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Universidade Federal do Acre – UFAC Centro de Filosofia e Ciências Humanas – CFCH Curso de Licenciatura em Filosofia Docente: João Lima Disciplina: História da Filosofia Antiga II – ERE Discente: Tainá Bezerra Alencar Fichamento do Livro Alfa (I) acrescentado de comentário sobre as principais críticas de Aristóteles à filosofia dos platônicos; Aristóteles. Metafísica. Edições Loyola; São Paulo, Brasil, 2002. 1. A sapiência é conhecimento de causas: [...] “Todos os homens, por natureza tendem ao saber. Sinal disso é o amor pelas sensações, ” / “amam acima de todas, a sensação da visão, ” / “ o motivo estar no fato da visão proporcionar mais conhecimentos do que todas as outras sensações”. [...] “ Os animais, portanto, são dotados de sensação, porém em alguns não nasce a memória ao passo que em outros nascem”. / “ Os que nascem a memória tendem a ser mais inteligentes e mais aptos a aprender” / “do que os que não tem capacidade de recordar”, ou seja, não possuem memória”. / “Os animais vivem com imagens sensíveis e com recordações”. (p.3) [...] “O gênero humano vive além das imagens sensíveis e de recordações, vivem também da arte e de raciocínios. A experiência deriva-se da memória e a experiência parece-se semelhante à ciência e à arte, entretanto o homem adquire a ciência e a arte por meio da experiência. Como diz Polo: “ a experiência produz a arte, enquanto a inexperiência produz o acaso”. (p.3) [...] “O saber e o entender sejam mais próprios da arte do que da experiência, ” ou seja, “os que possuem a arte são mais sábios do que os que só possuem a experiência. A arte tende a conhecer o porquê e a causa, ao contrário da experiência que tendem a conhecer somente o puro dado”. / “São considerados mais dignos de honra e possuidores de maior conhecimento aqueles que possuem a direção da arte e, portanto, são considerados mais sábios”. (p.5) [...] “O que distingue quem sabe de quem não sabe é a capacidade de ensinar: por isso consideramos que a arte seja sobretudo a ciência e não a experiência, ou seja, os que possuem a arte são capazes de ensinar e os que possuem somente a experiência são inaptos a ensinar”. [...] “Quem tem experiência é considerado mais sábio do que aqueles que são possuidores apenas de algum conhecimento sensível”. / “Quem tem a arte mais do que quem tem a experiência é, portanto quem dirige mais do que o trabalhador manual e as ciências teóricas mais do que as práticas”, ou seja, são conhecedores das causas primeiras e considerados mais sábios. [...] “A sapiência é uma ciência acerca de certos princípios e certas causas”. (p.7) 2. Quais são as causas buscadas pela sapiência e as características gerais da sapiência: [...] “De que causas e de que princípios é ciência (conhecimento/saber) a sapiência (sabedoria), há algumas concepções que se tem de sábio. Algumas características de sábios são:” / “ que o sábio conheça todas as coisas, mas não que ele tenha ciência de todas as coisas individualmente” / “sábio é quem é capaz de conhecer as coisas difíceis ou não facilmente compreensíveis” / “sábio quem possui maior conhecimento das causas” / “sábio é quem é capaz de ensinar” / “sábio é aquele escolhida por si e unicamente superior em relação a que é subordinada, ou seja, sábio é aquele que domina seu saber por si mesmo e unicamente em vista do próprio saber” / “sapiência a ciência que é hierarquicamente superior com relação à que é subordinada, ou seja, é sábio aquele que domina um certo saber que se constitui hierarquicamente mais elevado que todos os outros ”. / “O sábio não deve ser comandado mas comandar, nem deve obedecer a outros, mas a ele deve obedecer quem é menos sábio”. (p.9) Algumas características gerais que podem ser consideradas da sapiência são: [...]“a de conhecer todas as coisas, pertence sobretudo a quem possui a ciência universal” / “as coisas universais são mais difíceis de conhecer por serem as mais distantes das apreensões sensíveis” / “as mais exatas entre as ciências são sobretudo as que tratam dos primeiros princípios” / “ a ciência que mais indaga as causas são as mais capaz de ensinar” / “o próprio saber e o próprio conhecer encontram-se sobretudo na ciência do que é maximamente cognoscível” / “a mais elevada das ciências, é a que conhece o fim para o qual é feita cada coisa.” (p.9-11) [...] “O nome do objeto desta investigação se referisse a uma única ciência e deve- se especular sobre os princípios primeiros e as causas, afinal o bem e o fim das coisas é uma causa” / “e uma vez que se tenha conhecido a causa, nada provocaria mais admiração”. / “A ciência tem características de um saber não só mais elevado, porém de um saber que não se distingue dos demais”. (p.11) 3. As causas primeiras são quatro e a análise das doutrinas dos predecessores como prova da tese: As causas são entendidas em quatro diferentes sentidos e tais são: [...] “causa é a substância e a essência, o porquê das coisas se reduz à forma e o primeiro porquê é justamente uma causa e um princípio” / “causa é matéria e o substrato” / “causa é o princípio do movimento” / “causa é o fim e o bem”. [...] “É preciso adquirir a ciência das causas primeiras, portanto dizemos conhecer algo quando pensamos conhecer sua causa primeira”. [...] “Os que primeiro filosofaram pensaram que o princípio de todas as coisas fossem materiais, de fato, tais afirmam que aquilo de que todos os seres são constituídos e aquilo de que originariamente derivam. ” (p.15) [...] “Todavia esses filósofos são unânimes quanto ao número e a espécie desse princípio”/ “Tales diz que o princípio é a água” / “Ora, aquilo que de todas as coisas se geram é o princípio de tudo” / “Tal tirou essa convicção desse fato e também o fato de que as sementes têm a natureza úmida, sendo a água o princípio da natureza das coisas úmidas”. [...] “Oceano e Tétis, disseram que aquilo sobre o quê juram os deuses é a água, chamada por eles de Estige” / “Afirma-se que Tales foi o primeiro a professar essa doutrina da causa primeira” / “Anaxímenes e Diógenes, consideram como originário o ar” / “Hipaso de Metaponto e Heráclito e Éfeso, consideram como princípio o fogo. ” / “ Empédocles afirmou como princípio os quatro corpos simples, acrescentando um quarto ao três acima mencionados, a saber a terra” / “Anaxágoras e Clazômenas, afirmam que os princípios são infinitos”. (p. 17-20) [...] “Poder-se-ia crer que exista uma causa única: a chamada causa material” / “todo processo de geração derive de um único elemento material ou de muitos elementos materiais, por que ele ocorre e qual é a sua causa? ” / “Investigar isso significa buscar o outro princípio, isto é, o princípio do movimento”. [...] “Alguns afirmam que o substrato uno é imóvel e que toda a natureza também é imóvel, não só no sentido de que não se gera nem se corrompe, mas também no sentido de que é imóvel relativamente a qualquer outro tipo de mudança”. [...] “Parmênides afirmou não só a existência do uno, mas também a existência de duas outras causas”. / “Depois desses pensadores e depois dessas descobertas desses princípios, insuficientes para produzir a natureza e os seres, os filósofos, forçados novamente, puseram-se em busca de outro princípio”. [...] “Os que raciocinaram desse modo puseram a causa do bem e do belo como princípio dos seres e consideraram esse tipo de causa como princípio do qual se origina o movimento dos seres”. (p. 19-20) 4. Continuação do exame das doutrinas procedentes com particular atenção a Empédocles, Anaxágoras e Demócrito: [...] “Anaxágoras, na constituição do universo, serve-se da inteligência, e só quando se encontra em dificuldade e para dar razão a alguma coisa que evoca a inteligência, portanto tal irá atribuir a causa das coisas a tudo, menos à inteligência”. [...] “Empédocles, foi o primeiro a introduzir a distinção dessa causa, tendoafirmado não um único princípio do movimento, mas dois princípios diferentes e até mesmo contrários” / “ele foi o primeiro a dizer que os elementos da natureza material são quatros em número” / “ele não serve deles como se fossem quatro, mas como se fossem apenas dois: de um lado o fogo por contra própria e, de outro, os outros três – terra, ar e água”. / “ Portanto, são os princípios segundo Empédocles”. (p. 23-25) [...] “Leucipo e Demócrito, afirmam como elementos o cheio e o vazio, e chamam um de ser e o outro de não-ser: ” / “o cheio e o sólido de ser e o vazio de não-ser”. / “ Tais afirma esses elementos como causas materiais dos seres”. / “Conduto, Demócrito e Leucipo dizem que as diferenças dos elementos são as causas de todas as outras, portanto, dizem que são três as diferenças: a figura, a ordem e a posição, ou seja, a proporção é a forma, o contato é a ordem e a direção é a posição”. / “Tais negligenciaram a questão de saber de onde deriva e como existe nos seres o movimento”. (p.25-27) 5. Continuação do exame das doutrinas dos predecessores com particular atenção aos pitagóricos e aos eleatas: [...] “Os pitagóricos por primeiro se aplicaram às matemáticas, fazendo-as progredir e, nutridos por elas, acreditaram que os princípios delas eram os princípios de todos os seres” / “tais achavam que viam muitas semelhanças com as coisas que são e que se geram, ” / “porque os números tinham primazia na totalidade da realidade, pensaram que os elementos dos números eram elementos de todas as coisas”. / “Conduto, estes consideravam que o número é o princípio não só enquanto constitutivo material dos seres, mas também como constitutivo das propriedades e dos estados dos mesmos”. / “Em seguida eles afirmam como elementos constitutivo do número o par e o ímpar; dos quais o primeiro é limitado e o segundo ilimitado”. [...] “ Outros Pitagóricos afirmaram que os princípios são dez distintos em série de contrários”. (p.27-29) [...] “Pode-se extrair que: os contrários são os princípios dos seres; mas quanto e quais são ele só se extrai dos pitagóricos. Mas nem mesmo pelos pitagóricos esses contrários foram analisados de maneira suficientemente, ” / “parece, entretanto que eles atribuem a seus elementos a função de matéria”. [...] “Outros filósofos sustentaram que o universo é uma realidade única”. / “ Os naturalistas, ao explicar a geração do universo, atribuem ao Um o movimento; estes filósofos, por sua vez, afirmam que o Um é imóvel”. [...] “Parmênides parece ter entendido o Um segundo a forma”; / “Meliso, segundo a matéria”; / “Xenófanes, afirma que o Um é Deus”. [...] “Conduto, podemos deixar de lado Xenófanes e Meliso”, / “Parmênides, ao contrário, parece raciocinar com mais perspiscácia”. (p.31) [...] “ Concluindo os primeiros filósofos afirmaram o princípio material; alguns afirmaram como único, outros como uma popularidade de princípios e materiais, uns e outros, contudo os consideram de natureza material. Há ainda os que afirmam, além dessa causa, também a causa do movimento, e está, segundo destes é uma só, segundo outros são duas”. (p.33) 6. Continuação do exame das doutrinas dos predecessores com particular atenção a Platão: [...] “A doutrina de Platão segue a dos pitagóricos, mas apresenta também características próprias, estranhas à filosofia dos itálicos”. / “Platão aceitou essa doutrina socrática, mas acreditou, por causa da convicção acolhida dos heraclitianos, que as definições se referissem a outras realidades e não às realidades sensíveis”. / “Considerava impossível que a definição de universal se referisse a algum dos objetos sensíveis, por estarem sujeitos a contínua mudança. Então, ele chamou essas outras realidades Ideias, afirmando que os sensíveis existem ao lado delas e delas recebem seus nomes”. / “Os pitagóricos dizem que os seres se subsistem por “imitação” dos números; Platão, ao invés, diz “por participação”, mudando apenas o nome”. / “Tais, portanto descuidaram igualmente de indicar o que significa “participação” e “imitação” das formas”. / “Ademais, ele afirma que, além dos sensíveis e das formas, existem os Entes matemáticos “intermediários” e as que diferem dos sensíveis, por serem imóveis e eternos, e das Formas, por existirem muitos semelhantes, enquanto cada Forma é única e individual”. (p.35-37) [...] “Posto que as Formas são causas das outras coisas, Platão considerou os elementos constitutivos das Formas como os elementos de todos os seres. Como elemento material das Formas ele punha o grande e o pequeno, e como causa formal o Um: de fato, considerava que as Formas e os números derivassem por participação do grande e do pequeno no Um”. [...] “Platão considera os números como causa da substância das outras coisas. Entretanto, é peculiar a Platão o fato de ter posto no lugar do ilimitado entendido como unidade, uma díade, e o fato de ter concebido o ilimitado como derivado do grande e do pequeno. Platão, além disso, situa os Números fora dos sensíveis”. / “O fato de ter posto o Um e os Números fora das coisas e também o ter introduzido as Formas foram consequências da investigação fundada nas puras noções”. / “Mas, o ter posto uma díade como natureza oposta ao Um tinha em vista derivar facilmente dela, como de uma matriz, todos os números, exceto os primeiros”. / “Essa doutrina não é razoável. Com efeito, eles derivam muitas coisas da matéria, enquanto da Forma deveria derivar uma única coisa”. [...] “ Platão, portanto, resolveu desse modo a questão que estamos investigando”. / “Fica claro que ele recorreu apenas a duas causas: a formal e a material. De fato, as Ideias são causas formais das outras coisas, e o Um é causa formal das Ideias. E à pergunta sobre qual é a matéria que tem a função de substrato do qual se predicam as Ideias – no âmbito dos sensíveis –, e do qual se predica o Um – no âmbito das Ideias –, ele responde que é a díade, isto é, o grande e o pequeno”. [...] “ Platão, ademais, atribui a causa do bem ao primeiro de seus elementos e a causa do mal ao outro, como já havia tentado fazer”. (p.35-39) 7. Recapitulação dos resultados do exame das doutrinas dos predecessores: [...] “Desse exame extraímos as seguintes conclusões: nenhum dos que trataram do princípio e da causa falou de outras causas além das que distinguimos nos livros da Física, mas todos, de certo modo, parecem ter acenado justamente a elas, ainda que de maneira confusa”. [...] Platão, por exemplo, põe como princípio material o grande e o pequeno, enquanto os itálicos põem o ilimitado”. [...] “Empédocles afirma que o fogo, a terra, a água e o ar, ” [...] “Anaxágoras a infinidade das homeomerias. ” (p.31) Contudo, há os que [...] “afirmaram como princípio o ar ou a água ou o fogo ou um elemento mais denso do que o fogo e mais sutil do que o ar: como efeito, há quem afirme que assim é o elemento mais primitivo”. [...] “Outros filósofos entreviram a causa motora, assim por exemplo, os que afirmam como princípio a Amizade e a discórdia, ou a Inteligência, ou até mesmo o Amor. Nem um deles, entretanto, explicou claramente a essência e a substância” / “Ao que afirmaram a existência de Formas explicaram mais do que os outros”. / “Eles apresentaram as Formas como essência de cada uma das coisas sensíveis, e o Um como essência das Formas. Quanto ao fim pelo qual as ações, as mudanças e os movimentos ocorrem, de certo modo eles os afirmam como causa, mas não dizem como e nem explicam sua natureza”. / “Afirmam a inteligência ou a Amizade admitem essas causas como bem, mas não falam delas como se fossem o fim pelo qual alguns dos seres são ou se produzem, mas como se delas derivassem os movimentos”. / “Os que afirma que o Um e o Ser são bem por sua natureza, dizem que são causa da substância, mas não dizem que são o fim pelo qual algo é ou se gera”. / “De fato, não afirmaram de modo definitivoque o bem é a causa absoluta, mas o afirmam acidentalmente”. (p.39-41) [...] “Portanto, parece que todos esses filósofos atestam que nós definimos com exatidão o número e a natureza das causas. ” (p. 41) 8. Crítica dos filósofos naturalistas, monistas e pluralistas: [...] “Erram em muitos sentidos os que que afirmam o todo como uma unidade e postulam como matéria uma realidade única, corpórea e dotada de grandeza”. / “De fato eles postulam os elementos das realidades corpóreas e não incorpóreas, que, entretanto, também existem”. / “Embora tentam indicar as causas da geração e da corrupção, e mesmo explicando todas as coisas do ponto de vista da natureza, eles suprimem a causa do movimento”. / “Erram porque não põem a substância e a essência como causa de alguma coisa”. / “Erram também porque postulam como princípio de maneira simplista, alguns dos corpos simples, exceto a terra, sem refletir sobre o modo como estes, ou seja, a água, a terra e o ar – se geram uns dos outros”. (p.43) [...] “Empédocles, afirma os quatros elementos como matéria, ” / “ele incorre necessariamente em dificuldades, algumas das quais são as mesmas em que incorreram os outros pensadores, outras, ao contrário, são própria dele”. / “Contudo, vemos que os “quatros elementos” se geram uns dos outros, o que significa que os mesmos corpos não permanecem sempre fogo e terra”. / “ É preciso dizer que ele não resolveu corretamente, nem de modo plausível a questão de se devemos postular uma ou só duas causas dos movimentos”. / “ Quem fala desse modo elimina necessariamente todo o processo de alteração. Todavia não poderá haver passagem do quente ao úmido, nem do úmido ao quente: neste caso deveria haver alguma coisa que recebesse esses contrários, e deveria haver uma natureza única que se tornasse fogo e água, mas Empédocles não admitia isso”. (p. 45) [...] “Anaxagóras, afirma dois elementos, sobretudo baseando-se numa consideração que ele mesmo não fez, mas que forçosamente faria se a isso fosse elevado. Com efeito, é absurdo afirma que todas as coisas estavam misturadas na origem, ” / “porque elas deveriam preexistir não misturadas, e porque nem todas as coisas podem, por sua natureza, misturar-se com todas as outras”. [...] “Tal, afirma que tudo estava misturado, exceto a inteligência, e que só está é pura e encontra-se fora da mistura”. / “Contudo, tudo isso resulta que Anaxágoras, afirma como princípio o Um e o Diverso, que corresponde ao elemento que postulamos como indeterminado, antes de ser determinado e de participar de alguma Forma”. / “ Anaxágoras, não fala nem com exatidão e nem com clareza, mas o que pretende dizer é semelhante ao que dizemos os filósofos posteriores e corresponde melhor às coisas como se apresentam”. (p. 45-47) [...] “ Esses filósofos, com seus discursos, referem-se unicamente à geração, à corrupção e ao movimento, pois pesquisam quase exclusivamente os princípios e as causas desse tipo de substância”. [...] “ Ao contrário, os que estendem sua especulação a todos os seres e admitem tanto a existência dos seres sensíveis como a dos seres não-sensíveis, evidentemente aplicam sua pesquisa aos dois gêneros de seres. Contudo, devemos nos voltar prioritariamente para eles, em vista de estabelecer o que está certo ou errado. [...] “Os filósofos pitagóricos, valem-se de princípios e de elementos mais remotos do que os princípios e de elementos mais remotos do que os princípios físicos dos naturalistas, e a razão disso está em que eles não os extraíram das coisas sensíveis”. / “ Eles discutem e tratam de questões relativas exclusivamente à natureza, ” / “ descrevem a gênese do céu e o observam o que decorre para as suas partes, ” / “ eles postulam causas e princípios capazes de remontar também aos seres superiores, e que, antes, se adaptam melhor a estes do que às doutrinas físicas,” / “ eles não explicam como se pode produzir o movimento, na medida em que postulam como substrato só o ilimitado e o ilimitado, o ímpar e o par; e também pouco explicam como é possível que, sem movimento e mudança, existam a geração e a corrupção e as revoluções dos corpos que se movem no céu”. / “ Os princípios que postulam e fazem valer referem-se tanto aos corpos matemáticos quanto aos corpos sensíveis”. / “Eles dizem que em determinado lugar do universo encontram-se a opinião e o momento oportuno e que pouco acima e um pouco abaixo encontram-se a injustiça e a separação ou a mistura, e para provar afirmam que cada uma dessas coisas é número. Pois bem, deve-se por acaso entender esse número que está no universo coincide com cada uma daquelas coisas ou é outro número diferente dele? Platão afirma que é um número diferente e também considera que essas coisas e suas causas sejam causas e números, mas sustenta que as causas sejam números inteligíveis e que os outros sejam números sensíveis”. (p. 47-49 e 51) 9. Crítica de Platão e dos platônicos: “Filósofos que postulam como princípio as Formas e as Ideias”. / “Em primeiro lugar, eles tentando aprender as causas dos seres sensíveis”. / [...] “As formas, de fato, são em número praticamente igual, ou pelo menos não inferior aos objetos dos quais esses filósofos, com a intenção de buscar suas causas, partiram para chegar a elas”. / “Para cada coisa individual existe uma entidade com o mesmo nome; e isso vale tanto para as substâncias como para todas as outras coisas cuja multiplicidade é redutível à unidade: tanto no âmbito das coisas terrenas, quanto no âmbito das coisas eternas”. (p.51) [...] “ (a) das provas extraídas das ciências decorre a existência de Ideias de todas as coisas que são objeto de ciência; (b) da prova derivada da unidade do múltiplo, decorrerá a existência de Formas; (c) e do argumento extraído do fato de podermos pensar algo mesmo depois que se tenha corrompido decorre a existência de Ideias das coisas que já se corromperam”. [...] “das argumentações mais rigorosas levam a admitir a existência de Ideias também das relações, ” / “outras argumentações levam à afirmação do “terceiro homem”. [...] “os argumentos que demonstram a existência das Formas chegam a eliminar justamente os princípios cuja existência nos importa mais do que a própria existência das Ideias”. / Argumentos procede que não a díade, mas o número é anterior, ” / “o relativo é anterior ao que é por si”. (p.51-53) [...] “a partir dos quais afirmamos a existência das Ideias, decorrerá a existência de Formas não só substanciais, mas também de muitas outras coisas”. / “ se as Formas são aquilo que as coisas participam, só devem existir Ideias das substâncias, ” [...] “as coisas não participam das Ideias por acidente, mas devem participar de cada Ideia como se algo que não é atribuído a um sujeito ulterior”. / “Exemplo: se alguma coisa participa do duplo em si, participa também do eterno, ” / “de fato ser eterno é propriedade acidental da essência do duplo”. / “o que substância significa nesse mundo, também significa substância no mundo das formas”. [...] “as Formas não são causas nem de movimentos nem de qualquer mudança, ” / “as Ideias não servem ao conhecimento das coisas sensíveis, ” / “nem ao ser das coisas sensíveis, enquanto são imanentes às coisas sensíveis que delas participam”. / “esse raciocínio” / “ é insustentável: de fato, é muito fácil levantar muitas e insuperáveis dificuldades contra opiniões”. [...] “as coisas sensíveis não podem derivar das Formas, ” / “as Formas são “modelos” e que as coisas sensíveis “participam” delas significa falar sem dizer nada e recorrer a meras imagens poéticas”. [...] “ É possível que exista ou que se gere alguma coisa semelhante a outra, mesmo sem ter sido modelada à imagem daquela, ” / “para a mesma coisa deverão existir numerosos modelos” / “ também numerosas Formas, do homem existirão as Formas de “animal”, de “bípede”, além da de “homem em si”. [...] “ as Formasnão serão modelos só das coisas sensíveis, mas também de si própria. Por exemplo o gênero humano, será modelo das Formas nele contidas”. / “ a mesma coisa será modelo das Formas nele contidas”. (p. 53-55-57) [...] “impossível que a substância exista separadamente daquilo que é substância, ” / “ se são substâncias, como podem as Ideias existir separadamente delas? ” / “ no Fédon é afirmado justamente isso: que as Formas são causa do ser e do devir das coisas”. / “mesmo concebendo que as Formas existam, as coisas que delas participam não se reproduziriam se não existisse a causa motora”. (p.57) [...] “Se a razão consiste em que as coisas sensíveis são construídas das relações numéricas (como, por exemplo, a harmonia), então é claro que existe algo do qual os números são relações. E se isso existe a matéria, é evidente que os próprios números ideais serão constituídos de determinadas relações entre alguma coisa e algo a mais”. / “E o homem em si – seja ele um determinado número ou não – também será uma relação numérica de certos elementos, e não simplesmente número; e por estas razões não poderá ser um número”. (p.57) [...] “Se as unidades são diferentes, delas é preciso dizer o mesmo que diziam os filósofos que admitem quatro ou dois elementos”. / “cada um desses filósofos não entende por elemento o que é comum, por exemplo, o corpo em geral, mas entendem por elementos o fogo e a terra, quer não exista”. / “os platônicos falam como se a unidade fosse homogênea, como o fogo ou terra. Se assim é, os números não serão substâncias: mas é evidente que, se existe uma Unidade em si, e se está é princípio, então a unidade é entendida em muitos significados diferentes”. [...] “largo e estreito” constituem um gênero diferente de “alto e baixo”, / “ assim como o número não está contido nas grandezas geométricas, enquanto o “muito e pouco” é um gênero diferente dos outros gêneros superiores poderá estar contido nos inferiores. E tampouco se pode dizer que o “largo” seja gênero do “profundo”, porque assim o sólido se reduziria a uma superfície”. [...] “Platão contestava a existência desse gênero de entes, pensando que se tratasse de uma pura noção geométrica: ele chamava os pontos de “princípios da linha”, e usava amiúde a expressão “linhas indivisíveis”. / “ é necessário que exista um limite das linhas; consequentemente, o argumento que demostra a existência da linha, demonstra também a existência do ponto”. / “a sapiência tem por objetivo de pesquisa a causa dos fenômenos, renunciando justamente a isso e, acreditando exprimir a substância deles, afirmando a existência de outras substâncias”. / “ as Formas têm qualquer relação com a que vemos ser a causa, nas ciências e em vista da qual opera toda inteligência e toda natureza”. / “para os filósofos de hoje, as matemáticas se tornaram filosofia, ” / “poder-se-ia muito bem dizer que a substância que serve de substrato material – ou seja, o grande e o pequeno - é demasiado matemática e que é, antes, antes um atributo e uma diferenciação da substância e da matéria”. (p.59-61) [...] “investigar os elementos dos seres sem ter distinguido os múltiplos sentidos nos quais se entende o ser significa comprometer a possibilidade de encontra-los, especialmente se o que se investiga são os elementos constitutivo dos seres”. (p.63) CONCLUSÕES: [...] “fica evidente que todos os filósofos parecem ter buscado as causas por nós estabelecidas na Física, e que não se pode falar nenhuma outra causa além daqueles. Mas eles falaram de maneira confusa”. / “A filosofia primitiva, com efeito, parece balbuciar sobre todas as coisas, por ser ainda jovem e estar em seus primeiros passos”. (p.65) Comentário sobre as principais críticas de Aristóteles à filosofia dos platônicos: Aristóteles introduz a “crítica de Platão e dos platônicos” afirmando que o erro se dá na tentativa de corresponder o que está a nossa volta, às outras coisas que transcede o mundo onde habitamos. Aristóteles afirma que o objetivo de Platão é pouco convincente, já que não se trata de uma inferência necessária e por tentar ir além daquilo que o nosso raciocínio é capaz de compreender. Platão afirma a existência de Formas até para as coisas que julgamos não ter nenhuma Forma. Aristóteles também irá identifica sobretudo que a teoria platônica acaba por destruir as coisas cuja existência nos importa mais do que a existência das Ideias, Platão não assume uma díade como princípio, mas assume o Um. Aristóteles também irá afirma que Platão erra ao defender uma teoria da participação cuja Forma não está contida no objeto, já que as Ideias não estão na constituição material das coisas sensíveis. Aristóteles irá concordar com Platão quando tal fala que: há um elemento comum entre todos os objetos da mesma classe, que é a razão pela qual nós aplicamos o mesmo nome a todos os objetos de mesmo gênero. Irá admitir também que este universal é real, mas não tem existência independente das coisas tal como afirma Platão. Uma das principais críticas feitas por Aristóteles em relação à filosofia platônica é o fato de Platão colocar o verdadeiro valor do conhecimento em um nível diferente daquele que efetivamente vivemos, ou seja, no mundo das Ideias e, por isso, colocar a realidade como algo desprovido do verdadeiro conhecimento. Platão separa o sensível do inteligível. Tal crítica irá sobretudo consistir também em compreender como as Ideias possam existir separadamente, já que Platão defende que tudo o que existe só existe por participação nas Ideias.
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