Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS CURSO DE DIREITO – CAMPUS KOBRASOL Professor: Gustavo Lima Soares Disciplina: Economia Acadêmico: Nilvo Airton Rodrigues Junior 2.º Período – Turno: Noturno. LIBERALISMO ECONÔMICO X KEYNESIANISMO LIBERALISMO ECONÔMICO Conceito: Os princípios básicos do liberalismo versam sobre a defesa do livre mercado, do direito de propriedade privada, da liberdade da ação individual – o que pressupõe a garantia das liberdades individuais pelo Estado –, a não intervenção demasiada do Estado sobre o mercado, a competitividade econômica e a geração de riqueza. Características: 1. Defesa da propriedade privada; 2. Liberdade econômica (livre mercado); 3. Mínima participação do Estado nos assuntos econômicos da nação (governo limitado); 4. Igualdade perante a lei (estado de direito). Pontos fortes: 1. Livre mercado: o liberalismo econômico acredita na ideia de que o mercado e o próprio sistema criam suas regras de funcionamento, e por isso defendem a ideia de um Estado mínimo, que não fizesse qualquer intervenção no mercado e na economia. De certo modo acreditam que as leis econômicas e financeiras são como as da física ou da matemática: elas têm uma certa ordem e são auto reguladoras, de modo que se bastam para repor no seu devido lugar qualquer desorganização momentânea da economia e isto sem a intervenção do Estado. O próprio mercado é o grande regulador de tudo e por isso não há a necessidade de intervenção do Estado. A livre concorrência entre os produtores e o poder de organização da iniciativa privada devem agir, portanto, livremente. No Estado liberal típico dos países capitalistas centrais o que se esperava, de acordo com a ideologia econômica preponderante, era um Estado que devia ser mínimo, apenas intervindo na vida social e no mercado para assegurar as condições estritamente necessárias para que a sociedade e a economia atuassem por si sós (COELHO1, 2006, p. 180). 2. A defesa do Estado mínimo, deixando à “mão invisível do mercado” a regulamentação das relações econômicas foi que deu origem a expressão “laissez faire laissez passer le monde va de lui même” (deixe fazer, deixe passar, que o mundo caminha por si mesmo) (CENCI; BEDIN; FISCHER2, 2011). Para Adam Smith, um dos principais representantes do liberalismo econômico, o Estado possui apenas três deveres: a defesa da sociedade contra os inimigos externos, a proteção dos indivíduos contra as ofensas mútuas e a realização de obras públicas que não possam ser realizadas pela iniciativa privada – os quais representam limitações à atuação do ente estatal e que, por isso, devem ser compreendidos como critérios de fiscalização do exercício do poder pela autoridade estatal (BOBBIO3, 1992). Pontos Fracos: 1. A crítica ao liberalismo assenta-se em uma visão estritamente pragmática: procura expressá-la de um modo “quase técnico” (para usar a expressão de Carvalho) e evita valores explícitos. Mais que criticar os “excessos” do capitalismo e a injustiça distributiva, mostra que a concentração de renda e riqueza é disfuncional, prejudicial ao crescimento econômico e, portanto, ao próprio desempenho do capitalismo. Fica claro, mais uma vez, que sua crítica ao liberalismo não se estende ao capitalismo como sistema econômico: “Existem valiosas atividades humanas que requerem o motivo do lucro e a atmosfera da propriedade privada de riqueza para que possam dar os seus frutos” (KEYNES4, 1983, p. 254). Não obstante, a sociedade carece de instrumentos ou mecanismos automáticos que garantam o pleno emprego (como se mostrará na seção a seguir); há necessidade de administrar a demanda efetiva e seu principal determinante: o investimento. A necessidade de manter a taxa de juros baixa a fim de ser coberta pela eficiência marginal do capital (a taxa de retorno esperada pelo investidor) levou-o a criticar os rentistas e aplicadores do capital a juros. Keynes chegou a uma proposição paradoxal aos olhos de quem cobra das ideologias um exercício de lógica formal: como aceitar o capitalismo sem a figura do rentier, como se esta fosse uma anomalia? Assim, contrariando a teoria clássica e neoclássica, ou o mainstream econômico desde Smith, que 1 COELHO, André Felipe C. O estado liberal: entre o liberalismo econômico e a necessidade de regulação jurídica. Revista Jurídica UNIGRAN, Dourados, v. 8, n. 15, Jan./Jun. 2006. Acessado em 11/09/2018. 2 CENCI, Ana Righi; BEDIN, Gabriel de Lima; FISCHER, Ricaro Santi. Do liberalismo ao intervencionismo: o Estado como protagonista da (des)regulação econômica. Revista da Academia Brasileira de Direito Constitucional, Curitiba, n. 4, p. 77-97, Jan-Jun. 2011. Acessado em 10/09/2018. 3 BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. Trad. Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Brasiliense, 1992. 4 KEYNES, J. M. Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro. ed. Abril, S.Paulo, 1983, p. 254. sempre apelou para os mais variados argumentos para fundamentar economicamente a existência dos juros, defende a inexistência de qualquer razão para justificá-los, a não ser o fato de passar por uma fase transitória, na qual há escassez de capital. Os argumentos tradicionais – remuneração pela espera, retribuição à abstinência, produtividade marginal do capital – não fariam o menor sentido na sociedade futura: o capital não é escasso por razões intrínsecas (como a terra, cuja oferta limitada por uma razão física permite até se entender a retribuição em forma de renda). Ironicamente lembra que, aos financistas modernos, a “taxa de juros atual não compensa nenhum verdadeiro sacrifício” (KEYNES5, 1983, p. 255). KEYNESIANISMO Conceito: O Keynesianismo é uma teoria econômica do começo do século XX, baseada nas ideias do economista inglês John Maynard Keynes, que defendia a ação do estado na economia com o objetivo atingir o pleno emprego. Características: 1. Defesa da intervenção estatal na economia, principalmente em áreas onde a iniciativa privada não tem capacidade ou não deseja atuar. 2. Defesa de ações políticas voltadas para o protecionismo econômico. 3. Contra o liberalismo econômico. 4. Defesa de medidas econômicas estatais que visem à garantia do pleno emprego. Este seria alcançado com o equilíbrio entre demanda e capacidade de produção. 5. O Estado tem um papel fundamental de estimular as economias em momentos de crise e recessão econômica. 6. A intervenção do Estado deve ser feita através do cumprimento de uma política fiscal para que não haja crescimento e descontrole da inflação. Pontos Fortes: 1. O Keynesianismo defende a necessidade do Estado em buscar formas de conter o desequilíbrio da economia. Entre outras medidas, os governos deveriam aplicar grandes remessas de capital na realização de investimentos que aquecessem a economia de modo geral. Paralelamente, era de fundamental importância que o governo também concedesse linhas de crédito a baixo custo, garantindo a realização de investimentos do setor privado. Promovendo tais medidas de incentivo, os níveis de emprego aumentariam e consequentemente garantiriam que o mercado consumidor desse sustentação real a toda essa 5 KEYNES, J.M. - Teoria Geral..., ed. cit., p. 255. aplicação de recursos. Dessa maneira, o pensamento proposto por Keynes transformava radicalmente o papel do Estado frente à economia, colocando em total descrédito as velhas perspectivas do “laissez-faire” (“deixar fazer”) liberal.
Compartilhar