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Lei Geral de Proteção de Dados

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Copyright@ 2020 Unieducar 
Editor - Chefe 
Juracy Soares 
Revisão 
Unieducar – Inteligência Educacional 
Editoração Eletrônica 
Unieducar – Inteligência Educacional 
Diagramação 
Unieducar 
Capa 
Mateus Neris 
Foto da Capa 
https://www.pexels.com 
 
 
Alves, Déborah. 
Lei Geral de Proteção de Dados / Déborah Alves 
Fortaleza/CE: Unieducar, 2020 
(21 págs. e Diagramação 21x29) 
Prefixo Editorial UNIEDUCAR: 81381 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIEDUCAR – UNIVERSIDADE 
CORPORATIVA 
Fortaleza/Ce – Sede: 
Rua Monsenhor Bruno, 1153 – 50° 
Andar – Aldeota – Fortaleza – Ceará. 
CEP: 60115-190 
www.unieducar.org.br 
 
 
https://www.pexels.com/
 
Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/18) 
Conceitos iniciais 
Introdução; Direito ao sigilo na Constituição Federal de 1988; Lei nº 13.709/18; 
Privacidade; Dados pessoais; Dados sensíveis; Proteção de dados pessoais; 
Direitos do titular dos dados. 
Deborah C. Alves 
Advogada especialista em Administração Pública 
 
1. Introdução 
Na atualidade, estamos cercados pela tecnologia e pela informática. É 
comum usarmos o computador e o celular para verificarmos o saldo da nossa 
conta bancária, fazermos compras em lojas virtuais ou até mesmo antecipar o 
check-in no aeroporto. E, em todas essas operações, utilizamos informações 
muito relevantes para nós, como o CPF, numeração de documentos pessoais e 
de cartões bancários etc. 
Toda essa troca de informações demanda um determinado nível de 
segurança para sua utilização segura. Os hackers deixaram de ser personagens 
de cinema para se converterem em vilões da vida real; a clonagem de cartões de 
créditos, fraudes bancárias e furtos de identidade também se popularizaram, na 
mesma medida em que a tecnologia referente às transações eletrônicas se 
tornou mais acessível aos usuários. A segurança das informações e a proteção 
de dados pessoais são temas de interesse presentes na vida dos cidadãos, das 
empresas e das entidades públicas, e que devem ser encarados de forma atenta 
e profissional, dentro das normas legais, devendo as informações, dada sua 
importância, serem geridas e protegidas de modo adequado. 
Em toda interação que fazemos via internet, há coleta de dados. A relevância 
desses dados, em termos mercadológicos, é incalculável; essas informações 
detêm valor econômico por sua capacidade de funcionar como parâmetros para 
definição de tendências de consumo, políticas, religiosas, comportamentais etc., 
conhecimento que fundamenta estratégias empresariais e políticas 
direcionadas. Quando tais informações são utilizadas de modo temerário ou 
ilegal, pode-se criar imensas influências mercadológicas, manipulações de 
caráter político, informacional e social – situações que comprometem a 
privacidade e a intimidade dos indivíduos e as garantias constitucionais acerca 
de tema. Na chamada data driven economy, contemporânea do Big Data, da 
Internet das Coisas e da inteligência artificial, cada vez mais negócios e 
operações se baseiam em dados (MEYER, 2018, pág. 03). 
Atualmente, o Brasil passou a fazer parte dos países que contam com uma 
legislação específica para proteção de dados e da privacidade dos seus cidadãos, 
diante da criação da Lei nº 13.709/2018, que tem como objetivo fundamental 
regular as atividades de tratamento de dados pessoais, e que também altera os 
artigos 7º e 16 do Marco Civil da Internet, que tratam de tópicos relativos aos 
dados pessoais. 
Para o bom entendimento do assunto, é interessante examinamos suas 
bases constitucionais. 
2. Direito ao sigilo na Constituição Federal de 1988 
A Constituição é a norma máxima de um ordenamento 
jurídico, fundamentando-o e lhe dando validade, além de ser diploma capaz de 
definir a estrutura política fundamental de um Estado, seus princípios políticos, 
e estabelecer a estrutura, procedimentos, poderes e direitos de um governo, 
reunindo as regras a serem seguidas em sociedade.   
A ideia de regramento é característica da formação social e se conecta à 
formação e detenção do poder no estabelecimento de uma sociedade.  
Os direitos fundamentais são um conjunto de direitos e garantias que 
fornecem um núcleo mínimo de proteção aos indivíduos perante o Estado, com 
o objetivo de possibilitar uma boa convivência social, bem como protegem o 
indivíduo em suas relações com outros (eficácia horizontal). Referem-se à 
pessoa humana e estão incorporados ao ordenamento jurídico. 
Os direitos fundamentais são os direitos básicos individuais, sociais, políticos 
e jurídicos que são previstos no texto constitucional. Diferenciam-se 
dos direitos humanos em virtude de estes serem os direitos previstos em 
tratados e normas internacionais. Os direitos fundamentais e os direitos 
humanos podem ser os mesmos, sendo o único critério de diferenciação a 
espécie de documento no qual estão previstos. 
A nossa Constituição Federal trata, de maneira pormenorizada, da proteção 
a vários direitos fundamentais. A sua designação de “Constituição Cidadã” 
advém da vastidão de direitos fundamentais por ela resguardada. De modo 
geral, os artigos 5º a 17 da Constituição Federal tratam dos direitos 
fundamentais, embora estes também sejam tratados de forma esparsa 
pelo restante do texto constitucional. Não existe, em nosso ordenamento 
jurídico, nenhum direito fundamental que possua caráter absoluto, no sentido 
de ser ilimitado ou de não sofrer de nenhuma restrição. Podemos afirmar, 
portanto, que os direitos fundamentais não têm natureza absoluta. No caso 
concreto, os direitos fundamentais podem ser limitados ou restringidos, 
especialmente quando há colisão entre dois ou mais direitos 
fundamentais, todos terão de ceder, quando a prevalência de um direito sobre 
outro demonstra a possibilidade de sua limitação. 
O texto constitucional estabelece o direito fundamental e individual à 
segurança, previsto no art. 5º da Constituição Federal, pode ser considerado 
como um direito de primeira geração, que demanda a abstenção 
estatal. Fundamenta-se na proteção ao ser humano, à dignidade da pessoa 
humana - que abrange o direito a uma existência digna, indo do direito à 
integridade física e psíquica ao direito às condições mínimas necessárias a uma 
existência justa à natureza humana. A dignidade da pessoa humana está 
prevista de forma expressa no art. 1º, III, da Constituição Federal, que a 
estabelece como fundamento da República Federativa do Brasil, sustentáculo 
dos direitos fundamentais. 
O direito individual de segurança se desdobra nos seguintes 
aspectos: proteção à intimidade e à vida privada; o princípio da legalidade 
(artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal), o princípio da segurança nas 
relações jurídicas (artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal), os princípios 
constitucionais do direito penal (artigo 5º, incisos XXXIX, XL, XLV, XLVI, XLVII, 
da Constituição Federal) e do direito processual (artigo 5º, incisos XLIX a LXVI, 
da Constituição Federal), as garantias jurisdicionais (artigo 5º, incisos XXXV, 
XXXVII, XXXVIII e LIII, da Constituição Federal) e os direitos relativos à segurança 
pessoal, que se desdobram no direito à privacidade (em sentido amplo – artigo 
5º, incisos X, XI e XII, da Constituição Federal). 
O direito à vida também decorre do direito à dignidade humana. Como 
direito individual, sua função é proteger o indivíduo permanecer vivo, impendido 
que o estado, de forma arbitrária, retire a vida de um ser humano. O direito de 
viver com dignidade se relaciona à vedação da tortura, à vedação de imposição 
de penas desumanas, cruéis ou degradantes e à proteção da segurança jurídica 
da qual desfrutamos enquanto indivíduos, tanto no aspecto da previsibilidade 
quanto no aspecto da estabilidade jurídica que rege as relações sociais. 
São, portanto, desdobramentos do direito individual à segurança: a 
estabilidade, a previsibilidade e a dimensão social. 
A estabilidadeou segurança jurídica reside no fato de que o estado, embora 
dotado de maiores poderes que o cidadão, se compromete a dosar e controlar 
tal poder, garantindo a estabilidade dos direitos fundamentais dentro de uma 
determinada ordem jurídica constitucional, impossibilitando a constante 
alteração de direitos em virtude de mudanças legislativas. O direito à segurança 
nas relações jurídicas informa que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada. 
A previsibilidade, no sentido de conhecimento prévio de como se 
desenvolve uma determinada situação, se refere principalmente ao princípio da 
legalidade (ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei; dessa forma, apenas a lei pode introduzir inovações que 
criem novos direitos e obrigações); o princípio da legalidade no aspecto penal, 
segundo o qual não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal); o princípio da irretroatividade da lei (a lei penal não 
retroagirá, salvo para beneficiar o réu); o princípio do devido processo 
legal (ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal); e o princípio da individualização da pena (nenhuma pena passará da 
pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação 
do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e 
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido). 
A questão da dimensão social se reflete nos arts. 6º e 144 da Constituição 
Federal. O art. 6º estabelece que são direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a 
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. Já o art. 144 trata da segurança 
pública, determinando que esta será dever do Estado, direito e responsabilidade 
de todos, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio. É dever do Estado proteger a integridade física e 
patrimonial dos indivíduos, bem como sua intimidade, vida privada, honra, 
imagem, dados sensíveis, inviolabilidade do domicílio e comunicações. 
O direito de intimidade diz respeito à liberdade individual, à personalidade 
do indivíduo, seus segredos, comunicações e pensamentos, enquanto o direito 
à privacidade ou vida privada se relaciona com a forma como o indivíduo vive, 
seus hábitos, relacionamentos, vida familiar e posses. 
3. Lei nº 13.709/18 
A Lei Geral de Proteção de Dados - Lei nº 13.709/18 (LGPD) - foi criada para 
estabelecer regras mais claras e transparentes ao tratamento de dados pessoais, 
realizado por pessoa natural ou jurídica de direito público ou privado, inclusive 
nos meios digitais, de modo a fornecer respaldo jurídico aos cidadãos brasileiros 
em relação ao tópico do tratamento de dados de uma pessoa natural 
identificada ou identificável. Ao regular a proteção dos dados pessoais, a norma 
garante direitos aos cidadãos e estabelece regras claras sobre as operações de 
tratamento realizadas por órgãos públicos ou privados. 
A norma já sofreu algumas alterações, por força Lei nº 13.853, de 2019. A 
LGPD entrará plenamente em vigor em 2020; com o final do período de vacatio 
legis, a lei passará a ter eficácia plena em todo território nacional. 
A elaboração da norma tem como referência o Regulamento Geral de 
Proteção de Dados da União Europeia (GDPR), regulamento do direito europeu 
que trata sobre privacidade e proteção de dados pessoais, bem como da 
exportação de dados pessoais para fora da UE e EEE, sendo aplicável a todos os 
indivíduos na União Europeia e Espaço Econômico Europeu, criado em 2018. O 
RGPD tem como objetivo dar aos cidadãos e residentes formas de controlar os 
seus dados pessoais e unificar o quadro regulamentar europeu. 
Outra norma que inspirou a nossa LGPD é o chamado California Consumer 
Privacy Act of 2018 (CCPA), que se considera ser a primeira Lei de um estado 
norte americano inspirada na Legislação Europeia (RGPD / GPDR). 
Diversos países na América Latina têm legislações de proteção de dados, 
como Chile, Argentina, Uruguai e Colômbia. 
Podemos também afirmar que a lei se baseia nos direitos fundamentais de 
liberdade e de privacidade, bem como na livre iniciativa e o desenvolvimento 
econômico e tecnológico do país. 
4. Privacidade 
O direito à privacidade é o gênero que abrange todas as inviolabilidades 
(proteções do direito em face de terreiros) referentes à honra, intimidade, a vida 
privada, e à imagem das pessoas. A privacidade e a intimidade são esferas 
(níveis) do direito à vida privada (SARLET, MARINONI e MITIDIERO, 2017, 6ª 
edição, pág. 488). 
O objeto do direito à privacidade seriam os comportamentos e 
acontecimentos concernentes aos relacionamentos pessoais de forma geral, 
bem como às relações comerciais e profissionais que o indivíduo deseja 
preservar do conhecimento público (MENDES e BRANCO, 2017, 12ª edição, pág. 
245). 
São quatro a formas principais de afronta à privacidade: a intromissão na 
vida íntima do indivíduo (intromissão na reclusão ou na solidão do indivíduo); a 
exposição da imagem do indivíduo; a exposição indevida da reputação ou 
imagem do indivíduo perante terceiros e a exposição da imagem e da honra do 
indivíduo sem sua autorização (apropriação do nome e da imagem da pessoa, 
sobretudo para fins comerciais) (MENDES e BRANCO, pág. 247). 
Embora alguns doutrinadores considerem os termos “vida 
privada” e “intimidade” como sinônimos, outra parte da doutrina os enxerga 
como direitos distintos, diferenciando-os no sentido de que o direito à vida 
privada abrangeria o direito à intimidade, por ter uma esfera de competência 
mais ampla. 
O direito à vida privada garante ao indivíduo ter, no seu cotidiano familiar e 
conjugal, dentro do seu domicílio, liberdade de escolha acerca de como sua vida 
irá se desenvolver. Como visto em nossa aula anterior, se relaciona com a forma 
como o indivíduo vive, seus hábitos, relacionamentos, vida familiar e posses. 
O direito à intimidade, por sua vez, diz respeito à liberdade individual, à 
personalidade do indivíduo, seus segredos, comunicações e pensamentos. 
A liberdade profissional, que é a de livre exercício de qualquer trabalho, 
ofício ou profissão, pode sofrer limitações, uma vez que devem ser atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer. Dentro do direito à intimidade, 
as pessoas são livres para manifestar sua liberdade sexual, e para escolher sua 
família. A família é o núcleo essencial da sociedade, e a Constituição Federal 
prevê como tipos de família: aquela originada pelo casamento; pela união 
estável; a relação entre genitores e seus filhos; e a união homoafetiva. O Estado 
deve respeitar as singularidades individuais de cada pessoa, uma vez que a 
nossa sociedade é plural. 
O sigilo de dados pessoais, correspondência e da comunicação tem 
caráter instrumental em relação à liberdade de expressão e comunicação. De 
modo amplo, a Constituição Federal estabelece que é inviolável o sigilo da 
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma 
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual 
penal. A proteção constitucional abrange todas as espécies de comunicação 
pessoal, escrita ou oral, cobrindo tanto o conteúdo quanto o próprio meio da 
comunicação (SARLET, MARINONI e MITIDIERO, pág. 507). 
5. Dados pessoais 
O conceito de dado pessoal é bastante abrangente, sendo definido pela Lei 
nº 13.709/18 como a informação relacionada a pessoa identificada ou 
identificável (art. 5º, I). Isso quer dizer que um dado é considerado pessoal 
quando ele permite a identificação, direta ou indireta, da pessoa naturalpor trás 
do dado, como por exemplo: nome, sobrenome, data de nascimento, 
documentos pessoais (como CPF, RG, CNH, Carteira de Trabalho, passaporte e 
título de eleitor), endereço residencial ou comercial, telefone, e-mail, cookies e 
endereço IP. 
Podemos estabelecer, portanto, que o dado pessoal será a informação 
relacionada a uma pessoa natural – considerada esta como o ser humano capaz 
de direitos e obrigações na esfera civil. A pessoa é o ente dotado de 
personalidade e como tal, apta a possuir direitos e deveres na ordem jurídica. A 
personalidade é uma forma de proteção à dignidade da pessoa humana, uma 
vez que o exercício dos direitos a ela relacionados possibilitam a efetivação do 
princípio da dignidade. A personalidade civil da pessoa se inicia com o 
nascimento (separação da criança e da mãe) com vida (o que significa que ela 
respirou, não sendo relevante o fato de sua vida ser factualmente viável); mas a 
lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (Art. 2º, CC). 
Em consonância com essa ideia, o RGPD europeu considera como dados 
pessoais as informações relativa a uma pessoa viva, identificada ou 
identificável; também constituem dados pessoais o conjunto de informações 
distintas que podem levar à identificação de uma determinada pessoa, sendo 
que dados pessoais que tenham sido tornados anônimos de modo a que a 
pessoa não seja ou deixe de ser identificável deixam de ser considerados dados 
pessoais. Para que os dados sejam verdadeiramente anonimizados, a 
anonimização tem de ser irreversível. 
O RGPD protege os dados pessoais independentemente da tecnologia 
utilizada para o tratamento desses dados – é neutra em termos tecnológicos e 
aplica-se tanto ao tratamento automatizado como ao tratamento manual, desde 
que os dados sejam organizados de acordo com critérios pré-definidos (por 
exemplo, por ordem alfabética). Também é irrelevante o modo como os dados 
são armazenados — num sistema informático, através de videovigilância, ou em 
papel; em todos estes casos, os dados pessoais estão sujeitos aos requisitos de 
proteção previstos no RGPD. 
Na nossa legislação, o termo “dados pessoais” apresenta duas espécies com 
regulamentação diferenciada (MEYER, pág. 15): 
I – Dados pessoais sensíveis: São aqueles relativos à origem racial ou étnica, 
convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de 
caráter religioso, filosófico ou político, saúde, vida sexual, dado genético ou 
biométrico. Estes só poderão ser submetidos a tratamento mediante 
consentimento específico e destacado do titular, para finalidades específicas 
(art. 11, I); ou para cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo 
controlador (art. 11, II, “a”), exercício regular de direitos, inclusive em âmbito 
administrativo, judicial ou arbitral (art. 11, II, “d”) ou garantia de proteção à 
fraude e à segurança do titular (art. 11, II, “g”); 
II – Dados pessoais de crianças e adolescentes: Para o tratamento dos dados 
pessoais de crianças e adolescentes, é necessário consentimento específico e 
em destaque de pelo menos um dos pais ou do responsável legal (art. 14, §1º). 
Cabe ao controlador, com base nas tecnologias disponíveis, empreender todos 
os esforços razoáveis para confirmar que o consentimento de fato tenha sido 
dado por um dos pais ou pelo responsável legal (art. 14, §5º). 
6. Dados sensíveis 
Sigilo é a condição de algo que é mantido de forma privada, sendo que 
poucos têm acesso a este conhecimento. 
Dados sensíveis são aqueles cujo tratamento pode ensejar a discriminação 
do seu titular – por se referirem a questões como orientação sexual, convicções 
religiosas, filosóficas ou morais, ou opiniões políticas. Diferenciam-se dos dados 
previstos no art. 5º, XII da Constituição Federal (o sigilo da correspondência e 
das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas) por 
abranger o sigilo fiscal, sigilo bancário, sigilo telefônico, todos de foro pessoal 
do indivíduo e que devem ser mantidos sob sigilo. São considerados como dados 
não-sensíveis aqueles que, embora pessoais, não estão restritos ao indivíduo, 
tais como o nome da pessoa, CPF, estado civil etc. 
O art. 5º, II, da Lei nº 13.709/18, determinou um conceito legal de dado 
pessoal sensível, considerando como tal aquele cujo conteúdo informa sobre 
origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato 
ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à 
saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma 
pessoa natural. A proteção aos dados sensíveis decorre do direito à intimidade. 
A violação dos dados sensíveis e da privacidade não está adstrita à cláusula 
de reserva jurisdicional. A cláusula da reserva jurisdicional abrange os assuntos 
cuja decisão é destinada apenas ao poder judiciário. No entanto, as CPIs também 
detêm poder para decidir sobre a quebra do sigilo. 
As comunicações se referem à troca de informações entre os indivíduos, 
e são formadas pelos seguintes elementos: os interlocutores, que são 
o emissor (emite a mensagem para um ou mais receptores) e 
o receptor (recebe a mensagem emitida pelo emissor), e a mensagem, que é 
o conjunto de informações transmitidas pelo locutor. O código é o conjunto de 
signos utilizados na mensagem; o canal de comunicação é o meio pelo qual a 
mensagem será transmitida; e o contexto (ou referente) é a situação 
comunicativa em que estão inseridos o emissor e receptor. Todos os elementos 
devem estar presentes para que se efetive a comunicação. 
É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença. É inviolável o sigilo da 
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma 
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual 
penal. 
A comunicação de dados diferencia-se dos dados sensíveis; esta abrange 
aqueles dados mencionados no art. 5º, XXII da Constituição Federal (é inviolável 
o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal) e que se efetivam de maneira telemática, enquanto 
os dados sensíveis são decorrência do direito à intimidade e da privacidade. 
 
As comunicações também podem ser relativizadas ou restringidas. 
A correspondência foi sempre historicamente protegida, e será inviolável, sob 
pena de se incorrer no crime de violação de correspondência. Via de regra, não 
será relativizada – no entanto, o art. 41, XV da lei de Execuções penais (Lei 
nº.7.210/84) estabelece como direito do preso o contato com o mundo exterior 
por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação 
que não comprometam a moral e os bons costumes, e no mesmo dispositivo 
(parágrafo único) afirma que tal direito poderá ser suspenso ou 
restringido mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. 
Segundo o regramento da Lei nº 13.709/18 (art. 11), o tratamento de dados 
pessoais sensíveis somente poderá ocorrer nas seguintes hipóteses: 
I - Quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma específica e 
destacada, para finalidades específicas; 
II - Sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóteses em que for 
indispensável para: 
a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador; 
b) tratamento compartilhado de dados necessários à execução, pela 
administração pública, de políticas públicas previstas em leis ou regulamentos; 
c) realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que 
possível, a anonimização dos dados pessoais sensíveis;d) exercício regular de direitos, inclusive em contrato e em processo judicial, 
administrativo e arbitral, este último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de 
setembro de 1996 (Lei de Arbitragem); 
e) proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro; 
f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por 
profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária; ou 
g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos processos de 
identificação e autenticação de cadastro em sistemas eletrônicos, resguardados 
os direitos mencionados no art. 9º da Lei nº 13.709/18 e exceto no caso de 
prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a 
proteção dos dados pessoais. 
7. Proteção de dados pessoais 
Nos termos do art. 2º da Lei nº 13.709/18, a disciplina da proteção de dados 
pessoais tem como fundamentos: 
I - O respeito à privacidade; 
II - A autodeterminação informativa; 
III - A liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; 
IV - A inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; 
V - O desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; 
VI - A livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e 
VII - Os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personalidade, a 
dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais. 
A Lei nº 13.709/18 não se aplica ao tratamento de dados pessoais: 
I - Realizado por pessoa natural para fins exclusivamente particulares e não 
econômicos; 
II - Realizado para fins exclusivamente: 
a) jornalístico e artísticos; ou 
b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. 7º e 11 desta Lei; 
III - realizado para fins exclusivos de: 
a) segurança pública; 
b) defesa nacional; 
c) segurança do Estado; ou 
d) atividades de investigação e repressão de infrações penais; ou 
IV - provenientes de fora do território nacional e que não sejam objeto de 
comunicação, uso compartilhado de dados com agentes de tratamento 
brasileiros ou objeto de transferência internacional de dados com outro país que 
não o de proveniência, desde que o país de proveniência proporcione grau de 
proteção de dados pessoais adequado ao previsto na Lei nº 13.709/18. 
8. Direitos do titular dos dados 
Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de seus dados pessoais 
e garantidos os direitos fundamentais de liberdade, de intimidade e de 
privacidade, nos termos da Lei nº 13.709/18. 
Conforme o art. 18 da Lei nº 13.709/18, o titular dos dados pessoais tem 
direito a obter do controlador, em relação aos dados do titular por ele 
tratados, a qualquer momento e mediante requisição: 
I - Confirmação da existência de tratamento; 
II - Acesso aos dados; 
III - correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados; 
IV - Anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desnecessários, 
excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto nesta Lei; 
V - Portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou produto, 
mediante requisição expressa, de acordo com a regulamentação da autoridade 
nacional, observados os segredos comercial e industrial; 
VI - Eliminação dos dados pessoais tratados com o consentimento do 
titular, exceto nas hipóteses previstas no art. 16 desta Lei; 
VII - Informação das entidades públicas e privadas com as quais o 
controlador realizou uso compartilhado de dados; 
VIII - Informação sobre a possibilidade de não fornecer consentimento e 
sobre as consequências da negativa; 
IX - Revogação do consentimento. 
No decorrer do nosso Curso, analisaremos os direitos acima citados com 
maior profundidade. 
Vamos fixar o conteúdo apresentado com a resolução de uma questão: 
(2010 / CESPE / DETRAN-ES / Analista de Sistemas) No que se refere à 
segurança em redes de computadores, julgue os itens a seguir. 
São dispositivos constitucionais relacionados com a segurança dos sistemas 
de informação em organizações públicas brasileiras: o direito à privacidade, que 
define a aplicação do sigilo das informações relacionadas à intimidade ou vida 
privada de alguém; o direito à informação e ao acesso aos registros públicos; o 
dever do estado de proteger documentos e obras; e o dever do estado de 
promover a gestão documental. 
( ) Certo ( ) Errado 
Pela redação da questão, e já nos preparando para a temática abordada em 
nosso Curso, podemos afirmar que as normas constitucionais de proteção à 
intimidade e privacidade se relacionam com os sistemas de informação que 
reúnem dados acerca dos indivíduos. A afirmativa, portanto, está correta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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