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Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 1 Trio Help Med – Virgínia Pereira MAMA ○ A glândula mamária é um órgão par, que se situa na parede anterior do tórax, na parte superior e está apoiada sobre o músculo peitoral maior, se estende da segunda à sexta costela no plano vertical e do esterno à linha axilar anterior no plano horizontal; ○ A mama feminina é composta por lobos (glândulas produtoras de leite), por ductos (pequenos tubos que transportam o leite dos lobos ao mamilo) e por estroma (tecido adiposo e tecido conjuntivo que envolve os ductos e lobos, vasos sanguíneos e vasos linfáticos); ○ As mamas são órgãos pares, situadas na parede anterior do tórax, sobre os músculos Grande Peitoral. Externamente, cada mama, na sua região central, apresenta uma aréola e uma papila; ○ Na papila mamária exteriorizam-se 15 a 20 orifícios ductais, que correspondem às vias de drenagem das unidades funcionantes, que são os lobos mamários; ○ A mama é dividida em 15 a 20 lobos mamários independentes, separados por tecido fibroso, de forma que cada um tem a sua via de drenagem, que converge para a papila, através do sistema ductal; • ÁCINO – porção terminal da “árvore” mamária, onde estão as células secretoras que produzem o leite. • LÓBULO MAMÁRIO – conjunto de ácinos. • LOBO MAMÁRIO - unidade de funcionamento formada por um conjunto de lóbulos (15-20) que se liga à papila por meio de um ducto lactífero. • DUCTO LACTÍFERO – sistema de canais (15-20) que conduz o leite até a papila, o qual se exterioriza através do orifício ductal. • PAPILA – protuberância composta de fibras musculares elásticas onde desembocam os ductos lactíferos. • ARÉOLA – estrutura central da mama onde se projeta a papila. • TECIDO ADIPOSO – todo o restante da mama é preenchido por tecido adiposo ou gorduroso, cuja quantidade varia com as características físicas, estado nutricional e idade da mulher. • LIGAMENTOS DE COOPER - responsáveis pela retração cutânea nos casos de câncer de mama, são expansões fibrosas que se projetam na glândula mamária. ○ Os alvéolos desembocam em reduzidas estruturas ductais - os dúctulos, que se reúnem em duetos maiores. ○ Os duetos maiores, por sua vez, fundem-se para formar duetos principais que drenam as unidades maiores, os lobos. Os ductos principais apresentam dilatação na projeção da aréola,denominada seio galactóforo, cuja importância reside na panicipação do mecanismo de sucção das mamas pelo neonato. ○ Entre os lóbulos e duetos, as mamas são preenchidas por tecido gorduroso e conjuntivo. ○ A vascularização mamária permeia esse tecido extraglanduJar até as menores unidades alveolares, que externamente se revestem de capilares e de células mioepiteliais. Morfofisiologia da Mama e Síntese do Leite Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 2 Trio Help Med – Virgínia Pereira ○ As células mioepiteliais têm função contrátil, auxiliando na mobilização do leite dos alvéolos para os dúctulos ○ As mulheres mais jovens apresentam mamas com maior quantidade de tecido glandular, o que torna esses órgãos mais densos e firmes; ○ Ao se aproximar da menopausa, o tecido mamário vai se atrofiando e sendo substituído progressivamente por tecido gorduroso, até se constituir, quase que exclusivamente, de gordura e resquícios de tecido glandular na fase pós- menopausa; ○ Tem como função principal a produção do leite para a amamentação, mas tem também grande importância psicológica para a mulher, representando papel fundamental na constituição de sua auto-estima e auto-imagem; FISIOLOGIA ○ Na infância, as meninas apresentam discreta elevação na região mamária, decorrente da presença de tecido mamário rudimentar. Na puberdade, a hipófise, uma glândula localizada no cérebro, produz os hormônios folículo-estimulante e luteinizante, que controlam a produção hormonal de estrogênios pelos ovários. Com isso, as mamas iniciam seu desenvolvimento com a multiplicação dos ácinos e lóbulos. ○ A progesterona que passa a ser produzida quando os ciclos menstruais tornam-se ovulatórios, depende da atuação prévia do estrogênio, é diferenciadora da árvore ducto-lobular mamária. ○ Na vida adulta, o estimulo cíclico de estrogênios e progesterona fazem com que as mamas fiquem mais túrgidas no período pré-menstrual, por retenção de líquido. ○ A ação da progesterona, na segunda fase do ciclo, leva a uma retenção de líquidos no organismo, mais acentuadamente nas mamas, provocando nelas aumento de volume, endurecimento e dor. ○ Depois da menopausa, devido à carência hormonal, ocorre atrofia glandular e tendência à substituição dotecido parenquimatoso por gordura. ○ No período da gestação, o estímulo de estrogênio e progesterona (hormônios esteróides) é máximo, devido à sua produção pela placenta, mas outros hormônios também se elevam na gestação, sem os quais não seria possível a lactação. ○ São eles: prolactina, hormônios da tireóide, corticosteróides e lactogênio placentário. ○ A plenitude funcional das mamas ocorre na amamentação, com a produção e saída do leite. ○ A ejeção do leite, no momento das mamadas, é reflexo basicamente da contração das células mioepiteliais, que circundam os ácinos, estimuladas pela liberação de um outro hormônio, a ocitocina, que é produzido na hipófise posterior ou neuro-hipófise. ○ A mulher que não amamenta jamais atinge a maturidade funcional da mama. ○ As alterações fisiológicas locais são exuberantes por causa dos altos níveis de esteroides sexuais; Os duetos lactíferos proliferam a partir da terceira semana de gravidez, levando ao aumento de tecido glandular, consideravelmente maior em relação ao tecido gorduroso e conjuntivo; ○ Os altos níveis de estrógenos placentários desencadeiam prolíferação celular, em especial das estruturas duoais, que não só aumentam em quantidade, como desenvolvem o lúmen em canalículos que não existiam previamente; Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 3 Trio Help Med – Virgínia Pereira ○ Outros hormônios que participam da atividade mitótica dessas células são o hormônio do crescimento e a insulina; ○ A progesterona, por sua vez, é responsável pela diferenciação das células tenninais dos dúaulos em células acinosas (alvéolos); ○ A prolactina toma essas células acinosas diferenciadas em células maduras, capazes de produzir os diferentes componentes do leite; ○ Apesar dos altos níveis de prolactina durante a gravidez, sua ação é limitada pelos eJevados teores circulantes de progesterona e de hormônio lactogênico placentário, cuja ligação com receptores alveolares possui maior afinidade; ○ Esses fenômenos acentuam·se no segundo trimestre com o aumento da produção de prolactina, que estimula os processos secretórios dos alvéolos mamários; ○ Nesse momento, as mamas já possuem capacidade plena de funcionamento; ○ No terceiro trimestre observam-se a redução dos componentes extraglandulares e o desenvolvimento ainda mais pronunciado das unidades lóbulo-acinosas; As mamas atingem capacidade máxima de produção e de secreção de proteínas, lactose e lipídios, além de atividade exponencial de determinadas enzimas como a galactosiltransferase e a lactose sintetase; ○ O aumento do volume mamário também se deve ao desenvolvimento vascular localizado, o que contribui para o surgimento de veias visíveis pela epiderme, denominadas rede de Haller; ○ Os fenômenos vasculares são proeminentes desde o inicio da gestação, o que gera intumescimento e edema localizados." A inervação do tegumento é extremamente abundante e está comprometida com os arcos reflexos neurais envolvidos na lactogênese e na galactocinese; ○ As mudanças na coloração e pigmentação das aréolas mamárias são evidentesjá no primeiro trimestre de gravidez. A proteção epitelial é reforçada pelo desenvolvimento das glândulas sebáceas do mamilo - os tubérculos de Montgomeiy-, que irão lubrificar e proteger a pele local, mantendo sua elasticidade. ○ Aumento da sensibilidade no mamilo é um dos primeiros sinais de gestação em muitas mulheres; Durante a gestação a aréola pode aumentar e os tubérculos ou glândulas de Montgomery crescem e passam a secretar uma substância sebácea com propriedades antibacterianas. As mudanças descritas a seguir podem influir na eficiência da remoção de leite pelo bebê; ○ Os mamilos aumentam e tornam-se mais protrácteis, o que pode ser medido pela compressão da aréola imediatamente posterior ao mamilo. Quanto mais protráctil o mamilo e o tecido mamário posterior a ele, mais facilmente o bebê mamará; ○ É a protractibilidade do tecido mamário (e não a forma ou tamanho do mamilo) que determina se o mamilo poderá adentrar suficientemente a boca do bebê para evitar trauma pela atividade oral infantil ou se sua boca conterá porção suficiente de mama para extrair leite eficientemente; ○ O mamilo é o conduto através do qual flui o leite e provavelmente serve como estímulo oral para iniciar o comportamento alimentar. Mamilo invertido extremo, intratável, envolvendo frequentemente também espessamento e sinéquia de tecido mamário, pode tornar a amamentação difícil e até impossível; ○ Durante a gestação ocorre intenso desenvolvimento lobular sob influência do lactogênio e esteróides luteais e sexuais placentários; A crescente liberação de prolactina contribui para o desenvolvimento da mama. Ductos e alvéolos multiplicam-se tão rapidamente, que entre 5 e 8 semanas de gestação as mamas de muitas mulheres aumentam visivelmente e ficam mais pesadas, a pigmentação da aréola se intensifica e as veias superficiais dilatam-se. Todavia, à medida que o desenvolvimento glandular continua, em muitas mulheres as reservas adiposas são mobilizadas resultando em mudanças pouco perceptíveis, que não interferem no sucesso subseqüente da amamentação; Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 4 Trio Help Med – Virgínia Pereira ○ Após o parto, o volume de cada mama aumenta em média 225ml8 devido à duplicação do fluxo sanguíneo, aumento da secreção e desenvolvimento do tecido glandular, parcialmente preenchido por colostro, às vezes desde a metade da gestação; ○ O colostro pode vazar, dependendo de fatores como temperatura ambiente e tônus dos músculos esfincterianos que controlam o fluxo espontâneo. Há uma grande variação interpessoal destes fenômenos, que não tem valor preditivo no sucesso na Amamentação; ○ Nos primeiros meses de gestação é pronunciado o aparecimento de brotos ductulares pela influência de estrógenos. Com o aumento do nível de progesteronaapós o 3º mês, o desenvolvimento dos alvéolos ultrapassa a formação de ductos e o progressivo aumento da prolactina estimula a atividade glandular e a secreção de colostro. O momento em que as mamas adquirem a capacidade de sintetizar os constituintes do leite é chamado lactogênese I. A produção de grandes volumes de leite é inibida pelos esteróides sexuais placentários, particularmente progesterona. Este fenômeno é tão poderoso, que mesmo pequenos fragmentos de placenta podem retardar a lactogênese II, produção mais copiosa de leite, que se inicia no puerpério. A preparação das mamas para lactação é muito efetiva e a produção de leite pode começar até mesmo na 16ª semana, se a gravidez se interromper. SÍNTESE DO LEITE O processo de lactação é mecanismo fisiológico específico dos mamíferos e compõe-se de uma série de eventos bioquímicos e teciduais de desenvolvimento e preparação das mamas, bem como de controle neuroendócrino da produção e excreção láctea; ○ A síntese de leite nos alvéolos é um processo complexo que envolve quatro mecanismos secretórios: exocitose; síntese e transferência de gordura; secreção de íons e água e transferência de imunoglobulinas do espaço extracelular, de pequena relevância clínica direta e revistos em outro trabalho; ○ Após o nascimento a inibição placentária da síntese de leite desaparece e o nível de progesterona no sangue da mãe cai rapidamente. As mamas enchem- se de colostro em até 30 h após o nascimento. Entre 30 e 40 h depois do parto11 há uma mudança rápida na composição do leite, com aumento da concentração de lactose e consequentemente do volume de leite, pois ela é o componente osmoticamente mais ativo. Este aumento de volume ocorre geralmente antes da percepção de aumento ou ingurgitação das mamas ou outro sinal subjetivo de desconforto, freqüentemente descrito como “descida do leite”; A lactação, do ponto de vista energético, é a maneira mais eficiente de atender as necessidades alimentares dos mamíferos jovens, sendo o leite materno ativamente protetor, imunomodulador e ideal para suas necessidades; ○ O desenvolvimento intra-uterino da glândula mamária já é aparente na fêmea humana ao fim da 6ª semana de gestação; Na puberdade e adolescência a secreção hormonal da hipófise anterior estimula a maturação dos folículos de Graaf do ovário e a secreção de estrógenos foliculares, os quais por sua vez estimulam o desenvolvimento dos ductos mamários; ○ A gestação exerce o efeito mais dramático sobre as mamas, embora o desenvolvimento do tecido glandular e a deposição de gordura e tecido conectivo continuem sob a influência de estimulação hormonal cíclica; ○ Na gestação e parto ocorrem muitas alterações nos mamilos e mamas prenunciando a lactação. O preparo das mamas é tão efetivo,que a lactação começa mesmo que a gestação termine na 16ª semana; Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 5 Trio Help Med – Virgínia Pereira ○ Após o nascimento, cessa a inibição placentária sobre a síntese de leite e o nível de progesterona no sangue da mulher declina rapidamente. A mama se enche de leite de alta densidade e pequeno volume chamado colostro em até 30 horas após o parto. Como não é o nível hormonal da mãe, mas a eficiência da sucção do bebê, ou seja, a remoção de leite que governa o volume produzido em cada mama, mães que permitem que seus bebês mamem à vontade frequentemente observam grandes volumes de leite 24 a 48 horas após o nascimento; ○ Os reflexos maternos envolvidos na lactação são: produção e ejeção de leite. Vários reflexos complementares são acionados quando o bebê se alimenta: reflexo de rotação ou busca (induz o bebê a procurar o mamilo), de sucção (ação mandibular rítmica que permite a criação de pressão negativa e ação peristáltica da língua) e de deglutição. As ações instintivas da criança se consolidam no puerpério em comportamento aprendido; ○ O uso de bicos de mamadeira e chupetas pode condicionar o bebê a ações orais diferentes, inadequadas para amamentação. A comparação entre leite materno e leite de vaca falha na descrição das muitas e importantes diferenças entre eles, por exemplo, diferenças estruturais e qualitativas de proteínas, gorduras e biodisponibilidade de minerais. A proteção contra infecções e alergias conferida ao bebê, impossível de ser alcançada por outro tipo de alimento, é a qualidade mais proeminente do leite de peito. O efeito máximo sobre o espaçamento inter-gestacional é alcançado enquanto o bebê é exclusiva ou quase exclusivamente amamentado e a mãe permanecer amenorréica. ○ A amamentação é, por sua vez, processo em que o ato de nutrir o recém-nascido se reveste de significado emocional e se relaciona à construção inicial da relação entre mãe e filho, estreitando-se os vínculos afetivos. Apresenta. portanto, fatores influenciadores de natureza distinta, mais ligados aos aspectos psicológico e circunstancial que aos aspectosbiológicos." ○ Mães que permitem que seus bebês mamem à vontade, freqüentemente observam que têm grande volume de leite 24 a 48 h após o parto sem apresentar ingurgitação; ○ Atualmente se aceita que o fenômeno descrito como “descida do leite” marca a mudança do controle endócrino para o autócrino da lactação, situação em que é a remoção de leite, em meio hormonal favorável, que governa a produção; ○ Algumas mães podem perceber esta transição como uma sensação de mamas cheias e quentes, enquanto o aumento da Pressão intramamária que acompanha a liberação dos peptídios supressores nas glândulas começa a adequar o volume de leite produzido ao necessário ao bebê (isto é, igual ao que está sendo retirado). Sensação de enchimento progressivo da mama decorre da combinação de retirada ineficiente de leite e aumento do fluxo sanguíneo mamário causando edema linfático, que por sua vez limita o fluxo de leite, permitindo acúmulo de peptídios supressores e eventual diminuição da sua secreção; ○ Os reflexos maternos envolvidos na lactação são o da produção e o da ejeção de leite. Ambos envolvem ação de hormônios (prolactina e oxitocina, respectivamente) e são sensíveis à força motora da lactação, a sucção; ○ A estimulação das terminações nervosas do complexo mamilo-areolar pelo bebê envia impulsos pela via neuronal reflexa aferente para o hipotálamo, resultando na secreção de prolactina pela hipófise anterior e oxitocina pela hipófise posterior; ○ Outros hormônios (cortisol, insulina, hormônios da tireóide, paratireóide e do crescimento) também apóiam a lactação; A prolactina é o hormônio chave da lactogênese, estimulando a produção alveolar inicial; induz o RNA mensageiro e de transferência a sintetizar proteínas do leite e influencia a síntese de alfalactalbumina e, portanto, lactose nas células alveolares. Suas outras funções incluem mecanismos de retenção de água e sal através dos rins e possivelmente o prolongamento da amenorréia puerperal pela ação sobre os ovários. Ambas as funções reduzem o estresse metabólico da lactação; Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 6 Trio Help Med – Virgínia Pereira ○ Além de induzir a liberação de prolactina pela hipófise anterior, a amamentação também excita as fibras colinérgicas do hipotálamo e estimula liberação de oxitocina pela hipófise posterior; ○ A oxitocina contrai as células mioepiteliais, forçando o leite para fora dos ductos. As contrações podem ser muito fortes e dolorosas no início, ejetando leite a muitos centímetros de distância do peito, embora na maioria das vezes cause apenas o gotejamento de uma mama enquanto o bebê mama na outra. A liberação de oxitocina aumenta a pressão intramamaria e a termomamografia mostra aumento evidente do fluxo sanguíneo. As mães podem sentir o reflexo de ejeção ou “descida do leite” como sensação de calor e formigamento, pressão no seio ou podem nem percebê-lo, a menos que acompanhem o ritmo de alimentação do bebê; LACTOGÊNESE A produção e secreção de colostro podem ser observadas, como visto, a partir do segundo trimestre de gestação, quando as glândulas mamárias atingiram maturidade para a produção láctea; ○ A lactogênese não ocorre durante a gravidez em razão do efeito inibitório do estríol, da progesterona e do hormônio lactogênico placentário sobre os efeitos da prolactina nos alvéolos; ○ Com o parto e a dequitação, os níveis à circulantes de estrógeno, hormônio lactogênico placentário e progesterona produzidos pela placenta decrescem de forma abrupta, possibilitando a ação da prolactina em seus receptores mamários; ○ A prolactina produz uma série de efeitos nas células alveolares: • Diferenciação celular da fase pré-secretória para a fase secretória. • Estímulo da síntese de RNA para produção de proteínas espedficas do leite (caseína, alfalactoalbumina). • Indução de enzimas catalisadoras (galactosiltransferase e lactose sintetase) A prolactina exerce seus efeitos na mama, modificando a secreção de colostro para leite propriamente dito no período de aproximadamente 72 horas. Esse fenômeno também é conhecido como apojadura ou descida do leite e coincide com ingurgitamento mamário típico desse período; ○ Os níveis de prolactina sobem em picos induzidos pela sucção do recém-nascido. Quanto menor for o intervalo entre as mamadas, menor será o tempo para o restabelecimento dos níveis de prolactina, mantendo o nível sérico desse hormônio e a produção adequada de leite; ○ A secreção basal é progressivamente menor com picos relativamente maiores até o terceiro mês pós- parto, quando os níveis séricos circulantes se aproximam dos valores normais; ○ Acredita-se que determinadas substâncias presentes no leite matemo sejam responsáveis pela regulação autócrina de sua produção, inibindo localmente a secreção láctea e alterando sua composição quando existe estase no sistema ductal; ○ Assim, a produção de leite pelas glândulas mamárias depende não só da existência de um aparelho glandular desenvolvido, mas também da contínua e eficiente remoção do leite. LACTOPOESE E GALACTOCINESE A lactopoese relaciona-se com o conjunto de eventos que visa à manutenção da produção e da ejeção do leite; ○ A galactocinese, por sua vez, é o mecanismo que descreve a excreção do leite durante a sucção das mamas pelo neonato; ○ A produção e a ejeção do leite são controladas por arcos reflexos neurais, iniciando-se em terminações nervosas livres no complexo areolopapilar; ○ O estímulo dessas terminações nervosas leva informações pelas vias aferentes torácicas (de T4 a T6), com liberação de ocitocina pela hipófise posterior e prolactina pela hipófise anterior; ○ A ejeção do leite é realizada pelo estímulo da ocitocina nas células mioepiteliais que circundam os Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 7 Trio Help Med – Virgínia Pereira alvéolos mamários ese contraem causando a excreção láctea; A ocitocina também age nas células da musculatura lisa areolar mamário de provovendo compressão do seio lactóforo e ereção dapapila, eventos que colaboram para o mecanismo de ejeção do leite. Além desses, os efeitos da ocitocina em outros órgãos podem ser observados durante o aleitamento, como as contrações uterinas que contribuem para a involução do útero; ○ O reflexo de ejeção do leite é mais complexo que o reflexo liberador de prolactina, uma vez que é mais suscetível a influências de fatores psicoemocionais e ambientais. Assim, situações de desconforto, vergonha, ansiedade e dor provocam inibição imediata desse reflexo, reduzindo a quantidade de leite expelida; ○ É também comprovada a presença de uma substância inibitória da produção de prolactina (fator inibidor da prolactina), cuja liberação está relacionada ao eixo neuroendócrino e, portanto, sujeita a modificações dependentes de estímulo emocional exógeno. Durante a sucção das mamas pelo recém- nascido, o estímulo dos nervos torácicos provoca a redução dessa substância, permitindo a secreção de prolactina; ○ O pico de secreção de prolactina relaciona-se com o intervalo entre o parto e a primeira mamada e a frequência das mamadas consecutivas. Assim, quanto maior for o intervalo entre o parto e a primeira sucção das mamas pelo recém-nascido, menores serão o pico inicial e a secreção basal de prolactina, com menor produção láctea; ○ Orienta-se, dessa forma, que a primeira pega não exceda 40 minutos do pano e que a frequência mínima seja por volta de 7 a 8 mamadas por dia. Preconiza-se a amamentação de livre demanda, evariações individuais são possíveis sem maiores prejuízos; O aumento dos intervalos entre as mamadas ou a sucção ineficiente acarreta estase láctea e redução do fluxo vascular local. Esse fenômeno gera alterações celularescom destruição de tecido mamário e substituição por tecido conjuntivo e gordura. Em geral, essas alterações se completam após 3 meses da suspensão do aleitamento, embora boa parte dos tecidos glandulares permaneça até o período climatérico. IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO BENEFÍCIOS EXCLUSIVOS ○ Sabe-se que crianças que não são amamentadas com leite materno apresentam maior risco de óbito por diarreia (risco 14,2 vezes maior), doenças respiratórias (3,6 vezes) e outros tipos de infecção (2,5 vezes), quando comparadas àquelas que recebem aleitamento materno exclusivo; ○ Proteção contra síndrome da morte súbita do lactente diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2, doença de Crohn, retocolite ulcerativa, linfoma, doenças alérgicas e outras doenças crônicas do aparelho digestório. TÉCNICAS DE AMAMENTAÇÃO ○ A técnica de preparo das mamas para o aleitamento inicia-se com as orientações realizadas no período pré-natal; O exame físico das mamas é de suma importância. pois é por meio dele que se podem diagnosticar as anormalidades anatômicas, prevendo suas possíveis complicações e corrigindo-as sempre que possível. A inspeção do mamilo fornecerá informação a respeito de lesões e oleosidade ou ressecamento da pele areolar. além de classificar o tipo de papila em normal, plana, pseudoinvertida ou invertida. Os cuidados dispensados com os mamilos devem incluir exposição solar e higiene com água. Recomenda-se evitar o uso de lubrificantes e sabonetes, os primeiros por exacerbar a oleosidade da pele local e os últimos por resseca-la em demasia. O aumento da produção sebácea pelas glândulas da aréola fornece quantidade de lubrificação necessária e suficiente à fufura lactante; ○ As papilas invertidas não protraem, mesmo na vigência de exercícios e manobras, enquanto as pseudoinvertidas podem permanecer protraídas por algum tempo após manipulação ou sucção. Para esses casos, orientam-se exercícios de rotação, tração e Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 8 Trio Help Med – Virgínia Pereira exteriorização, que irão aumentar a flexibilidade e a capacidade de exposição da papila; ○ As técnicas de amamentação visam à pega correta da boca do recém-nascido no mamilo da lactante, com consequente nutrição adequada da criança, sem prejuízo físico ou psicológico materno. POSICIONAMENTO DA CRIANÇA ○ Indicativos da posição correta: corpo encostado ao da mãe (abdome com abdome), o queixo deve estar tocando o peito da mãe, corpo e cabeça alinhadas sem necessidade de virar a cabeça para alcançar a mama e criança apoiada no braço da mãe envolvendo a cabeça, pescoço e parte superior do tronco. PEGA ○ Para sucção efetiva a criança deve abocanhar não só o mamilo, mas toda ou maior parte da aréola. Dessa forma proporciona a formação de um grande e longo bico que toca o palato, iniciando o processo de sucção. ○ Os ductos lactíferos terminais que ficam por baixo da aréola, são assim pressionados pela língua contra o palato e inicia-se a saída do leite, ajudada pelo reflexo de ejeção mediado pela ocitocina. ○ Caso haja a pega só no mamilo, ocorrerá erosão e/ou fissura mamilar por fricção continuada. Sem a pressão dos ductos lactíferos contra o palato, não há saída adequada de leite. A mãe pode ser auxiliada a aproveitar o movimento de busca e apreensão, que é estimulado colocando o mamilo na bochecha do bebê, deixando-o explorar o peito com a língua. SUCÇÃO EFETIVA ○ A boca do bebê deve estar bem aberta, lábio inferior voltado pra fora, língua acoplada em torno do peito, bochechas com aparência arredondada, sucção lenta, profunda e ritmada e com períodos de atividade e de pausa. ○ Antes de iniciar a pega, a mulher deverá ser orientada a palpar a aréola. Se estiver túrgida, ordenhar um pouco de leite para facilitar a pega. TÉRMINO DA MAMADA ○ O ideal é que o bebê solte espontaneamente o peito. Caso isso não ocorra pode colocar o dedo mínimo na boca do bebê pela comissura labial para romper o vácuo e soltar o peito sem machucar o mamilo. INTERCORRÊNCIAS ○ Dificuldade de sucção: quando, por alguma razão, o bebê não estiver sugando ou a sucção é ineficaz, e a mãe deseja amamentá-lo, ela deve ser orientada a estimular a sua mama regularmente (no mínimo cinco vezes ao dia) por meio de ordenha manual ou por bomba de sucção. Isso garantirá a produção de leite. Alguns bebês não conseguem pegar a aréola adequadamente ou não conseguem manter a pega. Isso pode ocorrer porque o bebê não está bem posicionado, não abre a boca suficientemente ou está sendo exposto à mamadeira e/ou chupeta. Além disso, o bebê pode não abocanhar adequadamente a mama porque elas estão muito tensas, ingurgitadas, ou os mamilos são invertidos ou muito planos. ○ Demora na descida do leite: em algumas mulheres a apojadura só ocorre alguns dias após o parto. Nesse caso é muito útil o uso de um sistema de nutrição suplementar (translactação), que consiste em um recipiente (pode ser um copo ou uma xícara) contendo leite (de preferência leite humano pasteurizado), colocado entre as mamas da mãe e conectado ao mamilo por meio de uma sonda. A criança, ao sugar o mamilo, recebe o suplemento. Dessa maneira o bebê continua a estimular a mama e sente-se gratificado ao sugar o seio da mãe e ser saciado. Mamilos planos ou invertidos: para fazer o diagnóstico de mamilos invertidos, pressiona-se a aréola entre o polegar e o dedo indicador: se o mamilo for invertido, ele se retrai; caso contrário, não é mamilo invertido. Mostrar à mãe manobras que podem ajudar a aumentar o mamilo antes das mamadas, como simples estímulo (toque) do mamilo, compressas frias nos mamilos e sucção com bomba manual ou seringa de 10mL ou 20mL adaptada (cortada para eliminar a saída estreita e com o êmbolo inserido na extremidade cortada). Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 9 Trio Help Med – Virgínia Pereira Recomenda-se essa técnica antes das mamadas e nos intervalos se assim a mãe o desejar. O mamilo deve ser mantido em sucção por 30 a 60 segundos. ○ Ingurgitamento mamário: há três componentes básicos: (1) congestão/aumento da vascularização da mama; (2) retenção de leite nos alvéolos; e (3) edema decorrente da congestão e obstrução da drenagem do sistema linfático. Como resultado, há compressão dos ductos lactíferos, o que dificulta ou impede a saída do leite dos alvéolos. Não havendo alívio, a produção do leite pode ser interrompida, com posterior reabsorção do leite represado. O leite acumulado na mama sob pressão torna-se mais viscoso; daí a origem do termo “leite empedrado”. O ingurgitamento patológico, a mama fica excessivamente distendida, o que causa grande desconforto, às vezes acompanhado de febre e mal estar. Pode haver áreas difusas avermelhadas, edemaciadas e brilhantes. Os mamilos ficam achatados, dificultando a pega do bebê, e o leite muitas vezes não flui com facilidade. ○ Mastite: processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama (o mais comumente afetado é o quadrante superior esquerdo), geralmente unilateral, que pode progredir ou não para uma infecção bacteriana. A estase do leite é o evento inicial da mastite e o aumento da pressão intraductal causado por ela leva ao achatamento das células alveolares e formação de espaços entre as células. Por esse espaço passam alguns componentes do plasma para o leite e desse para o tecido intersticial da mama, causando uma resposta inflamatória. O leite acumulado, a resposta inflamatória e o dano tecidualresultante favorecem a instalação da infecção, comumente pelo Staphylococcus (aureus e albus) e ocasionalmente pela Escherichia coli e Streptococcus (α-,β- e não hemolítico), sendo as lesões mamilares, na maioria das vezes, a porta de entrada da bactéria.
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