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CAPÍTULO 3
Decisões Táticas de Financiamentos
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Entender o que é o arrendamento mercantil, os aspectos que são regidos pela 
legislação no Brasil.
�	Compreender os efeitos fiscais do arrendamento mercantil e o seu impacto nas 
demonstrações financeiras da empresa, de acordo com a legislação em vigor 
no país.
�	Compreender o que é o warrant e de que forma esses títulos de garantia pode 
ser negociados no mercado.
�	Compreender o que são os títulos híbridos ou conversíveis e de que forma 
pode ser convertidas em ações.
�	Elaborar um cenário ideal para a empresa com a utilização das ferramentas 
Leasing, Warrants e Conversíveis e de que forma pode contribuir nas decisões 
táticas de financiamentos da empresa.
142
 FONTES DE CAPITAL
143
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
Contextualização
Neste capítulo, vamos estudar alguns tipos de financiamentos, e um dos 
mais optados por pessoas físicas e jurídicas é o contrato de leasing ou contrato 
de arrendamento mercantil. Assim, no enfoque a este tipo de financiamento, 
vamos aprender sua definição, características e os aspectos legais aplicados a 
esse contrato, bem como a respeito de sua classificação e reavaliação. 
É importante conhecer as diferenças entre o leasing operacional e o leasing 
financeiro e compreender a contabilização dos eventos referentes ao contrato 
de leasing, tanto na contabilidade do arrendador como na contabilidade do 
arrendatário. Além disso, existem vantagens tributárias no contrato de leasing 
ou de arrendamento mercantil que refletem financeira e economicamente no 
balanço patrimonial do arrendatário.
E, por fim, veremos no decorrer deste capítulo, outro tipo de financiamento a 
se considerar em momentos de decisões desta alçada, que é chamado “bônus de 
subscrição” ou “warrants”, uma espécie de opções de compras de ações.
Leasing
O contrato de leasing não é o mesmo que contrato de locação, embora o 
termo leasing, em inglês derive do verbo to lease, que significa alugar. Pode-se 
dizer que o leasing se caracteriza por ser um misto de financiamento, locação e 
uma potencial operação de compra e venda ao final do contrato. 
Por que fazer um leasing?
Muitas empresas ou pessoas têm optado pelo contrato do leasing 
porque há possibilidade de alocar o valor integral do bem objeto do 
contrato, e as taxas nessa modalidade são bem inferiores pelo fato 
de o bem permanecer em nome da instituição financeira (arrendador). 
Ainda, há outros argumentos que viabilizam a operação de leasing. Em 
Damodaran (2004, p. 407- 408) encontramos algumas razões para a 
opção do leasing: 
Uma das razões das empresas para fazer um 
leasing é a de que elas não têm a capacidade de 
tomar empréstimo para comprar um ativo. Essa 
razão é baseada no pressuposto relativamente 
duvidoso de que as mesmas condições que 
evitaram que a empresa tomasse emprestado em 
primeiro lugar não serão um obstáculo quando 
Muitas empresas 
ou pessoas têm 
optado pelo contrato 
do leasing porque 
há possibilidade de 
alocar o valor integral 
do bem objeto do 
contrato, e as taxas 
nessa modalidade 
são bem inferiores 
pelo fato de o 
bem permanecer 
em nome da 
instituição financeira 
(arrendador).
144
 FONTES DE CAPITAL
ela tentar obter um leasing. O financiador do leasing, afinal de 
contas, está tão interessado na condição de crédito da empresa, 
como arrendatária, quanto um financiador estaria se a empresa 
buscasse tomar dinheiro emprestado para comprar o ativo. 
Outro argumento que as empresas usam é que leasings 
operacionais fornecem uma fonte de financiamento fora 
do balanço patrimonial para empresas pesadamente 
alavancadas, que podem ter utilizado toda a sua capacidade 
de tomar emprestado ou podem ter muita dívida em relação 
aos concorrentes. O fato de que os leasings operacionais não 
aparecem no balanço patrimonial não reduz o risco financeiro 
da empresa. Se os financiadores forem cuidados em relação 
a considerar os efeitos de fluxo de caixa desses leasings, 
arrendar um ativo não irá proporcionar quaisquer benefícios 
em relação a tomar emprestado uma quantia equivalente. Se 
eles não forem cuidadosos, no entanto, o leasing acaba sendo 
visto como uma forma de uma empresa esconder seus pontos 
fracos financeiros a curto prazo, embora a exposição a longo 
prazo ao risco permaneça. 
Um terceiro argumento em prol do leasing é que cláusulas 
de títulos que restringem as empresas quanto a tomar mais 
emprestado nem sempre podem cobrir os leasings. Nesse 
caso, o leasing pode ser uma maneira de a empresa superar 
uma restrição que, de outra forma, seria comprometedora.
Neste tipo de contrato é fundamental a presença de alguns 
elementos, como prazo de vigência do contrato, data de vencimento e 
valor de cada prestação. Outro elemento essencial é que o arrendatário 
possui o poder de escolha para, ao término da vigência do contrato, 
optar pela compra ou devolução do bem ao arrendador, ou até mesmo 
renovar o contrato de leasing. E no caso de o arrendatário optar pela 
opção de compra, estabelecer o valor do preço do bem ou o critério 
para sua fixação.
Assim, uma operação de leasing pode ser comparada com um empréstimo 
com o objetivo de comprar um bem à vista. Damodaran (2004, p. 407-408) faz 
uma comparação financeira entre o leasing e o empréstimo, conforme segue:
Podemos começar considerando os fluxos de caixa de fazer 
o leasing de um ativo. Com um leasing operacional, os 
fluxos de caixa incluem apenas os pagamentos do leasing, 
mensurados em termos pós-impostos. A alternativa a fazer 
um leasing de um ativo é comprá-lo. No entanto, adquirir 
o ativo integralmente, ou mesmo substancialmente, com 
ações exporia a empresa a muito menos risco do que fazer 
um leasing desse ativo, visto que pagamentos de leasing 
representam um compromisso contratual, enquanto fluxos de 
caixa sobre ações, não. Portanto, em geral a alternativa do 
leasing deve ser comparada a tomar emprestado todo o valor 
do ativo e comprá-lo, o que gera para a empresa os seguintes 
fluxos de caixa durante a vida do ativo:
O arrendatário possui 
o poder de escolha 
para, ao término da 
vigência do contrato, 
optar pela compra ou 
devolução do bem 
ao arrendador, ou 
até mesmo renovar o 
contrato de leasing.
145
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
• Despesas de juros sobre a dívida, que são dedutíveis dos 
impostos.
• Pagamentos do principal sobre a dívida, que não são 
dedutíveis dos impostos. 
• Economias de impostos, que resultam da depreciação do ativo. 
• Quaisquer outras despesas operacionais, como serviço e 
manutenção, surgindo como um resultado da compra do ativo.
• Qualquer valor residual no qual a empresa incorreu, como 
resultado da venda do ativo ao final da sua vida. 
Desta forma, existem vantagens ao fazer uso do leasing, mas esta decisão 
deve ser tomada com cautela. Conforme Damodaran (2004, p. 406-407),
Uma empresa muitas vezes toma dinheiro emprestado para 
financiar a aquisição de um ativo que ela precisa para suas 
operações. Uma abordagem alternativa que pode alcançar o 
mesmo objetivo é arrendar o ativo. Em um leasing, a empresa 
se compromete a fazer pagamentos fixos para o proprietário do 
ativo pelos direitos de usar esse ativo. 
Em um contrato de leasing, as partes envolvidas são o arrendador, 
que pode ser ou não ser possuidor do bem, o arrendatário e o 
fornecedor, que efetuará a venda do bem ao arrendador.
Esclarecem, Brigham e Ehrhardt (2010, p. 781, grifos dos autores), 
que as operações de arrendamento mercantil envolvem duas partes: “o 
arrendador, proprietário do bem, e o arrendatário, aquele que obtém 
o uso do bemem troca de um ou mais pagamentos de arrendamento 
mercantil, ou de aluguel”.
Ainda, segundo Brigham e Ehrhardt (2010, p. 786), classifica-se o 
arrendamento mercantil ou contrato de leasing como um arrendamento mercantil 
de capital e deve-se capitalizar e mostrar diretamente no balanço patrimonial, na 
ocorrência de uma ou mais das seguintes condições:
1. Em conformidade com os termos do arrendamento mercantil, 
o direito de propriedade do bem é efetivamente transferido do 
arrendador para o arrendatário.
2. O arrendatário pode comprar o bem a um preço inferior ao 
real de mercado ao término do arrendamento mercantil.
3. O prazo do arrendamento mercantil deve ser igual ou 
superior a 75% do ciclo de vida útil do ativo. Desse modo, caso 
um ativo com 10 anos de vida útil seja arrendado por 8 anos, o 
arrendamento mercantil deve ser capitalizado.
4. O valor presente dos pagamentos do arrendamento mercantil 
é igual ou superior a 90% do valor inicial do ativo.
Em um contrato de 
leasing, as partes 
envolvidas são o 
arrendador, que 
pode ser ou não ser 
possuidor do bem, 
o arrendatário e 
o fornecedor, que 
efetuará a venda do 
bem ao arrendador.
146
 FONTES DE CAPITAL
A taxa de desconto usada para calcular o valor presente dos 
pagamentos do arrendamento mercantil deve ser inferior (1) à 
taxa usada pelo arrendador para estabelecer os pagamentos de 
arrendamento mercantil (essa taxa será discutida posteriormente 
neste capítulo) ou (2) à taxa de juros que o arrendatário pagaria 
sobre uma nova dívida com vencimento igual ao do arrendamento 
mercantil. Além disso, observe que qualquer pagamento de 
manutenção embutido no pagamento do arrendamento mercantil 
deve ser desmembrado antes de verificar essa condição.
Na próxima seção vamos estudar como a legislação regulamenta o contrato 
de leasing no Brasil.
Legislação Aplicada ao Leasing
No Brasil, o contrato de leasing é denominado de arrendamento 
mercantil, e a legislação existente sobre este tipo de contrato refere-se 
quase que exclusivamente aos aspectos fiscais de sua constituição. 
Em outros países o leasing é utilizado tanto como meio de 
resguardar os direitos sobre um bem como para alavancar o capital 
social, gerar margem ao caixa, dentre outras utilidades. 
O contrato de leasing ou arrendamento mercantil foi regulamentado 
pela Lei nº 6.099/74, que dispõe sobre o tratamento tributário, alterada 
pela Lei nº 7.132/83 e pela Lei nº 11.882/2008, e também por normas 
deliberadas pelo Conselho Monetário Nacional, de competência do Banco Central 
do Brasil, como a Resolução no 351/75 e a no 2.309/96. 
De acordo com a Lei nº 6.099/74, o arrendador ou arrendante sempre será 
uma instituição financeira, com exceção de casos cujo contrato de leasing for 
operacional, em que o arrendador e o fornecedor são a mesma pessoa.
O objeto do contrato é a aquisição, por parte do arrendador, de bem escolhido 
pelo arrendatário para sua utilização. Este bem pode ser tanto móvel como imóvel. 
O contrato de arrendamento mercantil pode prever ou não a opção de 
compra, pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador. Desta forma, o 
No Brasil, o 
contrato de leasing 
é denominado 
de arrendamento 
mercantil, e a 
legislação existente 
sobre este tipo de 
contrato refere-
se quase que 
exclusivamente aos 
aspectos fiscais de 
sua constituição.
147
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
arrendador é o proprietário do bem, mas a posse e o usufruto, durante a vigência 
do contrato, são do arrendatário. O arrendador se compromete a permitir que o 
arrendatário possa usufruir o bem mediante a plena manutenção da conservação 
deste bem e o pagamento do preço acordado, tal qual a figura do depositário, 
prevista no art. 629 do Código Civil (BRASIL, 2002). 
Em caso de o arrendatário não efetuar os devidos pagamentos, a forma de 
o arrendador reaver o bem poderá ser judicialmente, por meio de ajuizamento 
de ação de reintegração de posse. Nesta situação, o arrendatário deverá efetuar 
o pagamento da mora no prazo da contestação, sob pena de sofrer a busca e 
apreensão do bem objeto do contrato de leasing.
Outro fator importante diz respeito ao fato de que em caso de falência do 
arrendatário, o arrendador pode solicitar a restituição do bem objeto do contrato, 
uma vez que este bem não integra a massa falida, pois não é considerado 
patrimônio do arrendatário.
Com base no art. 8º do Anexo da Resolução no 2.309/96 do Conselho 
Monetário Nacional – CMN (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 1996), o prazo 
mínimo legal da operação de leasing é de noventa dias para o leasing operacional, 
vinte e quatro meses para bens com depreciação de até cinco anos (veículos 
e equipamentos de informática) e de trinta e seis meses para os demais bens 
(máquinas, equipamentos e imóveis). 
Ainda, a extinção do contrato de leasing pode ocorrer em casos de falecimento 
do arrendador ou do arrendatário, caso fortuito ou força maior, término da vigência 
sem a renovação, perda ou destruição do bem objeto do contrato ou rescisão por 
descumprimento contratual.
a) Aspectos controversos do contrato de leasing
O contrato de leasing possui diversas controvérsias no meio jurídico, pois 
as leis que normatizam esta modalidade de contrato são omissas em relação a 
muitos aspectos. França (2009, s.p.) evidencia que “o contrato de leasing foi e 
é alvo de diversas controvérsias entre os tribunais e os doutrinadores, entre si 
e reciprocamente, tendo em vista que, como já exasperado, a lei substantiva é 
omissa quanto a variados aspectos jurídicos de tal tipo de contratação”.
Vejamos, segundo França (2009, s. p., grifos do autor), a seguir, as 
controvérsias de maior repercussão nos tribunais.
No que tange à aplicabilidade do Código de Defesa do 
Consumidor (Lei nº 8.078/90) aos contratos de leasing, 
esta restou, apesar do entendimento minoritário de parte da 
148
 FONTES DE CAPITAL
doutrina, impassível de questionamento, frente à clareza do 
art. 3º, §2º do referido diploma legal, in verbis:
‘Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, 
que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
[...]
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de 
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza 
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Espancando qualquer controvérsia, o Superior Tribunal de 
Justiça aprovou a Súmula nº 297, a qual afirma que ‘O Código 
de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras’.
Assim, inegável é que o arrendante do bem, que, como visto, 
sempre será uma instituição financeira ou, no caso de leasing 
operacional, uma pessoa jurídica que desempenhe atividade 
comercial, se enquadrará em qualquer hipótese no conceito 
de ‘fornecedor’ previsto no Código de Defesa do Consumidor.
Subsiste, no entanto, discussão quanto à caracterização do 
arrendatário no conceito de ‘consumidor’, previsto no caput do 
art. 2º da Lei nº 8.078/90, qual seja:
‘Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final’.
Prosseguindo, o autor indaga que, “a contrario sensu, não é 
consumidor o arrendante que utiliza o bem objeto do contrato de leasing 
com fins econômicos, visando o lucro e os demais fins empresariais 
consagrados, mesmo que pessoa física” (FRANÇA, 2009, s.p.). Assim, 
o Código de Defesa do Consumidor somente será aplicado nos casos 
de contratos de leasing em que o arrendatário, mesmo que pessoa 
jurídica, seja destinatário final do bem objeto docontrato.
Seguindo o mesmo raciocínio, o Ministro Humberto Gomes de 
Barros, na relatoria do julgamento do Agravo Regimental no Recurso 
Especial nº 508.889 – DF, no Superior Tribunal de Justiça, em seu voto fez a 
seguinte afirmação: 
A jurisprudência recente do STJ admite a legitimidade do 
Ministério Público para propor ação civil pública buscando a 
revisão de contratos de arrendamento mercantil. [...] A questão 
referente às empresas e aos profissionais, não afasta a tese 
da legitimidade do Ministério Público para exercer a ação civil 
no caso sob exame. É que essas pessoas também podem ser 
alcançadas pelo conceito de ‘destinatário final’, do Código de 
Defesa do Consumidor, quando adquirem bens ou serviços 
e os utilizam em benefício próprio, sem transformação ou 
beneficiamento na cadeia produtiva [...] (FRANÇA, 2009, s. p.).
Para os casos de problemas com pagamento por parte do arrendatário, houve 
discussões no âmbito jurídico sobre a necessidade de notificação prévia do arrendatário. 
O Código de Defesa 
do Consumidor 
somente será 
aplicado nos casos 
de contratos de 
leasing em que o 
arrendatário, mesmo 
que pessoa jurídica, 
seja destinatário 
final do bem objeto 
do contrato.
149
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
Mas, conforme França (2009, s.p.), o Superior Tribunal de Justiça aprovou a Súmula no 
369, na data de 17/02/2009, com a seguinte definição: "No contrato de arrendamento 
mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a 
notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora".
Esta Súmula encerrou divergências que atrasaram a resolução de diversos 
processos litigiosos entre partes contratantes de um leasing. Assim, segundo França 
(2009, s. p.), “caso o arrendante ajuíze ação reintegratória sem que tenha notificado 
previamente o arrendatário, esta deverá ser extinta sem julgamento do mérito, pela 
falta de interesse processual, nos termos do art. 267, VI do Código de Processo Civil”.
A cobrança antecipada do valor residual garantido – VRG é também um 
assunto polêmico em contratos de leasing. França (2009, s. p.) aborda que “em 
todo contrato de leasing há de constar o valor residual garantido, considerando-
se o valor real da prestação, descontados a correção monetária, juros aplicados, 
impostos e taxas previstos no contrato, dentre outros dados que compõem 
o preço do contrato”. Este valor residual é uma garantia para o arrendador de 
receber certa quantia se o arrendatário não optar pelo seu direito de compra ou 
não desejar renovar o contrato.
Na verdade, o VRG geralmente é destinado a cobrir os custos do arrendador 
com a aquisição do bem, a realização da operação do arrendamento e a sua margem 
de lucro. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 263, com o 
entendimento de que a cobrança antecipada (antes do término do prazo de vigência 
do contrato) do VRG descaracterizava o leasing e afirmava que o arrendador 
obteria, se assim ocorresse, vantagem sobre o arrendatário. Em 13/05/2004, foi 
publicada a Súmula 293 do STJ, com a revisão deste entendimento, desta vez com 
a afirmação de que a cobrança antecipada do VRG não descaracteriza o contrato 
de arrendamento mercantil ou contrato de leasing (FRANÇA, 2009). Mesmo assim, 
este assunto não está encerrado e continuará rendendo debates no meio jurídico. 
Outro ponto de controvérsia, apesar de pacificado o entendimento uníssono 
no Superior Tribunal de Justiça, trata-se da responsabilidade civil da empresa 
arrendante ou arrendadora do bem, caso terceiro venha a ser prejudicado pela 
sua má utilização pelo arrendatário. Para França (2009, s. p., grifo do autor), a 
situação se configura da seguinte forma: 
A situação do contrato de leasing cria a peculiaridade de, 
formalmente, a propriedade pertencer à arrendante, porém, a 
posse direta, o uso da coisa, é exclusivo do arrendatário.
Desta forma, parece-nos injusta a imputação da responsabilidade 
civil da arrendante perante terceiro prejudicado.
A respeito disso, o Superior Tribunal de Justiça publicou os informativos nº 
0364 e nº 0339 consolidando tal posicionamento. 
150
 FONTES DE CAPITAL
Informativo nº 0364
Período: 18 a 22 de agosto de 2008. Primeira Turma
LEASING. LEGITIMIDADE. BEM. USO INDEVIDO.
A Turma reiterou que a empresa de arrendamento mercantil é 
parte ilegítima para figurar no polo passivo da demanda advinda 
do uso indevido do bem pelo arrendatário. No caso, cuidava-se 
da execução da multa administrativa por transporte irregular de 
passageiros. Precedentes citados: AgRg no Ag 909.245-SP, DJ 
7/5/2008, e REsp 787.429-SP, DJ 4/5/2006. REsp 1.066.087-SP, 
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 21/8/2008."
Informativo nº 0339
Período: 12 a 23 de novembro de 2007. Quarta Turma
RESPONSABILIDADE CIVIL. SEGURO DPVAT. 
ARRENDATÁRIO.
Trata-se de ação regressiva proposta por companhia 
de seguro contra sociedade de arrendamento mercantil, no 
intuito de reaver indenização que pagou a título de DPVAT, 
em acidente causado por veículo objeto de contrato de 
arrendamento mercantil (leasing). A Turma entendeu que a 
arrendante é parte ilegítima passiva na presente ação, mesmo 
que não recolhido o prêmio do seguro DPVAT pelo arrendatário. 
Apesar de aquele ser proprietário do bem, a posse direta e 
uso é exclusivo deste. A atividade de leasing tem por finalidade 
financiar o bem e não o uso, que pertence ao arrendatário, 
que age com toda aparência de dono. REsp 436.201-SP, Rel. 
Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 13/11/2007 (FRANÇA, 
2009, s. p.).
Em síntese, é previsível que a ausência de regras que disciplinem 
o direito material do contrato de leasing continuará provocando 
divergências sobre suas consequências jurídicas. A solução seria a 
promulgação de uma lei substantiva sobre o tema.
Em síntese, é 
previsível que a 
ausência de regras 
que disciplinem 
o direito material 
do contrato de 
leasing continuará 
provocando 
divergências sobre 
suas consequências 
jurídicas. A solução 
seria a promulgação 
de uma lei 
substantiva sobre o 
tema.
Classificação de Arrendamento 
Mercantil ou Contrato de Leasing
A classificação do arrendamento mercantil é definida antes do início do 
contrato. Uma alteração ou reavaliação da classificação do arrendamento durante 
a vigência do contrato é possível somente nos casos em que o arrendatário e o 
arrendador concordem em alterar disposições estabelecidas no contrato, não se 
tratando de uma simples renovação contratual.
Em relação aos tipos de leasing, Damodaran (2004, p. 407) faz sua 
contribuição dizendo que:
O leasing tem duas partes – o proprietário do ativo, que 
compra esse ativo e coloca-o para ser arrendado, e o usuário, 
que utiliza o ativo durante a vida do leasing. A primeira parte, 
151
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
Um contrato 
de leasing ou 
arrendamento 
mercantil pode ser 
classificado como 
arrendamento 
mercantil financeiro 
ou arrendamento 
mercantil operacional
Um dos tipos 
de leasing é o 
financeiro. Essa 
modalidade é 
utilizada quando do 
contrato do leasing 
com a opção da 
aquisição no final do 
contrato.
o financiador do leasing, cobra da segunda parte, o tomador, 
um pagamento que foi acordado – pagamento do leasing – em 
todo o período (normalmente mensal ou semestral). Apesar de 
essa ser a estrutura típica, leasings tomam diferentes formas, 
com várias implicações para a propriedade e benefícios fiscais 
para ambas as partes. 
Um contrato de leasing ou arrendamento mercantil pode ser 
classificado como arrendamento mercantil financeiro ou arrendamento 
mercantil operacional e isso depende da natureza de sua transação e não 
da forma do contrato. Vejamos o que define cada classificaçãoa seguir. 
a) Arrendamento mercantil ou contrato de leasing financeiro
Um dos tipos de leasing é o financeiro. Essa modalidade é utilizada 
quando do contrato do leasing com a opção da aquisição no final do 
contrato. Nesse caso, ocorre a cobrança de um valor residual a título 
de antecipação durante a vigência do contrato junto com o valor normal 
do leasing, e o arrendatário opta pela aquisição do bem de acordo com 
o VRG (valor residual garantido).
É importante salientar que se o arrendatário não optar pela 
aquisição do bem no final do contrato, o arrendador fica obrigado a 
restituir os valores pagos a título de antecipação. De acordo com 
Damodaran (2004, p. 407, grifo do autor):
Um leasing financeiro geralmente dura toda a vida do ativo, 
com o valor presente dos pagamentos do leasing cobrindo 
o preço do ativo. Normalmente, um leasing financeiro não 
pode ser cancelado e o leasing pode ser renovado ao final 
da vida a uma taxa reduzida, ou o ativo pode ser adquirido 
pelo tomador a um preço favorável. Em muitos casos, o 
financiador não é obrigado a pagar seguro e impostos sobre 
o ativo, deixando essas obrigações para o tomador; o tomador 
consequentemente reduz os pagamentos do leasing, o que 
leva a leasings líquidos. Um leasing financeiro coloca um 
risco substancial sobre o tomador se o ativo perder valor ou 
tornar-se obsoleto. 
Para Assaf Neto (2010, p. 481), que trata do Arrendamento mercantil – 
Leasing financeiro, “o Arrendamento Mercantil é uma operação que envolve a 
aquisição de um bem por uma empresa arrendadora, para cessão a um terceiro 
(arrendatário), o qual usará esse bem por um prazo determinado, pagando em 
contrapartida contraprestações”.
O arrendamento mercantil financeiro se constitui da seguinte forma, conforme 
Lourenço (2014):
152
 FONTES DE CAPITAL
a) Na transferência da propriedade do ativo para o arrendatário ao final do 
prazo do contrato de arrendamento.
b) Se, no final do contrato, o arrendatário tiver a opção de comprar o ativo 
por preço mais baixo do que o valor justo na data em que a opção se 
torne exercível de forma que, no início do arrendamento mercantil, seja 
razoavelmente certo que a opção será exercida.
c) O prazo do arrendamento mercantil deverá cobrir a maior parte 
da vida econômica do ativo. Mesmo que a propriedade não seja 
transferida, o arrendatário deverá ter o bem em seu poder por um prazo 
consideravelmente significativo.
d) No início do contrato entre as partes, o valor presente dos pagamentos 
mínimos do arrendamento mercantil totaliza pelo menos substancialmente 
todo o valor justo do ativo arrendado. 
e) Os ativos arrendados são de natureza especializada tal que apenas o 
arrendatário pode usá-los sem grandes modificações.
f) As perdas do arrendador associadas com o cancelamento do contrato 
são suportadas pelo arrendatário, caso o arrendatário possa cancelar o 
arrendamento mercantil.
g) Os ganhos ou as perdas da flutuação no valor residual do ativo arrendado 
são atribuídos ao arrendatário (por exemplo, na forma de abatimento 
do aluguel que equalize a maior parte do valor da venda no fim do 
arrendamento mercantil). 
h) O arrendatário tem a capacidade de continuar o arrendamento mercantil 
por um período adicional com pagamentos que sejam substancialmente 
inferiores aos de mercado.
Conforme Assaf Neto (2010, p. 481), ao término do período de vigência do 
contrato de arrendamento, o arrendatário ou cliente poderá decidir-se por uma 
das seguintes opções: “comprar o bem por um valor previamente contratado, 
denominado de Valor Residual Garantido – VRG; não exercer a opção de compra, 
e devolver o bem ao arrendador; renovar o contrato de arrendamento por um novo 
prazo. Nesse caso, o valor residual do bem será o principal da renovação”. 
Em relação ao reconhecimento contábil deste tipo de contrato, no início da 
vigência do arrendamento mercantil, o arrendatário deve reconhecer a aquisição 
do bem como Ativo e as respectivas obrigações de pagamento como Passivo. 
153
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
O bem deverá ser registrado pelo valor justo da propriedade arrendada. 
“Entende-se por valor justo o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou 
que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação ordenada entre 
participantes do mercado na data de mensuração” (LOURENÇO, 2014, s. p.). 
Brigham e Ehrhardt (2010, p. 782, grifos dos autores) esclarecem sobre o 
arrendamento mercantil financeiro o seguinte:
O arrendamento mercantil financeiro, muitas vezes denominado 
arrendamento mercantil de capital, é diferente do arrendamento 
mercantil operacional, pois (1) não oferece serviços de 
manutenção, (2) não pode ser cancelado e (3) é totalmente 
amortizado (ou seja, o arrendador recebe pagamentos de aluguel 
equivalentes ao preço total do equipamento arrendado mais 
um retorno sobre o capital investido). Em um contrato típico, a 
empresa que fará uso do equipamento (o arrendatário) seleciona 
os itens específicos de que necessita e negocia o preço com 
o fabricante. A empresa usuária, então, estabelece um acordo 
com uma empresa de arrendamento mercantil (o arrendador) 
para que esta adquira o equipamento do fabricante e, ao mesmo 
tempo, firme um contrato de arrendamento mercantil. Os termos 
do arrendamento mercantil geralmente envolvem a amortização 
total do investimento do arrendador, mais uma taxa de retorno 
sobre o saldo não amortizado que fica próximo da taxa percentual 
que o arrendatário pagaria sobre um empréstimo com garantia. 
Por exemplo, se o arrendatário tivesse de pagar 10% por um 
empréstimo, uma taxa bem próxima desse percentual seria 
embutida no contrato de arrendamento mercantil. 
O arrendatário geralmente tem a opção de renovar o 
arrendamento mercantil no vencimento do contrato básico, 
a uma taxa reduzida. No entanto, o arrendamento mercantil 
básico normalmente não pode ser cancelado a menos que o 
arrendatário o pague totalmente. Além disso, o arrendatário 
geralmente paga o imposto e o seguro do bem arrendado. 
Como o arrendador recebe um retorno depois, ou líquido, 
desses pagamentos, esse tipo de arrendamento mercantil é 
chamado, às vezes, de arrendamento mercantil “bilíquido”. 
Se o valor justo for abaixo do valor determinado no contrato, o reconhecimento 
contábil será pelo valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento 
mercantil. Todos os custos atribuídos diretamente à negociação inicial para 
aquisição do ativo deverão ser adicionados ao valor do bem.
Caso o arrendatário reconheça o bem pelo valor presente dos 
pagamentos mínimos deverá calcular o valor a ser contabilizado 
como ativo utilizando a taxa de juros implícita do arrendamento. 
Se essa taxa de juros não puder ser determinada, deverá ser 
utilizada a taxa de juros incremental de financiamento do 
arrendatário (LOURENÇO, 2014, s. p.).
154
 FONTES DE CAPITAL
Os bens que são sujeitos à operação de arrendamento mercantil 
financeiro terão reconhecidos os gastos com depreciação igualmente 
como os outros bens depreciáveis pela legislação em vigor, para as 
empresas de porte pequenas e médias.
Se eventualmente ocorrer a razoabilidade certeza de que o 
arrendatário permanecerá com a propriedade do bem no final do prazo 
do contrato de arrendamento mercantil, esse ativo imobilizado deverá 
ser totalmente depreciado durante o prazo que irá vigorar o contrato (do 
arrendamento mercantil) ou da sua vida útil, destes, o que for menor.
Conforme Brigham e Ehrhardt (2010), o arrendatário e o 
arrendador avaliam o arrendamento mercantil. O arrendatário avalia 
se o arrendamento mercantil de um ativo é mais vantajoso que a compra, e o 
arrendador avalia se os pagamentos pelo contrato de leasing produzem um 
retorno satisfatório sobre o capital investido no bem arrendado.Em relação à 
avaliação pelo arrendatário, Brigham e Ehrhardt (2010, p. 787) dizem que:
Em uma situação normal, os fatores que levam a um contrato 
de arrendamento mercantil obedecem à sequência descrita a 
seguir. É necessário observar que o grau de incerteza existe 
independentemente da metodologia teoricamente correta de 
avaliar as decisões entre a compra e o arrendamento mercantil, 
e alguns modelos de decisão extremamente complexos foram 
desenvolvidos para auxiliar na análise. No entanto, a análise 
simples apresentada aqui conduz à correta decisão em 
qualquer caso encontrado até o presente.
1. A empresa decide adquirir determinado edifício ou 
equipamento, e essa decisão é baseada nos procedimentos 
normais de orçamento de capital. A decisão de adquirir ou não 
o ativo não faz parte de uma análise típica de arrendamento 
mercantil – nesse tipo de avaliação, a preocupação se 
concentra apenas na escolha entre o arrendamento mercantil 
ou a compra para obter o uso da máquina. Desse modo, 
para o arrendatário, a decisão de arrendamento mercantil é 
tipicamente apenas uma decisão de financiamento. Contudo, 
se o custo efetivo do capital obtido por meio do arrendamento 
mercantil for substancialmente inferior ao custo de dívida, o 
custo do capital usado na decisão de orçamento de capital 
terá de ser recalculado e, talvez, projetos antes considerados 
inaceitáveis poderão tornar-se aceitáveis. [...]. 
2. Assim que a empresa decide adquirir o ativo, a dúvida 
seguinte é como financiá-lo. As empresas bem-sucedidas 
não têm caixa excedente, portanto os novos ativos devem ser 
financiados com capital proveniente de outra fonte.
3. Os fundos para a compra do ativo podem ser provenientes 
dos fluxos de caixa gerados internamente, de empréstimos 
ou de venda de novas ações ordinárias. O arrendamento 
mercantil também seria uma alternativa. Por causa da cláusula 
de capitalização e divulgação do arrendamento mercantil, essa 
Os bens que são 
sujeitos à operação 
de arrendamento 
mercantil financeiro 
terão reconhecidos 
os gastos com 
depreciação 
igualmente como 
os outros bens 
depreciáveis pela 
legislação em vigor, 
para as empresas 
de porte pequenas e 
médias.
155
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
operação normalmente produz o mesmo efeito na estrutura de 
capital que o empréstimo. 
4. Conforme indicado anteriormente, o arrendamento mercantil 
pode ser comparado ao empréstimo no sentido de que a 
empresa deve efetuar uma série específica de pagamentos, 
e que o descumprimento dessa obrigação pode resulta em 
falência. Se uma empresa possui uma estrutura de capital-alvo, 
o financiamento de $ 1 com arrendamento mercantil equivale 
ao financiamento de $ 1 com dívida. Portanto, a comparação 
mais adequada seria entre o financiamento com arrendamento 
mercantil e o financiamento com dívida. Observe que a análise 
deve comparar o custo do arrendamento mercantil com o custo 
do financiamento com dívida independentemente de como a 
compra do ativo será efetivamente financiada. O ativo pode 
ser adquirido com dinheiro disponível ou obtido mediante 
a emissão de ações, mas como o arrendamento mercantil 
equivale ao financiamento com dívida e produz o mesmo efeito 
na estrutura de capital, a comparação mais apropriada ainda 
seria com o financiamento com dívida. 
Isso significa dizer que o leasing financeiro é característico de um 
financiamento. Seria como dizer: “Estou buscando recursos financeiros 
emprestados para a aquisição de um bem para mim ou para a empresa”.
Conforme Assaf Neto (2010), o leasing financeiro se constitui em uma 
operação similar à de um financiamento. A vantagem ao arrendatário é a 
dedutibilidade fiscal integral da contraprestação. Mas, é preciso comparar 
esse benefício ao custo efetivo da operação, para identificar se esse benefício 
é vantajoso ou não. Para Assaf Neto (2010, p. 482), os principais encargos do 
arrendamento mercantil são: “taxa de juros; taxa de abertura de crédito; despesas 
adicionais, como seguros, registros de contratos etc.; imposto sobre serviços – 
ISS; valor residual garantido – VRG”.
Prosseguindo, Assaf Neto (2010) exemplifica da seguinte forma: 
Um contrato de leasing foi efetivado no valor de $ 250.000,00, e o seu valor 
residual garantido (máquinas e equipamentos) está fixado em $ 71.500,00. A 
negociação do prazo do contrato está na ordem de 30 meses, devendo ser pago 
durante 30 parcelas mensais e iguais do mesmo valor. Por sua vez, a taxa de juro 
contratada é de 2,2% a.m. Qual é o valor da prestação?
− VALOR DA CONTRAPRESTAÇÃO – PMT
156
 FONTES DE CAPITAL
Com o auxílio da calculadora financeira HP 12C, calcula-se o valor da 
contraprestação:
250.000,00 CHS PV
71.500,00 FV
30 n
2,2 i
PMT
O valor da contraprestação (PMT) é de $ 9.763,90.
Sobre esse valor incide ainda imposto sobre serviços – ISS. Admitindo uma 
alíquota de 2% sobre o valor da contraprestação, tem-se:
Os registros a serem reconhecidos pela contabilidade serão assim definidos:
Nos registros contábeis, você identificará as letras “D” e “C”, que 
significam respectivamente: D – Débito (para registrar o destino dos 
recursos) e C – Crédito (para registrar as origens dos recursos).
• Recebimento do bem objeto de arrendamento
 D – Imobilizado (Ativo não circulante): pela entrada do bem no grupo 
do ativo imobilizado da empresa.
 C – Arrendamento mercantil a pagar (Passivo circulante/Passivo 
não circulante): pelo reconhecimento da dívida assumida pela empresa.
• Se houver registro dos encargos financeiros a apropriar
 D – Encargos financeiros a apropriar (Conta redutora do Passivo 
circulante/ Passivo não circulante): pela transferência dos juros do contrato 
das contas dos compromissos de longo prazo para o curto prazo da empresa.
157
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
 C – Arrendamento mercantil a pagar (Passivo circulante/Passivo 
não circulante): pelo reconhecimento dos juros a pagar no período do 
ano corrente.
• Apropriação dos encargos financeiros incorridos
 D – Encargos financeiros (Conta de resultado): pelo reconhecimento 
dos juros na conta de despesas financeiras (reduz o lucro da empresa).
 C – Encargos financeiros a apropriar (Conta redutora do Passivo 
circulante): pelo desreconhecimento dos juros do contrato das contas 
dos compromissos de longo prazo para o curto prazo da empresa.
• Pagamento das contraprestações
 D – Arrendamento mercantil a pagar (Passivo circulante): pela baixa 
da parcela do mês corrente, da conta de obrigações a pagar, pelo seu 
pagamento efetivo.
 C – Banco – Disponibilidade (Ativo circulante): pela baixa da parcela do 
mês corrente, da conta de obrigações a pagar, pelo seu pagamento efetivo.
• Registro da depreciação
 D – Despesas com depreciação (Conta de resultado): pelo registro 
dos gastos da depreciação, pelo uso no período.
 C – Depreciação acumulada (Conta redutora do Ativo não circulante): 
pela redução do valor econômico do bem pelo seu uso ou obsolescência.
b) Arrendamento mercantil ou contrato de leasing operacional
O arrendamento mercantil operacional se constitui quando o 
contrato não transferir substancialmente todos os riscos e benefícios 
inerentes à propriedade. Segundo Lourenço (2014, s. p.), pode-se 
considerar como arrendamento mercantil operacional quando:
a) as contraprestações a serem pagas pelo 
arrendatário contemplam o custo de arrendamento 
do bem e os serviços inerentes à sua colocação a 
disposição do arrendatário, não podendo o valor 
presente dos pagamentos ultrapassar 90% do custo 
do bem;
b) o prazo contratual seja inferior a 75% do prazo de vida útil 
econômica do bem;
O arrendamento 
mercantil 
operacional se 
constitui quandoo contrato 
não transferir 
substancialmente 
todos os riscos e 
benefícios inerentes 
à propriedade.
158
 FONTES DE CAPITAL
c) o preço para o exercício da opção de compra seja o valor 
de mercado.
No que se refere ao reconhecimento contábil, por parte do arrendatário, 
Batista (2013) aborda que deverá constar no balanço patrimonial da arrendatária, 
mais especificamente no Ativo Imobilizado, os ativos em uso e sob controle da 
arrendatária (assumindo os riscos e benefícios) para produção de bens e serviços, 
bem como apresentar a dívida decorrente dos compromissos assumidos. Para o 
leasing operacional, Damodaran (2004, p. 407) aborda que:
[...] o termo do acordo do leasing é mais curto do que a vida 
do ativo e o valor presente dos pagamentos do leasing é 
geralmente muito mais baixo do que o preço real do ativo. Ao 
final da vida do leasing, o ativo volta para o financiador, que 
irá oferecê-lo para ser vendido ao tomador, ou será arrendado 
para outra pessoa. O tomador normalmente tem o direito de 
cancelar o leasing e devolver o ativo para o financiador. Desse 
modo, a propriedade do ativo em um leasing operacional 
evidentemente é do financiador, com o tomador enfrentando 
pouco ou nenhum risco, se o ativo se tornar obsoleto. 
 
Segundo Brigham e Ehrhardt (2010, p. 781, grifo dos autores), existem 
vantagens que as operações de arrendamento mercantil operacional podem 
contribuir para as empresas:
O arrendamento mercantil operacional, no geral, serve tanto 
para fins de financiamento como para manutenção. A IBM 
foi uma das pioneiras a firmar um contrato de arrendamento 
mercantil operacional, e os principais tipos de equipamentos 
envolvidos nessa modalidade de arrendamento mercantil são 
computadores, copiadoras, além de automóveis, caminhões e 
aviões. Normalmente, no arrendamento mercantil operacional, 
o arrendador mantém e presta assistência ao equipamento 
arrendado, e o custo de manutenção é embutido nos 
pagamentos do arrendamento. 
Outra característica importante do arrendamento mercantil 
operacional consiste no fato de que esse tipo transação não 
é totalmente amortizado. Em outras palavras, os pagamentos 
de aluguel estabelecidos no contrato de arrendamento 
mercantil não são suficientes para que o arrendador recupere 
o custo total do ativo. No entanto, o contrato de arrendamento 
mercantil é firmado por um período consideravelmente mais 
curto que o ciclo de vida econômico esperado do ativo, 
portanto o arrendador pode recuperar todos os custos ou por 
meio de pagamento subsequentes à renovação, mediante o 
arrendamento mercantil a outro arrendatário, ou por meio de 
venda do ativo. 
Uma última característica do arrendamento mercantil 
operacional é que o seu contrato, muitas vezes, contém uma 
cláusula de cancelamento que proporciona ao arrendatário 
o direito de cancelar a transação e devolver o ativo antes do 
vencimento do contrato básico de arrendamento. Esse é um 
159
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
aspecto importante a ser considerado pelo arrendatário, já que 
permite a devolução do ativo caso este se torne obsoleto em 
decorrência do avanço tecnológico ou não seja mais necessário 
em razão de mudanças de negócios do arrendatário. 
Para o reconhecimento contábil, por parte do arrendatário, vejamos um 
exemplo de leasing de uma máquina para uma indústria no valor de R$ 30.000,00, 
em 24 meses, com o valor da parcela de R$ 1.500,00 e encargos financeiros de 
R$ 250,00. Os lançamentos, segundo Batista (2013), serão feitos da seguinte 
forma:
D – Máquinas e equipamentos – Arrendamento mercantil (Ativo não circulante-
imobilizado) R$ 30.000,00
D – Encargos financeiros a apropriar (Conta redutora-Passivo circulante) R$ 3.000,00
D – Encargos financeiros a apropriar (Conta redutora-Passivo não circulante) R$ 3.000,00
C – Arrendamento mercantil a pagar (Passivo circulante) R$18.000,00
C – Arrendamento mercantil a pagar (Passivo não circulante) R$ 18.000,00
Apropriação mensal dos encargos
D – Encargos financeiros (Conta de resultado) R$ 250,00
C – Encargos financeiros a Apropriar (Conta redutora – Passivo circulante) R$ 250,00
Os pagamentos são contabilizados de forma simples
D – Arrendamento mercantil a pagar (Passivo circulante) R$ 1.500,00
C – Bancos conta movimento (Ativo circulante) R$ 1.500,00
Deve-se contabilizar a depreciação uma vez que o bem está registrado no Imobilizado.
D – Depreciação (Conta de resultado)
C – Depreciação acumulada de máquinas e equipamentos – arrendamento mercantil
Quadro 1 – Lançamentos
Fonte: O autor
Observar sempre a transferência dos saldos do Passivo não circulante para o 
Passivo circulante. Tanto nos pagamentos quanto para as apropriações dos encargos.
O reconhecimento contábil, por parte do arrendador, deverá ser feito da 
seguinte forma: 
“Quando o arrendamento for classificado como financeiro, o bem será 
tratado como vendido pela arrendadora ou por terceiro diretamente à 
arrendatária” (BATISTA, 2013, s. p.).
Vejamos como ficam os lançamentos utilizando o mesmo exemplo da 
operação para o arrendador:
160
 FONTES DE CAPITAL
“Venda” do bem por meio do leasing:
D – Contas a receber (Ativo circulante) R$ 18.000,00
D – Contas a receber (Ativo não circulante) R$ 18.000,00
C – Receitas financeiras a apropriar (Conta redutora-Ativo circulante) R$ 3.000,00
C – Receitas financeiras a apropriar (Conta redutora-Ativo não circulante) R$ 3.000,00
C – Receita de vendas (Conta de resultado) R$ 30.000,00
Apropriação mensal das receitas financeiras
D – Receitas financeiras a apropriar (Conta redutora-Ativo circulante) R$ 250,00
C – Receitas financeiras (Conta de resultado) R$ 250,00
Contabilização dos recebimentos
D – Bancos conta movimento (Ativo circulante) R$ 1.500,00
C – Contas a receber (Ativo circulante) R$ 1.500,00
É importante observar a necessidade da transferência dos saldos do Ativo 
não circulante para o Ativo circulante, em função dos pagamentos das parcelas 
vencidas e vincendas, assim como as apropriações das receitas financeiras.
c) Efeitos fiscais e operacionais
Existem algumas vantagens tributárias no contrato de leasing ou de 
arrendamento mercantil, tanto que vem aumentando a utilização desta modalidade 
de contrato, principalmente a partir de janeiro de 2008. Com a extinção da CPMF, 
aumentou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras – IOF. Com isso 
as instituições financeiras migraram dos modelos tradicionais de contratação, 
como comodato, alienação fiduciária, entre outros, para o leasing, que não sofre a 
incidência deste imposto e ainda pode ser contabilizado como custo operacional, 
para fins de dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, embora 
sofra a incidência de Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS 
(FRANÇA, 2009). 
Os contratos de leasing são também vantajosos no cálculo do PIS e da 
COFINS, pois as despesas com leasing podem ser utilizadas como crédito 
para estas contribuições. Podem-se perceber vantagens para a pessoa jurídica 
contratante de um leasing. Os caputs dos artigos 11 e 12 da Lei nº 6.099 (BRASIL, 
1974) estabelecem que:
Art. 11 Serão consideradas como custo ou despesa operacional 
da pessoa jurídica arrendatária as contraprestações pagas ou 
creditadas por força do contrato de arrendamento mercantil. 
[...]
Art. 12 Serão admitidas como custos das pessoas jurídicas 
arrendadoras as cotas de depreciação do preço de aquisição de 
bem arrendado, calculadas de acordo com a vida útil do bem.
Quadro 2 – Lançamentos
Fonte: O autor
161
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
Contudo, França (2009) alerta que o leasing pode ser mais vantajoso 
na redução de tributos para a empresa arrendatária. Porém, devem-seanalisar a conjuntura do momento e a perspectiva a médio prazo da 
economia a fim de avaliar se não há isenções ou reduções fiscais de 
tributos incidentes em outros contratos semelhantes concedidas pelo 
Estado e que sejam naquele momento mais vantajoso do que o leasing.
O contrato de arrendamento mercantil ou de leasing é uma modalidade que 
oferece algumas vantagens operacionais em relação a outros contratos. Vejamos:
O leasing não é tão burocrático em relação a seus pares 
(contratos de mútuos, comodato, empréstimos, dentre outros), 
por causa de seu acesso fácil e de rápida análise e decisão, 
rapidez na entrega do bem e liquidação ao fornecedor, 
rendas de valor significativamente inferior às prestações de 
outros contratos financeiros, condições contratuais claras e 
financeiramente transparentes e operações de médio ou longo 
prazo sem constituição de garantias reais.
Ademais, o leasing permite que o arrendatário aperfeiçoe 
seu orçamento e direcione o capital da empresa e suas linhas 
de crédito para outros investimentos produtivos, fornecendo 
simultaneamente um meio para promover e garantir ambientes 
de renovação tecnológicas e foco no fim social, o que contribui 
exponencialmente para o crescimento da sociedade (FRANÇA, 
2009, s.p., grifo do autor).
Em algumas situações, dependendo do bem objeto do contrato, a empresa 
arrendatária tem a vantagem de, em um único contrato, suprir suas necessidades 
tecnológicas e financeiras, podendo até mesmo ter o suporte e manutenção do 
bem pelo arrendador.
Os efeitos fiscais nas operações de leasing dos Estados Unidos são abordados 
por Brigham e Ehrhardt (2010, p. 783, grifos dos autores) da seguinte forma: 
O montante total de pagamentos de uma transação de 
arrendamento mercantil consiste em uma despesa dedutível 
do imposto para o arrendatário desde que o Serviço de Receita 
Internas (IRS) norte-americano concorde em que determinado 
contrato seja realmente de arrendamento mercantil e não 
simplesmente de um empréstimo chamado arrendamento 
mercantil. Essa condição torna fundamental a elaboração 
correta do contrato de arrendamento mercantil de forma a ser 
aceito pelo IRS. Um contrato de arrendamento mercantil que 
cumpra as exigências do IRS é denominado arrendamento 
mercantil normativo, ou orientado para tributação, e os 
benefícios fiscais do direito de propriedade (depreciação 
O leasing pode ser 
mais vantajoso na 
redução de tributos 
para a empresa 
arrendatária.
162
 FONTES DE CAPITAL
e qualquer crédito fiscal de investimento) pertencem ao 
arrendador. As principais cláusulas de normas tributárias são:
O tempo de duração do arrendamento mercantil (inclusive 
qualquer prorrogação ou renovação a uma taxa fixa de aluguel) 
não deve ultrapassar 80% da vida útil estimada do equipamento, 
contado a partir do início da transação. Desse modo, um ativo 
com uma vida útil de 10 anos não pode ser arrendado por mais 
de 8 anos. Ademais, a vida útil remanescente não deve ser 
inferior a 1 ano. Observe que a vida útil esperada de um ativo 
é normalmente muito superior à da classificação do MACRS.
1. O valor residual estimado do equipamento (em moeda 
corrente constante sem ajuste de inflação) no vencimento 
do arrendamento mercantil deve ser de no mínimo 20% do 
respectivo valor inicial do arrendamento. Essa exigência tem 
o efeito de limitar o prazo máximo do arrendamento mercantil.
2. Nem o arrendatário nem qualquer uma das partes 
envolvidas podem ter o direito de adquirir o bem a um preço 
fixo predeterminado. Contudo, o arrendatário pode ter a opção 
de adquirir o ativo a preço justo de mercado. 
3. Nem o arrendatário nem qualquer uma das partes envolvidas 
podem pagar ou garantir o pagamento de qualquer parcela do 
preço do equipamento arrendado. Ou seja, o arrendatário não 
pode efetuar nenhum investimento que não seja por meio dos 
pagamentos do arrendamento mercantil. 
4. O equipamento arrendado não pode ser propriedade de “uso 
limitado”, definido como um equipamento que possa ser usado 
somente pelo arrendatário ou por uma parte envolvida, ao se 
encerrar o arrendamento mercantil. 
Extremamente vantajoso operacionalmente, ainda, o modelo clássico 
do contrato de leasing, em que não há cobrança antecipada do valor residual 
garantido – VRG, possibilitando um maior aporte de capital de giro pela empresa 
ao longo da vigência contratual.
Neste tipo de contrato é o arrendador quem paga pela aquisição do bem 
para que o arrendatário usufrua este bem, com o compromisso de pagar o valor 
parcelado previsto no contrato de acordo com as condições orçamentárias da 
empresa. Isto possibilita ao arrendatário mais condições de investir 
em outras áreas da empresa. E o arrendatário ainda conta com a 
possibilidade de, ao término do contrato de leasing, fazer um novo 
contrato adquirindo um novo bem, com tecnologia atualizada e devolver 
o bem, depreciado pelo tempo de uso, do contrato anterior. Esta 
possibilidade, além de oferecer economia, pode contribuir muito para o 
desenvolvimento e crescimento da empresa no mercado. 
A desvantagem é que em casos de inadimplência, o bem é 
retomado pela arrendadora, podendo a empresa arrendatária ficar em 
situação difícil, principalmente se o bem for de utilização necessária em 
sua produção. Outro elemento que o arrendatário deve ter clareza, é que 
E o arrendatário 
ainda conta com a 
possibilidade de, ao 
término do contrato 
de leasing, fazer 
um novo contrato 
adquirindo um novo 
bem, com tecnologia 
atualizada e 
devolver o bem, 
depreciado pelo 
tempo de uso, do 
contrato anterior.
163
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
se houver uma rescisão do contrato, segundo França (2009, s. p.) “o arrendatário 
não tem direito a devolução de qualquer valor, seja a título de parcela, seja pela 
antecipação do VRG, devendo ainda ter de pagar as parcelas vincendas”. O autor 
compara o leasing com outros contratos de financiamentos e esclarece que 
[...] nos financiamentos, o comprador pode fazer a quitação 
antecipada do preço do contrato, tendo direito a desconto dos 
juros sobre as prestações vincendas, ao passo que no contrato 
de leasing, este procedimento encarece o valor a pagar, porque 
a operação de arrendamento é anulada e recalculada como 
financiamento. (FRANÇA, 2009, s. p.).
Prosseguindo, Brigham e Ehrhardt (2010) esclarecem que a legislação 
tributária é fundamental para determinar a capacidade de estruturar um 
arrendamento mercantil que ofereça benefícios tanto para o arrendador como 
para o arrendatário. Os quatro principais fatores que influenciam esse tipo de 
operação são:
 
1. créditos fiscais de investimento; 
2. regras de depreciação; 
3. alíquotas de impostos de renda; 
4. imposto mínimo alternativo. 
Conforme Brigham e Ehrhardt (2010, p. 796),
O crédito fiscal de investimento, quando permitido, consiste 
na redução direta de impostos que ocorre quando a empresa 
adquire novos bens de capital. Antes de 1987, as empresas 
norte-americanas eram autorizadas a deduzir prontamente das 
obrigações tributárias de pessoa jurídica até 10% do custo de 
novos investimentos de capital. Dessa forma, a empresa que 
adquirisse um sistema computadorizado de grande porte no 
valor de $ 1.000.000 poderia deduzir $ 100.000 em impostos 
do ano corrente. Como o crédito fiscal de investimento vai para 
o proprietário do bem de capital, as empresas enquadradas 
na alíquota inferior de imposto de renda que de outro modo 
não usariam o crédito fiscal poderiam usar o arrendamento 
mercantil como um veículo para transferir a economia fiscal 
imediata para os arrendadores enquadrados na alíquota 
superior. O crédito fiscal de investimento não estava em vigor, 
no entanto, até 2001, a volta de sua vigência é especialmente 
interessante para as empresas de alíquota menor.Desta forma, é sempre importante analisar a conjuntura política e econômica, 
as condições da empresa para assumir dívidas de médio e longo prazo e as 
condições contratuais que são assumidas a partir do início da vigência de um 
contrato, seja de leasing ou qualquer outra modalidade de financiamento. 
164
 FONTES DE CAPITAL
d) Efeitos do contrato de leasing nas demonstrações 
As Normas Internacionais de Contabilidade, as IFRS – International Financial 
Reporting Standards, que significa Normas Internacionais de Informação Financeira, 
são emitidas pelo IASB – International Accounting Standards Board e implementadas 
no Brasil pelo Comitê de Pronunciamento Contábil – CPC e pelos órgãos reguladores 
brasileiros, como a Comissão de Valores Mobiliários – CVM, o Banco Central do Brasil 
– BACEN e a Superintendência de Seguros Privados – SUSEP. O CPC foi criado pela 
resolução do Conselho Federal de Contabilidade – CFC nº 1.055/05, de 7 de outubro 
de 2005, e traz em seu artigo 3º o seu objetivo, conforme segue:
Art. 3º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) tem por 
objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos 
Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação 
de informações dessa natureza, para permitir a emissão 
de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à 
centralização e uniformização do seu processo de produção, 
levando sempre em conta a convergência da Contabilidade 
Brasileira aos padrões internacionais (CONSELHO FEDERAL 
DE CONTABILIDADE, 2005).
Basicamente, podemos dizer que os pronunciamentos técnicos, as orientações 
e interpretações emitidas pelo CPC, excetuando algumas situações específicas, 
são traduções das normas internacionais, com raras adaptações de linguagem.
A Lei no 11.638/2007 alterou e revogou dispositivos da Lei nº 6.404/76 e da 
Lei nº 6.385/76, e estendeu às sociedades de grande porte disposições relativas 
à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Segundo Salotti et al. 
(2015 apud PEREIRA; SOUZA; DALFIOR, s.d. p. 4), 
[...] essa lei representou o fundamento jurídico, antes inexistente, 
para viabilizar a convergência rumo às IFRS. A convergência 
da contabilidade brasileira às normas internacionais de 
contabilidade (IFRS) ocorreu progressivamente após aprovação 
da Lei 11.638/2007. A partir de 2008, o CPC começa a emitir os 
pronunciamentos para atender às mudanças decorrentes da nova 
Lei. A convergência completa às normas internacionais somente 
ocorreu em 2010 com a divulgação, em 02/12/2010, do CPC 37 – 
Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade. 
Em 2010, marcou na contabilidade brasileira tanto o início das IFRS como 
também uma mudança de filosofia nas empresas que passaram a elaborar e 
divulgar suas informações financeiras ao mercado em novo formato. Isso porque 
a contabilidade passou a ser baseada em princípios, e o princípio que mais 
demonstra essa mudança, conforme Salotti et al. (2015 apud PEREIRA; SOUZA; 
DALFIOR, s.d. p. 4), é 
165
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
O princípio da prevalência da essência sobre a forma, 
mencionado na Estrutura Conceitual e em outros 
pronunciamentos. Isso significa dizer que a contabilização 
e apresentação devem refletir a essência econômica da 
transação e não a forma legal. Um exemplo desse princípio 
está no parágrafo 10 do CPC 06 (R1) – Operações de 
Arrendamento Mercantil: a classificação de um arrendamento 
mercantil como arrendamento mercantil financeiro ou 
arrendamento mercantil operacional depende da essência da 
transação e não da forma do contrato. Outro exemplo é o 
CPC 30 (R1) – Receitas, que traz em seu parágrafo 13 esse 
princípio: ‘[...] em certas circunstâncias pode ser necessário 
aplicar os critérios de reconhecimento aos componentes 
separadamente identificáveis de uma única transação, com o 
objetivo de refletir a essência econômica da transação’.
Quanto aos aspectos legais que abordam o tema Leasing, no Brasil, o 
CPC 6, que se refere ao arrendamento mercantil e que possui correlação com 
a norma internacional IAS (International Accounting Standard) 17, determina o 
arrendamento mercantil como acordo em que o arrendador permite ao arrendatário 
a utilização de um ativo por um determinado período estabelecido em contrato 
mediante o seu pagamento (único ou parcelado).
De acordo com Pereira, Souza e Dalfior (s.d., p. 4), no IAS 17 e no CPC 
6 o arrendamento mercantil financeiro é definido como aquele em que “há 
transferência substancial dos riscos e benefícios inerentes à propriedade de um 
ativo. O título de propriedade pode ou não vir a ser transferido”. 
De forma diferente, o arrendamento mercantil operacional se aplica somente 
quando o prazo do contrato for inferior a 75% do tempo de vida útil do bem, o valor 
das prestações contatadas forem inferiores a 90% do custo do arrendamento, que 
não ocorra o Valor Residual Garantido (VRG) e por final, o preço de mercado seja 
aplicado para a opção de compra. 
De acordo com Brigham e Ehrhardt (2010, p. 784-786), os efeitos do leasing 
nas demonstrações financeiras são os seguintes:
Em algumas circunstâncias, nem os ativos arrendados nem as 
obrigações atreladas ao contrato de arrendamento mercantil 
aparecem diretamente no balanço patrimonial. Por essa razão, 
a transação de arrendamento mercantil, muitas vezes, é 
chamada financiamento não-registrável no balanço patrimonial. 
Essa característica está exemplificada nos balanços 
patrimoniais de duas empresas fictícias, E (para “empréstimo”) 
e A (para “arrendamento mercantil”), apresentados na Tabela 
[13]. No início, os balanços das duas empresas são idênticos e 
ambas apresentam índices de endividamento de 50%. Depois, 
cada empresa decide adquirir um ativo permanente ao custo de 
166
 FONTES DE CAPITAL
$ 100. A empresa E toma um empréstimo de $ 100 e compra o 
ativo, assim, tanto o ativo como a obrigação são registrados no 
balanço, e o índice de endividamento sobe de 50% para 75%. 
A empresa A decide arrendar o equipamento. O arrendamento 
mercantil pode gerar despesas fixas tão ou mais elevadas 
que o empréstimo, e as obrigações assumidas por causa do 
arrendamento podem ser igualmente ou mais arriscadas do 
ponto de vista da possibilidade de falência, mesmo assim, o 
índice de endividamento permanece em apenas 50%.
A fim de corrigir esse problema, o FASB emitiu o Enunciado 
FASB 13, determinando que, para que o relatório de auditoria 
seja sem ressalva, as empresas que firmam contrato de 
arrendamento mercantil financeiro (ou de capital) devem 
reformular seus respectivos balanços patrimoniais e registrar o0 
bem arrendado como ativo permanente, e o valor presente dos 
pagamentos futuros do arrendamento, como obrigação. Esse 
procedimento é denominado capitalização de arrendamento 
mercantil, e seu efeito líquido é fazer que os balanços das 
empresas E e A fiquem semelhantes, ambos basicamente 
parecidos com o da empresa E mostrado na Tabela [13]. 
A lógica subjacente ao Enunciado 13 é a seguinte: se uma 
empresa firmar um contrato de arrendamento mercantil financeiro, 
sua obrigação de efetuar os pagamentos dessa transação será 
tão vinculativa quanto se houvesse assinado um contrato de 
empréstimo – o não pagamento do arrendamento mercantil pode 
levar a empresa à falência tão rapidamente quanto a falta de 
pagamento do principal e dos juros de um empréstimo. Portanto, 
para todos os fins, o arrendamento mercantil financeiro é idêntico 
a um empréstimo. Então, se uma empresa firmar um contrato de 
arrendamento mercantil financeiro, o efeito desse compromisso 
será o aumento no seu índice real de endividamento, ocorrendo, 
assim, uma mudança na estrutura de capital real. Desse modo, 
se a empresa tiver estabelecido previamente uma estrutura de 
capital-alvo, e se não existir razão paracrer que a estrutura de 
capital tenha sido alterada, o financiamento com arrendamento 
mercantil vai requerer capital adicional exatamente como o 
financiamento com dívida. 
167
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
Há, no entanto, algumas diferenças de aspecto legal entre 
empréstimo e arrendamento mercantil. No caso da liquidação em uma 
falência, o arrendador tem direito a tomar posse do ativo arrendado, 
e se o valor do ativo for inferior aos pagamentos exigidos nos termos 
do contrato de arrendamento mercantil, o arrendador pode entrar 
com uma ação judicial (como credor quirografário) reivindicando 
o pagamento equivalente a um ano do arrendamento. Ademais, 
depois da decretação da falência, mas antes da solução do caso, os 
pagamentos podem continuar a ser feitos, enquanto na dívida todos 
os pagamentos geralmente ficam suspensos. Em uma organização, 
caso haja necessidade de cobrir o valor do arrendamento mercantil, 
o arrendador recebe o ativo mais o pagamento de três anos 
de arrendamento. Em um contrato de empréstimo garantido, o 
fornecedor de fundos tem direito de garantia sobre o ativo, ou 
seja, se o bem for vendido, o fornecedor de fundos receberá o 
valor do empréstimo, e toda a parte não quitada, reivindicada pelo 
arrendador, será tratada como obrigação de credor quirografário. 
Não é possível estabelecer, como regra, se o fornecedor de capital 
acaba ficando em uma posição mais sólida do que o credor garantido 
ou o arrendador. Mas, em determinadas situações, na ocorrência de 
infortúnio financeiro, os arrendadores podem arcar com risco menor 
que os fornecedores de fundos com garantias.
Em conformidade com os autores, vamos analisar o impacto dos efeitos do 
arrendamento mercantil no balanço patrimonial.
Tabela 1 – Efeitos do arrendamento mercantil no balanço patrimonial
Antes do Aumento no Ativo Depois do Aumento no Ativo
Empresas E e A Empresa E, que Toma Empréstimo e Compra Empresa a, que Arrenda
Ativos
circulantes $ 50 Dívida $ 50
Ativos
circulantes $ 50 Dívida $ 150
Ativos
circulantes $ 50 Dívida $ 50
Ativos
permanente
 
50
Capital
Patrimonial
 
50
Ativos
permanente
 
150
Capital
Patrimonial
 
50
Ativos
permanente
 
50
Capital
Patrimonial
 
50
 $ 
150
 $ 
100
 $ 
200
 $ 
200
 $ 
100
 $ 
100
Índice
dívida/ativo: 50% 75% 50% 
Fonte: Brigham e Ehrhardt (2010, p. 785).
168
 FONTES DE CAPITAL
Observe na Tabela 1 que a empresa que arrenda o bem não possui alterações 
no balanço patrimonial em comparação ao balanço patrimonial da empresa que 
toma emprestado e adquire o bem para o imobilizado. Nesse caso, o balanço 
patrimonial da empresa que arrenda o bem do imobilizado fica semelhante à 
situação da empresa antes do arrendamento mercantil.
Voltando ao CPC 6, em seu parágrafo 10, está bem claro que, para classificar 
o arrendamento mercantil entre financeiro ou operacional, deverá ser avaliada a 
essência da transação e não a forma do contrato. 
Em relação ao reconhecimento e evidenciação das operações de 
arrendamento mercantil nas demonstrações contábeis e financeiras do 
arrendatário, se estabelece que devem reconhecer, em contas específicas, os 
arrendamentos mercantis financeiros como ativos e passivos nos seus balanços 
por quantias iguais ao valor justo da propriedade arrendada ou, se inferior, ao 
valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil, cada um 
determinado no início do arrendamento mercantil. 
A aplicação da taxa mínima de desconto a ser utilizada no cálculo do valor 
presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil deve ser a taxa de 
juros implícita no arrendamento mercantil, se for praticável determinar essa taxa; 
se não for, deve ser usada a taxa incremental de financiamento do arrendatário. 
Qualquer custo direto inicial que ocorrer pelo arrendatário deve ser adicionado 
à quantia reconhecida como ativo. 
Desta maneira, o arrendamento mercantil dá origem a uma despesa de 
depreciação bem como uma despesa financeira para cada período contábil. 
Ainda de acordo com a norma a política de depreciação para os ativos 
arrendados deve ser consistente com a política de depreciação dos demais ativos 
do arrendatário e deve ser calculada de acordo com o CPC 27.
Para as operações dos arrendamentos mercantis operacionais, 
os pagamentos da prestação devem ser reconhecidos como despesa 
durante o prazo do arrendamento mercantil. 
Quanto à forma pela qual os contratos de arrendamento mercantil 
financeiro devem ser divulgados nas notas explicativas às 
demonstrações financeiras das empresas, os arrendatários devem 
divulgar, dentre outras, as seguintes informações: 
Para as operações 
dos arrendamentos 
mercantis 
operacionais, os 
pagamentos da 
prestação devem 
ser reconhecidos 
como despesa 
durante o prazo 
do arrendamento 
mercantil.
169
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
a) O valor contábil líquido do final do período, por categoria de ativo. 
b) O total dos futuros pagamentos mínimos ao final de cada período. 
c) Pagamentos contingentes reconhecidos como despesa durante o período. 
d) A descrição geral dos acordos materiais, como o total dos pagamentos 
mínimos futuros não canceláveis para cada período (até um ano, de um 
a cinco e mais de cinco anos).
e) Pagamentos de arrendamento mercantil e de subarrendamento mercantil 
reconhecidos como despesa do período, segregando os valores 
entre pagamentos mínimos de arrendamento mercantil, pagamentos 
contingentes e pagamentos de subarrendamento mercantil. 
f) Descrição geral dos acordos significativos.
Em relação a outros aspectos inerentes ao Arrendamento Mercantil, Brigham 
e Ehrhardt (2010, p. 794-795, grifos dos autores) abordam o seguinte:
Valor Residual Estimado
É importante observar que o arrendador se torna proprietário do 
bem ao término do arrendamento mercantil, consequentemente, 
ele tem o direito sobre o valor residual do ativo. À primeira 
vista, pode-se ter a impressão de que, se os valores residuais 
esperados forem elevados, a opção de possuir o bem será 
mais vantajosa que a opção do arrendamento mercantil. 
Contudo, essa vantagem aparente não se confirma. Se os 
valores residuais esperados forem altos – assim como ocorre 
com alguns tipos de equipamentos em um cenário de inflação 
e também quando há um imóvel envolvido –, a concorrência 
entre as empresas de arrendamento mercantil e outras fontes 
de financiamento, bem como a concorrência entre as próprias 
empresas de arrendamento mercantil, forçarão a redução das 
taxas até que os prováveis valores residuais sejam totalmente 
reconhecidos no contrato de arrendamento mercantil. 
Desse modo, a existência de valores residuais elevados 
provavelmente não resultaria em custos materiais superiores 
para o arrendamento mercantil. 
Aumento da Disponibilidade de Crédito 
Assim como observamos anteriormente, o arrendamento 
mercantil é, às vezes, considerado vantajoso para as empresas 
que buscam o grau máximo de alavancagem financeira. 
Primeiro, afirma-se, algumas vezes, que as empresas 
conseguem obter mais dinheiro e com prazos mais longos 
por meio de um contrato de arrendamento mercantil em lugar 
de um empréstimo que tenha como garantia um equipamento 
específico. Segundo, como alguns arrendamentos mercantis 
não aparecem no balanço patrimonial, alega-se que o 
financiamento desse tipo daria à empresa uma aparência de 
mais solidez em uma análise de crédito superficial, permitindo, 
dessa forma, o uso de mais alavancagem do que seria possível 
caso não houvesse o arrendamento mercantil. 
Arrendamentos Mercantis de Bens Imóveis
A maioria dos exemplos apresentados até aqui enfocou o 
arrendamento mercantil deequipamentos. Contudo, esse tipo 
de operação teve início com bens imóveis, o que, até hoje, 
170
 FONTES DE CAPITAL
constitui um enorme segmento do total de financiamentos 
com arrendamento mercantil. (Adotamos aqui a distinção 
entre os aluguéis de imóveis e os arrendamentos mercantis 
empresariais de longo prazo; e a propriedade é dada ao 
arrendamento mercantil empresarial.) Os empresários do setor 
varejista arrendam grande parte dos armazéns que utilizam. Em 
algumas situações, eles não têm outra saída senão arrendar – 
essa condição é verdadeira principalmente em shopping centers 
e em alguns edifícios comerciais. Em outras circunstâncias, a 
opção seria a construção e a propriedade do imóvel em lugar do 
arrendamento mercantil. Os escritórios jurídicos e contábeis, por 
exemplo, podem optar por comprar as próprias instalações ou 
arrendar por longo prazo (até 20 anos ou mais).
O tipo de análise de comparação entre o arrendamento 
mercantil e a compra discutido neste capítulo é igualmente 
aplicável tanto no caso dos imóveis como no de equipamentos 
– de acordo com os conceitos básicos, não há diferença. 
Evidentemente, itens como manutenção, quem seriam os 
demais locatários, quais as alterações permitidas, quem 
arcaria com as modificações, e outros aspectos relacionados 
são ainda mais importantes no caso dos imóveis; todavia, os 
procedimentos analíticos que servem de base para decidir 
entre o arrendamento mercantil e a compra não são diferentes 
de qualquer outra análise de arrendamento mercantil. 
Arrendamento Mercantil de Veículos 
Hoje, o arrendamento mercantil de veículos é muito popular, 
usado tanto pelas grandes empresas como por pessoas físicas, 
principalmente profissionais com MBAs, médicos, advogados e 
contadores. No caso das empresas, os fatores que mais pesam 
na decisão, muitas vezes, são a manutenção e a utilização de 
veículos usados – itens em que as empresas de arrendamento 
mercantil são especialistas, além disso, muitas empresas 
preferem terceirizar os serviços que envolvem automóveis 
e caminhões. No caso das pessoas físicas, o arrendamento 
mercantil frequentemente é mais conveniente, ademais, fica mais 
fácil justificar as deduções tributárias referentes ao arrendamento 
que da compra de veículos. E ainda, a maioria dos arrendamentos 
mercantis de automóveis para pessoas físicas é realizada por 
concessionárias. Essas concessionárias (e fabricantes) adotam 
o arrendamento mercantil como uma ferramenta de vendas, e 
muitas vezes, oferecem condições mais atraentes, principalmente 
em relação ao pagamento de entrada, que pode não ser exigido 
no caso do arrendamento mercantil. 
Observa-se, de acordo com os autores, que, se a opção é 
permanecer com o bem no final do contrato, devem-se observar 
os efeitos inflacionários no país. Embora o valor seja considerável e 
condicione à opção de compra ao final do contrato, esse valor pode ter 
sido gerado por efeitos inflacionários.
O arrendamento mercantil de veículos para pessoas físicas, muitas 
vezes, é realizado pela própria concessionária onde foi adquirido o 
bem, e por se tratarem de operações com taxas financeiras menores, 
podem atrair interessados para a realização das operações.
O arrendamento 
mercantil de 
veículos para 
pessoas físicas, 
muitas vezes, 
é realizado 
pela própria 
concessionária onde 
foi adquirido o bem, 
e por se tratarem 
de operações com 
taxas financeiras 
menores, podem 
atrair interessados 
para a realização 
das operações.
171
Decisões Táticas de Financiamentos Capítulo 3 
Warrants
Os chamados “Bônus de subscrição” ou “warrants” são uma espécie 
de opções de compras de ações, mas do tipo americana, de determinada 
empresa por um preço predefinido e o seu titular poderá comprar 
determinada quantidade de ações durante um período de tempo.
O termo “warrant” tem a origem no verbo assegurar, garantir, 
certificar, autorizar. E na área do Direito, o termo “warrant” possui os 
seguintes principais significados: 
a) Documento que autoriza alguém a praticar um ato como 
efetuar uma prisão, tomar uma propriedade, efetuar uma 
busca ou executar uma decisão judicial.
b) Concede a garantia de produtos pelos vendedores e 
fabricantes.
c) Documentos referentes a mercadorias depositadas. 
Então, o “warrant” é um título de crédito formal e causal, que exerce o 
pressuposto de uma operação de crédito e está amparado em uma promessa de 
pagamento. É um título endossado e que exerce o penhor (direito de crédito real) 
sobre as mercadorias depositadas, em relação à obrigação de um pagamento 
ao possuidor do título, assim como também possui as características de um 
instrumento de crédito sobre as mercadorias.
As empresas que realizam a emissão desse tipo de ativos o fazem em 
conjunto com a emissão de demais títulos de dívida de longo prazo.
Os “warrants” possuem a remuneração de juros inferior ao que 
seria requerido pela remuneração da debênture de prazo semelhante.
Esse tipo de instrumento financeiro serve em muitos casos para 
conseguir atrair os investidores financeiros para os papéis da empresa 
em função do potencial de valorização dos warrants e da diminuição do 
risco de default para o título da dívida, em virtude de a menor taxa de juros 
paga pela empresa ajudar a aliviar o custo total da dívida da empresa; 
podendo, em alguns casos de maior risco de crédito, ser o fator determinante para 
que a empresa consiga levantar recursos de terceiros no mercado de capitais. Além 
disso, para o detentor desses dois ativos, sua vantagem está no fato de que podem 
ser negociados independentes, fato este que o diferencia em relação às debêntures 
conversíveis em que não há a opção de negociação em separado da opção de 
compra das ações e a do título de renda fixa.
Os chamados 
“Bônus de 
subscrição” ou 
“warrants” são 
uma espécie de 
opções de compras 
de ações, mas do 
tipo americana, 
de determinada 
empresa por um 
preço predefinido 
e o seu titular 
poderá comprar 
determinada 
quantidade de ações 
durante um período 
de tempo.
Os “warrants” 
possuem a 
remuneração de 
juros inferior ao que 
seria requerido pela 
remuneração da 
debênture de prazo 
semelhante.
172
 FONTES DE CAPITAL
Em geral, trata-se de um título usado para levantar recursos por empresas 
pequenas, iniciantes ou com classificação de risco relativamente alta em relação 
às melhores empresas em termos de nível de segurança para o investidor, mas 
que são atrativas em função de ter um potencial de crescimento que propiciará 
ao detentor do título de dívida, não só receber de volta seu capital investido como 
também o potencial de ter um ganho expressivo no exercício do warrant – que 
pode ser exercido a qualquer momento até a data de vencimento por preço inferior 
ao preço de mercado atual da ação. Os warrants podem servir de “isca” tanto para 
conseguir financiamento por endividamento pela emissão pública ou privada de 
títulos de dívida ou para atrair novos investidores em ações da empresa, com 
destaque maior para as novas empresas como forma de remuneração para os 
que subscreveram seu capital (fundadores) e os que entraram com financiamento 
sob a forma de ação.
Na sua grande maioria, devemos encontrar como emissoras 
de warrants as empresas onde não são esperados pagamentos 
de dividendos por se tratarem de empresas de grande potencial 
de crescimento ou de empresas em processo de reestruturação 
operacional ou financeira, pois se tratam de empresas que usarão os 
resultados auferidos para investir no seu crescimento ou para reduzir 
paulatinamente sua alavancagem financeira.
Uma consideração importante é que os detentores de warrants 
não são elegíveis para o recebimento de dividendos distribuídos, bem 
como não estão aptos para votar nas assembleias

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