectos da produção, o que podemos 
visualizar na figura a seguir.
O uso da mídia 
televisiva, por meio 
de propagandas 
com apelos visuais, 
é uma das opções 
de marketing 
que exerce forte 
influência na cadeia 
de suprimentos. 
A imagem de um 
ator famoso ou atriz 
famosa utilizando 
determinados 
produtos ou novas 
tecnologias provoca 
no consumidor o 
desejo de adquiri-
los (produtos de 
beleza etc.) ou 
utilizá-las (celulares, 
computador, carros 
etc.).
36
 FONTES DE CAPITAL
Figura 11 – Ágil ou responsiva
“Enxuta” funciona melhor em 
ambientes previsíveis, de alto volume 
e baixa variedade.
A “agilidade” é necessária em 
ambientes menos previsíveis, nos 
quais a demanda por variedade é alta.
Volume
Va
rie
da
de
/v
ar
ia
bi
lid
ad
e
Ágil
Enxuto
Ba
ix
a
Baixo
Al
ta
Alto
Fonte: Christopher (2010, p. 118).
Como o conceito de enxuta funciona melhor em ambientes previsíveis, de 
alto volume e baixa variedade de produtos, não há preocupação em controlar 
variedades de produtos, mas sim de administrar as pequenas variedades, porém 
de maior volume físico. Já em ambientes onde a agilidade torna-se necessária, 
acontece apenas em ambientes menos previsíveis, nos quais a demanda por 
variedade de produtos é alta, e assim a empresa necessita de agilidade na sua 
administração de processos.
Podemos chamar esse espaço-tempo de demanda e produção de lead-time.
Mas, o que vem a ser esse lead-time? Lead-time é o tempo da 
emissão do pedido até o recebimento dos produtos desse pedido, 
porque neste processo ainda há etapas a serem geridas, tais como 
a entrada do pedido, seu processamento, sua montagem e seu 
transporte. 
Do ponto de vista do cliente, existe apenas um lead-time: aquele 
que decorre entre o pedido e a entrega. [...]. Da perspectiva do 
fornecedor, tão importante quanto isso é o tempo que se leva 
para converter um pedido em caixa e, de fato, o tempo total em 
que o capital de giro é utilizado, desde a compra de materiais, 
até o momento em que é recebido o pagamento do cliente 
(CHRISTOPHER, 2010, p. 151-152).
Veja na figura a seguir os principais componentes do ciclo do pedido.
Lead-time é o 
tempo da emissão 
do pedido até o 
recebimento dos 
produtos desse 
pedido, porque neste 
processo ainda há 
etapas a serem 
geridas, tais como a 
entrada do pedido, 
seu processamento, 
sua montagem e seu 
transporte.
37
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
Figura 12 – O ciclo do pedido
Cliente faz o 
pedido Entrada do pedido
Processamento 
do pedido
Montagem do 
pedido Transporte
Pedido rece-
bido
Fonte: Christopher (2010, p. 152).
Há várias etapas no desenvolvimento do ciclo do pedido, e cada uma delas 
demanda um tempo consumido na cadeia de suprimentos. A tarefa do gestor 
da empresa é empenhar-se para reduzir o lead-time das etapas do ciclo de 
distribuição de materiais.
Acerca dos impactos da cadeia de abastecimento e os impactos nas 
organizações e na sociedade, Bertaglia (2009, p. 4) contribui com exemplo prático 
da seguinte forma:
O nosso dia a dia está repleto de exemplos de comportamento 
relacionados às demandas que desencadeiam atividades muito 
parecidas com aquelas executadas dentro das organizações. 
A preparação de uma feijoada exige processos administrativos 
e logísticos importantes, tais como: estimativa de demanda, 
que irá variar em função do número de pessoas; compra de 
ingredientes; armazenagem dos ingredientes, alguns exigindo 
tratamentos especiais; tempo de preparação, distribuição do 
produto e retroalimentação – quando os consumidores emitem 
opiniões, favoráveis ou não – relacionadas diretamente à 
qualidade da feijoada, acomodação, ambiente e outros.
As empresas que atuam na área de gestão da cadeia de suprimentos devem 
observar fatores, como número da demanda a ser atendida, as necessidades 
dos seus clientes e o tempo necessário para dispor esses recursos para que a 
empresa possa processá-los e melhor atender aos clientes. Para isso, podemos 
observar na figura a seguir a importância de identificar o tempo consumido de 
acordo com a variabilidade do pedido.
38
 FONTES DE CAPITAL
Figura 13 – Ciclo total do pedido com variabilidade
Fonte: Adaptado de Christopher (2010, p. 153).
Observe que cada etapa do ciclo do suprimento de materiais possui um 
tempo necessário para a execução de cada atividade, partindo da comunicação 
do pedido, depois sua entrada e processamento, a separação ou produção e, 
em seguida, o devido transporte dos produtos até o momento em que o cliente 
recebe o pedido. No exemplo da figura anterior há um lead time de 15 dias do 
ciclo inteiro. Há a necessidade de identificar o lead-time de cada etapa para evitar 
que ocorram falhas em alguma delas.
O administrador dos materiais da empresa precisa estar atento 
ao lead time do ciclo da logística de suprimentos para adequar a 
qualidade ao menor tempo possível na entrega do produto final.
Por sua vez, quando existe a previsibilidade da demanda de produtos, 
os tempos para reabastecimento são curtos e a melhor ferramenta de 
gestão da cadeia de suprimentos responsiva é o tipo Kanban. O Kanban 
é um sistema que, por medidas de sinalização, controla os fluxos de 
produção ou transportes em uma indústria. Essa é uma filosofia de 
reabastecimento de forma continuada, em que a reposição dos materiais 
é feita à medida que o produto é vendido ou usado (isso ocorre em casos 
extremos de administração da cadeia de suprimentos).
Veja na figura a seguir o funcionamento das estratégias genéricas 
para a cadeia de suprimentos.
Por sua vez, 
quando existe a 
previsibilidade 
da demanda de 
produtos, os tempos 
para reabastecimento 
são curtos e a 
melhor ferramenta 
de gestão da cadeia 
de suprimentos 
responsiva é o tipo 
Kanban.
39
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
Figura 14 – Estratégias genéricas para a cadeia de suprimentos
Fonte: Christopher (2010, p. 119).
Podemos ter lead time diferentes de acordo com a produção enxuta, pois ela será 
em grande escala, e há menor necessidade de emissão de pedidos entre um lote de 
produção e outro. O lead time curto existe em modelos de produção com a metodologia 
Kanban, pois as reposições dos estoques são feitas à medida que determinados 
volumes de insumos vão sendo consumidos, assim, há necessidade de encurtar o 
tempo de reposição dos produtos com maior número de emissão de pedidos.
Estratégias para Administração de 
Estoques
Os estoques são constituídos de bens tangíveis ou intangíveis e 
podem ser adquiridos ou produzidos pela empresa com objetivo de 
venda ou utilização própria no curso normal de suas atividades. Eles 
representam um dos ativos mais importantes do capital circulante no 
balanço patrimonial e da posição financeira de uma empresa. Para uma 
apuração adequada do lucro líquido do exercício, é essencial a correta 
posição da quantidade de estoque no início e fim do período contábil. 
Por ser um setor ou departamento intimamente ligado às principais 
áreas de operação da empresa, envolve aspectos da administração, 
controle, contabilização e, principalmente, de avaliação. 
A preocupaçãoque os gestores precisam ter em relação aos 
estoques da empresa está pautada em saber o momento certo 
para a aquisição das mercadorias, o volume mínimo necessário das 
A preocupação 
que os gestores 
precisam ter em 
relação aos estoques 
da empresa está 
pautada em saber 
o momento certo 
para a aquisição 
das mercadorias, 
o volume mínimo 
necessário das 
quantidades de 
mercadorias para 
evitar estoques em 
demasia e o nível 
de segurança dos 
estoques mínimos 
que a empresa 
precisa manter para 
atender à demanda 
da produção.
40
 FONTES DE CAPITAL
quantidades de mercadorias para evitar estoques em demasia e o nível de 
segurança dos estoques mínimos que a empresa precisa manter para atender à 
demanda da produção. Além disso, o montante de capital investido em estoque 
também faz parte das preocupações do gestor da empresa.
No que tange às principais características dos estoques diante de variações 
nos índices de preços, Assaf Neto (2010, p. 627) aborda que:
A presença de um fenômeno inflacionário provoca, normalmente, 
aviltamento nos valores finais do fluxo de itens monetários. Os 
valores monetários do disponível e realizável mantidos por uma 
empresa perdem substância quando expostos à inflação e, desde 
que não haja uma perfeita compensação proveniente de ganhos 
inflacionários sobre os passivos monetários, a diferença irá refletir-
se necessariamente no aviltamento do lucro. Em ambientes de 
elevações nos índices de preços da economia, deve a empresa 
minimizar, tanto quanto possível, seus investimentos em ativos 
monetários, como forma de reduzir suas perdas inflacionárias (a 
não ser que consiga tê-los rendendo correção e/ou juros que pelo 
menos compensem essas perdas).
O valor do capital investido deve ser confrontado com o chamado giro de 
estoques. A este respeito, Ballou (2011, p. 204) diz que:
A armazenagem de mercadorias prevendo seu uso futuro exige investimento 
por parte da organização. O ideal seria a perfeita sincronização entre oferta e 
demanda, de maneira a tornar a manutenção de estoques desnecessária. 
Entretanto, como é impossível conhecer exatamente a demanda futura e como 
nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento, deve-se 
acumular estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias e minimizar 
os custos totais de produção e distribuição.
O giro de estoque corresponde ao número de vezes em que o 
estoque está sendo consumido na sua totalidade em determinado 
período (geralmente de um ano).
Acompanhe um exemplo de cálculo de giro de estoques:
Tomemos um determinado produto que tenha realizado vendas anuais na 
ordem de R$ 1.000.000,00, com um investimento médio em estoque no valor de R$ 
100.000,00. Isso representa um giro médio de investimentos em dez vezes durante 
um ano, o que significa que o estoque foi reposto dez vezes durante esse período.
41
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
Segundo Bertaglia (2009, p. 334), a fórmula para o cálculo do giro do estoque é:
Nessa situação, as vendas anuais têm relação com o valor ou quantidade 
vendida durante o período de um ano, e o estoque médio está relacionado à 
quantidade média ou ao valor médio dos recursos que foram mantidos em estoque.
Caso o gestor financeiro queira optar em conhecer o giro de estoque em 
dias, deve-se utilizar 365 dias do ano civil e dividir pelo giro do estoque. De acordo 
com o exemplo, o giro é de dez vezes, então, 365/10 = 36,5 dias é a média que 
a empresa mantém seus recursos em estoque. E assim é possível planejar as 
novas aquisições de insumos, se necessário for.
a) Conceitos e técnicas para controle de estoques
As técnicas para controle de estoque devem atender a situações, 
como necessidades de produção e estratégias de marketing da empresa. 
Em muitos casos as empresas têm um alto volume de investimentos em 
estoque, mas dependem das políticas de marketing para o seu giro.
Vamos observar a Tabela 1, onde constam os percentuais de 
investimentos em estoque de algumas empresas conceituadas.
As técnicas para 
controle de estoque 
devem atender a 
situações, como 
necessidades 
de produção e 
estratégias de 
marketing da 
empresa.
Tabela 1 – Dados selecionados de algumas empresas fabricantes e 
comerciais de produtos industriais e de consumo ($ milhões)
Empresa Vendas Lucro líquido Ativos totais Invest. em estoques % de estoque
Johnson & Johnson 13.753 1.030 11.884 1.742 14,70
RJR-Nabisco 15.734 319 32.041 2.776 8,70
Dow Chemical 18.971 276 25.360 2.692 10,60
Bergen Brunswig 5.048 61 1.412 548 38,80
Fleming Companies 12.938 113 3.118 959 30,80
Ace Hardware 1.871 61 595 213 35,80
Kmart 37.724 941 18.931 8.752 46,20
JC Penney 18.009 777 13.563 3.258 24,00
Dillards 4.714 236 4.107 1.106 26,90
Fonte: Bowersox e Closs (2010, p. 224).
42
 FONTES DE CAPITAL
Podemos observar que algumas empresas, como a Johnson & Johnson e 
a Nabisco, possuem um percentual de investimentos em estoque relativamente 
baixo, o que denota que seus ramos de atuação possivelmente proporcionam 
um giro mais rápido dos estoques (e possivelmente maior geração de caixa). 
As demais empresas possuem elevados percentuais de investimentos em 
estoque, sendo que a maioria está na ordem de 30% a 40% em relação aos 
seus ativos totais (provavelmente menor geração de caixa). Isso demonstra que, 
possivelmente, essas empresas têm um lead-time maior e assim, o tempo de 
processamento e de giro destes estoques também é grande. 
Talvez um bom trabalho em marketing possa contribuir para que esses 
estoques tenham um giro mais rápido e desse modo, as empresas possam reduzir 
o volume de recursos investidos nesta área. Chopra e Meindl (2003, p. 226, grifo 
dos autores), a este respeito, enfatizam que:
O nível de disponibilidade do produto é medido usando-se o 
nível de serviço por ciclo ou o grau de atendimento. O nível 
de disponibilidade do produto mede a fração de demanda do 
cliente que é satisfeita com o estoque disponível. O nível de 
disponibilidade do produto é também denominado nível de 
serviço ao cliente. O nível de disponibilidade do produto é 
parte importante da responsividade de qualquer cadeia de 
suprimento. A cadeia de suprimento pode adotar um alto nível 
de disponibilidade do produto para melhorar sua responsividade 
e atrair consumidores. Isso aumenta as receitas da cadeia de 
suprimento devido ao crescimento nas vendas e à garantia de 
disponibilidade do produto quando os clientes aparecem para 
efetuar uma compra. Entretanto, o alto nível de disponibilidade 
do produto exige grandes estoques e grandes estoques 
costumam elevar os custos da cadeia de suprimento. 
Observa-se então que uma boa ferramenta para controle de estoque e uma 
contribuição para a minimização dos custos da cadeia de suprimento está no uso do 
cálculo do ponto de ressuprimento, que vamos estudar a partir da próxima seção.
b) Planejamento do inventário
Uma das características mais importantes da logística de suprimentos 
é o planejamento do inventário dos estoques. Como é um recurso que 
demanda elevados valores de investimentos e é o principal item gerador 
das riquezas da empresa, nada mais importante que tomar certos cuidados 
na gestão desses recursos. Mas como geri-los? Uma das formas utilizadas 
na gestão é a identificação da quantidade a ser adquirida e a definição 
adequada da época para que ocorram estas aquisições.
Uma das 
características 
mais importantes 
da logística de 
suprimentos é o 
planejamento do 
inventário dos 
estoques.
43
Decisões Financeiras de Curto e Longo Prazo Capítulo 1 
• Quando pedir a reposição do estoque
Várias empresas sofrem com diversos fatores externos a ela e que condicionam 
sua existência no mercado. Dentre alguns fatores, citam-se o marketing e as políticas 
do governo. Por exemplo, existem incentivos a determinados segmentos industriais, 
como o automobilístico e o de produtos eletrodomésticos, que estão relacionados 
à redução da

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