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Direitos trabalhistas e previdenciários específicos das mulheres. No início da participação das mulheres no mercado formal, o trabalho feminino costumava ser explorado sem nenhum critério ou regramento, era comum inclusive o labor de mulheres em serviços fabris de alta insalubridade e com jornadas absolutamente extenuantes. Com o passar dos anos e o aperfeiçoamento das legislações trabalhistas ao redor do globo novas normativas foram estabelecidas com o intuito de “igualar os desiguais”. É certo que alguns regramentos específicos precisavam ser criados no âmbito do trabalho feminino diante a peculiaridades biológicas óbvias como a capacidade exclusiva de gerar e a posterior necessidade de amamentar. No panorama internacional a primeira convenção a tratar exclusivamente destes pontos foi a Convenção n°3 OIT (Organização Internacional do Trabalho) de 19341, que tinha como tema o emprego das mulheres antes e depois do parto. Posteriormente é possível elencar a Convenção de nº 1002, com o objetivo de proteger o trabalho da mulher, garantindo-lhe o direito de remuneração igualitária quando exercer trabalho de igual valor. E ainda a Convenção 111 da OIT3 tratando da igualdade total entre homens e mulheres, para que ambos tenham oportunidades iguais vedando qualquer discriminação de gênero na escolha profissional ou durante a contratação. No cenário nacional também existem regras diferenciadas para o trabalho feminino. Na Constituição em seu artigo 7º4, está estabelecida a proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, (inciso XX), bem como a proibição 1 Convenção 03 OIT (Organização Internacional do Trabalho) Relativa ao Emprego das Mulheres antes e depois do parto (Proteção à Maternidade). 1934. Disponível em: https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_234869/lang-- pt/index.htm#:~:text=antes%20e%20...- ,C003%20%2D%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20relativa%20ao%20Emprego%20das%20Mulheres%20antes%20e,do %20parto%20(Prote%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20Maternidade) 2 Convenção 100 OIT (Organização Internacional do Trabalho) Sobre a Igualdade de Remuneração, 1951. Disponível em: https://www.dgert.gov.pt/convencao-n-o-100-sobre-a-igualdade-de-remuneracao- 1951#:~:text=Conven%C3%A7%C3%A3o%20n.%C2%BA%20100%2C%20sobre%20a%20Igualdade%20de%20Remune ra%C3%A7%C3%A3o%2C%201951,- Atualizado%209%20Julho&text=Adotada%20pela%20Confer%C3%AAncia%20Geral%20da,29%20de%20junho%20de %201951. 3 Convenção 111 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) Sobre a discriminação em matéria de emprego e profissão,1958.Disponível em: https://www.oas.org/dil/port/1958%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20a%20Discrimina%C3%A7%C3%A3o %20em%20Mat%C3%A9ria%20de%20Emprego%20e%20Profiss%C3%A3o%20(Conven%C3%A7%C3%A3o%20OIT% 20%20%20n%20%C2%BA%20111).pdf 4 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_234869/lang--pt/index.htm#:~:text=antes%20e%20...-,C003%20%2D%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20relativa%20ao%20Emprego%20das%20Mulheres%20antes%20e,do%20parto%20(Prote%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20Maternidade) https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_234869/lang--pt/index.htm#:~:text=antes%20e%20...-,C003%20%2D%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20relativa%20ao%20Emprego%20das%20Mulheres%20antes%20e,do%20parto%20(Prote%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20Maternidade) https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_234869/lang--pt/index.htm#:~:text=antes%20e%20...-,C003%20%2D%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20relativa%20ao%20Emprego%20das%20Mulheres%20antes%20e,do%20parto%20(Prote%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20Maternidade) https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_234869/lang--pt/index.htm#:~:text=antes%20e%20...-,C003%20%2D%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20relativa%20ao%20Emprego%20das%20Mulheres%20antes%20e,do%20parto%20(Prote%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20Maternidade) https://www.dgert.gov.pt/convencao-n-o-100-sobre-a-igualdade-de-remuneracao-1951#:~:text=Conven%C3%A7%C3%A3o%20n.%C2%BA%20100%2C%20sobre%20a%20Igualdade%20de%20Remunera%C3%A7%C3%A3o%2C%201951,-Atualizado%209%20Julho&text=Adotada%20pela%20Confer%C3%AAncia%20Geral%20da,29%20de%20junho%20de%201951 https://www.dgert.gov.pt/convencao-n-o-100-sobre-a-igualdade-de-remuneracao-1951#:~:text=Conven%C3%A7%C3%A3o%20n.%C2%BA%20100%2C%20sobre%20a%20Igualdade%20de%20Remunera%C3%A7%C3%A3o%2C%201951,-Atualizado%209%20Julho&text=Adotada%20pela%20Confer%C3%AAncia%20Geral%20da,29%20de%20junho%20de%201951 https://www.dgert.gov.pt/convencao-n-o-100-sobre-a-igualdade-de-remuneracao-1951#:~:text=Conven%C3%A7%C3%A3o%20n.%C2%BA%20100%2C%20sobre%20a%20Igualdade%20de%20Remunera%C3%A7%C3%A3o%2C%201951,-Atualizado%209%20Julho&text=Adotada%20pela%20Confer%C3%AAncia%20Geral%20da,29%20de%20junho%20de%201951 https://www.dgert.gov.pt/convencao-n-o-100-sobre-a-igualdade-de-remuneracao-1951#:~:text=Conven%C3%A7%C3%A3o%20n.%C2%BA%20100%2C%20sobre%20a%20Igualdade%20de%20Remunera%C3%A7%C3%A3o%2C%201951,-Atualizado%209%20Julho&text=Adotada%20pela%20Confer%C3%AAncia%20Geral%20da,29%20de%20junho%20de%201951 https://www.dgert.gov.pt/convencao-n-o-100-sobre-a-igualdade-de-remuneracao-1951#:~:text=Conven%C3%A7%C3%A3o%20n.%C2%BA%20100%2C%20sobre%20a%20Igualdade%20de%20Remunera%C3%A7%C3%A3o%2C%201951,-Atualizado%209%20Julho&text=Adotada%20pela%20Confer%C3%AAncia%20Geral%20da,29%20de%20junho%20de%201951 https://www.oas.org/dil/port/1958%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20a%20Discrimina%C3%A7%C3%A3o%20em%20Mat%C3%A9ria%20de%20Emprego%20e%20Profiss%C3%A3o%20(Conven%C3%A7%C3%A3o%20OIT%20%20%20n%20%C2%BA%20111).pdf https://www.oas.org/dil/port/1958%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20a%20Discrimina%C3%A7%C3%A3o%20em%20Mat%C3%A9ria%20de%20Emprego%20e%20Profiss%C3%A3o%20(Conven%C3%A7%C3%A3o%20OIT%20%20%20n%20%C2%BA%20111).pdf https://www.oas.org/dil/port/1958%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20a%20Discrimina%C3%A7%C3%A3o%20em%20Mat%C3%A9ria%20de%20Emprego%20e%20Profiss%C3%A3o%20(Conven%C3%A7%C3%A3o%20OIT%20%20%20n%20%C2%BA%20111).pdf de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (inciso XXX). Regramentos específicos também estão presentes na Consolidação das Leis do Trabalho5, e ainda na lei previdenciária. Neste sentido, alguns dispositivos foram modificados pelas reformas trabalhista (2017) e previdenciária (2020), o que gerou algumas dúvidas tanto para os trabalhadores, quanto para os empregadores. Em que pese alguns artigos que visam alterar a CLT ainda sejam objetos de ações judiciais buscando verificar a sua constitucionalidade, a seguir serão elencados os principais direitos femininos presentes nas leis trabalhistas e nos regramentos previdenciários. A CLT conta uma seção específica que trata das normas especiais de tutela do trabalho da mulher a partir do Artigo 372, informando que os preceitos que regulam o trabalho masculino são aplicáveis ao trabalho feminino, exceto naquilo em que colidirem com a proteção especial instituída pelas normas específicas. Dentre estas normas específicas podemos destacar: 1- Direito a licença maternidade de 120 dias A partir do 8º mês de gestação é possível a gestante pedir o afastamento do emprego, sem prejuízo do salário, que será integral. Se receber salário variável, receberá a média dos últimos seis meses. Nos casos em que houver necessidade médica, o período de afastamento poderá ser acrescido de duas semanas antes e depois do nascimento conforme preconiza o Artigo 392 da CLT. 2- Direito a duas semanas de repouso no caso de aborto natural A gestante que sofre aborto natural, comprovado por atestado médico, possui o direito a duas semanas de repouso, além de ter assegurado o direito de ocupar a mesma função que exercia antes do afastamento, nos termos do Artigo 395 da CLT. 3- Direito a licença maternidade da adotante A empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança ou adolescente seráconcedida licença-maternidade de 120 dias, sem prejuízo do emprego e do salário, nos termos do art. 392-A da CLT, que teve sua redação alterada após a reforma de 2017. 5 BRASIL, CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS (CLT), Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial [dos] Estados Unidos do Brasil: secção 1, Rio de Janeiro, DF, ano 82, n. 4- Direito a ampliação da licença maternidade (Lei 11.770/08)6 A prorrogação será garantida à empregada da pessoa jurídica que aderir ao Programa Empresa Cidadã, desde que seja solicitada até o final do primeiro mês após o parto, sendo concedida imediatamente após a fruição da licença-maternidade. Neste caso a extensão do benefício também poderá ser concedida ao genitor, desde que solicitada no prazo de dois dias úteis após o parto e de que seja comprovada a participação em programa ou atividade de orientação sobre paternidade responsável. 5- Direito aos intervalos para amamentação A mãe terá direito a dois descansos diários de trinta minutos para amamentação, até a criança completar seis meses de vida. Este período poderá ser prorrogado mediante necessidade comprovada por atestado médico, conforme consta no Artigo 396 da CLT. Além disso, nas empresas que possuem a partir de trinta profissionais do sexo feminino, acima dos 16 anos de idade, é obrigatório ter um local apropriado, nos termos do Artigo 389 I da CLT, para que seja possível a permanência das crianças durante o período de lactação. 6- Direito a se ausentar do emprego para consultas médicas Durante o período gestacional a empregada terá direito a dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares. Este direito encontra fulcro no Artigo 392, inciso 4º Parágrafo CLT. 7- Direito a mudar de função por razões de saúde Durante a gestação a empregada também fará jus a possibilidade de trocar de função quando as condições de saúde o exigirem, assegurada a retomada da função anteriormente exercida, logo após o retorno ao trabalho, conforme preconiza o Artigo 392, inciso 4º Parágrafo I da CLT. 8- Direito a estabilidade no emprego Do momento da confirmação da gravidez até cinco meses após o parto a gestante não poderá ser demitida sem justa causa, de acordo com o Artigo 391-A da CLT. A confirmação do estado de gravidez no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, também garante à empregada 6 BRASIL. Lei nº 11.770, de 09 de Setembro de 2008. Cria o Programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-maternidade mediante concessão de incentivo fiscal, e altera a Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. O mesmo artigo preconiza que os direitos mencionados serão extensivos aos empregados adotantes. 9- Limite para carregamento de peso Ao empregador é vedado empregar a mulher em serviço que demande o emprego de força muscular superior a 20 quilos para o trabalho contínuo, ou 25 quilos para o trabalho ocasional, conforme ensina o Artigo 390 da CLT. 10- Direito a instalações adequadas As empresas são obrigadas a prover os estabelecimentos de medidas concernentes à higienização dos métodos e locais de trabalho, tais como ventilação e iluminação ou outros necessários à segurança e ao conforto das mulheres. Também existe a obrigatoriedade de instalar bebedouros, lavatórios e aparelhos sanitários específicos, além de cadeiras ou bancos em número suficiente, que permitam às mulheres trabalhar sem grande esgotamento físico. Tais regramentos se encontram no Artigo 389 da CLT. 11- Direito a privacidade As empresas são obrigadas a instalar vestiários com armários individuais privativos das mulheres, quando seja exigida a troca de roupa, nos termos do Artigo 389 da CLT. Ainda no tocante ao direito a privacidade é vedado ao empregador proceder revistas íntimas nas funcionárias do sexo feminino, nos termos do Artigo 373 -A do mesmo diploma legal. 12- Proibição de exigência de exame de gravidez para contratação O empregador não pode exigir exame de gravidez ou esterilidade para contratação ou permanência no emprego, nos termos do Artigo 373 – A, parágrafo IV da CLT. 13- Proibição de discriminação de qualquer natureza É vedado ao empregador recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a natureza da atividade seja notória e publicamente incompatível, nos termos do Artigo 373-A, parágrafo II da CLT. A proibição é estendida para anúncios de vagas de emprego que especifiquem o sexo, bem como a proibição de promoção baseada neste tipo de critério com base nos parágrafos I e III do mesmo artigo. 14- Direito a remuneração igualitária Pesquisas demonstram que no Brasil, a mulher ganha, em média, 30% a menos que o homem, no exercício das mesmas atividades e ainda que possuam a mesma qualificação profissional. Buscando se adequar as normativas internacionais e efetivar a equiparação salarial a Consolidação das Leis do Trabalho adotou medidas visando coibir os casos de discriminação salarial, cujo fundamento encontra-se no Artigo 377 da CLT. Neste caso as empresas que descumprirem o regramento podem ser penalizadas com multas em até vinte vezes o valor do salário-base. 15- Direito a manutenção do vínculo trabalhista para vítimas de violência doméstica Nos casos em que houver necessidade de afastamento temporário do emprego em virtude de violência doméstica, a mulher vítima de violência terá direito a preservação da plena vigência e eficácia de todas as cláusulas proveitosas do contrato de trabalho, até quando se fizer necessário seu afastamento, nos termos do Art. 9o, Parágrafo 2o, Inciso II, da Lei Maria da Penha (11.340/2006)7. 16- Afastamento em caso de insalubridade Desde a reforma trabalhista de 2017 a questão do afastamento da gestante das atividades insalubres vem causando posicionamentos conflitantes. A nova redação conferida ao Artigo 394-A da CLT preconiza que as gestantes deverão ter seu afastamento deferido tão somente nos casos em que a insalubridade for de grau máximo. Contudo, a MP 808/2017 de 2017 modificou totalmente o dispositivo, determinando a proibição e o consequente afastamento enquanto durar a gestação independentemente do grau de insalubridade. Porém, a MP não fora convertida em lei e com o fim da sua vigência, a gestante submetida a graus de insalubridade mínima e média passou novamente a ter seu afastamento apenas condicionado a um atestado médico emitido por seu médico de confiança. Entretanto, em 2019 o Ministro do STF Alexandre de Moraes, deferiu uma liminar da Adin 59388, ordenando a total suspensão dos incisos II e III do art. 394-A da CLT, condicionando o afastamento, a apresentação de atestado. Posteriormente, o STF confirmou a decisão julgando como inconstitucionais tais dispositivos. 7 BRASIL. Lei nº 11.340, de 07 de Agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. 8 ADIN nº 5938 MC /DF. Relator: Ministro Alexandre Moraes. Disponível em: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI5938EmentaeVOTO.pdf http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI5938EmentaeVOTO.pdfPor fim, importante mencionar que os direitos ligados a gestação e amamentação poderão ser estendidos ao pai da criança em caso de morte da parturiente, conforme preconizado pelo Artigo 392-B da CLT. Já no que diz respeito aos direitos previdenciários, em meados do século XIX, homens e mulheres têm sido tratados diferencialmente pelas legislações previdenciárias de vários países industrializados. Desde então, passou a ser reconhecida a necessidade de proteger a mulher em algumas situações especiais como o parto e o período de lactação, resguardando-a de possíveis prejuízos materiais. Este tipo de tratamento diferenciado vem como um suprimento ao princípio da igualdade constitucional, uma vez que existem patentes diferenças biológicas e socioculturais entre os sexos, o que leva a desigualdades no mercado de trabalho9. Na sequência serão explanados ponto a ponto os aspectos diferenciais entre mulheres e homens perante as regras previdenciárias brasileiras atuais. 1- Idade e tempo de contribuição para aposentadoria A diferença na idade de homens e mulheres para se aposentar é um dos pontos mais polêmicos inerentes a questão previdenciária, pois, se por um lado pesquisas apontam que mulheres vivem em média oito anos a mais que os homens, e, portanto, deveriam demorar mais para se aposentar, por outro é comprovado que as mulheres em geral suportam três vezes mais horas de trabalhos domésticos e/ou sem remuneração do que os homens10 o que as sobrecarrega. Diante disso embasou-se o posicionamento da norma brasileira ao conferir a aposentadoria das mulheres três anos antes, no caso aos 65 anos para os homens e aos 62 anos para mulheres. Assim como o tempo de contribuição diferenciado, sendo 15 anos para mulheres, enquanto para os homens serão 20 anos. Outrossim, na hipótese de aposentadoria rural os homens se aposentam com 60 anos e as mulheres com 55 anos, desde que tenham também ao menos 15 anos de prova de atividade rural. 2- Direito ao salário maternidade 9 BELTRÃO, K. et al. Mulher e previdência social: o Brasil e o mundo. Rio de Janeiro: Ipea, 2002. (Texto para Discussão, n. 867). 10 IBGE, Editoria: Estatísticas Sociais: Em média, mulheres dedicam 10,4 horas por semana a mais que os homens aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas. 2020. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de- imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27877-em-media-mulheres-dedicam-10-4-horas-por-semana-a-mais-que- os-homens-aos-afazeres-domesticos-ou-ao-cuidado-de- pessoas#:~:text=Em%202019%2C%20a%20popula%C3%A7%C3%A3o%20com,0%20horas%20para%20os%20homens. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27877-em-media-mulheres-dedicam-10-4-horas-por-semana-a-mais-que-os-homens-aos-afazeres-domesticos-ou-ao-cuidado-de-pessoas#:~:text=Em%202019%2C%20a%20popula%C3%A7%C3%A3o%20com,0%20horas%20para%20os%20homens https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27877-em-media-mulheres-dedicam-10-4-horas-por-semana-a-mais-que-os-homens-aos-afazeres-domesticos-ou-ao-cuidado-de-pessoas#:~:text=Em%202019%2C%20a%20popula%C3%A7%C3%A3o%20com,0%20horas%20para%20os%20homens https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27877-em-media-mulheres-dedicam-10-4-horas-por-semana-a-mais-que-os-homens-aos-afazeres-domesticos-ou-ao-cuidado-de-pessoas#:~:text=Em%202019%2C%20a%20popula%C3%A7%C3%A3o%20com,0%20horas%20para%20os%20homens https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27877-em-media-mulheres-dedicam-10-4-horas-por-semana-a-mais-que-os-homens-aos-afazeres-domesticos-ou-ao-cuidado-de-pessoas#:~:text=Em%202019%2C%20a%20popula%C3%A7%C3%A3o%20com,0%20horas%20para%20os%20homens O salário-maternidade é devido à segurada da Previdência Social durante 120 dias, com início no período entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência deste, nos termos do art. 71 da Lei 8.213/199111. Neste caso, se houver o falecimento da segurada o benefício poderá ser requerido pelo pai da criança nos termos do Artigo 71-B da mesma lei. 3- Direito ao salário maternidade para os adotantes Ao segurado ou à segurada da Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança também é devido salário-maternidade pelo período de 120 dias de acordo com o Artigo 71-A da Lei 8.213/1991. 4- Direito ao auxílio-doença relativizado em casos de câncer de mama Normalmente o auxílio-doença é concedido após o pagamento de doze contribuições. Porém, nos casos em que a mulher for portadora de câncer de mama, haverá a concessão do auxílio-doença, independentemente do pagamento das 12 contribuições, desde que se encontre na qualidade de segurada. Como observamos, ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho, os demais dispositivos têm caráter diverso meramente em razão de aspectos biológicos exclusivos do sexo feminino. O princípio constitucional da isonomia não obsta a adoção de medidas temporárias que visem ao estabelecimento das políticas de igualdade entre homens e mulheres, em particular as que se destinam a corrigir as distorções que afetam a formação profissional, o acesso ao emprego e as condições gerais de trabalho da mulher. Por esta razão, os dispositivos citados são necessários para a manutenção da igualdade social, corrigindo aspectos socioeconômicos dispares entre homens e mulheres ao longo da história. Palavras-chave: Reforma trabalhista, Reforma da previdência, Aposentadoria, Aposentadoria rural, salário maternidade, licença maternidade, adoção 11 BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de Julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências.
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