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A violência contra a mulher na evolução da humanidade

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A violência contra a mulher está presente em quase todas as etapas da evolução da humanidade, historicamente construída; consigna a relação de poder do homem em desfavor da mulher, fenômeno de violência com base no sexismo que se baseia na valoração de um sexo sobre o outro. Na Grécia antiga havia muitas diferenças entre homens e mulheres, as mulheres não tinha direitos jurídicos, não recebiam educação formal, eram proibidas de aparecer em público sozinhas, sendo confinadas em suas próprias casas. Os mitos da Grécia antiga devido à curiosidade próprio sexo de Pandora tinha aberto a caixa que continha todos os males do mundo, em consequência, ás mulheres eram responsáveis por desencadear todo tipo de desgraça na humanidade. Na Roma antiga as mulheres nunca foram consideradas cidadãs , portanto, não podiam exercer cargos públicos; a exclusão social, jurídica e política colocavam a mulher no mesmo patamar que as crianças e os escravos. Sua identificação enquanto sujeito político, público e sexual era negada, tendo como status social a função procriadora. O patriarcado sendo um sistema social que foi implementado em diversas sociedades, bem como na cultura ocidental, quanto na oriental, fundamenta-se na ‘’propriedade’’ do homem sobre a mulher, a sua pretensão de considerá-la e o poder de fazer dela ‘’ uma coisa sua ‘’. A partir desse paradigma o filósofo contratualista suíço Jean-Jacques Rousseau não deixa dúvida em seu livro ‘’O discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens publicada em 1755 Rousseau realiza uma clara distinção entre o espaço público destinado aos homens e o privado (doméstico), às mulheres. Trata-se da divisão sexual do trabalho que se iniciou, de acordo com filósofo, no momento em que surgiu a família, acrescentando que nesse momento a mulher se destina tão somente selar pelo lar e cuidar dos filhos, enquanto o homem ia procurar a subsistência comum. Em outra Obra do filósofo iluminista Emílio ou da Educação publicado em 1762 no seu pensamento, a desigualdade entre os sexos, o confinamento da mulher ao espaço doméstico e a inferioridade do sexo feminino possuem como fundamento a natureza e a razão, desenvolvendo um elaborado e requintado discurso sobre a inferioridade feminina, que, permeado de palavras bonitas e românticas, consolida a teoria de exclusão das mulheres do espaço político. Rousseau ressalta as habilidades domésticas da mulher, defendendo, dessa forma, que desde cedo, as mulheres devem aprender “os trabalhos de seu sexo’’. O autor considera que a desigualdade entre os sexos origina-se na natureza e na razão: Quando a mulher se queixa da injusta desigualdade que o homem impõe, não tem razão; essa desigualdade não é uma instituição humana ou, pelo menos, obra do preconceito, e sim da razão: cabe a quem a natureza encarregou do cuidado dos filhos a responsabilidade disso perante o outro. Já que em pensamento rousseauniano a natureza dos homens e das mulheres não é a mesma, os dois sexos não devem receber a mesma educação e devem realizar trabalhos diferentes. O autor em questão defende que as mulheres devem ser educadas conforme os deveres de seu sexo, evitando a busca de verdades abstratas ou especulativas, limitando-se à gestão doméstica e às tarefas do lar. Observa-se, assim, que Rousseau possibilita que as mulheres sejam educadas numa ignorância apenas parcial, já que poderiam aprender ‘’algumas coisas”. Esclarece, entretanto, que essas coisas seriam apenas as que lhes convêm saber. Estas, por sua vez, seriam estabelecidas pelo homem, já que, segundo sua teoria, toda a educação das mulheres deve ser relativa ao homem, afirmando a dependência constitui a condição natural das mulheres e, em razão disso, as mulheres se sentem feitas para obedecer. O filósofo acrescenta ainda que o homem depende da mulher somente pelos seus desejos, enquanto que a mulher depende do homem por seus desejos e necessidades. Para que elas tenham o necessário, é preciso que os homens deem-lhes o que precisam e que as estimem dignas de recebê-lo. No seu livro ‘’Do Contrato Social’’ publicado em 1762 as mulheres e os homens não teriam iguais oportunidades de participação política mediante o pacto social. Ao contrário dos homens, elas não desfrutariam da almejada autonomia, liberdade e igualdade, já que permaneceriam sujeitas ao poder masculino. Na verdade, as mulheres, na teoria de Rousseau, seriam totalmente excluídas da possibilidade de participação política. Essa visão naturalista da propriedade privada imperou até o final do século XVIII mas que ainda na contemporaneidade do século XXI é irrefutável o entendimento que a violência contra a mulher advém do machismo social e cultural, que ainda hoje faz parte da grande parcela da humanidade. O principal documento internacional de proteção aos direitos da mulher hoje existente é a Convenção sobre a Eliminação de Todas as formas de Discriminação contra a Mulher, adotada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 1979. Tal Convenção foi incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro através de sua aprovação pelo Decreto Legislativo n. º 93, de 14 de novembro de 1983, e promulgação pelo Decreto n. º 89.406, de 1º de fevereiro de 1984. Os principais objetivos da referida convecção são compelir os Estados a suprimirem as formas de discriminação de gênero e ainda assegurar a igualdade de gênero. No decorrer dos anos antes de entrar em vigor a Lei Maria da Penha a violência doméstica e familiar contra a mulher era tratada com um menor potencial ofensivo, em que o agressor era penalizado a prestação de serviços comunitários, multa ou cestas básicas. Com a advinda referida lei, passou a ter uma punição com maior rigor da sanção penal. Quando uma mulher sofre violência, seja ela, física, psicológica, sexual, patrimonial ou até moral, umas das formas de ter assistência do Estado é ir à uma Delegacia Especialidade de Atendimento à Mulher, sendo umas das mais importantes portas de entrada das denúncias de agressão. O Disque 180-Central de Atendimento à Mulher, é também outro canal de entrada de denúncias criada pela Secretaria de Políticas para Mulheres(SPM). A denúncia é anônima e gratuita, disponível 24 horas em todo o país. Uma das benfeitorias trazidas pela Lei Maria da Penha foi a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher(JVDFM) A ideia dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e as medidas protetivas de urgência foram as principais inovações trazidas pela Lei Maria da Penha, para garantir que a Lei resguardasse verdadeiramente a vítima, as medidas protetivas de urgência, tais como artigo22 inciso V prestação de alimentos provisionais ou provisórios, determinação de separação de corpos Art.23 inciso IV. Em carácter dos impactos da lei Maria da Penha no quadro de violência contra a mulher nota-se que a aplicabilidade da Lei é ineficiente, pois o Estado não consegue proporcionar instrumentos para proteger a vítima. No Brasil, apesar da Lei Maria da Penha, muitas são as mulheres violentadas, e muitos casos as mulheres não denunciam por receio ou até ameaça do agressor. Em tese as medidas protetivas servem para proteger a vítima, e reprimindo agressor, contudo no dia a dia não acontece desta forma e a mulher fica à mercê de seu agressor. A Lei Maria da Penha é aplicada com eficiência, por outro lado os órgãos competentes falham em sua execução devido à falta de estrutura dos órgãos governamentais, tal como o Poder Executivo, Judiciário e no Ministério Público. A proteção ás vítimas de violência não pode ficar a cargo restrito do direito penal, devendo ser implantados programas para o tratamento dos agressores, pois o combate à violência contra a mulher depende fundamentalmente, de amplas medidas socias e profundas estruturais da sociedade, dando um basta nesta cultura patriarcal e acabando com o crime que fora cometido por muito tempo e ainda nos dias atuais de forma contínua. O Brasil está longe de mudança de sua estrutura sociocultural ocupando no ranking mundial
de Feminicídio o 5 lugar , segundo o Alto comissariado Das Nações Unidas para os Direitos Humanos(ACNUDH). O país só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala E Rússia em números de casos de assassinatos de mulheres. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, são estimadas 5.664 mortes de mulheres por causas de violentas a cada ano no Brasil, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública(FBSP), em parceria com o instituto de pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com base nos dados oficiais do Sistema de Informações Sobre a Mortalidade do Ministério da Saúde dados esses compilados do ‘’ O Altas da Violência’’ evidenciando também que as mulheres negras são as que mais morrem no Brasil. Em 2017 66% de todas as mulheres vítimas de assassinatos eram negras. A lei Maria da Penha, que tipifica o crime de violência doméstica e familiar contra a mulher, é muito conhecido por 19% das brasileiras, enquanto 68% afirmam conhecê-la pouco, 11%, alegam não conhecer nada. No total, 87% das brasileiras conhecem ao menos um pouco da legislação que cria mecanismos para coibir e prevenir as agressões domésticas. Em anos anteriores, esse percentual já havia chegado a 95%, o que demonstra a necessidade de que a divulgação da norma e o combate à violência seja constantes. E não para por aqui, além de todo esse fardo sobrecarregado de violência e desigualdade de gênero ás mulheres estão suscetíveis à malquerença daqueles que deveriam as lhe resguardarem, respaldando materialmente ou psicologicamente no instante em que reivindicam seu direito. O Ministério Público define Violência Constitucional como aquelas condutas exercidas pelos próprios serviços públicos, por ação ou omissão, podendo incluir desde a dimensão mais ampla da falta de acesso à saúde, até a má qualidade dos serviços praticados nas instituições prestadoras de serviço públicos, como hospitais, postos de saúde, escolas, delegacias e judiciários, abrangendo abusos cometidos em virtude das relações de poder desiguais entre usuários e profissionais dentro das instituições, até por uma noção mais restrita de dano físico, moral intencional na qual é perpetrada por agentes que deveriam proteger as vítimas de violência, garantindo-lhe uma atenção humanizada, preventiva e também reparadora de danos, tendo o Estado o papel instituidor e garantidor dos direitos fundamentais. A violência institucional pode ser identificada por peregrinação de diversos serviços até receber o atendimento, falta de escuta, frieza, rigidez, falta de atenção, negligência, maus-tratos dos profissionais para com seus usuários, motivos de discriminação, desprezando ou mascarando os efeitos da violência. Algumas formas de aprimorar o atendimento ás mulheres é ter uma ‘’escuta ativa’’. Muitas vezes, uma mulher em situação de violência se sente especialmente amedrontada e envergonhada por não conseguir se fazer ouvir e respeitar por seu agressor. Quando pede ajuda, ela quer também ser escutada. A escuta do(a) profissional não pode, portanto, ser uma reação meramente passiva. Ao contrário, uma boa escuta é uma demonstração ativa de que a pessoa que fala está, de fato, sendo ouvida. A escuta, é uma das ferramentas mais importantes para quem trabalha no atendimento a mulheres em situação de violência. Não basta escutar mecanicamente. É preciso transmitir a(o) interlocutor(a), através de uma escuta ativa e solidária, a certeza de que está sendo, de fato ouvido(a) em sua singularidade e de que é possível construir, no momento da interlocução, uma relação de confiança mútua. A dificuldade de ouvir leva o(a) profissional a pressupor fatos e situações. Com isso, ele(a) produz generalizações despersonalizantes e destrói os laços de confiança que a vítima tenta encontrar. Evitando-se também parternalizar a comunicação do(a) profissional(a) ao interlocutor(a), querendo solucionar os problemas pela vítima, ao invés de ajudá-la a encontrar suas próprias soluções, não a tratar como fosse uma criança. A violência institucional é uma ideologia milenar que pensa o mundo a partir do masculino, coloca o homem como referência central da realidade que é reproduzida em todas as esferas e classes econômicas. Esse é o patriarcado, um traço cultural que está na base do machismo da misoginia e da violência de gênero.

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