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AVA-UNID3-FILOSOFIA-GERAL-E-DO-DIREITO

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- -1
FILOSOFIA GERAL E DO DIREITO
FILOSOFIA MODERNA
Laís Pessoa
- -2
Olá!
Você está na unidade . Conheça aqui o período que denominamos como Idade Moderna. ElaFilosofia Moderna
vai de meados do século XV ao fim do século XVIII. Seus marcos inicial e final costumam ser apontados como a
queda de Constantinopla (Império Romano do Oriente), em 1453, e as Revoluções Liberais do final do século
XVIII, como a Revolução Francesa, em 1789, e a Revolução Americana, em 1776. Como marco inicial também
pode ser apontado, simultaneamente, a descoberta da América, em 1492. 
Bons estudos!
- -3
1 Filosofia moderna: renascimento e pensamento político
A passagem do feudalismo ao capitalismo, concomitante e inseparável do florescimento do comércio e da
ascensão da burguesia é um desses elementos que promove uma mudança profunda nas estruturas sociedade.
No plano político, temos a formação dos Estados Nacionais, com centralização do poder nas monarquias
absolutas, a adoção do mercantilismo e o impulso às grandes navegações. Nem todos os Estados Nacionais se
organizaram ao mesmo tempo, devido à existência de diferentes situações políticas em cada região.
No plano religioso, que também sempre foi político, ocorreu a quebra da unidade religiosa europeia, com a
Reforma e consequente valorização da razão humana como fator de liberdade. No plano científico-cultural,
temos o desenvolvimento das ciências naturais, a invenção da imprensa e divulgação e circulação do
conhecimento, um deslocamento do eixo nas artes, ciências e filosofia do teocentrismo para o antropocentrismo,
ou seja, o homem se vê, pela primeira vez em muito tempo, no centro, valorizado (COTRIM, 2001).
1.1 Renascimento
O Renascimento foi um movimento cultural iniciado na península itálica, nos séculos XV e XVI, que proporcionou
mudanças importantes no tocante a valores e conceitos e que viria a influenciar toda a Europa, bem como em
considerável parte do mundo. A localização geográfica privilegiada da península itálica favoreceu esse evento,
tanto por ter sido, no passado, sede de Roma, quanto por ter contato marítimo com muitas outras culturas. A
inspiração renascentista vem do humanismo, que prega a valorização e retomada de valores da cultura greco-
romana, especialmente quanto à exaltação da razão e da liberdade. Nessa toada antropocentrista, mas sem
abandonar os valores religiosos que permeiam a sociedade, ocorre uma tendência à humanização do divino,
especialmente nas artes (COTRIM, 2001).
Assista aí
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/2cdfe5434fbdf4edfc4027737a277cb4
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1.2 Pensamento político
Neste pano de fundo, ocorre a formação dos primeiros Estados Nacionais, o que significa profundas mudanças no
plano político, na vida em sociedade e na relação com a Igreja, alterações essas que se refletem no pensamento
político-filosófico produzido no período. Os Estados Nacionais que se formam centralizam-se em torno da figura
de um rei, que não mais se submete à nobreza ou à Igreja, pois seu poder é centralizado, absoluto. A configuração
do Estado Moderno inicia-se, então, caracterizada pelo “monopólio de fazer e aplicar leis, recolher impostos,
cunhar morda, ter um exército; prerrogativas do governo central, o único que detém o monopólio legítimo da
força e o aparato administrativo para prestação dos serviços públicos” (ARANHA; MARTINS, 2007, p. 233).
Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi um dos nomes mais importantes deste período, sobretudo por ter escrito a
obra O Príncipe, que é considerada um divisor de águas que consagra a autonomia da política como ciência.
Embora uma leitura apressada da obra leve à interpretação de que o autor defende o absolutismo e o
imoralismo, a interpretação cuidadosa e aprofundada ultrapassa essa visão simplista e permite perceber
nuances mais sofisticadas do texto, especialmente se confrontado com outra obra, chamada Comentários sobre a
em que o autor desenvolve ideias republicanas.década de Tito Lívio 
A aparente contradição entre as duas obras é interpretada como a análise que Maquiavel faz de duas
circunstâncias diferentes da ação política: em um primeiro momento, representado pela ação do
príncipe, o poder deve ser conquistado e mantido, e para tanto justifica-se o poder absoluto;
posteriormente, alcançada a estabilidade, é possível e desejável a instalação do governo republicano
(ARANHA; MARTINS, 2007, p. 233).
O príncipe deverá, para alcançar os objetivos, se valer de e , duas palavras em italiano quevirtù fortuna
significam virtude e acaso, respectivamente. Essas são as qualidades desejáveis para que o príncipe seja capaz de
atuar nos jogos de força e poder da política com a ousadia ou precaução adequadas às circunstâncias. Uma
qualidade de nada serve sem a outra. A postura de Maquiavel quanto à relação entre ética e política são
inovadoras para a época, ainda muito influenciada pelo pensamento medieval. Por um lado, Maquiavel defende a
moral laica, secular, de base naturalista, diferente da moral cristã; por outro, estabelece a autonomia da política,
negando a anterioridade das questões morais na avaliação da ação política (ARANHA; MARTINS, 2007).
• Maquiavel
É considerado, por suas inovações, o fundador da ciência política. Suas teorias são classificadas como
realistas, por lidarem com a ação humana como realmente ocorre, têm uma tendência utilitarista, pois se
•
- -5
voltam a uma ação eficaz e imediata, e seculares, pois rejeitam o legado ético-cristão, desvencilhando-se
tanto da religião quanto da moral privada (ARANHA; MARTINS, 2007).
• Bodin
O conceito de soberania, que encontramos pela primeira vez em Jean Bodin (1530-1596), em sua obra Os
, torna-se também fundamental neste momento político, na esteira da ideia deseis livros da República
poder central forte. Bodin descreve a soberania como perpétua e absoluta para que possa garantir a
coesão e a independência do Estado, o que leva ao extremo de estender ao soberano o poder de anular a
lei (ARANHA; MARTINS, 2007).
• Hobbes
Thomas Hobbes (1588-1679) é um teórico do poder soberano. Afirma que o estado de natureza propicia
o uso irrestrito da liberdade, levando uns a lesarem os outros, ou seja, não há controle racional do
homem no estado de natureza. O homem não é um animal social (como afirmou Aristóteles), e sim o lobo
do próprio homem ( ). Então, o Estado é criado para superar o estado de natureza ehomo homini lupus
abolir a guerra e a impunidade geral, uma vez que a pretensão de igualdade no estado de natureza é que
leva à guerra. Assim, chega à conclusão de que a ditadura de um é preferível à ditadura de todos: seu
conceito de jusnaturalismo é obedecer a leis civis emanadas do soberano e a ele alienar direitos e
liberdades, em total submissão para que a sociedade se afaste do estado violento. Para Hobbes as leis
naturais são normas morais que incutem no ser humano o desejo de assegurar sua auto-conservação e
defesa por uma ordem político-social garantida por um poder coercitivo absoluto, ou seja, dirigem o
homem ao Leviatã (BITTAR, 2010).
O jusnaturalismo é uma das características que a configuração do Estado Moderno apresenta. Teorias fundadas
no direito natural sempre existiram; o que mudam são os contornos que recebem, sempre relacionados a
características próprias de cada época. O jusnaturalismo do p onteúdo teológico. O direitoeríodo medieval é de c
natural escolástico é um conjunto de normas ou primeiros princípios morais imutáveis, consagrados ou não na
legislação da sociedade, visto que resultam da natureza das coisas e do homem, sendo, por isso, apreendidos
imediatamente pela inteligência humana como verdadeiros. Seguem a máxima de que o bem deve ser feito e o
maldeve ser evitado, e a lei emana de uma força superior, que é Deus. O Direito, nessa concepção de mundo,
fundada no teocentrismo, é ligado a concepções mítico-religiosas. (BITTAR, 2010:278-279)
Já no p azão matemática e geométrica como guia da noção de verdade naseríodo Moderno, encontramos a r
ciências, fazendo com que a Ciência do Direito busque sua fundamentação na razão humana. Trata-se de uma
•
•
- -6
reação racionalista ao teocentrismo medieval, dentro do novo paradigma do antropocentrismo. As normas
emanam da natureza, mas são apreendidas pelo homem através do uso da razão. A importância do pensamento
jusnaturalista moderno é preparar as bases intelectuais da Revolução Francesa (BITTAR, 2010).
Um dos primeiros teóricos do jusnaturalimo Moderno foi formulaHugo Grócio (1583-1645), holandês que 
doutrina que reflete o típico desejo de autonomia das cidades em que predomina o comércio. Para ele, o
fundamento do Direito é a natureza humana e a natureza das coisas. Seu pensamento contribui decisivamente
para a criação do Direito Internacional, pois trabalha relações baseadas em contratos, de cumprimento
obrigatório, ( ), porque elaborados pela reta razão segundo princípios do Direito Naturalpacta sunt servanda
pertinentes ao caso concreto. Rejeita a possibilidade de sanção religiosa, embora não rejeite a religião ou a
divindade, ao afirmar que “O Direito Natural existiria mesmo que Deus não existisse, ou ainda que Deus não
cuidasse das coisas humanas” (BITTAR, 2010, p. 281).
A partir do século XVII, começam a surgir as teorias do contrato social, outra marca do pensamento político da
Modernidade. Antes o poder do Estado era legitimado por meio de raciocínios que recorriam a explicações
religiosas, intervenções divinas etc. 
Depois de iniciada uma tendência à secularização, passou a ser necessário encontrar explicações puramente
racionais para a origem do Estado, que demonstrassem a legitimidade da ordem política e social. 
O contratualismo faz essa demonstração por meio das ideias de representatividade e consenso, a partir de uma
comparação entre o estado de natureza, anterior ao Estado, e as vantagens de se constituir o poder político e
desfrutar de uma vida segura e ordeira. 
No grupo dos contratualistas mais importantes temos o próprio Thomas Hobbes, já mencionado, além de Locke e
Rousseau. (ARANHA; MARTINS, 2007). 
O mundo Moderno cria uma nova imagem do homem e de seu mundo, especialmente a partir do século XVII, mas
em consequência de descobertas e desenvolvimentos científicos que começaram a ocorrer desde o início da
Modernidade. Na Idade Moderna, o sujeito passa a ser o centro da questão acerca do conhecimento, ao passo que
antes a realidade não era questionada (o homem se limitava a contemplar a harmonia da natureza, mas agora
passa a querer conhecê-la e dominá-la).
• Nicolau Copérnico (1473-1543) defende que o universo é um todo infinito, cujo centro não está em 
parte alguma;
• Johannes Kepler (1571-1630) formula as primeiras três leis da mecânica celeste;
• Galileu Galilei (1564-1642) realiza as primeiras aplicações do princípio da inércia.
Trata-se de verdadeira revolução científica, que leva, consequentemente, à busca de método mesmo nas áreas
não relacionadas diretamente à matemática, voltado tanto para a metafísica (conhecimento do ser) quanto para
a epistemologia (teoria do conhecimento). Como o mundo não é mais um lugar hierarquizado e homogêneo,
•
•
•
- -7
apenas em si mesmo (ou seja, na razão) o homem consegue encontrar um novo centro. O sol não é mais um
ponto fixo e centro do universo! As representações que reordenaram o mundo passaram a ser feitas através de
relações matemáticas e geométricas. No plano político e social, temos a emergência do burguês, que muda para
sempre o rumo da sociedade e do Estado (COTRIM, 2001).
Além dessas mudanças no plano do pensamento político, veremos, a seguir, que a Filosofia Moderna apresenta
mudanças grandiosas em comparação ao período anterior, exatamente em razão de todo o desenvolvimento que
ocorre nas ciências exatas e naturais e da nova forma de se enxergar no mundo que o homem descobre. René
Descartes, nome fundamental para essa virada de pensamento, critica o realismo metafísico dos gregos e dos
medievais e fundamenta o critério da verdade no sujeito que pensa e não na relação entre o sujeito e o objeto
conhecido, a partir do que se desenvolvem muitas correntes de pensamento.
- -8
2 Filosofia moderna: racionalismo
Antes de começarmos a falar sobre o racionalismo, é necessário contextualizar essa corrente filosófica. O
racionalismo se insere na discussão a respeito da possibilidade do conhecimento humano. Desde o início a
filosofia se indaga a respeito da possibilidade do ser humano conhecer a verdade, apreender seu objeto de
estudo por completo e quais os limites se colocam a isso.
Duas correntes básicas e antagônicas surgiram para responder a esses questionamentos: ceticismo e
dogmatismo. A primeira delas, o ceticismo, afirma ser impossível conhecer a verdade; a segunda, o dogmatismo,
defende a possibilidade de se conhecer a verdade (COTRIM, 2001).
- -9
2.1 Ceticismo
O ceticismo subdivide-se em duas correntes internamente. Uma é a do , segundo o qual nãoceticismo absoluto
há nenhuma possibilidade de se conhecer a verdade “e o homem nada pode afirmar, pois nada pode conhecer”
(COTRIM, 2001, p. 60).
Assista aí
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/6aa42b6c96d94e034fc9cd49150560c5
Os críticos do cetiscismo absoluto afirmam que ele é uma doutrina radical, estéril e contraditória.
Radical porque nega totalmente a possibilidade de conhecer. Estéril porque não leva a nada.
Contraditória porque anula a si própria, pois, ao dizer que nada é verdadeiro, acaba afirmando que
pelo menos existe algo de verdadeiro, isto é, o conhecimento de que nada é verdadeiro (COTRIM,
2001:59-60).
O ceticismo relativo apresenta posição mais moderada e nega apenas parcialmente a possibilidade de conhecer
a verdade e subdivide-se em grupos como o subjetivismo, o relativismo, o probabilismo e o pragmatismo 
(COTRIM, 2001).
Já o dogmatismo, em sua defesa da possibilidade de conhecermos a verdade, apresenta duas correntes básicas,
 conforme .Cotrim (2001)
Dogmatismo
ingênuo
Acredita plenamente na possibilidade do conhecimento e da nossa apreensão do mundo
tal qual ele é. 
Dogmatismo
crítico
Defende a possibilidade de conhecer a verdade, porém, por meio de um esforço conjugado
entre o uso dos sentidos e da inteligência, valendo-se de método.
Agora que já sabemos que existem correntes filosóficas que admitem e outras que não admitem a possibilidade
do conhecimento humano, podemos contextualizar o racionalismo (bem como o empirismo, do próximo tópico).
Dentre aqueles que aceitam a possibilidade do conhecimento surge um novo questionamento, qual seja, uma vez
que é possível conhecer, qual a origem dos conhecimentos, ideias, representações, conceitos? A possibilidade de
conhecer já não está mais em discussão, mas, qual a fonte de onde o conhecimento se origina? As duas correntes
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principais que trazem respostas a essas perguntas são o racionalismo e o empirismo. O racionalismo deposita
sua confiança na razão humana como forma de alcançar a verdade, enquanto o empirismo defende que o
conhecimento se origina na experiência sensorial (COTRIM, 2001).
O racionalismo moderno teve, em René Descartes, seu primeiro e principal expoente. (...) o ponto de
partida da filosofia cartesiana é o sujeito pensante e não o mundo exterior. O sujeito pensante,
segundo Descartes, possuiria ideias inatas, isto é, ideias que teriam nascido com o indivíduo, que
dispensariam um objeto exterior para fazê-lasexistir (COTRIM, 2001, p.161).
- -11
2.2 René Descartes 
René Descartes é um dos principais representantes do racionalismo. Viveu de 1596 a 1650 e é considerado um
dos pais da filosofia moderna. Colocou todos os seus conhecimentos em dúvida, numa total desconstrução do
conhecimento, pois afirmava que as percepções sensoriais são incertas, o conhecimento empírico não é
confiável. Questionou, então, a própria existência da realidade, já que só era capaz de apreender a realidade por
meio de seus sentidos. Chega, então, à conclusão de que a única certeza possível é a existência de seus
pensamentos, por meio da célebre afirmação (penso, logo existo).cogito ergo sum
Figura 1 - René Descartes é considerado um dos pais da filosofia moderna
Fonte: Brendan Howard, Shutterstock, 2020.
- -12
#PraCegoVer: Imagem mostra o busto de René Descartes, filósofo que questionou, a própria existência da
realidade.
A existência dos pensamentos se confunde com a essência da própria existência do ser pensante. Adota essa
conclusão como o princípio básico de toda sua filosofia. O ser humano é uma substância essencialmente
pensante: pensamento é tudo que se afirma, nega, sente, imagina, crê e sonha. O pensamento é mais certo que a
matéria que forma o corpo. Apresenta a tendência idealista de valorizar a atividade do sujeito pensante em
relação ao objeto pensado, mas é, sem dúvida, um representante do racionalismo: desconfia das percepções
sensoriais, responsáveis pelos erros do conhecimento humano. A dicotomia corpo-consciência implica na
separação do corpo como objeto da ciência e da mente como objeto da reflexão filosófica e marca o início da
dificuldade do desenvolvimento das Ciências Humanas. De certo modo, Descartes é mais importante para a
filosofia pelos problemas que formulou que pelos problemas que resolveu (COTRIM, 2001).
O desenvolvimento do racionalismo não é linear a partir de Descartes, desde o século XVII. Outros nomes
importantes como Pascal, Spinoza e Leibniz se alinharam com a corrente:
Pascal busca de certa forma conciliar a razão e a experiência religiosa, dando, o entanto, mais ênfase
e centralidade a esta última. Spinoza e Leibniz são racionalistas que colocam, contudo, a questão
metafísica como mais central que a questão epistemológica, ao contrário de Descartes (MARCONDES,
2008, p. 199).
- -13
3 Filosofia moderna: empirismo
Como já adiantamos acima, o empirismo é a corrente que defende a possibilidade do conhecimento e que a
origem do conhecimento está na experiência e passa, necessariamente, pelos sentidos. Contrariamente ao
racionalismo, nega a existências de ideias inatas, colocando a ênfase não no sujeito que pensa, mas no objeto
pensado. O conhecimento provém de duas fontes essenciais, que são a percepção ou atenção ao mundo exterior,
que alcançamos por meio dos sentidos, e a reflexão interna que podemos fazer dessas informações em nossa
atividade mental. Cotrim (2001, p. 161) aponta que
O palco inicial do empirismo moderno foi a Inglaterra. Nesse país a burguesia, a partir do século XVII,
conquistou não apenas poder econômico, mas também poder político e ideológico, impondo o fim do
absolutismo monárquico (Revolução Gloriosa). Essa ascensão da burguesia relaciona-se, no plano
epistemológico, ao empirismo (valorização da experiência concreta, da investigação natural) e, no
plano sociopolítico, ao nascimento do liberalismo (valorização da liberdade pessoal do cidadão e
exigência de limites constitucionais ao poder monárquico). 
As reflexões desenvolvidas por cada um dos representantes do empirismo são muito diversas entre si,
destacando-se os nomes de Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Locke, David Hume.
3.1 Thomas Hobbes
Hobbes, cuja teoria política já vimos, tem um pensamento que se caracteriza pelo materialismo e pelo
mecanicismo, pois divide a realidade entre corpo (o que não depende do nosso pensamento) e movimento (pode
ser determinado matemática e geometricamente). Não há, assim, espaço para a liberdade, pois “os movimentos
se derivam necessariamente dos nexos causais que lhe dão origem” e nem espaço para as noções morais de bem
e mal. Bem e mal são apenas aquilo a que tendemos e aquilo que evitamos, respectivamente. A necessidade do
Leviatã surge em função dessa relativização de bem e mal (COTRIM, 2001).
- -14
3.2 John Locke
John Locke (1632-1704) é um dos representantes dessa corrente de pensamento e afirma que a experiência é
força motriz do conhecimento. Assim, defende que as leis naturais não são inatas, ou seja, não estão na mente
humana, mas sim na natureza, onde podem ser facilmente conhecidas através do uso da razão. Para ele, o estado
de natureza é um estado de paz (diferentemente de Hobbes, por exemplo) e o surgimento do contrato social se
liga à necessidade de um terceiro neutro para decidir lides surgidas na vida social. Locke afirma que a
propriedade é algo que se possui desde o estado de natureza, por meio de conquistas empreendidas contra os
fenômenos da natureza e adversidades do ambiente. A propriedade é, então, um direito anterior ao contrato
social e, portanto, anterior ao surgimento do Estado. O direito positivo, portanto, só é justo se fundado na lei
natural. Por isso o autor faz a defesa do direito de resistência: a autoridade dos magistrados só vale se em
respeito à lei natural. A sociedade é apenas um mecanismo criado para que sejam mantidos e protegidos os
direitos naturais, por isso não pode corrompê-los, desvirtuá-los ou suprimi-los (BITTAR, 2010).
- -15
Figura 2 - John Locke é um dos representantes do empirismo
Fonte: Georgios Kollidas, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: Imagem mostra John Locke, defensor das leis naturais. 
Para Locke o conhecimento das coisas em sua essência não é possível, ou seja, só podemos ter opiniões, mas não
conhecimento sobre as coisas do mundo natural, o que faz dele um cético moderado. Defende a possibilidade do
conhecimento demonstrativo, ou seja, dedutivo, que é aquele que deriva da operação da própria mente (e não da
experiência), como é a geometria, que se caracteriza como um conhecimento não-empírico (não podemos
experimentar triângulos ou círculos com nossos sentidos) e ao mesmo tempo não baseado em ideias inatas.
Nesse sentido Locke se mostra como um empirista não radical (MARCONDES, 2008).
Locke é considerado um dos primeiros filósofos do período moderno a desenvolver uma filosofia da
linguagem, mais especificamente uma teoria do significado (livro III, “Sobre as palavras” [ ],Of Words
do ). Segundo Locke, assim como as ideias são signos mentais das coisas, as palavras sãoEnsaio
signos das ideias. O significado das palavras é, portanto, a ideia correspondente a elas em nossa
- -16
mente, e é por meio das ideias que as palavras se referem às coisas. Quando falamos, nossas palavras
evocam na mente do ouvinte uma ideia equivalente à ideia que temos em nossa mente ao
proferirmos as palavras, e é dessa forma que nos comunicamos e nos fazemos entender. A semântica
de Locke é chamada semântica ideacional, já que o significado das palavras depende da ideia
correspondente a elas em nossa mente. Uma vez que o signo linguístico, a palavra, é convencional, é
apenas por meio de sua relação com ideias que pode significar. A linguagem é assim expressão de um
pensamento – uma representação mental por meio de ideias que são signos das coisas no mundo -
constituído anteriormente à linguagem e independentemente dela. Essa forma de explicação do
significado linguístico prevalecerá praticamente até o surgimento da filosofia da linguagem de
tradição analítica com Frege, Russel, Moore e Wittgenstein ao final do séc. XIX e início do séc. XX
(MARCONDES, 2008, p.186).
3.3 David Hume 
David Hume (1711-1776) foi um escocês que estudou filosofia, direito e comércio e relacionou-se com grandes
intelectuais de sua época. Sua importante obra traz uma teoriaInvestigação acerca do entendimento humano
que divide todo que percebemos entre impressõese ideias, sendo que impressões derivam dos sentidos,
enquanto ideias são representações mentais derivadas das impressões. A única possibilidade, segundo Hume, de
lógica puramente racional, é o raciocínio dedutivo utilizado na matemática, pois são proposições que podem ser
descobertas pela simples operação do pensamento sem depender de algo que exista no universo. Para Hume não
existem certezas irrefutáveis e sim probabilidades lógicas, pois defende que a repetição de um fato não permite
concluir, em termos lógicos, que sua repetição se dará indefinidamente, o que faz dele um cético teórico
(COTRIM, 2001).
Para Hume, portanto, a causalidade resulta apenas de uma regularidade ou repetição em nossa
experiência de uma conjunção entre fenômenos que, por força do hábito, acabamos por projetar na
realidade, tratando-a como se fosse algo existente. É nesse sentido que pode ser dito que a
causalidade é uma forma nossa de perceber o real, uma ideia derivada da reflexão sobre as
operações de nossa própria mente, e não uma conexão necessária entre causa e efeito, uma
característica do mundo natural (MARCONDES, 2008, p. 188).
- -17
4 Filosofia moderna: criticismo
Em busca de uma solução para compatibilizar os impasses existentes entre racionalismo e empirismo, Immanuel
Kant (1724-1804) afirma que a experiência é o ponto de partida para o conhecimento, mas carece de um
trabalho da razão humana para organizar as informações apreendidas. Com sua filosofia busca responder a
quatro questões fundamentais.
O que posso saber? 
Como devo agir?
O que posso esperar?
O que é o ser humano?
Para responder a esses questionamentos, realizou um exame crítico da razão, daí o nome criticismo. No campo
das investigações sobre o conhecimento humano, suas principais obras são a , a Crítica da razão pura Crítica da
, a , a e a razão prática Fundamentação da metafísica dos costumes Metafísica dos costumes Crítica da faculdade
. de julgar
O questionamento inicial de suas investigações é se é possível uma razão pura, independente da experiência
(criticismo), já que os filósofos anteriores não questionavam a existência da realidade nem duvidam que as
ideias da razão correspondam à realidade. Buscava, como já mencionado, a superação da dicotomia entre o
racionalismo (o conhecimento vem de nós mesmos) e o empirismo (o conhecimento vem dos sentidos). Concluiu
que o conhecimento deve constar de juízos universais ao mesmo tempo que deriva da experiência sensível,
elaborando, assim, os conceitos de , que é o poder que o ser humano tem de produzirentendimento
representações e de , que é o poder de receber essas representações.sensibilidade
Esse raciocínio foi batizado como segunda revolução copernicana (a primeira demonstrou o teocentrismo),
fundamentando que o conhecimento não reflete o objeto exterior, é o próprio espírito que constrói o objeto do
seu saber. Conhecimento, então, é matéria (as coisas) e forma (nós mesmos), pois se compõe dos dados
absorvidos da experiência pelos sentidos mais a operacionalização da razão ao organizar esses dados (nela já
estão as condições formais para isso).
O ponto de partida da filosofia transcendental de Kant (aquela que se ocupa do nosso modo de conhecimento
 dos objetos mais do que com os objetos) é a distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos.
Juízos analíticos 
- -18
São aqueles de caráter lógico, que já trazem o predicado contido no sujeito e não produzem conhecimento,
portanto. Um exemplo é afirmar que todo triângulo tem três ângulos. Juízos analíticos são , ou seja, sãoa priori
independentes da experiência, universais e necessários, e não produzem conhecimento.
Juízos sintéticos 
Ampliam nosso conhecimento, trazendo alguma informação, como a afirmação de que a água ferve ao atingir 100
graus centígrados. Embora produzam conhecimento, não são universais nem necessários, pois resultam de
generalizações empíricas (a água, por exemplo, só ferve nessa exata temperatura dadas outras condições exatas
ideais de altitude e pressão).
A distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos não é suficiente, portanto, para explicar a possibilidade da
ciência. Kant precisa encontrar os juízos sintéticos . Esse tipo de juízo se caracteriza como independentea priori
da experiência, ainda que relacionado a ela, englobando princípios gerais da ciência, fundamentos da física e da
matemática e os juízos filosóficos da teoria do conhecimento que Kant pretendia estabelecer (MARCONDES,
2008).
- -19
4.1 Moral
A origem da moral está na autonomia da vontade, ou seja, na liberdade do homem, (fundamentação filosófica, ao
contrário das fundamentações anteriores que se baseavam meramente na noção de natureza ou em Deus). A
liberdade humana é um pressuposto necessário da razão. A filosofia moral precisa ser depurada de tudo que é
somente empírico, uma vez que esta se assenta inteiramente na sua parte pura e não recebe nada do
conhecimento empírico do homem. A filosofia moral fornece ao homem, ser racional que é, leis . Se uma priori
princípio de obrigação se apoiar o mínimo que for num princípio de experiência, resultará numa regra prática,
jamais numa lei moral (KANT, 1986).
A necessidade de uma metafísica dos costumes está em dois pontos principais: investigar a fonte dos princípios
práticos que residem a priori na razão; e dar fio condutor e norma suprema do exato julgamento dos costumes.
Kant afirma que “aquilo que deve ser moralmente bom não basta que seja conforme à lei moral, mas tem
também que cumprir-se por amor dessa mesma lei”.
As leis universais de moralidade não podem ser empíricas, pois, se fossem, restringir-se-iam às
contingencialidades da humanidade e à determinação de sua vontade, e, consequentemente, não seriam
universais.
Fique de olho
O valor moral das ações se dá pelo dever e não pela inclinação, de forma que o valor moral da
ação está na máxima (que é um princípio subjetivo do querer) que a determina e não em seu
propósito, segundo o princípio do querer. A máxima é um princípio de ação do sujeito, que faz
a mediação entre a lei moral abstrata e a ação concreta.
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4.2 Immanuel Kant
Kant afirma que “só um ser racional tem a capacidade de agir segundo a representação das leis, isto é, segundo
princípios, ou: só ele tem uma vontade”, (escolher só aquilo que a razão reconhece como bom,
independentemente de inclinações subjetivas), faculdade com a qual apenas os seres racionais foram
contemplados (KANT, 1986).
O homem é razão e sensibilidade e por isso sua vontade encontra-se em descompasso com o dever. Apenas
através do uso da razão, de sua liberdade, que a vontade se determina pelo dever, e o agir do homem então
pauta-se pela máxima que o medeia com a lei universal. O homem não é um ser puramente racional e por isso a
lei moral age obrigando-o.
Imperativos hipotéticos “representam a necessidade prática de uma ação possível como meio de alcançar
qualquer outra coisa que se quer” e o imperativo categórico “seria aquele que nos representasse uma ação como
objetivamente necessária por si mesma, sem relação com qualquer outra finalidade” - é lei prática e não mero
princípio da vontade (KANT, 1986).
A base de um imperativo categórico só pode estar em algo cuja existência em si mesma tenha valor absoluto e
que seja fim em si mesmo, ou seja, o homem:
Os seres cuja existência depende, não em verdade da nossa vontade, mas da natureza, têm contudo,
se são seres irracionais, apenas um valor relativo como meios e por isso se chamam coisas, ao passo
que os seres racionais se chamam pessoas, porque a sua natureza os distingue já como fins em si
mesmos, quer dizer como algo que não pode ser empregado como simples meio e que, por
conseguinte, limite nessa medida todo o arbítrio (e é um objeto do respeito) (KANT, 1986, p. 68).
A liberdade das ações de cada homem é, assim, limitada pela elevação da humanidade como fim em si mesma à
condição suprema, no imperativo “age de tal maneira que uses a humanidade,tanto na tua pessoa como na
pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”. A eficácia
dessa ideia só se exerce se os fins de um sujeito que é fim em si mesmo sejam também, quanto possível, os fins
de outro sujeito que é fim em si mesmo. A moralidade consiste exatamente na relação de toda a ação com a
legislação. As vontades legisladoras universais se relacionam em virtude da ideia da dignidade de um ser
racional que não obedece a outra lei senão aquela que ele mesmo simultaneamente se dá (KANT, 1986).
Kant nos apresenta o conceito de , que é uma forma de ligação sistemática entre vários seres“Reino dos fins”
racionais através de leis comuns determinadas segundo sua validade universal. No reino dos fins há preço e
- -21
dignidade: tudo aquilo que não encontra equivalente e está acima de qualquer preço, tem dignidade. A
 é o caminho para que o ser racional possa participar na legislação universal do reino dos fins, demoralidade
forma que a dignidade é uma prerrogativa do ser racional diante de outro ser racional que o obriga a ter em
conta de suas máximas o ponto de vista de todos os outros seres racionais como legisladores universais. A 
 é, então, “o fundamento da dignidade da natureza humana e de toda a natureza racional”. A autonomia
que atribuo a minha vontade devo igualmente atribuir a todos os seres racionais, uma vez que a ideialiberdade 
de liberdade remete à de vontade, que, por sua vez, remete ao ser racional (KANT, 1986:76-94).
O homem é um sujeito que reúne, necessariamente, a natureza humana e a liberdade, entre as quais não há
contradição e às quais não se pode renunciar.
Vemos que, quando nos pensamos livres, nos transpomos para o mundo inteligível como seus
membros e reconhecemos a autonomia da vontade juntamente com a sua conseqüência – a
moralidade; mas quando nos pensamos como obrigados, consideramo-nos como pertencentes ao
mundo sensível e contudo ao mesmo tempo também ao mundo inteligível (KANT, 1986, p.102-103).
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5 Filosofia moderna: pensamento iluminista
O Iluminismo (ou Ilustração ou Esclarecimento) é o nome que recebe o conjunto de ideias que se destacou em
toda a Europa no século XVIII. Influências modernas anteriores como o racionalismo cartesiano, a revolução
científica, a Revolução Industrial, com a consequente ascensão da burguesia, e o processo de laicização política e
moral funcionaram como uma forma de preparação do terreno para que o Iluminismo pudesse acontecer. Kant
afirma em seu texto que esse é o momento de maioridade do homem, que apenasO que é o esclarecimento?
agora o homem está no controle de suas capacidades racionais para dominar a natureza e alcançar o progresso
material, moral e intelectual (ARANHA; MARTINS, 2007).
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5.1 Iluminismo
O Iluminismo inspirou as revoluções burguesas que trouxeram o fim do antigo regime e a instalação de
doutrinas de caráter liberal, tendo a razão por instrumento de reflexão e a crença na possibilidade de se alcançar
verdades absolutas. Politicamente, buscava denunciar a injustiça, a dominação religiosa, o absolutismo e os
privilégios, pregando uma espécie de “direito natural” à felicidade e à libertação humana.
Assista aí
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A própria denominação “Iluminismo” indica a necessidade de vencer a ignorância, o desconhecimento, o
obscurantismo, e buscar a verdade e a iluminação por meio da razão, projeto acessível a todos, pois todos são
dotados naturalmente de racionalidade. Trata-se de projeto pedagógico de busca de progresso racional da
humanidade, de caráter etico e emancipador. Por isso, a única autoridade aceita é a razão.
A filosofia crítica, que é o pano de fundo do Iluminismo, caracteriza-se por três pressupostos básicos:
1) a liberdade, exemplificada pela defesa da livre iniciativa no comércio, segundo o pensamento
liberal e opondo-se ao absolutismo (ainda vigente no final do séc. XVIII em várias monarquias
europeias, como França, Prussia, Austria e Espanha, mas não na Inglaterra); 2) o individualismo, que
se baseia na existência do indivíduo livre e autônomo, consciente e capaz de se autodeterminar; 3) a
igualdade jurídica, que visa garantir a liberdade do indivíduo contra os privilégios (COTRIM, 2008, p.
208).
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5.2 Jean-Jacques Rousseau
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) é um teórico do iluminismo que defende que o homem é insocial por
natureza, porque é bom no estado natural. A sociedade é que corrompe o homem. O direito natural em sua
concepção se funda no estado natural da humanidade, anterior a qualquer sociedade ou cultura. No estado
natural, o homem, por instinto, busca a própria conservação e tem repulsa por ver sofrer qualquer criatura. Por
isso, vive sob regras como: nunca fazer mal a outrem. Nenhum homem tem autoridade sobre o outro, a legítima
autoridade repousa em pactos para respeitar a liberdade e a igualdade dos contratantes. Pega um preceito de
justiça negativo, ou seja, definição de conteúdo por exclusão de ação: não prejudicar o próximo.
A liberdade consiste na obediência à norma que a si mesmo prescreveu: entrega total da pessoa dos bens de cada
particular ao poder da comunidade, à vontade geral do povo soberano, competente para fixar o patrimônio social
e redistribuir os bens. Visa ao bem comum. Seu contrato social apregoa o egocentrismo: não implica autêntico
engajamento social do indivíduo, não dá nada a ninguém: ao receber de todos o mesmo que entregou, nada
perde e apenas ganha força pública para conservar o que tem (BITTAR, 2010).
É muito importante destacar a conexão política umbilical existente entre o Iluminismo e a burguesia. A
burguesia foi a classe que atingiu sua maioridade, ou saiu da menoridade, nas palavras de Kant, pois ascendeu
social, política e economicamente. Existe nesse movimento um conjunto de valores que são os valores que
interessam a essa classe especificamente, para consolidação de seu espaço e de seu poder. As Revoluções de
caráter iluminista foram também Revoluções burguesas, ou seja, Revoluções que buscavam conquistar os
interesses desse grupo, empoderado, ou seja, iluminado, pelos valores trazidos pelo conhecimento que o
movimento pregava.
Fique de olho
Rousseau afirma ser imoral o pacto social em que uma parte se constitui livremente escrava da
outra e que apenas é lícito e eficaz o pacto social que estabelece uma forma de associação, em
que cada membro é defendido e protegido por um poder comunitário unido com vantagem
para a liberdade e a igualdade dos homens.
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é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer o período denominado de Idade Moderna;
• compreender como o renascimento e o pensamento político influenciaram na filosofia moderna; 
• estudar sobre o racionalismo e um dos seus principais representantes, René Descartes;
• aprender sobre a influência do empirismo e dos seus expoentes, como Thomas Hobbes, John Locke e 
David Hume;
• entender sobre o criticismo e Immanuel Kant.
Referências
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. - Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 2007.Filosofando
BITTAR, E.; ALMEIDA, G. . São Paulo: Atlas, 2010.Curso de Filosofia do Direito
COTRIM, G. . São Paulo: Saraiva, 2001.Fundamentos da Filosofia
KANT, I. . Tradução: Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1986.Fundamentação da Metafísica dos Costumes
MARCONDES, D. . Rio de Janeiro: Zahar, 2008.Iniciação à história da filosofia
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	Olá!
	1 Filosofia moderna: renascimento e pensamento político
	1.1 Renascimento
	Assista aí
	1.2 Pensamento político
	Maquiavel
	Bodin
	Hobbes
	2 Filosofia moderna: racionalismo
	2.1 Ceticismo
	Assista aí
	2.2 René Descartes3 Filosofia moderna: empirismo
	3.1 Thomas Hobbes
	3.2 John Locke
	3.3 David Hume
	4 Filosofia moderna: criticismo
	4.1 Moral
	4.2 Immanuel Kant
	5 Filosofia moderna: pensamento iluminista
	5.1 Iluminismo
	Assista aí
	5.2 Jean-Jacques Rousseau
	é isso Aí!
	Referências

Outros materiais