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COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS NA ESCOLA Curso dividido em: Módulo 1: As competências socioemocionais na escola. Módulo 2: Abertura ao Novo. Módulo 3: Amabilidade. Módulo 4: Engajamento com os outros. Módulo 5: Resiliência Emocional. Módulo 6: Autogestão. Os conteúdos e atividades presentes neste arquivo, foram retirados do Instituto Ayrton Senna Segue o link para a plataforma do curso: https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/espaco-educador.html 2021 https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/espaco-educador.html COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS NA ESCOLA Módulo 1: As competências socioemocionais na escola Espera-se que ao final do material você possa: Compreender o que são as competências socioemocionais; Entender a matriz de competências proposta; Refletir sobre situações cotidianas que envolvam a aprendizagem e o uso das competências socioemocionais. As competências socioemocionais estão historicamente presentes no debate e nas práticas pedagógicas e têm ganhado cada vez mais destaque no cenário educacional dada sua relevância para resultados de vida como conclusão do Ensino Médio, redução de bullying, relação com bem-estar e desempenho escolar, entre outros. Com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no final de 2017, o compromisso da educação com o desenvolvimento pleno dos estudantes foi reafirmado. A BNCC elenca as aprendizagens essenciais para as três etapas da Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Dentre elas estão 10 competências gerais que articulam a construção de conhecimentos, o desenvolvimento de habilidades e a formação de atitudes e valores. As competências socioemocionais na escola: Competências socioemocionais são definidas como as capacidades individuais que se manifestam de modo consistente em padrões de pensamentos, sentimentos e comportamentos, favorecendo o desenvolvimento pleno de estudantes e expandindo as oportunidades de aprendizagem escolar. Existem vários estudos que classificam e nomeiam as competências socioemocionais. O modelo chamado Cinco Grandes Fatores, baseado em evidências e que reúne mais de 60 anos de pesquisa, deu origem ao modelo conceitual das cinco Macro competências que apresentamos aqui. Ele é composto por cinco grupos de competências subdivididos em 17 competências socioemocionais que são maleáveis e possíveis de serem desenvolvidas no contexto escolar. Elas dizem respeito a relacionar-se consigo mesmo, relacionar-se com os outros, estabelecer objetivos e tomar decisões e ter abertura para lidar com situações adversas ou novas. São elas: Esse modelo tenta trazer de forma objetiva aspectos do funcionamento humano, sem, contudo, deixar de considerar a sua diversidade e especificidade. Com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no final de 2017, o compromisso da educação com o desenvolvimento pleno dos estudantes foi novamente reforçado. Para isso, a Base, em suas 10 Competências Gerais, articula os conteúdos das áreas do conhecimento ao desenvolvimento de competências e habilidades, incluindo as socioemocionais. No infográfico abaixo conheça como as competências socioemocionais integram as Competências Gerais da BNCC. Vale reforçar que a divisão entre competências cognitivas e socioemocionais não representa um dualismo do tipo cartesiano. Antes de tudo, é uma simplificação didática. Sabemos que, na aprendizagem, essas instâncias são simultaneamente mobilizadas, são indissociáveis e se afetam mutuamente na constituição dos sujeitos. O que são as Competências Socioemocionais: Manifestam-se em padrões consistentes de pensamentos, sentimentos e comportamentos; São um conjunto de capacidades indivisíveis do ser humano; São resultados entre predisposição biológicas – como fatores genéticos – e fatores ambientalistas – como nível socioeconômico e envolvimento comunitário e cultural; Favorecem para que cada um mobilize, articule e coloque em prática conhecimento, valores, atitudes e habilidades para convívio em sociedade; Auxiliam a estabelecer e atingir objetivos, ampliando as chances de enfrentar desafios de maneira criativa e construtiva; Influenciam importam resultados escolares, socioeconômicos e pessoais ao longo da vida de um indivíduo; Desenvolvem-se continuamente com base nas experiências formais e informais que o indivíduo vivencia ao longo da vida- potencialmente na infância e adolescência. Módulo 2: Abertura ao novo A macrocompetência Abertura ao Novo está associada à curiosidade para conhecer o que existe com profundidade, ao interesse por novidades e à vontade de criar e expressar- se utilizando diferentes linguagens. A macrocompetência de Abertura ao Novo é composta por três competências socioemocionais. São elas: curiosidade para aprender, imaginação criativa e interesse artístico. Curiosidade para aprender: É a inclinação para aprender, adquirindo habilidades e informações. Quando somos curiosos, reunimos interesses em ideias e paixão pelo aprendizado. Além disso, nós nos dedicamos à exploração intelectual e à compreensão do que estamos aprendendo. Exemplos: O professor entende que a curiosidade é o motor da aprendizagem e mais do que se preocupar com respostas certas ou erradas, pergunta por quê e pede que eles justifiquem as suas respostas. Além disso, recomenda materiais complementares que eles podem consultar no tempo livre, como vídeos e páginas na internet. Uma professora propõe aos alunos que escolham um tema de grande interesse para pesquisar ao longo do bimestre. Ela os apoia com a postura problematizadora e com a discussão de metodologias para a pesquisa, de modo que eles encontrem as fontes mais adequadas às suas pesquisas. Um aluno tem uma ideia e conversa com o professor para, juntos, lançarem um clube do livro na escola. A cada mês, é escolhida uma obra diferente e os alunos se encontram para discutir os temas sugeridos pela leitura. Imaginação criativa: É a capacidade de gerar ideias novas, inéditas e interessantes, tanto para o que fazemos, quanto para o que pensamos. Trata-se de uma forma de inovar por tentativa e erro, fazendo ajustes quando necessário e aprendendo com as falhas. É pensar "fora da caixa". Essa competência faz com que ampliemos nossas visões de mundo, pois descobrimos algo que não sabíamos ou não entendíamos com clareza antes. Exemplos: Um professor, ao entregar os resultados de uma avaliação para seus alunos, propõe que cada um procure novas formas de fazer os exercícios para os quais não obtiveram pontuação completa. Ao término da atividade, alguns alunos vão à lousa apresentar suas novas formas de pensar sobre o problema. Uma professora propõe na aula de artes que os alunos encontrem diferentes usos para objetos comuns. Uma professora organiza uma feira de ciências na escola. Em grupos, os alunos devem buscar diferentes soluções para questões de seu interesse, como diminuir o uso de energia ou a produção de lixo na escola. Interesse artístico: Essa competência envolve valorizar, admirar, produzir e apreciar produções artísticas diversas, que podem ser visuais, verbais ou sonoras. Nossa imaginação permite que possamos pensar em novas maneiras de expressar ideias, pensamentos, emoções, bem como produzir arte em diferentes domínios. Exemplos: Um professor propõe à turma que interpretem uma poesia expressando-se com outra linguagem, como a música, podendo utilizar instrumentos musicais e diferentes sons para a atividade. Uma escola organizaum sarau artístico toda segunda-feira durante o intervalo. Nesse momento, os alunos podem se inscrever para se apresentar de acordo com seus interesses artísticos. Uma professora organiza uma visita a uma exposição em sua comunidade. Depois da visita, os alunos são convidados a refletir sobre a linguagem e a arte que observaram e recriar uma obra de seu interesse com diferentes materiais. Por que Abertura ao Novo é importante? A Abertura ao Novo é importante para o contexto escolar, indicando diminuição no número de faltas na escola, aceleração do desenvolvimento de habilidades cognitivas e, por consequência, aumento de notas em avaliações. Essa competência também apresenta benefícios na vida profissional, já que os estudos apontam para maior sucesso na conquista de metas no trabalho. Na prática da sala de aula: Para estimular os alunos a desenvolver Abertura ao Novo, são indicadas atividades que engajam os estudantes na apreciação, na exploração e na produção de conhecimentos e expressões artísticas variados. Estas competências retiram os estudantes do lugar de passividade nas aulas ao convidá-los a buscar alternativas para desafios propostos, realizar investigações sobre temas de seus interesses e/ou expressarem-se considerando princípios estéticos e sonoros. Esta visão distancia-se da noção de arte canônica (aquela que segue princípios formais e está nos museus) e valoriza o repertório de estudantes e professores para o autoconhecimento, a exploração do mundo e a expressão de suas identidades e interesses. Assim você estará potencializando o desenvolvimento das competências socioemocionais da Abertura ao Novo independentemente do seu componente curricular. Importante lembrar! A trajetória de desenvolvimento de Abertura ao Novo - e das demais competências ocioemocionais - não é linear, variando de acordo com a idade dos alunos e com o contexto em que cada um está inserido. É importante respeitar a individualidade dos estudantes e a diversidade da turma para o trabalho intencional com as competências socioemocionais. Módulo 3: Amabilidade A macrocompetência Amabilidade está relacionada a capacidade de se assumir o melhor das outras pessoas, tratando-as bem e de forma respeitosa. Assim, promovem-se relações sociais mais positivas, já que as pessoas se tornam mais capazes de compreender umas às outras, estimulando o afeto, a escuta e a solidariedade. A macrocompetência da Amabilidade é composta por três competências socioemocionais. São elas: empatia, respeito e confiança. Veja: Empatia: É a habilidade de usar a própria compreensão da realidade e da vida para entender as necessidades, os pensamentos e os sentimentos dos outros e oferecer apoio de acordo com o que faz sentido para eles. É investir nos relacionamentos interpessoais e prestar apoio quando necessário. Exemplos: Um aluno é novo na escola e costuma ficar bastante calado. Alguns acham que ele não quer fazer amizade com outras pessoas, até que outro aluno se aproxima dele e pergunta como ele está se sentindo na nova escola. Em caso de conflito de relacionamento entre os estudantes, o professor convida a turma para uma roda de conversa na qual todas as opiniões e sentimentos são analisados de modo a construir a compreensão mútua da situação e combinarem alguma forma de superar o conflito que atenda às necessidades de todos os envolvidos. O professor propõe uma atividade de debate em sala de aula, em que cada grupo de alunos deve estudar diferentes pontos de vista de um conflito histórico, em busca de uma resolução pacífica. Respeito: É tratar outras pessoas com consideração, lealdade e tolerância, da mesma forma como gostaríamos de ser tratados. Significa mostrar-se atento aos sentimentos, desejos, valores, direitos, pensamentos, crenças ou tradições dos outros. O respeito convida a controlar os impulsos agressivos ou egoístas, evitando que direitos e sentimentos de outras pessoas sejam feridos. Exemplos: Um aluno estrangeiro veio morar no Brasil e se veste de acordo com os costumes e tradições do seu país de origem. Os colegas de classe o tratam com respeito e não fazem comentários negativos por sua aparência. Em uma atividade em aula que envolve a interação com outros estudantes e profissionais da escola, a professora convida os estudantes para uma roda de conversa sobre o que é tratar os demais com respeito, distanciando a noção construída pelos estudantes da noção de autoridade, pois respeito não depende de hierarquia. Após um debate na escola, o professor conversa com a turma sobre algumas posturas que demonstraram respeito, como deixar que outro debatedor expresse a sua opinião sem interrupções e escutá-la cuidadosamente para apenas depois apresentar os seus argumentos e propostas. Confiança: É acreditar que as pessoas próximas são fundamentais para nosso crescimento, de modo que podemos confiar em suas boas intenções e mesmo perdoar por terem errado. Em vez de ser rude e julgar os outros, a confiança permite dar uma nova chance. Tal competência é importante para desenvolver proximidade com aqueles que são importantes em nossa vida. Exemplos: Na sala de aula, a professora promove um ambiente de confiança ao propor uma dinâmica de abertura de diálogo entre os estudantes, o que potencializa que os estudantes construam vínculos e, peçam ajuda uns aos outros e mesmo perdoem quando alguém quebra uma expectativa de compromisso feito. De tempos em tempos ela convida a turma para uma conversa e retoma os pontos importantes para criar relações de confiança. Uma aluna está enfrentando uma situação familiar delicada e não sabe ao certo como deveria agir. Resolve confidenciar tudo o que está acontecendo para um colega de sala e se sente amparada. Um aluno pede emprestado o caderno de um colega para copiar o conteúdo da última aula que ele faltou. O colega empresta o caderno e confia que ele o devolverá no dia seguinte. Por que Amabilidade é importante? A evidências indicam que o alto desenvolvimento das competências vinculadas à Amabilidade está associado à diminuição da violência e a um maior sentimento de pertencimento, o que evita, por exemplo, que os estudantes não concluam o Ensino Médio. Na prática da sala de aula: Para estimular os alunos a desenvolver a Amabilidade, recomendam-se atividades que envolvam ajuda mútua e a busca por soluções para questões socialmente relevantes. Uma sugestão é realizar atividades em grupo e, no decorrer das ações, valorizar aquelas que demonstrem cooperação, tolerância e convivência pacífica. Promover momentos de aprendizagem colaborativa é uma forma de desenvolver empatia, confiança, respeito, o que leva à resolução pacífica de conflitos e à busca por consenso nas negociações. As atividades pedagógicas podem se tornar ainda mais interessantes se os grupos de estudantes forem formados por pessoas que não costumam trabalhar juntos. Ao fazer isso, o professor estará desenvolvendo as competências socioemocionais ligadas à Amabilidade, independente do conteúdo disciplinar que estiver trabalhando. Importante lembrar! A trajetória de desenvolvimento da Amabilidade (e das demais competências socioemocionais) não é linear, variando de acordo com a idade dos alunos e com o contexto em que cada um está inserido. É importante respeitar a individualidade dos estudantes e a diversidade da turma para o trabalho intencional com as competências socioemocionais. Módulo 4: Engajamento com os outros A macrocompetência Engajamento com os Outros é o que nos auxilia a manifestar o que pensamos ea agir com vitalidade, permitindo que falemos com outras pessoas e estabeleçamos conexões com elas. Dessa maneira, quando nos referimos a essa macrocompetência, estamos falando do interesse por interações sociais e de um movimento para construir relações positivas com os outros. O que é macrocompetência de Engajamento? A macrocompetência de Engajamento com os outros é composta por três competências socioemocionais. São elas: iniciativa social, assertividade e entusiasmo. Saiba mais sobre cada uma delas. Iniciativa social: É a habilidade de aproximar-se e relacionar- se com os outros, como amigos, professores e até mesmo pessoas desconhecidas e construir com elas relações positivas. Esta competência envolve iniciar e manter as relações e o contato social. A prática de iniciativa social está muito associada a atividades como trabalhar em equipe e de falar em público. Exemplos: Um aluno percebeu que um dos seus colegas de sala que ele não tem muito contato estava mais distante e quieto. Resolveu ir falar com ele no final da aula e saber como ele estava e se poderia ajudá-lo em algo. Ao propor um trabalho de pesquisa, a professora inclui nas fontes de pesquisa a consulta com um representante da comunidade, de modo que os estudantes tenham que abordar esta pessoa que eles ainda não conhecem e manter um diálogo que contribui para a sua aprendizagem. Para a resolução de exercícios em aula, um professor organiza os estudantes em dupla de modo que cada um fique com colegas com quem tem menos proximidade. Ele reforça a necessidade de eles se apoiarem para resolver os exercícios propostos, estimulando, desta forma, que eles construam uma relação positiva. Por que Engajamento com os Outros é importante? Evidências indicam que o desenvolvimento das competências de Engajamento com os Outros relaciona-se à diminuição da evasão escolar e, na vida adulta, a realizações profissionais e maior empregabilidade. Tal macrocompetência também indica maior facilidade para lidar com o estresse, o que reforça os desfechos anteriores. Na prática da sala de aula: Para estimular os alunos a desenvolver Engajamento com os Outros, são indicadas atividades que permitam a comunicação e a interação entre os alunos ou destes com pessoas da escola e da comunidade. Para isso, os alunos devem ser colocados em situações de convívio, nas quais é preciso iniciar um diálogo e/ou se posicionar de forma respeitosa. Podem ser feitos combinados com os estudantes sobre circulação da fala e de regras para um debate de ideias construtivo. Além disso, demonstre confiança na capacidade dos estudantes, estimulando, assim, o seu entusiasmo na realização das tarefas. Podem ser propostas atividades em que seja necessário falar em público em situações diversas, valorizar o diálogo e posicionamento firme e respeitoso, promovendo formas de negociar ações, decisões e ideias, prezando pelo otimismo e pelo incentivo para que cada um dê o melhor de si. Assim você estará potencializando o desenvolvimento das competências socioemocionais da Engajamento com os Outros independentemente do seu componente curricular. Importante lembrar! A trajetória de desenvolvimento de Engajamento com os Outros (e das demais competências socioemocionais) não é linear, variando de acordo com a idade dos alunos e com o contexto em que cada um está inserido. É importante respeitar a individualidade dos estudantes e a diversidade da turma para o trabalho intencional com as competências socioemocionais. Módulo 5: Resiliência Emocional A macrocompetência Resiliência Emocional está relacionada a manter a calma, a lidar melhor com os eventos que nos estressam e a ver o lado positivo das coisas. Auxilia a aprender com as adversidades e a lidar com emoções desagradáveis, como raiva, tristeza e medo. A macrocompetência de Resiliência Emocional é composta por três competências socioemocionais. São elas: tolerância ao estresse, tolerância à frustração e autoconfiança. Saiba mais sobre cada uma delas. Tolerância ao estresse: É a habilidade de administrar sentimentos desagradáveis e encontrar formas de lidar com eles de forma mais construtiva. Estresse e ansiedade, por exemplo, fazem parte da vida e, muitas vezes, não podemos evitá-los. O que podemos fazer é aprender formas mais saudáveis de enfrentar adversidades. Ao agir dessa forma, diminuímos a preocupação excessiva e nos tornamos mais capazes de resolver nossos problemas. Exemplos: Ao identificar que um estudante está ansioso de forma a paralisá-lo antes de uma prova, o professor o convida para uma conversa acolhedora. Um bom clima é construído para que o estudante compartilhe o que o está preocupando e faça um exercício de respiração antes de a prova começar. Uma aluna está estressada com a quantidade de lições de casa que tem para fazer antes da próxima semana. A professora a ajuda a organizar um cronograma de forma que ela organize as atividades e ainda tenha tempo de fazer, naquela semana, outras coisas de que gosta. Uma professora propõe uma vez por semana um exercício de relaxamento e reflexão em sala de aula para que os alunos aprendam formas de lidar com o estresse e a ansiedade. Tolerância à frustração: É a habilidade de desenvolver estratégias eficazes para regular o sentimento de raiva e irritação, mantendo a tranquilidade, o equilíbrio e a serenidade diante das frustrações. Isso evita o mau humor, as perturbações e as instabilidades. Exemplos: Uma aluna percebe que está ficando irritada em aula pois está cansada e não dormiu bem à noite. Ela reconhece os sinais de irritação em seu corpo e pede ao professor para ir ao banheiro lavar o rosto. Uma professora, ao conduzir uma conversa com os representantes de sala do ano, percebe que a discussão está ficando acalorada. Para ajudar os alunos a lidar com o sentimento de raiva, ela lista os principais aspectos de concordância e aqueles de discordância entre eles. Além disso, faz combinados com o grupo sobre como podem conduzir a conversa de forma equilibrada para resolver cada um dos pontos. Ao final de uma atividade extensa, como um projeto escolar, o professor convida os estudantes a refletirem sobre se vivenciaram situações de irritação e como eles reagiram. A partir disso, constrói com os estudantes uma lista de possíveis estratégias para recobrar a tranquilidade que eles podem utilizar em situações futuras. Autoconfiança: É sentir-se bem com quem somos e com a vida que vivemos, mantendo expectativas otimistas sobre o futuro. Quem acredita no próprio potencial para realizar alguma tarefa ou vencer algum desafio tem uma espécie de "voz interior" que encoraja e diz "sim, eu posso". Isso impulsiona a seguir em frente. Exemplos: Um professor percebe que uma de suas alunas não acredita no próprio potencial, pois demonstra insegurança e apresenta falas depreciativas sobre si mesma. Ele pede a ela exemplos de quando se sentiu autoconfiante, para que assim ela se sinta encorajada. O professor aproveita também para dizer o que admira na postura da aluna como estudante. Uma professora faz uma atividade com seus alunos e propõe que eles criem frases e imagens para fortalecer a autoconfiança. O material fica exposto no mural da sala de aula e também é usado para decorar a escola. Em uma atividade de apresentação de trabalho final, é feito um combinado com a turma de que as devolutivas e perguntas devem sempre envolver a identificação dos pontos positivos da apresentação. O professor está sempre atento para demonstrar que acredita na capacidade de seus estudantese coloca-se disponível para apoiá-los. Por quê Resiliência Emocional é importante? As competências de Resiliência Emocional são importantes, pois, quando bem desenvolvidas, aumentam as chances de ingresso no Ensino Superior e afetam de maneira positiva o desempenho acadêmico. Além desses impactos no contexto escolar, estudos mostram que elas ampliam positivamente a relação com o mercado de trabalho: há redução de faltas, aumento das chances de arrumar um novo emprego, equilíbrio salarial e melhor desempenho nas tarefas desempenhadas. Por fim, a saúde também apresenta melhoria. As pesquisas indicam diminuição em transtornos alimentares, bem como redução dos índices de depressão e propensão ao suicídio. Na prática da sala de aula: Para estimular os alunos a desenvolver Resiliência Emocional são indicadas atividades de reflexão para a identificação de como cada um reage quando enfrenta situações que geram irritação ou de ansiedade e identifica quais situações mais despertam estes sentimentos. Desta forma, promove o autoconhecimento dos estudantes. Em seguida, eles levantam possíveis estratégias para lidar com este tipo de situação, estimulando que os estudantes aumentem o seu repertório sobre este assunto e possam estar mais preparados quando enfrentarem novas situações. Este ciclo de reflexão e de construção de repertório pode ser iniciado a partir de uma atividade desafiadora ou a partir de experiências que os próprios estudantes tragam. Para desenvolver a autoconfiança, o ponto- chave é a identificação das capacidades e fortalezas de cada um, apoiando os estudantes na construção de imagens potentes e positivas deles mesmos. Para isso, é essencial a postura do professor de ter altas expectativas em relação a aprendizagem dos estudantes e demonstrar isso mesmo quando os estudantes enfrentam dificuldades. Assim você estará potencializando o desenvolvimento das competências socioemocionais da Resiliência Emocional independentemente do seu componente curricular. Importante lembrar! A trajetória de desenvolvimento de Resiliência Emocional - e das demais competências socioemocionais - não é linear, variando de acordo com a idade dos alunos e com o contexto em que cada um está inserido. É importante respeitar a individualidade dos estudantes e a diversidade da turma para o trabalho intencional com as competências socioemocionais. Módulo 6: Autogestão A macrocompetência Autogestão está relacionada à capacidade de gerenciar compromissos, tarefas e objetivos que as pessoas estabelecem para a própria vida ou precisam cumprir no dia a dia. Atingir uma meta ou cumprir compromissos envolve a capacidade de identificar e priorizar compromissos, iniciar e concluir tarefas por mais desafiadoras que elas pareçam, evitando o comportamento de dedicar-se apenas ao que é prazeroso e deixar tarefas que são necessárias para depois. A macrocompetência de Autogestão é composta por três competências socioemocionais. São elas: determinação, organização, foco, persi stência e responsabilidade. Determinação: É a capacidade de estabelecer objetivos e metas, num processo de automotivação que leva a trabalhar duro, com dedicação de tempo e esforço, fazendo-se além do mínimo do que é esperado. É a disposição a fazer tudo aquilo que puder para concluir uma tarefa ou atingir um objetivo, empenhando- se para progredir continuamente e envolvendo-se completamente no trabalho, tarefa ou projeto que deve realizar. Exemplos: Na aula, quando um professor passa um exercício desafiador, o estudante não desiste se errou ou se não está seguro de estar construindo a melhor solução. Ele pesquisa e pede ajuda para garantir que está aprendendo o esperado. Para aprender mais, uma aluna trabalha da melhor maneira que pode, dedicando diariamente algumas horas para estudar. Em um projeto em grupo, os estudantes se organizam para realizar todas as atividades necessárias à sua conclusão, dedicando-se à entrega do resultado do grupo. Organização: É a capacidade de identificar tarefas e compromissos, priorizar e planejar a sua realização. Envolve refletir sobre o que precisa ser feito primeiro, entender as etapas necessárias para a conclusão de cada tarefa e planejar a sua execução, considerando o tempo e os recursos necessários. Também envolve a capacidade de organizar as coisas e os espaços, classificando, selecionando e agrupando objetos para que tudo seja facilmente encontrável depois. Portanto, ter organização aplica-se ao cuidado com pertences pessoais e da escola, bem como ao planejamento dos horários e à gestão das próprias atividades. No contexto escolar, a organização se expressa quando os estudantes aparecem pontualmente para as aulas, com o material necessário e com as tarefas de casa realizadas. Exemplos: Um estudante mantém seus materiais escolares e seu ambiente de estudo em ordem. Em um projeto da escola, os estudantes identificam, com o apoio do professor, o que precisa ser realizado, entendem por onde precisam começar, planejam quanto tempo vão precisar para cada etapa e separam o material necessário antes de começar cada uma delas. Para promover a organização da turma para uma atividade, o professor envolve os estudantes na reflexão sobre o que precisa ser feito e discute com eles quem pode realizar qual parte para que a turma esteja pronta. Foco: É a competência de manter a atenção e se concentrar na tarefa dada, evitando distrações, mesmo diante de tarefas repetitivas ou pouco interessantes. É a capacidade de selecionar um objetivo, tarefa ou atividade e direcionar toda a atenção para isso. Exemplos: Um estudante é capaz de manter a atenção em um colega que está se expressando e elaborar argumentos que contribuam para a continuidade da discussão. Em um trabalho em grupo, um estudante fica responsável por manter o foco, chamando a atenção dos colegas quando a conversa se distancia do tópico do trabalho ou quando se dispersam de suas tarefas. Para promover o foco, o professor discute com a turma estratégias possíveis para evitar a dispersão nos estudos em casa. Persistência: É a capacidade de superar obstáculos para atingir objetivos pré-estabelecidos e de completar tarefas, seguindo os passos necessários para isso, não desistindo diante das dificuldades e terminando aquilo que iniciou. A persistência se relaciona às ideias de perseverança e esforço. Exemplos: Em uma atividade em grupo, os estudantes se apoiam para que os que possuem mais dificuldade não desistam e todos possam concluir a tarefa juntos. Mesmo quando tira nota baixa ou tem que combinar trabalho e estudo, um estudante consegue construir uma rede de apoio, com a ajuda do professor, para continuar estudando e aprendendo, pois assim consegue atingir a sua meta de concluir os estudos. Para promover a persistência, o professor oferece atividades desafiantes aos seus estudantes e os apoia a não desistirem quando encontram alguma dificuldade, estimulando-os a buscar respostas em outras fontes ou a tentar outros caminhos para a construir uma solução. Responsabilidade: É gerenciar a si mesmo para cumprir com as próprias responsabilidades, compromissos e tarefas, agindo de forma confiável e consistente, para que assim outras pessoas sintam que podem contar conosco. Exemplos: Em um grupo de trabalho, os estudantes combinam o que deve ser realizado e quem fica responsável por qual contribuição. Cada estudante entrega o que combinou e apoia os demais para que o trabalho entregue seja o mais completo possível. Para promover a responsabilidade,um professor constrói com a turma as regras de convivência naquele período letivo, por exemplo, e discute com eles quais são os impactos para cada um e para o grupo do não cumprimento destas regras. Em um projeto de pesquisa, os estudantes precisam entrevistar pessoas na comunidade. Eles combinam com as pessoas o que será conversado, de quanto tempo eles precisam e qual será o dia e horário da conversa e cumprem com estes combinados. Por que Autogestão é importante? A Autogestão é fundamental para o resultado acadêmico. Estudos feitos no Brasil indicam que quanto mais desenvolvida for essa competência, melhores os resultados em Matemática e Química. Além disso, essa competência ajuda no alcance de metas profissionais. Na prática da sala de aula: Para estimular os alunos a desenvolver a Autogestão, são indicadas atividades que exigem superação, planejamento prévio e o cumprimento de ações para a realização de cada etapa. Em seguida, o professor pode conversar com os alunos sobre como eles pensam em conduzir o processo, focando em como realizar cada ponto. É importante que o professor promova diálogos sobre o progresso do trabalho, valorizando atitudes de organização, força de vontade, persistência e objetividade, bem como trocando sugestões e impressões. Assim você estará potencializando o desenvolvimento das competências socioemocionais da Autogestão independentemente do seu componente curricular. Importante lembrar! A trajetória de desenvolvimento da Autogestão (e das demais competências socioemocionais) não é linear, variando de acordo com a idade dos alunos e com o contexto em que cada um está inserido. É importante respeitar a individualidade dos estudantes e a diversidade da turma para o trabalho intencional com as competências socioemocionais. ATIVIDADE DE FIXAÇÃO 1. A postura que melhor define a Abertura ao Novo é: a) estar disponível para conhecer novas ideias, buscando o que é diferente daquilo a que estamos acostumados. b) interessar-se por um assunto novo e dedicar-se a reproduzir de maneira artística o que já foi feito sobre aquilo. c) lidar com aquilo que é simples, pouco desafiador e conhecido, para aumentar a chance de boas escolhas. d) buscar de maneira automática, quilo que é diferente, sem demonstrar interesse por descobertas. 2. Assinale a alternativa que contenha duas das competências que integram a Abertura ao novo: a) Curiosidade para aprender a imaginação criativa. b) Empatia e confiança. c) Determinação e persistência. d) Iniciativa e assertividade. 3. Um professor de História, ao propor uma atividade de debate em sala de aula, em que cada grupo de alunos deve estudar diferentes pontos de vista de m conflito histórico, em busca de uma resolução pacífica, está trabalhando qual macrocompetência socioemocional de forma intencional? a) Autogestão. b) Resiliência emocional. c) Abertura ao novo. d) Amabilidade. 4. A Amabilidade está associada à capacidade de: a) Desenvolver tolerância a situações de estresse, frustração e pressão social. b) Interessar-se pelas outras pessoas, colocando-as no lugar delas e respeitando- as. c) Expressar-se de forma assertiva, revelando dureza nas falas e nas atitudes. d) Enfrentando as dificuldades, aprendendo com elas e procurando vencê-las. 5. Engajamento com os outro é uma macrocompetência socioemocional composta por diversas outras competências, entre as quais estão: a) Determinação, organização e foco. b) Iniciativa social, assertividade e entusiasmo. c) Confiança, entusiasmo e curiosidade para aprender. d) Tolerância ao estresse, autoconfiança e tolerância à frustração. 6. Um professor de Geografia do Ensino Fundamental propões uma atividade em grupo, em que os alunos devem aprender seus trabalhos para o restante da sala, e estimula que os colegas ajudem uns aos outros no ensaio das apresentações. Qual é a principal competência socioemocional que esse professor está trabalhando com sua turma? a) Resiliência emocional. b) Autogestão. c) Engajamento com os outros. d) Abertura ao Novo. 7. Quando um aluno se percebe autoconfiante para lidar com os desafios do cotidiano e as dificuldades da vida forma construtiva e positiva, encontrando outras possibilidades para a resolução de problemas, ela está exercitando que macrocompetência socioemocional. a) Amabilidade. b) Resiliência emocional. c) Abertura ao novo. d) Engajamento com os outros. 8. A Resiliência emocional é: a) A busca por enfrentar as adversidade e dificuldades da vida, aprendendo com elas e encontrar formas de vencê-las. b) Intencionalidade de construir relações positivas com os outros e o interesse contínuo e crescente por interações sociais. c) Habilidades de perceber-se frustrados diante de um desafio e optar por retirar-se da zona de conflito, para que possa se equilibrar emocionalmente. d) Mistura de três competências socioemocionais: a curiosidade para aprender, a imaginação criativa e o interesse artístico. 9. Para atingir um objetivo, para cumprir uma meta e para seguir um plano, precisamos de uma macrocompetência socioemocional que é composta de várias outras competência socioemocionais, entre as quais se destacam a determinação, persistência, a organização, a responsabilidade e o foco. Que macrocompetência é essa? a) Engajamento com os outros. b) Abertura ao novo. c) Amabilidade. d) Autogestão. GABARITO: 1 – A / 2 – A / 3 – D / 4 – B / 5 – B / 6 – C / 7 – b / 8 – A / 9 - D
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