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PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER: A Estabilidade Provisória da Empregada Gestante no Curso do Aviso Prévio

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PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER:
 A Estabilidade Provisória da Empregada Gestante no Curso do Aviso Prévio
FRANCIELE ALVES DA SILVA*
MARCELO WANDERLEY MAIA PAIVA**
RESUMO
O presente trabalho visa analisar o direito à estabilidade da empregada gestante no curso do aviso prévio, demonstrando a relevância da Lei 12.812/2013. O tema mostra a importância da proteção ao trabalho feminino, principalmente na maternidade, que, por ser uma fase tão peculiar, merece uma maior atenção. Assim, aborda-se a evolução histórica e legislativa do trabalho feminino e os percalços na busca do direito à igualdade de condições que se perdura até os dias atuais. Destarte, dentre os direitos conquistados, destaca-se, neste artigo, o da estabilidade gestacional da empregada. Nesse contexto, a gestante encontra-se em uma natural situação de fragilidade, em que uma despedida arbitrária ocasionaria uma série de consequências negativas tanto para si quanto ao nascituro, a quem, prioritariamente, a lei busca proteger. Dessa forma, deve ser assegurada à empregada a estabilidade no emprego, ainda que a gravidez se tenha dado durante o aviso prévio, a fim de proteger a criança. Isto posto, busca-se mostrar a importância da proteção ao trabalho da mulher, em especial, durante a maternidade, evidenciando a relevância da Lei 12.812/2013, a qual, sem dúvidas, configura-se como uma grande conquista para as mulheres.
Palavras-chave: Trabalho Feminino. Empregada Gestante. Estabilidade Provisória. Aviso Prévio. 
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO.........................................................................................................01
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO FEMININO ........................................03
2.1 ANTECEDENTES LEGISLATIVOS DO TRABALHO FEMININO........................04
	
3 ESTABILIDADE E GARANTIA DE EMPREGO.....................................................06
3.1 CLASSIFICAÇÕES DA ESTABILIDADE..............................................................06
3.1.1 Estabilidade gravídica.....................................................................................07
	
4 ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA EMPREGADA GESTANTE NO CURSO
DO AVISO PRÉVIO...................................................................................................08
4.1 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO AVISO PRÉVIO..............................................09
4.2POSICIONAMENTOS JURISPRUDENCIAIS.......................................................11
4.3RELEVÂNCIA DA LEI 12.812/13..........................................................................15
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................16
REFERÊNCIAS..........................................................................................................18
	 
1 INTRODUÇÃO 	
Na busca da promoção da igualdade de trabalho entre homens e mulheres, a vigente Constituição Federal, reforçado pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) e, após, pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), determinou medidas protetivas ao trabalho da mulher, principalmente na situação de gravidez e puerpério, assegurando à empregada gestante, no art. 10, II, b, do ADCT, uma estabilidade provisória que lhe garante permanência no emprego, sendo vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
Inobstante a previsão desta garantia no texto constitucional, até maio de 2013, havia grandes divergências doutrinárias e jurisprudenciais quanto à sua extensão, o que levava a interpretações diversas sobre o mesmo dispositivo. Finalmente, com a edição da lei federal nº 12.812/13, ao acrescentar o art. 391-A a CLT, pacificou-se o entendimento no sentido de que a estabilidade gravídica também é garantida, ainda que a gravidez tenha ocorrido durante o aviso prévio, seja ele trabalhado ou indenizado. 
Nessa perspectiva, tem-se por objetivo analisar a estabilidade garantida à empregada gestante durante o aviso prévio, evidenciando a relevância da Lei 12.812/2013 que efetivou esta garantia.
O assunto em foco é relevante, pois mostra a importância da proteção ao trabalho da mulher, principalmente quando a mesma se torna mãe, visto que, por ser um período tão peculiar e delicado, merece uma maior atenção, pois uma despedida arbitrária, nesta fase, ocasionaria uma série de consequências negativas, atingindo, principalmente, o nascituro, que é quem, prioritariamente, a lei busca proteger.
O tema também é importante já que trata de um direito relativamente novo, haja vista a garantia conferida à empregada gestante de permanecer no emprego ainda que a gravidez tenha se dado durante o aviso prévio, o que se efetivou após a edição da lei 12.812 de 16 de maio de 2013. Assim, por se tratar de uma conquista tão recente, o conhecimento acerca do tema ainda é restrito, o que leva a muitas mulheres a perderem ou não reclamarem por um direito que lhe é assegurado. 
O aspecto metodológico do trabalho configura-se em uma abordagem qualitativa, utilizando-se como alicerce uma farta pesquisa bibliográfica, que abarca os melhores entendimentos. Ao que se refere à classificação da pesquisa quanto ao método de abordagem, teremos um estudo dedutivo, em razão de termos como ponto de partida verdades gerais, tais como o trabalho da mulher e a estabilidade provisória, para chegarmos a uma conclusão particular que será a estabilidade provisória da gestante no curso do aviso prévio.
Para uma melhor compreensão, será analisada a evolução histórica e legislativa do trabalho da mulher, mostrando que, durante a Revolução Industrial, as mulheres começaram a ingressar no mercado de trabalho, muito embora se sujeitando a longas jornadas de trabalho, salários inferiores, trabalhos perigosos e insalubres, ainda que grávidas, não tendo nenhum amparo legal que as protegessem.
 Antes de adentrar ao tema central do trabalho que é a estabilidade provisória própria da empregada gestante, será feito uma conceituação inicial de estabilidade e garantia no emprego, estabelecendo a sua classificação, atenuando alguns pontos importantes. 
Por fim, será analisada a estabilidade gravídica no curso do aviso prévio, expondo os posicionamentos dos Tribunais Superiores que desaguaram na edição da lei 12.812/2013, demonstrando a importância desta lei para as mulheres, em especial, para às empregadas gestantes.
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO FEMININO
Desde muito tempo, as mulheres têm lutado por um tratamento isonômico no mercado de trabalho. A Carta Magna, em seu art. 5º, inciso I, deixa claramente expresso que: “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações” (BRASIL, 2015). É sabido que isto, hoje, na prática, não é obedecido, porém, ao analisar o passado, verifica-se que a disparidade era ainda maior. 
A priori, a divisão do trabalho nas sociedades primitivas era feita de forma diferente entre homens e mulheres. Aqueles eram responsáveis pelo sustento da família, encarregados de caçar e pescar. Já às mulheres cabiam a coleta de frutas e cultivo da terra. Já durante a Idade Média, a mulher desempenhou diversas funções, chegando, inclusive, a exercer algumas profissões, embora a agricultura ainda tenha sido sua principal atividade. Quando casadas, elas tinham independência para abrirem seu próprio negócio, sem necessitar, portanto, da autorização do marido. (PARREIRA, 2011)
Na Idade Média, a agricultura continua presente na vida das mulheres, ao lado dos trabalhos de tapeçaria, ourivesaria e vestuário. Do século X ao XIV, as profissões comuns aos dois sexos se avolumaram, havendo mulheres escrivãs, médicas e professoras e os salários, por sua vez, não se distanciavam tanto dos salários pagos aos homens (BARROS, 2009, p. 1084).
Com a Revolução Industrial do século XVIII, especialmente no início do século XIX, o cenário começou a se modificar. Houve uma grande inserção de mulheres no mercado de trabalho, principalmente, nas fábricas. Elas se submetiam a longas jornadas de trabalhos e em péssimas condições;muitas vezes exerciam obrigações superiores às suas possibilidades físicas, trabalhando em lugares insalubres e perigosos, a exemplo do trabalho em minas de carvão, sem qualquer tipo de limitação ou proteção. 
 Os empresários preferiam as mulheres nas indústrias porque elas aceitavam salários inferiores aos dos homens, realizando os mesmos serviços que estes. Em razão disso, as mulheres sujeitavam-se a jornadas de trabalho de 14 a 16 horas por dia, salários baixos, trabalhando, muitas vezes, em condições prejudiciais à saúde e cumprindo obrigações além das que lhes eram possíveis, apenas para não perder o emprego. Além de tudo, a mulher deveria, ainda, cuidar dos afazeres domésticos e dos filhos. Não se observava uma proteção na fase de gestação da mulher, ou de amamentação (MARTINS, 2008, p. 510).
A partir da década de 70, inconformadas com a situação em que estavam inseridas, as mulheres começaram a reivindicar por seus direitos, momento que deu início ao movimento feminista. É importante salientar que:
Os anos 70 foram, também, um marco para o movimento feminista. Desenvolveu-se aqui um novo processo de conscientização da luta pela equiparação da mulher, sendo que nessa época a mulher trabalhadora acentuava sua participação nas lutas de sua classe e na organização política e sindical. Mantinha-se o enfrentamento em relação ao discurso conservador que preconizava um destino natural para a mulher: ser mãe e esposa, mantendo o conceito de “família” como instituição básica e universal (MAZEI, 2012, p. 6).
Destarte, após este movimento, a luta das mulheres por igualdade de condições está presente até os dias atuais, em que muitas buscam espaço no mercado de trabalho, rompendo com a tradicional ideia de que mulher deve cuidar da casa e dos filhos, passando, então, a ser a provedora do lar.
Embora haja ainda um longo caminho a ser percorrido, visto tantas desigualdades existentes, é perceptível uma mudança nos paradigmas da sociedade, de modo que já é um grande passo na concretização do desejado direitos iguais.
2.1 ANTECEDENTES LEGISLATIVOS DO TRABALHO DA MULHER
A exploração discriminada do trabalho feminino durante a Revolução Industrial gerou terríveis consequências. Em razão disso, surgiram leis que buscavam proteger as mulheres nas relações de emprego. A primeira foi elaborada na Inglaterra, sendo seguida por outros países da Europa como França e Itália.
Na Inglaterra, em 19 de agosto de 1842, surge o “Coal Mining Act”, proibindo o trabalho de mulheres em subterrâneos. Posteriormente, o “Factory Act”, de 1844, limitando a jornada até 12 horas, além de proibir o horário noturno. Na França, no mesmo sentido, surgiram leis que diminuíram a jornada de trabalho para 11 horas. Destaca-se, também, o direito alcançado pelas gestantes de repouso não remunerado de oito semanas, vedando o carregamento de objetos pesados (LOPES, 2008, p .20).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) também se preocupou em estabelecer medidas para evitar discriminação nas relações trabalhista em razão de gênero. Foram editas diversas convenções acerca do tema, como por exemplo, a convenção 100, denominada “Convenção sobre a Igualdade de Remuneração, de 1951” (OIT), que, inclusive, foi ratificada pelo Brasil através do Decreto nº 41.721, de 25 de junho de 1957, que estabelece “igualdade de remuneração para a mão de obra masculina e a mão de obra feminina por um trabalho de igual valor” (BRASIL, 2015). 
Merece igualmente destaque a convenção 156, referente à “Igualdade de Oportunidades e de Tratamento para Homens e Mulheres Trabalhadores” (OIT) que visa promoção da igualdade de oportunidade para ambos os sexos.
No Direito brasileiro, a primeira Constituição a versar sobre o trabalho da mulher foi a de 1934. Nela, as mulheres possuíam uma vasta garantia de direitos, como nos casos de proibição de trabalho feminino em lugares insalubres, igualdade de salário entre homens e mulheres e o amparo à maternidade (LOPES, 2008, p. 24).
Na esfera infraconstitucional, a Consolidação das Leis do Trabalho, no seu Capítulo III, do Título III, fixou a matéria relativa à proteção ao trabalho da mulher. Também deve ser destacada a Lei 6.136, de 07.11.1974, que transferiu à Previdência Social o ônus da licença-maternidade. Por fim, a Lei 7.189, de 04.06.1.984, alterou o art. 379 da CLT, passando a permitir o trabalho noturno da mulher com mais de 18 anos. 
Na atual Constituição, existem diversos dispositivos que buscam a promoção do trabalho da mulher, vedando qualquer forma de discriminação em razão do gênero. O art. 5º, I, estabelece “igualdade de direitos e obrigações entre homens e mulheres”. O art. 7, XX, determina a "proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei"; e o seu inciso XXX estabelece a ‘‘proibição de diferença de salários, de exercício, de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil” (BRASIL, 2015).
Além dos artigos que preveem a promoção do trabalho da mulher, outros buscam, especificamente, garantir direitos à empregada gestante, tais como o art. 201, II, in verbis:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante. (BRASIL 2015)
Outros dispositivos, também presentes na Carta Magna, objetivam garantir direitos à empregada gestante. É assegurado as mesmas uma licença de cento e vinte dias, sem prejuízo do seu emprego ou salário, de acordo com o art. 7º, XVIII. Do mesmo modo, lhe é concedido estabilidade provisória, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, conforme preconiza o art. 10, II, B do ADTC.
3 ESTABILIDADE E GARANTIA DE EMPREGO
O Direito do Trabalho tem como um dos preceitos basilares o princípio da continuidade da relação de emprego, cujo objetivo maior é preservar os contratos de trabalho. Nessa perspectiva, buscou-se criar mecanismos que dificultassem a dispensa dos empregados, limitando o poder potestativo dos empregadores, gerando, portanto, estabilidades e garantias de emprego.
A garantia de emprego, segundo Vólia Bomfim Cassar (2014, p. 1111), é toda medida praticada com o intuito de diminuir o desemprego, recolocar o trabalhador no mercado de trabalho, incentivar a admissão, desestimular a dispensa, obstar ou onerar a despedida arbitrária, capacitar o profissional no sentido de aproveitá-lo no mercado. 
 A estabilidade poderia ser compreendida como o direito de o empregado permanecer no emprego, restringindo o direito do empregador de dispensá-lo sem justa causa ou de forma arbitrária, só se autorizando a cessação contratual em caso de falta grave, força maior que determine a extinção da empresa, ou cessação das atividades da empresa (GARCIA, 2013, p. 448).
Portanto, pode-se afirmar que existe distinção entre garantia de emprego e estabilidade, sendo a primeira uma acepção mais ampla, ou seja, gênero do qual a estabilidade é espécie.
3.1 CLASSIFICAÇÕES DA ESTABILIDADE
A estabilidade pode ser classificada, no que tange à forma, em absoluta ou relativa, e, no que se refere à duração, em definitiva ou provisória.
Na estabilidade absoluta, a dispensa do empregado está condicionada ao cometimento de falta grave ou justa causa, isto é, por motivo disciplinar. As hipóteses de justa causa estão previstas no rol taxativo do art. 482 da CLT, e a definição de falta grave está disposta no art. 493, CLT, o qual afirma que será considerada falta grave o cometimento de qualquer dos fatos descritos no art. 282, quando devido sua natureza ou repetição, causarem grave violação aos deveres e obrigações do empregado (BRASIL, 2015)
A estabilidade relativa, por sua vez, “é aquela que o empregado pode ser dispensado por motivos técnicos, financeiros, disciplinares ou econômicos” (CASSAR, 2014, p. 1113).
No que tange à duração, a estabilidade será definitiva quando não tiver um prazode duração determinado, e será provisória, a contrário sensu, quando tiver uma duração estabelecida.
Existem diversas espécies de estabilidade provisória, a saber, a do dirigente sindical, do representante da CIPA, do empregado acidentado e a que será foco deste trabalho: a da empregada gestante.
3.1.1 Estabilidade gravídica
A empregada gestante não pode ser dispensada arbitrariamente pelo empregador a partir do momento da confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Esta previsão encontra-se presente no art.10, inciso II, alínea b do ADCT, que teve por escopo evitar que a mulher fosse demitida, simplesmente, por estar grávida, impedindo, assim, a demissão por motivos de discriminação. A norma também visa resguardar os direitos do nascituro.
Para uma melhor compreensão, um exemplo da seguridade da legislação está no fato de, mesmo sendo desconhecida a gravidez da empregada ao seu empregador, não se dá o direito de dispensa. Assim, segundo Vólia Bomfim Cassar (2014, p. 1129), 
A gestação é fato jurídico que faz a empregada adquirir o direito à estabilidade. A comunicação é mero requisito da prova do ato e não da substância. Sendo, assim, o empregador, mesmo que desconheça o estado gravídico da empregada, não pode demiti-la, porque sua responsabilidade é objetiva.
No que diz respeito à confirmação da gravidez, de acordo com Gustavo Filipe Barbosa Garcia (2013, p. 463), a disposição constitucional menciona apenas que o direito surge a partir da “confirmação”, devendo, portanto, ser interpretada de forma ampla e benéfica à gestante.
Assim, será considerada confirmação a existência da gravidez, feita por meio de exames médicos ou de forma empírica. Destarte, se, após a dispensa da empregada, ela descobre que está grávida, e que essa gestação iniciou ainda no curso do contrato de trabalho, ela terá direito a estabilidade.
4 ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA EMPREGADA GESTANTE NO CURSO DO 
 AVISO PRÉVIO
A constituição Federal de 1988 assegurou uma estabilidade provisória à empregada que fique grávida no curso do emprego, sendo vedada a dispensa arbitrária, ou sem justa causa, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, ficando, portanto, o empregador proibido de dispensá-la. Tal previsão encontra-se no art. 10, inciso II, alínea b, do ADCT, conforme ante exposto e que segue in verbis:
Art. 10 - Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o Art. 7º, I, da Constituição:
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto (BRASIL, 2015)
A norma foi clara ao estabelecer que a estabilidade tem início desde o momento em que a empregada confirme sua gravidez, e, segundo a Jurisprudência dominante, este momento se dá com a concepção e não com comunicação do fato ao empregador. Neste sentindo, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), editou a súmula 244, quem em seu inciso I, afirma que “O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade” (BRASIL,2015).
Com efeito, é o que se verifica no precedente a seguir:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DESCONHECIMENTO DO ESTADO DE GRAVIDEZ. DIREITO À ESTABILIDADE. ART. 10, II, -B-, DO ADCT (SÚMULAS 244/I E 396/I/TST). Demonstrado no agravo de instrumento que o recurso de revista preenchia os requisitos do art. 896 da CLT, dá-se provimento ao agravo de instrumento, para melhor análise da arguição de contrariedade à Súmula 244/I/TST. Agravo de instrumento provido. RECURSO DE REVISTA. 1. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DESCONHECIMENTO DO ESTADO DE GRAVIDEZ. DIREITO À ESTABILIDADE. ART. 10, II, -B-, DO ADCT (SÚMULAS 244/I E 396/I/TST). A empregada gestante possui direito à estabilidade provisória, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto (art. 10, II, b, do ADCT). O dispositivo constitucional tem por finalidade tanto a proteção da gestante contra a dispensa arbitrária quanto relativamente aos direitos do nascituro. Portanto, a rescisão do contrato de trabalho da obreira gestante, durante o período de gestação, ainda que desconhecida a gravidez pelo empregador ou até mesmo pela empregada, quando do ato da dispensa, não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade não usufruída, conforme entendimento das Súmulas 244, I e 396, I, do TST. Neste caso, pela Constituição, a responsabilidade é objetiva, em vista de a tutela favorecer não só à mãe trabalhadora, mas também à criança em gestação ou recém-nascida. Recurso de revista conhecido e provido, no aspecto. 2. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RECURSO DESFUNDAMENTADO. O recurso de revista não preenche os requisitos previstos no art. 896 da CLT, pelo que inviável o seu conhecimento. Recurso de revista não conhecido no aspecto. (TST - RR: 6201520115020432620-15.2011.5.02.0432, Relator: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 17/09/2013, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/09/2013).
Inobstante à previsão do art. 10, inciso II, alínea b do ADCT, surgiu a dúvida se caberia a estabilidade quando a gravidez se desse durante o aviso prévio. A discussão se dava em razão do entendimento anterior de que, a partir do momento em que é concedido o aviso prévio, o contrato de trabalho, até então do prazo indeterminado, transmudava-se para a modalidade de prazo determinado, modalidade contratual que seria incompatível com o instituto da estabilidade provisória. 
Para um melhor entendimento sobre o tema, faz-se necessária uma breve explanação sobre o instituto do aviso prévio.
4.1 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO AVISO PRÉVIO
Nas palavras de Sergio Pinto Martins (2010, p.85), aviso prévio é a comunicação que uma parte do contrato de trabalho deve fazer à outra de que pretende rescindir o referido pacto sem justa causa, de acordo com o prazo previsto em lei, sob pena de pagar indenização substitutiva.
O aviso prévio encontra sua previsão legal no art. 7º, inciso XXI, da CRFB/88, e também nos artigos 487 a 491 da CLT. Ele poderá ser concedido de duas formas: trabalhado ou indenizado.
 O aviso trabalhado pode ser cumprido de duas maneiras: a primeira, mediante prestação laborativa pelo obreiro na jornada e horários habituais, ao longo dos 30 dias, com redução diária de duas horas, sem prejuízo da integralidade do salário; a segunda maneira de o aviso prévio laborado ser cumprido consiste na supressão de qualquer trabalho nos últimos sete dias de pré-aviso, laborando-se o período anterior sem a redução de duas horas. (DELGADO, 2014, p. 1244).
O aviso indenizado é aquele em que o trabalhador não presta mais sua atividade laborativa, sendo facultado ao empregador descontar do salário o respectivo valor da indenização devida de acordo com o art. 487, parágrafo segundo da CLT, in verbis: 
Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de:
§ 2º - A falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo. (BRASIL,2015)
O aviso prévio é cabível apenas nos contratos de trabalho por tempo indeterminado, conforme art. 487, caput, da CLT, sendo incabível, portanto, nos contratos a termo, visto que nestes já se sabe o momento certo em que haverá a ruptura do vínculo empregatício. A exceção a essa regra está no art. 481 da CLT, que se refere aos contratos por prazo determinado que possuam cláusulas que asseguram o direito de ambas as partes rescindirem antes da data prevista. Neste caso, o aviso prévio é cabível, apesar de o contrato ter termo certo para acabar. Confirma tal entendimento a súmula 163 do TST, in verbis: 163. Aviso Prévio. Contrato de experiência. Cabe aviso prévio nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência na forma do art. 481 da CLT. Ex-prejulgado n. 42. (BRASIL,2015)
O aviso pode ser concedido tanto pelo empregador como pelo empregado, a dependerde quem quer pôr fim ao contrato de trabalho. E, de acordo com a Constituição Federal, o prazo do aviso prévio será proporcional ao tempo de serviço e é de, no mínimo, trinta dias. Para contagem do prazo, aplica-se a regra do art. 132, caput, do código Civil de 2002, conforme a súmula 380 do TST, in verbis:
AVISO PRÉVIO. INÍCIO DA CONTAGEM. ART. 132 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 122 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
Aplica-se a regra prevista no "caput" do art. 132 do Código Civil de 2002 à contagem do prazo do aviso prévio, excluindo-se o dia do começo e incluindo o do vencimento. (ex-OJ nº 122 da SBDI-1 - inserida em 20.04.1998). (BRASIL, 2015).
Assim, para a contagem do prazo do aviso prévio, exclui-se o dia do começo e inclui o dia do vencimento.
4.2 POSICIONAMENTOS JURISPRUDENCIAIS
Após as ponderações acima, voltarei a tratar sobre a estabilidade gravídica durante o período do aviso prévio, bem como das controvérsias que surgiram em torno dela. Conforme anteriormente exposto, havia, outrora, entendimento de que, a partir do momento em que é concedido o aviso prévio, o contrato de trabalho, até então de prazo indeterminado, transmudava-se para a modalidade de prazo determinado, modalidade contratual que seria incompatível com o instituto da estabilidade provisória. Sob essa perspectiva, seria inadmissível, portanto, a garantia assegurada pelo art.10, II, b do ADCT. 
Outra justificativa utilizada para a impossibilidade de concessão da estabilidade grávida no aviso prévio era o fato de entender que a empregada, à época da concepção, já sabia que, no mês posterior, não teria mais emprego, logo, poderia a mesma agir de má fé, violando o direito potestativo do empregador de dispensá-la.
Fundamentavam-se, também, na perspectiva de que a projeção do contrato de trabalho para o futuro tinha os efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. O próprio Tribunal Superior do Trabalho tinha esse entendimento, deixando isso claro em diversos julgados.
Com efeito, é o que se verifica nos precedentes a seguir colacionados: 
GESTANTE – GRAVIDEZ NO CURSO DO AVISO-PRÉVIO – NÃO GERAÇÃO DE ESTABILIDADE – SÚMULA Nº 371 DO TST – A questão da aquisição de estabilidade no curso do prazo correspondente ao aviso prévio já se encontra pacificada nesta Corte, através da Súmula nº 371, segundo a qual a projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão do aviso prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso, ou seja, salários, reflexos e verbas rescisórias. Assim, o fato de a reclamante ter engravidado no curso do aviso prévio não faz nascer a estabilidade própria da gestante, pois do contrário a concepção poderia se converter em meio de frustrar o exercício do direito potestativo do empregador, de resilição do contrato de trabalho, vindo a pagar por período sequer trabalhado, em caso de constatação tardia da gravidez. Recurso de revista provido (TST – RR 1957/2003-067-15-00.0-15ª R. – 4ª T. – Rel. Min. Ives Gandra Martins Filho – DJU 10.08.2007).
ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE. CONCEPÇÃO DURANTE AVISO PRÉVIO INDENIZADO. No caso em tela, como a Autora engravidou no curso do aviso prévio indenizado não tem direito à estabilidade provisória prevista na Súmula 244 do TST, devendo ser considerado o entendimento da Súmula 371 do TST, o qual limita os efeitos do aviso-prévio às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso, ou seja, salários, reflexos e verbas rescisórias. Recurso de Revista conhecido e provido (TST, DECISÃO: 24/06/2009, PROC: RR – 615/2001-302-02-00.1, ANO: 2001, RECURSO DE REVISTA, ÓRGÃO JULGADOR – 2ª TURMA, FONTE: DEJT DATA: 07.08.2009. RELATOR: MINISTRO OSÉ SIMPLICIANO FOTES DE F. FERNANDES).
 
Um importante passo dado pelo Egrégio TST para modificação do seu entendimento se deu após alteração do item III da súmula 244, que trata sobre a estabilidade da gestante nos contratos por prazo determinado, a qual passou a ter seguinte redação, in verbis: “III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado”.
Uma vez modificada a ótica do Colendo Tribunal, de modo a garantir a estabilidade gestacional no contrato com prazo determinado, passou-se a estender referida interpretação à empregada que engravidasse durante o aviso prévio, mesmo quando concedido na forma indenizada.
Outros fundamentos foram utilizados para corroborar o entendimento. Um deles foi que o contrato de trabalho não se extinguiria com a concessão do aviso prévio, este, pelo contrário, o prorrogaria, pois, de acordo com a Orientação jurisprudencial nº 82 da SBDI-1do TST, a data de saída a ser anotada na CTPS deve será a do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado. E, nos termos do artigo 487, § 1º, da CLT, aviso-prévio, ainda que indenizado, integra o contrato de trabalho para todos os efeitos.
O aviso prévio seria uma prorrogação do próprio contrato de trabalho. Nesse sentido, a rescisão contratual só se efetivaria após o último dia do aviso. Assim, o contrato de trabalho não se extinguiria imediatamente com a assinatura do aviso prévio, contudo, quando findo o prazo final do mesmo. Nessa perspectiva, a empregada que ficasse grávida neste período teria sim direito a estabilidade provisória, haja vista o contrato ainda existir.
Seguindo essa linha de pensamento, alguns julgados do TST passaram a defender que seria cabível a estabilidade provisória da gestante, ainda que a gravidez tenha ocorrido durante o aviso prévio. Nessa esteira:
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA – SÚMULA Nº 331, ITEM IV, DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO – (...) ESTABILIDADE DA GESTANTE – CONCEPÇÃO NO CURSO DO AVISO-PRÉVIO INDENIZADO – Esta Corte, interpretando o art. 10, inciso II, alínea b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, editou a Súmula nº 244, item I, do TST, segundo a qual o desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, inciso II, alínea 'b', do ADCT). Logo, é condição essencial para que seja assegurada a estabilidade a reclamante o fato de a gravidez ter ocorrido durante o transcurso do contrato de trabalho, não sendo exigido o conhecimento da gravidez pela empregadora. No caso, extrai-se do acórdão regional que a concepção ocorreu na vigência do contrato de trabalho, considerando a projeção do aviso-prévio indenizado. Na esteira da Orientação Jurisprudencial nº 82 da SBDI-1 desta Corte, a data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado, e, nos termos do artigo 487, § 1º, da CLT, o aviso-prévio, ainda que indenizado, integra o contrato de trabalho para todos os efeitos. Logo, a gravidez ocorrida nesse período não afasta o direito da reclamante à estabilidade provisória prevista no artigo 10, inciso II, alínea b, do ADCT. Recurso de revista não conhecido (TST – RR 199000-46.2008.5.04.0201 – Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta – DJe 19.12.2012 – p. 326).
Os defensores do constitucionalismo social argumentavam que a estabilidade da gestante não tinha como objetivo principal proteger a mãe, mas o filho, conforme define o caput do artigo 6º da CRFB/1988, que traz a expressão “proteção à maternidade e à infância” (ELIAS, Jorge Henrique, 2013). 
A Constituição Federal, no seu art. 227, impõe ao Estado o dever de garantir à criança, inclusive com absoluta prioridade, a sua proteção à vida, dignidade, saúde, alimentação, cultura, educação, lazer e convivência familiar (BRASIL, 2015). Bem salientou o voto do eminente Ministro Godinho Delgado:
Empregada gestante. Estabilidade condicionada à comunicação da gravidez ao empregador. Princípio da adequação setorial negociada. Limites jurídicos. Constituição Federal. Arts. 6º, 7º, XVIII, 226, 227 e 10, II, b, do ADCT.A garantia de emprego da gestante encontra amparo não só no art. 10, II, b, do ADCT, mas também em toda a normatização constitucional voltada para a proteção da maternidade (arts. 6º e 7º, XVIII), da família (art. 226), da criança e do adolescente (227) e todos os demais dispositivos dirigidos à proteção da saúde pública. Por isso, não pode ser homologada disposição negocial que limita direito revestido de indisponibilidade absoluta, garantido na Constituição Federal (art. 10, II, b, do ADCT). A jurisprudência desta Corte, a propósito, já se pacificou no sentido de que a referida vedação constitucional decorre do fato objetivo da confirmação da gravidez na vigência do contrato de trabalho, caso em que o direito da obreira à estabilidade provisória prescinde do conhecimento prévio do seu estado gestacional pelo empregador no momento da resilição contratual (Súmula nº 244, I, do TST). Saliente-se, ainda, que as disposições do art. 10, II, b, do ADCT são plenamente válidas, inclusive na hipótese de a concepção ocorrer durante o prazo do aviso prévio, ou seja, no curso do contrato de trabalho, já que o aviso prévio não o extingue, mas apenas firma o prazo para sua terminação (inteligência do art. 489, ab initio, da CLT). (TST – RO 337100-65.2009.5.04.0000 – SDC – Rel. Min. Mauricio Godinho Delgado – DJe 17.08.2012).
Após inúmeros julgados ratificando este posicionamento, finalmente, em 2013, nasceu, no Congresso Nacional, a Lei Federal Ordinária n°. 12.812/2013 que incluiu, na CLT, o artigo 391-A, pacificando o entendimento de que, caso a empregada engravide no período de aviso prévio, terá direito a estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, ainda que o aviso seja trabalhado ou indenizado.
Hodiernamente, o Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, em seus julgamentos, tem dado aplicabilidade a Lei 12.812/13 conforme veremos em julgado em tela.
RECURSO DE REVISTA. SUMARÍSSIMO. ESTABILIDADE DA GESTANTE. CONCEPÇÃO NO CURSO DO AVISO-PRÉVIO INDENIZADO. Esta Corte, interpretando o art. 10, inciso II, alínea b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, editou a Súmula nº 244, item I, do TST, segundo a qual "o desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, inciso II, alínea 'b', do ADCT)". Logo, é condição essencial para que seja assegurada a estabilidade à reclamante o fato de a gravidez ter ocorrido durante o transcurso do contrato de trabalho, não sendo exigido o conhecimento da gravidez pela empregadora. No caso, extrai-se do acórdão regional que a concepção ocorreu na vigência do contrato de trabalho, considerando a projeção do aviso-prévio indenizado. Na esteira da Orientação Jurisprudencial nº 82 da SBDI-1 desta Corte "A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado" e, nos termos do artigo 487, § 1º, da CLT, o aviso-prévio, ainda que indenizado, integra o contrato de trabalho para todos os efeitos. Logo, a gravidez ocorrida nesse período não afasta o direito da reclamante à estabilidade provisória prevista no artigo 10, inciso II, alínea b, do ADCT. Recurso de revista conhecido e provido (TST - RR: 2439520125150028, Data de Julgamento: 11/02/2015, Data de Publicação: DEJT 20/03/2015).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ESTABILIDADE DA GESTANTE. CONCEPÇÃO NO CURSO DO AVISO-PRÉVIO INDENIZADO. O Tribunal Regional indeferiu o pedido de estabilidade da empregada que se encontrava grávida, por reconhecer que o período correspondente ao aviso-prévio indenizado não deve integrar o contrato de trabalho para fins de estabilidade provisória da gestante. Esta Corte Superior vem considerando que a concepção no período correspondente à projeção do aviso-prévio indenizado não impede o reconhecimento da estabilidade provisória da gestante. Ante uma possível violação do art. 10, II, b, do ADCT, da Constituição Federal, deve ser provido o agravo de instrumento. RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE. GARANTIA PROVISÓRIA NO EMPREGO. GESTANTE. CONCEPÇÃO NO CURSO DO AVISO-PRÉVIO INDENIZADO. A gestante tem garantia provisória no emprego, ainda que a concepção tenha ocorrido no curso do aviso-prévio indenizado. Não sendo viável sua reintegração, tendo em vista que o prazo de garantia provisória no emprego já se exauriu, é devida a indenização substitutiva. Recurso de revista a que se dá provimento. (TST - RR: 10767320115020008, Relator: Américo Bedê Freire, Data de Julgamento: 22/10/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 24/10/2014).
Destarte, a garantia estabelecida, prioritariamente, pela Constituição Federal e que depois foi estendida pela Lei 12.812 de 2003, encontra-se em plena eficácia.
4.3 A RELEVÂNCIA DA LEI 12.812/13
A Lei nº 12.812, de 16 de maio de 2013, oriunda do Projeto de Lei n°. 7.158, proposto pelo Senador Marcelo Crivella - PRB/RJ, acrescentou o art. 391-A a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, para dispor sobre a estabilidade provisória da gestante, prevista no art. 10, II, "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, cujo teor do artigo acrescido é o seguinte:
Art. 391-A. A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
A referida lei representa mais um mecanismo de proteção ao trabalho da mulher, não se limitando apenas a ela, mas também ao nascituro. Ao garantir que a empregada gestante permanecerá no emprego, auferindo seu salário, isso possibilitará que ela tenha condições de cuidar do seu filho, assegurando-lhe sua subsistência e um desenvolvimento digno e saudável. Além disso, terá a tranquilidade em saber que não será despedida arbitrariamente, pois em uma demissão nesta situação, dificilmente, encontra-se um novo emprego.
Nesse sentindo, entende Sergio Pinto Martins (2008, p.406) que:
A gravidez não é doença. Assim, não se pode tratar a gestante como doente ou como incapaz. Quanto à garantia de emprego, justifica-se essa discriminação no período em que a empregada esteja grávida, ou no período pós-parto, pois com certeza não iria encontrar outro serviço no referido lapso de tempo. A gestante deve ter direito ao emprego em razão da proteção do nascituro, para que possa se recuperar do parto e cuidar da criança nos primeiros meses de vida.
A vinda de uma criança ao mundo produz uma série de transformações físicas e psicológicas. Nos primeiros meses de vida, a mãe precisa se dedicar totalmente ao filho, visto sua total dependência. Assim, seria inconcebível que, nesse período tão delicado, ela tivesse que sair de casa para procurar um novo emprego.
 Também deve ser ressaltado que, nesses meses iniciais, no chamado puerpério, pós-parto ou resguardo, a mulher precisa de um tempo para se recuperar. Por isso, a estabilidade da empregada gestante é tão importante. Assim, ainda que a gravidez tenha ocorrido durante o aviso prévio, que, conforme já exposto, está na vigência do contrato de trabalho, a garantia de permanência no emprego deve ser assegurada.
A finalidade da referida lei foi proporcionar às empregadas gestantes que engravidassem durante o aviso prévio o mesmo direito que tinham aquelas que engravidavam antes de existir tal aviso, uma vez que não existe motivo para a distinção, pois ambas, igualmente, necessitam desta garantia.
Destarte, a lei 12.812/2013 foi, antes de tudo, justa e sensível, pois ao assegurar a estabilidade desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, inclusive durante o aviso prévio, proporcionou a empregada condição de se recuperar do parto, de cuidar do seu filho nos seus primeiros meses e de sustentá-lo, efetivando, portanto, o preceito previsto na Constituição Federal da “proteção à maternidade ao nascituro”.
5CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho de conclusão de curso foi analisar o direito à estabilidade provisória da empregada gestante no curso do aviso prévio, mostrando a relevância que a Lei 12.812/2013 teve para a confirmação deste direito, o qual se revela como uma grande conquista para as mulheres.
Para ter uma visão mais aprofundada sobre o tema, o presente trabalho trouxe uma abordagem histórica sobre o trabalho feminino, bem como seus antecedentes legislativos, mostrando a luta das mulheres ao longo do tempo para alcançar a desejada igualdade de condições.
Evidenciou-se, ainda, que a luta permanece até os dias atuais, em razão das tantas desigualdades existentes, percebendo-se, no entanto, uma mudança nos paradigmas da sociedade, de modo que já é possível ver em concreto alguns direitos conquistados.
Também foi analisado o instituto da estabilidade, fazendo uma conceituação inicial e mostrando a sua classificação. Nesse contexto, foi inserida a estabilidade da empregada gestante, prevista na Constituição Federal, no art. 10, inciso II, Alínea b, do ADCT, que determina que a empregada gestante não pode ser dispensada arbitrariamente pelo empregador a partir do momento da confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. 
Posteriormente, mostrou-se as controvérsias que existiam na jurisprudência acerca desta garantia, o que desaguou na edição da Lei Federal Ordinária n.° 12.812/2013, que incluiu, na CLT, o artigo 391-A, pacificando o entendimento de que, caso a empregada engravide no período de aviso prévio, terá direito a estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, ainda que o aviso seja trabalhado ou indenizado.
Por fim, concluiu-se que a Lei 12.812/2013 foi de suma importância para as mulheres, em particular as empregadas gestantes, pois se configurou como mais um mecanismo de proteção, garantindo que as mesmas não fossem demitidas quando grávidas, ainda quando durante o aviso prévio. Além disso, proporcionou tempo para que essas mulheres pudessem cuidar dos filhos recém-nascidos sem o medo de serem demitidas, bem como de poder se recuperar do parto e, principalmente, terem condições financeiras de se manterem e de garantir um desenvolvimento digno e saudável aos seus filhos que acabaram de nascer.
PROTECTION OF WOMAN’S WORKING:
Pregnant women Provisional stability in the course of the notice
ABSTRATCT
This study aims to analyze the right to provisional stability of a pregnant employee in the course of the notice, exposing which improved from the Law 12,812 / 13. The theme shows the importance of protecting the work of women, especially when they become mothers, that due their vulnerable condition deserve better attention. This paper addresses the historical and legal developments of women's work, the mishaps in the pursuit of right to equal conditions that endures to this day. Thus, among the conquered rights, it stands out in this article, the gestational stability of the employee. In this context, the pregnant woman is in a natural fragile situation, in which, an arbitrary dismiss could cause a number of negative consequences for themselves as for the unborn child, whom the law, primarily, search to protect. In this way, it should be ensured to the employee job stability, even when the pregnancy has been given during the notice in order to protect the child. Faced with this question, this article seeks to demonstrate the importance of labor protection of women, particularly during maternity, showing the relevance of Law 12,812 / 2013, which undoubtedly appears as a great achievement for women.
Key Words: Women's Work. Pregnant employee. Provisional stability. Previous notice.
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da.
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 Franciele Alves da Silva. -- João Pessoa, 2015.
 21f.
 
 Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Direito) – 
 Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ
 
 
Trabalho F
eminino
. 
2. Empregada Gestante
. 
3. Estabilidade Provisória
. 
4. Aviso Prévio.
I. Título.
UNIPÊ / BC CDU – 
34:331
-055.2 
)
___________________
*Bacharelanda no 10º período do curso de direito do Unipê. E-mail: francielelaves32@hotmail.com 
Agradeço a Deus e aos meus familiares por ajudarem na realização desta conquista. Agradeço tambémao professor pela ajuda e disponibilidade.
** Marcello Wanderley Maia Paiva, Professor e Juiz do Trabalho.

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